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2ª. Edição
DOI 10.11606/9788572052528
ECA-USP, 2019
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Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteconomia e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
ISBN 978-85-7205-252-8
DOI 10.11606/9788572052528
Sumário
Bibliografia, 153
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da morte, às alturas que não vemos como alturas, mas como nivela-
das a nós, como nossas certezas! (Idem, Livro 2, 59).
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Mas o que vem a ser isso? Derrida encontra aí, nessa pas-
sagem, todos os emblemas dos discursos de Nietzsche
sobre a mulher: distância sedutora, promessa velada de
transcendência, inacessibilidade. E mais: tornar-se mu-
lher quer dizer que a ideia não é apenas envolvimento e
sedução, busca da transcendência; há também algo de
perverso nessa operação, que é quando ele se torna cristã;
aqui é onde a castração ganha contornos de crueldade e
violência, como apontamos atrás.
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1 “Es gibt Sein”, na linguagem corrente alemã significa “há ser” (ou
‘há um ser”), um ser substantivo, um não verbo. Expressão idiomáti-
ca curiosa, pois gibt vem do verbo geben (= dar), na terceira pessoa do
singular. “Es gibt”, traduzido ao pé da letra, seria “ele (a coisa) dá”, il
donne, em francês. Em português, algo meio estranho como “dá ser”.
Assim como dizemos “chove”, expressão sem sujeito, o Es gibt Sein
tampouco indica que dá.
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que ele fique ali (idem, p. 29); ela funde todos os homens
do mundo ou todas as paixões nesse único homem pelo
qual está apaixonada (idem, p. 33). Isso faz com que ela,
diferente do homem, seja capaz do amor sublime, total,
definitivo. É certo que a rival que poderia levar embora
seu homem, o levaria somente para a cama, mas ela vive
essa experiência como uma perda total porque, para ela,
ir para a cama e amar são uma mesma e única coisa
(idem, p. 195).
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2 “Porque o único sentido oculto das cousas/ É elas não terem senti-
do oculto nenhum,/ É mais estranho do que todas as estranhezas/ E
do que os sonhos de todos os poetas/ E os pensamentos de todos os
filósofos,/ Que as cousas sejam realmente o que parecem ser/ E não
haja nada que compreender. (...) Sim, eis o que os meus sentidos
aprenderam sozinhos: /- As cousas não têm significação: têm exis-
tência. /As cousas são o único sentido oculto das cousas. Alberto
Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa), O guardador de rebanhos.
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Baudrillard diz que temos paixão pela regra, não pela lei.
Mas a regra, com toda sua reversibilidade, com a supres-
são da memória de rastros do passado, com sua ausência
de sentido e de ligação transcendente, nos transporta
eternamente para uma paixão pelos próprios signos, pe-
los rituais, pela aparência. E esta, jamais poderá efetiva-
mente irritar e transtornar a produção se permanecer dis-
tante dela; ou seja, a sedução só se justifica por instigar a
produção, por lhe dar uma injeção de vitalidade e isso a
retira do campo exclusivo da eterna reversibilidade dos
signos. Há um momento em que ela, de fato, toca o real.
Essa é nossa tese. O gênio maligno só mostra sua eficácia
se efetivamente conectar-se com o real, mesmo que para
se afastar dele logo em seguida. E esse é o momento do
erotismo que tanto Baitaille como Leiris reverenciam co-
mo instância de quebra ou ruptura, que Baudrillard,
opostamente rejeita, enaltecendo o jogo puro, a aparência
pura.
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que não é ela, para, daí então, erguer sua própria identi-
dade. Por isso, trata-se, antes de mais nada, de negá-la,
demonizá-la, como se fez na Idade Média, ver nela ape-
nas maldade, perdição, perfídia. Anular o outro para se
afirmar.
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