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Licenciatura em História

Aluno: Emerson Freire dos Santos.

Resenha “A Invenção das Raças”

Introdução.

Guido Barbujani é um geneticista italiano, autor de livros, como A Invenção das Raças,
que possuem temática atrelada aos seus conhecimentos de genética e evolucionismo.
Possui formação específica em genética de populações e com a colaboração de Robert
R. Sokal demonstrou através da comparação estatística dos padrões de variação genética
e linguística que diferenças de linguagem podem contribuir para o isolamento
reprodutivo, promovendo, portanto, a divergência genética entre as populações.

O artigo, A Invenção das Raças, especificamente, que trata do capítulo “Todos Parentes,
Todos Diferentes” tem algumas partes tratadas nessa resenha como temática central,
exatamente, a ideia ainda hoje arraigada da existência de raças humanas. Estas seriam
descriminadas a partir de características essencialmente físicas, como: estrutura
corporal, cor da pele, do cabelo ou dos olhos, formato da cabeça, etc. e seriam
responsáveis por determinar os níveis de inteligência, aptidão e até moralidade do
indivíduo - de acordo com o grupo a qual ele pertence, “sua raça”.

O autor destaca que de modo contrário ao esperado, com o surgimento e o


desenvolvimento da genética ocorreu a manutenção, com até certo aumento em sua
expressividade, desses pensamentos que se utilizaram e ainda se utilizam da genética
como meio para explicar essa possível variação racial.

O geneticista se empenha em mostrar a total falta de base científica dessa teoria,


alegando em um primeiro momento a inconsistência das ditas “fronteiras” entre os
humanos e como a percepção das cores muda no tempo e no espaço, o que a torna
inválida para definir a teoria. Com “fronteiras”, ele se refere a características bem
delineadas que distinguem os grupos humanos de modo evidente, seria “fronteiras” a
aparência, o comportamento.

Ele inicia sua discussão com questões como a xenofobia e o racismo, que como observa
ele não são mais um estágio do desenvolvimento natural de uma sociedade, mas são sim
“doenças” que permanecem a existir devido à continuidade de pensamentos
discriminatórios como a teoria de raças. O artigo demonstra que a ideia de raça ainda
atinge o inconsciente das pessoas em todo o mundo, mantendo-se equidistante do
conceito posto por diversas gerações e povos em diferentes modalidades a respeito do
que tange a idéia central, pois esses problemas constantemente estão explanados na vida
e no cotidiano dos indivíduos.
A discussão do conceito perpassa por muitos séculos, sendo amplamente estudados por
serem caracterizados pelo seu grande desenvolvimento nas diversas áreas do
conhecimento.

Desenvolvimento.

O autor escreve sobre os estudos e resoluções de alguns cientistas que defendem a


existência de raças humanas para posteriormente declarar os seus pensamentos quanto
ao assunto. É possível perceber que a própria massificação da palavra raça na nossa
linguagem cotidiana torna difícil a não crença na mesma e a substituição dela por outro
termo que represente de uma melhor forma a variedade humana, ou seja, de modo que
não dê uma tão ampla abertura para interpretações preconceituosas. Enquanto isso,
alguns cientistas seguem pensamentos que estão atrelados a uma política social, na qual
o reconhecimento das raças mostraria a inutilidade de remédios ou projetos
educacionais para alguns grupos. Pois, mesmo com tanta evolução do conhecimento,
esses cientistas defendiam que a inteligência ou a falta dela, a suscetibilidade para vícios
e doenças estaria ligada diretamente a raças especificas. Esses pensamentos, como
destaca Barbujani, não são construídos em dados comprovados, o que deveria servir
para a própria negação dos mesmos, mas o que ocorre é a grande divulgação deles que
não podem ser considerados produtos científicos por não terem validade.

Após essa explanação Barbujani esclarece que de modo científico e biológico o conceito
de raça não pode ser utilizado em humanos por não terem nenhuma relação conhecida
com o DNA, ou seja, não há comprovação genética da existência de raças humanas,
sendo esse conceito pura criação humana para se referir as identidades étnicas e
culturais. Sua crença na teoria da evolução e a comprovação científica dessa teoria
expõe que, de modo primordial, apesar das diferenças todos os seres humanos são
parentes, ou seja, descendem de um mesmo grupo ancestral que viveu há cem mil anos.

A variedade humana é resultado, então, de fatores como a grande mobilidade dos


indivíduos, a fertilidade e a tendência para hibridação. A mobilidade possibilita tanto o
afastamento de populações como o reencontro delas, a fertilidade e a hibridação estão
relacionadas ao fato de que mesmo distantes por um longo período, os indivíduos de
populações distintas continuam podendo se reproduzir o que favorece a contínua troca
de genes entre os seres humanos. É importante ressaltar que essa troca genes significa
troca de características, pois o DNA é o determinante das características de cada
individuo, sendo responsável pela variedade deles, mas não sendo uma representação da
possível existência de raças humanas.

Em um segundo momento, procurando esclarecer o significado do termo raça,


Barbujani destaca a naturalidade com que a sociedade coloca rótulos nas pessoas que
consideram diferentes. A teoria das raças é uma forma de dar rótulos às populações
consideradas distintas, conforme aspectos físicos e até intelectuais dos indivíduos ou de
acordo com a cultura diferente dessa população. A discussão quanto a este assunto vai
desde o ambiente popular até entre os cientistas. Entre esses últimos à discussão é
guiada por duas questões: se é possível existir a classificação racial e, admitindo a
existência, se seria correto usar o termo raça para definir essa distinção. Que nos faz
recordar o slogan “Todos Parentes, Todos Diferentes”.

Conclusão.

Com isso, podemos concluir que a existência de raças não é obrigatória em todas as
espécies e que sua existência só é possível através de dois fatores. O primeiro se refere à
necessidade de um território geográfico específico ligado a uma raça específica. O
segundo se trata da delimitação do território dessa possível raça por divisas.

Dando continuidade a definição do que seria raça, ele evidencia as espécies mais
conhecidas que possuem raças bem delineadas, como o cachorro e o cavalo. A
observação desses animais sem conhecimento prévio nos faz acreditar em uma
delimitação natural das raças mesmo com a convivência dos animais entre si, no
entanto, essas raças só existem devido à ação do homem, que pratica a seleção artificial,
procurando favorecer características desejadas por ele. Em outras palavras, o homem
produz as divisas necessárias para a existência de uma raça.

Em espécies não tão conhecidas que possuem essa divisão de subespécies ou raças,
necessariamente ocorreu a intervenção de algum fator evolutivo, como o isolamento
geográfico, que separaria completamente uma espécie em dois ou mais grupos. Essa
separação ao longo de muito tempo provocaria a especiação da população de acordo
com o ambiente que ela estaria exposta e com as próprias características selecionadas
por acaso pelo fator evolutivo. Com uma longa continuidade desse isolamento
geográfico esses grupos podem originar novas espécies. Com isso, conclui-se, que a
raça é um estágio anterior ao da formação de uma espécie e que uma espécie possuir
raças significa que em longo prazo ela pode originar novas espécies.

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