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Tales de Mileto
Tales de Mileto (640-546 a.C.) talvez tenha sido o primeiro filósofo. Sua impor-
tância é pelo interesse que ele tem pelo todo, pela totalidade e sua busca
racional da arché. A “água” que Tales fala não é a água sensível em que nos ba-
nhamos e que se bebe: a água sensível é apenas uma das muitas e diferentes
coisas do universo e, na medida em que é apenas uma entre muitas, não pode
ser aquilo que existe de idên�co em cada uma delas e, portanto, muito menos
pode ser o princípio unitário (a arché) de que todas derivam. A “água” apre-
senta-se, assim, como metáfora que não consegue suportar o peso daquilo
que ela pretende exprimir. Tales não escreveu nada e seus ensinamentos
foram transmi�dos na dimensão da oralidade.
“Tales, iniciador da filosofia (da arché), diz que tal princípio é a água (por isso
afirma também que a terra navega sobre a água), deduzindo sua convicção
indubitavelmente da constatação de que o alimento de todas as coisas é
úmido, e que até o calor gera-se do úmido e vive no úmido. Ora, aquilo de que
todas as coisas são geradas é, justamente, o princípio de tudo. Ele deduz, por-
tanto, sua convicção deste fato e do fato de que as sementes de todas as coisas
têm natureza úmida e a água é o princípio da natureza das coisas úmidas.”
(Aristóteles, Metafísica, livro I, 3 – Tales, tex. 12 Diels-Kranz).
Heráclito
Heráclito de Éfeso (535-475 a.C.) dizia que o universo está em constante mu-
dança, tudo flui, tudo está em transformação constante. O devir (devir cíclico)
é uma caracterís�ca estrutural de toda a realidade. E isso é assim porque todas
as coisas possuem os opostos em constante guerra. O real (o ser é o múl�plo)
é a mudança e a permanência é ilusória. Não se trata de um devir caó�co, mas
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PARTE I - A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Tudo escorre (panta rhei): “Não se pode descer duas vezes no mesmo rio e não
se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado, mas, por
causa da impetuosidade e da velocidade da mudança se espalha e se reúne,
vem e vai.” (Heráclito, fr. 91 Diels-Kranz); Harmonia dos opostos: “O que é opo-
sição se concilia e das coisas diferentes nasce a mais bela harmonia, e tudo é
gerado pela via do contraste.” (Heráclito, fr. 8 Diels-Kranz); “A doença torna
doce a saúde, a fome torna doce a saciedade e a fadiga torna doce o repouso.”
(Heráclito, fr. 111 Diels-Kranz); “O caminho para cima e o caminho para baixo
são o único e mesmo caminho.” (Heráclito, fr. 60 Diels-Kranz); “Comum no cír-
culo é o princípio e o fim.” (Heráclito, fr. 103 Diels-Kranz).
Parmênides
“O ser é indivisível e todo igual: “E nem é divisível, porque é todo inteiro igual;
nem existe de alguma parte algo a mais que possa impedi-lo de ser unido, nem
existe algo de menos, mas é todo inteiro pleno de ser. Por isso é todo inteiro
con�nuo: o ser, com efeito, se liga ao ser.” (Parmênides, Poema sobre a nature-
za, fr. 8).
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PARTE I - A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Sócrates
Platão
“Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alego-
ria. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na
prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à
contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma
até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que dese-
jas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada
sobre a verdade. Em todo o caso, eis o que me aparece tal como me aparece;
nos úl�mos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se
percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a
causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o
senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a
verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se
com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.” (“A alegoria da
caverna”, A República, livro VII, de Platão).
Aristóteles
como trabalhar para ganhar um bom salário para comprar uma casa e viver
tranquilamente. Numa hierarquia de bens é preciso que haja um bem final que
sinte�ze todos e que será o fim úl�mo e supremo: esse bem é a felicidade. As
condições da vida feliz são: 1) Prá�ca das virtudes: as virtudes moldam o nosso
caráter e orientam os nossos costumes. Pelo exercício da virtude, elevamos
nossos sen�mentos e educamos nossos ins�ntos, nos tornando senhores de
nossas próprias energias; 2) Círculo de amigos: há a amizade baseada na u�li-
dade ou interesse, a amizade baseada no prazer e a amizade baseada na virtu-
de, chamada de amizade verdadeira; 3) Boa saúde: Aristóteles elogia a saúde
como condição da felicidade e cita uma inscrição em Delfos: “mais bela é a jus-
�ça, e melhor é a saúde, mais agradável é possuir o que se ama”; 4) Suficiência
de bens materiais: o sábio precisa também de bens materiais, mas só os indis-
pensáveis para viver, pois o excesso de bens externos corrompe a mente; 5)
Viver numa sociedade justa: condição absolutamente necessária para que o
homem seja feliz; sendo ele, por natureza, um ser social e polí�co, precisa
viver com os outros; 6) Meditação filosófica: é o supremo nível da felicidade, a
contemplação das verdades imutáveis. Nisso chegam apenas alguns filósofos.
E todos os outros serão infelizes? Não, pois quem realiza as demais condições
também é feliz.
“Todos os homens por natureza tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas
sensações: com efeito, eles amam as sensações por si mesmas, ainda que de
forma independente de sua u�lidade, e, mais do que todas, amam a sensação
da vista. Com efeito, não apenas com os fins da ação, mas também sem ter
alguma intenção de agir, preferimos o ver, em certo sen�do, a todas as outras
sensações. E o mo�vo está no fato de que a vista nos faz conhecer mais do que
todas as outras sensações e nos torna manifestas numerosas diferenças entre
as coisas.” (Metafísica, de Aristóteles).
Epicuro
siderada como sumo prazer, porque é o único que não pode crescer ulterior-
mente e, portanto, não pode nos deixar insa�sfeitos.
Epicteto
Não são as coisas que perturbam os seres humanos, mas as avaliações que
eles fazem das coisas. O que isso significa? Que os males não vêm da natureza,
mas de nossas próprias avaliações. Toda a infelicidade dos seres humanos de-
ve-se ao fato de que eles confundem o que está em seu poder e o que não está
em seu poder. Por isso, desejam o que não depende deles, tornando-se escra-
vos dos acontecimentos. O obje�vo de Epicteto é que nos tornamos senhor de
nós mesmos, vivendo assim uma vida sem perturbações.
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