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Curso: FILOSOFIA (Bacharelado)

Disciplina: Lógica Clássica


Tutor: Professor Luiz Geraldo da Silva
Aluno: Antonio Carlos Martins Lima
Unidade (Polo): São Paulo-SP
RA: 8142288
Turma: DGFIB201SPOAOD (Calendário: SI)

PORTFÓLIO 1

1) Descrição das principais características dos pré-socráticos quanto ao principio fundamental


da identidade e relação com os princípios aplicados a Lógica Aristotélica

Excerto

A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição de que a água é a
origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério?
Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem
das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar,
porque nela, embora em apenas estado de crisálida, está contido o pensamento: "Tudo é um"
(NIETZSCHE, F. Crítica Moderna; Pré-Socráticos).

FILÓSOFOS JÔNICOS

Incialmente vale destacar que os Filósofos Jônicos partiram da descoberta de que na natureza
existem regras que são intransponíveis, sendo, pois, a própria natureza, obrigada a segui-las.
Nesse período, esses precursores da filosofia entenderam que há o que passaram a denominar
“Cosmos” e que esse Logos era verdadeiramente o grande responsável por tudo que ocorre no
universo, contrariando assim a visão vigente à época que apontava os deuses como únicos
detentores e guardiões das forças da natureza.
Essa revolução no pensamento, que também foi o nascedouro do que se convencionou chamar
ciência, se baseou no monismo corporalista, que lançou mão dos quatro elementos da
natureza (água, fogo, ar e água), bem como da matemática, para formular suas teorias.

Embora alguns dos postulados atribuídos aos Filósofos Jônicos possam ter caído em desuso, a
grande maioria de suas intuições e experimentos são aceitos até hoje e em muitos casos,
transformaram-se em ciências como Engenharia, Matemática, Astronomia e Geometria.

Fica evidenciado o motivo da ratificação vista no excerto nietzscheniano descrito acima,


apontando a relevância e atualidade dos enunciados jônicos.

Feita esta introdução, tratemos agora do Principio da Identidade, sob a égide dos pré-
socráticos e de Aristóteles.

Segundo meu entendimento, os pré-socráticos possuíam ainda uma visão que se coadunava
com o misticismo do período transicional entre a cultura dos deuses como mantenedores e
gestores do universo e a intuição e os estudos práticos que trouxeram o pensamento cientifico
à baila,

Fica evidente, especialmente nas formulações trazidas por Parmênides e Heráclito, um outro
período de transição que se avizinha ao que se sedimentou com o pensamento lógico de
Aristóteles.

PARMÊNIDES

A visão filosófica de Parmênides, trazida à luz sob a forma de poema, tem seu ponto inicial na
formulação “o que é, é – e não pode deixar de ser”. Embora ainda partisse de conceitos
ligados ao monismo corporalista, sua busca pela verdade (aletheia) lançou mão de elementos
da lógica, baseada no conceito de unidade, chegando a formulações racionais do tipo “o que
é é” e, tendo como contraponto, “o que não é”, que tem associado valores como não-ser ou
algo inimaginável e indivisível, ou seja, que não podem ser racionalmente explicável.

Aqui Parmênides apresenta também o princípio da identidade, em que o ser necessariamente é


“eterno, imóvel, finito, imutável, pleno, contínuo, homogêneo e indivisível”.

HERÁCLITO

Heráclito foi, segundo estudos históricos disponíveis, o precursor do que se passou a conhecer
como Princípio da Individualidade. Para além da arché preconizada no conceito do monismo
corporalista, o filósofo lançou-se no desafio de ampliar a visão vigente, baseando suas
formulações nesse campo, na tentativa de criar uma “oposição entre verdade única e
multiplicidade de opiniões”, servindo esse pensamento de adubo para o aprofundamento
dessa dualidade único/plural, que viria a se aprofundar e florescer especialmente por seus
sucessores, marcadamente pela escola de Eléia, sendo estes os responsáveis por trazer à
discussão o problema ontológico logico relacionado ao conhecer e ao ser.

Esse cabedal de elementos trazidos a luz subsidiou e criou as bases para a formulação do
pensamento logico aristotélico, que em sua obra máxima Organon, que em grego significa
instrumento, esmiúça tudo que a humanidade precisa conhecer e manejar para separar o que é
correto do que é incorreto, relativamente ao pensamento filosófico e também no que tange à
ciência, trazendo essa busca pelo cerne da argumento para todas as relações humanas, sejam
elas comezinhas ou enlevadas.

2) Descrição a cerca da diferença entre o modo absoluto e o modo sofista, sob a critica de
Górgias.

Excerto

Julgamos conhecer cientificamente cada coisa, de modo absoluto e, não, à maneira sofística,
por acidente, quando julgamos conhecer a causa pela qual a coisa é, que ela é a sua causa e
que não pode ser de outra maneira (ARISTÓTELES. Segundos Analíticos, I, 2, 71b 9-12
apud Oswaldo Porchat. Ciência e dialética em Aristóteles).

Primeiramente cabe ressaltar que a definição de absoluto passa por formulações que o
associam a algo supremo, único, indivisível e independente de qualquer outra realidade ou
ser, podendo em algumas acepções surgir com os termos “Deus”, “divino” ou “singular”.

Hegel diz que “Os gregos consideram o sol, as montanhas, os rios, etc. como forças
autônomas, honrando-os como deuses, elevados pela fantasia a seres ativos, móveis,
conscientes, dotados de vontade. Isto gera em nós a representação da pura criação pela
fantasia — animação infinita e universal, figuração, sem unidade simples. Com esta
proposição está aquietada a imaginação selvagem, infinitamente colorida, de Homero; este
dissociar-se de uma infinidade de princípios, toda esta representação de que um objeto
singular é algo que verdadeiramente subsiste para si, que é uma força para si, autônoma e
acima das outras, é sobressumida e assim está posto que só há um universal, o universal ser
em si e para si, a intuição simples e sem fantasia, o pensamento de que apenas um é. Este
universal está, ao mesmo tempo, em relação com o singular, com a aparição, com a existência
do mundo. O primeiro estado de coisas que reside no que foi dito é o fato de que a existência
singular não possui autonomia alguma, não é nada de verdadeiro em si e para si, apenas algo
acidental, uma modificação. Mas o estado de coisas afirmativo é que do um emerge todo o
resto, que o um permanece nisto a substância de todo o resto, sendo unicamente uma
determinação casual e exterior pela qual a existência singular se torna; também a situação de
que toda existência singular é passageira, isto é, que perde a forma do singular e novamente
torna-se universal, água. Isto é o elemento filosófico, que o um seja o verdadeiro. Aquela
separação do absoluto do finito é, portanto, enfrentada: mas ela não deve ser tomada assim
que o um se situe do lado de lá e aqui o mundo finito — como ocorre muitas vezes na
representação comum de Deus, representação em que se atribui ao mundo uma constância, em
que muitas vezes se representem dois tipos de uma realidade, um mundo sensível e um supra-
sensível da mesma dignidade. O ponto de vista filosófico é que somente o um é a realidade
verdadeiramente efetiva: real deve ser tomado aqui em sua alta significação — na vida
cotidiana chamamos tudo de real.”.

Nesse excerto hegeliano fica evidente o conceito de absoluto como o uno, universal e “em si
para si”. Já para os sofistas, destacadamente em Górgias, a visão niilista, baseada em
conceitos como a negação da razão e na ausência de princípios morais universais, o que se
depreende é que tudo que existe é devaneio, já que não existem verdades absolutas.

Para Górgias, não existe o ser, existindo somente o nada. Também para este filósofo o ser não
é uno, nem múltiplo, nem incriado, tão pouco gerado, o que leva a conclusão de que o ser é
uma nulidade. Como segundo pilar de seu pensamento, atribui-se a formulação de que
“mesmo que o ser existisse ele não poderia ser conhecido pois se podemos pensar em coisas
que não existem é porque existe uma separação entre o que pensamos e o ser, o que
impossibilita o seu conhecimento”
Por fim, a tríade conceitual de Górgias se encerra com a máxima de que se pode conhecer o
ser, poder-se-ia inclusive pensar nele, contudo não seria possível dizer como este ser é, já que
vocábulos não conseguem representar nada que não seja somente palavras, logo, quando
falamos de um ser estamos vocalizando-o, o que, de fato, não é o ser.
Nota-se que o âmago da formulação sofista em Górgias busca colocar por terra qualquer
chance de existir uma verdade suprema, absoluta, ficando, segundo esta linha de raciocínio, a
cargo da razão e do pensamento lógico, somente situações da vida cotidiana dos seres, não
sendo pois cabível a formulação de normas absolutas. Vem desta acepção também o
entendimento, a meu ver correto, de que algo pode ser mal ou bom, a saber em que é o sujeito
de tal ação e também em que circunstancia se deu tal prática.

Uma sentença atribuída a Górgias parece resumir bem a linha de raciocínio adotada pelos
sofistas “Se é eterno não teve princípio, se não tem princípio é infinito, se é infinito não
está em nenhum lugar, se não está em nenhum lugar não existe.”.

Podemos concluir que a queda de braço entre sofistas e absolutistas esta pendendo muito mais
para esses que para aqueles, no que tange a evolução do pensamento filosófico. Embora seja
notável que há formulações sofistas que trazem certa coerência, em conceitos como o que
aponto a problematização da utilização da retorica como ferramenta de convencimento de
outrem, utilizando-a como fartamente em discursos políticos, por exemplo, é um argumento
válido e necessita de atenção, o conjunto de pensamentos contido no sofismo, não aponta para
argumentos plausíveis, tornando tais formulações falácias.

3) Elaboração de um argumento simples e um complexo

3.1 - argumento simples

Todo instrumento musical soa.

Violão é um instrumento musical.

Portanto, o violão soa.


3.2 – argumento complexo – Importância do Ensino de Filosofia nas escolas

Premissa 1

Existe um entendimento num certo nicho social de que disciplinas como Sociologia e
Filosofia não são importantes no aprendizado de jovens e adultos. Tal abordagem leva
especialmente em consideração o fato desses estudos não gerarem, necessariamente, produtos
palpáveis, mensuráveis e concretos.

Premissa 2

Esses incautos homens práticos, que podem ser exemplificados pelo Deputado Isalzi (PSDB-
DF), que apresentou o projeto de lei que tira da grade curricular do ensino médio a
obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia, esquecem que veio da investigação
filosófica, algumas das ciências mais utilizadas para gerar produtos como construção civil e
medicina, já que foi com os precursores da filosofia, na polis de Mileto, que surgiram as
ideais hoje aceitas como ciência, tais como Geometria, Psicologia, Engenharia, Astronomia e
Biologia.

Premissa 3

Também é notório que a Filosofia tem o papel incomensurável de tirar o indivíduo de sua
bolha existencial e leva-lo a tramitar em sintonias mais abrangentes, possibilitando assim o
vislumbre cosmológico da existência humana, para além de suas crenças, usos e costumes
comezinhos.

Conclusão

Enfim, pode-se dizer que a Filosofia tirou a humanidade da prisão causada por visões que
tinham a força de afastar dos seres humanos princípios libertadores que só o pensamento
poder-lhes-ia alcançar. Sem a contribuição do pensamento filosófico, o ser pode se ver
trancafiado em dogmas e visões sectárias e fundamentalistas, por exemplo, no campo das
religiões e, por outro lado, no que diz respeito à política, sujeito a visões de mundo extremas,
como a que ocorreu em períodos históricos como o advento do fascismo e do nazismo e, na
atualidade, com a nova onda de ascensão de comandos nacionais por extremistas radicais de
direita, como é o caso no Brasil.

Então, embora alguns possam tentar deixar de atribuir importância ao pensamento filosófico,
fica evidente a contribuição deste tanto na esfera pragmática do consumo de bens e serviços,
quanto nos meandros sócio políticos, que ensejam uma sociedade mais igualitária, empática,
solidária e, por conseguinte, feliz.

BIBLIOGRAFIA
SOUZA, J.C. - Os Pré Socráticos Fragmentos, Doxografia e Comentários –

GÓRGIAS - Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2021. Consultado em


27/09/2021. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=22

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