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NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

UFSJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REY

PÓLO: JABOTICATUBAS-MG
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA FILOSOFIA I
PROFESSOR: Richard Romeiro Oliveira
ALUNO (A): LEONARDO BATISTA VIANA CORREIA
TUTOR A DISTÂNCIA: Jacquelline Christina Oleto Viana

2018
Tarefa 1
Explique, com suas próprias palavras (em um texto de 3 a 4 laudas), as
características fundamentais da primeira filosofia surgida no mundo grego
antigo, a chamada filosofia pré-socrática, explicitando, em seguida,
as principais concepções cosmológicas elaboradas pelos defensores do
monismo e do pluralismo.

Pode-se dizer, via de regra, que a denominação de pré-socráticos


se dá em virtude da anterioridade de alguns “pensadores” a Sócrates, mas tal
definição não pode ser levada como absoluta, tendo em vista que muitos
destes foram até contemporâneos a Sócrates.

Não obstante, o que define também tais pensadores como pré-


socráticos seria a forma de seu pensamento e a reflexão sobre a realidade do
mundo, ou seja, o questionamento que iniciaram para encontrar a verdadeira
realidade.

Salienta-se, ainda, que a forma de pensar dos pré-socráticos


surge numa época na qual a explicação para o mundo e sua origem já não era
mais possível pela crença nos mitos e seus deuses, assim:

Sua originalidade começa a aparecer melhor quando se considera


suas explicações sobre fenômenos naturais como a chuva, o raio, o
trovão; suas descrições do cosmo; suas explicações sobre a origem
mesma do universo. É na comparação dessas suas explicações
sobre o mundo natural com aquelas dadas pelos mitos e pelas
crenças populares que nos damos conta da emergência de algo novo:
o uso da especulação racional na tentativa de compreender a
realidade que se manifesta aos homens. (IGLÉSIAS, 2002, p.19)

Estes primeiros pensadores foram classificados também como os


“filósofos da physis”, filósofos da natureza, pois tentavam explicar as origens e
causas do mundo conforme os princípios daquela.

Em relação ao pensamento dos pré-socráticos convém mencionar


uma clássica divisão dos seus representantes mais importantes, as escolas
jônica e italiana. Essa divisão demonstra de forma mais clara as diferenças
filosóficas das duas escolas e o eventual debate travado pelas mesmas.
A escola jônica caracteriza-se pelo maior envolvimento de seus
pensadores com a questão da physis (palavra de origem grega que significaria
o fazer surgir, brotar), pelas teorias das causas naturais, um dos seus
representantes mais conhecidos e importantes foi Tales de Mileto, considerado
também o primeiro filósofo, seguido por Anaximandro e Anaxímenes.

O pensamento dos componentes desta escola, chamados


também de “monistas de Mileto”, se traduzia na busca por um princípio
fundamental único que explicasse os fenômenos, sendo a água para Tales, o
indeterminado para Anaximandro e o ar para Anaxímenes. A principal temática
destes seria a questão do princípio constitutivo e dirigente da realidade – arché,
que não se confundiria com a questão dos deuses e mitos para explicar a
origem do mundo, mas sim como uma “força” natural.

Os primeiros filósofos são da cidade de Mileto, e floresceram no


século VI a.C. Tales, Anaximandro, Anaxímenes. O ponto de partida
de sua especulação parece ter sido a verificação da permanente
transformação das coisas umas nas outras, e sua intuição básica é de
que todas as coisas são uma coisa fundamental, ou um só princípio
(arché). (IGLÉSIAS, 2002, p.26)

De outro lado apresenta-se a escola italiana, esta já voltada para


uma visão mais abstrata e menos naturalista da realidade, já tendendo a um
direcionamento metafísico com expressiva influência no pensamento de Platão,
seu principal representante foi Pitágoras de Samos, sobre esta visão temos:

O pitagorismo foi, talvez mais que escola filosófica, uma verdadeira


seita religiosa cujo principal fundamento era a crença na imortalidade
da alma e na metempsicose. Aliás, o estudo da matemática (que se
confundia com a filosofia, pois “tudo é número”) era feito por
promover a harmonia da alma com o cosmo, realizando assim uma
catharsis (purificação), único meio de libertar a alma do ciclo das
reencarnações. As crenças dos pitagóricos, estranhas à religião
homérica (oficial), levaram-nos a ver no corpo uma prisão da alma.
(IGLÉSIAS, 2002, p.28)

Nessa busca pelo princípio fundamental ou constitutivo que dá


origem e explica as coisas, se faz necessário mencionar as concepções dos
monistas e pluralistas.

Os monistas afirmam que a realidade é una, imutável, proveniente


de um único princípio, conforme dito acima, seus principais defensores são
Tales, Anaximandro e Anaxímenes, todos estes defendendo uma única
essência como origem das coisas do mundo, no caso a água, ilimitado
(indeterminado) e ar, respectivamente.

Nesta direção deste princípio único temos Parmênides como o


principal expoente, sua busca pela realidade afirmava a unidade e a
imobilidade do ser. Na distinção da realidade e da aparência, o Ser que seria o
real, se apresentaria como o permanente, imutável, logo o Não Ser seria o que
está em movimento, se apresentando como aparência. Neste sentido, temos:

Parmênides e os eleatas são adversários dos mobilistas, defendendo


uma posição que podemos caracterizar como monista, ou seja, a
doutrina da existência de uma realidade única. Parmênides parece de
fato o introdutor de uma das distinções mais básicas no pensamento
filosófico, a distinção entre realidade e aparência. Assim, o primeiro
argumento contra o mobilismo consiste em caracterizar o movimento
apenas como aparente, como um aspecto superficial das coisas. Se,
no entanto, formos além de nossa experiência sensível, de nossa
visão imediata das coisas, descobriremos, através do pensamento,
que a verdadeira realidade é única, imóvel, eterna, imutável, sem
princípio, nem fim, contínua e indivisível. (MARCONDES, 2008, p.36)

E ainda sobre o Ser permanente e imutável:

Em seu Poema, o mais extenso dos textos dos pré-socráticos que


chegaram até nós, Parmênides afirma que “aquilo que é não pode
não ser”, formulando assim uma versão inicial da lei da identidade,
um princípio lógico-metafísico que consiste em caracterizar a
realidade em seu sentido mais profundo como algo de imutável; exclui
assim o movimento e a mudança como aquilo que não é, porque
deixou de ser o que era, e não veio a ser ainda o que será, e portanto
não é nada; por isso apenas o permanente e imutável pode ser
caracterizado como o Ser. (MARCONDES, 2008, p.36)

De encontro ao pensamento monista, apresentam-se os


pluralistas, mobilistas, tendo como seu principal representante Heráclito de
Éfeso. Sustenta este que o mundo está em permanente movimento, alega uma
complexa realidade que se baseia na unidade da pluralidade, ou seja, dito em
outros termos, unidade de opostos. Oposto este que não se anulam, mas faz
manter o equilíbrio, esse seria o movimento permanente. Visando clarear o
pensamento de Heráclito, segue:
Pode ser considerado, juntamente com os atomistas, como o principal
representante do mobilismo, isto é, da concepção segundo a qual a
realidade natural se caracteriza pelo movimento, todas as coisas
estando em fluxo. Este seria o sentido básico da famosa frase
atribuída a Heráclito: “Panta rei” (Tudo passa). Sua filosofia, tal como
podemos reconstruí-la, é, entretanto, bem mais complexa do que
isso. A noção de logos desempenha papel central em seu
pensamento, como princípio unificador do real e elemento básico da
racionalidade do cosmo. Segundo o famoso fragmento 50: “Dando
ouvidos não a mim, mas ao logos, é sábio concordar que todas as
coisas são uma única coisa. ” Assim, tudo é movimento, tudo está em
fluxo, mas a realidade possui uma unidade básica, uma unidade na
pluralidade. Esta “unidade na pluralidade” pode ser entendida
também como a unidade dos opostos. Heráclito vê a realidade
marcada pelo conflito (pólemos) entre os opostos (fr.53, 126, 80),
conflito que todavia não possui um caráter negativo, sendo a garantia
do equilíbrio, através da equivalência e reunião dos opostos (fr.10).
Assim, dia e noite, calor e frio, vida e morte são opostos que se
complementam (fr.67, 126). A existência do movimento e da
pluralidade do real é parte de nossa experiência das coisas, e
Heráclito parece ser um filósofo que valoriza a experiência sensível
(fr.55) (MARCONDES, 2008, p.35)

Diante do acima exposto, podemos dizer que os pré-socráticos


deram os primeiros passos em direção a um método científico de pensar, seus
pensamentos aparentam em algumas situações um caráter místico ou até
mesmo obscuro, mas não há como negar a importância e contribuição destes
no desenvolvimento da filosofia ocidental e até de outras ciências.

Cada um destes pensadores tentou, a sua maneira, explicar a


origem e o comportamento do cosmo e dos seus fenômenos.

Por fim, salienta-se que a própria análise do pensamento pré-


socráticos se afigura um trabalho árduo, tendo em vista que quase nada restou
dos seus escritos, o acesso ficou limitado a fragmentos e/ou citações isoladas,
muitos mencionados em textos de outros pensadores.
BIBLIOGRAFIA:

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Dos pré-socráticos a


Wittgenstein.13ª Edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

REZENDE, A. (Organizador). Curso de Filosofia. Para professores e alunos dos


cursos de segundo grau e graduação. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p. 19-50.

RIBEIRO, Luís Felipe Bellintani. História da Filosofia I. Filosofia/EaD/UFSC,


2008.

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