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OS FILÓSOFOS DA NATUREZA OU PRÉ-SOCRÁTICOS

DA TEOGONIA E COSMOGONIA PARA O NASCIMENTO DA COSMOLOGIA


OS FILÓSOFOS DA NATUREZA OU PRÉ SOCRÁTICOS
• Da cosmogonia à cosmologia – as respostas míticas sobre a origem ou o
principio das coisas não mais satisfaziam as indagações humanas. Assim, os
seres humanos partiram para uma grande e ousada aventura: a construção
do conhecimento filosófico.
• A grande questão, não era saber como tudo surgiu do nada. O que instigava
era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a
terra sem vida podia se transformar em árvores. Tudo isso sem falar em
como um bebê podia sair do corpo de sua mãe?
• Os filósofos viam com seus próprios olhos que havia constantes
transformações na natureza. Mas como estas transformações eram
possíveis? Como uma substância podia se transformar em algo
completamente diferente, numa forma de vida, por exemplo? Várias formas
de perceber e conhecer o mundo foram criadas até chegarmos ao
conhecimento científico e filosófico.
OS FILÓSOFOS DA NATUREZA OU PRÉ
SOCRÁTICOS
• Nesse momento, questionam-se as teogonias e as cosmogonias; e nasce uma
cosmologia. A origem e a ordem do mundo percebidas por meio das forças
divinas geradoras (Gaia, Urano), é substituída por forças naturais (terra, céu,
água), dando origem aos pensadores conhecidos como pré-socráticos, ou
filósofos da natureza.
• Esses filósofos também tentaram descobrir leis eternas a partir da observação
dos fatos, desconsiderando as explanações mitológicas. Assim, a filosofia se
libertava da religião e os primeiros indícios de uma forma científica de pensar
começavam a aparecer.
• A denominação “filósofos da natureza” é dada aos primeiros pensadores
gregos por estes se interessarem pelos processos naturais. Eles partiram do
pressuposto de que sempre existiu alguma coisa e, vendo as transformações
que ocorriam no meio ambiente, indagavam-se como aquilo era possível.
Então, acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas
essas transformações.
A CIDADE DE MILETO
• O primeiro passo em direção ao conhecimento racional foi dado no inicio do
século VI a.C, na cidade grega de Mileto, localizada em uma região da atual
Turquia, por Tales de Mileto, apontado como primeiro filósofo.
• Mileto era uma colônia grega, localizada na Jônia, litoral ocidental da Ásia
Menor. A Grécia, nessa época não era um Estado unificado. Acredita-se que
as condições de vida dessa rica e promissora região comercial, caracterizada
pelo encontro e pela troca de experiências entre várias culturas, favoreceram
o surgimento de uma nova mentalidade, criando as bases para o nascimento
da Filosofia.
AS ESCOLAS PRÉ-SOCRÁTICAS
• Para facilitar o entendimento, as várias correntes pré-socráticas podem ser
classificadas em:
• Escola Jônica (Ásia Menor), cujos principais representantes são Tales de
Mileto, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito de Éfeso.
• Escola Pitagórica ou Itálica (Magna Grécia), cujos principais representantes
são Pitágoras de Samos, Filolau de Cretona e Árquilas de Tarento.
• Escola Eleata (Magna Grécia), os principais representantes são Xenófanes de
Colofão, Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia e Melissos de Samos.
• Escola Atomista (Trácia), cujos principais representantes são Leucipo de
Abdera e Demócrito de Abdera.
PHYSIS, ARCHÉ E LOGOS
• Physis significa, no contexto dos primeiros filósofos, o conjunto de todas as
coisas naturais que existem . A palavra também significa origem. Como os
gregos da época consideravam que tudo o que existe é natural, a physis
significa o conjunto de todas as coisas, e “o problema da physis” é a
pergunta sobre a origem e a constituição de todas as coisas que existem.
• Arkhé significa a fonte, a origem e a raiz de todas as coisas da physis, de
onde as coisas vêm e para onde vão. Além disso, pode ser compreendida
como o princípio de uma coisa, que, embora intangível (intocável) e
indemonstrável, provê as condições de possibilidade da coisa.
• Logos significa a razão, a linguagem, a palavra. Logos designa a razão
humana, o pensamento que busca compreender a physis; mas, pelo menos
a partir de Heráclito, logos também pode ser interpretado como a razão
universal, fixa e imutável que ordena e organiza todas as coisas particulares
e transitórias; o logos, neste sentido, é um princípio cosmológico.
TALES DE MILETO ESCOLA JÔNICA
Por volta de 624 a.C. na colônia grega de Mileto na Jônia, nasceu Tales de
Mileto, tido como o primeiro filósofo e precursor da filosofia grega. Além de
filósofo, foi matemático e astrônomo.
A pergunta filosófica mais elevada, “Qual é a causa última, o princípio
supremo de todas as coisas?” (Arkhé) foi colocada por Tales sistematicamente
na tentativa de encontrar uma resposta racional, livre da explicação mítica.
A reflexão filosófica de Tales foi desenvolvida a partir da observação da
natureza. Considerando os elementos mais presentes em todo o mundo
observável - o ar, a terra, a água e o fogo, o filósofo concluiu que o princípio
supremo de todas as coisas deveria ser a água, uma vez que esta podia se
alterar em várias outras formas, dando origem, por condensação, à terra,
por rarefação, ao ar e ao fogo. Embora aparentemente ingênua a resposta,
não se pode negar a importância da água para a vida.
TALES DE MILETO ESCOLA JÔNICA
• Mas a partir desse questionamento de Tales estabeleceu-se a definição do
termo physis, que significava, para os filósofos da época, não apenas a
natureza existente, mas verdadeiramente a realidade fundamental e primeira
de toda a natureza.
• Existe uma regra fundamental para o principio filosófico elaborado por esses
filósofos – o elemento transformador ele deverá sofrer mudanças sem perder
sua essência. Temos como por exemplo a água que sofre mudanças em seus
estados mas não muda a sua essência.
• Outro aspecto a ser destacado é a concepção de água que se deve ter a partir
do pensamento de Tales, pois como princípio universal, não é apenas a água
na forma como conhecemos, mas efetivamente uma liquidez primeira do
universo. A água está ligada aos processos da vida no nosso mundo diante de
um nascimento de uma criança, na morte de uma pessoa e na formação da
natureza.
HERÁCLITO DE ÉFESO: TUDO FLUI
• Heráclito, conhecido como “o obscuro”, foi um pensador e filósofo pré-
socrático considerado o “Pai da Dialética” a doutrina dos contrários. Em
resumo, a dialética propõe a busca da verdade através da relação entre dois
conceitos opostos, numa relação de interdependência.
• Por exemplo, a escuridão somente existe pois o conceito de luz é seu oposto,
donde um não existe sem o outro.
• Como Tales de Mileto, Heráclito acreditava no princípio único abalizado na
“Filosofia Unitarista”, cujo princípio estava fundamentado na unidade
elementar e, no caso de Heráclito, o elemento fogo. Segundo ele, “Tudo
provem do Um e o Um provem do Todo”.
• O filósofo baseava suas ideias na lei fundamental da natureza, de modo que,
segundo ele, “Tudo flui” e “Nada é permanente, exceto a mudança”.
• A partir disso, acreditava que tudo o que existe está em permanente
mudança ou transformação
HERÁCLITO: TUDO FLUI
• Assim, Heráclito, pai da dialética, afirma que todas as coisas por meio da
dualidade, cujo o “Logos" (razão) é sua resultante, ou seja, o conhecimento
nascido desse embate (discursão).
PITÁGORAS
• Pitágoras de Samos foi um dos grandes filósofos pré-socráticos e matemáticos
da Grécia Antiga.
• Segundo ele “tudo é número”, frase que indica uma explicação para a
realidade e tudo que existe no mundo. A ele foi atribuído o uso e criação dos
termos “filósofo” e “matemática”.
• Fundou uma escola de caráter místico-filosófico que ficou conhecida como
“Escola Pitagórica”.
• Segundo o matemático grego, os números representavam a harmonia e a
ordem, ou seja, eram considerados a essência de todas as coisas.
• Essa teoria de Pitágoras surgiu da observação entre a harmonia dos acordes
musicais.
• Os pitagóricos acreditavam que essa concepção não era meramente
matemática, mas também mística e espiritual.
PITÁGORAS
• Nesse sentido, eles desenvolveram uma concepção espiritual da existência
humana, donde a alma é libertada do corpo após a morte.
• Ou seja, eles acreditavam na reencarnação e no desenvolvimento das
virtudes humanas enquanto a alma estava aprisionada ao corpo durante a
vida.
• Como resultado, os homens poderiam reencarnar numa forma de existência
mais elevada, conforme as virtudes conquistadas durante a trajetória terrena.
• Além do famoso "Teorema de Pitágoras", os pitagóricos descobriram os
números figurados e os números perfeitos.
• Na área da astronomia, Pitágoras também avançou com questões sobre a
esfericidade do planeta Terra e o deslocamento dos astros utilizando
conceitos matemáticos.
PARMÊNIDES
• Parmênides de Eleia seus estudos estiveram baseados nos temas sobre a
ontologia do ser (ciência do ser) , da razão e da lógica.
• Seu pensamento influenciou a filosofia da antiguidade bem como a filosofia
moderna e contemporânea. Sua frase mais célebre é: “O ser é e o não ser não
é.”
• Grande parte de seu pensamento está reunida na obra poética denominada
“Sobre a Natureza”.
• Em seu poema, Parmênides explica sobre dois caminhos: o caminho da
opinião e o caminho da verdade.
• O “caminho da opinião” (doxa) estaria baseado na aparência, e, portanto,
levaria ao engano e as incertezas.
• Enquanto o segundo, denominado de “caminho da verdade” (alétheia) é
conduzido pelo pensamento lógico baseado na razão.
PARMÊNIDES
• Parmênides refutava as ideias de Heráclito acrescentado que nada muda, tudo
é uno. Ou seja, a mudança é uma ilusão dos sentidos que está pautada
no doxa (opinião).
• Parmênides e Heráclito e suas concepções
• Heráclito - o ser é movimento é pluralidade ele é tudo ou seja esta em
constante transformação trabalhado pela dialética no conflito e na
contradição.
• Parmênides – o ser é repouso não se transforma é único mantendo a sua
permanência. Trabalha a lógica formal racional e despreza os sentidos.
DEMÓCRITO DE ABDERA
• A Escola Atomística ou atomismo, desenvolveu-se com base na ideia de que
são vários os elementos que formam as coisas. A ideia de átomo (a=negação
e tomos = divisão, ou seja, aquilo que não pode ser dividido).
• Essa concepção foi desenvolvida por Leucipo de Mileto e depois trabalhada
por Demócrito e Epicuro de Samos. Para Leucipo, o mundo é formado pelo
choque aleatório e imprevisível de infinitos átomos.
• Demócrito foi filósofo e historiador grego pré-socrático que descreveu a
"Teoria Atômica".
• Segundo ele, o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece em
constante movimento, é o elemento primordial, o princípio de todas as
coisas.
• Nesse sentido, toda o universo esta composto de dois elementos básicos: o
vácuo (o vazio ou o não-ser) e os átomos.
OS FILÓSOFOS DA NATUREZA OU PRÉ-SOCRÁTICOS
• Assim Tales escolheu a água como o principio originário de tudo o que existe,
Heráclito o fogo e tudo é mudança, Pitágoras os números como essência,
Parmênides a ontologia do ser e Demócrito a teoria atômica.
• Embora suas conclusões sejam diferentes, existia algo em comum entre
esses pensadores, que a crença de que as transformações e os movimentos
que constituíam a natureza (physis) e a própria existência poderiam ser
concluídas a partir das propriedades de uma substância única que forma
todo o cosmos (arché).
• A originalidade dos pré-socráticos em relação à tradição mítica predominante
foi a superação da vontade divina sobre a natureza e seus fenômenos.
• Atualmente uma revisão dos valores e das formas de conhecer os novos
rumos da ciência anunciam o despertar de uma nova consciência e a pontam
um reencontro do ser humano com a natureza, da qual nunca deixou de ser
parte.
ANAXIMANDRO
• Discípulo do “Pai da Filosofia”, Tales de Mileto, Anaximandro procurou
resolver os problemas filosóficos levantados por seu mestre.
• Assim, desenvolveu diversos estudos sobre a natureza, filosofia, política,
matemática, astronomia e geografia.
• Nascido na cidade de Mileto (atual Turquia) em 610 a.C., Anaximandro
desenvolveu seus estudos na Escola de Mileto (ou Escola Jônica), fundada por
seu mestre Tales de Mileto.
• Seguindo os passos de Tales de Mileto, Anaximandro tentou desvendar o
mistério sobre o princípio único e primordial da vida, que para seu mestre,
era a água.
• Foi assim que ele criou o conceito de “ápeiron”, que difere da “arché”
desenvolvida por Tales. Assim, a “arché” inclui um dos quatro elementos
como gerador de tudo (água).
ANAXIMANDRO
• Já o “ápeiron” define que o mundo teve origem de uma substância indefinida,
que representava o infinito e o indeterminado.
• Nas palavras do filósofo: “O que vem antes e depois do finito, tende a ser
infinito”.
• Segundo ele, o “ápeiron” era indestrutível e representava a massa geradora
do cosmo e dos seres. Era criado pela luta entre os elementos contrários,
como o frio o calor, o úmido, o seco, etc.
• Já para Anaximandro, mestre de Anaxímenes, a massa geradora de todos os
seres era representada pela união dos quatro elementos (terra, fogo, ar e
água) denominado de “ápeiron”.
• Em resumo, Anaximandro foi um visionário e suas ideias são atualmente
utilizadas na ciência, tendo relação com a Física Moderna.
ANAXIMENES
• Anaxímenes (588-524 a.C.), nascido em Mileto (atual Turquia), foi um filósofo
pré-socrático grego integrante da Escola Jônica.
• Já para Anaxímenes, o elemento primordial era o ar, o princípio de todas as
coisas.
• Anaxímenes foi discípulo de Anaximandro, no entanto, não concordava com
seu mestre sobre o conceito do “ápeiron”, e nem com Tales e seu conceito de
“arché”.
• Sua opinião era que o primeiro era muito abstrato (ápeiron), e o segundo
muito palpável (água, o arché).
• Para Anaxímenes, a substância primordial não poderia ser algo fora da
observação e da realidade sensível.
• Segundo ele, todas as coisas existentes são resultado da condensação ou da
rarefação do ar.
ANAXIMENES
• Nas palavras do filósofo:
• “Como nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim
também todo o cosmo sopro e ar o mantém.”
• A maior parte de suas obras se perderam com o tempo, sendo a mais
destacada “Sobre a Natureza”, a qual é possível encontrar alguns fragmentos.
• Em sua teoria cosmológica, defendeu que a Terra é plana e estaria flutuando
no ar. Já a lua, para ele, refletia a luz do sol e os eclipses representavam uma
obstrução planetária por outro corpo celeste.

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