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Apostila de Filosofia

1 – Teorias Filosóficas

- Sofistas –

Tales de Mileto (624 – 548 a.C)

A filosofia de Tales baseava-se em três teses principais:

- Tudo que conhecemos é feito de água e o homem é mais um ente desse meio;

- todas as coisas, incluso as inanimadas, estão cheias de vida;

- Por outro lado, as mudanças e a geração só podem ser alcançadas pela condensação e a
rarefação.

Quanto à estética, dizia que a busca pelo conhecimento, era o objeto mais belo que podíamos
ter.

Diz-se que Tales foi convidado para descobrir a altura da pirâmide Quéops, no Egito.

Diante disso, surgiu o Teorema de Tales, onde as retas paralelas e transversais formam
segmentos proporcionais.

Na cidade de Mileto, foi fundador da "Escola Jônica", considerada a mais antiga escola
filosófica, onde seus pensadores buscavam explicações cosmológicas, ou seja, por meio da
natureza através das observações.

Assim, eram adeptos da chamada “Filosofia Unitarista”, cujo princípio estava baseado no
princípio único que explica todas as coisas e, no caso de Tales de Mileto, o elemento água.

Viajou para o Egito e para Babilônia aprofundando seus conhecimentos ao mesmo tempo que
o disseminava tornando-se um homem muito admirado.

Anaxímenes (610 – 547 a.C)

A Anaxímenes, o elemento primordial era o ar, o princípio de todas as coisas.

Anaxímenes foi discípulo de Anaximandro, no entanto, não concordava com seu mestre sobre
o conceito do “ápeiron”, e nem com Tales e seu conceito de “arché”.

Sua opinião era que o primeiro era muito abstrato (ápeiron), e o segundo muito palpável
(água, o arché).

Para Anaxímenes, a substância primordial não poderia ser algo fora da observação e da
realidade sensível.

Segundo ele, todas as coisas existentes são resultado da condensação ou da rarefação do ar.

A maior parte de suas obras se perderam com o tempo, sendo a mais destacada “Sobre a
Natureza”, a qual é possível encontrar alguns fragmentos.
Em sua teoria cosmológica, defendeu que a Terra é plana e estaria flutuando no ar. Já a lua,
para ele, refletia a luz do sol e os eclipses representavam uma obstrução planetária por outro
corpo celeste.

Anaxágoras (500 – 428 a.C)

Anaxágoras concordava com a ideia de que o não ser não pode existir e que a substância do
ser é imutável. Para ele o nascer e o morrer não são acontecimentos reais. Nada nasce ou
morre, o que acontece é que as coisas que existem se decompõem e se compõem novamente.
As coisas que morrem estão se decompondo e as coisas que nascem estão se compondo, se
construindo.

Para a filosofia de Anaxágoras as coisas que existem vão além dos quatro elementos colocados
por Empédocles. As quatro raízes que formam as outras coisas, terra, ar, água e fogo não
conseguem explicar as diversas qualidades através das quais os fenômenos se manifestam.
Anaxágoras defende a ideia de que existem inúmeras sementes das quais vem todas as coisas.
O número de sementes que fundamentam e criam as coisas é do mesmo número das coisas e
elas são inumeráveis como inumeráveis são as manifestações dos fenômenos no mundo. Essas
sementes não são criadas - são eternas - e são imutáveis, elas são de todas as formas, de
todos os gostos e de todos os tipos. Nenhuma dessas sementes de qualidades se transforma
em outras sementes. As sementes são também infinitas na quantidade. Elas não podem ser
limitadas em sua grandeza ou na sua pequenez. Elas podem ser divididas ao infinito sem nunca
deixar de ser pois o não ser não existe. Assim podemos dividir qualquer semente, qualquer
substância ao infinito sem que ela perca a sua qualidade. As partes divididas das sementes
terão sempre a mesma qualidade que tinham antes de ser divididas.

No começo todas as sementes estavam juntas e não eram distintas uma das outras. O que
separou as sementes foi a Inteligência que através de um movimento ordenou o caos existente
entre as substâncias. Dessa forma todas as coisas são uma mistura ordenada das sementes e
em todas as coisas existem todas as sementes mesmo que em pequenas quantidades. O que
vai definir que uma coisa seja o que é vai ser a predominância de determinada semente ou de
outra. Em todas as coisas existem sementes de todas as outras coisas. No grão de trigo existe a
semente do cabelo, da carne e do osso, caso contrário como da semente do grão de trigo
poderia surgir o cabelo, a carne e o osso? Tudo sempre esteve e sempre vai estar no ser.

A Inteligência (ou Nous que também pode ser traduzido por mente, pensamento ou espírito)
que dividiu as sementes é divina, ela é ilimitada, independente e não está misturada a nada.
Essa Inteligência divina é sutil, pura, tem pleno conhecimento de tudo e tem uma força
imensa. A Inteligência domina as coisas que tem vida. Ela deu o impulso inicial na rotação que
distribuiu ordenadamente todas as outras coisas. Nada se forma ou se divide se não for
através da Inteligência.

Anaxágoras estudou também o problema do conhecimento humano e desenvolveu sobre o


conhecimento uma ideia original. Ele divide o conhecimento em três estágios: 1 - a experiência
e a sensação; 2 - a memória e 3 - a técnica. A experiência é o tópico central para o
conhecimento humano, sem ela nenhum conhecimento seria possível. A experiência é a nossa
relação com o mundo e implica na nossa sensibilidade para sentirmos as modificações dos
objetos externos. O que nós vivenciarmos através das sensações vai ser depositado na nossa
memória que é a nossa capacidade de conservar as experiências e os conhecimentos
adquiridos. O acúmulo dos conhecimentos em nossa memória vai gerar a sabedoria e a
sabedoria vai gerar a técnica que é a nossa capacidade de utilizar os conhecimentos para
construir objetos e modificar a natureza.

Heráclito de Éfeso (540 – 476 a.C)

Heráclito de Éfeso, nasceu na cidade de Éfeso, por volta de 540 a.C., antiga colônia grega,
região da Jônia na Ásia Menor, atual Turquia.

Como Tales de Mileto, Heráclito acreditava no princípio único abalizado na “Filosofia


Unitarista”, cujo princípio estava fundamentado na unidade elementar e, no caso de Heráclito,
o elemento fogo. Segundo ele,

“Tudo provem do Um e o Um provem do Todo”.

O filósofo baseava suas ideias na lei fundamental da natureza, de modo que, segundo ele,
“Tudo flui” e “Nada é permanente, exceto a mudança”.

A partir disso, acreditava que tudo o que existe está em permanente mudança ou
transformação, conceito denominado “Devir” (tornar-se, do vir-a-ser), sujeitas ao “logos”
(razão ou lei).

Tendo em vista seus conceitos, foi o criador do pensamento dialético, a doutrina dos
contrários, onde, das contradições, surgem a unidade dialética.

Em resumo, a dialética propõe a busca da verdade através da relação entre dois conceitos
opostos, numa relação de interdependência.

Por exemplo, a escuridão somente existe, pois, o conceito de luz é seu oposto, onde um não
existe sem o outro.

Assim, Heráclito, pai da dialética, afirma que todas as coisas por meio da dualidade, cujo o
"logos" é sua resultante, ou seja, o conhecimento nascido desse embate.

Parmênides (530 – 460 a.c)

Parmênides de Eleia foi um dos principais filósofos gregos pré-socráticos da Antiguidade. Seus
estudos estiveram baseados nos temas sobre a ontologia do ser, da razão e da lógica.

Seu pensamento influenciou a filosofia da antiguidade bem como a filosofia moderna e


contemporânea. Sua frase mais célebre é: “O ser é e o não ser não é.”

Grande parte de seu pensamento está reunida na obra poética denominada “Sobre a
Natureza”.

Em seu poema, Parmênides explica sobre dois caminhos: o caminho da opinião e o caminho da
verdade.

O “caminho da opinião” (doxa) estaria baseado na aparência, e, portanto, levaria ao engano e


as incertezas.

Enquanto o segundo, denominado de “caminho da verdade” (alétheia) é conduzido pelo


pensamento lógico baseado na razão.
Pitágoras de Samos (570 – 497 a.C)

Mais conhecido pelo teorema que leva seu nome, Pitágoras de Samos foi um filósofo grego do
final do século VI a.C., responsável pelo surgimento da palavra "matemática", e sua concepção
como um sistema de pensamento baseado em provas dedutivas, e também pela fundação da
Escola Pitagórica, reconhecida como a primeira universidade do mundo. Este é um título mais
honorífico do que uma classificação real, uma vez que a Escola Pitagórica se aproximava mais
do que chamaríamos hoje de guilda. Embora poucas informações sejam realmente confiáveis
sobre a vida e teorias de Pitágoras, pois a maior parte das informações sobre o filósofo foram
escritas séculos após sua morte. Sabemos, através de do filósofo grego Aristóteles, que
Pitágoras considerava a si mesmo um observador da natureza e que este seria, em sua visão, o
propósito de sua existência.

Embora alguns textos sob o nome de Pitágoras tenham circulado na antiguidade, a


autenticidade destes é questionada, uma vez que antigos membros da escola pitagórica
costumavam citar Pitágoras pela frase "autos ephe", significando "ele mesmo disse", o que
segundo Aristóteles indicaria a natureza oral destes ensinamentos. De acordo com Sir William
Smith, em seu Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology de 1870, tudo o que
sabemos dos escritos de Pitágoras, através de citações de autores como Xenofanes, Heródoto,
Platão, Aristóteles e outros, dá conta de que haviam dois livros, um primeiro contendo uma
descrição geral da origem e disposição do universo. O secundo sendo uma exposição da
natureza dos números, os quais, de acordo com a teoria pitagórica, são a essência e fonte de
todas as coisas.

Xenófanes de Colofon (570 – 475 a.C)

Xenófanes, como a maioria dos filósofos pré-socráticos, focou seus estudos na natureza e por
esse motivo, são também chamados de “filósofos da physis”.

Decerto que os pré-socráticos buscavam encontrar respostas para a origem do mundo e dos
homens nos elementos e fenômenos da natureza. Segundo Xenófanes, o ser humano era
composto de terra e água.

Desenvolveu diversas ideias relacionadas com a teologia. Sendo assim, defendeu a Unidade de
Deus, o qual seria a essência de todas as coisas.

Segundo ele, Deus era um ser perfeito, absoluto, superior e diferente dos homens,
argumentando que ele era abstrato e não possuía formas humanas.

Diante disso, criticou o antropomorfismo (forma humana) e os deuses da mitologia grega.


Xenófanes não conseguia acreditar na ideia de proximidade entre Deus e o homem.
Portanto, para ele era incoerente a ideia de que Deus fosse descrito com características
humanas (físicas e psicológicas.

Disseminou a importância do saber, que segundo ele, era mais importante que a aparência. De
acordo com Xenófanes, o progresso somente seria conquistado pela sabedoria dos homens.
Ademais, ele era a favor dos prazeres humanos, contanto que fossem moderados.

Zenão de Eleia (490 – 430 a.C):

O filósofo elaborou diversos paradoxos, sendo que o mais importante é aquele que ficou
conhecido como “Paradoxo de Zenão”, sem dúvida seu principal pensamento.

Esse conceito estava relacionado com a corrida de Aquiles e de uma tartaruga.

Na mitologia grega, Aquiles foi um herói grego muito veloz. No entanto, no Paradoxo de
Zenão, ele perderia a corrida para a tartaruga.

Com isso, ele quis demonstrar a inexistência do movimento bem como do espaço, do tempo e
da velocidade.

A partir da lógica, ele comprovou o equívoco das coisas, o que nos leva a uma conclusão
errônea, que por sua vez, parece ser verdadeira.

Ou seja, a ilusão geraria esse pensamento errôneo sobre o mundo. Assim, procurou demostrar
o absurdo e a falsidade gerada pelas impressões humanas.

A partir da dialética, ele criou diversos argumentos demostrando a inexistência do movimento.


Foi contra o pensamento desenvolvido pelos pitagóricos, em que a multiplicidade do ser e do
mundo fora explicada através dos números.

Sendo assim, Zenão acreditava na unidade do ser em detrimento da pluralidade. Nas palavras
do filósofo: “O verdadeiro é apenas o um, todo o resto é não-verdadeiro”.

Demócrito de Abdera (460 – 370 a.C)

Demócrito foi um estudioso nas áreas da matemática, física, astronomia, ética, filosofia,
linguística, natureza, música.

Discípulo do filósofo grego, Leucipo de Mileto, uma das mais destacadas ideias de Demócrito
envolve a sistematização do pensamento sobre a "Teoria Atômica".

Segundo ele, o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece em constante movimento, é
o elemento primordial, o princípio de todas as coisas.

Nesse ínterim, toda o universo esta composto de dois elementos básicos: o vácuo (o vazio ou o
não-ser) e os átomos.

Além disso, propôs um sistema cosmológico e convencionalismo linguístico. Na área da


matemática avançou nos estudos sobre geometria (figuras geométricas, volume e tangente) e
os números irracionais.
Anaximandro (610 – 547 a.C)

Seguindo os passos de Tales de Mileto, Anaximandro tentou desvendar o mistério sobre o


princípio único e primordial da vida, que para seu mestre, era a água.

Foi assim que ele criou o conceito de “ápeiron”, que difere da “arché” desenvolvida por Tales.
Assim, a “arché” inclui um dos quatro elementos como gerador de tudo (água).

Já o “ápeiron” define que o mundo teve origem de uma substância indefinida, que
representava o infinito e o indeterminado.

Nas palavras do filósofo: “O que vem antes e depois do finito, tende a ser infinito”.

Segundo ele, o “ápeiron” era indestrutível e representava a massa geradora do cosmo e dos
seres. Era criado pela luta entre os elementos contrários, como o frio o calor, o úmido, o seco,
etc.

Além disso, Anaximandro desenvolveu teorias astronômicas. Ele conseguiu medir a distância
entre as estrelas e afirmou que a Terra era cilíndrica e estava no centro do universo
(obliquidade da eclíptica e o quadrante solar).

Na área da geografia e astronomia foi o primeiro da história a desenhar um mapa celeste e um


terrestre.

- Após Sócrates -

Sócrates:

Sócrates foi o criador do que hoje é chamado de Método Socrático, uma técnica de ensino e
investigação, que utiliza uma forma de inquisição dialética. Diferente de debates direcionados
a persuadir o opositor, o Método Socrático manifesta a oposição de Sócrates a retórica como
uma forma de arte que visa agradar os ouvintes e também a oratória, que convence por vias
emocionais, não requerendo lógica ou prova. Seu método era o de dividir o problema em
questão, a matéria do debate, em questões menores, que em tese poderiam ser respondidas
com maior facilidade ou ao menos levariam o interlocutor a olhar o problema por todos os
ângulos, entendendo as possibilidades lógicas da questão, eliminando as contradições e, em
última análise, gradualmente levando ambos a solução do problema em questão. É um
método negativo de eliminação de hipótese, no qual uma hipótese é levantada, questionada e
busca-se demonstrar que ela leva a contradições, caso em que seria inaceitável. Caso não seja
possível demonstrar que tal hipótese leva a contradições, a mesma deverá ser considerada um
candidato aceitável à posição de verdade.
Sócrates é ainda creditado por Aristóteles como o primeiro filósofo a buscar definições
universais para as virtudes morais, tendo contribuído para as áreas da epistemologia,
procurando entender a extensão do conhecimento humano; política, em que defendia o
filósofo como governante ideal, sendo interpretado por alguns estudiosos como um crítico da
democracia; ética, em que defendia que a melhor forma de viver é focar na virtude; entre
outros temas.

Sendo considerado culpado de corromper a mente dos jovens atenienses e de não acreditar
nos deuses do estado, alguns estudiosos consideram que a verdadeira motivação para o
julgamento de Sócrates, e sua posterior execução por ingestão de Cicuta, seja sua crítica a
democracia, em um período em que Atenas começava a se recuperar de uma humilhante
derrota para Esparta.

Platão

Fundador da Academia de Atenas, Platão, aluno de Sócrates e professor de Aristóteles, é um


dos filósofos gregos mais conhecidos e estudados até os dias atuais, especialmente por sua
obra ter sobrevivido praticamente intacta mais de 2400 anos, o que não aconteceu com a
grande maioria de seus contemporâneos.

Muito importante para a história da filosofia, Platão é responsável por termos acesso ao
pensamento de diversos filósofos da Grécia antiga, como Sócrates, seu mestre, Heráclito,
Parmênides e Pitágoras. Platão foi ainda o introdutor do método de diálogo em filosofia e com
sua obra A República fundou a filosofia política ocidental.

Os personagens dos diálogos de Platão tratam de diversos temas em praticamente todas as


áreas da vida, privada ou pública, entre os principais temas encontramos, a política, arte,
religião, justiça, medicina, vício e virtude, crime e castigo, sofrimento e prazer, sexualidade e a
natureza humana, amor e sabedoria, entre outros.

Platão foi um dos filósofos mais conscientes do modo como a filosofia deveria ser concebida e
qual deveria ser seu escopo e quais ambições poderia aspirar o filósofo. De fato, Platão pode
ser considerado o inventor do tema da filosofia, aquilo de que ela de fato trata, tendo a
filosofia como um rigoroso e sistemático exame dos assuntos éticos, políticos, metafísicos e
epistemológicos através de um método distintivo.

A Teoria das Formas, também frequentemente referida como Teoria das Ideias, é um dos mais
importantes desenvolvimentos filosóficos de Platão, de acordo com esta teoria, as formas
abstratas, aquelas não-materiais, possuem o tipo mais elevado e fundamental de realidade,
mesmo não possuindo existência física estas formas são substanciais e imutáveis. O mundo
material mutável que conhecemos através da sensação teria existência secundária e
dependente das formas, também chamadas "ideias". Alguns autores chamaram estas formas
de "essências puras" que sustentam a existência do mundo material. Platão defendeu a
existência de uma conexão metafísica, portanto abstrata, entre a maneira como procuramos
ter acesso às formas, descrevendo tal procura, bem como as dificuldades inerentes a este
processo, em sua Alegoria da caverna, na obra República.
Aristóteles:

Aristóteles examina os conceitos de substância e essência, concluindo que uma substância é a


combinação daquilo que a compõe, a matéria, e aquilo que a distingue como tal, a forma.
Desta maneira explorando também os conceitos de potencialidade e atualidade.

Utilizando o exemplo de uma mesa, temos a forma atual da mesa, aquilo que a distingue
enquanto tal, diferenciando-a de uma cadeira ou um banco, esta é a atualidade da mesa. Por
outro lado, uma mesa pode ser construída com aço ou madeira, de tal maneira que a madeira
que constitui a mesa possui tão somente o potencial para ser mesa.

Este posicionamento leva Aristóteles a retomar a discussão platônica acerca da distinção entre
universais e particulares. Embora concorde com seu mestre acerca da existência de formas
universais, Aristóteles discorda da existência daquilo que Platão chamou de "universais não
instanciados", aqueles que não possuem correlato particular. Platão defende que, embora
talvez não exista um particular "bom", ainda há o universal "bom". Para Aristóteles, todos os
universais são instanciados, como um particular ou como uma relação, que existe, existiu ou
existirá, algo a que o universal possa ser predicado. Esta questão continua ativa na filosofia
atual, sendo Sir Bertrand Russell o maior crítico de Aristóteles, no que concerne este ponto, no
século XX.

No campo da ética e moral, a obra Ética a Nicomâco, além de diversos tratados, é um marco
importante no estudo e desenvolvimento da ética como disciplina filosófica. Baseada em seu
pai, Nicomâco, a obra traz uma abordagem prática das virtudes como o caminho para o pleno
desenvolvimento humano, do ponto de vista ético, defendendo que o objetivo é ser bom, não
apenas saber o que é bom. Ainda, segundo Aristóteles, um caráter virtuoso nos aproxima da
felicidade.

Santo Agostinho

Urelius Augustinus (Aurélio Agostinho), mais conhecido como Santo Agostinho de Hipona, foi o
patrono da ordem religiosa agostiniana e um dos responsáveis pela concepção do pensamento
cristão medieval e da filosofia patrística.

Foi também bispo, escritor, teólogo, filósofo, além, de ter testemunhado acontecimentos
históricos de primeira ordem, tal como o fim da antiguidade clássica e a invasão de Roma pelos
visigodos.

Agostinho é considerado ‘Santo’ tanto pela Igreja Católica quanto pela Anglicana e, mesmo
para os protestantes e evangélicos, é referência na história eclesiástica com seus escritos e
ditos.

Portanto, foi canonizado e transformado em 'Doutor da Igreja', um título honorífico e


extremamente raro, concebido pela Igreja Católica (apenas 35 Doutores).
De partida, devemos notar que Santo Agostinho foi influenciado pelo maniqueísmo, segundo o
qual o mundo seria regido pelas ‘forças do bem e do mal’ (concepção de base platônica), bem
como pelo neoplatonismo de Plotino (204 d.C. - 240 d.C.).

Por outro lado, sua conversão deu-se graças à oratória do bispo de Milão, Santo Ambrósio, o
qual o batizou e influenciou em seus discursos.

Foi responsável por reforçar o conceito de 'pecado original' e desenvolver o conceito de Igreja
como a cidade espiritual de Deus, distinta da cidade material dos homens.

Também afirmou que a origem do mal estaria no livre-arbítrio, concedido por Deus, donde
todo mal seria o resultado do livre afastamento do bem. Era também defensor da
predestinação divina.

Curiosamente, pregava que o caminho para a verdade estava na fé, contudo, seria a razão o
melhor caminho para provar a validade das verdades.

São Tomás de Aquino

Inspirado nas ideias do filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), o trabalho de São Tomás
de Aquino esteve pautado no realismo aristotélico, em detrimento dos seguidores de Santo
Agostinho, inspirados no idealismo de Platão.

Por isso, Aquino foi um dos pensadores mais destacados desse período, defensor da filosofia
escolástica, método cristão e filosófico, pautado na união entre a razão e a fé.

Assim, Tomás de Aquino escreveu inúmeras obras, onde privilegiou a razão e a vontade
humana formulando assim, um novo pensamento filosófico cristão.

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel, foi um filósofo que viveu e produziu entre os séculos XV e XVI, na região de
Florença. Dedicou-se a explicação e compreensão do estado, política e homens de estado
como estes são na realidade, em oposição àqueles autores que formularam teorias acerca de
como deveria ser o estado ou o governante ideal. Para além de descrever o estado de sua
época, Maquiavel também apresentou estratégias e métodos sobre como os homens de
estado deveriam comportar-se para tirar maior proveito da realidade, mantendo e expandindo
o poder.

Maquiavel é visto como um proponente do que viria a ser o cientista empirista moderno,
defendendo que expandir a partir da experiência e fatos históricos é o melhor método de se
desenvolver uma filosofia consistente, especialmente em política, e que a teorização a partir
da imaginação é inútil. Com esta aproximação, Maquiavel foi capaz de afastar a política da
teologia e da filosofia moral, desenvolvendo-a como uma disciplina em si mesma. Assim,
contribuiu para a compreensão de como os governantes de fato agem e mesmo para a
antecipação de seu comportamento. Defendeu o estudo da fundação de uma nação e a
compreensão de seus elementos originais como essencial para a antecipação do futuro.
Grande dificuldade foi encontrada por autores posteriores ao tentar estabelecer a moral de
Maquiavel. Devido a sua posição realista acerca da natureza e forma de manutenção do estado
e suas instituições, especialmente sua descrição de como a desonestidade e a morte de
inocentes pode ser útil aos políticos, em sua obra mais famosa, O Príncipe. Maquiavel foi
criticado e repudiado veementemente por diversos estudiosos políticos e, especialmente,
teóricos da moral, o que contribui para a associação de seu nome a uma característica
inescrupulosa, com a criação do adjetivo "maquiavélico".

René Descartes

Um dos mais importantes filósofos do período moderno, René Descartes foi um racionalista
francês do século 17, geralmente lembrado pela ênfase na autoridade da razão em filosofia e
ciências naturais, bem como pelo desenvolvimento de métodos de verificação. Para Descartes
a filosofia seria como uma árvore, na qual a metafísica forma a raiz, a física o tronco e as
diversas ciências os galhos, sendo que o mais alto grau de sabedoria estaria na moral, que
pressupõem conhecimento das diversas ciências, sendo as principais a ética, a mecânica e a
medicina.

Sua obra mais famosa, considerada a fundação da filosofia moderna, é o tratado Discurso
sobre o Método, que produziu uma revolução na filosofia e ciência. A partir desta obra,
Descartes procurou encontrar um conjunto de princípios que pudessem ser conhecidos sem
qualquer dúvida. Para investigar tal possibilidade, procedeu análise por meio de um método
próprio conhecido como "dúvida hiperbólica", ou "dúvida metafísica", mais frequentemente
referido como "ceticismo metodológico", que consiste em rejeitar qualquer ideia da qual se
possa duvidar, para então, após análise, restabelecer ou reconstruir estas ideias de modo a
criar uma base sólida para o conhecimento.

Este processo levou a sua famosa conclusão "cogito ergo sum", traduzida como "penso, logo
existo", pois ao eliminar tudo de que se podia duvidar chegou concluiu que a dúvida era
evidência da existência do sujeito. Aceitando assim que, os pensamentos existem e, em
seguida, indivíduos pensantes existem, uma vez que o pensamento não pode ser separado
daquele que pensa.

Uma vez que os sentidos já haviam sido rejeitados como confiáveis, Descartes conclui que o
único conhecimento do qual não se pode duvidar é "eu sou uma coisa pensante".

No entanto, considerando que as percepções do mundo externo, em comparação ao mundo


interno, vêm a nós sem que as procuremos ativamente, muitas vezes mesmo contra nossa
vontade, Descartes aceita que deve haver algo para além da mente humana, já que a origem
de tais percepções é externa aos sentidos. Considera, portanto, que, tais percepções devem
ser evidência da existência do mundo externo, rejeitando assim o ceticismo acerca do mundo
exterior. A argumentação que defende este ponto está intimamente ligada a prova ontológica
para a existência de um Deus benevolente, na medida em que Descartes defende a
impossibilidade da mente humana ser tomada por um gênio maligno que faça os sentidos nos
engajarem.
Descartes foi ainda um defensor do dualismo mente/corpo, mas diferente de defensores
anteriores do dualismo, Descartes defendeu que a relação não é unidirecional. Sua hipótese
era de que, o corpo funciona como uma máquina enquanto a mente é imaterial e não segue as
leis da natureza. Mente e corpo seriam conectados pela glândula pineal, através da qual a
mente comanda o corpo, mas também o corpo influência a mente, de forma que a relação é
bidirecional, sendo possível explicar os momentos em que agimos pelas paixões.

No campo da ética, Descartes defendeu que a virtude consiste no raciocínio adequado, que
deveria guiar nossas ações, sendo que a condição mental, que hoje chamaríamos de saúde
mental, e o conhecimento em geral possuem grande influência neste processo, motivo pelo
qual aconselhou ainda que um estudo completo da moral deveria incluir o estudo do corpo.
Argumentou em favor da existência de um Deus, mas também da vontade livre e, portanto, da
responsabilidade humana por suas ações.

Auguste Comte

Nascido na França em 1798, onde viveu até 1857, o filósofo Auguste Comte é considerado um
dos grandes precursores da Sociologia, tendo exercido influência direta em muitos pensadores
que o sucederam, entre os quais faz-se necessário destacar o clássico Émile Durkheim. A
importância de Comte deu-se sobretudo pela criação da corrente filosófica do positivismo, que
alcançou relevância mundial, deixando, inclusive, grandes marcas na formação histórica da
república brasileira.

Apreensivo, Comte observava a decadência do sistema feudal e a emergência da sociedade


moderna e urbana na Europa. Tal transição não foi serena, mas marcada por grandes conflitos
relativos à adaptação dos indivíduos e instituições as novas formas de organização do trabalho
e da vida coletiva. Comte acreditava que o núcleo de uma sociedade era a unidade alcançada a
partir de um mesmo pensamento e forma de ver o mundo. Portanto, a crise que
testemunhava nesse período de transição para o mundo moderno, era, para ele, uma crise
causada pela falta de um consenso coletivo – que anteriormente teria existido em torno de
formas religiosas de organizar a vida social. A solução seria acelerar a formação de um novo
consenso baseado no pensamento científico, que naturalmente se tornaria homogêneo na
sociedade que despontava. Essa nova forma de pensar seria denominada por Comte como
forma positiva, isso é, como o positivismo.

O positivismo era visto por Comte como uma evolução inevitável da natureza humana. Para
ele, todas as sociedades – de diferentes épocas e territórios – passariam necessariamente por
três estados consecutivos, cada um caracterizado por uma forma de pensar predominante. No
primeiro estado, o teológico, os fenômenos sociais e da natureza seriam explicados enquanto
resultados das ações divinas. No segundo estado, o metafísico, a busca por explicações
recorreria a uma reflexão sobre a essência e o significado abstrato das coisas. Por fim, no
estado positivo, as explicações sobre o mundo natural e social seriam fabricadas através da
observação dos fenômenos, da elaboração de hipóteses e da formulação de leis universais. Ou
seja, basicamente utilizando as regras do método científico.
Levando essa percepção em conta, a missão de Comte torna-se a elaborar uma ciência positiva
capaz de explicar os fenômenos sociais através da aplicação da metodologia científica em
busca de leis universais que fossem válidas para as dinâmicas humanas em todos os tempo e
sociedades. O nome que Conte deu a essa ciência, a “física social”, revela que, para os
positivistas, seria possível estudar a sociedade e formular suas leis de funcionamento com a
mesma precisão e objetividade que se estuda o efeito da gravidade sobre os corpos ou o
movimento dos astros no sistema solar. Uma vez conhecidas essas leis universais, a
expectativa de Comte era de que os conflitos sociais pudessem ser eliminados através de
reformas e intervenções comandadas pelo Estado. O positivismo de Comte se apresenta,
portanto, não apenas enquanto teoria, mas também como projeto político para a gestão da
sociedade.

Francis Bacon:

Francis Bacon foi um filósofo, político inglês e um dos fundadores do método indutivo de
investigação científica, o qual estava baseado no Empirismo. Seus estudos contribuíram para a
história da ciência moderna.

Para Francis a ciência era uma técnica e os conhecimentos científicos deveriam ser
considerados instrumentos práticos de controle da natureza.

Ele pretendia demostrar sua grande preocupação com os conhecimentos científicos na vida
pSegundo Bacon, a figura dos ídolos estava baseada em falsas noções e hábitos mentais
incutidos na mentalidade dos homens. Para ele, a crença nos ídolos prejudicava o avanço da
ciência e da racionalidade humana.

Dessa forma, rejeitou o pensamento da filosofia medieval escolástica, a qual esteve baseada
em noções abstratas.

Foi em sua obra “Novum Organum” (Novo Instrumento) que ele apresentou os quatro gêneros
de ídolos que geram falsas noções:

- Ídolos da tribo: provenientes das limitações da espécie humana.

- Ídolos da caverna: o nome dessa categoria está relacionado com o “mito da caverna” de
Platão, proveniente das falsas noções do ser humano.

- Ídolos do mercado ou do foro: provenientes da linguagem e da comunicação

- ídolos do teatro: provenientes do campo cultural, filosófico e científico. A ciência deveria


valorizar a pesquisa experimental baseada na corrente empirista.

Bacon criou um modelo de investigação através do método da indução, o qual estava baseado
na observação precisa e minuciosa dos fenômenos naturais.

Com o intuito de combater os erros provocados pelas crenças nos “ídolos”, Bacon propõe o
método indutivo. Segundo ele, essa metodologia estaria dividida em quatro etapas:

Coleta de informações a partir da observação rigorosa da natureza;


Reunião, organização sistemática e racional dos dados recolhidos;

Formulação de hipóteses segundo a análise dos dados recolhidos;

Comprovação das hipóteses a partir de experimentações.

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