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causa seria a ira de Poseidon. Num dia em que raios estivessem cortando o céu, quem seria o
responsável? Zeus, obviamente.
No entanto, a partir da época acima citada, uma verdadeira revolução no âmbito
sociopolítico ocorreu na Grécia – notadamente em Atenas, a mais intelectualizada das regiões
gregas. Trata-se da “polis” (em grego, “cidade”). A polis foi uma novíssima forma de
organização social e política, uma originalidade genuinamente grega. Nela, os indivíduos se
deslocavam de suas casas e se dirigiam a locais públicos (praças, sobretudo), a fim de
debaterem, trocarem ideias, discutirem e, então, decidirem os destinos de sua própria cidade.
A decisão era tomada com base num sistema simples de votação, em que a opção da maioria
apontaria os rumos a serem tomados.
Foi exatamente nesse contexto que nasceu a “democracia” (em grego, “poder do
povo”). Porém, esta democracia não era tão do povo assim. Mulheres, escravos e estrangeiros
estavam fora das assembleias. Somente homens, naturais da polis e maiores de idade estavam
autorizados a participar das reuniões públicas. Mas, ainda que imperfeita em sua origem, a
democracia se constituiu numa herança que a Grécia deixou para o mundo. Além da
democracia, nesse mesmo período, a Grécia deu à luz um tesouro incalculável para a
humanidade: a “Filosofia” (do grego, “amor ao saber”).
Ao debaterem e escolherem os destinos de sua polis, os gregos passaram a exigir
mais de seu intelecto. Afinal, decidir sobre os caminhos de um povo é (pelo menos, deve ser!)
tarefa que demanda PENSAR! Nesse contexto em que as ideias fervilhavam, surgiram certos
indivíduos que não mais aceitaram a mitologia como resposta embasada e segura para os
dilemas da humanidade. Ao invés de apelarem para seres sobrenaturais e fábulas irreais, eles
apontavam unicamente para a própria razão humana, como a fonte de onde seriam extraídas
as possíveis explicações para as perguntas cruciais que os homens faziam. Esses indivíduos
afirmavam que, na condição de seres racionais, era tão somente a racionalidade, o intelecto, o
pensamento organizado e a reflexão séria que deveriam servir de base para solucionar seus
problemas e, assim, entraram para a história como os primeiros filósofos.
Portanto, a Filosofia se origina entre os gregos, mas é fruto do velho desejo de
conhecimento e do anseio por explicações que moram no homem. Sim, a Filosofia apresenta,
entre suas particularidades, a vontade de entender, a atitude de analisar, a prática de
questionar, o inconformismo com respostas superficiais, enfim, características comuns aos
seres humanos. Sua singularidade, entretanto, está em apresentar a razão humana como o
caminho correto para que o amor à sabedoria seja satisfatoriamente realizado.
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Os filósofos pré-socráticos