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AUTONOMIA E DESENVOLVIMENTO
Vale a pena chamar a atenção para o fato de que essa diferença ou mesmo esse
antagonismo entre poder e violência nem sempre é percebido pelos estudiosos
Um exemplo dentre mutos é o do geógrafo Claude Raffestin, ao designar a vio
lência como "a forma extrema e brutal do poder" (RAFFESTIN, 1983:163).
GEOGRAFIA: CONCEITOS E TEMAS
de duas
O presente trabalho compõe-se fundamentalmente
reducionismo aci-
partes. Na primeira seção tentar-se-á desfazero
ma mencionado e apresentar mais pormenorizadamente a riqueza
potencial do termo, buscando-se uma conceituação mais arejada
A esta seção, despida de compromissos de aplicação do conheci-
mento conceitual adquirido a contextos mais amplos, segue-se
escopo é ihustraro alcance socialmente
crítico da
uma outra, cujo
análise conceitual sobre o território no âmbito de um repensamen-
to da questão do desenvolvimento.
6 Vide, p.ex, a já clássica crftica de LACOSTE (1988). Quanto à região como uma
espactalidade ideologicamente funcdonal nos marcos de uma refexão conserve
O TERRITÓRIO
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tvo grupo apenas à noite. Durante o dia as ruas são tomadas por
outro tipo de paisagem humana, típico do movimento diurno das
áreas de obeolescência: pessoas trabalhando ou fazendo compras
em estabelecimentos comerciais, escritórios de baixo status e
pequenas ofcinas, além de moradores das imediações. Quando a
note chega, porém, as lojas, com exceção dos bares e night chubs,
estão fechadas, e os transeuntes diurnos, como trabalhadores
normais", pessoas fazendo comprase os residentes do tipo que a
moral dominante costuma identificar como "decentes", cedem
hugar a outra categoria de freqtüentadores, como prostitutas (ou
travestis, ou ainda rapazes de programa) fazendo trottoir nas cal-
çadas e entretendo seus clientes em hotéis de alta rotatividade. OO
caráter cíclico deste tipo de territorialização, com uma alter
nancia habitual dos usos diurno e noturmo dos mesmos espaços,
está representado pelo exemplo fictício da Figura 1.
Os territórios da prostituição são bastante "utuantes" ou
móveis"7 Os limites tendem a ser instáveis, com as áreas de
infuência deslizando por sobre o espaço concreto das ruas, becos
e praças; a criação de identidade territorial é apenas relativa, diga-
mos, mais propriamente funcional que afetiva. O que não significa,
em absoluto, que "pontos" não sejam às vezes intensamente dispu-
tados, podendo a disputa desembocar em choques entre grupos
rivais-por exemplo, entre prostitutas e travestis, com estes ex
pulsando aquelas de certas áreas, conforme relatado por GASPAR
(1985:18), que exempliñca com locais do Rio de Janeiro e de São
Paulo. Esta característica de serem os territórios da prostituição
bastante móveis, com limites às vezes muito instáveis, se encontra
ilustrada pelo modelo da Figura 2. Outros grupos sociais, como
gangues de rua constitufdas por adolescentes e jovens, podem
apresentar territorialidades similares à da prostituição, ao menos
OONagOBUE3
Pessoas trabalhando no commércho e em pequenas oficinas: pessoa
fazendo compras ou indo fazer compras
SABADO
23:00 hor
MOMENTO x
umite territoral
UM ANO DEPOIS
AA
Figura 2
OTERRITÓRIO 9
km
2 km
Figura 3
GBOGRAPIA cONCETOS E TEMAS