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Kenneth Waltz, O homem, o estado e a guerra: Uma analise teórica. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
Fernando Kolleritz1
O titulo acadêmico da obra –“O homem, o Estado e o sistema dos Estados nas
teorias sobre as causas da guerra”, – dá uma boa idéia do conteúdo do livro em pauta,
indagando a capacidade destas teorias em fornecer instrumentos conceituais para reduzir
os riscos de conflitos armados. Apresentar-se-á o texto, seguido de comentário sucinto,
com o mero objetivo de mostrar que as teses aduzidas no livro são questões da
atualidade.
1
Professor Associado do Departamento de Educação, Ciências Sociais e Política Internacional.
FHDSS/UNESP-Franca.
O autor explora com igual objetividade circunspeta as três teses, expostas em
capítulos separados e acompanhados respectivamente de comentário analítico. A opção
pacifista é manifesta; de fato a introdução logo nos avisa que não há vitoriosos numa
guerra, apenas graus vários de derrota.
Talvez seja mais interessante para nós o segundo gênero de explicação; remete
aliás muito diretamente à atualidade (no caso, à guerra do Iraque). Como foi
mencionado, este prisma incrimina pelas guerras a estrutura estatal. Mais
concretamente, a instituição societária adequada à paz seria para Marx a coletivização
dos meios de produção, dela resultaria a paz. Kant pensa as possibilidades da Paz
universal a partir de princípios abstratos de direito. O presidente norte-americano
Woodrow Wison raciocinou a partir do privilegiamento do princípio de
autodeterminação nacional-democrática. “Ora, o povo, disse o presidente Dwight
Eisenhower, não deseja o conflito – o povo em geral. Só líderes equivocados, acredito,
tornam-se demasiado beligerantes e acham que o povo realmente quer lutar.” (p.13) Não
é rara, nos agentes históricos e nos analistas da política, a noção que certos regimes –
liberais, democratas, socialistas – têm a propriedade, por razões diferentes, de serem
avessos à guerra. Nos parâmetros do credo liberal-democrático, se e quando as
instituições levam à consulta do Povo, este, quem mais sofre com o estado de
beligerância, opor-se-á ao conflito. As vanglórias aristocráticas, os interesses
alucinadores das elites, sim, levam a reverenciar a honra dos campos de batalha, as
vinganças frente a ultrajes, os ganhos utilitários das lides bélicas. O socialismo, que
aboliu a luta de classes e as manobras escusas dos dominantes, instala a definitiva
fraternidade dos trabalhadores de todo mundo. Abolidas as motivações lucrativas da
guerra, as únicas verdadeiras em última instância, haverá evidentemente a paz.