FILOSOFIA

Prof: Ailton Siqueira

Aula 03 @cursinhomarituba_

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PRÉ-SOCRÁTIOS FRENTE 1

Os primeiros filósofos gregos

Não há, em toda a história, fato que seja tão surpreenden-
te ou difícil de ser explicado quanto o repentino surgimento da
civilização na Grécia. Muito daquilo que constitui a civilização já
existia há milhares de anos no Egito e na Mesopotâmia, tendo
dali se espalhado aos países vizinhos; todavia, certos elementos
só passaram a existir quando de sua criação pelos gregos. O que
estes lograram na arte e na literatura todos sabem, mas aquilo
que realizaram na esfera puramente intelectual é ainda mais
extraordinário. Os gregos inventaram a matemática, a ciência e a
filosofia; foram os primeiros a escrever narrativas históricas em
oposição às narrativas míticas; e, livres dos grilhões de uma
ortodoxia herdade, especularam livremente sobre a natureza do
mundo e sobre as finalidades da vida. O que ocorreu foi tão
desconcertante que, até pouquíssimo tem atrás, bastava aos
homens pararem admirados e falar sobre a genialidade grega.
No entanto, nós podemos compreender o desenvolvimento da
Grécia em termos científicos, e vale muito a pena fazê-lo.
De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da fi-
losofia grega é conhecida como período pré-socrático. Esse
período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvi-
das desde Tales de Mileto (623-546 a.C.) até o aparecimento de
Sócrates (468-399 a.C.).
Os pensadores de Mileto: a busca de um princípio para to-
das as coisas
Quando afirmamos que a filosofia nasceu na Grécia, de-
vemos tornar essa afirmação mais precisa. Afinal, nunca houve,
na Antiguidade, um Estado grego unificado. O que chamamos de
Grécia nada mais é que o conjunto de muitas cidades-estados
gregas (pólis), independentes umas das outras, e muitas vezes
rivais.
No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço a cida-
de de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor.
Caracterizada por múltiplas influências culturais e por um rico
comércio, a cidade de Mileto abrigou os três primeiros pensado-
res da história ocidental a quem atribuímos a denominação filó-
sofos.
São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Destaca-se, entre os objetivos desses primeiros filósofos,
a construção de uma cosmologia (explicação racional e siste-
mática das características do universo) que substituísse a antiga
cosmogonia (explicação sobre a origem do universo baseado
nos mitos).
Esses primeiros filósofos queriam descobrir, com base na
razão e não na mitologia, o princípio substancial (a arché, em
grego) existente em todos os seres materiais. Isto é, pretendiam
encontrar a “matéria-prima” de que são feitas todas as coisas.
Filósofos Pré-Socráticos
Para Anaximandro, o universo teria resultado de modifica-
ções ocorridas num princípio originário ou arché. Esse princípio
seria o ápeiron, que se pode traduzir por infinito e/ou ilimitado. Já
para Anaxímenes afirmava que todas as coisas seriam produzi-
das através do duplo processo mecânico de rarefação e conden-
sação do ar infinito. O pensamento milesiamo adquiria, assim,
consistência, pois, além de se identificar a physis ( natureza),
mostrava-se um processo capaz de tornar compreensível a pas-
sagem da unidade primordial à multiplicidade de coisas diferen-
ciadas que constituem o universo. (Coleção Os pensadores. Os
Pré-Socráticos, pag.16-17)
TALES DE MILETO
“Tudo é água”.
Tales (623-546 a.C., aproximadamente) costuma ser con-
siderado o primeiro pensador grego, “o pai da filosofia”. Na con-
dição de filósofo, buscou a construção do pensamento racional
em diversos campos do conhecimento que, hoje, não são consi-
derados especialidades filosóficas. Foi astrônomo e chegou a
prever o eclipse total do Sol ocorrido a 28 de maio de 585 a.C.
Na área da geometria demonstrou, por exemplo, que todos os
ângulos inscritos no meio círculo são retos e que em todo o tri-
ângulo a soma de seus ângulos internos é igual a 180º.
Procurando fugir das antigas explicações mitológicas so-
bre a criação do mundo, Tales queria descobrir um elemento
físico que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o
princípio unificador de todos os seres. Inspirando-se provavel-
mente em concepções egípcias, acrescidas de suas próprias
observações da vida animal e vegetal, concluiu que a água é a
substância primordial, a origem única de todas as coisas. Para
ele, somente a água permanece basicamente a mesma, em
todas as transformações dos corpos, apesar de assumir diferen-
tes estados (sólidos líquidos e gasosos). A declaração de que
tudo era feito d’água deve ser encarada como uma hipótese
científica, e de modo algum tola. Tanto a ciência quanto a Filoso-
fia de Tales eram cruas, mas de tal maneira que estimularam o
pensamento e a observação.
HERÁCLITO DE ÉFESO
O movimento perpétuo do mundo.
“Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é
mais que o vir-a-ser.”
Nascido em Éfeso, cidade da região jônica, Heráclito é conside-
rado um dos mais importantes filósofos pré-socráticos. A data de
seu nascimento e a de sua morte não é conhecida. Há referên-
cias históricas de que, por volta do ano 500 a. C., estava em
plena “flor da idade”.
Heráclito é considerado o primeiro grande representante
do pensamento dialético. Concebia a realidade do mundo como
algo dinâmico, em permanente transformação. Daí sua escola

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filosófica ser chamada de mobilista (de movimento). Para ele, a b) O ser é; o não-ser não é.
vida era um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças
contrárias: a ordem e desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a Em vista disso, Parmênides é considerado o primeiro filó-
construção e a destruição, a justiça e a injustiça, o racional e o sofo a formular os princípios lógicos de identidade e de não-
irracional, a alegria e a tristeza etc. Assim, afirmava que a “luta contradição, desenvolvidos depois por Aristóteles.
(guerra) é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”. É pela Ao refletir o ser, pela via da essência, o filósofo eleático
luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. concluiu que o ser é eterno, único, imóvel e ilimitado.
Atribuem-se a Heráclito frases marcantes, de sentido sim- Essa seria a via da verdade pura, a via a ser buscada pela
bólico, utilizadas para ilustrar sua concepção sobre o fluxo e a ciência e pela filosofia. Por outro lado, quando a realidade é
movimentação das coisas, o constante vir-a-ser, a eterna mu- pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em fun-
dança, também chamada devir. ção do movimento, da pluralidade e do devir (vir-a-ser).
“Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas Assim, na concepção de Parmênides, Heráclito teria per-
águas se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o corrido o caminho das aparências ilusórias. Essa via precisava
mesmo ser, pois este modifica continuamente sua condição”. ser evitada para não termos e concluir que “o ser e o não-ser são
Podemos fazer uma relação entre a filosofia de Heráclito e e não são a mesma coisa”. Parmênides teria descoberto, assim,
a música de Lulu Santos, Como uma onda. Pois a mesma ex- os atributos do ser puro: o ser ideal do plano lógico. E negou-se
pressa a mutabilidade constante do mundo e da vida. Vamos à a reconhecer como verdadeiros os testemunhos ilusórios dos
ela. sentido e a constatar a existência do ser-no-mundo: o ser que se
Como Uma Onda exprime de diversos modos, os seres múltiplos e mutáveis.
(Composição: Lulu Santos / Nelson Motta) Mas o filósofo sabia que é no mundo da ilusão, das apa-
Nada do que foi será rências e das sensações que os homens vivem seu cotidiano.
De novo do jeito que já foi um dia Então, “o mundo da ilusão não é uma ilusão de mundo”, mas
Tudo passa uma manifestação da realidade que cabe à razão interpretar,
Tudo sempre passará explicar e compreender, até que alcance a essência dessa reali-
dade. Não podemos confiar nas aparências, nas incoerências, na
A vida vem em ondas visão enganadora. Pela razão, devemos buscar a essência, a
Como um mar essência, a coerência e a verdade. “O esforço de toda sabedoria
Num indo e vindo infinito é, pois, para Parmênides, sistematizar isso, tornar pensável o
caos, introduzir uma ordem nele”.
Tudo que se vê não é Exercício
Igual ao que a gente 1) Qual a diferença entre as narrativas mitológicas e os
Viu há um segundo pré-socráticos?
Tudo muda o tempo todo _____________________________________________
No mundo _____________________________________________
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Não adianta fugir _____________________________________________
Nem mentir _____________________________________________
Pra si mesmo agora ___________________________________________
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre 2) Qual a diferença entre Tales de Mileto e Heráclito de
Como uma onda no mar
Éfeson?
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar _____________________________________________
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3) O que os pré-socráticos buscavam com suas teorias?

PARMÊNIDES DE ELÉIA _____________________________________________
“O ente é; pois é ser e nada não é”. _____________________________________________
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Nascido em Eléia, na Magna Grécia, litoral oeste da pe- _____________________________________________
nínsula Itálica, Parmênides (510-470 a. C., aproximadamente) ___________________________________________
tornou-se célebre por ter feito oposição a Heráclito. Platão o _____________________________________________
chamava de Grande Parmênides. _____________________________________________
Parmênides defendia a existência de dois caminhos para ____________________________________________
a compreensão da realidade. O primeiro é o da filosofia, da ra-
zão, da essência. O segundo é o da crendice, da opinião pesso-
al, da aparência enganosa, que ele considerava a “via de Herácli-
to”.
Segundo Parmênides, o caminho da essência nos leva a
concluir que na realidade:
a) Existe o ser, e não é concebível sua não existência;

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