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ARISTÓTELES

1.ARISTÓTELES

Talvez o filho mais pródigo da cidade de Estagira, o grande pensador que


em homenagem a sua cidade seria chamado de '' O estagirita'', Aristóteles é sem
dúvida um dos maiores nomes do pensamento ocidental. Filho de um médico
que trabalhava na corte do rei da Macedônia, o que abriu caminho para que este
pensador fosse também professor de Alexandre o Grande, Aristóteles optou por
se mudar para Atenas em busca de instrução e aprendizado, e lá, sem dúvida
conheceu o auge desta cidade grega e mudou os rumos da filosofia. Em Atenas
ele conheceu e se aproximou aquele que seria sua maior inspiração e
contraponto filosófico, Platão. Mais idoso quando conheceu Aristóteles, Platão já
tinha fundado a sua famosa Academia, o que atraiu a atenção das melhores
mentes da época, e sem dúvida, do próprio Aristóteles.
Na Academia de Platão, o autor entrou em contato com a maioria das
teses antigas que deram suporte ao pensamento grego, como as dos
présocráticos, e onde viu nascer muitos de seus mais ricos questionamentos.
Uma rápida leitura de suas obras já nos revela que, apesar de aprendiz de
Platão, Aristóteles não herdou apenas o pensamento de seu mestre, mas
também o vasto trabalho da tradição que antecedeu Platão. Vale sinalizar,
inclusive, que muitos dos relatos sobre os pensadores antigos, chegaram a nós
por Aristóteles. Com o falecimento de Platão, devido a diversidade de suas
visões e discordâncias com os demais participantes, Aristóteles abandona a
Academia, quando esta se encontrava guiada por Espeusipo.
Após sair da Academia, retornou à Macedônia para trabalhar como
preceptor de um dos maiores conquistadores, Alexandre ‘'o Grande”, com já
citamos acima. Com seu serviço terminado, retornou para Atenas, onde fundou
sua escola ''O Liceu'' ou Escola Peripatética.
Seguindo um modelo clássico de ensino, o Estagirita andava pelo Liceu,
onde seus alunos anotavam o que foi lecionado, convertendo mais a frente em
obras e em outros momentos ministrava cursos aos alunos mais avançados. Os
textos que chegaram a nós foram as diversas notas destes cursos, sendo por
isso bastante sistemáticos e pedagógicos, facilitando a compreensão e
discussão, o que diverge dos textos de seu mestre Platão, na medida que os
diálogos acabavam exigindo um poder interpretativo maior e são muito menos
sistemáticos.

2. SOBRE AS DIVERGÊNCIAS COM SEU MESTRE

Aristóteles em seu pensamento conseguiu alcançar a medida ideal entre


inovação e continuidade que qualquer discípulo deve buscar. Inegavelmente
Platão fundou as bases do pensamento ocidental ao acreditar que só é possível
operar qualquer pensamento efetivo na medida em que se propõe a existência
de uma essência ou algo constante, que torne passível de conhecimento o ser
de algo, e a determinação de suas diferenças. Em suma, conhecimento precisa
de uma determinação estável que o sustente, e Aristóteles não abandona tal
tese.
Contudo, talvez por sua proximidade com as áreas mais técnicas do
conhecimento, como a medicina e a botânica, ou por uma evolução natural do
pensamento platônico, Aristóteles determina uma nova dicotomia que mantém o
caráter essencial, mas o instaura em uma realidade única. Muitas vezes se diz
que Aristóteles, “trouxe a filosofia de Platão para a terra”. Esta afirmação é um
exagero performático, contudo o fato é que Aristóteles devolve aos sentidos um
papel importante na formação do conhecimento, e insere no pensamento de seu
mestre um caráter muito mais material do que especulativo.

Obras de Aristóteles: seus principais temas se encontram em parênteses

- Organon (lógica)
- Metafísica (além da natureza)
- Física (natureza, animais e o cosmos)
- Poética (arte)
- De animo (psiché, psicologia)
- Ética a Nicômaco (ética, felicidade)
Alguns conceitos presentes na obra:

-Ética teleológica- Para Aristóteles nenhuma ação é feita sem ter em vista um
fim, um télos. Ou seja, tudo tem uma finalidade.

-Justa medida- Toda a ação que visa a excelência, tem que possuir em sua
base um meio termo entre o excesso e a falta.

-Eudaimonia- A ética aristotélica é também chamada de ética eudaimônica, já


que para o filósofo o fim último de todas as ações é a felicidade

-Política (organização da sociedade)


Alguns dos conceitos presentes na obra:

-“O homem é um animal político”

-Tipos de governo

Um governo virtuoso seria aquele que visa ao interesse comum e o corrompido


seria aquele que tem como objetivo os interesses particulares.

governo virtuoso x governo corrompido

um monarquia tirania

poucos aristocracia oligarquia

muitos república democracia

3. A METAFÍSICA ARISTOTÉLICA - O CONCEITO DE METAFÍSICA

O termo metafísico não é um termo cunhado por Aristóteles, até onde se


acredita, pois, as primeiras utilizações de tal termo datam do século I a.c.
Acredita-se que tal termo é na realidade uma opção de nomeação que surgiu
após a organização das obras Aristotélicas feita por Andrônico de Rodes, um dos
maiores editores do autor na antiguidade. A obra é proposta por Aristóteles como
um tratado de ‘’Filosofia Primeira’’, ou seja, uma discussão sobre a base mais
fundamental do conhecimento. Contudo, o termo ‘’metafísica’’ remete-se a noção
de além da natureza (meta+physis).

4. DA DIFERENÇA ENTRE FILOSOFIA PRIMEIRA/METAFÍSICA E OUTRAS


CIÊNCIAS
Nesta nova proposta de ciência, Aristóteles busca o conhecimento
supremo das causas. O autor busca aqui a razão de ser das coisas. A sua base
ou fundamento. A análise do ‘’ser enquanto ser’’. Enquanto isso, as demais
ciências apresentariam o caráter particular do ser, apenas uma parte
determinada deste estaria sobre foco.
5. O CONCEITO DE SUBSTÂNCIA

Em sua obra Aristóteles busca superar seu mestre a partir de uma reformulação
do dualismo, e não com a extinção do mesmo. Aristóteles apresenta para nós
uma realidade única, formada por uma composição de substâncias individuais.
Não há, portanto, uma separação de fato nestas substâncias individuais, elas só
aparecem com seus princípios em totalidade. Contudo, tais princípios podem ser
pensados em separado, enquanto constitutivos da mesma. Simplificando, não é
possível verificar os dois enquanto substâncias diferentes, mas apenas como
princípios de uma mesma substância. Assim sendo o autor vai nos apresentar
uma série de dicotomias que compõe as diversas substâncias, suportam suas
causas e estruturam sua existência. Contudo, estas dicotomias são resultado da
análise teórica, e não da presença isolada destas partes enquanto partes
diversas.

6. MATÉRIA X FORMA

Para Aristóteles, toda substância seria constituída pelos princípios de


individuação e organização. Matéria é para o autor o princípio de individuação, e
a forma o de organização. A forma representaria automaticamente o que
determina algo enquanto pertinente a uma categoria, grupo ou espécie de
substâncias, enquanto a matéria seria o princípio que apontaria a individualidade
na multiplicidade. Fica claro aqui que esta é uma forma do autor pensar o ser
não a partir da noção de significados unitários, mais a partir de sua pluralidade.
Todo ser estaria então marcado por princípios que o identificam com uma
multiplicidade, mas a base material lhe fornece um caráter particular, uma
individualização.

7. ATO X POTÊNCIA

É importante aqui então explicar como esta diferença é apresentada para


nós pelo autor. Aristóteles aponta a diferença entre ato e potência como uma
diferença entre os ‘’ modos de ser’’ do ser. A distinção aqui reside no fato de toda
substância apresentar, ao mesmo tempo, modos de ser em ato, ou seja,
realizados, e modos de ser em potência, ou seja, possibilidade de realização.
Há, portanto, o seu potencial e o atual. Entretanto, assim como na divisão
anterior é importante frisar que os dois modos se apresentam na mesma
substância. Pensemos em um exemplo: Uma pedra pode virar uma estátua,
contudo, sem que lhe seja dada a forma que tem potencial de receber, a mesma
se apresenta apenas como uma pedra em ato.

8. ESSÊNCIA E ACIDENTE

Essência pode ser pensado como a substância em seu modo mais direto,
o de base fundamental da coisa. Assumindo tal fato, temos clareza que a
essência é aquilo que se for mudado, muda diretamente o que aquela coisa é.
Ou seja, mudar a essência é mudar o próprio ser. Já acidente são características
que se articulam como o suporte essencial, ou seja, caso alteradas, seja por
variação ou por transformação direta, não retirar o caráter de ser de algo. Por
exemplo: um carro pode ser vermelho ou amarelo, sem que isto altere o próprio
carro, mas se tirarmos suas rodas ele perde uma de suas características centrais.

9. AS QUATRO CAUSAS

Em busca das causas da realidade, ou seja, da substância, Aristóteles


verifica a impossibilidade de determinação de uma causa única, ao menos no
que se trata da construção das causas próximas, ou seja, aquilo que podemos
determinar com uma avaliação cuidadosa da realidade. Assim sendo aponta para
um sistema de quatro causas, que seriam apreensíveis em qualquer objeto:
Causa material, formal eficiente e final.

A causa material é do que é feita a coisa, sua constituição. A causa formal


é mais diretamente o que é a coisa, articulada com sua forma categorial. A causa
eficiente nos aponta para o modo como algo é feito, ou o processo de
transformação ou atualização das potências de algo. A causa final é sua
finalidade, a razão de todo o processo, aquilo que mobiliza toda formação da
coisa, a causa que direciona todas as outras.
10. O MOTOR IMÓVEL
Quando Aristóteles descreve uma relação entre as coisas, ele necessariamente
leva a existência de um ser superior, Deus ou o Primeiro Motor Imóvel. Para o
filósofo, ele é puro ato, a causa primeira de todas as coisas, o motor que não
possui outro motor.
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS

1. (Enem PPL 2016) Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o


desenvolvimento de uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento
de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob suspeita
pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu
caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse
pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles
nesse período.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles


pelo fato de a obra aristotélica

a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos.


b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa.
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas.
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do
cristianismo.
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo
sua teoria política.

2. (Ufu 2013) [...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz cada um
[destes objetos], deve-se mostrar, em relação ao primeiro, como em cada
predicação [o objeto] se diz em relação àquele.
Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

De acordo com a ontologia aristotélica,

a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência do particular, do que não é


nem princípio, nem causa de nada.
b) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é o “por acidente”, isto é,
diz respeito ao que não é essencial.
c) a substância é princípio e causa de todas as categorias, ou seja, do ser
enquanto ser.
d) a substância é princípio metafísico, tal como exposto por Platão em sua
doutrina.

3. (Pucpr 2010) Aristóteles afirma, na sua Ética a Nicômaco, que todas as nossas
ações visam a um fim e esse fim é o seu bem, ou seja, “aquilo a que todas as
coisas tendem”. De acordo com a posição do autor sobre esse tema, seria
correto afirmar que:

I. Todas as ações humanas visam a um fim, mas existe um fim supremo,


que Aristóteles chama de “sumo bem” ou “bem supremo”.
II. Assim como todos os fins são objeto de estudo das ciências em geral, o
“sumo bem” exige uma ciência (ou arte) também ela suprema, já que conhecer
esse fim é extremamente útil, pelo fato de ele ter grande influência sobre a vida
humana.

III. Para Aristóteles é a Política que deve ser considerada essa “arte mestra”,
já que ela estuda o “sumo bem”, do qual todos os “bens” menores dependem.

IV. Aristóteles acha que o fim da vida humana é a conquista da felicidade e


ela está associada à posse de riquezas e honras, além de um acesso ilimitado
aos prazeres.

a) Apenas as assertivas I e IV são verdadeiras.

b) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.

c) Apenas a assertiva I é falsa.

d) Todas as assertivas são verdadeiras.

e) Apenas a assertiva IV é falsa.


4. (Uel 2009) Para Aristóteles,

Só julgamos que temos conhecimento de uma coisa quando conhecemos sua


causa. E há quatro tipos de causa: a essência, as condições determinantes, a
causa eficiente desencadeadora do processo e a causa final.

(ARISTÓTELES. Analíticos Posteriores. Livro II. Bauru: Edipro. 2005. p. 327.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a metafísica aristotélica, é correto


afirmar.

a) A existência de um plano superior constituído das ideias e atingido apenas


pelo intelecto permite a Aristóteles a compreensão objetiva dos fenômenos que
ocorrem no mundo físico.

b) A realidade, para Aristóteles, sendo constituída por seres singulares,


concretos e mutáveis, pode ser conhecida indutivamente pela observação e
pela experimentação.

c) Para a compreensão das transformações e da mutabilidade dos seres,


Aristóteles recorre ao princípio da criação divina.

d) Na metafísica aristotélica, a compreensão do devir de todas as coisas está


vinculada à determinação da causa material e da causa formal sobre a causa
final.

e) Para Aristóteles, todas as coisas tendem naturalmente para um fim (telos),


sendo esta concepção teleológica da realidade a que explica a natureza de
todos os seres.

5. (Pucpr) “Embora valha a pena atingir esse fim - o sumo bem - para um
indivíduo só, é mais belo e mais divino alcançá-lo para uma nação ou para as
cidades - Estados.”

(Fonte: Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural,1973, livro I,
p.250).

Tendo em vista o livro Ética a Nicômaco de Aristóteles, é correto afirmar que:


a) Para Aristóteles, os fins coletivos devem sempre estar de acordo com os
interesses individuais.

b) Para Aristóteles, a ética é indissociável da política.

c) Para Aristóteles, a Ética orienta o indivíduo a buscar a sua felicidade


independente dos interesses da sociedade.

d) Para Aristóteles, os fins éticos são incompatíveis com o exercício da política.

e) Para Aristóteles, a ética não se relaciona com a política.

6. (Ufu 2009) Leia atentamente o texto a seguir.

“Logo, o que é primeiramente, isto é, não em sentido determinado, mas


sem determinações, deve ser a substância.
Ora, em vários sentidos se diz que uma coisa é primeira, e em todos eles
o é a substância: na definição, na ordem de conhecimento, no tempo.”

ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de Leonel Vallandro.


Porto Alegre: Globo, 1969. p.147-148.

De acordo com o pensamento de Aristóteles, marque a alternativa incorreta.

a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é possível tendo por objeto as


substâncias, pois dos acidentes não é possível se fazer ciência.
b) A substância, ao contrário do acidente, é a categoria por meio da qual
sabemos o que uma coisa é, pois é a partir da substância que definimos uma
coisa.
c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a substância é a
característica necessária de uma coisa, uma vez que nos indica em que
sentido uma coisa é.
d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição de cada ser é apreendida pela
ordenação e classificação de suas características acidentais.
7. (Enem (Libras) 2017)

TEXTO I

Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade ou que dela


não tem necessidade, porque se basta a si mesmo, não é em nada parte da
cidade, embora seja quer um animal, quer um deus.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

TEXTO II
Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza
selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe
a presença de outros seres humanos.
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

Associados a contextos históricos distintos, os fragmentos convergem para uma


particularidade do ser humano, caracterizada por uma condição naturalmente
propensa à
a) atividade contemplativa.
b) produção econômica.
c) articulação coletiva.
d) criação artística.
e) crença religiosa.

8. (Uff 2012) Aristóteles considerava que era melhor para a sociedade a


soberania política ser entregue ao povo, como ocorre na democracia, do que a
alguns homens notáveis, como na oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava
que, mesmo que um indivíduo isoladamente não fosse muito competente no ato
de julgar, quando unido a outros cidadãos julga melhor, porque a união reúne as
qualidades de cada um.
A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de Aristóteles, seria a de
a) combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus defeitos.
b) garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela elite.
c) proporcionar à maioria as vantagens da corrupção.
d) permitir que os grandes homens falem em nome de todos.
e) promover o anonimato das opiniões e decisões.

9. (Uel 2015) Leia o texto a seguir.

É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos
que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira
causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa
a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última, e o
primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria e o sujeito;
a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe
à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de
toda a geração e movimento).

Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S. A.
Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que
indica, corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas
primeiras.
a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal.
b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente.
c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final.
d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final.
e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente.
10. (Uel 2013) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a
Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de
correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.”

(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
p.186.)

Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enigmática,


segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais
rápido jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de
primeiro atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento
deve manter sempre a dianteira.”

(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.;


SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994,
p.284.)

Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é


correto afirmar que seu argumento

a) baseia-se na observação da natureza e de suas transformações, resultando,


por essa razão, numa explicação naturalista pautada pelos sentidos.
b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser
(inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe são estranhas.
c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo
sensível, à qual se chegaria pelos sentidos.
d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor
mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos.
e) pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no pressuposto
da aceleração do movimento entre os corredores.
11. (Uema 2008) De acordo com Aristóteles em A política (livro VI, cap. IV)

“Se é verdade, como muitos imaginam, que a liberdade e a igualdade constituem


essencialmente a democracia, elas, no entanto, só podem aí encontrar-se em
toda a sua pureza, enquanto gozarem os cidadãos da mais perfeita igualdade
política.”

Pode-se, então, apontar como outras características da democracia.


a) Sistema representativo; maximização da liberdade individual e tolerância.
b) Divisão de poderes; trabalhismo e patrimonialismo.
c) Divisão de poderes; igualitarismo e planificação da economia.
d) Divisão de poderes; propriedade privada e patrimonialismo.
e) Sistema representativo; divisão de poderes e estado de direito.

12. (Uel 2007) “Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso
é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não
levemos em conta a sua utilidade, são estimados por si mesmos; e, acima de
todos os outros, o sentido da visão”. Mais adiante, Aristóteles afirma: “Por outro
lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem que eles
nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem,
contudo, o porquê de coisa alguma”.

Fonte: ARISTÓTELES, Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre:


Globo, 1969, p. 36 e 38.

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre a metafísica de


Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.

I. Para Aristóteles, o desejo de conhecer é inato ao homem.


II. O desejo de adquirir sabedoria em sentido pleno representa a busca do
conhecimento em mais alto grau.
III. O grau mais alto de conhecimento manifesta-se no prazer que sentimos em
utilizar nossos sentidos.
IV. Para Aristóteles, a sabedoria é a ciência das causas particulares que
produzem os eventos.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:


a) I e II
b) II e IV
c) I, II e III
d) I, III e IV
e) II, III e IV

13. (Ufu 2006) Considere as seguintes afirmações de Aristóteles e assinale a


alternativa correta.

I. “... é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas.”


II. “... é a ciência do ser enquanto ser.”

Que ciência é essa ou quais ciências são essas?

a) A Ética ou a Política.
b) A Física e a Metafísica.
c) A História e a Metafísica.
d) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.

14. (Ufu 1999) "E se indagamos quais são os princípios ou elementos das
substâncias, relações e quantidades - se são os mesmos ou diferentes - é claro
que quando os nomes das causas são usados em vários
sentidos as causas de cada um são as mesmas, mas quando distinguimos os
sentidos elas são diferentes".
(Aristóteles - Metafísica - Editora Globo - Porto Alegre.)
O texto de Aristóteles refere-se à distinção das causas em sua teoria da
causalidade. Quais são as causas aristotélicas? Descreva a especificidade de
cada uma delas.

15. (Enem PPL 2012) Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo?
São todas as coisas objetos de possíveis deliberações? Ou será a deliberação
impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre coisas
eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas
mutáveis, como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma
delas pode ser produzida por nossa ação.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007. (adaptado).

O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a


dimensão da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é
possível ao homem deliberar sobre

a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da


natureza.
b) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as
mesmas.
c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.

d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.

e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.


GABARITO COMENTADO

Resposta da questão 1
O pensamento aristotélico era mais difícil de ser conjugado com o pensamento
cristão uma vez que valorizava a investigação científica e não pressupunha a
existência de um plano superior.
Gabarito: a

Resposta da questão 2
Em Categorias, Aristóteles concebe a substância apenas como indivíduos e
define distinções lógicas importantes entre tipos de atributos que se referem a
estas substâncias, já em Metafísica, o filósofo engendra uma análise fundante
sobre a substância mesma e a posiciona diferentemente como um complexo de
matéria e forma. De maneira geral podemos tomar a substância como o ser dito
de várias maneiras: 1) ela é o princípio da realidade e do conhecimento, 2) é a
causa por excelência sendo em todos os sentidos causa formal, material,
eficiente e final, 3) é o suporte de propriedades essenciais e 4) é a essência, ou
seja, aquilo sem o qual a coisa deixa de ser o que é.
Gabarito: c

Resposta da questão 3
Somente a assertiva IV é falsa. Para o filósofo, as virtudes do pensamento e as
virtudes do caráter são os principais componentes da felicidade. Desta maneira,
não se pode dizer que o homem deva possuir um acesso ilimitado aos prazeres
para ser feliz, ainda que, em certa medida, necessite da posse de certos bens
para alcança-la.

Gabarito: e
Resposta da questão 4
Aristóteles concebe quatro causas primeiras que explicam a origem, o motivo e
o ser das coisas (essências): a causa material (a matéria que é feita uma coisa),
a causa formal (a forma que uma essência possui), a causa eficiente (a origem
da essência) e a causa final (que dá a razão para alguma coisa existir). É em
relação a esta última causa que se pode dizer que Aristóteles compreende um
fim para toda realidade da natureza dos seres.
Gabarito: e

Resposta da questão 5
Uma das frases célebres de Aristóteles é “o fim da política é o bem propriamente
humano”. Uma vez que para ele o homem é um animal político, podemos afirmar
seguramente que é somente na política que o imperativo ético se satisfaz. Assim,
somente a alternativa [B] é correta.
Gabarito: b

Resposta da questão 6

Das alternativas, somente a opção [D] é falsa. Segundo Aristóteles, a definição


de cada ser é dada pela sua substância e essência (que corresponde às
características gerais do ser) e não pelas suas características acidentais.
Gabarito: d

Resposta da questão 7
Retomando a reflexão clássica em relação ao espaço público e à política,
Hannah Arendt desenvolve a ideia de mundo comum, que corresponde ao
espaço em que estamos em companhia dos outros e onde há um interesse
comum, ou seja, onde há uma articulação coletiva.
Gabarito: c
Resposta da questão 8
A resposta para esta questão encontra-se no próprio texto do enunciado. A
afirmação de que “a união reúne as qualidades de cada um” está em nítida
relação com a alternativa [A], a única alternativa correta. Vale ressaltar que a
proposta política de Aristóteles pode ser considerada como o inverso da visão
platônica.
Gabarito: a

Resposta da questão 9
A teoria do conhecimento em Aristóteles busca explicar a mutabilidade da
realidade. Para este filósofo, para que se desenvolva um conhecimento
verdadeiro, deve-se compreender as etapas que constituem a realidade,
objetivando com isto, compreender o processo como um todo. Os conceitos
desenvolvidos por ele buscam conhecer a mutabilidade da realidade através da
potencialidade (potência), a capacidade para se transformar em um determinado
objeto e o processo de transformação (ato), a realização da transformação.
Soma-se a isto a relação estabelecida pelo filósofo entre matéria e forma. Assim,
quanto maior for a compreensão da relação entre ato e potência e matéria e
forma, maior será a compreensão da verdade. No livro “Metafísica” para ele
descreve a teoria das 4 causas como sendo: causa material - do que a coisa é
feita; causa eficiente - aquilo que produz a coisa; causa formal - a forma, os
contornos, a aparência, aquilo que a coisa vai ser; e causa final - a finalidade,
aquilo para o qual a coisa é feita.
Gabarito: c

Resposta da questão 10
O argumento de Zenão problematiza a tese de que o espaço, conceitualmente
dado, é divisível. Portanto, o seu argumento parte da suposição da verdade
dessa qualidade do espaço, sua divisibilidade, para provar o seu absurdo. Se
considerarmos possível a divisão do espaço, então teremos que assumir, por
exemplo, que é impossível Aquiles ultrapassar a tartaruga em uma corrida, pois
para Aquiles ultrapassar a tartaruga ele teria antes que ultrapassar a metade da
distância entre eles, e depois a metade da metade, e depois a metade da
metade, assim por diante infinitamente, de modo que Aquiles nunca sairia do seu
lugar de origem. Como isso é absurdo, então o espaço não é efetivamente
divisível e sim uno; também, o movimento é ilusório, pois não existe um percurso
que se percorre, afinal não se pode realmente dividir o espaço.
Gabarito: c

Resposta da questão 11
Para Aristóteles, democracia é o regime da soberania popular, ou seja, é uma
forma de governo na qual os cidadãos exercem pessoalmente o poder legislativo
e judiciário.
Gabarito: e

Resposta da questão 12
As afirmativas I e II são as únicas corretas e de acordo com o texto do enunciado.
Os prazeres não correspondem ao mais alto grau de conhecimento, tampouco a
sabedoria pode ser definida como ciência das causas particulares. Aristóteles
faz uma distinção entre diversas formas de sabedoria, como a sabedoria prática,
a filosófica e a política.
Gabarito: a

Resposta da questão 13
A ciência à qual se referem as duas frases é chamada por Aristóteles, em sua
obra Metafísica, de Filosofia Primeira, responsável por estudar as essências das
coisas. Atualmente, utiliza-se simplesmente o nome de Metafísica (ou, em alguns
casos, ontologia) para se referir a esse campo de investigação filosófico.
Gabarito: d
Resposta da questão 14
A palavra grega para causa é aítia e ela significa literalmente o responsável pela
existência de algo. Na teoria aristotélica da causalidade são descritas quatro
causas, a saber: a causa formal, a causa material, a causa eficiente e a causa
final. A causa formal diz respeito à forma da coisa, ou seja, aquilo que ela é e se
sem não poderia ser o que é. A causa material é responsável pela composição
daquilo de que a coisa é feita. A causa eficiente é responsável pela presença da
forma na matéria. A causa final responde pela finalidade da coisa, isto é,
responde as questões: “por que a coisa é?” e “para que esta coisa é?”.

Resposta da questão 15
Sendo a virtude para Aristóteles o justo meio, então a prudência, phrónesis,
torna-se condição para a virtude, pois a prudência é justamente a capacidade de
se orientar bem, sejam quais forem as circunstâncias, reconhecendo a medida
correta da ação adequada com o desejo, não parcial, de bem viver. A prudência
é guia da deliberação racional, proaíresis, para o estabelecimento de escolhas
que afirmam o autogoverno e a autonomia. Por isso, a ética aristotélica pode ser
definida da seguinte maneira:

“É uma disposição interior constante que pertence ao gênero das ações


voluntárias feitas por escolha deliberada sobre os meios possíveis para alcançar
um fim que está ao alcance ou no poder do agente e que é um bem para ele.
Sua causa material é o éthos do agente, sua causa formal, a natureza racional
do agente, sua causa final, o bem do agente, sua causa eficiente, a educação do
desejo do agente. É a disposição voluntária e refletida para a ação excelente, tal
como praticada pelo homem prudente”. (M. Chaui. Introdução à história da
filosofia, vol. I - Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002, p. 455)
Gabarito: c

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