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OS PRIMEIROS PERÍODOS

CAPÍTULO 5:
OS PRIMEIROS PERÍODOS

5.1 Período pré-socrático ou cosmológico


Os principais filósofos pré-socráticos foram:

● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxí-


menes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito
de Éfeso;
● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filo-
lau de Crotona e Árquitasde Tarento;
● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Ze-
não de Eléia;
● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de
Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera
e Demócrito de Abdera.

As principais características da cosmologia são:


Conforme Chaui (2000) é uma explicação racional e siste-
mática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da
qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a
Natureza, a Filosofia também explica a origem e as mudanças dos
seres humanos.

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Garante que não existe criação do mundo, isto é, nega que o
mundo tenha surgido do nada.
O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo
brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da Natu-
reza e chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo
que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, pro-
duzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação.
Ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes
do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são pere-
cíveis ou mortais.
Assegura que todos os seres, além de serem gerados e de se-
rem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de
qualidade. Isto significa: o novo envelhece, o quente esfria, o dia
se torna noite etc. Portanto o mundo está em mudança contínua,
sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança: nascer, morrer, mudar de qualidade ou de
quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movi-
mento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis
rigorosas que o pensamento conhece. O devir é, portanto, a pas-
sagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passa-
gem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou
pelo princípio fundamental do mundo.

Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis, isto é,


cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o
princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e
de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era
a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimi-
tado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou
o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito

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disseram que eram os átomos. E assim por diante. (CHAUI,
2000, p.41,42)

5.2 Período socrático ou antropológico


De acordo com Chaui (2000) com o desenvolvimento das
cidades, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural
da Grécia, vivendo seu período de esplendor, conhecido como o
Século de Péricles.
É a época de maior florescimento da democracia na Grécia,
que possuía, entre outras, duas características de grande impor-
tância para o futuro da Filosofia: em primeiro lugar, a democracia
afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e
o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade,
da polis. Em segundo lugar, e como consequência, a democracia,
sendo direta e não por eleição de representantes, garantia a todos
a participação no governo, e os que dele participavam tinham o
direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões
sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figu-
ra política do cidadão.
No entanto, quando não havia democracia, a dominação fica-
va a encargo das famílias aristocráticas, senhoras das terras, sen-
do que o poder lhes pertencia. Contando com dois grandes poetas
gregos, Homero e Hesíodo, essas famílias criaram um padrão de
educação, próprio dos aristocratas. Esse padrão afirmava que o ho-
mem ideal ou perfeito era o guerreiro belo e bom.
Enfim, com a instauração da democracia o poder vai sendo
retirado dos aristocratas, esse ideal educativo ou pedagógico tam-
bém vai sendo substituído por outro. O ideal da educação do Sécu-
lo de Péricles é a formação do cidadão. A Arete é a virtude cívica.

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Para suceder a educação antiga dos poetas, surgiram, na
Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período so-
crático. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de
Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.
Os Sofistas ensinavam a arte da oratória, a arte da persuasão.
Ensinavam um modo de defender uma opinião por meio de argu-
mentos. Eram mestres na arte da argumentação. Sofista significa
sábio, entretanto ganhou o sentido de impostor. Eles eram profes-
sores que vendiam ensinamentos práticos da filosofia.
O filósofo Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, re-
voltou-se contra os sofistas, expressando que não eram filósofos,
pois defendia qualquer idéia, se isso fosse vantajoso e que não ti-
nham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade.
Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a
mentira valer tanto quanto a verdade.
A proposta de Sócrates era que, antes de querer conhecer a
Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria,
primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “co-
nhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de
Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a divisa de Sócrates.
A história da Filosofia tem uma imagem de Sócrates tra-
çado por seu mais importante aluno e discípulo, o filósofo ate-
niense Platão.
Platão descrevia seu mestre como um questionador, convi-
da aos jovens a pensar não só sobre si mesmos, mas também so-
bre a polis. Posto isso, o despertar do medo nos poderosos sobre o
pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo
mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem
e nos fazem acreditar que elas são.

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Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo,
pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de des-
respeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Assim,
Sócrates foi levado diante da Assembleia, e decidiu não se defender
das acusações que sofreu, sendo condenado a tomar um veneno - a
cicuta - e obrigado a suicidar-se.
Sócrates não se defendeu pois acreditava que estaria aceitan-
do as acusações, e não as aceitava.
Sabia que a defesa exigiria por parte dos juízes a paralisação
do filosofar . Portanto preferiu a morte do que renunciar à Filosofia
O julgamento e a morte de Sócrates são narrados por Platão
numa obra intitulada Apologia de Sócrates, isto é, a defesa de Só-
crates, feita por seus discípulos, contra Atenas.
Sócrates nunca escreveu.

5.3 PLATÃO
Platão acreditava que um ser humano alcança conhecimento
por recordar o que era conhecido antes da alma deste ter entrado
no corpo. Há um mundo de formas eternas, de ideias que nunca
mudam. Estas formas ideais existem em um reino além deste uni-
verso físico.
A ideia platônica é centrada no Bem Absoluto, que é Deus;
este é a felicidade suprema do homem. Essa ideia de outro mundo,
ideal, perfeito e deste, material, imperfeito e passageiro, é ilustrada
no Mito da Caverna que engloba os pontos cardeais de sua filosofia.
Ele quer que ela seja uma metáfora de nossa natureza quanto à sua
educação e a sua falta de educação, isto é, serve para ilustrar ques-
tões relativas à teoria do conhecimento.

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Platão convida-nos a imaginar que somos prisioneiros em
uma caverna subterrânea. Estamos acorrentados e imobilizados
desde a infância, de tal forma que somente podemos ver as som-
bras dos objetos projetadas na parede extrema da caverna e as
pessoas que caminham junto a essa parede, falando e levando es-
culturas que representam objetos diferentes (animais, árvores,
objetos artificiais...). Nesta situação, naturalmente, os prisio-
neiros pensariam que as sombras e os ecos das vozes que se ouvem
são a verdadeira realidade.
Platão defende que um prisioneiro libertado aos poucos iria
descobrir diferentes níveis de realidade autêntica: primeiro ele ve-
ria os objetos e a luz dentro da caverna, mais tarde ele veria de fora,
em seguida ele veria o reflexo desses objetos da água e, finalmente,
os objetos reais. Finalmente, ele veria o sol e concluiria que ele é
a razão das estações, que governa o reino dos objetos visíveis e é a
razão de tudo o que os prisioneiros podem ver. Lembrando a sua
vida na caverna e seus companheiros de cativeiro, ele se sentiria
feliz por estar livre e, apesar dos perigos, voltaria para o mundo
subterrâneo para libertá-los.
Estas são as chaves que Platão nos dá para ler o mito: a fuga
para o mundo exterior visando à contemplação dos seres reais
(metáfora do mundo das ideias) deve ser comparada com o
caminho de nossas almas para elevar-se ao mundo inteligível.
Na pólis grega, a educação dos jovens era responsabilidade do
Estado, os estudantes que se destacavam dos demais prosseguiam
seus estudos e poderiam chegar a serem governantes após uma
longa aprendizagem e uma rigorosa educação moral e intelectual.
Um dos objetos desta educação é a superação do senso co-
mum. Na obra República de Platão, a questão da passagem do
senso comum para o senso crítico ocorre no contexto da formação

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social e política do cidadão. O ideal de república platônica apre-
senta-se também um projeto pedagógico, por meio do qual os pro-
dutores encarregados do trabalho, os guardas que velam pelo bem
público, sob a égide da gestão racional dos filósofos magistrados,
são formados para desempenhar estas funções sociais.

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