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INTRODUÇÃO

O que significa introduzir?

O nascimento de uma criança numa família constitui um evento. Há « introdução dum


ser humano ». Este, é introduzido num meio familiar que será seu primeiro quadro de
aprendizagem; a rua e a escola serão outros quadros da educação. Inserido na
sociedade, o novo ser humano aprenderá a linguagem, os costumes e tradições da
sociedade. Lhe é necessário o tempo para os assimilar. Este, é o fenómeno de
socialização. Ele é filho de seu meio e da sua época.

Introduzir os jovens estudantes à filosofia não é nada do que os fazer entrar numa
«aldeia filosófica», onde certas ruas são traçadas, certos bairros são constituídos, e
onde a linguagem já é produzida. Os Tales de Mileto, Os Sócrates e Platão, Os
Descartes, Os Kant, Os Marx etc., já estão lá.

A disciplina de introdução à filosofia será o momento privilegiado onde os estudantes


visitarão as diferentes aldeias filosóficas onde lhes falam e falarão com os anciãos e
jovens filosóficos através da sua leitura. Apenas assim, desta maneira que aprenderão
a filosofia filosofando e chegarão a se inscrever numa tradição filosófica dada ou a se
construir outras aldeias.

Em outros termos, a filosofia no seu todo, é como um livro em que algumas páginas
são escritas e outras são ainda virgens. Os estudantes, lendo e relendo as páginas
escritas, tomarão conhecimento de problemas e de tipos de soluções propostas a
esses problemas nos quais não faltarão de dizer uma palavra.

De facto, no fim desta disciplina, os estudantes serão capazes de dominar conceitos


filosóficos, de distinguir a filosofia de outras ciências humanas e sobre tudo, eles serão
capazes de acompanhar facilmente outras disciplinas de filosofia e de tomar a decisão
de se inscrever numa problemática precisa. Pode-se tornar Homem quando pode-se
tomar consciência do seu próprio «Eu» e «Jeito», segundo Louis Soubesse.

Portanto, tu és sempre filho do teu tempo, evites a não ser prisioneiro da tua natureza
e do teu tempo. O ideal é de ser também pai do teu tempo tentando de fazer melhor
que teus precedentes e deixando, positivamente, teu nome. Eis a força do homem
despertado, porque a vida é um despertador.
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Iº TRIMESTRE.
TEMA I. : EMERGÊNCIA DA FILOSOFIA

Subtema.1. ORIGEM HISTÓRICA.


A história da humanidade compreende duas grandes eras: a era primitiva que
desdobra-se num longo período que começa desde a dependência do homem em
relação a natureza até a renovação cultural do próprio homem, que começa a era
moderna, gerando assim as civilizações actuais.

Na era primitiva o homem dependia directamente da natureza, porque o seu


pensamento não lhe permitia ainda alterar o curso das coisas. Um pouco mais tarde,
este descobriu em 1º lugar o fogo, pelo desenvolvimento do seu cérebro, há cerca de
450 mil anos com o Homo-sapiens. Nesta era o homem pensava, mas o seu
pensamento considerado mitológico, longe de verdadeiras hipóteses científicas nem
são válidas e muito menos têm uma coerência lógica, por que as várias respostas e
hipóteses dadas sobre o mundo e a explicação dos fenómenos da natureza tinham a
predominação do mito (imaginação).

Pela mudança dos tempos, e tendo em conta a lei da evolução à qual está sujeito o
homem, aconteceu no século VI. a. C. que este descobriu existir dentro de si mesmo
uma forma de pensamento conhecida por pensamento racional e é fundamentada na
razão ( era moderna, actual ). Esta nova maneira de pensar obriga o homem a que as
suas respostas sejam rigorosas, coerentes, válidas e bem argumentadas afim de
procurar as últimas causas das coisas, começa a vigorar na Grécia antiga, que gera a
filosofia, por intermédio do seu primeiro filósofo, marcado pela história do
pensamento, Tales de Mileto.

A tradição grega considera que Tales (século VI a. C.), da colónia grega de Mileto, na
Ásia Menor , foi o primeiro filosofo da história. Juntamente com Anaximandro e
Anaxímenes, representam a escola de Mileto, conhecida pela sua vontade de
descobrir os princípios da natureza.

Como partilhavam a mesma preocupação em explicar a realidade material da


natureza , também se chamava físicos a esses primeiros pensadores, uma vez que
physis em grego significa « natureza ».

Contudo, não podemos nada esquecer duma personalidade histórica da filosofia


grega, Sócrates (470-399 a. C.), o verdadeiro fundador da filosofia, pós que ao
denunciar tudo o que nos possa impedir de progredir em direcção à verdade, Sócrates
acabou por oferecer uma primeira definição do que implica ser filósofo. Ele não
procurava impor a verdade ; pelo contrário, pretendia que, a partir do diálogo,
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surgisse alguma verdade de que todos pudessem desfrutar, sem que houvesse
vencedor ou vencido. O importante era que todos participassem no diálogo com uma

boa predisposição, com a vontade de explicar honestamente o que pensavam,


dispostos a procurar a verdade entre todos.

Em cada diálogo, mostrava que a única coisa com que nos devemos impor é com a
procura da verdade. E isso será possível se reconhecemos a nossa ignorância e se
estivermos dispostos a aprender com os outros. Por essa razão costumava repetir uma
ideia fundamental: « Só sei que nada sei».

1.a. ORIGEM ETIMOLÓGICA.

Se a filosofia como ciência surgiu na Grécia antiga, então a palavra é também


de origem grega. Ela forma-se a partir da junção de dois termos diferentes da língua
grega: Filos que significa amor ou amigo e Sofia que significa Sabedoria. Como se
pode notar, as duas palavras juntas (filos-Sofia) formam a palavra portuguesa filosofia,
que irá significar « o amor a sabedoria », sendo o filósofo o amigo da sabedoria.

A formação da palavra filosofia resulta de uma discussão livre entre dois gregos, se
quis que Pitágoras, reconhecido como sábio, resolvesse a sua contenda.
Humildemente, Pitágoras disse que não era sábio, porque sábio seria aquele que já
tudo sabe, e que entre os homens nenhum sabe tudo, se fosse sábio não teria motivos
para se ocupar da investigação. Por isso Pitágoras preferiu que o chamassem « amigo
da sabedoria ».

1.b. POSSÍVEIS DEFINIÇÕES DA FILOSOFIA .

Hoje, definir filosofia tornou-se um grande problema filosófico, pois que as frequentes
perguntas sobre ela geram novas respostas, julgadas por muitos, insuficientes para
corresponder àquilo que dizem ser , estas respostas voltam a suscitar novas
perguntas.

Contudo, duas definições concorrem na doutrina: segundo Aristóteles de Estagira, a


Filosofia estuda as causas últimas de todas as coisas; a outra fornecida pelos teóricos
diz que a Filosofia estuda a totalidade do real ou estuda tudo.

Sub-temaI.2. OBJECTO , MÉTODO E FUNÇÃO DA FILOSOFIA.


2.a. Objecto : Chama-se objecto de estudo de uma ciência, o assunto de que procura
conhecer e conhecer os seus mistérios ( secretos ). A filosofia por sua vez tem como
objecto o estudo da «totalidade das coisas do universo»; estuda tudo. O todo
estudado pela filosofia envolve o concreto e o não concreto ( invisível ).

Ex.: O homem pode ser estudado no ângulo da biologia : Genética (concreto) ; o


mesmo no ângulo da história: a sua origem (invisível ): quem criou o homem?
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2.b. Método de estudo da filosofia. É um conjunto de procedimentos regulares que


devem funcionar como um guia ou caminho a seguir para se obterem as descobertas
científicas. Ou é o conjunto de procedimento e técnicas que uma determinada ciência
utiliza para explicar e conhecer o seu objecto. Neste caso, o instrumento do trabalho
da pesquisa filosófica de que ela propõe é a razão. A razão pura, o raciocínio puro, diz
Platão. A filosofia não despõe de microscópio, de telescópio nem máquinas
fotográficas.

De facto, a filosofia explica os fenómenos da natureza e da sociedade através do


método reflexivo ou racionativo. Este método integra dois procedimentos:

A) O dedutivo (dedução): que é uma operação mental que concluí a partir do


geral a particular, ou a partir da lei a facto.
Ex.: Todos os homens são mortais, enquanto João é um homem Então o
João é mortal.
B) O indutivo (indução): é uma operação mental que concluí do particular a
geral, quer dizer que de alguns casos a todos casos.
Ex. : O Ferro conduz a electricidade ; cobre, o zinco, a prata também são
metais então o metal conduz a electricidade.
C) Função da filosofia.
Qualquer estudo feito sobre um problema prende-se a certos objectivos,
finalidade ou utilidade. Falar da finalidade da filosofia é de igual modo perguntar saber
qual é a importância, o papel dos filósofos na sociedade.

1º A filosofia como disciplina científica, ensina o bem pensar (por que a lógica carrega-
se desta tarefa);

2º Estimular a pesquisa, quer seja científica ou seja especulativa;

3º Promover a cultura da humanidade.

4º A outra utilidade é tornar o homem capaz de reflectir sobre a vida (superioridade


sobre o animal) a dignidade do homem encarna-se em pensar;

5º Ela tem também uma função terapêutica; em filosofia uma questão se trata como
um paciente (doente). De facto a filosofia deve tomar a sério suas questões, por que
todo conceito ou palavra é um explosivo ou veneno que deve-se saber manejar.

Subtema I. 3. EVOLUÇÃO OU DESENVOLVIMENTO DA FILOSOFIA GREGA.


A filosofia nasceu quando os seres humanos começaram a tentar entender o mundo,
não por meio da religião (fé) ou pela aceitação da autoridade, mas pelo uso da razão;
que coordena o pensamento para o conhecimento das coisas.

A filosofia ocidental desenvolveu-se na Grécia antiga a partir do século VI, V e IV. Os


primórdios da filosofia foram dominados basicamente pelo estudo da natureza. Por
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isso, observa-se surgimento interligado de vários princípios naturais que geram a


filosofia da natureza, consequentemente, as ciências da natureza.

A própria filosofia grega segue uma ordem de investigação baseada em períodos,


conhecidos como «períodos de estudo ou de investigação e de evolução da filosofia
grega ».

Tal evolução enquadra-se em quatro períodos de uma investigação intensa:

3.a. O período cosmológico ou Pré-socrático (naturalista) final do séc. V a. C.

A atitude dos « porquês » da filosofia , no primeiro período, remota à própria


admiração que o homem tem pela obra da natureza e de si mesmo. Por isso, o homem
na sua atitude filosófica, preocupa-se em conhecer:

O que é o mundo?

Quem o criou?

Como o criou?

Por que o criou?

Como estabeleceu a ordem e a organização que nele existe?

Mas de tantas questões, a que é mais preocupante para os gregos foi : « Qual é o
princípio do mundo »? Neste período naturalista, a filosofia estudava com cautela a
origem de todas as coisas do universo : a terra, a água , o ar , Etc., vão predominar nas
suas explicações.

O homem, neste período, era considerado um « microcosmo», parte mínima,


integrante do universo não podia ser estudado em particular, mas em comum com os
demais seres do mundo , por que ambos obedecem as mesmas leis físicas.

3.b.O período antropológico ou socrático (moral) de século V a séc. IV a.C. :

Neste período o homem é entendido como uma realidade portadora de uma ordem
natural e uma ordem social, por isso deve ser estudado a parte, para ser
compreendido nas suas perfeições naturais e sociais.

É um ser que nasce e obedece, como os outros seres, as leis naturais (ordem natural )
e cuja realização e perfeição se mede no grupo e nas suas imperfeições naturais ou
sociais (ordem social, moral ).

O homem, já que tem dupla caracterização, embora que lhe acrescente uma terceira
(na idade média) a sua espiritualidade que o torna « a imagem e semelhança de Deus».
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3.c. Período ontológico ou Sistemático de século IV a III a. C.:

Já no período sistemático, dirigido por Platão e Aristóteles, faz-se a divisão das


ciências, a partir da divisão das obras de Aristóteles; por um lado as físicas (ciências
que estudam as coisas concretas práticas), e por outro , as metafísicas ( aquelas que
prescrevem as leis: moral e a lógica) e as técnicas que se prendem com as artes
(informática, mecânica, Etc.).

Portanto, a partir de Aristóteles, as ciências já estavam direccionadas, mas ainda


dependiam directamente da filosofia

3.d. Período helenístico ou greco- romano de século III a VI d. C.:

Este período surge durante a invasão da Grécia pelos romanos, na vigência de


Alexandre Magno, o Grande. Este período notabilizou-se pela revitalização dos
filósofos clássicos da Grécia como LEUCIPIO, DEMOCRITO, PLATÃO e ARISTÓTELES,
refugiados em Roma. Pela concentração no império romano de vários povos, três
culturas fundem-se :A cultura civilista romana; O cristianismo religioso oriental e o
cientismo grego.

O fervore o impacto da filosofia grega não tarda em Roma: servem-se da filosofia para
fundamentar e explicar vários problemas dominantes, mais tarde, a própria patrística
apropria-se da filosofia, com vista fundamentar muitos dos seus problemas. Por tal, a
filosofia desempenhou no mundo o papel de «serva da teologia», pois que
adoptaram-se os modelos de filosofia platónica e aristotélica para se justificarem
inúmeros problemas teológico.

Já a partir da filosofia grega se começa a compreender a ideia segundo a qual « a


filosofia é a mãe de todas as ciências », pelo facto de ser a primeira a surgir na história
das ciências criadas pelo homem e por no seu interior se constatar o surgimento das
mais, em razão de os vários objectos que hoje vão autonomizando as ciências.

Subtema I.4 .OS PRÉ-SOCRÁTICOS.

Não conhecemos bem as teorias dos filósofos pré-socráticos porque apenas se dispõe
de alguns fragmentos citados por escritores posteriores. O que sabemos, realmente, é
que os Gregos tinham melhorado a técnica da escrita ao introduzir vogais no
abecedário a partir do século VIII a. C. E que isso lhe permitiu utilizar a técnica da
escrita para escrever sobre todos os temas possíveis, como por exemplo dar a
conhecer as opiniões dos primeiros filósofos.

Os primeiros filósofos foram caracterizados pela sua unânime concordância sobre a


existência de uma causa ou de um princípio do qual depende a origem de todas
coisas e pela divergência sobre o modo como compreendem tal princípio e as
respostas dadas por cada amigo da sabedoria. Pois cada um descobre um princípio
diferente do outro:
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4.a. Tales de Mileto (624-546 a. C ): Para este primeiro filósofo grego, qual seria o «
arché ou a origem de physis : mundo »? Depois da sua observação sobre a natureza e
de várias coisas a sua volta, concluiu que a água é o princípio do mundo e dos seus
seres. Por que ela abunda em tudo ( a água gera a vida das plantas, a terra flutua sobre
a água, o próprio embrião humano só desenvolve em condições húmidas, etc).

Dai, logicamente, saíram certas ciências como a química e tantas outras hidrologias
para um conhecimento aprofundado sobre a matéria.

4.b. Anaximandro de Mileto (610-547 a. C.): Este filósofo, pelo rigor racional da sua
filosofia não entende que o criador ou o princípio que dá origem as coisas se
mantivesse dentro da cria e que fosse, uma causa identificável num dos elementos do
nosso universo. Pois sendo criador, superior a qualquer outro ser, se as crias são
concretas, ele já não pode ser concreto, por que estaria a igualar-se e sujeitar-se as
mesmas condições das suas crias.

Para ele, o criador de tudo deve ser um « indeterminado » algo que não pode se
definir, ver e compreender em razão do seu próprio poder, e grau de superioridade em
relação às crias e está fora da natureza.

4.c. Anaxímenes de Mileto (546-528 a. C.): Com este filósofo, as filosofias da natureza
voltam a comandar a pesquisa com vista a encontrar a origem das coisas.

Com propósito pré-citado, Anaxímenes diz que o princípio primordial é o ar. Pois que o
ar origina e faz desaparecer as criaturas através de dois processos opostos:

O processo da rarefacção do ar , o qual aniquila tudo;

O processo da sua condensação, do qual as coisas se originam.

Tornando o ar raro, as zonas ficam muito quentes, gera o fogo que consume tudo, pois
havendo muito ar, fica denso, do qual surgem nuvens, estas as chuvas e a água
consequentemente.

4.d. Parménides e Heráclito: entre os Pré-socráticos, Parménides e Heráclito ocupam


um lugar destacado. Com efeito, Parménides (530-460), originário de Eleia, no sul da
Itália, foi o primeiro a sugerir que o caminho para a verdade não corresponde à
observação do mundo físico. Foi o primeiro a deixar de olhar as coisas para examinar a
forma que tínhamos de pensar. Acabou por afirmar que existia uma verdade e que não
era material, mas sim abstracta e sempre a mesma.

Em contrapartida, Heraclito (530-470), que tinha nascido em Éfeso, perto de, insistia
no movimento, nas mudanças que observava no mundo sensível, o que o levava a
pensar que «tudo flui ».
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Subtema I.5. PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DE FILOSOFIA.

Os principais períodos da história de filosofia são:

5.a.Filosofia antiga ( do séc.VI a. C. Ao séc. VI d.C. ): compreende os quatro (4)


grandes períodos da filosofia greco-romanos, indo dos Pré-Socráticos ao período
helenístico.

5.b.Filosofia patrística ( do séc. I ao séc. VII d. C.): inicia-se com epístolas de São Paulo
e o evangelho de São João e termina no séc. VIII quando teve início a filosofia
medieval.

A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolo intelectuais (Paulo e João) e
pelos primeiros padres da Igreja para conciliar a nova religião- o cristianismo com o
pensamento dos gregos e romanos.

5.c. Filosofia medieval ( do séc. VIII ao séc. XIV): abrange pensadores europeus,
árabes e judeus. È o período em que a igreja romana dominava a europa, ungia e
coroava Reis, organizava cruzadas à terra santa e criava, a volta das catedrais, as
primeiras universidades ou escolas. A filosofia medieva é considerada também ou
conhecida com o nome de Escolástica. Ela (filosofia medieval) teve influências
principais de Platão e Aristóteles.

5.d. Filosofia da Renascença (do séc. XIV ao séc. XVI): é marcada pela descoberta de
obras de Platão desconhecida na Idade Média, de novas obras de Aristóteles, bem
como pela recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos.
São importantes três grandes linhas de pensamento:

a) Aquela proveniente de Platão, do Neoplatonismo e da descoberta dos livros do


Hermetismo, teve a ideia da Natureza como grande ser vivo, o Homem faz parte da
natureza como um microcosmo (como espelho do universo inteiro).

b) Aquela originária dos pensadores florentinos, que valoriza a vida activa ( política,
defendia as ideias republicanas das cidades italianas contra o Império-romano
Germânico (poder dos Papas e dos imperadores).

b) Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio destino. A
fervescência cultural e político levou a igreja Romana, às críticas culminando na
reforma protestante, baseada na ideia de liberdade de crença e de pensamento.

Os nomes dos principais filósofos que influenciaram este período são: Dante, Marcílio
Ficino, Giordano Bruno, Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Jean Bodin, Kepler, Nicolau
de Cusa, etc.

5.e. Filosofia moderna (do séc. XVII. a meados do séc. XVIII): este período conhecido
como grande Racionalismo clássico, marcado por três grandes mudanças:
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a) O surgimento do sujeito do conhecimento ( a filosofia em lugar de começar seu


trabalho conhecendo a natureza e Deus, para depois referir-se ao homem).

b) Mudança ao objecto do conhecimento; para os modernos, as coisas exteriores (a


natureza, a vida social e política) podem ser conhecidas desde que sejam ideias ou
conceitos formuladas pelo sujeito do conhecimento.

C) A Realidade, a partir de Galileu, é conhecida como um sistema racional de


mecanismo físico. Nunca mais na história da filosofia haverá igual confiança na
capacidade e nos poderes da razão humana como houve no grande racionalismo
clássico.

Os principais pensadores são: Francis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal, Hobbes,


Espinosa, Leibniz, Locke, Newton, Malebranche, Berkeley e Gassendi.

5.f. Filosofia da Ilustração ou Iluminismo ( meados do séc. XVIII ao começo do séc.


XIX): Esse período também crê nos poderes da razão, chamada de as Luzes:
Iluminismo.

O Iluminismo afirma que:

Pela razão, o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade social e


política ( Revolução francesa 1789: liberdade, igualdade e fraternidade).

A razão é capaz de evolução o progresso, e o homem é um ser perfectível. A


perfectibilidade consiste em libertar-se dos preconceitos religiosos, social e morais, em
libertar-se da superstição e do medo.

O aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações, que vão


das mais atrasadas ( primitivas, selvagens) às mais adiantadas e perfeitas ( as da
Europa central).

Há diferença entre Natureza e Civilização, Natureza é o reino das leis naturais


universais e imutáveis, enquanto a civilização é o reino da liberdade e de finalidade
proposta pela vontade livre dos próprios homens.

Os principais pensadores são: Hume, Voltaire, D”Alembert, Diderot, Roosseau, Kant,


Fichte e Schelling.

5.g. Filosofia contemporânea: Abrange o pensamento filosófico que vai de meados do


séc. XIX e chega aos nossos dias. Esse período, por ser o mais próximo de nós, parece
ser mais complexo e o mais difícil de definir.

Os principais pensadores são: Hegel, Auguste Comte, Freud, Marx, etc. .


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Sub-temaI.6. ATITUDE FILOSÓFICA VERSUS ATITUDE NATURAL.


A atitude filosófica não é uma atitude natural. Ela é uma atitude crítica, analítica, em
contrapartida, a atitude natural se centra na resolução de problemas práticos ,
concretos, pelo senso comum.

6.a. Atitude crítica: a primeira característica da atitude filosófica é negativa; dizer


não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos factos e às ideias da
experiências quotidianas, ao que do todo mundo diz e pensa.

A segunda característica é positiva; é uma interrogativa sobre o que são as coisas,


as ideias, os factos, as situações, os comportamentos e nós mesmos. É também
uma interrogação sobre o por quê disso tudo.

Portanto a face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que


chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.

No entanto, não é fácil caracterizar a atitude filosófica na sua íntegra, dada a enorme
diversidade de aspectos que pode assumir.

Vejamos apenas quatro aspectos que caracterizam a atitude filosófica:

6.b. Espanto: Aristóteles afirmava que a filosofia tinha a sua origem no espanto, na
estranheza e perplexidade que os homens sentem diante dos enigmas do universo e
da vida. É o espanto que os leva a formularem perguntas e os conduz à procura das
respectivas respostas.

6.c. A dúvida: Ao filósofo exige-se que duvide de tudo aquilo é assumido como uma
verdade adquirida. Ao duvidar, este, distancia-se das coisas, quebrando desta forma a
sua relação de familiaridade com as coisas. A reflexão começa exactamente a partir
do exame daquilo que se pensa ser verdade.

OBS: Se nunca duvidarmos de nada , também nunca saberemos o fundamento


daquilo em que acreditamos.

6.d. O rigor : O questionamento radical que anima o verdadeiro filósofo, não é mais do
que um acto preparatório para fundar (fundamentar) um novo saber sobre bases mais
sólidas. A crítica filosófica é por isso radical, não admite compromissos com as
ambiguidades, as ideias contraditórias, os termos imprecisos.

6.e. A insatisfação: A filosofia revela-se uma desilusão para quem quiser encontrar
nela respostas para as suas inquietações. A Única receita que os filósofos lhe dão é
que faça da procura do saber um modo de vida. Não se satisfaça com nenhuma
conclusão, queira saber sempre mais e mais.
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Em conclusão, diremos que a atitude filosófica tem um dos principais atributos


é ser interrogante sobre os factos, ideias , situações e comportamentos, até mesmo os
nossos. É ser curioso acerca do porquê das coisas.

Devemos, portanto, manter sempre uma atitude crítica por mais adultos que sejamos ,
devemos questionar e fundamentar os nossos pontos de vistas sem receios de errar.

Sub-temaI.7.NATUREZA DAS QUESTÕES FILOSÓFICAS.


Aprendemos e ensinamos, trabalhamos, podemos construir nossas vidas com planos
de sucesso e estabilidade financeira sem nos deixarmos envolver pelo discurso e pelos
problemas filosóficos. A filosofia parece ser não desnecessária para o bem viver; ela
parece ser incompatível com a ideia de uma vida tranquila.

De facto, em nossa sociedade, cultura, costumamos considerar que alguma coisa só


tem direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade
imediata.

A filosofia seria a arte do bem-viver, estudando as paixões e os vícios humanos, a


liberdade e vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos
nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na
companhia dos outros seres humanos.

Guimarães Rosa certa vez definiu como « aquele que se encontra num quarto
escuro, à procura de um gato preto que não está lá. E não o encontra...». Fernando
pessoa, em seu famoso poema Tabacaria, escrever que « a metafísica ...é uma
consequência de se estar mal disposto... ».Mas será que é assim mesmo, quer dizer,
será que é tão simples descartar a filosofia como uma actividade intelectual inútil ?
Para obtermos uma resposta satisfatória, é necessário especifiquemos o ofício do
filósofo. Qual é a Natureza do trabalho filosófico ?

A leitura dos filósofos sugere que a primeira característica distintiva do filósofo é


a de lidar com ideias e conceitos e não com objectos palpáveis, como o lavrador e
ferreiro. O filósofo, porém, lida com ideias que não são sempre traduzíveis em coisas
concretas, tais como o conceito de verdade ou de bem. Como diz Platão : « o filósofo
permanece totalmente alheio ao seu vizinho mais próximos; ele é ignorante..., ele mal
sabe se é um homem ou um animal; ele está investigando a essência do homem.
Embora ele prefira o convívio das cidades, « sua mente, desdenhado da irrelevância e
da nulidade das coisas humanas.

A filosofia está entendida como análise ( das condições da ciência, religião, da


arte, da moral), como reflexão( vota da consciência para si mesma para conhecer-se
enquanto capacidade para o conhecimento, o sentimento e a acção) e como crítica
( das ilusões e dos pré-conceitos individuais e colectivas, das teorias e práticas
científicas).
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Ela, em conclusão, não é naturalmente uma ciência, é uma reflexão crítica sobre os
procedimentos e conceitos científicos. Não é uma religião, é uma reflexão crítica sobre
as origens e formas das crenças religiosas. Não é arte, é uma interpretação crítica dos
conteúdos, das formas, das significações das obras de arte. Não é política, mas uma
interpretação, compreensão e reflexão sobre origem, a natureza e formas do poder,
Etc.

Portanto, o filósofo não é nem sábio nem o ignorante , é na verdade, aquele que
busca a sabedoria , ou que procura ser amigo da sabedoria. Ele não é também o
homem das respostas, mas das perguntas.

Sub-temaI.8. DIVISÕES DE FILOSOFIA.


A Filosofia é classificada em diversos tipos de conhecimento, mas a seguinte
classificação é usualmente aceite como uma especificação dos diversos assuntos que
compõem a filosofia.

8.a. METAFÍSICA :

Essa disciplina é conhecida como estudo da realidade em seus aspectos mais gerais.
Ela lida com questões do seguinte tipo:

De que maneira ou modo a matéria se relaciona com espírito?

Qual dos dois é mais anterior?

Deus existe?

8.b. EPISTEMOLOGIA: estudo dos problemas relacionados com o conhecimento


científico.

Uma importante tarefa da filosofia consiste exactamente em analisar conceitos


dos nossos diálogo mais comuns e menos filosóficos, precisar o que significam e
determinar em que medida sua aplicação ao estilo comum pode ser justificada.

A parte da filosofia crítica que trata da investigação da natureza e dos critérios


de verdade, assim como da maneira pela qual obtemos conhecimento, é chamada
epistemologia.

Questões específicas desse campo são, entre outras, as seguintes:

Como podemos definir a verdade;

Qual a distinção entre conhecimento e crença?

Podemos estar certos daquilo que sabemos?


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8.c. LÓGICA: É difícil separar a lógica da epistemologia. Mesmo assim, ela é


normalmente considerada como uma disciplina autónoma. Trata se de estudo dos
raciocínios ou inferências que se nos apresentam sob forma de argumentos.

8.d. A ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL.

Esta , lida com os valores e a problemática do dever. Ela formula questões como:

Qual o bem supremo ?

Qual a definição de bem?

Nossos juízos sobre nossos próprios deveres são subjectivos ou objectivos?

Qual a função de um acto punitivo?

8.e. A FILOSOFIA POLÍTICA.

Consiste na aplicação da filosofia ( da ética principalmente) a questões relacionadas


com os indivíduos enquanto organizados sob a égide de um Estado.

Ela investiga questões como:

Um indivíduo possui direitos que contrariam os interesses do estado?

É a democracia a melhor forma de governo?

8.f. A ESTÉTICA: Consiste na aplicação da filosofia ao exame da arte e da noção de


beleza. É típico da estética formular questões do seguinte tipo:

O que é o belo?

O que é uma obra de arte?

Qual é a função da arte ? Etc.

Sub-temaI.9. RELAÇÃO DE FILOSOFIA COM OUTRAS CIÊNCIAS.


Para entendermos a relação da filosofia com as demais ciências, somos , contudo,
obrigados a procurar aquilo que as relaciona. Seguindo o percurso da filosofia e o das
ciências, ver-se-á que todas elas se cruzam no estudo dos fenómenos ( objecto de
estudo) para conhecerem as suas causas e efeitos: origem e fim, composição e
decomposição, etc.

Ex.: o objecto « homem » é, em si mesmo, um fenómeno natural e


socialmente complexo. Foi estudado, durante muito tempo, em filosofia, agora com a
autonomia das ciências, se bem que seja indiviso fisicamente, mas dividido
cientificamente. Isto por que se cruzam no seu estudo várias ciências: filosofia,
história, medicina, direito, biologia, genética, antropologia, sociologia, etc. Cada uma
delas preocupa-se em estudar o homem dentro da sua área específica.
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É importante, também, reparar nas ciências o uso indispensável da atitude filosófica,


na medida em que qualquer ciência deve constituir-se num conjunto de perguntas
capazes de fornecer respostas correctas no estudo de um fenómeno.

Nesse ambiente de relação, a filosofia distingue-se das outras ciências por um tipo de
conhecimento geral, racional, crítico, diferentes do conhecimento empírico, que vem
da experiência dos casos. A filosofia estuda as últimas causas ou os princípios
primeiros de todas as coisas, enquanto as ciências autónomas estudam as regras dos
fenómenos concretos; tendência positivista de Augusto Comte (francês), quer dizer
que tudo quanto não fosse verificável, não podia constituir ciência.

Com isso, levanta-se uma questão: as ideias existem ou não? Se existem, elas podem
aparecer nas máquinas? Então quem estudará o não verificável ? Os princípios (regras)
que orientam as coisas existem ou não? São concretos ou não concretos?

Será que se o homem não tivesse ideias seria compreendido? Será que os irracionais
entendem que existem princípios que ordenam o universo? Logo, a experiencia só é
possível com ajuda da razão (imaterial).

Sub-temaI.10 O MITO E A RAZÃO :


10.a. Mito:

O mito tem várias definições; é considerado como narração, palavra, um conto


episódico, uma legenda mitolóca, segundo Platão.

Para Aristóteles, o mito é, no mesmo momento, uma fábula, um conto de mais velhos
ou uma imaginação.

Para alguns filósofos africanos como Marcel, Mayele, etc; fazem a distinção entre a
palavra mito «muthos» e mitologia que são ambas de origem grega, mas designam ou
expressam as realidades universais. A mitologia é definida sob forma de narração oral
ou literária e o mito como um pensamento, vivido, experiência.

Portanto, o Mito é uma fábula ou faculdade imaginativa que ajudou a fornecer ao


Homem várias ideias sobre os fenómenos do mundo primitivo. Durante o percurso
mitológico ele desempenhou très funções fundamentais:

A) Função filosófica: consistia numa certa atitude de curiosidade para explicar os


fenómenos da natureza (pestes, tempestades, trovoadas, etc.);
B) Função social: em que o Homem se servia do mito para estabelecer um
conjunto de tabus dos (hábitos alimentares, convivência, o casamento, etc.),
que naquela altura tiveram um certo de norma social, e cujo fim era regular e
fazer cumprir certos costumes e tradições, para o enquadramento social do
próprio Homem, bem como para prevenção ou evitar, de certo modo, a
desarmonia social;
15

C) Função religiosa: em que o Homem primitivo utilizava o mito para atribuir


poderes, capacidade e vida a vários seres animados e inanimados do universo.
Ex: Trovões, significava fruto da fúria dos deuses.

10.b. Razão:

Para os gregos, esta, é própria do homem, que o distingue dos animais. No entanto,
não é assim tão claro que as outas criaturas não pensem.

Também elas resolvem problemas de adaptação ao seu ambiente. Mas nenhuma


parece ter chegado ao nível de desenvolvimento da capacidade de raciocínio do ser
humano.

A razão também se pode entender como a capacidade que o homem tem de encadear,
de forma teoricamente correcta, ideias abstractas ou seja de forma lógica. A
inteligência é a capacidade racional aplicada à procura de soluções para os problemas
reais que encontram na nossa existência.

De facto, ela é utilizada pela filosofia como instrumento de estudo dos fenómenos do
mundo. E tem ainda a função de coordenar o pensamento para conhecimento das
coisas.

Exercícios de aplicação:
1) Caracteriza, filosoficamente, as duas eras ( era primitiva e era moderna) que
marcam a origem histórica da filosofia.
2) Segundo a tradição grega, quem foi reconhecido como primeiro filósofo grego ?
3) Por que é que Sócrates foi considerado pelos gregos como o verdadeiro
fundador da filosofia grega? E o que entende por seu dizer: « Só sei que nada
sei»?
4) Qual foi o contributo de Pitágoras na origem etimológica da filosofia?
5) Que definição pode atribuir a filosofia, segundo o seu ponto de vista?
6) Qual é o objecto de estudo da filosofia? E diz, o que significa « totalidade das
coisas do universo»?
7) Dá um exemplo a cada tipo de procedimento do método racionativo.
8) Caracteriza cada período da evolução da filosofia grega.
9) Justifica a razão pela qual a filosofia é considerada como «mãe de todas as
ciência »?
10) De que aspectos foram caracterizados os primeiros filósofos gregos?
11) A filosofia em si cumpriu com os principais períodos da sua história, quais são?
E diz as ideias predominantes de cada um deles.
12) Que diferença existente entre atitude filosófica e atitude comum?
13) Caracteriza a natureza das questões filosóficas, com base no conhecimento do
estudo feito sobre a matéria.
14) Cita as diversas ciências auxiliares à filosofia.
16

15) Que aspectos que ligam a filosofia a outros ramos de saber?


16) A) Que diferença pode identificar entre o Mito e a Razão.
B) Quais as funções do Mito e em que consiste cada uma delas?

IIº TRIMESTRE
TEMA II :DIMENSÕES ANTROPOLÓGICA , CULTURAL E ÉTICA DO HOMEM.

A antropologia é a ciência que estuda os costumes e as tradições dos povos,


exactamente por que, sem cultura, se concluí logo traduzir inexactidão e insuficiência
do conceito humanístico. Daí que, a primeira formulação do conceito antropológico
cultural pertence a Eduard Tylor, segundo o qual a cultura é complexo unitário que
inclui o conhecimento, a crença, a arte, a moral, as leis, e todas as capacidades e
hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.

Quanto ao estudo do homem, a Antropologia filosófica é o estudo reflexivo sobre o


fenómeno humano e todas suas formas de existência, produção cultural, crenças,
costumes, valores e formas de pensar. Certas perguntas como: quem é o homem?
Como surgiu? Por que ele surgiu? Como ele age? Como deve agir? Como é composto?
(corpo e alma= dualismo do Platão), são prevalentes.

Sub-temaII.1. Natureza e essência do Homem.


Durante longo tempo, o homem esteve seguro da sua essência metafísica,
identificando-se como sendo um ser vivo, possuindo o dom da palavra. Estava certo de
que era um animal racional, um ser pensante, o dono do planeta.

Quem primeiro se inclinou estudar o homem foi Sócrates, dizia que “conhece-te a ti
mesmo”. Para Sócrates o homem era alguém que podia responder com racionalidade
a uma indagação ( investigação, pretensão de descobrir) racional. Já para seu seguidor
e aluno, Platão, o homem é alma e que, com isso, ele é imortal. Para Aristóteles,
discípulo de Platão, o homem é o animal político.

O homem, diz Scheler, possui espírito, pode amar, admirar, contemplar, enquanto que
os outros animais não despõem de nada disso. Pois estes contam com o instinto e
aquele com a razão; a esta diferença atribui-se a limitação dos outros animais.
17

Sub-temaII.2. A pessoa humana.


II. 2.1. Vínculos éticos da pessoa: amor, ódio, indiferença e sofrimento.

II.3. Problemática dos valores.

3.a. valores:

Genericamente, o valor é uma qualidade atribuída a uma coisa, a partir da avaliação ou


juízo de valor feito sobre ela. Como características , observa-se um valor atribuído a
uma coisa que pode ser positivo ou negativo.

3.b. Classificação dos valores.

Os tipos de valores seguirão uma classificação em que podemos destacar dois


exemplos: 1º. A independência de Angola em 1975. Este facto ou acontecimento tem
um valor ; neste caso, o valor corresponde à importância que o facto tem para o povo
angolano, data e acontecimento que não marca os outros povos do mundo (e pode
ver-se desde já o carácter relativo dos valores – para uns é e para outros não é); 2º.
Qual é o valor de um carro e de um avião? Aqui podemos avaliar os objectos pela sua
importância, preço ou custo, peso, qualidade, etc.

A) A primeira classificação agrupa os valores da ordem material dos objectos que


integram os valores utilitários, estéticos, simbólicos, económicos e alguns de
âmbito social, etc. Estes valores retratam as qualidades e categorias adaptáveis
à beleza dos objectos : o bonito, o feio, o sublimo, etc.
B) A segunda classificação agrupa os valores de ordem espiritual ou ideal integra
(esta ordem) os valores éticos, religiosos, etc. Já os valores éticos se prendem
às qualidades psicomorais do comportamento humano: o bem e mal, a
verdade e a falsidade, o amor e o ódio, etc.

3.c. Crise dos valores contemporâneo em Angola.

Desde 1975 que Angola se defronta com difíceis problemas relacionados com valores
morais e éticos, que se repercutiram até hoje. Nesta perspectiva, a sociedade
angolana, como outras, apresentam um estado de crise de valores. Toda esta
atmosfera que rodeia a crise provocou consequências no tecido social ( incluindo os
jovens). Nestas circunstâncias , um país perde aptidões para assegurar e proteger as
suas instituições sociais, a luz de um trabalho reflexivo.

A valoração filosófica das coisas assente na ideia de « preferência ou escolha »,


provoca, nos nossos dias, inúmeras perturbações sociais. Os mais velhos só dizem: « o
mundo de hoje está perdido ». Estimam frequentemente o seu passado e blasfemam o
comportamento dos jovens dos nossos dias.
18

Porém, tanto no passado como no presente, defende-se o bem em detrimento do mal;


a verdade em detrimento da falsidade e da mentira; do bonito em detrimento do feio;
do conhecimento em detrimento da ignorância, etc.

Os avanços da ciência e da tecnologia permitem ao Homem ostentar os seus valores,


as suas qualidades estéticas, psíquicas, morais, etc.

De um ponto de vista moderno admite-se que o campo dos valores morais ou éticos
era muito mais actuante no passado do que no presente. A consequência desta
dinâmica, da multiplicação dos valores negativos,

permite hoje observar o aperfeiçoamento da juridicidade para restituir ao povo o


respeito pela propriedade alheia, pelos princípios morais , políticos ,sociais,
culturais ,científicos, etc.

A tecnologia evolui de tal modo que algumas pessoas aproveitam o seu relativo
poderio e o carácter desarmado da moral para destruir o mundo. Por isso, vai sendo
comum em todo mundo, à luz da própria globalização, a criação de várias instituições
para controlarem tais situações, pois estando a moral desarmada no seio do povo, a
acção do direito deve medir todos os comportamentos.

Admite-se muitos valores e bons costumes se encontram deteriorados nos nossos dias.
Quais são as causas? Que moral terá um cidadão diariamente com fome? Que moral
terá um cidadão sem emprego, sem um salário compatível às exigências do mercado?
Que consciência terá o cidadão comum da protecção e preservação do bem comum
quando sabe que os seus dirigentes são os primeiros a devastarem o bem comum?

3.d. Resgate dos valores cívicos e morais em Angola.

a) A Consciência moral.

O que significa consciência moral? É a dimensão ética que avalia racionalmente as


acções ou actos humanos como bons ou maus, adequando-os à virtude ou vício. Pode
ainda ser definida como faculdade que permite ao Homem avaliar o bem e o mal no
seu comportamento.

Características ou elementos da consciência moral: todo o acto moralmente humano


apresenta-se como:

1º Sentimento de uma pessoa ou de um povo;

2º Raciocínios de um povo;

3º Normas definidas por um povo para a sua regência.

b) A moral familiar.
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Pensamos ser do vosso conhecimento que a família é a primeira e a mais valiosa


instituição social e também a mais antiga fundação do humano. O ambiente que faz
movimentar a família é constituído por um conjunto de princípios ( a lei do amor, da
solidariedade, da união, a defesa dos interesses do colectivo, etc. ), atitudes ( os seus
modos de agir positivos e negativos para a satisfação dos seus interesses, os conselhos,
a resolução dos seus problemas, os segredos, etc.), as suas tradições e seus costumes,
necessidade (alimentação, vestuário, habitação, lazeres), etc. Mas todo este
comportamento, por ser tipicamente humano, fundamenta-se em vários princípios
sociais e morais: fazer o bem e evitar o mal, amar o próximo como a si mesmo; a
harmonia, o bom ambiente no seio do grupo, etc. Que são, de certa maneira, os
modos ou formas de agir que regem a família.

Quando é que a família está em paz ? Quando é que ela age e actua com moral ? O
que permite a felicidade familiar? Estas perguntas merecem respostas resultantes da
própria experiência social:

Qual é a moral de uma família cujos membros estão desempregados? E se têm


emprego , mas o salário não consegue satisfazer as suas necessidades, qual será a sua
moral ? Parece-nos não se verificar dúvida alguma de que haverá no seio dessa família
uma crise geral de princípios e valores morais. Dai que existem duas espécies de
famílias morais:

Uma família de moral sã, moral regrada, porquanto temem sua posse a
satisfação das necessidades básicas do ser humano ;

Uma família com a moral não sã, desregrada, por causa das lesões a que está
sujeita, na qual os princípios fundamentais da moral, em razões das insatisfações
sociais, estão distorcidos.

Portanto, uma família deve ter o desejo de produzir seu excedente (um pouco mais do
que o previsto) , que gera o bem-estar , a satisfação das necessidades. Se acontecer o
contrário, a família fica toda frustrada. Uma família de consciência psicológica doentia
é, consequentemente , uma família de consciência moral desregrada.

3.e .Dimensão ético-política dos valores.

No entanto, falar de ética e política é acentuar a importância da educação para os


valores de união de uma nação, para a cidadania, para os valores cívicos como a
tolerância, a solidariedade, o amor aos símbolos nacionais ,etc., que devem ser
observados numa sociedade democrática.

Em filosofia, a ética tem o papel de, através do estudo que propõe, ajudar as pessoas
a melhorar saberem conviver entre si, a procurar , no fundo , do bem para as pessoas
e para a sociedade. O bem da pessoa como da sociedade não é absoluto, porém deve-
se tentar encontrar um equilíbrio em que o bem da pessoa e da sociedade não sejam
sacrificados, mas coabitem.
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Fazer justiça significa também compreender as contradições ou interesses contrários e


superá-los , ou seja, harmonizá-los com o interesse comum.

3.f. Ética, Estado e Direito

1) A Ética:
A palavra « ética » foi introduzida nas ciências a partir dos estudos filosófico-científicos
de Aristóteles, nos seus três tratados morais do corpus aristotélico. Desde logo, a
palavra tem uma origem grega, e trata de hábitos ou costumes. Enquanto ciência,
estuda os hábitos, costumes, comportamentos, etc. Afim de estabelecer leis ou
normas que regulam actos dentro de uma sociedade humana.

2)O Estado e a sua origem.


Estudar o Estado e a sua origem obriga-nos a compreender dois momentos distintos.

As modernas teorias filosófico-políticas, bem como as jurídico-sociais e antropológicas


fazem referências à origem e à utilização do conceito de Estado como a criação do
pensamento jurídico-político das modernas sociedades, a quanto da separação ou
passagem das direcções do poder monárquico (monarquia: poder autoritário ou
absolutista) para um poder político caracterizado pela limitação do exercício desta
faculdade política.

O que é e quem é o Estado?

O termo é moderno e tem como autor, Maquiavel, e a sua definição varia de autor
para outro. Todavia, pode-se definir, de uma maneira geral, como conjunto de pessoas
que formam um povo fixado num território, capaz de instituir a sua autoridade própria
para prosseguir interesses do colectivo. Logo, o Estado somos todos nós, que em
conjunto formamos um poder forte e invencível. Nesta definição do Estado, observam-
se três elementos indispensáveis : povo, território e poder próprio.

Os fins do Estado ou do colectivo estatual visam garantir a segurança, a justiça e o


bem-estar da sociedade.

Sistemas políticos: esta palavra é, de igual modo, grega, derivando do termo


« polis » ou «politique » quer dizer cidade-estado(cidade-capital ).

Podem ser os modos como o Estado organiza o poder. Genericamente tem-se seguido
a classificação de sistemas políticos por Aristóteles :

1º. Despotismo oriental ou monarquia: é um tipo de poder que se assenta no


comando de um só chefe máximo, tido como absolutista, por considerar-se ter um
poder de origem divina, e por isso o povo dever-lhe obediência absoluta.
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Ex. Luís XIV, um monarca francês que considerava que ser rei não era sorte de
qualquer , antes era uma vontade de Deus . Sendo assim , um rei é um Deus da Terra,
seu representante diante do povo, daí a ideia de poder divino dos reis.

2º. Aristocracia (oligarquia): é o governo de um pequeno número de homens, cujo fim


é interesse colectivo da sociedade, a minoria julgada nobre, virtuosa e conhecedora da
ciência política dirige por todos.

3º.Democracia: do grego, demo quer dizer povo e cracia significa poder, é de facto
sistema político cujo poder é uma soberania do povo. Vem do povo que livremente
pode escolher os seus representantes através dos princípios da liberdade, da razão e
da vontade.

Formas de Estado:
Existem até agora duas formas de Estado:

1º. O Estado unitário: que é aquele que se encontra unido por uma única constituição,
cujo poder está centralizado na cidade-estado ou na capital, que toma as decisões
chaves da política nacional.

2º O Estado composto ou complexo: em que se verifica mais de uma


constituição( uma é a constituição federal e a outra é a constituição federada, onde a
constituição do Estado federado depende e não deve violar os princípios constantes na
constituição federal ); aqui há descentralização rigorosa do poder, por que a decisão
de determinados problemas de um Estado federado não dependem do aval do
presidente, por ex., os Estados Unidos da América.

Tipos de Governos:
O mundo moderno faz o seu exercício político sobre três tipos de governos, que
utilizam no seu interior certos sistemas políticos, como é o caso da democracia:

1º. Parlamentarismo britânico: mostra a prevalência do parlamento sobre o


executivo, isto é, o parlamento é soberano nas suas decisões em relação ao governo; o
governo depende do parlamento e a ela presta contas pelos seus actos políticos; aqui,
o parlamento aparece como um tribunal, por que julga os actos do chefe do executivo
e do presidente se é que existe.

2º Presidencialismo americano: neste, o presidente tem um poder soberano, por isso,


o parlamento , o Congresso americano não julgará o presidente, nisto, o parlamento
não pode destituir o presidente nem o presidente dissolverá o parlamento.
22

3º. Semipresidencialismo francês: em certos aspectos seguidos por Angola, é um


sistema em que o presidente exerce funções presidenciais e executivas, pois existe um
chefe do governo, mas o presidente dirige o Conselho de Ministros. O presidente não
responde perante o parlamento e pode dissolvê-lo. A característica peculiar deste
sistema de governo é a ideia da coabitação política entre o presidente e o 1º ministro,

em certas situações , o presidente da república actua como 1º ministro .

3) Direito: Nos nossos dias, a dignidade da pessoa humana exige dos teóricos e dos
políticos uma grande ponderação que culmina ,no fundo, na ideia da preservação
perpetuação do género humano. No passado, o Homem se enfrentava com as
ditaduras políticas, o tráfico de escravos, a exploração dos salariados, o desprezo da
mão-de-obra humana em prol da revolução industrial, etc.

Hoje, vai tendo cada vez mais aderência a ideia da dignidade da pessoa humana. Para
melhor entendermos o que significa Direito e depois ,direitos humanos.

A palavra direito, constituída hoje por um vasto campo de estudos científicos de


jurisprudência para os estudantes das faculdades de direito de todo mundo, deriva do
latim, do termo directum, que quer dizer : aquilo que está recto ao contrário do torto.
Nestes termos, a palavra direito não se esgota apenas no aspecto subjectivo ou
objectivo do agir humano, mas sim na sua abrangência. Por isso, define-se
genericamente o direito como um conjunto de princípios , leis ou normas vigentes
num Estado para regularem as relações sociais bem como as condutas das pessoas
em relação às coisas.

Direitos humanos : A palavra,« Humano» também deriva do latim, através


de um movimento filosófico do renascimento conhecido por humanismo, o qual
considera e defende o fundamento da natureza humana.

Durante muito tempo, a história resultou o papel do cristianismo na defesa dos


direitos humanos. O ideal do evangelho de Cristo fez ver que a ideia de religião é
universal e que por isso abrange o mundo inteiro. Desenvolvido no século XVIII, na
Europa, o Iluminismo caracterizou –se pela sua crítica às autoridades políticas e
religiosas com vista à afirmação das liberdades, a confiança na razão e ao progresso
científico como meios para atingir a felicidade humana.

As consequências das várias ideias por estes movimentos provocaram, de entre vários
efeitos sociais, culturais, científicos e político-jurídicos, a libertação e independência
dos Estados Unidos da América, que declara pela primeira vez na sua constituição a
subordinação da nação americana aos princípios universais, em 1776. Seguiu-se a
23

França que, através da sua revolução de 1789, permitiu constituir um documento


conhecido por Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Os direitos humanos são um conjunto de princípios ou leis universais e fundamentais


que protegem e garantem a dignidade humana. O carácter de princípios universais e
fundamentais dimana do facto de nascerem, crescerem, desenvolverem-se e
permanecerem com todos os homens de todos os povos. Eles (direitos) devem ser
afirmados, protegidos, defendidos, aplicados e praticados por todos; não apenas cabe
às autoridades do Estado.

Os princípios fundamentais dos direitos do Homem integram sobretudo o direito


supremo à vida, o direito à liberdade, à propriedade, à tolerância, à emigração, ao
emprego e à remuneração pelo trabalho feito, o direito à paz, à educação ou ensino,
etc.

Exercícios de aplicação:
1) O que entende por antropologia?
2) Quem é o homem?
3) Classifica os valores e dá um exemplo a cada um deles.
4) Quais as causas devastadoras dos valores éticos e morais em Angola?
5) O que é necessário para o resgate dos valores éticos e morais no nosso país?
6) O que significa consciência moral?
7) Em que sentido a filosofia intervém na consciencialização dos cidadãos, quanto
à dimensão ético-política dos valores?
8) O que é , e quem é o Estado?
9) Segundo Aristóteles, quantos tipos de sistema político existem?
10) Quais são as formas de Estados que existem, e caracteriza-os.
11) Existe quantos tipos de governos e quais suas ideias fundamentais?
12) O que é um direito e como definir direitos humanos?

IIIº TRIMESTRE
TEMA III : TEORIA DO CONHECIMENTO.

Até agora, nos questionamos acerca das matérias que são objecto do nosso
conhecimento. Agora, a questão é o próprio conhecimento em si mesmo.

Que significa conhecer?

O que é que podemos realmente conhecer?

Donde vem o conhecimento?

Como cheguei a conhecer o que penso que conheço?


24

Como posso aumentar e/ou melhorar os meus conhecimentos?

Estas são algumas das questões que vamos responder ao longo desta unidade.

Subtema III.1. A Estrutura do acto de conhecimento.

Antes, convém lembrar a origem etimológica da palavra conhecer : deriva do latim

« cognoscere », que significa captação conjunta, isto é uma reunião de dados numa
representação ou uma compreensão desses dados.

De acordo com este sentido etimológico, conhecer significa representar, isto é ter
presente na mente um certo objecto de pensamento. A nossa mente funcionaria de
um modo análogo a um espelho, na qual a realidade aparece sob forma de uma
imagem mental que representa ou está ali em vez ou em nome do objecto. O
conhecimento seria, portanto, uma organização dos dados ou informações que os
nossos sentidos apreendem do mundo exterior ou interior.

1.a. Os Elementos Constituintes do Acto de Conhecer.

Em todo o conhecimento, um «cognoscente (sujeito)» e um « cognoscível


(objecto) » encontram-se face a face. A relação que existe entre os dois é próprio
conhecimento. São opostos naturalmente, mas estão ligados um ao outro por uma
estreita relação, pois condicionam-se reciprocamente.
A função do sujeito consiste apreender o objecto, e a do objecto em poder ser
apreendido pelo sujeito.
O sujeito não pode captar o objecto sem sair de si (sem se transcender); mas não
pode ter consciência do que é apreendido sem entrar em si, isto é, sem se
encontrar na sua própria esfera. O facto de que o sujeito saia de si para apreender
o objecto não muda nada neste.
O objecto não é modificado pelo sujeito, mas sim sujeito pelo objecto.
Apenas, no sujeito alguma coisa se transformou pelo acto do conhecimento. No
objecto, nada de novo foi criado; mas, no sujeito, nasce a consciência do objecto
com o seu conteúdo, a imagem do objecto.

1.b. Etapas ou momentos do conhecimento.

O processo do conhecimento envolve vários elementos e desenrola-se em diversas


etapas:
a sensação, a percepção e a elaboração racional dos dados perceptivos.

a) Sensação: conhecer exige uma fonte de dados. Qual é esta fonte? São os
sentidos ou a sensação.
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A sensação consiste em transmissão de um sinal sob forma de um influxo o nervoso,


desde o órgão sensorial até ao centro de recepção e de descodificação desse sinal
(espinal medula ou cérebro), por isso a sensação liga o organismo com o meio, através
dos órgãos sensórias.

Os órgãos sensoriais externos são os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua e a pele,


correspondentes a cinco sentidos: visão, audição, olfacto, gosto, e tacto. Cada órgão
dos sentidos recebe diferentes estímulos.

Em conclusão, a sensação é a via através da qual entramos em contacto com o mundo,


por isso, é a fonte das informações que nos chegam acerca do que se passa à nossa
volta ou dentro de nós.

b) Percepção :
A sensação nos transmite dados isolados das características dos objectos. Por
exemplo, quando olhamos uma laranja, a nossa mente reconhece o objecto
como sendo redondo, doce, rugoso, etc. Todas essas características que
surgem na nossa mente não são apenas informações fornecidas pelos
estímulos visuais . Mas quando a vemos reunimos uma série de dados. Esta
reunião e interpretação dos dados ou informações sensoriais é aquilo a que
chamamos Percepção.

A sensação é a base da percepção, esta é o processo de interpretação e organização


desses dados imediatos, de modo a constituir uma representação imagética do
objecto.

Concluímos que a percepção depende dos estímulos que activam os nossos órgãos dos
sentidos.

1.c. O racionalismo:
Esta corrente é de ordem epistemológica e afirma a predominação da razão
humana. Segundo René Descartes (filósofo francês, pai do racionalismo), a razão é
capaz de conhecer e de estabelecer a verdade.

Platão e Aristóteles dedicaram grande parte da sua reflexão às questões do


conhecimento, mas foi na época moderna, nos séculos XVII e XVIII, que filósofos
como Descartes (1596-1650), John Locke (1632-1704), David Hume(1711-1776) e
Kant (1724-1804).
Os racionalistas, como Descartes, começam por questionar e examinar a validade
do conhecimento que temos do mundo. Perguntam acerca da sua origem ou
fundamento; têm pretensão de encontrar conhecimento verdadeiro e não apenas
provável.

1.d. O empirismo:
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Face ao problema da origem do conhecimento, podemos perguntar: de onde é


que tiramos as nossas ideias e opiniões acerca do mundo?
A resposta do filósofo empirista David Hume é que todas as nossas ideias
provêm da experiência, isto é, do conjunto das sensações ou das impressões.

Assim sendo, o princípio básico do empirismo é que as nossas ideias e opiniões


acerca da realidade provêm dos sentidos.
Em conclusão, ao contrário do racionalismo, o empirismo tem uma atitude
filosófica segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência. Significa
que tem uma origem sensorial; não existe nada na nossa mente que não tenha
primeiro passado pelos sentidos.

Exercícios de aplicação:
1) O que pode-se entender por conhecer?
2) Quais são os elementos constituintes do acto de conhecimento?
3) Traça as etapas necessárias do conhecimentos.
4) Dá alguns exemplos dos filósofos racionalistas que conhece, e qual é a ideia
básica do racionalismo?
5) Que diferença pode notar entre o racionalismo e o empirismo.

BIBLIOGRAFIA
1) Rafael Lando Lau: O ROSTO DA FILOSOFIA, Lda 2008.
2) Fátima Alves, José Arêdes, José Carvalho :705 AZUL. Filosofia 11º
ano, LISBOA 2006. 1ª edição.
3) Fátima Alves, José Arêdes, José Carvalho: Mini-Dicionário de Filosofia
11ºano.
4) Marilena Chavi: Filosofia, Série Novo ensino médio, volume único,
São Paulo 2001
5) Louis MPALA MBABULA, FILOSOPHIE POUR TOUS( Filosofia para
todos), Departamento de filosofia, Universidade de Lubumbashi,
2003.
6) K. POPPER, Em Busca & um Mundo melhor, trad. Port.,Lisboa, Ed.
Fragmentos, 1989.

ÍNDICE
Introdução........................................................................................................................1

Iº TRIMESTRE:
27

Tema I :Emergência da filosofia................................................................................1

Subtema I.1. Origem histórica da filosofia......................................................................1

Subtema I.1.a. Origem etimológica.................................................................................3

Subtema I.1.b. Possíveis definições da filosofia..............................................................3

Subtema I.2. Objecto, Método e Função da filosofia......................................................3

2.a. Objecto de estudo da filosofia................................................................3

2.b. Método e Procedimentos ( a dedução e a indução )..............................4

2.c. Função da filosofia...................................................................................4

Subtema I.3. Evolução ou Desenvolvimento da filosofia grega.......................................4

3.a. Período cosmológico ou naturalista.......................................................5

3.b. Período antropológico ou moral.............................................................5

3.c. Período ontológico ou


sistemático..........................................................6

3.d. Período helenísco-romano ou greco-romano........................................6

Subtema I.4. Principais períodos da história da filosofia................................................7

4.a. Filosofia antiga(do séc. VI a. C. Ao séc. VI d. C.)......................................7

4.b. Filosofia patrística(do séc. I ao séc. VII d.C.)...........................................7

4.c. Filosofia medieval (do séc. VIII ao séc. XIV d.C.).......................................7

4.d. Filosofia da Renascença (do séc. XIV ao séc. XVI).....................................7

4.e. Filosofia moderna (do séc. XVII a meados do séc. XVIII)..........................

4.f. Filosofia da Ilustração ou Iluminismo(meados do séc. XVIII ao começo do


séc. XIX)............................................................................................................................7

4.g. Filosofia contemporânea(meados do séc. XIX aos nossos dias)..............7

Subtema I.5. Os pré-Scráticos.........................................................................................8

5.a. Tales de Mileto.......................................................................................8

5.b. Anaximandro.........................................................................................8

5.c. Anaxímenes..............................................................................................8

5.d. Paraménides.............................................................................................9
28

5.e. Heraclito.....................................................................................................9

Subtema I.6. Atitude filosofia versus filosofia atitude natural......................................10

6.a. O
espanto...............................................................................................10

6.b. A dúvida.................................................................................................11

6.c. O rigor....................................................................................................11

6.d. A insatisfação.........................................................................................11

Subtema I.7. Natureza das questões filosóficas ...........................................................11

Subtema I.8. Divisões da filosofia..................................................................................12

8.a. Metafísica..............................................................................................13

8.b. Epistemlogia...........................................................................................13

8.c. Lógica......................................................................................................13

8.d. Ética ou filosofia moral............................................................................13

8.e. Filosofia política........................................................................................13

8.f. Estética......................................................................................................14

Subtema I.9. Relação de filosofia com outras ciências..................................................14

Subtema I.10. O Mito e a Razão....................................................................................15

10.a. O Mito e suas


funções.........................................................................15

10.b. A Razão...............................................................................................15

IIº TRIMESTRE:

Tema II: Dimensões antropológica, Cultural e Ética do homem ................18


Subtema II.1. Natureza e essência do homem..............................................................18

Subtema II.2. A Pessoa humana....................................................................................18

Subtema II.3. Problemática dos valores........................................................................18

3.a. Definição dos valores............................................................................18

3.b. Classificação dos valores.........................................................................19


29

3.c. Crise dos valores contemporânea em


Angola...........................................19

3.d. Regate dos valores cívicos e morais em Angola......................................20

3.e. Dimensão ético-política dos valores........................................................21

3.f. Ética, Estado e Direito...............................................................................21

1º. Ética.....................................................................................................21

2º. O Estado e a sua origem......................................................................22

Sistemas políticos.........................................................................22

Formas de Estado.......................................................................24

Tipos de governo.........................................................................24

3º. Direitos humanos..................................................................................24

IIIº TRIMESTRE:

Tema III: Teoria do conhecimento:....................................................................26


Subtema III.1. A estrutura do acto de conhecimento................................................26

1.a. Os elementos constituintes do acto de conhecer............................26

1.b. Etapas ou momentos do conhecimento............................................27

1.c. O raciocínio........................................................................................28

1.d. O empirismo........................................................................................28

BIBLIOGRAFIA:..............................................................................................

Liceu nº 192.

Prof: OLÍVIO MAURO VENDA

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