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O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

Dani Bruno Jose Duvane1

Introdução
A comunicação organizacional é uma área predominantemente da comunicação ou do estudo das
organizações, sendo que a literatura existente sobre o assunto enfatiza a comunicação como um
elemento catalisador para um bom funcionamento da organização e a respectiva consecução de
seus objectivos.

Assim, o presente trabalho subscrito sob o tema Comunicação Organizacional, analisa o processo
comunicativo nas organizações, explorando os contextos privilegiados para os intervenientes
trocarem informações, os meios e canais aos quais eles se socorrem para tal, arrolando as
possíveis barreiras que este processo de troca de informações enfrenta, e avaliando os
mecanismos de feedback deste processo.

No que diz respeito a metodologia o nosso trabalho enquadra-se numa pesquisa bibliográfica,
pois fizemos leitura e busca de informação em artigos, livros, dissertações, bem como na net.

O trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: no capítulo I temos a introdução,


onde apresentamos a problemática que se pretende levantar, de como ocorre o processo
comunicativo nas organizações, dai que posteriormente apresentamos o objectivo que
pretendemos alcançar com a realização do mesmo.

No capítulo II, fazemos uma breve revisão da literatura com o objectivo de nos informar sobre o
estado da arte, sendo que exploramos o contexto histórico do surgimento da comunicação,
os modelos de comunicação e algumas pesquisas empíricas sobre a comunicação organizacional.

Por fim, apresentamos as conclusões a que chegamos ao concluir o trabalho e as recomendações


para estudos posteriores, dado que o nosso não abrangeu, nem pretendia abranger todos
fenómenos possíveis da comunicação organizacional.

1
Liceniado em AdmistraÇão e Gestão da EducaÇão pela Universidade Pedagógica. Mestrando em Avaliação
Educacional pela Universidade Prdagógica de Maputo.
1

Objectivos

Geral
 Analisar como ocorre o processo de comunicação nas organizações

Específicos
 Descrever as circunstâncias e os contextos em que a comunicação ocorre nas
organizações;
 Identificar as formas de expressão e os canais usados nas organizações no processo da
comunicação interna;
 Explicar as possíveis dificuldades/barreiras que os membros enfrentam no processo de
comunicação interna.

CAPITULO I: REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Evolução Histórica da Comunicação


O entendimento compartilhado sobre a actuação da comunicação no ambiente organizacional foi
construído a partir da Revolução Industrial, no final do século XVIII. A Propaganda, as Relações
Públicas e o Jornalismo Empresarial foram áreas que nasceram com o crescimento da
concorrência entre as empresas (Kunsch: 2003).

Factores como a ampliação das fábricas, a segmentação de ofertas de produtos e a evolução da


complexidade dos negócios foram responsáveis pelo nascimento dos primeiros veículos
institucionais. A administração central ficou distante do chão de fábrica e houve a necessidade
então de aproximar os funcionários.

Nessa perspectiva, surgiu o Jornalismo Empresarial, destinado a aproximar o patrão do


empregado por meio de impressos - jornais e revistas. O produto precursor dos jornais de
empresas foi o Lloyd’s List, veiculado em 1696, na Inglaterra (Rego: 1984), mais de um
século anterior à Revolução Industrial trazia notícias sobre navegação. Todavia, um dos
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primeiros periódicos nos moldes vingentes, voltado para o público interno, foi o The
Triphammer, criado pela Massey Harris Cox, em 1885, nos Estados Unidos (Rego: 1984).

A comunicação é um processo inerente às organizações, contudo existem diversas maneiras de


trabalhá-la a fim de obter resultados positivos. A história da comunicação organizacional
aponta a evolução do posicionamento da área nas instituições. A princípio, a comunicação era
basicamente instrumental, com o objectivo fim de informar um público desejado. Algumas
organizações ainda não superaram essa visão limitada e insistem em desvalorizar a área,
tratando-a como elemento supérfluo, alvo comum quando é preciso enxugar os custos (Torquato:
2010).

1.2 Quadro Conceptual


Como forma de fornecer uma conceituação básica, sob a qual construímos o nosso estudo,
apresentamos este subcapítulo, que consiste em detalhar de que forma foram construídos
e devem ser percebidos os conceitos-chave do estudo.

São aqui apresentados quatro conceitos centrais a saber: comunicação; organização;


comunicação organizacional e por fim comunicação interna.

 Comunicação

Depois de consultar o conceito de comunicação em Sousa (2006), que o define como o acto de
relacionar seres conscientes, e tornar algo em comum entre eles, seja ela uma experiência, uma
informação, uma sensação, uma emoção, experiência e mais.

Alves (2009), afirma que comunicação é a síntese entre a informação e a mensagem definimos
nosso conceito de comunicação como sendo: Processo de troca de informação, por meio de
uma mensagem, que é codificada e veiculada através de um meio comunicacional,
ocorrendo em um contexto físico específico e que influencia o processo criando alguns
efeitos nos seus intervenientes e que se torna possível pelo facto destes intervenientes
compartilharem de experiências comuns sobre o fenómeno em questão nesse processo
comunicativo.

 Organização
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No entanto, no âmbito social, uma organização é tida como um agrupamento humano


intencionalmente construída e reconstruída, a fim de se atingirem objectivos específicos, não
sendo portanto uma unidade pronta e acabada, mas sim um organismo social, vivo e sujeito a
mudanças (Teixeira: 2005).

Uma organização pode ainda ser considerada como uma unidade social conscientemente
coordenada, composta de duas ou mais pessoas, que funciona de maneira relativamente
contínua, para atingir um objectivo comum (Robbins: 2002).

De um modo geral, qualquer organização pode ser vista como uma forma de disposição
de um determinado sistema para atingir os resultados pretendidos.

 Comunicação Organizacional

Teixeira (2005), entende comunicação organizacional como o processo de troca de informações,


por meio de mensagens, envolvendo grupos relativamente extensos, organizados em prol de um
objectivo, com diferentes intervenientes sejam eles internos assim como externos à organização.

1.3 O Papel da Comunicação nas Organizações


Chiavenato (2009:128) afirma que as experiências sobre liderança permitiram concentrar a
atenção nas oportunidades de ouvir e aprender em reuniões de grupo e avaliar os problemas das
comunicações entre grupos nas empresas. Identificou-se a necessidade de elevar a competência
dos administradores por meio do relacionamento interpessoal, no sentido de adquirir em
condições de ultrapassarem os problemas de comunicação humana e de adquirir em confiança e
franqueza no seu relacionamento humano.

Apesar de a comunicação constituir uma das habilidades humanas que dalgum modo possibilita a
o desenvolvimento dos Homens, verifica-se demasiadas vezes a grande dificuldades que os
indivíduos têm de transmitir os seus sentimentos, este que é um facto que pode constituir um
impasse para a vida harmoniosa dentro das organizações.

Segundo Oliveira (2010:149), comunicação é o processo interactivo e de entendimento,


assimilação e operacionalização de uma mensagem-dado, informação, ordem – entre o emissor e
o receptor por um canal, em determinado momento, e visando a um objectivo específico da
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organização, enquanto que, para Gil (1994:32), comunicar-se constitui habilidade requerida de
todos os profissionais que exercem funções gerenciais, principalmente dos profissionais de
recursos humanos, pois, na maioria das actividades que exercem, necessitam exprimir-se
oralmente ou comunicar-se com uma ou mais pessoas.

Para Churchill Junior & Peter (2012) “ comunicação é a transmissão de uma mensagem de um
emissor para um receptor, de modo que ambos a entendam da mesma maneira. Dessa
forma, um anuncio impresso, um cupom, um spot de rádio, um comercial de televisão ou
qualquer comunicação de marketing devem transmitir claramente o significado pretendido.”

A comunicação é um processo que em o emissor transmite uma informação a um receptor e pode


se afirmar que de facto houve a comunicação quando esta se efectiva, ou seja, quando o receptor
entende qual é o espírito da mensagem que lhe foi transmitido. Daí que vem a necessidade de se
fazer uma exacta distinção do que é comunicar e informar. Informar seria o simples facto de o
emissor dar a informação ao receptor.

Para Robbins (2005:276), a comunicação funciona em quatro áreas básicas de uma organização.
São elas: controle, motivação, expressão emocional e informação. Ele afirma ainda que nenhuma
dessas funções é mais importante do que as outras, visto que elas se completam e são necessárias
em conjunto para que ocorra uma comunicação eficaz dentro da organização.

Rocha (2013) afirma que Chester Barnard (1938) foi o primeiro teórico das organizações a
referir-se à importância da comunicação. Mas só cerca de 30 anos mais tarde é que renasce a
importância dada à comunicação como a essência da organização.

A forma de comunicação reflecte o tipo de estrutura organizacional e, por sua vez, a


comunicação tem uma influência significativa na estrutura e no seu funcionamento. Por outro
lado, quanto maior e mais complexa for a organização, maioria necessidade de integração; e a
comunicação é um poderoso mecanismo para conseguir a integração e a coordenação (Rocha,
2013).
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1.4 Comunicação Interna

Por comunicação interna se entende um sistema de informação paralela, e não substituto do fluxo
comunicativo funcional, que circula por uma organização e é necessário para o seu
desenvolvimento” (Kunsch, 2006).

A comunicação interna possibilita a coesão interna, proporciona condições para que a


informação passe por todos os colaboradores da organização, mobiliza todos os segmentos
organizacionais para uma cultura de diálogo constante e a participação e viabiliza as redes de
comunicação organizacional.

Segundo Rocha (2013), o primeiro a reconhecer a importância da comunicação interna dentro


das organizações foi o sociólogo australiano Elton Mayoque, na primeira metade do século XX,
demonstrou a necessidade da humanização dos funcionários dentro das empresas. Para Mayo os
funcionários produzem mais e melhor quando são ouvidos, considerados e respeitados pelas
organizações. Também quando estas lhes proporcionam ambientes de trabalho desafiadores,
onde existam sentimentos de equipe.

Segundo Rocha (2013), a comunicação interna é o conjunto de mensagens transmitidas pelos


membros da organização e visa:

- Informar sobre os objectivos da organização, difundindo em toda a organização as principais


mensagens, temas e notícias de interesse geral relacionados com os objectivos prosseguidos com
a organização;

- Motivar os membros da organização, já que a existência da comunicação bem estruturada


ajuda à satisfação dos seus membros;

- Ajuda na tomada de decisão, porquanto a tomada de decisão supõe informação;

- Facilita a mudança organizacional, difundindo novos valores;

- Proporciona e cria as condições para uma boa imagem externa à organização.

Segundo Robbins (2005), o comunicador de uma organização deve apresentar seis características
básicas. São elas: profundo conhecimento do negócio da empresa onde trabalha; bom
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relacionamento com as lideranças representativas da empresa; ética; pensamento estratégico bem


desenvolvido; capacidade de leitura e interpretação de cenários; ter traços bem definidos de
liderança.

Franca e Leite (2007), afirmam que os primeiros jornais, boletins, murais, festas de
confraternização, informativos foram desenvolvidos pela área de Recursos Humanos, com o
objectivo de atender e responder às expectativas e dúvidas dos funcionários. Este que foi um dos
passos mais importantes que se deu com vista ao desenvolvimento humanos no seio das
organizações, o que possibilitava o contacto frequente entre os colaboradores e os seus
responsáveis para alem de ser um modo de integra-los, directa ou indirectamente, fazendo com
que estes fossem parte da organização a todos os níveis.

Vale ressalvar que esta iniciativa não teve o seu total sucesso, uma vez que este sector registou
algumas dificuldades em satisfazer as necessidades do pessoal. Segundo Franca e Leite (2007),
os principais factores que impediram o êxito desse sector na área de comunicação foram:

a) A falta de preparo dos profissionais de Recursos Humanos, que na maioria das vezes
improvisavam formas de comunicação;
b) A falta de planeamento ordenado, consistente e estratégico de comunicação;
c) O foco apenas no cumprimento rigoroso dos procedimentos e da legislação trabalhista,
tornando a comunicação fria e legalista;
d) A falta de preparo para tratamento editorial da comunicação, um exemplo é a criação de
pecas que não conseguem transmitir a mensagem desejada, seja por elementos visuais ou
por textos pouco atractivos.

De modo a fazer face a essa problemática, o sector de Recursos Humanos optou em trazer a
organização, por via dos comunicadores, novos métodos capazes de responder aquilo que eram
as suas expectativas a nível interno de modo a proporcionar um clima organizacional agradável.

1.5 Comunicação Externa


Para Rocha (2013) as organizações púbicas são extremamente permeáveis e, por várias razoes,
têm que comunicar com o exterior. Em resumo, as organizações públicas comunicam com o
sistema político procurando dar uma imagem de idoneidade responsabilidade em ordem a obter
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mais dinheiro do orçamento; e por outro lado, comunicam com os cidadãos a quem prestam
serviços. Por isso, para além, de institucionalizarem formas de relações públicas, têm de
preocupar-se com os gostos dos cidadãos, consumidores dos serviços públicos, o mesmo é dizer,
têm que adoptar uma estratégia de qualidade.

Indo mais além, Rocha diz que a ideia é que deve ser o cidadão a avaliar as organizações
públicas. Mas para isso, torna-se necessário estabelecer um sistema de comunicação que permita
uma adequada avaliação. Este processo tem-se tornado possível através adopção de instrumentos
concretos como os livros reclamações e as cartas de qualidade. Alem disso, torna-se cada vez
mais frequente a certificação de instituições públicas e o uso de formas sistemáticas de avaliação
de qualidade com base na adaptação do modelo europeu de excelência à Administração Pública.

1.6 Barreiras/dificuldades na comunicação


É certo que, por que envide muitos esforços no seio da estrutura organizacional com vista à
eficácia da comunicação, poderão haver barreiras ou dificuldades para o efeito. Nesta temática,
do ponto de vista de Chiavenato (2009), os principais problemas da comunicação são: omissão,
distorção e sobrecarga. A omissão é um processo que consiste na transmissão da informação com
dados incompletos. Enquanto na distorção a informação não é percebida por factores que
impedem a sua boa transmissão. No entanto, a sobrecarga ocorre quando a informação
transmitida por um canal fica saturada no acto da transmissão.

Do ponto de vista de Gil (2007:73), pode se considerar os seguintes constrangimentos para o


processo de uma comunicação corrente:

1. Os ruídos na comunicação
2. Ruídos decorrentes do emissor
a) Falta de clareza nas ideias
b) Comunicação Múltipla
c) Problemas de codificação
d) Bloqueio Emocional
e) Hábitos de locução
f) Suposição acerca do receptor
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3. Ruídos decorrentes do receptor


a) Audição selectiva
b) Desinteresse
c) Avaliação prematura
d) Preocupação com a resposta
e) Crenças e atitudes
f) Reacção ao emissor
g) Preconceitos e estereótipos
h) Experiencias anteriores
i) Atribuição de intenções
j) Comportamento defensivo

1.7 Modelos de Comunicação


 Modelo Retórico de Aristóteles

Este modelo mostra o quanto a comunicação se apresenta como um fenómeno milenar. Segundo
Sousa, (2006, p. 78) este foi desenvolvido pelo filósofo Aristóteles, no século IV a.C., na sua
obra Arte Retórica. Para este filósofo, para se estudar, compreender e cultivar a retórica deve-se
socorrer ao acto comunicativo, porém prestando atenção a três critérios que a constituem:
emissor, e mensagem, e receptor, isto é a pessoa que fala, o discurso que faz e por fim a pessoa
que ouve. Iniciava-se assim, a ideia de modelos de comunicação que vieram a ser desenvolvidos
posteriormente por teóricos da comunicação, conforme veremos alguns a seguir.

 Modelo (ou Paradigma) de Lasswel 1948

Este modelo é datado de 1948, e é da autoria de Harold Lassweell. Este modelo é considerado o
segundo modelo do processo de comunicação que pode ser encontrado na história
(provavelmente depois do de Aristóteles). A sua aparição situa-se na fase de transição entre as
primeiras teorias sobre a comunicação social. Ele superou o modelo de Aristóteles ao introduzir
mais dois aspectos no processo de comunicação: o canal e os efeitos. Assim, o modelo
de Lassweell (1948) é composto por emissor, mensagem, canal, emissor, e os efeitos. Este
modelo, foi pensado para a descrição da comunicação mediada através dos meios de
comunicação de massas e ele sugeria que os efeitos da comunicação ocorriam somente do lado
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do receptor da mensagem e a iniciativa de comunicar era sempre do emissor, porém essa visão
seja contestada, pois que um acto comunicativo não tem inicio bem definido e emissores
e receptores se influenciam mutuamente. Sousa, (2006, p. 78-79)

 Modelo de Shanon e Weaver (1949)

Este surge um ano mais tarde em relação ao modelo de Lassweell, e foi criado pelo matemático
Claude Shanon e pelo engenheiro Warren Weaver. O modelo de Shanon e Weaver
(comummente chamado) tinha como função o estudo da comunicação electrónica, porém
ele pode ser aplicado no estudo de outras formas de comunicação. Segundo este modelo,
a comunicação compreende o seguinte processo: a fonte de informação elabora e envia uma
mensagem; a mensagem chega a um transmissor, que transforma a mensagem num sinal. O sinal
pode estar sujeito a ruído (interferências). Por esta razão, o sinal emitido pode ser diferente do
sinal captado pelo receptor. O receptor capta o sinal e fá-lo retornar à forma inicial da
mensagem, de maneira a que esta possa ser percepcionada e compreendida pelo receptor (Sousa,

2006).

Se prestarmos a atenção, observamos que este modelo acrescenta três novos elementos no
processo de comunicação a saber: o sinal, ruído, e o sinal captado. É importante deixar claro que
este modelo, apesar de acrescentar novos elementos no processo de comunicação, ele apresenta
algumas lacunas que não serão discutidas aqui, pois isso não interfere na consecução dos
objectivos deste capítulo.

 Modelo de Newcomb (1953)

O modelo de Newcomb, surgido em 1953, é o primeiro a introduzir o papel da


comunicação numa sociedade, num grupo ou numa relação social. Este modelo, por surgir do
interaccionismosimbólico pressupõe ou engloba apenas a comunicação interpessoal, daí que para
a sua aplicação torna-se necessário preencher os seguintes requisitos: a comunicação
desenvolvida entre os intervenientes é interpessoal; os intervenientes se encontram em
associação continuada; e por fim, um dos intervenientes desencadeia de forma intencional a
comunicação e obtém feedback do outro (Sousa, 2006).
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Para este modelo, para que haja comunicação é necessário três elementos apenas: dois
interlocutores e um terceiro não bem especificado, o que torna difícil saber quais são os
elementos comunicativos que este modelo traz de novo.

 Modelo de Schramm (1954)

Este autor apresentou dois modelos de comunicação, onde no primeiro, derivado do modelo de
Shanon e Weaver, apresentou uma relação linear entre a fonte e o destino, porém
Schramm (1954) entra em consideração com a noção de codificador e de descodificador e com a
ideia de que o processo de codificação/descodificação depende das experiencias do
codificador e descodificador. Assim, Shramm associou ao emissor a função de codificador, isto
é, aquele que transmite códigos por meio da mensagem e a função de descodificador,
aquele que recebe a mensagem codificada. A comunicação, assim, torna-se possível graças
ao conhecimento de ambas partes do campo de experiência. Sendo que quanto maior for a
superfície comum dos dois campos de experiência, fácil será a comunicação, sendo válido
também no sentido contrário (Sousa, 2006).

Depois deste modelo, Schram elaborou um outro em 1954, que introduz pela primeira
vez a noção de feedback no processo de comunicação. Com a noção de feedback, este autor dá
uma nova forma ao processo de comunicação, que é circular, o que significa que para
que haja comunicação ela deve partir do emissor e terminar no emissor, isto é, para que haja
comunicação é necessário que o emissor ou codificador mande uma mensagem e o receptor ou
descodificador retorne por meio do o feedback, só assim se completa o acto
comunicativo. Assim, para Schramm (1954) cada emissor pode funcionar como receptor
também durante o acto comunicativo (Sousa, 2006)

 Modelo de Gerbner (1956)

O modelo de Gerbner (1956) apresenta-se como puramente interpretativo, pois relaciona a


mensagem com a realidade, o que permite abordar simultaneamente as questões da percepção e
da significação. Nesse sentido, Gerbner (1956) introduz no processo de comunicação uma
dimensão valorativa dos intervenientes, no caso de serem humanos. Gerbner (1956) queria dizer
com isso que uma mensagem, ao ser enviada para o receptor ou emissor, a sua
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compreensão pode ser influenciada por questões de ordem valorativa, assim como todo processo
comunicativo pode estar circunscrito neste plano (Sousa, 2006).

 Modelo de Roman Jakobson (1960)

O modelo de Jakobson (1960) subscreve-se no estudo da comunicação sob o prisma da


linguística. Jakobson (1960) traz com esse modelo, a ideia de contexto no processo
comunicativo, que segundo Jakobson (1960) a mensagem possui contexto e que é algo externo a
própria mensagem. Este modelo é de base linear, o que significa que coloca em relação
um destinador de uma mensagem e um destinatário da mesma. Para além do contexto, o
modelo acrescentou o contacto, que representa simultaneamente o canal físico em que a
mensagem circula e as ligações psicológicas entre destinador e destinatário. Para Jakobson
(1960), estes só percebem a mensagem porque dominam o mesmo código, este elemento
do processo comunicativo, permite a codificação da mensagem em diferentes formas de
expressão: fala, escrita, gestos e imagens (Sousa, 2006, p. 89).

1.8 A importância da Comunicação Organizacional


A comunicação organizacional proporciona a interacção das partes, sejam elas distintas ou não.
As partes podem estar situadas fora ou dentro da organização. Assim, fazem parte da
comunicação a organizacional a comunicação externa e interna.

A comunicação externa inclui toda veiculação de informações, emitida pela organização, para
públicos que estejam fora dos limites da organização. Na comunicação interna, as transmissões e
o compartilhamento de informações ocorrem entre organização e o seu pessoal.

“A comunicação organizacional actual, que está inserida num cenário onde é crescente a
interdependência da economia mundial, deve promover a união de duas propostas que,
historicamente sempre estiveram separadas: a comunicação com fins mercadológicos e a
comunicação com fins institucionais. (TORQUATO, 1986, p. 68).”

Segundo Torquato (1986), a comunicação organizacional se realiza por meio de três fluxos, os
quais se movem em duas direcções:

 Fluxo descendente (direcção vertical);


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 Fluxo ascendente (direcção vertical);

 Fluxo horizontal ou lateral (direcção horizontal).

1.9 Características que definem o processo de comunicação


A comunicação não pode ser vista e estudada como algo estático porque é dinâmica, móvel, está
sempre em mudança e em evolução. Uma situação de comunicação nunca é igual à outra. Pode
haver semelhanças, mas de algum modo uma situação diferencia-se da outra. Por este motivo, a
comunicação é vista como um processo. Qualificar algo como um processo significa que este
algo é um fenómeno em contínua mudança no tempo, que se procede continuamente, que não é
uma sequência fixa e que tem relação de causa e efeito.

Para Berlo (1999), por ser a comunicação um processo, enfrentam-se dois problemas ao estuda -
lá. Primeiro: é necessário paralisar a dinâmica do processo e com isso, as inter-relações entre os
elementos são apagadas. Segundo: para descrever o processo é necessário o uso da linguagem
que, também como um processo, está em constante evolução, mas perde a qualidade de processo
quando escrita.

Porém, é preciso reconhecer que certas coisas precedem outras e que a ordem de precedência
varia de situação para situação, 9 sendo assim, é possível paralisar o processo, mesmo com todas
as consequências deste ato, e visualizar o processo de comunicação (Berlo, 1999).

Berlo (1999) cita que são muitos os modelos de processo de comunicação. Não há como eleger
um modelo como correto ou ideal. Uns podem ser mais úteis que outros, alguns podem
corresponder mais que outros ao presente estado de conhecimento da comunicação.

Apesar de serem baseados em ópticas diversas, frutos de culturas, contextos e épocas diferentes,
os vários modelos apresentam elementos em comum: o emissor, a mensagem e o receptor.

São cinco os elementos que compõem o processo:

 A fonte de informação: que produz a mensagem ou a sequência de mensagens que serão


comunicadas; - o transmissor: que transforma a mensagem em sinal apropriado ao canal,
 O canal: meio utilizado para transmitir o sinal do transmissor ao receptor;
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 O receptor: que transforma o sinal recebido em mensagem e a envia ao destinatário; -


destinatário: a pessoa a qual a mensagem é destinada.
O interessante deste modelo é que separaram o receptor do destinatário, considerando-o como
algo que reconstrói a mensagem a partir dos sinais recebidos. Sendo assim, em uma conversa
entre duas pessoas os ouvidos associados aos nervos cerebrais são considerados o receptor e a
pessoa que está ouvindo a mensagem, o destinatário. Os elementos que compõem o processo de
comunicação são emissor, receptor, mensagem, codificação, decodificação, interpretação e
feedback, tanto emissor quanto receptor continuamente codificam, interpretam, decodificam
transmitem e recebem informações

Conclusão
Chegados ao fim deste trabalho, que tinha como tema comunicação organizacional: e que
tinha como objectivo geral analisar o processo de comunicação interna , concluímos
ocorre em todos os sentidos possíveis da comunicação dentro de uma organização
(ascendente, descendente, horizontal e diagonal), sendo que, um aspecto relevante e que por isso
não se pode deixar de fora, é o facto de que no sentido ascendente da comunicação, na maioria
das vezes, esta depende de intermediários que servem para transportar a informação da base para
o topo, o que se torna como obstáculo para o processo de comunicação, dado que há
probabilidade de que o conteúdo da informação transportada seja deformado, conforme
mostraram as informações dos alunos ao afirmarem que uma das maiores dificuldades no
processo comunicativo com a direcção residia no facto dos intermediários superiores
dificultarem a chegada de algumas informações à direcção.

Também, identificamos os contextos privilegiados para a comunicação, e concluímos que,


o contexto de comunicação influencia a mensagem a ser trocada entre os intervenientes
assim como afirma Jakobson (1960) citado em Sousa (2006).

Considerando, e de acordo com a revisão literária a comunicação interna e externa desempenham


um papel fundamental para o bom funcionamento da organização. Assim impõem-se uma análise
ao sistema comunicacional organizacional, para que sejam desenvolvidas acções estratégicas de
forma a utilizar os instrumentos comunicacionais com o objectivo de atingir um reconhecimento
mais eficaz com os seus públicos.
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Propostas Temáticas

 Análise do Papel da Comunicação Interna em organizações;


 A Importância da Comunicação Interna para o sucesso Organizacional;
 Análise do Papel da Comunicação Organizacional na Administração dos Recursos
Humanos.

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