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AULA MÓDULO 3

 A comunicação organizacional como a própria comunicação enquanto construção


conceitual vista pelo viés das relações construídas pelas ou nas organizações.
 A partir do entendimento da comunicação organizacional está ligado a uma
dimensão conceitual de comunicação, muito mais do que instrumental.
 A comunicação organizacional é enfocada a partir de um contexto conformado pela
relação entre os interlocutores (organização e públicos) em interação com a
sociedade que se compõe por outros interlocutores.
 Esse percurso é complexo:

 Olharemos mais especificamente agora para comunicação, que compõe uma trilogia
que resultara comunicação organizacional.
 Perspectiva Relacional = guia que nos ajudará a entender a comunicação
organizacional, é bastante complexa, mas é importante demarcamos e dizermos que
essa perspectiva tem como princípio a compreensão sobre a comunicação, que deixa
de ser uma mera troca de comunicação e passa a ser o locus instituidor e instituído
pela comunicabilidade
 Lembrando: impacto corporativo é o resultado da interação cotidiana da
organização e seu ambiente social.
o Posteriormente: entendimento do conceito de comunicação, buscando
tencionar o que convencionalmente chamamos de organização. Partimos
do princípio que para estudar a comunicação organizacional é preciso
entender o que é a organização. Nós aceitamos esse conceito sem
questioná-lo, como uma narrativa criada na nossa cabeça que nós
entendemos como verdade absoluta, dessa forma nós objetificamos a
organização e logo passa a ter percebida como uma coisa qualquer, um
baú que abrimos e de lá tiramos, sem preocupação do que realmente
significa. Presumimos o seu significado através de nosso quadro de
sentidos, que são ligados à nossa vida cotidiana e as relações cotidianas.
 Quais enquadramentos sobre o que é organização?
Percebemos que:
 Paradigma Racional: 1º enquadramento visto foi o
enquadramento relacionado à metáfora do relógio, da
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máquina da engrenagem, a organização como um todo


organizacional, baseada em regras, hierarquia e controle –
séc. XVIII e XIX – surgimento da produção mecânica e
uso de fontes de energia inanimadas. Culminou na
organização moderna e nas sociedades industriais e que
definiu uma nova ordem social no séc. XX. Incorporou no
tecido cultural de toda sociedade, capitalista.
 O 2º enquadramento visto foi o Fenômeno Psicossocial,
Político e Cultural constituído por meio da interação:
valores, comportamentos, atitudes que dão vida à
organização, constituída por indivíduos que criam
significados ao interagirem e compartilharem suas visões
de mundo. Nós pensamos aqui a organização como para
além das características sócio tecnicamente configuradas,
entendemos que a compreender é ver que “uma
organização é uma configuração de pessoas, edifícios e
objetos que se mantêm unidos pela mais frágil das
amarras: a comunicação” = ORGANIZAÇÃO É
COMUNICAÇÃO.

 ESPIRAL DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: A comunicação por


meio dos processos de interação constitui as organizações. É um todo interativo, há
momentos de intersecção que são as interações contínuas que acontecem nessa
trama complexa. Uma organização está sempre em MOVIMENTO, porque está
sempre em interação, dentro e fora, sendo influenciada e influenciando o contexto.
A todo momento, o que a organização promove nas interações são encontros de
sentidos, mediados pela linguagem, a comunicação.
o Complexidade ao apresentar uma espiral em movimento, colorida, na
qual as cores se misturam, não sabemos onde uma cor começa e outra
termina, está em constante movimento.
o Comunicação por meio dos processos de interação constituem as
organizações.
o Os desenhos em vermelho, como uma flor, é pra representar o espiral
colorido, para demonstrar que as interações e intersecções são
constantes, é um TODO interativo.
o Org. estabelece interações entre os interlocutores, que influenciam e são
influenciados.
o A todo momento o que a comunicação promove por meio desses pontos
de interação é o encontro de sentidos, através do qual significamos o
mundo, através de nossos discursos, do uso da língua e linguagens, que
são obviamente contextualizados.
o Organização participa constantemente de vários tipos de interação.
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 COMUNICAÇÃO = COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL


o Dimensão Empírica, os objetos comunicativos, aparente aos nossos
olhos, junto com a Dimensão Conceitual, que é a maneira de apreende-
los, para compreender as suas dimensões empíricas, é através dessa
intersecção que compreendemos a comunicação introduzida dentro do
meio organizacional. A partir da forma que você adota uma determinada
vertente para a dimensão conceitual ela vai automaticamente afetar a
dimensão empírica, tendo vários vieses. É uma relação dialética que dá
complexidade à comunicação organizacional.

 Através da comunicação as espécies em geral enviam informações umas às outras,


com os seres humanos não é diferente, apenas aprimoramos essa comunicabilidade
dos animais e introduzimos à LINGUAGEM HUMANA que utilizamos hoje.
o Ex.: fecundação apenas é possível pela comunicação, esse processo
apenas acontece quando o gameta masculino se comunica com o
feminino, definindo um vinculo em comum, a zona pelúcida, no qual são
transmitidas trilhões de informações, criando elos entre os sujeitos que
negociam sentidos por algum tempo e produzem uma nova significação,
um novo DNA.

 Comunicação presente na NATUREZA, sendo um FENÔMENO ESPONTÂNEO,


que usamos sem nos darmos conta, mas que esconde um processo extremamente
complexo, que intervém no que chamamos de humanização, o homem aqui visto
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como espécie e não como gênero, a comunicação participa do processo evolutivo,


que transforma os outros primatas em primata homem, que participa de uma
sociedade constituída por padrões, regras, crenças e normas.
 Essa complexidade evoca as diferentes formas de evidenciar sentidos. Carregam
esses vínculos nas suas formas de ver o mundo, que influenciam no momento da
interpretação das coisas.

 A comunicação é como um ICEBERG.

o As linguagens, instrumentos e meios não são o todo da comunicação,


eles estão na parte aparente do iceberg, a ponta do iceberg é o que nós
sentimos que está mais fácil dos nossos sentidos apreenderem (ações;
materialidade; técnica; instrumento – são as mídias; discursos; canais;
resultados; mensagens; conteúdos; lógica de produção/emissão; posição
e atitude dos receptores – ROI).
o A comunicação é um fato concreto do nosso cotidiano, ela existe para
fazer a gente existir. Nós somos cotidianamente interpelados pela
comunicação, na TV; na música; na notícia; nas coisas que lemos; na
publicidade.
o As formas de se comunicar são perceptíveis.
o A comunicação organizacional tem 3 dimensões tencionadas e
independentes:
 A organização comunicada – dos processos formais,
disciplinadores, da fala autorizada, que se expressa por meio dos
anúncios e enquadradas na forma de civilidade organizacional –
impregnam os manuais de conduta. Reforçada constantemente
pela cultura da empresa.
 Organização comunicante, estabelece-se muitas vezes nas
relações, entre organizações e públicos, transcende à organização
comunicada.
 Organização falada, a comunicação informal e indireta, dizem
respeito à organização, mas que permeiam outras relações de fora
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dela. Tem alcance muito além do controle da organização, onde


surgem por exemplo os boatos e ruídos, entre amigos, família.
o O que não está visível na comunicação, abaixo do mar no iceberg é a
maior parte, são os estudos da comunicação, que precisam de mais
esforço pra enxergar, são os sentidos e significados (dimensões
simbólicas; cultura; valores; crenças; desejos; repertórios; leitura de
mundo; motivação; traumas)
o Ex.: campanha da DOVE, sobre a beleza real em 2004. A mulher é um
sujeito histórico que está dentro de um contexto, de um mundo baseado
em patriarcado que contribui para a tipificação do corpo feminino, ou
podemos ver como a vontade da dove de evocar os novos corpos mídias,
diferentes do padrão que entendemos como convencional.

 AFINAL, O QUE É COMUNICAÇÃO?


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o Definir a comunicação não é fácil e se complica bastante quando nos


afastamos do que está aparente, coisas mais superficiais.
o Sua raiz vem de communicatio que fiz = “tomar a refeição da noite em
comum”; “fazer juntamente com outros” e “romper o isolamento”. Seu
primeiro uso foi religioso, padres rezando saem do isolamento e comem
uns com os outros, se relacionando.
o A partir disso podemos tirar 2 sentidos:
 A intenção de romper isolamento, ou seja, pessoas que precisam
sair do isolamento para fazer algo em comum – não falamos aqui de
ter algo em comum, mas no sentido de estabelecer um espaço, um
vínculo em comum;
 Realização em comum, a comunicação não é feita sozinha, sempre
em uma coletividade.
o Professora Vera França: ela diz que existem 4 paradigmas que compõem
aquilo que chamamos de teorias da comunicação:
 Informacional = transmissão = PARADIGMA CLÁSSICO – aciona
teorias que nos conduzem a ver determinadas coisas e nõa outras,
entende a comunicação como um processo exclusivamente de
transmissão de mensagem:

 Semiótico-Informacional = sentido;
 Semiótico-textual = símbolo;
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 Dialógico = relação;

o Outras Perspectivas – COMPREENSÃO DA COMUNICAÇÃO POR VERA


FRANÇA: ligadas ao paradigma dialógico (forma um calendoscópio e nõa
uma reta).
 Em contraposição ao informacional, centra-se na natureza da
relação, ao contrário do informacional, que é uma reta, não é uma
relação.
 Importante a reciprocidade entre os sujeitos.
 Influencia e ilumina o Modelo Relacional, quando a comunicação é
indispensável

 3 Dinâmicas Básicas: o Movimento Analítico se baseia nesta circularidade, na inter-


relação entre essas 3 dinâmicas, entendendo o processo comunicativo como algo
vivo e dinâmico instituído de sentidos e relações, ou seja, os sujeitos não só dizem,
mas vivem e se constroem socialmente.
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o “O processo comunicativo, pode ser visto como uma dinâmica que articula
a situação discursiva, os interlocutores, os discursos por eles acionados e
as interações simbólicas e ações mediadas pela linguagem” Ângela
Marques, 2015, p. 7
o Buscar interseção entre a teoria e as práticas, o conhecimento científico
não pode ser deixado de lado em detrimento da prática. A prática
separada da teoria não é humanizada, mas sim animaliza-la.
o A partir do que a França coloca, das 3 dimensões + iceberg, a relação entre

EMPÍRICO CONCEITO
(elenco de práticas (uma forma de apreensão,
distintas) representação das diferentes
práticas, uma maneira
de concebê-las e conhece-las,
que é quando precisamos
submergir no iceberg)

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