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COMUNICAÇÃO

ASSERTIVA E
INTERPESSOAL
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Estudos Transversais

INTRODUÇÃO À
VIDA PROFISSIONAL
Autora: Giselle Cavalcante Queiroz
1ª Edição
UNIASSELVI
Indaial - 2020
Estudos Transversais

Índice
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os principais elementos do processo de comunicação, identificando


PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ruídos e barreiras.
• Distinguir a comunicação verbal da comunicação não verbal.
• Reconhecer a comunicação assertiva na contemporaneidade.
RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
INTRODUÇÃO
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO A comunicação é fundamental no cotidiano das organizações. Políticas e
VERBAL
práticas organizacionais precisam ser comunicadas aos funcionários, e isso re-
quer um processo efetivo de comunicação. Para além do contexto das organi-
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA zações, os sujeitos precisam estabelecer uma comunicação interpessoal para
CONTEMPORANEIDADE informar, envolver e até liderar.

Durante a disciplina, você vai estudar o processo de comunicação e os ruídos


REFERÊNCIAS
e barreiras que afetam esse processo. Você também vai ver como diferenciar a co-

Estudo Transversal VII - Comunicação Assertiva e Interpessoal


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Estudos Transversais

Índice municação verbal da comunicação não verbal, aquela cheia


de significados que captam o que as palavras não expres-
sam. Por fim, você vai conhecer o modelo de interações de
INTRODUÇÃO
Thompson, a teoria proxêmica e a cinésica, que contribuem
para a análise da comunicação não verbal.

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO
RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
A comunicação implica a relação en-
tre a parte que transmite e a parte que
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO compreende, além de incluir a transferên-
VERBAL
cia e a compreensão de significados. O
significado corresponde ao conceito ou
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
à noção do que se quer transmitir, seja
CONTEMPORANEIDADE por meio de gestos e palavras ou por meio de
sinais. Em síntese, comunicar significa repartir,
compartilhar (CASADO, 2002).
REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice A comunicação é uma ação em comum (comum + ação). O que os sujeitos


que se comunicam têm em comum é um mesmo objeto de consciência, não
INTRODUÇÃO
um objeto material. Portanto, os participantes de um processo de comunicação
buscam um entendimento sobre determinados significados da subjetividade
individual. Isso quer dizer que esses participantes procuram uma unidade de
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO compreensão de entidades não materiais existentes e inicialmente representa-
das na esfera da consciência, do psicológico, das ideias (CAMARGO, 2012). Por-
tanto, a comunicação é um processo de socialização e de evolução humana tan-
RUÍDOS E BARREIRAS NA to em forma como em conteúdo. Quanto ao conteúdo, as informações transmi-
COMUNICAÇÃO
tidas possibilitam a expressão das emoções e dos valores sociais, a perpetuação
da cultura de um grupo, bem como a disseminação de descobertas e avanços
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO tecnológicos. Quanto à forma, a comunicação assinala o desenvolvimento hu-
VERBAL mano, pondo à disposição dos sujeitos tecnologias cada vez mais sofisticadas
como meios de receber, enviar e registrar informações (CASADO, 2002).

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Índice A comunicação interpessoal se


fundamenta em três princípios:
INTRODUÇÃO
1. o termo “comunicação” designa as
relações em que existem elementos
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO que se destacam de um fundo de
isolamento;
2. existe a intenção de romper o
RUÍDOS E BARREIRAS NA isolamento;
COMUNICAÇÃO
3. está em jogo a ideia de uma
realização em comum.
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
VERBAL Entretanto, a comunicação não
se confunde com a convivialidade,
pois comunicar não é apenas ter
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA algo em comum com alguém de uma
CONTEMPORANEIDADE
mesma comunidade. Na comunica-
ção, a linguagem oral não pode ser
REFERÊNCIAS entendida como meio exclusivo de
suporte aos processos comunicacio-

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Estudos Transversais

Índice nais. Nessa perspectiva, outras formas de comunicação, como a visual e a gestual,
são consideradas legítimas e válidas para a constituição do referido processo. Tal
INTRODUÇÃO
discussão, entretanto, remete o fenômeno comunicacional a um contexto reflexi-
vo acerca dos códigos ou da linguagem que dá suporte material à sua existência.

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Portanto, a comunicação enquanto fenômeno social de compartilhamento


de significados psicológicos se realiza na codificação, na veiculação e na deco-
dificação das informações existentes inicialmente na “consciência” do emissor
RUÍDOS E BARREIRAS NA e posteriormente na “consciência” do receptor. Nessa perspectiva, uma infor-
COMUNICAÇÃO
mação é potencialmente comunicação dependendo da sua capacidade de ser
estocada, armazenada (codificada) e reconvertida em um segundo momento
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO (decodificada) (CAMARGO, 2012).
VERBAL

O processo de comunicação se dá primeiramente na codificação da infor-


mação pelo emissor e, posteriormente, na decodificação dessa informação por
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE parte do receptor. Esse processo, além de exigir condições subjetivas de conhe-
cimento dos códigos para a compreensão dos significados, requer condições
objetivas de acessibilidade para a veiculação e a percepção das informações.
REFERÊNCIAS Assim, as condições de acessibilidade e de conhecimento do significado dos
códigos mostram-se necessárias para a efetivação de um processo comunica-

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Índice cional entre indivíduos. Não ocorreria a comunicação de determinada infor-


mação se as características do código que serve como suporte material fossem
INTRODUÇÃO
inacessíveis ao receptor. Na mesma medida, também deixaria de ocorrer comu-
nicação se o receptor desconhecesse o código por meio do qual a informação é
veiculada (CAMARGO, 2012).
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
RUÍDOS E BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO
RUÍDOS E BARREIRAS NA A seguir, veja alguns termos básicos relativos ao processo de comunicação
COMUNICAÇÃO (CASADO, 2002).

COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO


VERBAL

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Índice • Emissor: sujeito que dirige a mensagem; fonte.


• Receptor: sujeito a quem a mensagem é dirigida.
INTRODUÇÃO
• Canal: meio pelo qual a mensagem é enviada; quem decide sobre o canal é o
emissor (fonte).
• Mensagem: unidade básica da comunicação. É o produto real da codificação da
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO fonte (emissor). Como a mensagem é afetada pelo código usado para transmitir
significado, o processo de comunicação não se resume a entender as palavras:
deve-se encontrar o significado ou captar a mensagem.
RUÍDOS E BARREIRAS NA • Informação: conteúdo da mensagem. Tem estrutura, expressão, significação e
COMUNICAÇÃO
utilidade imprescindíveis ao seu valor de uso por pessoas e grupos. A informação
se difere do dado por encerrar uma organização e um processamento que
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
a tornam imediatamente consumível, enquanto o dado é potencialmente
VERBAL disponível. Subjacente a toda comunicação está o processamento dos dados, que
os transforma em informação.
• Código: transformação convencionada e reversível, de elemento a elemento,
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE que permite converter mensagens formadas por um conjunto de signos em
outro conjunto de signos. A diferença entre linguagem e código é o fato de que a

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice linguagem é desenvolvida durante longo período de tempo, enquanto o código é


inventado para um fim específico e obedece a regras explícitas.
INTRODUÇÃO
• Sinal: signo antecipadamente convencionado ou inteligível que transmite
informação.
• Ruído: distorção na transmissão da mensagem.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Modelos mais completos do processo de comunicação incluem a percep-
ção, importante conceito no que diz respeito às relações interpessoais. A per-
RUÍDOS E BARREIRAS NA cepção do outro e a autopercepção são componentes com o potencial de criar
COMUNICAÇÃO
distorções e de interferir na meta da comunicação perfeita.

COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO


VERBAL

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Índice A percepção é um processo de adaptação de informação que se dá por


meio de transformações dos dados primários do mundo na tentativa de en-
INTRODUÇÃO
quadrá-los num esquema de classificação preestabelecido. Dessa forma, o que
se seleciona como parte do processo perceptivo não é uma imagem nítida do
mundo, mas gestalts (formas abstratas). Portanto, é sempre importante lem-
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO brar que a comunicação interpessoal é resultado de imagens abstratas que as
pessoas têm de si mesmas e dos outros. Essa consciência permite o exercício
para a diminuição dos ruídos e barreiras de comunicação.
RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
Um modelo simplifica a complexidade dos processos de comunicação,
mas permite ilustrar os aspectos críticos do sistema. Entre tais modelos, há o
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO de interação, com os conceitos de canal, codificação, decodificação, ruído e fe-
VERBAL edback (Figura 1).

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Comunicação assertiva e interpes
Estudos Transversais

Índice FIGURA 1 – PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

INTRODUÇÃO

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
FONTE: Casado (2002, p. 275).
Figura 1. Processo de comunicação.
Fonte: Casado (2002, p. 275).
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO Pode haver muitas barreiras de comunicação. Não é possível exterminá -
VERBAL
las do processo comunicativo, mas elas podem ser identificadas para serem
reduzidas. A seguir, veja algumas das principais barreiras a uma comunicação
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA eficaz
Pode(CASADO, 2002).barreiras de comunicação. Não é possível exterminá-
haver muitas
CONTEMPORANEIDADE
-las do processo comunicativo, mas elas podem ser identificadas para serem
• Sobrecarga de informações: o excesso de informação é tão prejudicial quanto a falta
reduzidas. A seguir, veja algumas das principais barreiras a uma comunicação
dela. Executivos que usam correio eletrônico intensivamente já reclamam do fluxo
REFERÊNCIAS eficaz (CASADO, 2002).
excessivo de informações. Enviar e-mails tem gerado sobrecarga (inútil na maior

 Sobrecarga de informações: o excesso de informação é tão prejudicial


quanto a falta dela. Executivos que usam correio eletrônico intensiva-
mente já reclamam do fluxo excessivo de informações. Enviar e-mails
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tem gerado sobrecarga (inútil na maior parte dos casos) que inviabiliza
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Estudos Transversais

Índice parte dos casos) que inviabiliza a comunicação do que é realmente importante.
• Tipo de informação: graças à percepção seletiva, há maior ou menor dificuldade
INTRODUÇÃO
para apreender determinado tipo, forma e conteúdo de informação.
• Fontes: a maior ou menor credibilidade da fonte, o seu grau de influência sobre o
receptor e os estereótipos que suscita podem interferir na eficácia da comunicação.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO • Localização física: é o local onde ocorre o processo de comunicação. Locais com
excesso de ruídos e de estímulos à atenção ou ameaçadores
para o receptor interferem negativamente no processo
RUÍDOS E BARREIRAS NA de comunicação.
COMUNICAÇÃO
• Filtragem: refere-se à manipulação da informação.
Quanto mais níveis hierárquicos houver na
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
estrutura da organização, maior será a
VERBAL probabilidade de haver filtragem.
• Linguagem: em uma organização, existem
muitas diferenças de níveis sociais, de
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE formação, de áreas de atuação e de níveis de
escolaridade. Obviamente, essas diferenças
ocasionam grande empecilho na linguagem e
REFERÊNCIAS na compreensão dos vários grupos.

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Índice Como um processo composto de formas verbais e não verbais, a comu-


nicação é utilizada com o propósito de partilhar informações. Enquanto a co-
INTRODUÇÃO
municação verbal refere-se à linguagem escrita e falada, aos sons e às palavras
usadas, a não verbal refere-se a toda informação decorrente de ex-pressões
faciais, postura, vestimenta, organização do ambiente, entre outros elementos.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Na próxima seção, você vai ver os conceitos de comunicação verbal e não ver-
bal.

RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL
Na teoria da comunicação verbal, seis elementos são imprescindíveis para
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO a ocorrência de um ato de comunicação: remetente, destinatário, mensagem,
VERBAL
contexto, código e contato. O remetente ou emissor é todo aquele indivíduo
ou grupo que envia uma mensagem a um ou mais receptores. O emissor corres-
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA ponde à primeira pessoa do verbo, “eu” ou “nós”; é aquele que fala.
CONTEMPORANEIDADE

• O destinatário ou receptor é o indivíduo ou grupo que recebe a mensagem.


Corresponde à segunda pessoa do discurso, “tu” ou “vós”; é aquele com quem
REFERÊNCIAS
se fala. A mensagem, por sua vez, é o ato da fala, o conjunto de enunciados.

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Índice Falar significa selecionar e combinar signos. Portanto, a mensagem é a seleção


e a combinação de signos realizada por determinado indivíduo; a mensagem é o
conceito que se passa para o receptor. Já o contexto ou referente é o conteúdo,
INTRODUÇÃO
assunto, da mensagem. Corresponde à terceira pessoa do discurso; é algo ou
alguém de que se fala, o objeto da mensagem.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO • O código é a língua com que se fala; é o instrumento da fala, um conjunto de
signos convencionais e sua sintaxe, que deve ser total ou parcialmente comum
ao emissor e ao receptor. Por contato ou canal, entende-se o meio físico por
RUÍDOS E BARREIRAS NA onde passa a mensagem entre o emissor e o receptor. Quanto à forma, o meio
COMUNICAÇÃO
físico pode ser sonoro ou visual, bem como a conexão psicológica entre emissor e
receptor (PAGLIUCA et al., 2011).
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
• A comunicação não verbal é carregada de significados. Mais emocional e sensitiva, é
VERBAL o elemento de surpresa que interfere na comunicação verbal, que é mais consciente
e programada. Na maioria das vezes, a comunicação não verbal se expressa sem
que os sujeitos estejam conscientes do que estão emitindo. Inúmeros sinais não
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE verbais reforçam, substituem ou contrariam a fala: os gestos, a expressão facial,
a postura (movimentos e inclinações do corpo), a ocupação do espaço e o toque,
principalmente se substitui o olhar, quando há limitação visual.
REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice De acordo com a literatura, a abordagem da comunicação não verbal é fei-


ta pela teoria proxêmica, a qual avalia a posição corporal e as relações espaciais
INTRODUÇÃO
do indivíduo como elaboração da cultura em que ele está inserido (PAGLIUCA
et al., 2011). A proxemia acredita que os sujeitos têm geralmente tendência a
manter certas distâncias de “segurança” em relação a pessoas e objetos, o que
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO varia de cultura para cultura.

RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO


VERBAL

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice A teoria proxêmica estuda o significado social do espaço, ou seja, como o


homem estrutura consciente ou inconscientemente o próprio espaço. Em dife-
INTRODUÇÃO
rentes culturas, as expressões sensoriais adquirem mais ou menos importância.
Portanto, seria necessário atentar às percepções do contexto no qual as intera-
ções ocorrem e a quem são os envolvidos (PROCHET, SILVA; 2012). Na análise
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO proxêmica, estão presentes oito fatores (PAGLIUCA et al., 2011). Veja a seguir.

• Postura e sexo: analisa o sexo dos participantes e a posição básica dos interlocutores
RUÍDOS E BARREIRAS NA (de pé, sentado, deitado).
COMUNICAÇÃO
• Eixos sociofugo e sociopeto: o eixo sociofugo demonstra o desenco-rajamento da
interação, enquanto o sociopeto implica o inverso. Essa dimensão analisa o ângulo
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
dos ombros com relação à outra pessoa e a posição dos interlocutores (face a face,
VERBAL de costas um para o outro ou qualquer outra angulação).
• Fator cinestésico: analisa o contato físico a curta distância, como o toque na pele,
e o posicionamento das partes do corpo.
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE • Comportamento de contato: esse fator considera as formas de relações táteis,
como acariciar, agarrar, apalpar, segurar demoradamente, apertar, tocar em dado
local, roçar acidentalmente ou nenhum contato físico.
REFERÊNCIAS

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Índice • Código visual: verifica o modo como ocorre o contato visual nas interações, como
o olho no olho ou a ausência de contato.
• Código térmico: detém-se no calor percebido pelos interlocutores.
INTRODUÇÃO
• Código olfativo: analisa as características e o grau do odor sentido pelos
interlocutores.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO • Volume da voz: analisa a percepção dos sujeitos com relação ao volume e à
intensidade da fala utilizada pelos interlocutores.

RUÍDOS E BARREIRAS NA A capacidade de ouvir e compreender o outro in-


COMUNICAÇÃO
clui não apenas a fala, mas também as expressões e
manifestações corporais, consideradas elementos
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
fundamentais no processo de comunicação. As-
VERBAL sim, o estudo da linguagem corporal, conhecida
por cinésica, assume um papel importante na de-
codificação das mensagens recebidas durante
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE as interações profissionais ou pessoais.
A cinésica é a teoria oriunda de es-
tudos sobre os gestos e movimentos
REFERÊNCIAS corporais, especificamente da deco-

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Estudos Transversais

Índice dificação dos sinais do corpo (PROCHET; SILVA, 2012). Também denominada
“cinética”, foi estudada por Birdwhistell (1985), antropólogo pioneiro em tentar
INTRODUÇÃO
compreender a linguagem do corpo. Ele se dedicou ao estudo dos movimentos
corporais e não identificou qualquer expressão facial, atitude ou posição do
corpo que tivesse o mesmo significado nas diversas sociedades. O autor consi-
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO dera que não há gestos ou movimentos corporais que possam ser considerados
símbolos universais e que toda cultura tem seu repertório gestual (BIRDWHIS-
TELL, 1985).
RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO
Alguns pressupostos foram estabelecidos para uma melhor compreensão
da cinésica:
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
VERBAL • o contexto fornece o significado ao movimento ou expressão corporal;
• a cultura padroniza a postura corporal, o movimento e a expressão facial;
• o comportamento dos membros de um grupo é influenciado pelas suas próprias
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE atividades corporais e fonéticas;
• os comportamentos têm significados culturalmente reconhecidos e validados.

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice O comportamento do movimento corporal é baseado na estrutura fisioló-


gica, e os aspectos comunicativos desse comportamento são padronizados pela
INTRODUÇÃO
experiência social e cultural. Entretanto, o significado desse comportamento
não é simples; logo, não é possível reunir um conjunto considerável de gestos
de maneira a construir um glossário para servir a uma análise das expressões
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO corporais das pessoas.

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
RUÍDOS E BARREIRAS NA
COMUNICAÇÃO CONTEMPORANEIDADE

COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO


Durante a maior parte da história humana, a maioria das interações sociais
VERBAL ocorreu face a face. Os indivíduos se relacionavam entre si principalmente por
meio da aproximação e do intercâmbio de formas simbólicas, ou se ocu-pavam
de outros tipos de ação dentro de um ambiente físico compartilhado. Para sobre-
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE viver, as tradições orais dependiam de um contínuo processo de renovação, por
meio de histórias contadas e atividades relatadas em contextos de interação face
a face. Contudo, novos meios de comunicação surgiram e seu desenvolvimento
REFERÊNCIAS criou novas formas de interação e novos tipos de relacionamentos sociais — que
são bastante diferentes dos existentes na maior parte da história humana.

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Estudos Transversais

Índice Thompson (1998) afirma que há três tipos de interação: interação face a
face, interação mediada e quase interação mediada. A interação face a face
INTRODUÇÃO
acontece em um contexto de copresença: os participantes estão imediatamen-
te presentes e partilham um mesmo espaço e tempo. As interações face a face
têm um caráter dialógico, no sentido de que implicam ida e volta no fluxo de
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO informação e comunicação. Além disso, os participantes podem empregar uma
multiplicidade de deixas simbólicas para transmitir mensagens, como sorrisos,
franzimento de sobrancelhas e mudanças na entonação da voz. Esse tipo de
RUÍDOS E BARREIRAS NA interação permite que os participantes comparem a mensagem que foi passada
COMUNICAÇÃO
com as várias deixas simbólicas para melhorar a compreensão da mensagem.

COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO


VERBAL

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice As interações mediadas, por sua vez, acontecem por um meio técnico (pa-
pel, fios elétricos, ondas eletromagnéticas) que permite a transmissão de infor-
INTRODUÇÃO
mação e conteúdo simbólico para indivíduos situados remotamente no espaço
ou no tempo. Isso quer dizer que os sujeitos não precisam estar no mesmo mo-
mento em um mesmo lugar. Tal comunicação não oferece tan-tas possibilidades
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO de deixas simbólicas, privando os participantes de deixas associadas à presença
física (gestos, expressões faciais ou entonação), mas enfatizando aquelas as-
sociadas à escrita. Dessa forma, nessa comunicação, os indivíduos precisam se
RUÍDOS E BARREIRAS NA valer de seus próprios recursos para interpretar as mensagens transmitidas.
COMUNICAÇÃO

A quase interação mediada se refere às relações sociais estabelecidas pe-


COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO los meios de comunicação de massa: livros, jornais, televisão, entre outros. Esse
VERBAL tipo de comunicação implica extensa possibilidade de informação e conteúdo
simbólico no espaço e no tempo, ou seja, ela se dissemina por meio do espaço
e do tempo. Há dois aspectos-chave em que as interações quase mediadas se
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE diferenciam dos outros tipos de interação. Em primeiro lugar, os participantes
da interação quase mediada produzem formas simbólicas para um número in-

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice definido de receptores potenciais, ao


contrário dos participantes da intera-
INTRODUÇÃO ção face a face ou da interação media-
da, que são orientadas para aspectos
específicos e produzem ações, afirma-
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ções, etc.

Em segundo lugar, enquanto a in-


RUÍDOS E BARREIRAS NA teração face a face e a interação media-
COMUNICAÇÃO
da são dialogadas, a quase interação
mediada é monológica, ou seja, o fluxo
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO de comunicação é predominantemente
VERBAL de sentido único. O leitor de um livro,
por exemplo, é principalmente o recep-
tor de uma forma simbólica cujo reme-
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE tente não exige uma resposta direta e
imediata. No Quadro 1, a seguir, veja as
semelhanças e diferenças entre os três
REFERÊNCIAS
tipos de interação.

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Estudos Transversais

Índice QUADRO 1 – TIPOS DE INTERAÇÃO


Características Interação Interação Quase
interativas face a face mediada interação mediada
INTRODUÇÃO Espaço e tempo Contexto de co- Separação dos con- Separação dos con-
presença; textos; textos;
sistema referen- disponibilidade es- disponibilidade es-
cial espaço-tem- tendida no tempo e tendida no tempo e
poral comum no espaço no espaço
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Possibilidade de Multiplicidade de Limitação das possi- Limitação das possi-
deixas simbólicas deixas simbólicas bilidades de deixas bilidades de deixas
simbólicas simbólicas
RUÍDOS E BARREIRAS NA Orientação da Orientada para Orientada para ou- Orientada para um
COMUNICAÇÃO atividade outros fins espe- tros fins específicos número indefinido
cíficos de receptores poten-
ciais
Dialógica/mono- Dialógica Dialógica Monológica
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO lógica
VERBAL
FONTE: Adaptado de Thompson (1998).

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA O termo “assertivo” deriva do verbo latino assertus, que significa “declarar”.
CONTEMPORANEIDADE A comunicação assertiva, enquanto técnica no ambiente organizacional, é uma
ferramenta desenvolvida nos Estados Unidos que procura diferenciar os estilos de
REFERÊNCIAS
comunicação (agressivo, passivo, passivo-agressivo — considerados indesejáveis
— e respeitoso-assertivo — considerado o ideal), visando a aplicá-los de modo a

Estudo Transversal VII - Comunicação Assertiva e Interpessoal


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Estudos Transversais

Índice melhorar e otimizar o diálogo. Em suas versões mais adequadas, a comunicação


assertiva permite à pessoa desenvolver suas habilidades; em outras versões, esse
INTRODUÇÃO
tipo de comunicação nem sempre é utilizado da maneira mais indicada (GELIS
FILHO; BLIKSTEIN, 2013).

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO No exercício de papéis organizacionais, a comunicação assertiva aparenta


ser essencial para a eficácia interpessoal e organizacional. Considere, por exem-
plo, o papel de líder. Entre as características comuns a líderes está a habilidade
RUÍDOS E BARREIRAS NA de comunicação, considerada uma competência fundamental, já que por meio
COMUNICAÇÃO
dela os líderes se conectam com os liderados. Além disso, a comunicação
é o meio fundamental pelo qual os líderes conseguem influenciar
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO e inspirar os liderados no seu trabalho. Uma comunicação
VERBAL assertiva pode ser o fator decisivo para uma cooperação
eficiente entre colegas e também entre superior e su-
balternos (SANTOS, 2018).
COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE
A assertividade, muitas vezes confundida
com a agressividade, é, na verdade, o meio ter-
REFERÊNCIAS mo entre a passividade e a agressividade. Tra-

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Estudos Transversais

Índice ta-se da capacidade de expressar opiniões, sentimentos, necessidades e direitos


de forma honesta, respeitando os direitos dos outros. Tal como a escuta ativa,
INTRODUÇÃO
a assertividade considera a comunicação não verbal: importa o que é dito, mas
também a forma como é dito. A assertividade revela-se simultaneamente como
componente relevante da liderança e como componente essencial de uma lide-
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO rança eficiente (SANTOS, 2018).

Portanto, a assertividade se refere à capacidade de as pessoas se comuni-


RUÍDOS E BARREIRAS NA carem com clareza, de maneira direta e objetiva, a fim de que o outro as entenda
COMUNICAÇÃO
com exatidão. Desse modo, situando tal debate na contemporaneidade e consi-
derando a maneira como empresas, relações de trabalho e carreiras estão orga-
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO
nizadas, você pode entender o processo de comunicação interpessoal como uma
VERBAL competência que deve estar em constante desenvolvimento.

COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA
CONTEMPORANEIDADE

REFERÊNCIAS

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Estudos Transversais

Índice
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO BIRDWHISTELL, R. L. Kinesics and context: essays on body motion communication. 4.ed.
Philadelphia: UPP (University of Pensylvania Press), 1985.

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO CAMARGO, E. P. A comunicação e os contextos comunicativos como categorias de


análise. In: CAMARGO, E. P. Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência
visual em aulas de física. São Paulo: Editora Unesp, 2012. E-book. Disponível em: http://
RUÍDOS E BARREIRAS NA
books.scielo.org/id/zq8t6/pdf/camargo-9788539303533.pdf. Acesso em: 27 dez. 2019.
COMUNICAÇÃO

CASADO, T. O papel da comunicação interpessoal. In: FLEURY, M. T. L. (coord.). et al. As


COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO pessoas na organização. 16. ed. São Paulo: Editora Gente, 2002.
VERBAL

GELIS FILHO, A.; BLIKSTEIN, I. Comunicação assertiva e o relacionamento nas empresas.


COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA GV Executivo, v. 12, n. 2, 2013. Disponível em: https://rae.fgv.br/gv-executivo/vol12-
CONTEMPORANEIDADE num2-2013/comunicacao-assertiva-relacionamento-nas-empresas. Acesso em: 27
dez. 2019.

REFERÊNCIAS

Estudo Transversal VII - Comunicação Assertiva e Interpessoal


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Estudos Transversais

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