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ACI Relação Médica

HABILIDADES
ESSENCIAIS PARA A
COMUNICAÇÃO MÉDICA

Prof. Francisco S. Silva


MFC e Paliativista

2023
INTRODUÇÃO

COMUNICAÇÃO Axiomas básicos da


comunicação

HABILIDADES PARA A Elementos que influenciam


COMUNICAÇÃO MÉDICA a comunicação

Abordagem Centrada na
CONSIDERAÇÕES FINAIS Pessoa

MATERIAL
COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
Introdução
Raras são as pessoas que não tenham qualquer história de
insatisfação em relação aos profissionais de saúde. Na maioria
das vezes, as queixas sobre o atendimento dizem respeito a
falhas de comunicação com o profissional:

- Inabilidade em acolher e escutar o suficiente


para tirar conclusões;

- A utilização de jargão excessivamente técnico


e pouco compreensível ao ouvinte;

- Certa frieza demonstrada pelo profissional


diante da situação global de vida do paciente.
Introdução
Empregamos de 85% a 90% de nosso tempo de
trabalho nos comunicando. - Aumenta a adesão ao
tratamento.

- Melhora o prognóstico.
• O que é uma boa
comunicação?
- Aumenta a satisfação.

• Do que precisamos para


- Diminui denúncias e
nos comunicar melhor?
processos contra
profissionais de saúde.
• Que aspectos da minha
forma de me comunicar
podem ser transformados
para melhorar minha
clínica?
COMUNICAÇÃO
Comunicação

O que é ???

A comunicação é essencial na convivência


social humana e está associada à linguagem
e à interação entre pessoas, representando a
transmissão e recepção de mensagens entre
um emissor e um receptor.
Comunicação
Emite a mensagem para Recebe a mensagem
EMISSOR RECEPTOR
um ou mais receptores. emitida pelo emissor.
Canal -Mensagem- Código

Meio pelo qual a Conjunto de sinais


mensagem é transmitida. Objeto utilizado na comunicação,
utilizados na mensagem.
que representa o conteúdo, o
conjunto de informações
transmitidas pelo emissor.

Ruído na comunicação:
Ocorre quando a mensagem não é decodificada de forma correta pelo receptor.
Comunicação
De acordo com a forma de
transmissão da mensagem, a - Comunicação verbal
comunicação pode ser classificada
de duas maneiras: - Comunicação não verbal

Essas duas dimensões da comunicação, são


fundamentais quando pensamos na melhor
maneira comunicarmos -> Comunicar não
significa apenas saber dizer algo a outras pessoas
de maneira adequada, mas consiste em fazer
com que o outro lado – no caso, o receptor –
entenda aquilo que é dito.
HABILIDADES
PARA A
COMUNICAÇÃO
MÉDICA
Axiomas básicos da comunicação
O grupo Escola de Palo Alto, conjunto de pesquisadores
que se reuniu no final da década de 1950 para estudar o
fenômeno da comunicação humana, debruçou-se sobre
Em 1971, depois de estudar os princípios elementares da diversas indagações (vistas na introdução).
Cibernética e da Teoria Geral dos Sistemas, o grupo
realizou experimentos sistemáticos com pacientes
esquizofrênicos, estabelecendo 5 axiomas básicos da
comunicação:

Estamos sempre interagindo uns com os


outros. As diversas formas de agir, olhar,
1 - Não é possível não se comunicar.
portar-se, falar, gesticular etc. sempre
comunicam algo.

É comum a percepção de sutilezas na forma


2 - Toda comunicação tem um aspecto de
como o outro nos passa alguma mensagem.
conteúdo e um aspecto relacional.
Um exemplo corriqueiro é quando alguém
diz sim, mas na verdade está querendo
dizer não.
Axiomas básicos da comunicação
Os aspectos relacionais entre os interlocutores, bem como o
3 - A natureza da relação depende de
entendimento sobre o que é dito, são historicamente
sequências de comunicação prévias
determinados por interações prévias entre ambos e por
estabelecidas pelos comunicantes.
padrões culturais definidos.

O termo "comunicação digital" é utilizado para designar a


forma comunicativa dos conteúdos explícitos a partir da
linguagem convencional pertencente à cultura vigente entre os
comunicantes – podendo ser verbal ou gestual. Já a 4 - Os seres humanos se comunicam
"comunicação analógica" representa a modalidade relacional tanto digital como analogicamente.
da comunicação, utilizando mais recursos não verbais e
tipicamente imprecisos, tais como expressões faciais, posturas,
sinais paralinguísticos (como entonação de voz),

Os comportamentos dos interlocutores se desenvolvem a


5 - Todos os intercâmbios
partir do primeiro comportamento do emissor, em sequência
comunicativos são simétricos ou
temporal. Estabelece-se uma lógica na forma como se
complementares, respectivamente, e se
desenvolvem, seja ela complementar/igual, ou
baseiam na igualdade ou na diferença.
simétrica/diferente.
Elementos que influenciam a comunicação
Ruídos são elementos físicos Interferências são internas - Cognitivas: a incapacidade do paciente de
externos aos participantes da aos comunicadores, se expressar de maneira compreensível
comunicação. dividindo-se em três classes: -> fortes crenças mágicas sobre o papel do
médico, ou convicções sobre aspectos de
cuidar ou curar. Por parte dos profissionais
de saúde, também há crenças baseadas nos
princípios tradicionais, mecanicistas e
cartesianas da ciência.

Emocionais: quando os pacientes possuem


algum transtorno de saúde mental ou
emoções extremas. Ou ainda, nos casos em
que o entrevistador é disfuncional e
Formação da imagem do outro: demonstra desresponsabilização,
Exercitar o olhar compreensivo
desde o início, criamos estereótipos. desinteresse, ou mesmo uma excessiva
Analisar a contratransferência projeção sobre o paciente
Muitas pressuposições prejudicam a
comunicação e fazem com que os Análise das expectativas
estereótipos se perpetuem, diminuindo Socioculturais: são exacerbadas quando há
a qualidade do vínculo. notável diferença sociocultural entre o
Imagem profissional
paciente e o profissional.
Elementos que influenciam a comunicação
•A maneira de falar também é muito
Qualidades do profissional que se comunica Comunicação
importante. É o modo como o profissional
bem: não verbal
aparenta seu grau de segurança em relação às
suas técnicas e conhecimentos. Os gestos mais
Reatividade, ou capacidade de responder ao associados à insegurança são: pôr as mãos sobre a
outro a partir de um ritmo condizente ao ritmo boca, jogar o corpo bruscamente para trás,
do outro, sem atropelá-lo, nem abandoná-lo em pigarrear, falar como se fizesse um ditado.
um monólogo -> tempo entre o momento em
que o paciente parou de falar e o profissional
•A maneira de escutar: exige habilidades
começa
psicomotoras -> sinais faciais, olhar que mostra
interesse, mudanças dinâmicas e sintônicas com
Assertividade é a capacidade de o profissional
as reações do paciente > O profissional deve
atuar com decisão, clareza e sabendo o que
procurar manter um estado mental de
pretende a cada momento, com atitude ativa,
serenidade, concentração e interesse genuíno
mas sem ser rude.
pela outra pessoa.

- Profissional e paciente concordam sobre o


Critérios para comunicação eficaz na conteúdo da entrevista e seus objetivos;
entrevista clínica: - As maneiras de demonstração de interesse
pelo paciente:
Abordagem Centrada na Pessoa
O que se vê = Acima da
10% linha d’água

Na linha
d’água

Abaixo da
linha
d’água
Abordagem Centrada na Pessoa

Na
abordagem
tradicional
Abordagem Centrada na Pessoa
Os protagonistas encontram um
Segundo Lewin (2001) e Tizon (1989) e Borrell-Carrió (2004), terreno comum para abordar as
o modelo de entrevista clínica centrada na pessoa acontece preocupações do paciente, as
quando o profissional promove uma relação de cooperação decisões a serem tomadas e as
com o paciente. suas ideias sobre o que ocorre e o
que deve ser feito.

Abordagem
Levam-se em conta as suas
Centrada na expectativas e as suas experiências
Pessoa pessoais e culturais em relação à
= enfermidade, e também as de sua
Todo o comunidade.
iceberg
Para Stewart et al.
(1995), a abordagem
centrada na pessoa é um
modo de transformar e
qualificar o método
clínico tradicional.
Abordagem Centrada na Pessoa
Levantamento de dados, escuta qualificada Permitir à pessoa expressar-se e
e acolhimento, de modo a estruturar o narrar sua história de vida
vínculo com o paciente. Dimensões pessoal e familiar, formulando
subjetivas e as experiências relacionadas ao reflexões sobre seu atual estágio
adoecimento, tais como: sentimentos, de desenvolvimento pessoal.
ideias, efeitos no funcionamento do Explorar as relações familiares e
organismo e da família e expectativas -> sociais de seu contexto e que
SIFE. envolvem, ou estão sendo
afetadas, pelo adoecer.
Chegar à conclusão conjunta sobre quais
serão os problemas abordados e em que O foco é pensar em potenciais
ordem de prioridade serão enfrentados. Os mudanças em virtude do
objetivos do tratamento são pactuados aumento da saúde global da
conjuntamente e claramente entre pessoa -> reduzir riscos,
profissional e paciente. detecção precoce de doenças e
agravos à saúde, diminuição
É muito importante que sejamos realistas dos efeitos negativos das
com nossos pacientes, mas sem desorientá- doenças na qualidade de vida.
los, desampará-los ou torná-los pessimistas.
Trata-se de construir um desafio a ser
compartilhado, com potenciais a serem Busca-se humanizar o vínculo,
desenvolvidos e dificuldades a serem atingir maior horizontalidade e
possibilidade de empatia.
enfrentadas.
Abordagem Centrada na Pessoa
As habilidades de comunicação são tecnologias leves Assim, determinadas ações transformam-se em estratégias
de cuidado fundamentais para o cumprimento dos importantes, tais como:
objetivos da entrevista clínica em saúde:
• Cumprimentar a pessoa pelo nome;
• Construir um bom relacionamento com o paciente; • Ouvir atentamente;
• Detectar e responder às situações emocionais;
• Coletar os dados pertinentes; • Coletar dados;
• Não interromper o paciente;
• Estabelecer concordância mútua e adequação do • Incentivar seu modelo explanatório;
plano de tratamento à realidade do paciente. • Considerar fatores psicossociais;
• Desenvolver uma compreensão compartilhada sobre a
situação;
• Concordar no plano de tratamento;
• Fornecer informações;
• Utilizar corretamente o encorajamento e a motivação;
• Negociar um plano;
• Criar laços;
• Negociar mudanças de comportamento possíveis.
Abordagem Centrada na Pessoa
- Os que orientavam melhor os pacientes;
- Utilizavam o humor;
- Escutavam mais;
Profissionais com menos reclamações - Facilitavam para o paciente falar;
- Pacientes apresentavam resultados de saúde mais positivos.

(Levinson, 1997).

Pacientes: Profissionais:

• Diminuição da utilização dos serviços de saúde; • Informações com mais facilidade e qualidade;
• Melhora da aderência aos tratamentos; • Diagnóstico mais preciso;
• Redução de preocupações; • Têm melhor resultados de tratamento;
• Melhora saúde mental; • São mais seguros;
• Redução de sintomas (*Little, 2001); • Cometem menos erros clínicos;
• Melhora da recuperação de problemas recorrentes. • Melhores relações de trabalho em equipe;
• Aumento de satisfação no trabalho;
• Diminuição do estresse - prevenção de burnout.

(Stewart, 1995; Kurtz, 2005)


CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Considerações finais
Devemos lembrar que os pacientes sempre buscam no profissional de saúde mais do que um diagnóstico
e uma orientação. Eles esperam escuta, acolhimento, suporte e esclarecimento. A clínica ampliada,
centrada na pessoa e incrementada pelas habilidades de comunicação, favorece que o paciente seja
inserido num processo terapêutico no qual:

• A escuta permite seu desabafo;

• O acolhimento permite a ampliação de seu


cuidado, estabelecendo o vínculo;

• O suporte representa o continente para os


sentimentos envolvidos;

• O esclarecimento desfaz fantasias, aumenta a


informação e reestrutura o pensamento,
reduzindo ansiedade e depressão.
Abordagem Centrada Abordagem
na Pessoa tradicional
MATERIAL
COMPLEMENTAR
MATERIAL COMPLEMENTAR
MATERIAL COMPLEMENTAR

VAI CAIR NA PROVA!!!


REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Carrió FB. Entrevista clínica: habilidades de comunicação para profissionais


de saúde. Porto Alegre: Artmed; 2012.

Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e


prática. Porto Alegre: Artmed; 2018.

Stewart M. Brown JB, Weston WW, McWhinney IR, McWilliam CL, Freeman
TR. Medicina centrada na pessoa: transformando o método clínico. 3ª ed.
Porto Alegre: Artmed; 2017.

Ramos v. A consulta em 7 passos Execução e análise crítica de consultas em


medicina geral e familiar. Rev Port Clin Geral 2009;25:208-20.

Ceron M. Habilidades de Comunicação: Abordagem centrada na pessoa.


Módulo Psicossocial - Especialização em Saúde da Família.

Habilidades de Comunicação na prática do MFC Estratégias práticas para


facilitar a relação médico-paciente. Apresentação – Telessaúde Santa
Catarina. Marcela Dohms.
Dica

OBRIGADO!
francisco_dssilva@yahoo.com.br

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