Você está na página 1de 5

CLÍNICA DE DIREITO

Conceituar clínica de direito é complicado, pois envolve questão tanto teórica (não há
texto sobre clínica no Brasil e, no âmbito internacional, não a conceituam apenas a
descrevem seu funcionamento) quanto prática (não se tem experiência clínica).

São quatro as características que identifica a clínica de direito: 1) abordagem de


problema jurídico real; 2) a presença de cliente ou uma causa (subjetividade); 3)
supervisão de um professor; 4) a proposição de solução real com efetiva possibilidade
de intervenção dos alunos.

Vantagens: preencher o vazio entre a teoria das faculdades de direito e a prática da


profissão e sintetizar o direito substantivo e o processual. Além disto, insere o elemento
humano no estudo e na prática do direito, introduz as lições da advocacia que não estão
escritas, ensina o estudante de direito a pensar os assuntos jurídicos desde o início de
seu desenvolvimento, em vez de esperar a decisão final de um tribunal de apelação.

Desvantagens: as críticas ganharam maior ou menor peso a depender do projeto


pedagógico da faculdade de direito. Entre estas estão à dificuldade de conciliar o
calendário judicial com o acadêmico (o processo leva anos para a resolução definitiva X
semestre ou ano letivo ou até a solução) o alto custo das clínicas (quantidade menor de
alunos por professor, necessidade de estrutura física etc), a possibilidade de gerar
resultados contraproducentes caso os alunos mão tenham base teórica suficiente para
lidar com os casos (complexos e incertos).

DEBATE OU DISCUSSÃO

O debate ou discussão consiste em técnica de ensino cujo o principal é instigar a


participação do aluno.

Vantagens: contribui para estudar o assunto de diferentes perspectivas, amplia a


consciência do estudante acerca da tolerância à ambiguidade e à complexidade, estimula
o respeito a opiniões e experiências, motiva o aprendizado (valorização das ideias pelos
colegas e professores), favorece a participação ativa do aluno na sala de aula (motivação
para determinada decisão). Além de desenvolver habilidades para solucionar problemas
e pensar criticamente. Ajuda também na memorização.
Trabalha não somente o domínio cognitivo, mas também o afetivo (relações dos alunos
com os outros ou com o professor).

Desvantagens: a discussão pode ser desviada para temas irrelevantes, pode ser domina
por parte dos alunos ou cair na vala comum.
Na perspectiva do aluno – o medo de se expor em publico ou de expressa ideias erradas;
a crença, por parte dos alunos, de que o debate é perca de tempo; o desperdício de
dinheiro para ouvir a fala dos colegas e não dos professores.
Na perspectiva do professor – a percepção de que a discussão gera certa perda de
controle (temas e assuntos que não foram planejados); a falta de resposta para algumas
indagações feitas pelos alunos, sobre as quais o professor ainda não refletiu; o tempo
consumido pode ser incompatível com o programa de curso (repleto de conteúdos e
informações).
O professor deve identificar o objetivo da aula se for refletir criticamente a estratégia
que facilita o aprendizado é a discussão; se o desiderato for expor informação, a
estratégia é a prelação ou aula expositiva.

O material para o debate deve ser claro, aberto (inadmissível resposta sim ou não),
formulado uma pergunta por vez (para não desencorajar os alunos) e envolver variados
aspectos que desperte interesse nos alunos.
Precisa preparar o ambiente do debate no aspecto tanto físico (evitar colocar o professor
na frente da turma) quanto social (encorajar os alunos).

DIÁLOGO SOCRÁTICO (DG)

É mecanismo retórico que busca identificar, no curso de uma manifestação dialógica, a


verdade presente nos argumentos e contra-argumentos dos sujeitos envolvidos.
No ensino, é compreendido como um método que utiliza a interação dialógica entre dois
ou mais sujeitos para estimular a compreensão ou reflexão sobre um tema.

Qualidade: 1) Conversação como núcleo central da atividade pedagógica;


2) participação inquisitiva;
3) inexistência de um objeto estrito;
4) construção coletiva do conhecimento;
5) estímulo ao desenvolvimento da capacidade reflexiva;
6) catalisação da aprendizagem.

Uso de induções.
Elementos essenciais: uso da técnica para examinar as crenças dos estudantes; explorar
o valor presente na opinião; gerar desconforto; demonstrar a complexidade, dificuldade
e incerteza são advindas de qualquer fato.

Momentos:
Preparação – organizar a atividade, orienta as regras e indica a leitura prévia.
Aplicação – evitar ser o centro da discussão, estimular a discussão e a polêmica, garantir
a assimetria das informações consensuais, permitir a construção coletiva das sínteses
alcançadas (formação coletiva do conhecimento).

Garante a produção do conhecimento e não sua reprodução.

Desfavoráveis: desperdício de tempo, a humilhação ou intimação dos discentes, a


confusão ou o aborrecimento produzidos.
A confusão de estudante não pode ser ignorada e a sensibilidade do docente deve
determinar o momento para seguir em frente, mesmo sem as respostas buscadas.

MÉTODO DO CASO

Concepção clássica: análise de decisão judiciais por meio do diálogo socrático.


O principal objetivo didático de um curso jurídico era habilitar o estudante a raciocinar
juridicamente a partir de decisões judiciais – compilados nos casebook’s dos quais era
extraído o direito aplicável a todos os casos semelhantes.
O papel do professor não consistia mais em simplesmente transmitir conteúdos
jurídicos. Incumbia ao docente incentivar o estudante a buscar tais conteúdos por meio
do estudo e ensinar-lhe como efetuar essa busca.

Método do caso na administração de empresa, busca capacitá-la para a tomada de


decisões estratégicas e a criação de planos de ação. O caso é o problema enfrentado pela
empresa.

Vantagens: propicia o aprendizado por meio de suas experiências pessoais,


desenvolvendo a capacidade de construir um raciocínio jurídico, estimulá-lo o senso
crítico. Permite ao estudante familiarizar-se com a linguagem e vocabulário jurídico
utilizados pelas instancias julgadoras.

Críticas: não permitia ensinar aos alunos todos os conteúdos das diversas áreas do
direito; não ensinam a pensarem como advogados; é um resumo dos argumentos dos
sujeitos envolvidos no processo; o método enfatiza um olhar para o passado, isto é,
analisar o que já aconteceu ao invés de discutir o que pode ser feito em dada situação.

Em reação às criticas, surgiu nova formulação de métodos do caso, desenvolvido por


programas didáticos das Universidades Stanford e Harvard. Houve uma modificação na
conceituação do método, mais especificamente no que concerne ao seu objeto de
estudo: o caso deixa de ser uma mera decisão judicial e passa a corresponder a uma
narrativa de fatos reais a partir do qual os estudantes devem extrair o direito e as normas
aplicáveis.

No Brasil, a natureza civil low não seria um problema para a implementação do método
do caso, tendo em vista que o objetivo deste é habilitar o estudante para desenvolver
raciocínio jurídico. Contudo, encontra entrave na necessidade da realização de ampla
pesquisa jurisprudencial acerca de um tema e, somente após isso, escolher qual das
decisões propicia o desenvolvimento do raciocínio jurídico.

Pode ser desenvolvida por debate, simulação, seminários, diálogo socrático.

PROBLEM-BASED LEARNING (PBL)

Trata-se de aprendizado por meio de problemas – foi desenvolvido como uma técnica
de ensino na década de 1950. Ou melhor, poderia como técnica de ensino que tem como
ferramenta central a análise de casos complexos, reais ou hipotéticos, que envolvam
elementos jurídicos e não jurídicos.
Os professores são entendidos mais como facilitadores do que como disseminadores.

Variedades: 1) problem method – técnica em que se espera que o aluno foque seu
estudo em um problema colocado pelo professor, sendo sua tarefa desenvolver uma
solução para ele com base em quaisquer materiais disponíveis.
2) problem-based method tem como foco, mais do que o ensino de determinados
conteúdos, o desenvolvimento da habilidade especifica da resolução de problemas em
um determinado campo do conhecimento. Seu objetivo não se limita à mera transmissão
de conhecimento, mas se relacionaria o desenvolvimento de processos meta-cognitivos
relacionados aos fins de aprendizagem auto-determinada, conhecimento de conteúdos e
habilidade de resolução de problemas.
Vantagens: treinar os alunos a pensar como advogados, o qual é entendido como
resolvedor de problemas jurídicos; aplicar a jurisprudência existente a novas situações
concretas; fomentar as habilidades de planejamento e aconselhamento; estímulo à
interdisciplinaridade e ao interesse dos alunos; possibilidade de se testar a compreensão
dos alunos, bem como o desenvolvimento das habilidades em questão.

Desvantagens: exige que o professor dedique mais tempo com a preparação das aulas do
que em geral; necessita de salas pequenas (menos que 40 alunos) o que é mais custoso
para a instituição; permite que menos matéria do programa seja coberta.

ROLE-PLAY

É o método que proporciona o ensino por meio da prática ou experiência (problemas


semelhantes àqueles enfrentados pelos advogados no exercício profissional).

Nas clínicas de direito em comparação com o método role play, o nível de


monitoramento é menor diante da imprevisibilidade das contingências evidenciadas na
realidade. No role play pode aprender com o erro o que não é recomendado para a
clínica de direito.

A simulação caracteriza-se pela criação de cenários que, na pretensão de replicar a


realidade e suas contingências, enfatizam o processo de interação dos alunos a partir de
seus diferentes papéis e comportamentos. Pode haver role play sem simulação, em um
caso no qual os alunos assumem diferentes papéis e perspectivas para analisar
determinado problema sem precisar incorporá-los em ações que simulem a realidade,
embora não haja simulação sem role play, pois a assunção de papéis é pressuposto para
a dinâmica de simulação.

Pode almejar a atuação do aluno nas esferas cognitivas, afetiva e performática.

A avaliação do desempenho do aluno pode ser oral ou escrita; individual ou em grupo;


com foco no conteúdo ou nas habilidades desenvolvidas; realizada pelo aluno (pares) ou
pelo professor.
#
A avaliação do método poderá se dar pela análise da dinâmica realizada, do grau de
envolvimento com personagens ou interesse delimitado e dos resultados alcançados em
função dos objetivos didáticos pré-estabelecidos.

SEMINÁRIO

É uma técnica de ensino participativo em que os alunos são o centro da atividade. Os


alunos são desafiados a enfrentar um tema ou texto proposto pelo professor e o
resultado não são respostas certas, mas suas próprias interpretações.

O emprego do seminário implica em três fases cada uma marcada por diferentes
encargos para o professor e para os alunos. A primeira fase, de preparação, engloba a
pesquisa e investigação a serem realizadas pelos alunos. A segunda se constitui na
apresentação do tema e na sua discussão por meio da utilização de outras técnicas como
a exposição oral, debate e discussão. A terceira e última fase consiste na avaliação da
atividade como um todo e eventual atribuição de nota ou menção aos alunos.
Classificação quanto ao objeto de estudo: seminário de leitura, seminário temático e
seminário de pesquisa.

Seminário de leitura – objeto de estudo o texto indicado pelo professor. Visa aprofundar
a matéria estudada, esclarecê-la ou mesmo introduzir novo tema. Espécies:
- Problematizante: ponto de partida de uma discussão;
- Leitura interna: compreensão e discussão do próprio texto lido.
Seminário temático – o aluno tem liberdade na escolha dos subsídios que irão orientar a
sua exposição. Ao aluno ou grupo de alunos é dado o tema sobre o qual deveram
pesquisar e montar uma exposição;
Seminário de pesquisa – há um texto previamente determinado para discussão. Mas é
oportunizado aos alunos discutirem seus projetos de pesquisa em andamento ou em fase
de elaboração.

Crítica: mal utilização do seminário. Geralmente, o que ocorre é apenas inversão do


papel de quem prática a aula expositiva. Em vez do professor, o aluno apresenta o tema.

Você também pode gostar