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Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)

Significado PBL

PBL é uma sigla que vem do inglês, Problem Based Learning, que representa a Aprendizagem Baseada
em Problemas (ABP) e, como o próprio nome diz, é a construção do conhecimento a partir da
discussão em grupo de um problema.
Essa metodologia ativa de ensino vem ganhando muito espaço entre os educadores nos últimos
tempos – principalmente em faculdades de medicina.
A Universidade McMaster, no Canadá, e a de Maastricht, na Holanda, foram as primeiras a adotá-lo,
lá em 1969. Desde então, ele vem sendo implantado em importantes escolas de diversas áreas mundo
afora.
É um método que estimula a actividade dos estudantes, centrado mais na aprendizagem do próprio
estudante do que no ensino ministrado pelos docentes. O estudante aprende a estudar por iniciativa
própria a enfrentar os problemas de forma sistemática, a formular perguntas e procurar soluções.
A Faculdade de Direito da UEM a uns anos atrás chegou a implementar o PBL na integra, mas
interrompeu e passou a usar de forma transversal como metodologia de ensino.

Como funciona o PBL

Essa metodologia quebrou o paradigma de aula tradicional, com disciplinas curriculares distanciadas
umas das outras e o controle de presença e provas:
Nela, o aluno estuda individualmente sobre determinado assunto antes da aula, e anota todas as
suas dúvidas ou dificuldades.
Na aula, acontecem discussões sobre os problemas apresentados, realizadas em grupos.
Esses grupos são formados por no máximo 10 alunos, e não mais por turmas enormes de até 100
estudantes.
Desta forma, a participação de cada aluno se torna essencial, incentivando o trabalho em grupo
e a comunicação.
A Aprendizagem Baseada em problemas PBL traz para a sala de aula a interdisciplinaridade, seguindo
a concepção de ensino atual.
O PBL também segue as novas diretrizes e parâmetros curriculares da educação básica, reduzindo a
distância entre o aprendizado da teoria e a prática.

Vantagens da PBL
• Aumento do senso de responsabilidade dos estudantes, que agora precisam ter vontade
e disciplina para estudar e aprender por conta própria.
• Estímula a leitura, ao emprego do raciocínio lógico e as discussões.

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• Incentivo aos estudantes para que investiguem mais a fundo os problemas apresentados a fim
de encontrar soluções práticas para eles.
• Estimula e desenvolve a habilidade do trabalho em equipe através dos grupos de
discussão.
• Permite a interlocução das disciplinas e especialidades distintas e a troca de
informações entre elas.
• E, talvez a mais importante de todas as vantagens, o acesso precoce dos estudantes ao meio
prático da profissão escolhida, formando novos profissionais mais motivados e mais
humanizados, já que os estudantes podem ver de perto o resultado prático de suas
investigações.

Desvantagens da PBL
• Com a ausência de provas e trabalhos escolares frequentes, há menos cobrança por parte
dos professores. Os estudantes que não se abrem para o método incialmente tendem a se
dedicar menos aos estudos e, consequentemente, aprendem menos.
• Com a facilidade de acesso e a quantidade de informações disponíveis na internet, os alunos
podem acabar recorrendo a fontes de pesquisas duvidosas, sem a preocupação com a
origem e a veracidade das informações encontradas. O novo método recebeu algumas críticas
pesadas por ser considerado superficial. De certa forma encoraja alunos a “enganar” seus
professores, com cópias de trabalhos encontrados na internet por exemplo.
• Recorrem a fontes de pesquisa duvidosas, principalmente às disponíveis na Internet, sem se
preocupar com a origem e a qualidade das informações.
• A infra-estrutura para este tipo de currículo é muito cara. O uso de computadores e de boas
bibliotecas representa necessidade de investimentos. Todavia estas tendências são atuais para
qualquer modalidade de currículo que se queira implementar.

Passos do PBL

1. Leitura do problema, identificação e esclarecimento de termos desconhecidos;


2. Identificação dos problemas propostos pelo enunciado;
3. Formulação de hipóteses explicativas para os problemas identificados no passo anterior (os alunos
utilizam nesta fase os conhecimentos que dispõem sobre o assunto);
4. Resumo das hipóteses;
5. Formulação dos objetivos de aprendizado (trata-se da identificação do que o aluno deverá estudar
para aprofundar os conhecimentos incompletos formulados nas hipóteses explicativas);
6. Estudo individual dos assuntos levantados nos objetivos de aprendizado;
7. Retorno ao grupo tutorial para rediscussão do problema frente aos novos conhecimentos
adquiridos na fase de estudo anterior.

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Explicação dos Passos do PBL

1. Leitura do problema, identificação e esclarecimento de termos desconhecidos

• Identifique palavras, expressões, termos técnicos, enfim, qualquer coisa que não entenda no
problema.
• Pergunte ao grupo se alguém conhece o significado do termo difícil encontrado.
• Se todos concordarem que o significado foi esclarecido, tudo bem, passem para o próximo,
senão incluam o termo entre os objetivos de aprendizado.

2. Identificação dos problemas propostos pelo enunciado

• Primeiramente, identificam-se os problemas. Qual ou quais são os problemas?


• Não tente, por enquanto explicar o porquê dos problemas agora. Essa explicação será feita
no próximo passo.

A construção do problema deve:


• consistir de uma descrição neutra do fenômeno para o qual se deseja uma explicação no grupo
tutorial; ser formulado em termos concretos;
• ser conciso e ser isento de distrações (limitar os problemas levantados, não ter lista infinita);
A discussão de um problema se desenrola em duas fases. Na primeira fase o problema é apresentado
e os alunos formulam objetivos de aprendizado a partir da discussão do mesmo. Na segunda fase,
após estudo individual realizado fora do grupo tutorial, os alunos rediscutem o problema à luz dos
novos conhecimentos adquiridos.

3. Formulação de hipóteses explicativas para os problemas identificados no passo


anterior

• Os alunos se utilizam nesta fase dos conhecimentos de que dispõem sobre o assunto;
• A primeira sessão tutorial visa trazer para discussão os conhecimentos prévios do grupo. Todo
mundo tem conhecimentos prévios, e alguns se lembram de coisas que os outros esqueceram.
• Na Aprendizagem Baseada em Problemas, as hipóteses são elaboradas pelos alunos sobre as
possíveis explicações do problema antes de seu estudo, como uma forma de estimulá-los a
partir dos conhecimentos que já dispõem, pelas suas experiências anteriores.
• Na Metodologia da Problematização há um momento semelhante a este, mas aí os alunos
analisam as possíveis causas e possíveis determinantes maiores do problema a estudar. As
explicações não são somente relacionadas aos conhecimentos técnico-científicos. Este é um
momento crítico de buscar captar relações sociais, políticas, econômicas. Também aí os alunos

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partem de seus conhecimentos prévios, que poderão ser comprovados ou reformulados depois
do estudo individual.

4. Resumo das hipóteses

• Resumir a discussão, relembrando os problemas listados, as hipóteses diagnósticas levantadas,


e as contribuições dos conhecimentos prévios, prós e contras.

• As hipóteses, porém, são formuladas após o estudo, quando já contando com informações
científicas, técnicas, legais, históricas, empíricas ou outras, formulam as hipóteses de solução,
que orientarão a intervenção na realidade da qual se extraiu o problema.

5. Formulação dos objetivos de aprendizado

• Trata-se da identificação do que o aluno deverá estudar para aprofundar os conhecimentos


incompletos formulados nas hipóteses explicativas);
• Diante dos problemas identificados, e após a primeira discussão, com base nos conhecimentos
prévios, identificam-se pontos obscuros, isto é: assuntos ou temas que precisam ser estudados,
para resolver o(s) problema(s).
• O ideal é ser objetivo, isto é, formular os objetivos com base nos problemas, sem tentar estudar
tudo sobre o assunto, pois o tempo não vai ser suficiente.

6. Estudo individual dos assuntos levantados nos objetivos de aprendizado

• O estudo ou busca de informações são essencialmente individuais. Recomendam-se livros


textos clássicos, opiniões de especialistas, buscas em bases de dados. * Na resposta a este passo
deve registar as fontes consultadas.
• Evitar: apostilas, xerox de cadernos de colegas, e livros de consulta rápida.
• O melhor é buscar informações em mais de uma fonte, e ter como um dos objetivos trocar
essas informações, de fontes diversificadas, na discussão em grupo.
• Para a resolução dos problemas, no entanto, o estudo individual é importante para a retenção
dos conhecimentos. Após o estudo individual pelos alunos, esses resultados são apresentados
e discutidos no grupo tutorial.

7. Retorno ao grupo tutorial para rediscussão do problema frente aos novos conhecimentos
adquiridos na fase de estudo anterior.

• O objetivo da segunda reunião tutorial é integrar as informações trazidas, para resolver o


caso. * Escrever de forma resumida a resposta ao problema apresentado.

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CASOS PRATICOS PARA PBL

Resolva os casos abaixo seguindo as regras de PBL

Caso Joana
Joana de 25 anos idade, residente na cidade de Maputo, que vive a 6 anos em união de facto com o
senhor Mário está gravida de 7 meses e tem uma filha de 3 anos (Paula). Joana esta desempregada a 4
anos, estudou até 9ª classe e sente que por causa da sua situação o marido lhe maltrata desde então.
O senhor Mário vive reclamando que ela não sabe cozinhar, motivo pelo qual profere palavras
humilhantes em frente dos seus familiares como também lhe proíbe de conviver com a sua única irmã
(Joana trabalhadora de sexo) alegando que está poderá influenciar o seu comportamento.
Mário ameaçou e espancou Joana na semana passada porque esta se queixou junto dos padrinhos que
ele não deixa dinheiro de despesa desde a dois meses. Joana disse aos padrinhos que não quer nem vai
apresentar queixa por falta de coragem e receio de ser vingada.

Caso Carlos
Carlos que namora com Batista a mais de 4 anos sente-se desgastado com a relação porque o seu
parceiro não quer formalizar nem o apresentar a família. No sábado ao regressar de uma festa tiveram
uma grande discussão que resultou de cenas de ciúmes. Carlos já tinha bebido e estava fora de si.
Pegou em uma faca e deu 2 facadas em Batista e empurrou Ivan que estava a ser acusado de paquerar
Carlos, vindo este a bater com a cabeça e desmaiar. A confusão acabou com a morte de Ivan.
Carlos depois de lhe prestar os primeiros socorros dirigiu-se a esquadra onde recusaram que se
apresenta a queixa de violência doméstica que pune de forma mais grave alegando que na nossa Lei
não se reconhece a relação entre pessoas do mesmo sexo.

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