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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS

SEBENTA
EXAME DE ACESSO 2017
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

LÍNGUA PORTUGUESA | LÍNGUA INGLESA | MATEMÁTICA | GEOGRAFIA | HISTÓRIA


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS

FICHA TÉCNICA

Título: Exame de Acesso 2016 - Ciências Sociais Aplicadas


Língua Portuguesa - Autores: Rita Dala, Ana Vasconcelos e João Bento.
Língua Inglesa - Autores: José Augusto, Sansão Norton e Théophile Wadigesil.
Matemática -Autores: Cláudio Bernardo, Francisco Gil e Leopoldina Paz.
Colaboradores - Walter Pedro, Luísa Vega, Paulo Kaminda, Joaquim Bumba,
Valdik Fonseca, Paulo Teka, Cláudia Matoso, Valdick Jaime, Manuel Cabenda,
António Delgado, Alexis Carrasco, Cândido João e Odayla Perez.
Geografia - Autores: Anabela Sapalalo, Solani Maurício e Alba Faria.
História - Autor: Nani Panzo Manuel.
Editores - Kátia Gabriel, Emanuel Tunga e Cláudio Bernardo.
Capas e Separadores - Assessoria de Comunicação e Imagem.

Morada
Av. Luanda Sul, Rua Lateral Via S10
Talatona - Luanda - Angola
Telefone:+244 226 690 417
Email: sebentas@isptec.co.ao

© 2015
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE
TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS - ISPTEC
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

PREFÁCIO

Esta sebenta foi elaborada por uma equipa de Professores do Instituto Superior Politécnico
de Tecnologias e Ciências (ISPTEC) de diversas áreas de conhecimento, com o propósito de
auxiliar os candidatos no estudo dos conteúdos específicos avaliados nos Exames de Acesso,
realizados por esta instituição. Os conteúdos aqui descritos são as principais referências para
candidatos que pretendem ingressar no ensino superior pois, abarcam os conhecimentos
mínimos necessários para frequentar os Cursos de Ciências Sociais Aplicadas desta
instituição, que é caracterizada pelos processos de ensino e aprendizagem com qualidade e
rigor alicerçados na investigação, inovação e extensão universitária.

A sebenta contém conteúdos de quatro (4) disciplinas distribuídos da seguinte forma:

Língua Portuguesa: Tipo de texto; Categorias narrativas; Língua e comunicação;


Ortografia; Lexicologia; Verbos e tipos de conjugação.

Matemática: Conjuntos numéricos; Potenciação e radiciação; Equações algébricas;


Desigualdades algébricas; Exponenciais e logaritmos;Polinómios; Sequencias; Percentagens;
Noções básicas de derivadas.

Geografia: Os Continentes; Demografia; Agricultura; A indústria e seus reflexos na


organização do espaço; A importância económica e social dos transportes; Comércio
internacional de bens; Urbanização.

História: O tráfico de escravos; A colonização em África; A guerra fria; O processo de


globalização; A economia de mercado.

Cada disciplina referida aborda, de forma resumida, os conteúdos programáticos do Ensino


Médio de Angola, na área de Ciências Sociais.

Para consolidar esses conteúdos, são apresentados exercícios resolvidos que permitem a
orientação e suporte dos candidatos na resolução de outros exercícios propostos.

Nesta perspectiva, o ISPTEC lança esta sebenta como material com valor acrescentado para
suportar os estudos realizados pelos candidatos na compreensão dos temas abordados no
percurso do ensino médio.

i
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................. 1

CAPÍTULO 1 - TIPOS DE TEXTO ........................................................................... 1

1.1 Texto Narrativo .................................................................................................... 1

1.2 Texto Descritivo ................................................................................................... 3

1.3 Texto Apelativo/Injuntivo ...................................................................................... 5

1.4 Texto Preditivo ..................................................................................................... 7

1.5 Texto Dissertativo Expositivo/Explicativo ................................................................. 9

1.6 Texto Dissertativo/Argumentativo ......................................................................... 11

1.7 Texto Poético (Lírico) .......................................................................................... 14

1.8 Texto Informativo (Notícia) .................................................................................. 16

CAPÍTULO 2 - CATEGORIAS DA NARRATIVA ...................................................... 20

2.1 O Narrador ........................................................................................................ 20

2.2 As Personagens .................................................................................................. 21

CAPÍTULO 3 - LÍNGUA E COMUNICAÇÃO ........................................................... 27

3.1 Funções da Linguagem ........................................................................................ 27

3.1.1 Função Informativa ou Referencial ..................................................................... 27

3.1.2 Função Emotiva ............................................................................................... 28

3.1.3 Função Apelativa ............................................................................................. 29

3.1.4 Função Fáctica ................................................................................................. 29

3.1.5 Função Poética ................................................................................................ 30

3.1.6 Função Metalinguística ...................................................................................... 30

ii
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

CAPÍTULO 4 - ORTOGRAFIA .............................................................................. 32

4.1 Classificação das Palavras quanto ao Acento Tónico ................................................ 32

4.2 Regras de Acentuação Gráfica das Palavras ............................................................ 32

CAPÍTULO 5 - LEXICOLOGIA.............................................................................. 35

5.1 Processos de Enriquecimento e Alargamento do Léxico ............................................ 35

5.2 Relação de Sentido e de Forma Entre as Palavras ................................................... 37

5.3 Conotação e Denotação ....................................................................................... 41

CAPÍTULO 6 - OS VERBOS ................................................................................. 42

6.1 Tempo Verbal ..................................................................................................... 42

6.2 Modo Verbal ....................................................................................................... 42

6.3 Verbos Transitivos e Intransitivos ......................................................................... 44

6.3.1 Verbos Transitivos Directos ............................................................................... 44

6.3.2 Verbos Transitivos Indirectos ............................................................................. 45

6.4 Verbos Intransitivos ............................................................................................ 45

CAPÍTULO 7 - TIPOS DE CONJUGAÇÃO .............................................................. 46

7.1 Conjugação Pronominal Reflexa ............................................................................ 46

7.2 Conjugação Pronominal com os Pronomes o, a, os, as ............................................. 47

7.3 Conjugação da Voz Passiva .................................................................................. 48

CAPÍTULO 8 - MODOS DE RELATO DO DISCURSO .............................................. 50

8.1 Discurso Directo ................................................................................................. 50

8.2 Discurso Indirecto ............................................................................................... 50

iii
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LÍNGUA INGLESA .................................................................................................. 56

1. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 56

2. OBJECTIVO DA PROVA ...................................................................................... 56

3. PÚBLICO-ALVO ................................................................................................ 56

4. CONTEÚDOS A REVER ....................................................................................... 56

5. LINKS ............................................................................................................. 58

MATEMÁTICA ......................................................................................................... 59

CAPÍTULO 1- CONJUNTOS NUMÉRICOS ............................................................. 59

1.1 Principais Conjuntos Numéricos ............................................................................ 59

1.2 Intervalos de Números Reais ............................................................................ 60

CAPÍTULO 2 - POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO .................................................... 63

2.1 Potenciação ....................................................................................................... 63

2.2 Propriedades da Potenciação ................................................................................ 64

2.3 Radiciação ......................................................................................................... 71

2.4 Número Irracional ............................................................................................... 71

2.5 Conversão de um Radical em Potência de Expoente Fraccionário .............................. 72

2.6 Conversão de uma Potência Com Expoente Fraccionário em Radical .......................... 72

2.7 Propriedades dos Radicais .................................................................................... 72

2.8 Redução dos Radicais .......................................................................................... 75

2.9 Racionalização .................................................................................................... 75

iv
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CAPÍTULO 3 – POLINÓMIOS .............................................................................. 78

3.1 Definição ........................................................................................................... 78

3.2 Monómio ........................................................................................................... 78

3.3 Grau de Polinómio .............................................................................................. 78

3.4 Valor Numérico................................................................................................... 80

3.5 Operações com Polinómios ................................................................................... 81

3.5.1 Adição (ou Soma) e Subtração (ou Diferença) de Polinómios ................................. 81

3.6 Multiplicação de Polinómios .................................................................................. 84

3.6.1 Multiplicação de Polinómios Por um Número Real (ou Escalar) ............................... 84

3.6.2 Regra de Sinais da Multiplicação ........................................................................ 84

3.6.3 Multiplicação de um Monómio Por um Polinómio .................................................. 85

3.6.4 Multiplicação de um Polinómio Por um Polinómio .................................................. 87

3.6.5 Divisão de Polinómios ....................................................................................... 91

3.6.5.1 Divisão de Polinómios Pelo Método das Chaves ................................................. 91

3.7 Dispositivo Prático de Briot-Ruffini ........................................................................ 94

3.8 Produtos Notáveis e Factorização .......................................................................... 98

3.8.1 Produtos Notáveis (ou Casos Notáveis) ............................................................... 98

3.9 Completar Quadrado ........................................................................................... 99

3.10 Factorização ................................................................................................... 102

3.10.1 Condições de Factorização de Polinómios ........................................................ 102

CAPÍTULO 4 - EQUAÇÕES ALGÉBRICAS ............................................................... 105

4.1 Definição ......................................................................................................... 105

4.2 Classificação .................................................................................................... 105

4.3 Resolução de uma Equação ................................................................................ 105

v
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CAPÍTULO 5 - DESIGUALDADES ALGÉBRICAS .................................................. 113

5.1 Introdução Sobre Inequações ............................................................................. 113

5.2 Manipulação de Equações .................................................................................. 114

5.2.1 Inequações do 1º Grau ................................................................................... 114

5.2.2 Inequações do 2º Grau ................................................................................... 116

5.2.3 Inequações Modulares .................................................................................... 119

5.2.4 Inequações Produto ....................................................................................... 122

5.2.5 Inequações Quociente .................................................................................... 125

CAPÍTULO 6 - EXPONENCIAIS E LOGARITMOS ................................................ 128

6.1 Equações Exponenciais ...................................................................................... 128

6.2 Resolução de Equações Exponenciais .................................................................. 128

6.3 Inequações Exponenciais ................................................................................... 129

6.4 Logaritmo ( log a b  c ) ...................................................................................... 131

6.5.1 Condição de Existência do Logaritmo ................................................................ 131

6.4.2 Logaritmos Iguais .......................................................................................... 132

6.4.3 Logaritmo do Produto ..................................................................................... 132

6.4.4 Logaritmo do Quociente .................................................................................. 132

6.4.5 Cologaritmo de um Número ............................................................................ 133

6.4.6 Logaritmo da Potência .................................................................................... 133

6.4.7 Logaritmo da Potência da Base ........................................................................ 133

6.4.8 Logaritmo da Raiz n-ésima .............................................................................. 133

6.5 Mudança de Base .............................................................................................. 134

6.5.1 Mudança da Base Como Quociente ................................................................... 134

6.5.2 Mudança de Base Como Produto ...................................................................... 134

6.6 Função Exponencial .......................................................................................... 134

vi
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

6.6.1 Definição ...................................................................................................... 134

6.6.2 Representação Gráfica .................................................................................... 135

6.7 Função Logarítmica ........................................................................................... 136

6.7.1 Domínio da Função Logarítmica ....................................................................... 137

6.7.2 Gráfico de uma Função Logarítmica .................................................................. 137

CAPÍTULO 7 - SEQUÊNCIAS ............................................................................. 139

7.1 Progressões Aritméticas (PA) ............................................................................. 140

7.1.1 Propriedade de uma PA................................................................................... 141

7.1.2 Classificação de uma PA.................................................................................. 141

7.1.3 Termo Geral de uma PA .................................................................................. 141

7.1.4 Interpolação Aritmética .................................................................................. 142

7.1.5 Soma dos n Primeiros Termos de uma PA ......................................................... 143

7.2 Progressões Geométricas (PG) ........................................................................... 145

7.2.2 Termo Geral de uma PG .................................................................................. 146

7.2.3 Interpolação Geométrica ................................................................................. 147

7.2.4 Soma dos Termos de uma PG Finita ................................................................. 147

7.2.5 Produto dos Termos de uma PG ....................................................................... 148

CAPÍTULO 8 - PERCENTAGEM .......................................................................... 154

8.1 Definições ........................................................................................................ 154

8.1.1 Representação de uma Taxa Percentual ............................................................ 154

8.2 Cálculo da Percentagem .................................................................................... 154

8.3 Procedimento para Determinar Percentagens que Representam um Número do Outro155

8.4 As Percentagens e as Operações Comerciais ........................................................ 159

8.4.1 Vendas com Lucro .......................................................................................... 160

8.4.2 Vendas Com Prejuízo .................................................................................. 163

vii
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

8.4.3 Descontos e Aumentos ................................................................................... 167

8.4.4 Juros ............................................................................................................ 171

CAPÍTULO 9 - NOÇÕES BÁSICAS DE DERIVADAS ............................................. 177

9.1 Propriedades das Derivadas ............................................................................... 177

9.2 Regras de Derivação ......................................................................................... 177

GEOGRAFIA ......................................................................................................... 181

NOTA INTRODUTÓRIA ..................................................................................... 181

CAPÍTULO 1 - ÁFRICA ..................................................................................... 182

1.1 Localização e Dimensões ................................................................................... 182

1.2 Países e Cidades de África.................................................................................. 183

1.3 Os Portos Mais Importantes ............................................................................... 186

1.4 Os Sistemas Fluviais e as Bacias Hidrográficas ..................................................... 188

1.5 A População de África: Principais Características Sócioeconomicas .......................... 189

1.5.1 Etnias ........................................................................................................... 190

1.5.2 Faixas Etárias ................................................................................................ 190

1.5.3 Cidades Mais Populosas de África ..................................................................... 190

1.5.3.1 Estrutura Sociodemográfica do Continente Africano: Pirâmides Etárias ............... 191

1.6 Os Problemas de Desenvolvimento na África ........................................................ 192

CAPÍTULO 2 - AS AMÉRICAS ............................................................................ 195

2.1 O Continente Americano .................................................................................... 195

2.2 Tipos de Clima do Continente Americano ............................................................. 197

viii
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

CAPÍTULO 3 - EUROPA .................................................................................... 200

3.1 Relevo Europeu ................................................................................................ 200

3.2 Rede Hidrográfica Europeia ................................................................................ 202

3.3 Clima Europeu .................................................................................................. 202

3.4 Demografia ...................................................................................................... 203

CAPÍTULO 4 - ÁSIA ......................................................................................... 206

4.1 Localização e Dimensões ................................................................................... 206

4.2 Relevo Asiático ................................................................................................. 207

4.3 A População da Ásia: Principais Características Sociodemográficas, Económicas e


Religiosas .............................................................................................................. 210

CAPÍTULO 5 - A PRODUÇÃO DE RECURSOS A NÍVEL MUNDIAL ........................ 213

5.1 Conceito de Recurso Natural .............................................................................. 213

5.1.1 Tipo de Recursos Naturais ............................................................................... 213

5.2 Conceito de Recurso Económico .......................................................................... 214

5.3 Uso dos Recursos Naturais pela Sociedade ........................................................... 214

CAPÍTULO 6 – DEMOGRAFIA ........................................................................... 215

6.1 Demografia e Economia ..................................................................................... 215

6.2 Taxa de Natalidade ........................................................................................... 216

6.3 Teoria Demográfica de Thomas Malthus- Malthusianismo ....................................... 217

6.4 Migrações Humanas Decorrentes da Demografia ................................................... 218

CAPÍTULO 7 – AGRICULTURA, BASE DE DESENVOLVIMENTO .......................... 219

7.1 A Agricultura – Conceito e Origem ...................................................................... 219

7.2 A Agricultura Tradicional, Moderna e Contemporânea ............................................ 220

ix
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

CAPÍTULO 8 – A INDÚSTRIA E OS SEUS REFLEXOS NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO


....................................................................................................................... 221

8.1 Conceito de Indústria ........................................................................................ 221

8.2 A Evolução do Processo de Produção ................................................................... 222

8.2.1 Definição do Sector Industrial .......................................................................... 222

8.2.2 Fases do Processo de Produção Industrial ......................................................... 223

8.3 O Advento da Revolução Industrial ..................................................................... 224

8.3.1 Conceito de Revolução .................................................................................... 225

8.3.2 A Primeira Revolução Industrial ....................................................................... 226

8.3.3 Industrialização Mecanizada ............................................................................ 227

8.3.4 Os Impactos da Revolução Industrial ................................................................ 228

8.3.5 A Segunda Revolução Industrial ....................................................................... 230

8.3.6 A Terceira Revolução Industrial .................................................................... 231

8.3.6.1 A Especialização e a Produção em Série ......................................................... 232

8.3.6.2 Trabalho em Cadeia..................................................................................... 233

8.3.6.3 Divisão do Trabalho ..................................................................................... 234

8.3.6.4 Automatização ........................................................................................ 235

8.4 Classificação das Indústrias ............................................................................ 236

CAPÍTULO 9 - A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA E SOCIAL DOS TRANSPORTES .... 237

9.1 Transportes ..................................................................................................... 237

9.2 Tipos de Transporte .......................................................................................... 238

9.2.1 O Transporte Aquático (fluvial e marítimo), Terrestre e Aéreo. ............................ 238

CAPÍTULO 10 - O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS ................................. 238

10.1 O Comércio Internacional ................................................................................. 238

10.2 Desvalorização ou Depreciação de Bens ............................................................. 239

x
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

10.3 Balança Financeira .......................................................................................... 240

10.4 Balança de Capitais e o Fluxo Circular (Real e Monentário) ................................... 240

CAPÍTULO 11 - A URBANIZAÇÃO: TENDÊNCIAS, PROBLEMAS E SOLUÇÕES ..... 241

11.1 Origem e Crescimento das Cidades ................................................................... 241

11.2 Urbanização ................................................................................................... 242

11.3 A Super População de Algumas Cidades do Mundo .............................................. 243

11.4 População Rural e Urbana ................................................................................ 246

11.5 O Fenómeno da Urbanização em Países Pobres ................................................... 246

HISTÓRIA ............................................................................................................ 258

CAPÍTULO 1 – O TRÁFICO DE ESCRAVOS EM ÁFRICA ...................................... 258

1.1 Antecedentes do Tráfico de Escravos ................................................................... 258

1.2 Escravatura Doméstica ou Africana ..................................................................... 259

1.3 O Início e Evolução do Tráfico de Escravos ........................................................... 260

1.4 O Início e Evolução do Tráfico de Escravos em Angola ........................................... 263

1.5 As Consequências do Tráfico de Escravos............................................................. 265

1.5.1 As Consequências Demográficas ...................................................................... 265

1.5.2 As Consequências Económicas ......................................................................... 266

1.5.3 As Consequências Políticas e Culturais .............................................................. 267

1.6 Os Movimentos de Abolição do Tráfico de Escravos e da Escravatura ....................... 268

1.7 O Fim do Tráfico de Escravos e da Escravatura em Angola ..................................... 270

xi
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

CAPÍTULO 2 - A COLONIZAÇÃO DE ÁFRICA ..................................................... 278

2.1 A Conferência de Berlim .................................................................................... 278

2.2 O Início da Colonização de África ........................................................................ 281

2.3 Os Modelos de Domínio Colonial ......................................................................... 282

2.3.1 Indirect Rule ................................................................................................. 282

2.3.2 Direct Rule .................................................................................................... 283

2.4 O Surgimento e a Consolidação do Nacionalismo .................................................. 284

2.5 O Processo de Despertar dos Nacionalistas Africanos ............................................. 285

2.6 Formas de Expressão do Nacionalismo Africano .................................................... 286

2.7 A Independência de Países Africanos ................................................................... 287

2.8 Colonização de Angola ....................................................................................... 289

2.8.1 A Expropriação de Terra ................................................................................. 290

2.8.2 A Política de Assimilação ................................................................................. 291

2.8.3 A Marginalização dos Angolenses ..................................................................... 292

2.8.4 A Descolonização de Angola ............................................................................ 293

CAPÍTULO 3 - A GUERRA FRIA ......................................................................... 297

3.1 Os Antecedentes da Guerra ............................................................................... 297

3.2 O Mundo Capitalista .......................................................................................... 298

3.3 O Mundo Socialista ........................................................................................... 299

3.4 A Crise no Pós-Guerra ................................................................................... 299

3.4.1 O Bloqueio de Berlim ...................................................................................... 300

3.4.2 O Plano Marshall ............................................................................................ 302

3.5 A Formação dos Blocos Militares Antagónicos ....................................................... 302

3.5.1 A Corrida ao Armamento................................................................................. 302

3.6 A Coexistência Pacífica ...................................................................................... 303

3.7 As Implicações da Guerra Fria em Angola ............................................................ 304

xii
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

3.8 A Queda da URSS e o Fim da Guerra Fria............................................................. 308

3.8.1 A Queda do Socialismo em Angola ................................................................... 310

CAPÍTULO 4 - O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO ............................................... 314

4.1 A Economia Mundial e Economia-Mundo .............................................................. 315

4.2 A Globalização e Acontecimentos Recentes .......................................................... 316

4.3 O Neoliberalismo .............................................................................................. 317

4.4 A Dimensão Económica da Globalização ............................................................... 318

4.5 O Crescimento do Comércio Mundial ................................................................... 318

4.6 Crescimento do Comércio Mundial e a Liberalização do Comércio ............................ 319

4.6.1 Os Efeitos da Liberalização do Comércio ........................................................... 320

4.7 O Mercado Financeiro Internacional..................................................................... 320

4.7.1 Globalização do Mercado Financeiro ................................................................. 321

4.8 A Dimensão Cultural da Globalização ................................................................... 322

CAPÍTULO 5 - A ECONOMIA DE MERCADO ....................................................... 326

5.1 Origem das Economias de Mercado ..................................................................... 326

5.2 Os Agentes Económicos ..................................................................................... 329

5.3 O Preço, a Empresa e a Família .......................................................................... 331

5.4 Os Mercados e Economias .................................................................................. 332

5.5 A Microeconomia e a Macroeconomia .................................................................. 334

xiii
LÍNGUA PORTUGUESA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

LÍNGUA PORTUGUESA
CAPÍTULO 1 - TIPOS DE TEXTO
O tipo de texto é definido em função da sequência e das características que ele apresenta.
Alguns, por possuírem a mesma estrutura, são distinguidos pela predominância de certos
elementos característicos. Por exemplo, um texto descritivo pode ter alguns momentos de
avanço (traços que marcam o texto narrativo), porém, não é um elemento predominante
neste tipo de texto. Assim, podemos saber, de antemão, que não se trata de um texto
narrativo.

1.1 Texto Narrativo

Representa factos ou acontecimentos, situados num tempo, que se encadeiam de forma


lógica, desenvolvendo uma acção. Há a predominância dos tempos pretérito perfeito, mais-
que-perfeito e o presente histórico. Assim sendo, a sua estrutura obedece à seguinte
sequência lógica:

 A introdução (que consiste na apresentação da situação inicial);


 O desenvolvimento (que constitui o desenrolar da acção, as peripécias, o enredo ou
trama);
 A conclusão (que é o desenlace ou desfecho).

Exemplo de texto narrativo

“Mas à noite, quando a mãe o deitou e levou a luz, aconteceu uma coisa extraordinária.
A mãe dissera-lhe que dormisse, mas ele não tinha sono. E como não tinha sono,
cansado de dar voltas, pôs-se para ali de olhos abertos. Então reparou que de baixo
da cama vinha uma luz que se estendia pelo soalho. A princípio assustou-se, mas antes
de se assustar muito e de dar algum berro lembrou-se do que poderia ser. E, com
efeito, quando puxou a caixa, que ficara com a tampa mal fechada, e a abriu, a estrela
brilhava como quando a fora apanhar. Tirou-a devagar e todo o quarto ficou cheio da
sua luz. Esteve assim algum tempo com ela nas mãos até que os olhos lhe começaram
a arder com sono e a guardou outra vez na caixa. Mas no dia seguinte, assim que
acordou, foi logo ver se ainda lá estava. Ela estava lá, realmente. Mas não deitava luz
nenhuma. (…)”

In A Estrela, Vergílio Ferreira

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 1


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Exemplo

1- Classifique o tipo de texto, justificando a sua resposta.

Resposta: Este excerto de texto da autoria de Vergílio Ferreira é narrativo, porque há a


presença de um narrador que narra os factos e das personagens (a mãe, o filho) que agem
em determinado espaço e tempo. Verificam-se vários momentos de avanço pela
predominância de verbos no pretérito perfeito e mais- que-perfeito.

EXERCÍCIO PROPOSTO

1- Leia com atenção os textos que se seguem. Indique, justificando a sua resposta, qual
destes trechos pode constituir um texto narrativo.

Texto A

O amigo veio devagar, desconfiado e medroso, mas, quando viu era ainda a cara do Zeca a
espreitar, quis pôr um riso no meio do choro calado, mas não conseguiu. Desatou mesmo a
chorar com toda a vontade.

- Zito, deixa, não chores. O bilhete está aqui, o nosso bilhete está aqui. Ela não lhe apanhou.
Aquele era outro. Desamarrotando uma bolinha de papel, mostrou no amigo o pequeno
bocado do caderno de uma linha onde, com a letra gorda e torta dele, Zito Mkoa tinha escrito
durante a lição: “ANGOLA É DOS ANGOLANOS”.

José Luandino Vieira, “Zito Makoa, da 4ª Classe”,

in Vidas Novas, 3.ª ed.,Ed. 70

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Texto B

“A publicação de Kissoco de Guerra (1990), de Henrique Abranches, de Lueji (1990), de


Pepetela e os Patriotas (1991), de Sousa Jamba, veio iluminar as nossas reflexões sobre a
informação de uma escrita de que Mayombe e Yaka, também de Pepetela, e já antes de
Nzinga Mbandi, de Manuel Pedro de Pacavira, pareciam ser ocasionais actualizações da
inquirição sobre o perfil da identidade pátria, da (re)escrita da História.

Com efeito, a construção desta feição estética reside no resgate da riqueza do património
etnográfico e dos valores tradicionais do depósito oral para os ficcionalizar, levando-os à
categoria da fábula, num programa de consolidação dos alicerces da literatura africana em
universo africano.”

Inocência Mata, in Anais, I Encontro de Professores de Literaturas Africanas de Língua


Portuguesa

1.2 Texto Descritivo

Descreve a representação de um objecto, um ser, uma coisa, uma paisagem, pela indicação
dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam e o distinguem.

Verifica-se no texto descritivo a presença de adjectivos, de verbos de ligação, advérbios e


locuções adverbiais. Os verbos são conjugados no pretérito imperfeito, marcando a catálise
ou momentos de pausa na narração.

Por isso, é possível sempre distinguir um texto descritivo de um texto narrativo e, na mesma
medida, produzi-los. Podemos mesmo encontrar traços semelhantes em determinados textos,
porém, a predominância das suas características vão possibilitar distingui-los e assim
caracterizá-los de acordo com a sua tipologia.

Exemplo de texto descritivo

A árvore era grande, com tronco grosso e galhos longos”. Era cheia de cores, pois tinha o
marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com
suas águas barrentas deslizava lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo
tempo.
In http://www.Adalidzeballoswordpresscomtextos-narrativos-descritivos

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Adaptado.)
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EXERCÍCIO RESOLVIDO

1- Classifique o tipo de texto, justificando a sua resposta.

Resposta: O presente texto é descritivo pela predominância de adjectivos (grande, grosso,


longos, espesso, polidas…), vários verbos de ligação repetidos (“era grande”, “era cheia”…).
A adjectivação é expressiva e a presença de substantivos a serem qualificados é notória
(árvore grande, galhos longos, pedras polidas…).

EXERCÍCIO PROPOSTO

1- Qual destes trechos constitui um texto descritivo? Justifique a sua resposta

Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não
sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas
que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo
poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal
da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos.
Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que
lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o
que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a
palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também
o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.”

(Palavras de José Saramago, na Suécia, quando recebeu o Prémio Nobel)

“Na tasca, homens e mulheres esvaziavam copázios, de topias, ou, portuguesmente,


graçolas, esquentavam o ambiente. Fora, em maior tempestade, estalavam as gargalhadas,
os chamamentos, os rufos afinatórios, toda uma barulheira dos mais variados sons. E só
depois de uma boa meia hora, outra vez se organizavam, outra vez tomavam sua fantástica
marcha.”

In Izomba, Óscar Ribas

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1.3 Texto Apelativo/Injuntivo

O texto apelativo, injuntivo ou instrucional, conforme o seu teor, é assim designado em função
da sua intenção comunicativa. O seu conteúdo permite-nos identificar a sua intenção,
caracterizando-se pela presença de instruções ou orientações, dever moral ou de
cumprimento obrigatório, apelo ou advertência. Usa a função apelativa da linguagem, pelo
uso predominante dos verbos no modo imperativo.

Exemplo de texto apelativo/injuntivo

Não perca mais tempo, venha conhecer o que temos pra lhe oferecer!

Adopte um amigo e sorria, porque a vida é um milagre.

Exemplo

1- Identifique o tipo de texto e a sua intenção comunicativa, justificando a sua resposta.

Resposta: O texto acima reproduzido é apelativo, dado recorrer à função apelativa da


linguagem, sustentada pelos verbos no imperativo. Tem a intenção de influenciar o
comportamento do consumidor, procurando motivar o receptor a consumir o produto
publicitado.

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Bolo de amêndoa

Preparação:

1-Unte uma forma redonda média com manteiga e espalhe no interior os 50 gr de amêndoas
laminadas.

2-Com a batedeira, bater bem a manteiga com o açúcar até ficar um creme esbranquiçado. De
seguida, junte os ovos um a um, batendo bem.

3-Junte a farinha peneirada com o fermento e a canela, aos poucos, batendo para uniformizar.
Não é preciso bater demasiado.

4-Com uma colher de pau, envolva na massa os 100gr de amêndoa laminada restante.

5-Coloque a massa na forma e leve ao forno a 180º durante cerca de 40 minutos.

Exemplo In http://www.receitasavolili.com/sept/2014

1- Identifique o tipo de texto e a sua intenção comunicativa, justificando a sua resposta.

Resposta: O presente texto é apelativo pois usa a função apelativa da linguagem e os verbos
no modo imperativo. Todavia, a sua intenção é dar instruções de como fazer um bolo, isto é,
as etapas necessárias para a sua preparação.

1-Qual destes trechos constitui um texto apelativo/injuntivo? Justifique a sua


resposta.

ASPIRINA-POSOLOGIA:

Para prevenção do tromboembolismo após cirurgia vascular ou intervenções, p.ex. angioplastia


coronária transluminal percutânea (PTCA), enxerto de bypass de artéria coronária (CABG),
endarterectomia, shunt arteriovenoso, tome 100 a 300 mg por dia.

• Para a profilaxia de trombose venosa profunda e embolia pulmonar após imobilização prolongada,
p.ex. após cirurgia de grande porte, tome 100 a 200 mg por dia ou 300 mg em dias alternados.

• Para reduzir o risco de primeiro infarto do miocárdio em pessoas com fatores de risco
cardiovasculares, p.ex. diabetes mellitus, hiperlipidemia, hipertensão, obesidade, tabagismo, idade
avançada, tome 100 mg por dia ou 300 mg em dias alternados.

In http://www.medicinanet.com.br/sep/2014

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O iogurte é um alimento de grande valor nutricional, pelo que há muito tempo é


recomendado como “fonte de saúde”.

O cálcio (sal mineral) é um nutriente que está presente em grande quantidade no leite.
Sendo o iogurte um derivado do leite, este alimento é também rico em cálcio.

O organismo humano assimila mais rapidamente o cálcio do iogurte do que o do leite, razão
por que se poderá dizer que o iogurte é um elemento indispensável ao crescimento e à
estabilidade óssea.

ANIL – Associação Nacional dos Industriais dos Lacticínios

1.4 Texto Preditivo

Os textos preditivos informam sobre algo que ainda irá acontecer, antecipando ou prevendo
eventos futuros. Caracteriza-se normalmente pela presença de verbos no futuro ou no
presente com valor de futuro. São exemplos deste tipo de texto o boletim meteorológico, o
horóscopo, o itinerário ou outro que obedeça a estas características.

Exemplo de texto preditivo

ONU: Faltará 50 por cento de comida em 2030

Relatório diz que planeta está a ficar sem recursos que garantam alimentos

A população mundial parece preparada para crescer dos sete mil milhões de hoje para quase
nove mil milhões até 2040 e o número de consumidores de classe média irão aumentar em três
mil milhões nos próximos 20 anos. No entanto, o planeta parece estar a ficar sem recursos (…)

Tendo em conta os recursos atuais, prevê-se que em 2030 sejam necessários mais 50 por cento
de comida, mais 45 de energia e mais 30 de água para abastecer o total da população mundial.
A ONU está há muito empenhada em promover o desenvolvimento sustentável (…)

O objetivo é simples: evitar que três mil milhões de pessoas sejam levadas à pobreza, à fome.
(…) para alcançar a sustentabilidade, é "necessária uma transformação na economia global". O
relatório faz 56 recomendações e propostas concretas, para evitar que, dentro de 30 anos,
parte de nós estejam a passar fome.

In http://www.cienciahoje.pt/ - 10.06. 2012 (com supressões)

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Identifique o tipo de texto acima, justificando a sua resposta.

Resposta: O texto acima reproduzido é preditivo pelo facto de nele se constatar a previsão
do facto de faltar “50% de comida em 2030”. Pode-se também verificar a predominância de
verbos e complexos verbais no futuro do indicativo e no presente com valor de futuro. Há
também o recurso a expressões temporais que remetem para uma dimensão posterior à da
produção do texto.

1-Qual destes trechos constitui um texto preditivo? Justifique a sua resposta.

PEIXES (20 de Fevereiro a 20 de Março)

Os seus projectos de trabalho e planos de carreira darão um novo salto e uma nova
parceria poderá ser concretizada nos próximos dias. O momento é óptimo para iniciar
uma sociedade comercial, que, certamente, lhe poderá trazer muitos ganhos
financeiros. Fique atento às oportunidades.

Eliminação da Poliomielite obriga a continuar esforços

A eliminação da poliomielite em Angola pode ser anunciada em Dezembro, disse


ontem à Angop o ministro da Saúde.

José Van-Dúnem recordou que há quatro anos que não se registam casos de
poliomielite em Angola, pelo que há condições para anunciar o fim da doença no
país, como exige a Organização Mundial da Saúde.

O ministro referiu que, apesar desta situação, não se devem cruzar os braços, antes
reforçar as acções.

José Van-Dúnem sublinhou que “a poliomielite é uma doença passível de


erradicação, que tem vindo a ser progressivamente eliminada em várias regiões do
mundo” e que “chegou a vez de Angola”.

A erradicação é confirmada gradualmente por comissões independentes com a


certificação da eliminação da doença em cada país, região e a nível global.
In Jornal de Angola, 04.11.2015 (excerto)

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1.5 Texto Dissertativo Expositivo/Explicativo

Este tipo de texto dissertativo, também designado didáctico, caracteriza-se pela transmissão
de informações especializadas mediante uma apresentação objectiva dos dados. Visa expor e
explicitar um determinado fenómeno, facto ou uma determinada matéria estudada, inerente
aos mais variados ramos do saber existentes. Utiliza a função referencial da linguagem,
abordando os factos de forma elucidativa e objectiva, baseando-se nos dados pesquisados ou
estudados.

Os textos explicativos abordam uma determinada temática, e, por norma, fornecem as


respostas a várias questões que eventualmente poderiam ser colocadas.

Exemplo: “Porque voam os aviões”? - Encontraríamos esta abordagem num tratado sobre
aerodinâmica. “Como dar solução a uma incógnita?” - Abordar-se-ia este assunto na
Matemática, especificamente no tratado sobre equações.

Assim sendo, são exemplos de textos expositivos ou explicativos as enciclopédias, as revistas


de carácter científico, artigos de divulgação, manuais escolares e didácticos e ainda toda e
qualquer dissertação com as características referidas.

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Exemplo de texto expositivo/explicativo

O panda gigante ou urso panda é um mamífero carnívoro. O focinho curto lembrando um urso de
pelúcia, a pelagem preta e branca característica. O seu ar pacífico tornam-no um dos animais
mais queridos pela humanidade. É extremamente dócil e tímido, dificilmente ataca o homem, a
não ser quando está extremamente irritado.

A distribuição geográfica e habitat estão confinados ao centro-sul da China situadas em seis


montanhas isoladas.

O panda gigante é um mamífero que come bambu (folhas). A pelagem é grossa e lanosa para
suportar as baixas temperaturas no ambiente subalpino em que vive. As manchas oculares,
membros, orelhas e uma faixa que atravessa os ombros são negras. O restante do corpo é branco,
mas pode se tornar "encardido" com a idade.

Apesar de pertencer à ordem dos carnívoros, ele gosta de comer outras coisas. Alimenta-se quase
que exclusivamente de cerca de 30 espécies de bambu (99% de sua dieta). Sabe-se que o panda
também utiliza insectos e ovos como fonte de proteína e, por vezes, também roedores. Ainda
que o bambu seja rico em água, o panda bebe frequentemente água de riachos ou neve derretida.
In http://pt.wikipedia.org/wiki/Panda-gigante (adaptado), acesso em 20.10.2015

Exemplo

1- Classifique o tipo de texto acima transcrito, justificando a sua resposta.

Resposta: O presente texto é dissertativo-expositivo, pois faz uma apresentação objectiva


dos dados, explicitando o fenómeno observado, neste caso concreto, o habitat dos pandas
gigantes. Usa a função referencial da linguagem, abordando o fenómeno de forma elucidativa,
preocupando-se apenas com a transmissão de informações detalhadas ligadas ao fenómeno
estudado.

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EXERCÍCIO PROPOSTO

1 - Qual destes trechos constitui um texto dissertativo-expositivo? Justifique a sua resposta.

Canários Gloster

“Ao contrário de outras antigas espécies de canários cuja origem é motivo de muita
especulação, a origem dos Glosters está muito bem documentada. O desenvolvimento desta
espécie é relativamente recente, data de 1925. O nome de Mrs. Rogerson de Cheltenham
em Gloucestershire ficará para sempre associado à criação e desenvolvimento desta raça.
Mrs. Rogerson foi a primeira criadora a expor este pequeno espécime, com poupa, numa
exposição em 1925 no Crystal Palace em Inglaterra. Na altura, este exemplar foi analisado
pelos juízes que consideraram que o pássaro em causa apresentava diferenças face ao
standard actual dos pássaros de poupa e que tinha potencial para evoluir como uma raça
distinta. “

In “Arca de Noé”, por Miguel Ângelo Soares

“Era um vidrinho, aquela Vanessa. De cabelos loirinhos e magrinha, cara de enjoada, passou
o ano a inventar mentiras, a fazer queixinhas, a chorar a meio dos testes por não saber uma
pergunta, sempre com muitas dores de cabeça… Não comia na cantina porque a comida
fazia-lhe mal… A Vanessa era muito boa aluna, tocava piano, fazia poemas, tinha explicações
de inglês.”

In “Os Heróis do 6º F”, António Mota

1.6 Texto Dissertativo/Argumentativo

O texto dissertativo/argumentativo ou simplesmente argumentativo caracteriza-se pela


exposição de vários argumentos lógicos que sustentam a opinião ou o ponto de vista do autor
sobre um determinado assunto ou fenómeno. Este texto tem como função ou objectivo
principal persuadir, convencer o receptor. Visa, assim, interferir ou transformar o ponto de
vista do leitor acerca de um determinado assunto ou acerca de um conjunto de fenómenos
sociais, culturais, etc.. Apresenta na sua estrutura os seguintes elementos:

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 Tese - Ponto de vista ou crença à qual o argumentador deve fazer aderir o leitor;
 Premissa - conjunto de factos, pontos de vista prévios à argumentação e aceites por
todos. É uma proposição verídica de um facto ou de uma matéria;
 Argumentos - razões apresentadas a favor ou contra a tese e que podem servir para
a confirmar ou refutara;
 Conclusão - desfecho ou desenlace; a síntese dos argumentos apresentados em que
se dá a consolidação da tese apresentada.

Exemplo de texto dissertativo/argumentativo

TESE: A maioria das inovações que as fritadeiras apresentam não tem qualquer utilidade.

PREMISSAS: Há várias marcas de fritadeiras eléctricas. As mais recentes apresentam diversas


inovações.

ARGUMENTOS: Porém, a tampa anti-cheiros não é eficaz, deixando os “agradáveis “odores da


fritura passearem-se pela cozinha com toda a facilidade.

Além disso, o dispositivo de controlo da qualidade do óleo reage muito tarde. O aviso de que é
necessário substituir o óleo é feito quando este há muito que está impróprio para consumo. Por
outro lado, a superfície anti-aderente, concebida para ser uma ajuda na limpeza, é difícil de
limpar.

CONCLUSÃO: Portanto, a publicidade que se faz em torno da eficácia das mesmas é uma farsa e
os cidadãos não deveriam acreditar nela.

Exemplo: Identifique o texto acima reproduzido, justificando a sua resposta.

Resposta: O texto acima reproduzido é dissertativo/argumentativo na medida em que se


pode notar a intenção comunicativa de persuadir, visando interferir e transformar o ponto de
vista do receptor. Apresenta, na sua estrutura, os quatro elementos que compõem esse tipo
de texto: a tese (A maioriadas fritadeirasnãotem qualquer utilidade); a premissa (Há
várias marcas…inovações); os argumentos (a tampa anti-cheiros) e a conclusão
(Portanto, a publicidade…). Por este facto, é indubitável considerar o texto como sendo
dissertativo/argumentativo.

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EXERCÍCIO PROPOSTO

1 - Qual destes trechos constitui um texto dissertativo/argumentativo? Justifique a sua


resposta.

“Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não
sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que
efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder,
absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da
democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos
que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes
correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que
não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra.
Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever
dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.”

(Palavras de José Saramago, na Suécia, quando recebeu o Prémio Nobel)

Faz hoje nove anos desde a inédita qualificação para o Mundial de futebol

Luanda - Completa-se hoje (quarta-feira) nove anos desde a qualificação inédita de Angola
para uma fase final do Campeonato do Mundo de Futebol, Edição Alemanha'2006, graças a
um golo do então "capitão" da selecção nacional, Alcebíades Maieco "Akwá", na vitória sobre
o Ruanda, em Kigali.(…) O golo da qualificação foi apontado por Akwá, actualmente líder de
um projecto de massificação desportiva denominado “Candengue habilidoso”. Já o passe
para tal foi de Zé Kalanga, ao serviço do FC Bravos do Maquis, 5º classificado do
Girabola2014.

In http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/desporto.acesso 08/10/2014

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1.7 Texto Poético (Lírico)

O texto poético (lírico) caracteriza-se pela carga estética das palavras.Preocupa-se com o
estilo e a forma, tendo como intenção comunicativa exaltar o belo com recurso ao uso das
funções poética e emotiva da linguagem. Apresenta predomínio da conotação e encontra-se
organizado em verso. De referir que também existem textos poéticos desenvolvidos sob a
forma de prosa. Os versos, as estrofes e as rimas compõem a mancha gráfica do texto poético,
onde os poetas gravam o cunho do seu estilo pela utilização dos diversos recursos estilísticos
para transmitir emoções e sentimentos de alegria, tristeza, dor, etc. Um texto poético pode
fazer referência a vários temas: o amor, a natureza, a vida, o destino, entre outros, cabendo
ao leitor descodificar ou identificar estes temas e inclusivamente o assunto.

Exemplo de texto poético (lírico)

Angola Não nasci do teu ventre


Mas foi à tua sombra
Não nasci do teu ventre
Que fecundei rebentos novos
mas amei-te em cada Primavera
E abri os braços
com a exuberância de
semente… Para um destino transcendente…

Não nasci do teu ventre


mas foi em ti que sepultei Angola,

as minhas saudades Não serás terra do meu berço

e sofri as tempestades Mas és terra do meu ventre!


Amélia Vieiga, Poemas
de flor transplantada
prematuramente…

Não nasci do teu ventre


mas bebi o teu sortilégio
em noites de poesia
transparente… 1 2

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Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Exemplo

Pergunta: Identifique o texto acima reproduzido, justificando a sua resposta.

Resposta: O presente texto é poético, pois, pela sua mancha gráfica, apresenta-se em
estrofes e as estrofes em versos, com presença de rimas e várias figuras de estilo; a
linguagem é conotativa; recorre a várias figuras de estilo, como a metáfora: “mas foi em ti
que sepultei/as minhas saudades”; repetição: “terra do meu berço”, “terra do meu ventre”.
O seu teor é marcadamente lírico, exaltando o sentimento de amor à terra – Angola - fazendo
jus às funções poética e emotiva da linguagem.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

1 - Qual destes trechos constitui um texto poético? Justifique a sua resposta.

Chove. É Dia de Natal.


Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente


Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse


O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra


E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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“Era um vidrinho, aquela Vanessa. De cabelos loirinhos e magrinha, cara de


enjoada, passou o ano a inventar mentiras, a fazer queixinhas, a chorar a meio
dos testes por não saber uma pergunta, sempre com muitas dores de cabeça… Não
comia na cantina porque a comida fazia-lhe mal… A Vanessa era muito boa aluna,
tocava piano, fazia poemas, tinha explicações de inglês.”

In “Os Heróis do 6º F”, António Mota

1.8 Texto Informativo (Notícia)

A notícia é um texto informativo curto, que se caracteriza pelo relato de factos verdadeiros,
de forma objectiva e impessoal. O acontecimento a ser relatado deve ser real (não fictício),
actual e de interesse geral.

Relativamente à sua estrutura, a notícia deve ser constituída por três elementos chave: o
título, o lead e o corpo.

1. Título: tem por objectivo cativar o leitor de modo a criar interesse pela leitura da notícia.
Deve ser apresentado em tamanho maior que o antetítulo e o subtítulo:
a) Antetítulo (deve surgir sempre antes do título e em tamanho menor que o título);
b) Subtítulo (deve surgir sempre depois do título e em tamanho menor que o título).

2. Lead: constitui o 1º parágrafo e o mais importante da notícia. Responde às perguntas


Quem?, O quê?, Quando? e Onde? O termo lead provém do inglês to lead que quer dizer
guiar, liderar. O lead é considerado o parágrafo guia da notícia.
3. Corpo: é a parte do desenvolvimento da notícia e responde às perguntas Porquê? e Como?
Aqui detalha-se por que razão aconteceu o facto, como aconteceu, o que esteve na base
do sucedido.

A linguagem da notícia deve ser simples, clara e objectiva, não usando o sentido figurado das
palavras, mas sim o denotativo. Deve ser de interpretação unívoca, terum só plano de leitura,
não podendopossibilitarvárias interpretações. Por outro lado, deve usarusar frases curtas,
evitando os adjectivos ou expressões adverbiais expressivas com vista à emissão de qualquer
juízo de valor. Dever-se-áusar sempre o nível de língua corrente.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 16


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Exemplo de texto informativo (notícia)

Peritos fizeram ontem em Luanda o balanço das actividades desenvolvidas

Angola e a União Europeia definiram ontem, em Luanda, novas estratégias para os


próximos programas de financiamento no sector das Águas, que terão início em 2016. O
responsável de Imprensa e Informação da Delegação da União Europeia em Angola, Pablo
Mazarrasa, afirmou que está actualmente em negociação o programa de cooperação com
Angola que vai de 2014 até 2020. O financiamento disponibilizado pela UE para Angola
superou os 200 milhões de euros.

In Jornal de Angola,7.10.2014

Exemplo

Pergunta: Identifique o texto acima reproduzido, justificando a sua resposta.

Resposta: O presente texto é uma notícia pelo facto de apresentar um relato sobre um facto
de interesse geral e actual. É constituído pelo título (Peritos fizeram…); lead ou parágrafo
guia (contendo as respostas às questões: quem?, o quê?, quando?, onde?) e o corpo da
notícia, respondendo às questões (porquê? e como?).

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EXERCÍCIO PROPOSTO

1 - Qual destes trechos constitui uma notícia? Justifique a sua resposta.

Uma canção de Filipe Mukenga, sobre a saga dos embarcadiços, diz que
“chegar é alegria e partir é tristeza”. Isso confirmo eu, que regressei à minha
paixão pelas estradas nacionais.

De carro, fui a Malanje, ao Bié e Huambo. Percorri esses caminhos e terras por onde
todos, indistintamente, nos cruzamos e nos olhamos e que são, afinal, o símbolo de um
grande abraço que nos junta nesta nossa aldeia global.
A estrada nacional não dorme, mas bom mesmo é partir de viagem ao amanhecer e
regressar ao pôr-do-sol. Por todo o trajecto, começamos a ver as fazendas que crescem
como cogumelos. A produção agrícola nacional encontrou finalmente o seu rumo e está
agora em pleno desenvolvimento.

José Ribeiro, in Jornal de Angola, 1.11.2015 (excerto)

Chefe do Estado-Maior General preconiza harmonização na formação dos


efectivos

In Jornal de Angola, 7.10.2014 (


A partir do próximo ano, os três ramos das Forças Armadas Angolanas (Exército, Força
Aérea e Marinha de Guerra) vão beneficiar de equipamentos mais modernos e
concordantes com os actuais desafios, no âmbito da reedificação em curso, anunciou o
chefe do Estado-Maior General das FAA em entrevista ao Jornal de Angola…

In Jornal de Angola, 7.10.2014

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Tabela 1- Tipos de texto

TIPOS DE TEXTO INTENÇÃO COMUNICATIVA CARACTERÍSTICAS

Descrever uma pessoa uma Descrição de objectos, pessoas,


classe, paisagem,ojecto etc. paisagens, animais, etc.; predomínio
Texto Descritivo
de adjectivos e expressões adverbiais.

Convencer o receptor a aderir Exposição de vários argumentos


a uma determinada opinião/ lógicos acerca da opinião ou ponto de
Texto Argumentativo
ponto de vista (tese). vista do autor.

Texto Explicar de forma elucidativa A finalidade é transmitir informações


Explicativo/Expositivo algum conteúdo. especializadas mediante uma
ou Didáctico apresentação objectiva dos dados.

Contar uma história, narrar um Narração dos acontecimentos de


facto. diversas personagens, reais ou
Texto Narrativo
imaginárias, desenvolvendo-se num
determinado tempo e espaço.

Texto Lírico Exaltar o belo, expressar Recurso à função estética da


sentimentos ou emoções como linguagem, com predomínio de vários
dor, alegria, etc. recursos estilísticos.

Directivo/Instrucional Dar orientações, directrizes, Apresentação de instruções que


ou Injuntivo ordenar, apelar. geram ou implicam dever ou
obrigatoriedade de cumprimento; uso
predominante do modo imperativo.

Texto conversacional ou Interagir com o interlocutor Corporização em discurso directo do


dialogado por meio de um diálogo, intercâmbio das falas entre dois
conversar. interlocutores.

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CAPÍTULO 2 - CATEGORIAS DA NARRATIVA

Consideram-se categorias da narrativa o narrador, as personagens, o espaço, o tempo e a


acção.

2.1 O Narrador

O narrador é mencionado como sendo o sujeito de enunciação, proposto pelo autor da obra.
É um ser ficcional que existe somente na narrativa para narrar os factos e não deve ser
confundido com o autor, mesmo quando as duas posições se aproximam. O autor é um ser
real; já o narrador é um ser fictício, criado pelo autor.

A posição do narrador no interior da narrativa varia de acordo com a forma como a sua
presença se faz sentir, por isso, quanto à presença, o narrador pode ser:

 Autodiegético - quando afigura do narrador coincide com a da personagem principal,


geralmente a história tem um carácter auto-biográfico. A narração é feita na 1ª pessoa;
 Homodiegético – a figura do narrador coincide com a de uma personagem secundária. É
um narrador que se envolve na acção com outras personagens e que conta os factos. Participa
e é parte integrante da história, vive no mesmo mundo fictício criado pelo autor; é notória a
1ª pessoa do plural nas palavras do narrador;
 Heterodiegético - quando o narrador é não participante, ou seja, é um narrador ausente,
não interfere na história e é um mero observador a relatar a história. A narração é feita na
3ª pessoa.

Quanto à Ciência/Focalização, o narrador pode ser classificado como:

 Omnisciente - quando sabe e conhece tudo sobre as personagens, quer a nível interior,
quer a nível exterior, assim como os eventos passados e futuros, estando ao corrente dos
comportamentos, sentimentos, temperamento e pensamentos dessas mesmas
personagens;

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 Focalização externa - a visão do narrador é de alguém exterior à narrativa. Apresenta os


aspectos exteriores das personagens e dos eventos. O narrador apenas conhece o que ouve
e vê superficialmente;
 Focalização interna - a visão do narrador é de alguém inserido na narrativa. O narrador
pode também ser avaliado de acordo com a posição que toma face às personagens e aos
acontecimentos.

Objectivo: quando este relata os factos de forma imparcial e distanciada.

Subjectivo – quando este, ao relatar, dá a sua opinião, elogiando, censurando,


aconselhando.

2.2 As Personagens

As personagens são agentes da narrativa em torno das quais gira a acção e podem
distinguir-se quanto ao relevo ou papel:

 Protagonista, personagem principal ou herói: personagem em torno da qual decorre a


acção, desempenhando um papel central. A sua actuação é fundamental para o
desenvolvimento da ação;
 Antagonista ou oponente - que atua em oposição a outros; opositor; adversário.
Personagem que é contra alguém ou algo;
 Secundária - participa na acção sem papel decisivo, assume uma posição de menor relevo
que o protagonista, sendo, no entanto, importante para o desenrolar da acção;
 Adjuvante - personagem que facilita ou ajuda na concretização dos objectivos do
protagonista;
 Figurantes - têm um papel irrelevante no desenrolar da acção. Servem de figurino para
funções decorativas dos cenários. Os mesmos podem ser singulares ou colectivos.

Quanto à sua composição ou concepção, as personagens podem ser:

 Redondas, esféricas ou modeladas - aquelas que, pela sua densidade psicológica, podem
alterar o seu comportamento e são capazes de evoluir ao longo da narrativa. O seu
comportamento não é previsível, pois surpreende sempre;

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 Planas - aquelas sem grande vida interior, ou seja, não têm alteração no seu
comportamento ao longo da narrativa nem têm evolução psicológica. A personagem plana é
estática, comportando-se da mesma forma previsível ao longo de toda a narrativa;
 Personagem-tipo - aquele que representa um grupo profissional ou social, uma
colectividade, um grupo.

Quanto ao processo de caracterização, as personagens podem ser caracterizadas directa


ou indirectamente ou ainda pelas duas vias, de forma simultânea. Para este último caso,
estaremos diante de uma caracterização mista. Caracterizar uma personagem é dizer como
ela é: se é magra ou gorda, alta ou baixa, esperta ou burra, nobre ou ignóbil, pobre ou rico,
honesta ou desonesta.

A caracterização da personagem pode ser directa, indirecta e mista; estando a directa


subdividida em:

 Auto-caracterização - aquela em que a própria personagem refere as suas


características;
 Hétero – caracterização - aquela em que a caracterização da personagem nos é
fornecida pelo narrador ou por outra personagem.

A caracterização indirecta é feita pela dedução ou inferência do leitor através das atitudes,
gestos comportamentos e sentimentos da personagem e a caracterização mista pela
coexistência de momentos de caracterização directa e indirecta.

 Espaço ou Ambiente físico: é o local ou espaço real no qual decorre a acção que serve de
cenário à mobilidade das personagens.
 Ambiente social ou espaço social: é o meio em que vivem as personagens, a sua situação
social, económica ou os valores culturais, as tradições e os costumes.
 Ambiente psicológico: é o espaço interior da personagem que abrange os seus
pensamentos, os seus sentimentos, emoções, sensações e as suas vivências.

Quanto ao tempo há a considerar:

Tempo cronológico ou tempo da história: aquele no qual decorre a acção. Corresponde


ao decurso e duração dos acontecimentos, marcados cronologicamente por anos, dias, horas,
entre outros.

Tempo histórico: é o contexto histórico (época, período) em que se situa a narrativa.

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Tempo psicológico: é subjectivo porquanto é sentido ou vivido pela personagem e flui em


consonância com o seu estado de espírito.

Tempo do discurso: corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo da história,


alongando, resumindo, alterando ou omitindo os dados do tempo cronológico.

O narrador pode escolher narrar os acontecimentos por ordem linear e, quando tal acontece,
teremos uma isocronia.

O narrador pode ainda escolher narrar os acontecimentos com a alteração da ordem temporal
tendo-se assim uma anisocromia. Pode recorrer à analepse (recuo a acontecimentos
passados) ou à prolepse, (antecipação de acontecimentos futuros).

Quanto à sua organização, as sequências narrativas e/ou das acções podem estar articuladas
por:

 Encadeamento - que é a ordenação lógica dos acontecimentos, pois as sequências


encontram-se ordenadas cronologicamente;
 Alternância - aquela em que a sequência das acções vai ocorrendo alternadamente,
chegando a entrelaçar-se;
 Encaixe - aquela em que a acção e/ ou sequência é introduzida noutra, ou seja, é
encaixada dentro de outra.

Quanto à delimitação podemos ter uma narrativa aberta ou fechada. É narrativa fechada
quando a acção é totalmente solucionada e as personagens têm um destino estabelecido.
Trata-se de uma narrativa aberta, quando não se apresenta a solução definitiva, não há o
desfecho da história e do destino final das personagens, tudo fica em aberto, sendo passível
de se lhe atribuir diferentes destinos por parte dos leitores.

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Exemplo de narrador heterodiegético e não omnisciente

Um dia, o Pedro chegou ao pai e disse:

- Pai, compra-me uma bicicleta!

O pai olhou atenciosamente para o filho e indagou:

- Já sabes andar de bicicleta?


- Mas, pai, como é que vou saber se nunca ninguém me ensinou e
nunca sequer tive uma? - retorquiu o filho, para a admiração do
pai.

EXERCÍCIOS:

Pergunta: No trecho acima, classifique o narrador quanto à presença e à ciência, justificando


a sua resposta.

Resposta: No presente trecho, o narrador é não presente ou não participante, isto é, não
participa da história, é um mero observador, porque só narra o que vê e observa, por isso,
quanto à presença, é considerado heterodiegético. Quanto à ciência, neste trecho, o
narrador é não omnisciente, pois não penetra no interior das personagens, não sabe de tudo,
sabe apenas o que vê, observa e ouve e tudo quanto sabe das personagens e da narrativa se
resume a isso. Como podemos constatar no texto, não há expressões ou frases que o narrador
tenha utilizado e denotem omnisciência. (“O pai olhou atenciosamente para o filho e
indagou…”; “Retorquiu o filho para a admiração do pai.”). Estas são as frases do narrador e
nelas não há marcas de omnisciência; apenas o que se vê, se observa e se ouve.

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Pergunta: No seguinte trecho, classifique o narrador quanto à presença e ciência, justificando


a sua resposta.

Chegara a casa cansado e pediu um banco para se sentar. Meu irmão mais
velho correu imediatamente para dentro, pegou na primeira cadeira que viu,
pois já conhecia os maus hábitos do velhote:

- Apressa-te, seu preguiçoso! - gritou o velho antes de receber a cadeira.

Era assim, sempre que chegasse do serviço. Sem palavras ficava meu irmão,
guardando tudo no seu coração, pensando numa maneira de um dia livrar-se
dos maus tratos.

- Mano, por que o pai faz isso? - perguntei, desanimado.


- Não fiques triste por mim, já sou homem, vês que não tenho a tua
idade, agora vai brincar. - disse-me ele, pensando sempre no que devia
fazer para um dia sair daquela situação.

Resposta: Neste trecho, quanto à presença, o narrador é homodiegético, pois narra os factos
e, concomitantemente, participa da narrativa, mas não é o protagonista como podemos ver
pelas marcas de 1ª pessoa (“meu irmão” , “perguntei”) que o confirmam. Quanto à ciência,
o narrador é omnisciente, pois penetra no interior das personagens, sabe de tudo sobre as
personagens: os seus actos, os seus pensamentos (“...guardando tudo no seu coração,
pensando numa maneira de um dia livrar-se dos maus tratos.”)

Pergunta: No seguinte trecho, classifique o narrador quanto à ciência e presença e as


personagens quanto ao relevo ou papel que desempenham.

Acordei às 5:00 horas da manhã, pus-me a correr no bosque ainda escuro de


nevoeiro e húmido de orvalho. O ar apresentava-se puro e fresco. Era o que mais
gostava de sentir pela manhã e ganhar o dia sem stress. Era rotina, pois já não
me sentia bem se o não fizesse.

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Resposta: Neste trecho, o narrador é autodiegético, pois narra a história na primeira pessoa.
“Eu” e o mesmo é o protagonista da narrativa, vislumbrando-se o carácter autobiográfico da
narrativa que se nos afigura.

1 - Nos seguintes excertos de textos de diferentes autores, classifique o narrador quanto à


ciência e presença e as personagens quanto ao relevo ou papel que desempenham.

TEXTO A

(…) Baixei-me para molhar uma das mãos. A temperatura baixava e já não estava
tão prazenteira para a poder utilizar. Começava a esfriar e com ela a tarde caía a
pique com o sol a pôr-se no horizonte e uma série de imaginações passaram pela
minha cabeça...

Texto de Chó do Guri In Puxando pela Língua.Maza edições, 2010

TEXTO B

(…) Alvim desembrulhou o papel que envolvia o estranho objecto e pousou-o nas
mãos de Xavier. Enquanto o camionista mirava aquele pau direito com curva numa
das pontas, encerrando tanta nobreza que vinha de geração em gerações, Alvim
tilintou duas “cucas” na grade de cerveja que guardava debaixo da cama. Abriu-as
e estendeu uma a Xavier, que gargarejou meia cerveja, limpou a boca com as costas
da mão esquerda e, como quem confessa, asseverou:

__ Desculpe, mas essa história de sangue azul não me entra! Essa gente tem cabelo
loiro, olhos azuis. Você nem sequer foi a Lisboa!...

Manuel Rui, “Mulato de sangue azul” in Regresso adiado, Lisboa Ed.Cotovia, 1973

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TEXTO C

Minha filha tem um adormecer custoso. Ninguém sabe os medos que o sono acorda
nela. (…) ela me pede mais:

- E depois?

O que Rita quer é que o mundo inteiro seja adormecido. E ela sempre argumenta
um sonho de encontro ao sono: quer ser lua. A menina quer luarejar…

Mia Couto, “A luavezinha” in contos do Nascer da Terra, Ed.Caminho, 1997

CAPÍTULO 3 - LÍNGUA E COMUNICAÇÃO

3.1 Funções da Linguagem

O homem, enquanto ser social, sente a necessidade de comunicar, isto é, de estabelecer


relações com o mundo em que vive. Assim, em função da intenção comunicativa, o emissor
passa uma mensagem cujo teor ostenta uma função: informar, apelar, etc. Este valor
funcional que a mensagem possui é que se vai designar de função da linguagem.

Na língua portuguesa há seis funções da linguagem, como veremos a seguir.

3.1.1 Função Informativa ou Referencial

Caracteriza-se pela predominância do aspecto informativo, está presente sempre que o


emissor se limita a informar, transmite uma informação objectiva sobre a realidade. Dá
prioridade aos dados concretos, factos e circunstâncias. Usa a 3ª pessoa e frases do tipo
declarativo. São exemplos notáveis de textos com função informativa as notícias de jornal,
reportagem, artigo.

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Exemplo de texto com a função de linguagem referencial

“Vários bairros da capital de Luanda vão ter o abastecimento de água


restringido, a partir das 8:00 do dia 30 deste mês até ao dia 2 de outubro,
devido a obras de reabilitação da Estação de Tratamento de Água de Kifangondo.
Em comunicado, a EPAL alerta os consumidores a fazerem reservas de água
para não viverem grandes dificuldades”.

In Jornal de Angola, 27.09.014

3.1.2 Função Emotiva

Nesta função de linguagem, o emissor exprime directamente uma emoção que tende a
reflectir-se naquele a quem se dirige. A entoação reveste-se de particular importância na
função emotiva da linguagem, pois apresenta a expressão de uma carga afectiva: alegria,
irritação, entusiasmo, surpresa, dor… Um dos indicadores da presença da função emotiva
num texto é a presença de interjeições, expressões adjetivais e de alguns sinais de pontuação,
como as reticências e o ponto de exclamação. Usa frases do tipo exclamativo.

Exemplo de texto com a função de linguagem emotiva

“Oh, meu companheiro, minha vizinha aflita, meu amor de terra e água, quase que
estais encolhidos ao frio e à neve, como personagens duma fatalidade tradicional,
levantai-vos e dirigi alegremente ao crepúsculo a vossa saudação fraternal (…) Mas
o natal dos lagos, senhores? Um espanto! Que lume ao hino mais insondável da
criação!”

Antunes da Silva, Uma Pinga de Chuva

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3.1.3 Função Apelativa

O emissor utiliza a linguagem para influenciar o receptor, com a intenção de o convencer de


algo ou dar-lhe ordens, visa mexer com a atitude, e opinião do receptor. Usa os verbos no
modo imperativo, frases do tipo imperativo. Está presente com frequência na linguagem
usada nos discursos, propagandas e sermões.

Exemplo:

Não compre produtos fora do prazo!


Evite intermediários!
Assine, coleccione, ofereça!
Exija equipamento aprovado!
Orai sem cessar!

3.1.4 Função Fáctica

Está presente sempre que o emissor quer estabelecer a comunicação ou verificar se o contacto
entre ele e o receptor se mantém. Há fórmulas que se usam com esta finalidade; as mesmas
podem ser:

 De saudação;
 De interpelação;
 De agradecimento;
 De despedida.

Exemplo:
-Alô, bom dia!

-Bom dia, obrigada.

- Por favor, gostaria de contactar a Antónia.

- Não, não é possível…

-O quê, não percebi…, pode repetir o que disse?

- Ela, hoje, não veio trabalhar.

-Muito obrigada. Até já.


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3.1.5 Função Poética

Resulta da selecção e combinação de palavras que põem em evidência o valor estético da


mensagem. Visa exaltar o belo. Usa palavras de sentido figurado, jogos de palavras,
estruturas frásicas elaboradas, polissemia sonoridades e ritmo.

Exemplo:

“As palavras saíam–lhe da boca altas e frondosas como as árvores, e o vento que
soprava levava as palavras consigo e deixava-as cair nas letras férteis onde se
multiplicavam e cresciam. Eram essas palavras sonoras, pesadas e sumarentas como
as laranjas escolhidas, e nelas se comparavam as virtudes às flores, e o vício à lepra,
e a vida inteira ao caudaloso rio que flui, estreito e efémero, tropeçando nas pedras e
nos limos.”

António Gedeão, Poemas Póstumos

3.1.6 Função Metalinguística

Esta função refere-se à metalinguagem, que ocorre quando o emissor explica o código usando
o próprio código, isto é o emissor usa a língua para explicar a própria língua. São exemplo de
textos com a função metalinguística os dicionários, gramáticas. Apresenta estruturas
explicativas, tais como: define-se, significa, isto é, isto quer dizer.

Exemplo:

Significado de Lâmpada

s.f. Utensílio destinado a produzir luz e que serve para iluminar.


Tubo a vácuo e de vários eléctrodos e que serve, no rádio, para emitir,
detectar, ampliar e corrigir as correntes oscilantes; díodo; tríodo; válvula.

In Dicionário online de português, acesso 14.10.2014.

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Observação: Num mesmo texto, podem surgir várias funções da linguagem. Todavia, a
classificação da linguagem a ser dada ao texto deverá ser aquela que maior predomínio tiver.
Isto é, a linguagem predominante no texto dá a classificação ao mesmo.

EXERCÍCIOS.

Identifique a função da linguagem presente nos seguintes trechos:

Computador: substantivo masculino.

1. O que faz cálculos (pessoa ou máquina) = CALCULISTA

2. [Informática] Aparelho eletrônico usado para processar, guardar e tornar

acessível informação de variados tipos.

3. [Informática] O mesmo que computador pessoal.

In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa http://www.priberam.pt/dlpo/computador

Ministro da Defesa regressa de Maputo

Angola e Moçambique avaliaram nesta quarta-feira, em Maputo, a cooperação


no domínio militar, durante a curta visita de trabalho efectuada pelo ministro
angolano da Defesa Nacional, João Lourenço, ao único país Índico.

In jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao/ acesso 24/10/2014.

Festa na Esplanada azul.

Não pense duas vezes.

Compre já o seu convite!

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CAPÍTULO 4 - ORTOGRAFIA

4.1 Classificação das Palavras quanto ao Acento Tónico

As palavras em português, quanto ao acento tónico, classificam-se em agudas, graves e


esdrúxulas.

Agudas: aquelas que têm o seu acento tónico na última sílaba.

Ex.: Café, alô.

Graves: aquelas que têm o seu acento tónico na penúltima sílaba.

Ex.: Cavalo, revólver, repórter.

Esdrúxulas: aquelas que têm o seu acento tónico na antepenúltima sílaba.

República, Lâmpada

Como vemos nos exemplos acima, cada palavra tem uma sílaba tónica, aquela que se
pronuncia com maior intensidade de voz; e é sempre a vogal da sílaba tónica que deve ser
acentuada graficamente. Porém, para colocarmos os acentos nas palavras devemos obedecer
sempre à regra da acentuação gráfica das palavras sem a qual não é possível acentuarmos
as palavras sob pena de se cometer erros crassos. Ei-las abaixo.

4.2 Regras de Acentuação Gráfica das Palavras

Acentuam-se graficamente todas as palavras esdrúxulas na língua portuguesa.

Ex.: República, Rúbrica, típico.

Acentuam-se graficamente as palavras agudas terminadas em:

“A”,” e”, “o”, seguidas ou não de “s”.

Ex.: Café, alô, Pé (s)

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Também são acentuadas as agudas terminadas em “em” ou “ens” com mais de uma sílaba.

Ex.: Armazém, parabéns.

São acentuadas graficamente todas as palavras graves nas condições indicadas no quadro.

Tabela 2 - Acentuação de palavras graves

Terminação da palavra Exemplo

L fácil

n pólen

r cadáver

X tórax

Us vírus

I, is júri, lápis

ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos

Um,uns álbum, álbuns

ps bíceps

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EXERCÍCIOS

As palavras a seguir são agudas, graves e esdrúxulas. Acentue-as.

Pes, heroi, por, da-mos, para, demos, impar, computo, hifen, virus, idolatra, publico, habito,
torax, tunel, influimos, fluidos.

Acentue graficamente as seguintes palavras:

Fabrica fabrica
Pratico pratico
Assedio assedio
Continuo continuo
Trafico trafico
Anuncio anuncio
Noticia noticia
Policia policia

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CAPÍTULO 5 - LEXICOLOGIA

Lexicologia é a “parte da gramática que se dedica ao estudo etimológico e às diversas


acepções das palavras” (In Dicinário online de Português. http://www.dicio.com.br/lexicologia
Acesso 25 de Outubro de 2014).

5.1 Processos de Enriquecimento e Alargamento do Léxico

Existem vários processos de enriquecimento e alargamento do léxico, apresentados na Tabela


a seguir.

Tabela 3 - Processos de enriquecimento e alargamento do léxico

Processos de enriquecimento e alargamento do léxico

PROCESSOS EXEMPLOS

sufixação Feliz-feliz(mente)

mente (sufixo)

prefixação Feliz- (in)feliz

Derivação
In(prefixo)

Prefixação e sufixação (In)feliz(mente)


Formação de
palavras aglutinação Fidalgo=filho+algo

Composição
justaposição Segunda-feira

(em)pobre(cer) *empobre

Parassíntese *pobrecer

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Tabela 4 - Processos de enriquecimento e alargamento do léxico

Processos de enriquecimento e alargamento do léxico

PROCESSOS EXEMPLOS

Abreviaturas Metropolitana metro

Neologismos adjectvo adj.

século séc.

Siglas Instituto Superior ISPTEC


Politécnico de
Tecnologias e Ciências.

Televisão Pública de TPA

Angola

Acrónimos Ministério da Saúde Minsa

Sindicato dos Sinprof


Professores

Empréstimos Palavras Placard, chefe, futebol, tejadilho, adágio,


estrangeiras
Matinée, part time, stand, filme….

Derivação Imprópria O João regressa amanhã-advérbio

É preciso pensar no amanhã-nome

Regressiva trocar (verbo) a troca (nome)

Onomatopeias Imitação de sons Miau, tiquetaque, tilintar, cri-cri

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1. Na lista abaixo, identifique os processos de enriquecimento do léxico.


Consideração, desconheço, apodrecer, povoado, terramoto, pizzamania, telenovelas,
automóvel, PALOP, girassol, saia-casaco, afro-luso-brasileiro, cibercafé, EDEL, placard,
chefe, soirée, tac-tac, embarcar, facílimo, inutilmente, antepor, sabiamente, OUA, beleza,
prever, cabeçudo, impossível, previsão, desleal, super-homem, Mindef, Med, …desleal
2. Seleccione a alínea que contém a palavra formada pelo mesmo processo que
“anoitecer”.
a. Inutilmente, b. Facilitismo, c. Prever, d. Pernoitar, e. Casebre
3. Classifique o processo de formação das palavras negritadas, indicando, em cada
caso a palavra que lhe deu origem.
a. Ele desatou num choro convulsivo.
b. A EDEL anunciou o corte de energia nas próximas vinte e quatro horas.
c. É um erro pensar que não será seleccionado.
d. O apelo da polícia em relação ao respeito as regras de trânsito, não se tem feito sentir
na capital.
4. Sublinhe, nas frases seguintes, os nomes que, na maior parte das vezes, são
adjectivos.
a. Os fracos não sobrevivem, só os fortes se salvaram.
b. Com as fortes chuvadas, este ano as colheitas foram fracas.
5. Assinale a alínea que contém palavras formadas, respectivamente, por
parassíntese, derivação, composição e derivação regressiva.
a. Infelizmente, amigável, luso-angolano, amostra.
b. Embarcar, rebeldia, agricultura, troco.
c. Apodrecer, rever, chuvoso, abandono.
d. Ensurdecer, corte, neurocirurgia, jogador.

5.2 Relação de Sentido e de Forma Entre as Palavras

As palavras podem estabelecer uma relação quanto à ortografia (grafia, escrita) à fonia (som,
pronúncia) e ao sentido (significado). Tendo em conta estas relações, as palavras são
classificadas em: homónimas, homófonas, homógrafas e parónimas.

Palavras homónimas- Têm ortografia e pronúncia igual, mas significados diferentes.

Exemplo 1: Hoje fiz uma operação bancária. Significado (movimento bancário)

Exemplo 2: A operação plástica não correu bem. Significado (cirurgia)

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Palavras homófonas - Têm pronúncia igual, mas ortografia e sentido diferentes.

Exemplo 1: Censo/ senso.

Exemplo 2: Sem/cem.

Palavras homógrafas - Têm idêntica grafia, mas acentuação e significação diversas.

Exemplo 1: hábito/ habito.

Exemplo 2: Colher/ colher.

Palavras parónimas - São muito parecidas, (não iguais) quer na pronúncia quer na escrita
às vezes verifica-se uma certa confusão, Exemplos:

Percursor/ precursor;

Rectificar/ratificar;

Perfeito/prefeito.

Há ainda a referir que as palavras também estabelecem relações semânticas de sinonímia,


antonímia, hiperonímia/hiponímia e holonímia/meronímia.

Sinonímia – Têm uma relação de semelhança ou equivalência, idêntico significado.

Exemplo 1: casa, habitação, moradia - são palavras sinónimas.

Exemplo 2: Alegre, satisfeito, contente - são palavras sinónimas.

Antonímias - Têm uma relação de oposição, isto é, significados contrários.

Exemplo 1: alto-baixo.

Exemplo 2: Amor-ódio.

Hiperónimos e Hipónimos - Estabelecem uma relação de geral/ restrito ou


classe/elemento.

Hiperónimos são palavras que contêm em si um sentido mais geral. Os hipónimos são
palavras com sentido mais restrito em relação aos hiperónimos.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 38


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Tabela 5 - Hiperónimos e hipónimos

Hiperónimos (mais geral) Hipónimos (mais restrito)

ave pombo, galinha, águia

árvore palmeira, acácia, mulembeira

fruto manga, ananás, abacate

bebida sumo, água, café

peixe carapau, corvina, pargo

Universidade Faculdade de Engenharias, Faculdade de


Ciências Sociais

animal elefante, coelho, cão, girafa, cobra

Holónimos e Merónimos: Estabelecem uma relação de todo/parte. Os Holónimos


constituem o todo, os merónimos constituem as diferentes partes do todo.

Tabela 6 - Holónimos e Merónimos

Holónimos (todo) Merónimos (parte)

Corpo humano cabeça, tronco e membros

Carro motor, pneus, mudanças, travão

Casa telhado, janelas e portas

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 39


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EXERCÍCIOS

1. Assinale a alínea em que há uma relação de sinonímia.


a. Apreço-desprezo
b. Zelo-cuidado
c. Amar- invejar
d. Profissão – mecânico
e. Volante- automóvel
2. Assinale a alínea em que há uma relação de antonímia.
a. Conselho/ concelho
b. Amável/afável
c. Grosso/espesso
d. Economizar/gastar
e. Lucrar/ganhar
f. Perfeito/ prefeito
3. Uma das formas de formar antónimos é através de prefixos, como (in, a, des, i,
etc) a depender da palavra. Forme antónimos das palavras seguintes, recorrendo
a este processo.
Exemplo: Fazer/ desfazer
a. Normal
b. Competente
c. Discreto
d. Legal
e. Reflectido
4. Classifique cada par de palavras, considerando as suas relações fonéticas
(pronúncia) e gráficas (escrita).
a. Colher (nome) / colher (verbo)
b. Peão/pião
c. Rio (verbo) /rio (nome)
d. Sesta/sexta
e. Era/ hera
5. Indique a palavra parónima de cada uma das palavras abaixo e, de seguida, o
diferente significado dos pares de parónimos obtidos.
a. Ratificar
b. Acidente
c. Comprimento

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Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

d. Despensa
e. Estrato
f. Descrição

6. Complete as frases com um hiperónimo.


a. Diagnosticaram diabetes ao João. Felizmente o tratamento desta
________________tem boas probabilidades de cura.
b. Mandei fazer um ramo com rosas, cravos e orquídeas. São estas as minhas
__________________ preferidas.
c. O álcool e o tabaco são __________________ a evitar.

5.3 Conotação e Denotação

Denotação e conotação são conceitos que dizem respeito ao sentido das palavras. Atente nas
diferenças assinaladas na Tabela a seguir.

Tabela 7 - Denotação e conotação

Denotação Conotação

Significado estável Significado dinâmico

Significado objectivo Significado subjectivo

Significado fixo (independente do contexto) Significado afectivo, variável

Predomínio da função informativa da Predomínio da função emotiva da linguagem


linguagem

Denotação é o sentido próprio da palavra em que predomina a função informativa. A


conotação é o sentido figurado, tem maior emprego na linguagem literária.

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Exemplos:

a. A Ana é negra.
b. A Ana tem uma vida negra.

Na primeira frase (a) a palavra negra refere-se à cor da pele (escura) e tem sentido
denotativo, ou seja, sentido próprio.Na segunda frase (b) significa uma vida cheia de
dificuldades e tem sentido conotativo, isto é, sentido figurado.

CAPÍTULO 6 - OS VERBOS

6.1 Tempo Verbal

Designa-se tempo verbal “a noção semântica utilizada para situar e ordenar os eventos
expressos nas línguas…” (In infopedia http://www.infopedia.pt/ Acesso 24 de Outubro de
2014).

Existem três tempos básicos: presente, pretérito e futuro a partir dos quais se formam todos
os outros tempos, como veremos no quadro dos tempos e modos verbais.

6.2 Modo Verbal

Considera-se modo verbal “o dispositivo linguístico privilegiado para exprimir


a modalidade (em sentido lato, a modalidade é a atitude do falante perante a validade do
conteúdo proposicional do seu enunciado e define-se basicamente em duas possibilidades:
realidade e irrealidade) (in infopediaptpt http://www.infopedia.pt/ Acesso 24 de Outubro de
2014).

Em português há três modos verbais: o indicativo, o conjuntivo e o imperativo. Todavia, nem


todos os tempos verbais têm os três modos; uns possuem apenas um, outros dois e três,
como veremos no quadro a seguir apresentado.

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Tabela 8 - Quadro dos tempos e modos verbais

Tempo verbal Modo verbal Exemplo com o verbo “falar” na 1ª


e 2ª pessoas do singular.

Presente Indicativo Falo, falas.

Conjuntivo Que eu fale, que tu fales.

Imperativo Fala! (tu) Falai! (vós)

Pretérito perfeito Indicativo Falei, falaste


simples

Pretérito perfeito Indicativo Tenho falado, tens falado


composto
Conjuntivo Que eu tenha falado, tenhas falado

Pretérito Indicativo Falava, falavas


Imperfeito
Conjuntivo Que eu falasse, falasses

Pretérito - mais – Indicativo Falara, falaras


que - perfeito
simples

Pretérito - mais – Indicativo Tinha falado, tinhas falado


que - perfeito
composto Conjuntivo Se eu tivesse falado, tivesses falado

Futuro do Indicativo Terei falado, terás falado


presente
composto Conjuntivo Se eu tiver falado, se tu tiveres falado

Futuro do Falaria, falarias


pretérito simples

Futuro do Teria falado, terias falado


pretérito
composto

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6.3 Verbos Transitivos e Intransitivos

Os verbos, na língua portuguesa, quanto a sua transitividade, podem ser classificados em


transitivos e intransitivos.

Os verbos transitivos são assim designados porque precisam sempre de um complemento,


sob pena de ficarem com o sentido incompleto. Ex.: Ele cortou…....

Vemos que no exemplo ele cortou, o verbo precisa de um complemento para lhe completar o
sentido. Assim, sabemos que este verbo é transitivo, pois precisa sempre de um complemento
para lhe completar o sentido.

6.3.1 Verbos Transitivos Directos

Os verbos transitivos directos são aqueles que pedem ou precisam de um complemento


directo para lhes completar o sentido.

Ex.: - Viste o Pedro?

- Não, não o vi.

Obs: Normalmente, fazemos as perguntas “quem” ou “o quê “ ao verbo para sabermos se o


verbo é transitivo directo. Para o caso do exemplo acima, a pergunta que se fez ao verbo foi:
quem viste? Seguidamente, obtivemos a resposta: O pedro. Logo, afirmamos que o verbo é
transitivo directo, dada a compatibilidade entre a pergunta e a resposta.

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6.3.2 Verbos Transitivos Indirectos

Os verbos transitivos indirectos são aqueles que precisam de um complemento indirecto para
lhes completar o sentido.

Ex.: Os meninos devem obedecer aos seus pais.

Obs.: Normalmente, fazemos as perguntas “a quem” ou o “ a quê “ ao verbo para sabermos


se o verbo é transitivo indirecto. Para o caso do exemplo acima, a pergunta que se fez ao
verbo foi: a quem devem obedecer os meninos? Seguidamente, obtivemos a resposta aos
pais. Logo, afirmamos que o verbo é transitivo indirecto, dada a compatibilidade entre a
pergunta e a resposta.

6.4 Verbos Intransitivos

Os verbos intransitivos, em contrapartida, não precisam de nenhum complemento para lhes


completar o sentido, em si só, encerram um sentido completo. Porém, podem ser usados com
um complemento circunstancial apenas: ex.: A Marta chorou. O Pires chegou.

Vemos nos exemplos que os verbos chorar e chegar não precisam de complemento para
obterem sentido, em si só já encerram um sentido completo. Todavia, podemos usar um
complemento circunstancial, o único que se pode usar. Ex.: A Marta chorou muito. O Pires
chegou ontem.

Nota:

É importante conhecer a transitividade do verbo, pois, se assim não acontecer o falante


poderá construir enunciados de forma intuitiva, sem coesão nem coerência, atropelando as
regras que regem o funcionamento da língua até cair no desvio da informação; isto é, dizer
o que não quis dizer e muitas vezes ser mal compreendido.

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CAPÍTULO 7 - TIPOS DE CONJUGAÇÃO

7.1 Conjugação Pronominal Reflexa

Designa-se conjugação pronominal reflexa aquela que se realiza com um pronome reflexo.
Os pronomes podem ser: me, te, se, nos, vos, se. Nesta conjugação, a acção do sujeito recai
sobre si próprio.

Tabela 9 - Exemplo: verbo lavar-se e vestir-se

LAVAR-SE VESTIR-SE

Lavo-me Visto-me

Lavas-te Vestes-te

Lava-se Veste-se

Lavamo-nos Vestimo-nos

Lavais-vos Vestis-vos

Lavam-se Vestem-se

EXERCÍCIOS

Conjugue os seguintes verbos reflexivos.

Pentear-se, entreter-se, ferir-se, tratar-se, cuidar-se, limpar-se, lembrar-se, preocupar-se,


afastar-se.

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7.2 Conjugação Pronominal com os Pronomes o, a, os, as

A conjugação pronominal com os pronomes de complemento directo obedece a regras que a


seguir se vão destacar.

Em primeiro lugar, devemos saber que estes pronomes pessoais de complemento directo
substituem sempre um nome ou núcleo nominal com a mesma função sintáctica, por forma
a evitar a repetição do nome já mencionado.

Por exemplo, ao dizermos a frase “O João comeu o bolo” temo-la com os nomes todos,
todavia, se desejarmos repetir a mesma frase evitaremos a repetição dos nomes já
mencionados, passando a ser substituídos pelos respectivos pronomes assim teremos a frase
repetida: Ele comeu-o. Isto é o que se designa de conjugação pronominal com os pronomes
o, a, os, as. É conjugar um verbo com esses pronomes, porém não se esquecendo de obedecer
as seguintes regras:

 Se o verbo terminar em (r, z, s) perdem estas letras, substituindo-as pela letra “l “


que se vai juntar aos pronomes o, a, os, as, obtendo-se assim as formas lo, la, los,
las.

Exemplo: Ele faz o trabalho = Ele fá-lo.

Acabamos de ver no exemplo acima que a letra z da flexão verbal “faz” foi eliminada, dando
lugar à letra “l” que se juntou ao pronome “o” obtendo-se a forma lo.

 Se o verbo terminar em “m” ou ditongo nasal o pronome toma as formas no, na, nos,
nas.

Exemplo: Eles fazem o trabalho = Eles fazem-no.

Acabamos de ver no exemplo acima que a flexão verbal fazem terminando em “m” exigiu à
forma no, sem no entanto eliminar nada.

Vejamos agora a conjugação completa de um verbo.

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Tabela 10 - Conjugação do verbo comer

“Verbo” comer o mamão

Eu como-o

Tu come-lo

Ele come-o

Nós comemo-lo

Vós comei-lo

Eles comem-no

EXERCÍCIOS

Conjugue agora os seguintes verbos com pronomes o, a, os, as, tal como no exemplo
acima.

Fazer a tarefa, trazer o carro, levar os livros comprar a casa, vender o carro, estudar a
matéria.

7.3 Conjugação da Voz Passiva

A voz passiva é formada com o verbo auxiliar ser no tempo e modo que se quer conjugar
mais o particípio passado do verbo principal.

Para passarmos uma frase activa para passiva devemos obedecer ao seguinte critério:

O complemento directo da frase activa passa a ser o sujeito da frase passiva, seguindo-se o
verbo auxiliar “ser” que é o verbo auxiliar por excelência para a formação da passiva, mais o

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particípio passado do verbo principal da frase activa, seguindo-se finalmente o sujeito da frase
activa que passará a ser o agente da passiva, precedido pela preposição “por”. Em suma,
teremos a seguinte estrutura sintetizada.

Estrutura da frase passiva

Objecto directo da activa+verbo ser conjugado no tempo da activa+verbo principal da


activa no particípio passado+sujeito da activa precedido pela preposição por.

Exemplo:

Frase activa: A Joana comeu as laranjas.

Frase passiva: As laranjas foram comidas pela Joana.

EXERCÍCIOS:

1. Passe as seguintes frases para a voz passiva.

a. O pedro verá o filme.


b. A Ana trouxe os livros.
c. O professor ensinava os seus alunos.
d. A Rita e o António tinham comprado uma casa à beira-mar.

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CAPÍTULO 8 - MODOS DE RELATO DO DISCURSO

8.1 Discurso Directo

O discurso directo transmite as palavras tal qual foram ditas. O narrador coloca as
personagens a falar, sendo essas falas assinaladas por travessão.

Exemplo:

Pedro, cansado da viagem, chegou à casa de Marcos e questionou:

- Está alguém em casa?

- Oh, Pedro! É bom ver-te por cá!

- Estás gordo, Marcos! O que andas a comer?

Como acabamos de ver no exemplo, o narrador põe as personagens a dialogar e as suas falas
são reproduzidas tal qual foram ditas. Assim, dizemos que estamos diante do discurso directo.

8.2 Discurso Indirecto

O discurso indirecto, contrariamente ao que se disse sobre o outro discurso, não transmite as
falas tal qual foram ditas. O narrador inclui essas falas no seu próprio discurso, pela
construção de orações subordinadas completivas.

O discurso indirecto é introduzido por verbos introdutores do discurso, estes podem ser:

Dizer, ordenar, perguntar, pedir, recomendar, afirmar, retorquir, salientar, frisar,


comentar, etc.

Cada verbo introdutor do discurso denota o valor intrínseco a cada enunciado, isto é, a escolha
do verbo introdutor depende, em primeiro lugar, da análise do enunciado, ou seja, deverá
saber, antes de tudo, se o enunciado denota uma afirmação, uma pergunta, uma ordem, etc.
e, em função disso, usar o verbo adequado ao enunciado.

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Após o verbo introdutor do discurso, os dois pontos, o travessão e as aspas que são marcas
próprias do discurso directo desaparecem e são substituídos pelas conjunções integrantes ou
completivas “que” e “se”, dependendo do tipo do enunciado.

Assim, se tivéssemos de passar para o discurso indirecto o diálogo apresentado acima no


discurso directo teríamos:

Pedro, cansado da viagem, chegou à casa de Marcos e questionou se estava alguém em casa.
Replicando à indagação, Marcos exclamou que era bom vê-lo por lá; a seu turno, Pedro
elogiou Marcos dizendo que estava gordo e questionou o que andava a comer.

Acabamos de ver que as falas das personagens no discurso indirecto sofreram alterações e já
não estão tal qual foram ditas, elas foram incorporadas no discurso do narrador, observando-
se várias alterações a nível dos tempos verbais, dos pronomes até dos advérbios. Assim,
dizemos que estamos diante do discurso indirecto.

ALTERAÇÕES A NÍVEL DOS TEMPOS VERBAIS

Tabela 11 - Discurso directo e indirecto

Discurso Directo Discurso Indirecto

Presente do indicativo Pretérito Imperfeito

Presente do Conjuntivo Pret. Imperfeito do Conjuntivo

Pretérito Perfeito Pretérito – M. - Q. - Perfeito simp. ou comp.

Futuro do presente simples indicativo. Futuro do pretérito simples (condicional)

Futuro do presente composto Futuro do pretérito comp. (condicional composto)

Futuro do presente do conjuntivo Pret. Imperfeito do Conjuntivo

Imperativo Pret. Imperfeito do Conjuntivo

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ALTERAÇÕES A NÍVEL DOS PRONOMES

Eu, tu, nós, vós Ele, eles

Meu/nosso, meus, nossos, teu, Seu, dele/seus, deles


vosso

Este, isto, esse, isso Aquele, aquilo

ALTERAÇÕES A NÍVEL DOS ADVÉRBIOS

Aqui, aí, cá Ali, lá,

Agora, já Então, logo

Hoje Naquele dia

Ontem No dia anterior

Amanhã No dia seguinte

Vocativo O vocativo desaparece ou passa para C.I.

- Ó Pedro, traz-me o livro Ele ordenou ao Pedro que lhe trouxesse o livro no
amanhã! dia seguinte.

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EXERCÍCIOS

Passe para o discurso indirecto as seguintes frases:

1- Fostes à praia ontem?


2- Não te demores.
3- Diga ao pedro para não se ir embora.
4- Quando é que voltas?
5- Não sei se vou ao cinema hoje.
6- Por quanto comprou o seu livro?
7- Não discutas mais comigo, por favor!
8- Tira-me daqui que já não suporto o cheiro.

Passe para o discurso directo as seguintes frases:

1- Ela disse que tinha ido à loja.


2- Perguntou se já tinha jantado.
3- Perguntei-lhe quanto custava a peça.
4- Pediu para que fosse com ela.
5- Ordenou para que não tornasse a fazer aquilo.
6- Questionou se ainda tinha dinheiro comigo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEREDO, M. Olga et al, 2012. Da Comunicação à Expressão-Gramática Prática de Português.


Lisboa: Raiz editora.

BAPTISTA, Vera Saraiva e Elisa Costa PINTO, 1996. Plural. Lisboa: Lisboa editora.

COELHO, Luísa, 2010. Puxando pela Língua - Coletânea de textos Literários angolanos e
brasileiros. Belo Horizonte: Maza edições.

CUNHA, Celso e Lindley CINTRA, 1999. Nova Gramática do português Contemporâneo.


Lisboa: Sá da Costa.

Dicionário de Metalinguagens da Didáctica (2000). Porto: Porto Editora.

DUARTE, Inês, 2000. Língua Portuguesa - Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade


Aberta.

GOMES, Álvaro, 2008. Gramática Pedagógica e cultural da Língua Portuguesa. Porto: Porto
Editora.ISBN 978-972-8895-17-4

PINTO, José Manuel de Castro, 2011. Gramática do Português Moderno. Lisboa: Plátano.

MAGALHÃES, Olga e Fernanda COSTA, 2005. Língua Portuguesa 10ª Classe. Ministério da
Educação-Angola.Porto: Porto Editora.

MAGALHÃES, Olga e Fernanda COSTA, 2005. Língua Portuguesa 11ª Classe. Ministério da
Educação-Angola.Porto: Porto Editora.

MAGALHÃES, Olga e Fernanda COSTA, 2005. Língua Portuguesa 12ª Classe. Ministério da
Educação-Angola.Porto: Porto Editora.

MATEUS, M.H.M., et al., 2003. Gramática da Língua Portuguesa. 2ª ed. Lisboa: Caminho.

MIGUEL, Maria Helena e Maria Antónia ALVES, 2008. Convergências-Manual universitário de


Português. Angola.

MÓIA, Telmo e João PERES, 1995. Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 54


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

NASCIMENTO, Zacarias e José Manuel PINTO, 2006. A Dinâmica da Escrita - Como escrever
com êxito. Lisboa: Plátano.

RAPOSO, Eduardo Buzaglo Paiva, et al, 2013. Gramática do Português. Vol. I, II. Lisboa:
Fundação Gulbenkian.

REI, José Esteves, 1996. Curso de Redacção I - A Frase. Porto: Porto Editora.

TAVARES, António e Jorge MORANGUINHO, 2008. Prontuário de Verbos com Preposições.


Lisboa: Plátano.

SANTOS, Elsa Rodrigues dos e D´Silvas FILHO, 2011. Grandes Dúvidas da Língua Portuguesa-
falar e escrever sem erros. Lisboa: Esfera dos livros.

PAÇO, Marisa, 2012. “Tipos de Textos Expositivo-explicativos” [online]. Acesso a 20.10.2014.


Disponível em http://pt.slideshare.net/MarisaPaco/textos-explicativos-expositivos?related=1

RIBEIRO, José, 2015.De volta aos braços da minha paixão.Jornal de Angola [online].1
Novembro 2015 [acesso a 3.11.2015]. Disponível em
http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/a_palavra_do_director/de_volta_aos_bracos_da_min
ha_paixao

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LÍNGUA INGLESA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

LÍNGUA INGLESA

1. JUSTIFICATIVA
Ter domínio da língua inglesa constitui uma mais-valia para estudantes universitários durante
e depois da sua formação académica. No percurso dos seus estudos, os estudantes utilizarão
várias obras literárias sendo na maioria escrita em Inglês e que consolidarão os seus
conhecimentos e consequentemente a preparação para o mercado de trabalho, cada vez mais
competitivo. Por outro lado, uma vez matriculado no Intituto Superior Politécnico de
Tecnologias e Ciências (ISPTEC), o discente que demonstrar o domínio da língua Inglesa no
nível de ‘Pre-Intermediate’, ou seja, Utilizador Independente da língua, aumentará a
possibilidade de participar no programa de Mobilidade Estudantil em instituições parceiras do
ISPTEC.

2. OBJECTIVO DA PROVA

Avaliar os aspectos chaves do conhecimeto da língua Inglesa no âmbito da gramática e


lexicais orientadas para o nível ‘Pre-Intermediate (B1) ‘.

3. PÚBLICO-ALVO

A Prova de Inglês para o Exame de Acesso de 2016 destina-se aos candidatos que concorrerão
para as vagas existentes nos cursos de Engenharias e Tecnologias e de Ciências Sociais
Aplicadas.

4. CONTEÚDOS A REVER

Os conteúdos para a prova de língua Inglesa estão descritos na Tabela abaixo e foram
extraidas e adaptadas a partir dos conteúdos programáticos do Exame intitulado ‘Preliminary
English Test for Schools (PETfs)’, desenvolvido pela Cambridge University e reconhecido
oficialmente por instituições educacionais e entidades empregadoras, entre outras, em todo
o mundo. Os conteúdos do referido Exame contemplam o nível ‘Pre-Intermediate’ (Utilizador
Independente – B1), de acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas
– QECR.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 56


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Para a Prova de língua Inglesa, os candidatos deverão rever os seguintes conteúdos:

1) Gramática

Count/
Prepositio
Modals Adverbs Adjectives Uncount
ns Tenses
nouns

Can (ability; Regular and Positive and Quantifier Time, place, Present
requests, irregular, negative, s: some, Preposition Simple and
permission) degree, opposites, any, a lot, al uses in continuous
manner colour, uses many, phrasal , Present
Could (ability,
of adjectives much, a verbs, Perfect,
possibility)
in few, few, a superlative Past
Would (offer,
comparison little, little and fixed Simple and
imaginary situation)
expressions Progressiv
Have to (obligation) e

Should(n’t) (advice)

Mustn’t
(prohibition)

Needn’t (lack of
necessity)

Might (possibility)

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2) Vocabulário

 Phrasal verbs
 Words differences - choosing the odd-one-
out:
 Ways of cooking
 Clothes
 Stationery
 Furniture
 Animals
 Rooms in a house
 Types of fruit
 Countries and cities
 Countable and uncountable nouns

5. LINKS

http://www.cambridgeenglish.org/exams/preliminary-for-schools/

https://www.britishcouncil.pt/os-nossos-niveis-e-o-qecr

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MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

MATEMÁTICA

CAPÍTULO 1- CONJUNTOS NUMÉRICOS

1.1 Principais Conjuntos Numéricos

Os conjuntos denotam-se por letras maiúsculas do alfabeto: A, B, C,… e os seus elementos


por letras minúsculas: a, b, c, x, y, ….Para indicar que a é um elemento do conjunto A,
escrevemos: a A e se a não é um elemento do conjunto A, escrevemos: a A. Para descrever
qualquer conjunto utilizamos dois recursos: 1º) Descrição pela citação dos elementos do
conjunto, Exemplo: M =  a, b, c, d e 2º) Descrição pela propriedade que caracteriza os
seus elementos, Exemplo: M: é o conjunto das quatro primeiras letras do alfabeto.

Os principais conjuntos numéricos são: ; ; Q e R. As relações entre conjuntos são mais


evidentes quando se mostram com Diagramas de Venn.

Exemplo:

Figura 1 - Diagrama de Venn dos principais conjuntos numéricos

 é o conjunto dos números naturais e representa-se por: = {0, 1, 2, 3, 4, 5, …}

 é o conjunto dos números inteiros e representa-se por: = {0,  1,  2,  3, 4, …}

 Q é o conjunto dos números racionais e representa-se por:

𝑎 𝑎
Q = 𝑥 ∶ 𝑥 = 𝑐𝑜𝑚 𝑎, 𝑏 ∈ , 𝑏 ≠ 0 tal que os seus elementos podem representar-se como
𝑏 𝑏
1
uma fração decimal que possui finitos algarismos após a vírgula (Exemplo: = 0,25) ou como
4

uma fração decimal de infinitos algarismos de dízima periódica, isto é, após a vírgula repete-
1
se sempre algum dos algarismos (Exemplo: = 0,333 …).
3

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 59


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

𝑎
Se os elementos 𝑐𝑜𝑚 𝑎, 𝑏 ∈ , 𝑏 ≠ 0, não podem representar-se como uma fração finita,
𝑏

pois possui infinitos algarismo após a vírgula, mas não se repete nenhum, então eles não são
1
elementos do conjunto Q e chamam-se simplesmente números irracionais (Exemplo: =
√2

0,70710678 … ) cujo conjunto se denota por: I.

 R é o conjunto dos números reais que inclui os números racionais e os números irracionais.
Os subconjuntos dos números reais representam-se com intervalos.

1.2 Intervalos de Números Reais

Tabela 12 - Representação de intervalos de números reais

Intervalos Representação na recta real Condição Conjunto

a, b
a≤x≤b {x ∈ ℝ : a ≤ x ≤ b}
a b
Fechado

 a, b
a<x<b {x ∈ ℝ : a < x < b}
Aberto a b

 a, b 

Semiaberto a<x≤b {x ∈ ℝ : a < x ≤ b}

à esquerda a b

a, b

Semiaberto a≤x<b {x ∈ ℝ : a ≤ x < b}

à direita a b

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Nota: o primeiro dos casos chama-se intervalo fechado, onde os extremos a e b estão
incluídos; o segundo chama-se intervalo aberto onde não estão incluídos os extremos e os
dois restantes são semiabertos (ou também semifechados).

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Usando a notação de conjunto, escreva os seguintes intervalos:

a) ]−3, 6[ b) ]  , 6] c) [ 2 , 3] d) [−1, 0[ e) ]−∞, 0[

Solução: É importante observar se os extremos do intervalo estão incluídos. Neste caso usam-
se convenientemente os sinais  ou . Assim escrevemos:

a) ]−3, 6[ = x  R :  3  x  6 d) [−1, 0[ = x  R : 1  x  0

b) ]  , 6] = x  R :   x  6 e) ]−∞, 0[ = x  R : x  0

c) [ 2 , 3] = x  R : 2x 3 
2. Se A = {x ∈ ℝ: 2 < x < 5} e B = {x ∈ ℝ: 3 ≤ x < 8}, determine:

a) A ∩ B b) B – A c) A – B

Solução: em cada item é conveniente representar sobre a mesma recta numérica os


intervalos A e B, para determinar com precisão os elementos comuns e também observar se
os extremos do intervalo estão incluídos na união ou na intersecção. Nestes casos usam-se
convenientemente os sinais  ou . Assim escrevemos:

a) A ∩ B = { x ∈ ℝ : 3 ≤ x < 5}

b) B – A = { x ∈ ℝ : 5 < x < 8 }

c) A – B = { x ∈ ℝ : 2 < x < 3 }

3. Represente graficamente os resultados de cada expressão abaixo:

a) ]  , 6] ∪ [−1, 1[
-1 1 6

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1
b) [ 2 , 3] ∩ [ , 3]
2

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Quais das alternativas abaixo são falsas?

a) {Ø} é um conjunto unitário.

b) { } é um conjunto vazio.

c) Se A = {1, 2, 3}, então {3} ∈ A.

d) M = {x: x = 2n, onde n ∈ ℕ} é o conjunto dos números naturais ímpares.

1 1 1 1
e) Ø ⊂ [− , ] f) Ø ⊂ [− ,- ]∪{ }
2 2 2 2

g) B ∩ A ⊂ (A ∪ B) h) Q ⊂ (R − )

2. Escreva cada proposição abaixo usando o sinal de desigualdade.

a) a é um número positivo

b) b é um número negativo

c) a é maior que b

3. Represente graficamente os seguintes intervalos:

a) [−10, 11] b) −∞ < x <−1 c) ]−3, 0] d) √3 ≤ x ≤ √5 e) ]0, +∞ [

f) ]5, 7] ∩ [6, 9] g) ]−∞, 7] ∩ [8, 10]

4. Sejam M = {x ∈ ℝ: 2 ≤ x <10}, N = {x ∈ ℝ: 3 < x < 8} e P = {x ∈ ℝ: 2 ≤ x ≤ 9}.


Determine o conjunto P − (M − N).

Respostas dos exercícios propostos

1. São falsos os itens:

c) Pois o elemento 3  A, mas o conjunto {3}  A.

d) Pois M é o conjunto dos naturais pares.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 62


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1 1
e) Pois o intervalo [− , ] não é um conjunto de conjuntos, então não inclui o conjunto
2 2
vazio e tampouco é um conjunto que não tem elementos, logo não é igual ao Ø.

h) Pois  Q e se do conjunto dos reais se elimina , está-se a eliminar uma parte de Q e


então Q não pode estar incluído no conjunto (R − ).

2. a > 0; b < 0; a > b

3. Apresentam-se os três primeiros:


−10 −1 − 3 0
b) c)

4. M – N =  3, 8   8, 10 [ Logo P − (M − N) = ] 3 , 8 [

CAPÍTULO 2 - POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO

2.1 Potenciação

a n  a.a.a. ... .a
A potência é o produto de n factores iguais a a, ou seja:  , n ∈ N.
n fat ores

a é a base;
onde : 
n é o expoente.

Exemplos:

a) 33  333  27  2
b)  2   2 2  4
2
3 3 3 9
c)     
4 4 4 16

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2.2 Propriedades da Potenciação

A) Multiplicação de Potências da mesma base

Procedimento: conserva-se a base e somam-se os expoentes.

a m  a n  a m.n

Exemplos:

a) 2 x  2 2  2 x2 b) a4  a7  a47  a11

c) (0,9)8  (0,9) 2  (0,9)5  (0,9)825  (0,9)15 d) 24  28  248  212

B) Divisão de Potências da mesma base

Procedimento: Conserva-se a base e subtraem-se os expoentes.

am
n
 a m n ; a  0 ou a m n 
am
a an

Exemplos:

a4
a 4 x 
4
a) 26 34 c) a d)
 263  23  3 4 x
 a 45  a 1
23 3x a5 ax

C) Potência de uma Potência

Procedimento: Conserva-se a base e multiplicam-se os expoentes.

(a m )n  a m.n

Exemplos:

a) (32 )3  32.3  36 b) 4 
3 2
 432  46

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c) b 
x 4
 b x4  b 4x d)  
37 x  37
x

D) Potências de um Produto

Procedimento: Eleva-se cada factor a esse expoente.

(a m )n  a m.n
Exemplos:

a)
x  a2  x2  a2

b)
4x3  43  x 3  64x 3

3 x   
4
 3 4   x 2 
4 4 1 4
 34  x  34  x 2
 3 4  x 2  81x 2
c)  

 x  y  (5.4) 2  52.4 2  202


1 1 1
d) x y x 2y 2 2  x y e)

E) Potências de um Quociente

Procedimento: Eleva-se o dividendo e o divisor a esse expoente.

n
a an e
   , com b  0 se n  0
b bn

n
an a
   ; (b  0 se se n  0)
bn b

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Exemplos:

2 2
a)  2
  
22

4 b)  1  
12

1
3 32 9 5 52 25

1 1

c)
2 2 2 2 2
2 d)  4 
2
42
 1      
16
3 3 2 3 3 9 
 92 81

F) Potência Decimal ou Potência de Base 10

Uma potência decimal é um múltiplo da potência de base 10, apresentando algumas


vantagens:

a) Evita trabalhar-se com números muito extensos.


b) Estes números extensos podem ser substituídos por Expressões com o mesmo
significado e valor.

Exemplos:

a) 103  10 10 10  1000 b) 105  10  10  10  10  10  100000

Conversão de 10 ou múltiplo de 10 numa potência decimal

Para realizar esta conversão, basta contar o número de zeros à direita do algarismo 1 (que
representará o expoente da potência).

O expoente indica-nos quantos zeros devem ser colocados à direita do algarismo 1

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Exemplos:

Tabela 13 - Potência de base 10

Potência Resolve-se
Números

10
10 101
10 10
100 10 2
10  10  10
1000 103
10  10  10  10
10000 10 4
10  10  10  10  10
100000 105
10  10  10  10  10  10
1000000 106
… …

Múltiplos de potência de base 10


A partir de um número, obtém-se o seu produto e a sua potência.

Tabela 14 - Múltiplos de potência de base 10

Produto Potência
Número

30
3 10 3 101
300
3  100 3102

7 000
7  1000 7103

2 000 000
2  1000 000 2  106

9 000 000 000


9  1000 000 000 9109

11 000 000 000 000


11 1000 000 000 000 11 1012
25 000 000 000 000 000
25  1000 000 000 000 000 25 1015

194 000 000 000 000 000 000


194  1000 000 000 000 000 000 1941018

214 000 000 000 000 000 000 000


214  1000 000 000 000 000 000 000 214 1021

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G) Casos Particulares

i) Base negativa:

A potência é Positiva se o expoente for par e é Negativa se o expoente for ímpar.

Exemplos:

a)  24   2 2 2(2)  16 b)  33   3 3 3   27

ii) Base Positiva e Expoente Negativo: é igual ao inverso dessa potência com expoente
positivo.

a n  1
an

Exemplos:

3
1 1 2 2
a) a 3
 3   b)  2  
3
1
  
9
a a 3 2
2
2 4
 
3

3 3
d)  2  3
2
c)  4 2    1   1   
1
    
27
 4  3  
2
16  2 2 8
 
 3

iii) Expoente Fraccionário:

m
n n
a  am
, a0

Exemplos:

1 5
a) x  2 x1  x 2
b) 3
x7  x
7
3 c) a 2
 a5

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1 8
d) 25
2  25  5
e) x 3  3
x8 f) 92  91  3
1

iv) Potência de Expoente 1: é igual à base.

Qualquer número natural é uma potência de expoente 1 (um)


Exemplo:

a) (10)1  10 b) (10)1  10 c)  1
  
1
1
d) 71  7 d) (0,8)1  0,8
5 5

10  10  3   3
1
1 1 1 1
f) g)   h)
2 2

vi) Potência de Base 1 é igual a 1.

Exemplos:

1
a) 15  1 b) 13  1 c) 12  1 d) 21  2 e) 1225  1

vii) Potência de Base 0 (zero) é igual a 0.

05  0 03  0 0225  0
1
a) b) c) 0 2  0 d) 010  0 e)

viii) Potência de Expoente 0 (zero): qualquer potência de expoente zero em qualquer


base é igual a 1 (um).

a0  1, (a  0)
Exemplos:

0
(3)0  1 1 2250  1
a) 120  1 b) c)    1 d) 2  1 e)
0

2

f) 32  50  9  1  10 g) (100)0  10  1  1  2

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Calcule:

4
a) 12002 b) 24 c) (2) d) ( 2 ) 4
3

2. Escreva numa só potência:

 5 
3
b) 2  2 c) 10  10  10
4 6 5 3
a) 35  3 2  37 d) 4 2

37  33 10 7  10 4

3. Calcule cada uma das potências.

3

a) 2x 
3 2 2 
b)  x 3 
3

c) 8
6 3
2  29 
d)  3 
3  2 5 3/ 5

 2 .2 
2

4. Assinale se as alíneas são verdadeiras ou falsas. Corrija as falsas.

a) 7 3  4 3  283 b) (2  5) 2  2 2  5 2 c) (9 4 ) 6  348 d) (0,25) 2  16

5. Escreva na forma decimal.

a) 10 6 b) 10 8 c) 10 6 d) 10 2

6. Escreva na forma de potência de base 2.

a)  0,53 b)  0,252 c)  0,25  2 3


d) 162 : 0,253

7. Simplifique dando a resposta na forma de potência de base 3.

(273 ) 6  (2432 ) 4  (3)


[(0,1) 2 ]3  (7292 ) 3  [(0,34 ) 2 ]6  9

8. Calcular o valor das expressões:

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2
a) (7  3) .10 b) 5,4  0,036  23 c) 4  8  2 29  2  2 3
2 7 2
d)
10 3.10 1 2,3  0,054  0,36 10242 2 4  2 2  25

9. Se x  36 e y  93 , então pode-se afirmar que:


a) x é o dobro de y b) x – y = 1 c) x = y d) y é o triplo de x

 
 
1
2 2
10. Se x = 4, indique o valor de  x  x 2 . x 3  : x 5 .
 

 5  3   2 
2 2

11. Simplifique a expressão 3 .


1 1
32  
5 2

2.3 Radiciação

A raiz enésima de um número a é indicado por:

n
a  b  bn  a a  0, b  0, n  Z e n  2

n
Em a , temos : n - o índice;

a - o radicando.

Exemplos:

a)
4  2 pois 22  4

b)
5
32  2 pois 25  32

2.4 Número Irracional

É um número real que não pode ser escrito sob a forma p/q, com p e q números inteiros.

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3 4
Exemplos: 2, 5, 15

2.5 Conversão de um Radical em Potência de Expoente Fraccionário

Um radical pode ser representado na forma de potência com expoente fraccionário:


m
n
a m
 an , a0

Exemplos:

1
a) 2 2 2

b)
3
5  53
2

c)
3
5 5
2 3

2.6 Conversão de uma Potência Com Expoente Fraccionário em Radical

Uma potência de expoente fraccionário pode ser transformada num radical

m
an  n
am , a0

Exemplos:

3
( ) 1
a) 10 2

103
2

b) 5  3 3
52
2
( ) 1
c) 5 3

3
52

2.7 Propriedades dos Radicais

a) Produto de radicais com o mesmo índice

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Procedimento: Conserva-se o índice e multiplicam-se os radicandos, simplificando sempre


que for possível o resultado obtido.

Exemplos: Efectue as multiplicações seguintes:

  
a) 2 7  3 5  2  3 7  5  6 35

   
b) 33 2  53 6  83 4  3  5  83 2  6  4  1203 48  2403 6

c) 3

18x 2  3

2 x  3 36x 3  x3 36

1 1 3 2

d) 3  3 2  32  2 3  36  2 6  6
33  6 2 2  6
108


e) 3 2  2   
2  3  3( 2 ) 2  9 2  2 2  6  6  (9  2) 2  6  7 2

b) Divisão de Radicais Com o Mesmo Índice:

Procedimento: Devemos conservar o índice e dividir os radicandos, simplificando sempre


que for possível o resultado obtido.

Exemplos: Efectue as divisões abaixo:

a) 20
3
20  3 10  3  3
2
10

b) 28
28  7   42
7

c) 30 15  5 3  30 15
6 5
5 3

d) 12
12  3  2
3

e) 50
50  2 5
2

c) Potência de Radical

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Procedimento: Para elevar um radical a uma potência, conservamos o índice do radical e


elevamos à potência indicada.

Exemplos: Calcule as potências:

 2
1 2
2
a)  (2 )  2  2
2 2 2

 9
2 4
2
b)
3
 ( 3 )  (3 )  (3)  3 34  3 33.3  33 3
3 2 2 3 2 3

c) 4 5  3
 4 3 53  64 53  64 5 2.5  64.5 5  320 5

d)  7 3 2
 ( 7 ) 2  2 7 3  ( 3 ) 2  7  2 7.3  3  10  2 21  2(5  21)

d) Radical de Radical

Procedimento: Devemos multiplicar os índices desses radicais e conserver o radicando,


simplificando o radical obtido, sempre que possível (considerando o radicando um número
real positive e os índices números naturais não-nulos).

m. n
mn
a  1 . a  mn a

Exemplos: Reduza a um único radical:

a) 81  2 x 2 1  81  4 81

b) 3
7  3 x 2 1 7  6 7

2 1
c)
3
52  2 x3 x 2 11 52  12 52  512  5 6  6 5

d) 4
23 5  4 x 2 x 3 1 23  5  24 40

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 74


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2.8 Redução dos Radicais

Para reduzir os radicais ao máximo possível, devemos decompor primeiro os radicandos.

Exemplos:

a) 144  24  32  22  3  12

b)
3
243 

c) 8  18  2 2  3 2   2

2.9 Racionalização

Procedimentos: Recorrer às propriedades de radiciação.

1. Temos no denominador apenas raiz quadrada:

4 4 3 4 3 4 3
   
3 3 3  3 2
3

2. Temos no denominador raízes com índices maiores que 2:

a) 2 Temos que multiplicar numerador e denominador por 3


x 2 , pois 1 + 2 =3.
3
x

2 3
x2 2  3 x2 2  3 x2 2  3 x2 2  3 x2
    
x1  x 2 x1 2
3 3 3 3 3 x
x x2 x3

1 5
b)
5 2
Temos que multiplicar numerador e denominador por x3 , pois 2 + 3 = 5.
x
5 5 5 5 5
1 x3 x3 x3 x3 x3
    
5
x2 5
x3 5
x2  x3 5
x 23 5
x5 x

3. Temos no denominador soma ou subtração de radicais:

2

2  7 3   2 7  3  2  7 3 
2   7 3   7 3 
7 3  7 3   7 3   7    3 2 2

73


4 2

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Dê o valor das expressões e apresente o resultado na forma fraccionária:

1 4
a) b) 0,81 c) 2,25 d)
100 9

2. Calcule a raiz indicada:

9 3 4 12
a) a3 b) 48 c) t7 d) t

3. Escreva na forma de potência com expoente fraccionário:

a) 7 b) 4 2 3 c) 5 3 2 d) 6
a5

4. Escreva na forma de radical:

1 5

   
1 1

a) 8 2
b) a7 c) a 3 b 4 d) m 2 n 5

5. Calcule as seguintes raízes:

a) 3
125 b) 5
243 c) 3
 125 d) 5
1

6. Factorize e escreva na forma de potência com expoente fraccionário:

a) 3
32 b) 8
512 c) 8
625 d) 4
27

7. Simplifique os radicais:

a)
5
a 10 x b) a 4b 2c c) 25a 4 x 3 432

8. Determine as somas algébricas:

a)
73 5
2  23 2  3 2 b) 5
3
2  83 3  2  43 2  83 3
3 4

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9. Simplifique as expressões e calcule as somas algébricas:

a) 4 96  4 486  24 6  94 243  b) 43 81  813 375  103 24 


64 729 125

10. Simplifique a expressão  4 a 2 y 4   1 y 6 a3  10 a5 y10  .


2 

11. Racionalize as expressões:

a) 2 2 b) 3 1 3 1
3 
5 3 2 3 1 3 1

Respostas dos exercícios propostos sobre radiciação

1 9 15 1
1. a) b) c) d) 
10 10 10 4

2. a)
3
a b) 23 6 c) t3 t d) t
1 2 5
3
2 5 6
3. a) 7 b) 2 4 c) 3 d) a
1
4. a) b)
7
a5 c)
4
a 3 .b d) 1
8 5
m 2 .n
5. a) 5 b) 3 c) 5 d) 1
5 3
4 3
7 4
6. a) 2 3 b) 2 7 c) 3 d) 3
7. a) a 2 5 x b) a 2b c c) 5a 2 x d) 62 2

11 3
8. a)  2 b) 3 2  2
12

9. a) 34 6  273 3 b) 443 3

y
10.  a
2

11. a) 5  3 3 4 b) 4

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CAPÍTULO 3 – POLINÓMIOS

3.1 Definição

Um polinómio na variável real x é definido como sendo uma soma algébrica de monómios.

Px   an xn  an1xn1  ...  a2 x2  a1x1  a0 , onde (n ∈ℕ0).

3.2 Monómio

Um monómio é uma expressão constituída por um número, por uma variável ou por um
produto de números de expoentes naturais.

3.3 Grau de Polinómio

Dado o polinómio Px   an x n  an1 x n1  ...  a2 x 2  a1 x1  a0 , não identicamente nulo, com

an  0 , o grau do polinómio é dado pela mais alta potência da variável do polinómio P(x).

Tabela 15 - Grau de polinómio

Exemplos Procedimentos Grau do


polinómio

Px  4x3  3x  5 Expoente do maior termo 3

Soma dos expoentes do termo de 5


P  7 x 3 y 2  2xy  15
maior grau

Px  5 Número 0

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 78


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Observação:

Um Polinômio é nulo, (P(x) = 0) quando todos os coeficientes são iguais a Zero.

Exemplos:

a) 𝑃(𝑥) = 0 x 4  0 x 3  0 x 2  0 x  0 = 0

b) Se P( x)  (a  7) x 3  4(2  b) x 2  6(c  2) x  4d é identicamente nulo, concluímos que:

a  7  0 a7
 4(2  b)  0  b  2


6(c  2)  0  c  2

 4d  0 d0

a) Em relação a uma das variáveis, o grau do polinómio é dado pelo maior expoente
dessa variável.

Exemplos:

a) P( x)  5x3  3x2  4x  5  gr( P( x))  3  Polinómio do 3º grau


b) P  5yx3
gr( P)  3  grau do polinómio P(x) em relação a x
gr( P)  1  grau do polinómio P(x) em relação a y

c) Px  2xy2  4x2 y

gr( P)  2  grau do polinómio P(x) em relação a x


gr( P)  2  grau do polinómio P(x) em relação a y

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3.4 Valor Numérico

Quando é atribuído um número à variável 𝑥 , ou seja x   (  R) , e calculamos

P   an n  an1 n1  ...  a2 2  a1 1  a0 , dizemos que P   é o valor numérico do

polinómio para x  .

Exemplos:

Determinar o valor numérico do polinómio Px   x 3  4 x 2  6 x  4 para:

1
a) x 1 b) x   c) x0 d) x3
2

Resolução:

a) Substituindo a variável x por 1 teremos:

P1  13  41  61  4  1  4  6  4  1


2

b) Substituindo a variável x por   1  teremos:


 2

3 2
 1  1  1  1 1 1  1 65
P        4    6    4    4     6      4  
 2  2  2  2 8 4  2 8

c) P0  03  402  60  4  0  0  0  4  4

P3  33  43  63  4  27  36  18  4  5


2
d)

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EXERCÍCIOS

1. Determine o valor numérico dos seguintes polinómios:

a) Px  
3 2
x para x  3 c) Px  2x 3  2x  5 para x  2
4

b) Px   7 x  15 para x  5 d) Px  3x 3  4x 2 para x  1

2. A partir do polinómio Px  x 2  2x  a , obtenha o valor numérico de a , de modo que


P3  10 .

3. Determine o grau dos seguintes polinómios:


a) F (a)  3ab3  5a 2bc 2  3a 3b d) B( y)  10cx 2  4 y

b) G( x)  5a 2 x  3ax 2  8x 4  3ax3 e) L( x)  10dx3  4

c) D(b)  4bx2  2bx  2 f) A( x)  33x  41x 2

3.5 Operações com Polinómios

Sejam P x  e Q x  , tais que Px   an x n  an1 x n1  ...  a2 x 2  a1 x1  a0 , e

Qx   bn x n  bn1 x n1  ...  b2 x 2  b1 x1  b0 com a, b ℝ.

3.5.1 Adição (ou Soma) e Subtração (ou Diferença) de Polinómios

As operações de adição e subtração de polinómios requerem a aplicação de jogos de sinais,


redução de termos semelhantes e o reconhecimento do grau do polinómio. Vejamos com
exemplos, como são realizadas as operações de adição e subtração.

a) Adição

Px   Qx   an  bn x n  an1  bn1 x n1  ...  a1  b1 x1  a0  b 0 

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Observação: P  x   Q x   P  Q  x 

Exemplo: Dados os polinómios P x  e Q x  , calcule P x   Q x 

Px  3x 3  2 x 2  7 e Qx   3x 4  7 x 3.  2 x  1.

Somando-se os coeficientes dos termos do mesmo grau, obtemos:

Px  Qx  0  3x 4  3  7x 3   2  0x 2  0  2x  7  1  3x 4  4x 3  2x 2  2x  8

b) Subtração

Subtraindo-se os coeficientes dos termos de mesmo grau, obtemos:

Px   Qx   an  bn x n  an1  bn1 x n1  ...  a1  b1 x1  a0  b 0 

Observação: P  x   Q x   P  Q  x 

Exemplo: Dados os polinómios P x  e Q x  , calcule P  x   Q  x 

Px  3x 3  2x 2  7 e Qx  3x 4  7 x 3.  2x  1.

Subtraindo-se os coeficientes dos termos de mesmo grau, obtemos:

Px  Qx  0  3x 4  3  7x 3   2  0x 2  0  2x  7  1  3x 4  10x 3  2x 2  2x  6

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Efectue as seguintes adições de polinómios:

a) 2x 2
 
 9x  2  3x 2  7 x  1 
b) 5x 2
 
 5x  8   2 x 2  3x  2 

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c) 2x 3
 
 5x 2  4x  2x 3  3x 2  x 
2. Efectue as seguintes subtrações de polinómios:

a) 6x 2
 
 6x  9  3x 2  8x  2 
b)  2a 2
 
 3a  6   4a 2  5a  6 
c) 4x 3
 
 6x 2  3x  7 x 3  6x 2  8x 
Resolução:

1.a) 2x 2
  
 9x  2  3x2  7 x  1  2x2  9x  2  3x2  7 x  1  5x2  2x  1

1.b) 5x 2
  
 5x  8   2x 2  3x  2  5x 2  5x  8  2x 2  3x  2  3x 2  8x  10

1.c) 2x 3
 
 5x 2  4x  2x 3  3x 2  x  2x 3  5x 2  4x  1  2x 3  3x 2  x  4x 3  2x 2  5x

2.a) 6x 2
  
 6x  9  3x2  8x  2  6x2  6x  9  3x2  8x  2  3x2  14x  11

2.b)  2a 2
  
 3a  6   4a 2  5a  6  2a 2  3a  6  4a 2  5a  6  2a 2  2a

2.c) 4x 3
  
 6x 2  3x  7 x 3  6x 2  8x  4x 3  6x 2  3x  7 x 3  6x 2  8x  3x 3  5x

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Efectue as seguintes adições e subtrações:

a) 5x 2
 
 2ax  a 2   3x 2  2ax  a 2 
b) y 2
 
 3y  5   3y  7  5 y 2 
c) 9x 2
 
 4x  3  3x 2  10 

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d) 7 x  4 y  2  2 x  2 y  5
e) x 2
 
 2xy  y 2  y 2  x 2  2xy 
f) 7ab  4c  3a   5c  4a  10
Resposta:

a) 2x  ;
2
b)  4 y 2
2 ; c) 12x 2

 4x  13 ;

d) 5 x  2 y  3 ; e) 0  ; f) 7 ab  c  7 a  10

3.6 Multiplicação de Polinómios

3.6.1 Multiplicação de Polinómios Por um Número Real (ou Escalar)

Na multiplicação de um polinómio por um número real (ou escalar), devemos observar o seguinte
procedimento: seguir cuidadosamente a regra dos sinais e a redução dos termos semelhantes.

3.6.2 Regra de Sinais da Multiplicação

     ;      ;      e     

k  Px   k  an x n  k  an1 x n1  ...  k  a2 x 2  k  a1 x1  k  a0  , k_constant e

Observação: k  P  x   k  P  x 

Exemplos: Multiplique os seguintes polinómios pelas constantes correspondentes:

a) Px   3x 3  2 x 2  7 e k  -4.

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Multiplicando-se os coeficientes dos termos do polinómio pela constante (-4) obtemos:


 4Px   43x 3  2x 2  7   43x 3   42x 2   47  12x 3  8x 2  28

b) Px   5x 4  3x3  7 x  3 e k  2

Multiplicando-se os coeficientes dos termos do polinómio pela constante (2) obtemos:

2Px  2 5x 4  3x 3  7 x  3  25x 4  23x 3  27 x  23  10x 4  6x 3  14x  6

3.6.3 Multiplicação de um Monómio Por um Polinómio

Para multiplicarmos um polinómio por um monómio devemos multiplicar cada monómio do


polinómio por cada monómio multiplicador, aplicando a propriedade distributiva da multiplicação.

Vejamos o exemplo abaixo:

Multiplicar o polinómio 2x 2  y pelo monómio 7xy2 .

Efectuando as multiplicações, teremos:

     
7 xy2  2x 2  y  7 xy2  2x 2  7 xy2  y  14x 3 y 2  7 xy3

Veja mais exemplos:

a) 2a  7b  3c  2a  7b  2a  3c  14ab  6ac

b) 4 x  2 y    3x   4 x 3x   2 y 3x   12x 2  6 xy

c) 6a  5b  3c  (6a  3c)  5b  3c   18ac  15bc

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Multiplicar o polinómio 7ax 2  4ax  a  2 pelo monómio 3a 2 x . Efetuando as multiplicações,


teremos:

7ax 2
   
 4ax  a  2  3a 2 x  7ax 2 3a 2 x  4ax 3a 2 x  a  3a 2 x  2  3a 2 x       
 21a 3 x 3  12a 3 x 2  3a 3 x  6a 2 x

2. Multiplicar o polinómio 3x 2 y  2xy2  x 3  5 y 3 pelo monómio  xy1  . Efectuando as

multiplicações, teremos:

3x 2
     
y  2 xy2  x 3  5 y 3   xy1  3x 2 y xy1  2 xy2   xy1  x 3   xy1  5 y 3   xy1     
1 1
 3x y  2 x y  x y x  5 xy  3x  2 x y  x y  5 xy
3 0 2 1 4 2 3 2 4 2

3. Multiplicar o polinómio x 3  5 x 2  10 x  7 pelo monómio  2x 2  . Efectuando as multiplicações,

teremos:

x 3
     
 5x 2  10x  7   2 x 2  x 3  2 x 2  5x 2  2 x 2  10x   2 x 2  7   2 x 2     
 6 x  10x  20x  14x
5 4 3 2

4. Multiplicar o polinómio y 2  2 y  1 pelo monómio 0,5 y 3 . Efectuando as multiplicações,

teremos:

y 2
   
 2 y  1  0,5 y 3  y 2 0,5 y 3  2 y 0,5 y 3  1  0,5 y   
 0,5 y  y  0,5 y
5 4 3

x
5. Multiplicar o polinómio x 3  3x 2 pelo monómio . Efectuando as multiplicações, teremos:
2

   x  3 x   x3   3x 2  
 x x x x4 3x 3
3 2

2 2 2 2 2

2 2 1
6. Multiplicar o polinómio x  x pelo monómio 2x . Efectuando as multiplicações, teremos:
3 2 3

 2x   2 2 1  2x  2 2  x1  4x3 2x2


  x  x   x   x  
 3  3 2  3 3  22  9 6

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7. Simplifique as expressões:

a) 2a  a 4  5a   3a 3  a 2  2

b) 2 y  y  2 y   y 3 y  7 
2 2

5 5

Resolução:

a)   
2a  a 4  5a  3a 3  a 2  2  
 2a 5  10a 2  3a 5  6a 3
 a5  6a3  10a 2

b)

2y y2  2y  
y 2 3 y  7 

5 5
2 y3  4 y2 3y3  7 y2
 
5 5
3 2 3
2y 4y 3y 7 y2
   
5 5 5 5
3 3 2
2y 3y 4y 7 y2
   
5 5 5 5
y3 3y2
 
5 5

3.6.4 Multiplicação de um Polinómio Por um Polinómio

Para multiplicar dois polinómios, aplicamos a propriedade distributiva da multiplicação em


relação à adição e à subtração. Isto é, multiplicamos cada termo do 1º polinómio por cada
termo do 2º polinómio. Em seguida, agrupamos os termos semelhantes.

Exemplos:

1. Se multiplicarmos 3 x  1 por 5x 2  2, teremos:

3x  1  5x 2  2 → aplicar a propriedade distributiva.

   
3x  5x 2  3x  2  1  5x 2  12  15x 3  6 x  5x 2  2

Portanto: 3x  1  5x 2  2  15x 3


 5x 2  6 x  2

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2. Multiplicando 2 x 2  x  1 por 5 x  2  , teremos:

2x 2

 x  1  5x  2 → aplicar a propriedade distributiva.

2x 2  5x   2x 2   2  x  5x   x   2  1  5x   1   2


 10 x 3 - 4x 2  5x 2´ 2x  5x  2
 10 x 3  x 2  3x  2

Portanto: 2x 2

 x  1 5x  2  10x 3  x 2  3x  2

3. Dados os polinómios P  x  e Q  x  , calcule P  x   Q  x 

a) Px  3x  2 x  7 e Qx   3x 4  3
3 2


Px Qx   3x 3  2 x 2  7 3x 4  3  
 3x 3
       
 3x  3x  3  2 x 2  3x 4  2 x 2  3  7  3x 4  7  3
4 3

 9 x  9 x  6 x  6 x  21x  21
7 3 6 2 4

 9 x 7  6 x 6  21x 4  9 x 3 - 6x 2  21

b) Px   3ab  5ab e Qx   2a  7a b


2 2 3

 
P  Q  3a 2b  5ab 2 2a  7 a 2b 3 
 3a b  2a  3a b  7 a b  5ab  2a  5ab  7 a b 
2 2 2 3 2 2 2 3

3 4 4 2 2 3 5
 6a b  21a b  10 a b  35 a b
 21a 4b 4  35a 3b 5  6a 3b 2  10a 2b 2

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Efectue os seguintes produtos:

a) 3 x  5  b) 2 x x  5  c) 4 xa  b  d) 2 xx 2  2 x  5 

e) 3 x  2  x  5  f)  x  4 y  x  y  g) 3x 2

 4x  3 x  1

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h) x 3

 2 x3  8 
Resolução

a) 3x  5   3x  15 ;

b) 2xx  5   2x 2  10x ;

c) 4 xa  b   4ax  4bx

d)  
2x x 2  2x  5  2x 3  4x 2  10x ;

e) 3x  2x  5   6x 2  15x  2 x  10


 6 x 2  17 x  10

x  4 y x  y   x 2  xy  4 xy  4 y 2
f)
 x 2  4 y 2  5 xy

g) 3x 2

 4x  3 x  1  3x3  3x 2  4x 2  4x  3x  3  3x3  x 2  7 x  3

h) x 3
 
 2 x3  8  x6  8x3  2x3 16  x6  6x3 16

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Considere os polinómios: Px  x 2  3x  5 ; Q  x    x  5 e Rx  3x 3  2 x  1 . Calcule:

a) P x   Q x  c) P  x   Q x  e) 3  Q  x 

b) Px   Rx  d) P  x   Q  x  f) R  x   Q  x 

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Respostas:

a) x 2  4 x  10 ; b) 3x 5
 9x 4  17x 3  7 x 2  13x  5 ; 
c) x 2  2 x ; 
d)  x 3  8x 2  20x  25 ; e)  3x  15 ; f) 3x 5  9 x 4  17 x 3  7 x 2  13x  5

2. Efectue e simplifique as expressões seguintes:

a) xx  2  b) a b  c   ba  c 

c) 3x  2

1 2
x   3x x  1 d)  
x 4 x 3  x 2  1  3xx  4
 2 

Respostas:

a) x 2  2 x  ; b) 2ac  ; c)   3 x 3  2 x 2  3x  ; d) 4x 4
 x 3  3x 2  11x 
 2 

3. Calcule os seguintes produtos:

a) 4 xa  b  b) 2 xx 2  2 x  5 c) 3x  22 x  1

d) 6x 2  46x 2  4 e) x 2  x  1x  1

Respostas:

a) 4 xa  4 xb ; b) 2x 3
 4x 2  10x ; c) 6x 2
 7x  2 ;
d) 36x 4
 16 e) 3x 3  x 2  7 x  3

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3.6.5 Divisão de Polinómios

3.6.5.1 Divisão de Polinómios Pelo Método das Chaves

Dados os polinómios P(x) e Q(x) e

Px   Qx   qx , pois qx   Qx   r x   Px , onde r x  é o resto da divisão.

O resto da divisão r  x  é um polinómio cujo grau não pode ser igual nem maior que o grau

do divisor Q  x  .

As partes que constituem uma divisão são:

P  x   Dividendo; Q x   Divisor; q  x   Quociente e r  x   Resto

Este método consiste no seguinte formato

P(x) Q(x)

r(x) q(x)

Exemplo 1: Divida Px  x 3  3x 2  4 x  1 por Qx   x 2  x  1 .

1) Escolha o primeiro termo do quociente, que deve ser multiplicado pelos termos do divisor.
Pode também dividir directamente o 1º termo de maior grau do polinómio P  x 
3
(dividendo) pelo 1º termo de maior grau do polinómio Q  x  (Divisor); x  x , obtendo
2
x
assim o 1º termo do quociente.

x 3  x 2  4x  1 x2  x 1
x

x( x 2  x  1)  x 3  x 2  x

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2) Multiplique o termo do quociente obtido e passe o inverso do resultado para subtrair do


polinómio.

x 3  3x 2  4 x  1 x2  x 1

 x3  x 2  x x4

4 x 2  5x  1

3) Agora deve repetir o primeiro passo, escolher o termo conveniente para multiplicar pelo
primeiro termo do divisor para que fique igual ao primeiro termo do polinómio que foi
resultado da primeira operação.

x 3  3x 2  4 x  1 x2  x 1

 x3  x 2  x x

4 x 2  5x  1

4) Repita o mesmo processo do segundo passo.

x 3  3x 2  4 x  1 x2  x 1

 x3  x 2  x x4

4 x 2  5x  1
 4x 2  4x  4
 x3

Como o resto tem um grau menor do que o grau do divisor não é possível continuar com a
divisão. Assim temos que qx   x  4 e que r x    x  3 .

Exemplo 2:

12 x 3  4 x 2  8x 4x

 12x 3 3x 2  x  2

0x  4x 2
 4x 2
0 x  8x
+ 8x

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Assim temos que qx  3x 2  x  2 e o resto r x   0 .

Exemplo 3:

10 x 2  43x  40 2x  5
 10 x 2  25x 5x  9
0 x  18 x  40
18 x  45
5

Assim temos que qx   5 x  9 e o resto r x   -5 .

Exemplo 4:

6 x 4  10 x 3  9 x 2  9 x  5 2x 2  4x  5

 6 x 4  10x 3  9 x 2 3x 2  x  1

0x 4  2x 3  6x 2  9x  5
 2 x 3  4 x 2  5x

0x 3  2x 2  4x  5

2x 2  4x  5
0

Assim temos que qx  3x 2  x  1 e o resto r  x   0 .

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Exemplo 5:

12x 3  19x 2  15x  3 3x 2  x  2

 12 x 3  4 x 2  8x 4x  5

0 x 3  15x 2  7 x  3
 15x 2  5 x  10
2x  7

Assim temos que qx   4 x  5 e o resto r x   2 x  7 .

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Calcule os seguintes quocientes:

a) 2x 2

 5x  12  x  4 b) 6x 11x  5x 18x  7 2x
4 3 2 2

 3x  1

c) 7x  2x 4

 3x 5  2  6x 2  3x  2 d) 4a  7a  3 4a  3
2

e) 3x 13x
3 2

 37x  50  x 2  2x  5  f) x  6x  7x  4 x  2x 1
3 2 2

Respostas:

a) 2 x e resto 0; b) 3x 2  x  6 e resto  x 1; c) x 4  2 x  1 e resto 0 ;

d) a  1 e resto 0 e) 3 x  7 e resto 0 f) x  4 e resto 0

3.7 Dispositivo Prático de Briot-Ruffini

O dispositivo prático de Briot-Ruffini consiste na divisão de um polinómio por um divisor do


primeiro grau da forma ( x   ) , onde  é uma das suas raízes.

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Exemplo:

Dados: P(x) = 5x3 – 2x2 + 3x – 1 e Q(x) = x – 2.


Aplicando a regra do Briot Ruffini, teremos:

O primeiro coeficiente de P(x) é o 5. Repete-se o primeiro coeficiente na linha de baixo

Em seguida, multiplica-se o 5 por 2 e soma-se o resultado com o segundo coeficiente de


P(x), o número (– 2), isto é, 5.2 + (– 2) = 8. O resultado 8 deve ser escrito em baixo do
coeficiente (– 2).

Repete-se o processo, multiplicando 8 por 2 e somando-se o terceiro coeficiente de P(x), o


número 3. O cálculo é dado por 8.2 + 3 = 19. Escreve-se o resultado em baixo do
coeficiente 3.

Aplicando o mesmo procedimento pela última vez, multiplica-se o 19 por 2 e soma-se o


resultado ao (– 1), ou seja, 19.2 + (– 1) = 37. O resultado (37) é colocado em baixo de
( –1) e é o resto da nossa divisão.

O polinómio resultante dessa divisão tem como coeficientes 5, 8 e 19 e terá um grau a


menos que o polinómio inicial. Isto é, a divisão de 5x3 – 2x2 + 3x – 1 por x – 2 é 5x2 +
8x + 19 e o resto da mesma é r = 37.

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Seja o polinómio P (x) = 3x4-2x3+4x-10, efectuar a divisão pelo binómio (x-2).


Vemos que P (x) está incompleto, faltando o termo 0x2. Completamo-lo da seguinte
forma:

P (x) = 3x4-2x3+0x2+ 4x-10

Concluímos que o quociente q(x) = 3x3+4x2+8x+20 e o resto r(x)= 30

2. Efectuar, utilizando o dispositivo prático de Briot-Ruffini, a divisão do polinómio


P(x) = 2x4 + 4x3–7x2+12 por Q(x) = (x – 1).
Resolução

Concluímos que o quociente q(x) = 2x3 + 6x2 – x – 1 e o resto r(x) = 11

3. Obter o quociente e o resto da divisão de


P(x) = 2x5 – x3 – 4x + 6 por Q(x)=(x + 2).

Resolução

Assim sendo, o quociente q(x) = 2x4 – 4x3 + 7x2 – 14x + 24 e o resto r(x) = – 42

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Aplicando o dispositivo prático de Briot-Ruffini, calcule o quociente e o resto, caso exista,


da divisão de:

a) Px  2x 2  3x  2 por Qx   x  3


b) Px  x 4  3x 2  x  5 por Qx   x  2
c) Px  2x 3  7 x 2  2x  1 por Qx   x  4
d) Px  2x 3  10x 2  8x  3 por Qx   x  5
e) Px  x 2  2x  1 por Qx   3x  1
f) Px  2x 3  3x 2  x  2 por Qx   2 x  1

Soluções:

a) qx   5x  18 ; r x   56
b) qx  x 3  2x 2  7 x  13 ; rx  21
c) qx  2x 2  x  6 ; rx  25
d) qx  2x 2  8 ; rx  37
e) qx   ; r x  
x 7 16

3 9 9

f) qx  x 2  x ; r x   2

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3.8 Produtos Notáveis e Factorização

3.8.1 Produtos Notáveis (ou Casos Notáveis)

Tabela 16 - Produtos notáveis

Designação Expressão Expansão do produto

Produto da soma pela diferença x  y x  y  x2  y2

Quadrado de uma soma


x  y 2 x 2  2 xy  y 2
Quadrado de uma diferença
x  y 2 x 2  2 xy  y 2
Cubo de uma soma
x  y 3 x3  3x 2 y  3xy 2  y 3

Cubo de uma diferença x  y 3 x3  3x 2 y  3xy 2  y 3

Produtos especiais


x  yx  y  x 2  y 2

x  yx 2  xy  y 2   x 3  y 3

x  yx 2  xy  y 2   x 3  y 3

x  yx  yx 2  y 2   x 4  y 4
 x  y x 4 
 x3 y  x 2 y 2  xy3  y 4  x5  y 5


x  yx  yx 2  xy  y 2 x 2  xy  y 2   x 6  y 6
 x  y 2  x  y 2  4 xy

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Exemplos:

a) x  4x  4  x 2  4 2  x 2  16

b) 3x  5 y 3x  5 y   3x 2  5 y 2  32 x 2  5 2 y 2  9 x 2  25 y 2

d) 3  23  2  32  22  9  4  5
e) x  12  x 2  2x 1  12  x 2  2x  1
f) 3x  4 y 2  3x 2  23x 4 y   4 y 2  32 x 2  24 xy  42 y 2  9 x 2  24 xy  16 y 2

g) x  23  x3  3x2 2  3x22  23  x3  6x 2 12x  8

h) 2x  33  2x3  32x2 3  32x32  33  8x3  36x2  54x  27

3.9 Completar Quadrado

O método de completar quadrado consiste em formar trinómios quadrados perfeitos. Este foi
criado por Al-Khowarkmi.

Para completar o quadrado é necessário recordar qual é a forma de um trinómio quadrático


perfeito.

x 2  2ax  a 2

Nesta equação:

O coeficiente do primeiro termo deve ser 1 (repara que  ).


x2  1 x2

O último termo a2 é o termo independente.

O coeficiente do termo do meio é o dobro da raiz quadrada do último termo pelo

1º termo ( a 2  a ; e o seu dobro  2 a ).

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Desta forma teremos:

x 2  2ax  a 2  0  x  a 2 0  x  a x  a   0  x  a (neste caso há uma

raiz dupla).

Exemplos:

a) x 2  8 x  16  0

 O coeficiente do primeiro termo é 1.

 O último termo é o quadrado perfeito de 4.

 O coeficiente do termo do meio é o dobro da raiz quadrada do último


termo.

Então x 2  8 x  16  0   x  4 2
0  x4 (raiz dupla)

b) x 2  11x  24  0

 O coeficiente do primeiro termo é 1.

 O último termo não é um quadrado perfeito.

 O coeficiente do termo do meio não é o dobro da raiz quadrada

do último termo.

Nestes casos multiplica-se e divide-se o 2º termo, por 2 e eleva-se a metade desse número
ao quadrado. Em seguida, adiciona-se para completar o quadrado perfeito, e como não
podemos alterar a equação inicial, subtraímos a metade e desse número ao 3º termo.

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2 2
 11   11   11 
x 2  2  x        24  0
 2  2  2
2 2
 11   11 
  x       24  0
 2  2
2
 11  121 96
 x     0
 2 4 4
2
 11  25
 x    0
 2 4
2 2
 11  5
  x       0  usando a 2  b 2  a  b a  b  vem :
 2 2
 11 5  11 5 
  x    x     0
 2 2  2 2
 16  6
  x   x    0
 2  2
 x  8x  3  0
A equação tem duas raízes reais: x1  8 ou x2  3 .

a) Resolução de equação quadrática através do método de Completar o quadrado:

Dada a equação 2 x 2  12 x  8  0

 Para tornar o coeficiente do termo x 2 igual a 1, dividimos ambos os termos da equação

por 2 : x 2  6x  4  0

 x
Multiplica-se e divide-se o 2º termo, isto é, o coeficiente de “ ” por 2 (dois) e adiciona-se
e subtrai-se o quadrado da metade do coeficiente do termo em “ ” para formar ox
quadrado perfeito:
2 2
6 6 6
x  2  x        4  0  x 2  23x  3  3  4  0
2 2 2

2 2 2


 x  3  9  4  x  3  5  0  x  32   
2
0
2 2
5
 x 3  
5 x 3 
5 0
A equação tem duas soluções (ou raízes): x1  3  5 ou x 2  3  5.

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d) x 2  8 x  16  0

• O coeficiente do primeiro termo é 1.

• O último termo é o quadrado perfeito de 4. (reparar que 16  4 2 )

• O coeficiente do termo do meio é o dobro da raiz quadrada do último termo.

Então x 2  8 x  16  0   x  4 2
0  x  4 (neste caso há uma raiz dupla)

3.10 Factorização

A factorização de um polinómio consiste em colocá-lo na forma de um produto de dois ou


mais factores.

3.10.1 Condições de Factorização de Polinómios

I. Colocação de factor comum em evidência

Coloca-se em evidência o factor comum do polinómio para obter a forma factorizada.

Exemplos:

a) 2 xy  3 y  2 x  y  3  y  y 2 x  3

b) x 2  4x  x  x  4  x  xx  4

c) 8x 3  4x 2  12x  4x  x 2  4 x  x  4x  3  4x2x 2  x  3

d) x 3 y  xy3  xy  x 2  xy  y 2  xy x 2  y 2  


II. Agrupamento

Agrupam-se termos do polinómio que possuem factores em comum que são colocados em
evidência.

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Exemplos:

a)    
2x 3  x 2  4x  2  2x 3  x 2  4x  2  x 2 2x  1  22x  1  2x  1 x 2  2

b)  
6x 2  5x  4xy  10 y  6x 2  5x  4xy  10 y   x6x  5  2 y2x  5

III. Factorização de trinómios quadrados perfeitos

Os Trinómios quadrados perfeitos são o resultado da expansão do quadrado de uma soma ou


do quadrado de uma diferença de dois termos. Para factorizar um Trinómio quadrado perfeito
é preciso identificar quais são esses termos, o que é feito por inspeção (ou tentativa).

Exemplos: Factorize as seguintes expressões:

4 x 2  4 x  1  2 x   22 x 1  1  2 x  1


2 2 2
a)

9 x 2  12 x  4  3x   23x 2  2  3x  2


2 2 2
b)

16x 2  24xy  9 y 2  4 x   24 x 3 y   3 y   4 x  3 y 


2 2 2
c)

x 2  10 x  25  x   2x 5  5  x  5


2 2 2
d)

64x 2  80x  25  8x   28x 5  5  8x  5


2 2 2
e)

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Factorize as seguintes expressões:

a) 6 x 3  8 x 8

b) 4ax 2 6a 2 4 x 2  4a 3 x 2

c) 10000  x 2 y 2

d) a b  9
2 4

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e) ax 2  bx 2  3a  3b

f) 25a 4  100b 2

g) 33xy  44 x y  22 x y
2 2 2

Respostas:

a) 2x 3  4 x 
3 5
; b) 2ax 12a  2a  ;
2 2
c) 100  xy100  xy ;

ab   e) ax  3  bx  3 x 2 a  b  3a  b


2 2
d) 2
 3 ab 2  3 ou

f) 5a 2

 10b 5a 2  10b  g) 11xy3y  4 x  2 x 

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CAPÍTULO 4 - EQUAÇÕES ALGÉBRICAS

4.1 Definição

Uma equação é uma igualdade entre duas expressões algebraicas, chamadas membros, que
incluem diversas operações matemáticas relacionadas com números e variáveis ou incógnitas.

4.2 Classificação

As equações classificam-se em função dos seus graus. Assim sendo, uma equação
pode ser do 1º grau, 2º grau, 3º grau, etc.

Exemplos:

a) -3x + 4 = 3 (equação do 1º grau)

b) 5x2 + 2x – 7 = 3x2 – 4x + 5 (equação do 2º grau)

c) -x3 + x2 - 2x +4 = 3x3 – 4x – 3. (equação do 3º grau)

4.3 Resolução de uma Equação

Resolver uma equação significa tentar descobrir os valores que podem assumir as variáveis
em um domínio numérico determinado para converter essa equação numa expressão
verdadeira mais simples, ou seja é achar uma equação equivalente da forma x = c, onde c é
denominado a solução da equação.

A. Procedimento para a Resolução de uma Equação Linear

Uma equação linear (ou do primeiro grau) numa variável pode reduzir-se na forma
ax = b, com a, b  ℝ e a  0.

Para resolver uma equação linear aplicam-se os seguintes passos:

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a. Eliminar os parêntesis;

b. Reduzir os termos semelhantes, caso existam, em cada membro da equação;

c. Passar para o 1º membro as variáveis e para o 2º, os termos independentes;

d. Isolar a variável da equação ax = b;

e. Escrever o conjunto solução encontrado.

Exemplos:

1. Encontrar o número natural que satisfaz a seguinte equação:

6x + 5 – 4 (5x + 0,25) = 3x + 56 – (x + 4)

Resolução

6x + 5 – 4 (5x + 0,25) = 3x + 56 – (x + 4)

Eliminando parêntesis

6x + 5 – 20 x – 1 = 3x + 56 – x – 4

Reduzindo os termos semelhantes

– 14x + 4 = 2x + 52

52 – 4 = – 14x – 2x

48 = – 16x

48 : (– 16) = x

x = -3 S = , pois -3 não é
um número natural (-3  N)

2. A Joana perguntou à Ana: quantos conhecidos tens aqui na rua?

A Ana respondeu: a terça parte são jovens, a sexta parte são senhores, a oitava
parte, crianças e há ainda 9 senhoras.

Resolução

Nesta equação x representa o total de conhecidos da Ana.

𝑥 𝑥 𝑥
+ + +9 =𝑥
3 6 8

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Em primeiro lugar, vamos escrever a expressão acima com o mesmo denominador


(mmc ). Desta forma, o mmc (3, 6, 8, 1) = 24.

𝑥 𝑥 𝑥 9 𝑥
+ + + =
3(8) 6(4) 8(3) 1(24) 1(24)

8𝑥 + 4𝑥 + 3𝑥 + 216 24𝑥
=
24 24
Aplicando o princípio de equivalência, multiplica-se por 24 ambos os membros da
equação.

24(8𝑥 + 4𝑥 + 3𝑥 + 216) 24𝑥


= 24 ×
24 24

8𝑥 + 4𝑥 + 3𝑥 + 216 = 24𝑥

15𝑥 − 24𝑥 = −216 (agrupando os termos semelhantes)

−9𝑥 = −216

−216
𝑥=
−9

𝑥 = 24

Logo, a Ana tem 24 conhecidos.

B. Procedimento para a Resolução de uma Equação Quadrática

Uma equação quadrática (ou do 2º grau) numa variável é uma expressão reduzida
na forma ax2 + bx + c = 0,

onde a, b, c são os coeficientes e a, b, c  ℝ, com a  0.

Para resolvermos uma equação do 2º grau recorremos à Lei do anulamento do


produto e à fórmula de Bháskara (fórmula resolvente).

a) Lei do anulamento do produto

O produto (x-a)(x-b)=0  x-a=0 ou x-b=0, logo x=a ou x=b.

Nota: Um produto é nulo se, e somente se, pelo menos um dos seus factores for
nulo.

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Exemplo:

Vamos resolver a equação

Consideremos a equação (𝑥 − 2)(𝑥 − 5) = 0

Resolvendo a equação teremos: 𝑥 − 2 = 0 𝑜𝑢 𝑥 − 5 = 0

𝑥 = 2 𝑜𝑢 𝑥 = 5

Assim sendo, 2 e 5 são soluções da equação.

b) Fórmula de Bháskara (fórmula resolvente)

Dada a equação quadrática ax2 + bx + c = 0

baseada no cálculo do discriminante e representada por:

=b2 – 4ac,

onde a, b e c são os coeficientes da equação quadrática.

O discriminante () indica a quantidade de soluções da equação quadrática. Ou seja:

Se  > 0, a equação tem duas raízes reais;



Se  = 0, a equação tem duas raízes reais iguais (ou uma única raiz);
Se  < 0, a equação não tem raízes reais.

 b 
 x1 
 2a

e

 b 
x 

 2
2a

Exemplo: Determinar o conjunto solução da equação: x2 – 2x – 2= 0

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Solução:

Como a = 1; b = -2 e c = -2, substituindo na fórmula, temos:

−𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑥1,2 =
2𝑎

−(−2) ± √(−2)2 − 4.1. (−2)


=
2.1

2 + 2√3 2 2√3
𝑥1 = = +
2 2 2

2 − 2√3 2 2√3
𝑥2 = = −
2 2 2

S={1 + √3; 1 −√3}

Equações Biquadráticas

Chama-se equação biquadrática a toda a equação que pode ser reduzida na forma
𝑎𝑥 4 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐 = 0, onde 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℝ , com a  0.

Resolução de equação Biquadrática

Dada a equação 𝑎𝑥 4 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐 = 0, se 𝑥 2 = 𝑦 com y  0 , teremos

𝑎𝑦 2 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0.

b 
Neste caso y1, 2 
2a

b  
Como 𝑥 2 = 𝑦 então x  
2a

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Exemplo: 𝑥 4 − 13𝑥 2 + 36 = 0

𝑎 = 1; 𝑏 = −13; 𝑐 = 36

Δ = (−13)2 − 4 × 1 × 36

Δ = 25

13 ± √25
𝑥 = ±√
2

13 ± 5
𝑥 = ±√
2

13 + 5
𝑥 = ±√
2

18
𝑥 = ±√
2

𝑥 = ±√9

𝒙 = ±𝟑

8
𝑥 = ±√
2

𝑥 = ±√4

𝒙 = ±𝟐

𝑺 = {𝒙𝟏 = −𝟑, 𝒙𝟐 = −𝟐, 𝒙𝟑 = 𝟐, 𝒙𝟒 = 𝟑}

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Propriedades das equações biquadráticas

a) 𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 + 𝒙𝟑 + 𝒙 𝟒 = 𝟎

𝒃
b) -𝒙 𝟏 𝟐 + 𝒙𝟑 𝟐 = − 𝒂

𝒄
c) - 𝒙𝟏 𝟐 × 𝒙𝟑 𝟐 = 𝒂

C. Equações Fraccionárias

Uma equação fraccionária a uma variável é uma expressão algébrica que tem a
variável, pelo menos, em algum denominador.

Ou seja, tomam a forma:

P(x)
 0, com Q(x)  0
Q(x)

Para obtermos a solução das equações fraccionárias, procedemos da seguinte forma:

a) Determina-se o domínio da equação, isto é, exclui-se todos os valores que anulam


os denominadores;

b) Simplifica-se, se for possível, todas as fracções algébricas;

c) Acha-se o denominador comum das fracções e posteriormente eliminamo-lo;

d) Efetua-se os produtos indicados e agrupa-se os termos semelhantes;

e) Isola-se a variável para determinar a solução da equação quadrática aplicando o


algoritmo visto anteriormente.

Exemplo:

Resolver a seguinte equação:

x 4 2
 
x  2 x 1 x  2

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Resolução:

x 4 2
  0
x  2 x 1 x  2

D = {x: x≠-2 e x≠ −1} Determinar o domínio

MMC é (x +2)(x + 1)

x( x  1)  4( x  2)  2( x  1)
0
( x  2)( x  1)

x2  x  6
0
( x  2)( x  1)

x2  x  6  0

x1  3 e x 2  2

Como x = -2 anula um dos denominadores, então, a solução da equação é x = 3.


S = {3}.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Resolva as equações usando a fórmula resolvente.

1. (𝑥 − 2)(2𝑥 − 5) = 0

2. 3(2𝑥 + 1)(2𝑥 + 3) = 0

3. 𝑥 4 − 16𝑥 2 = 0

4. 𝑥 4 − 5𝑥 2 + 4 = 0

5. Determine os valores de K para os quais a equação 3𝑥 2 − 6𝑥 + 𝑘 = 0 tenha raízes


reais e desiguais.

6. Determine os valores de a para os quais a equação 𝑥 2 + 𝑎𝑥 + 2𝑎 − 3 = 0 tenha


raízes reais iguais.

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7. Resolva a seguinte equação usando a forma do anulamento do produto.

3𝑥 2 = 15𝑥

Soluções

5
1. 𝑆 = {𝑥1 = 2, 𝑥2 = 2}
1 3
2. 𝑆 = {𝑥1 = − 2 , 𝑥2 = − 2}

3. 𝑆 = {𝑥1 = 𝑥2 = 0, 𝑥3 = −4, 𝑥4 = 4}
4. 𝑆 = {𝑥1 = −2, 𝑥2 = −1, 𝑥3 = 1, 𝑥4 = 2}
5. k<3
6. a = 2 ou a = 6

7. 𝑆 = {𝑥1 = 0, 𝑥2 = 5}

CAPÍTULO 5 - DESIGUALDADES ALGÉBRICAS

5.1 Introdução Sobre Inequações

Inequações são expressões matemáticas que envolvem os símbolos:

a) > (maior que)

b) < (menor que)

c) ≥ (maior ou igual a)

d) ≤ (menor ou igual a)

Resolver uma inequação em x significa encontrar todos os valores de x para os quais a


inequação é verdadeira.

O conjunto de todas as soluções de uma inequação é o que chamamos conjunto solução.

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5.2 Manipulação de Equações

As inequações podem ser manipuladas como as equações e as regras são muito similares,
mas existe uma excepção.

 Se adicionarmos um mesmo número aos dois membros da inequação, esta mantem-se


inalterável.
 Se subtrairmos um mesmo número aos dois membros da inequação, esta mantem-se
inalterável.
 Se multiplicarmos ou dividirmos ambos os membros por um número positivo, a inequação
mantem-se verdadeira.
 Se multiplicarmos ou dividirmos ambos os membros por um número negativo, muda o
sinal da desigualdade.

5.2.1 Inequações do 1º Grau

Uma inequação linear é escrita da forma 𝑎𝑥 + 𝑏 < 0, 𝑎𝑥 + 𝑏 > 0, 𝑎𝑥 + 𝑏 ≤ 0 e 𝑎𝑥 + 𝑏 ≥ 0


onde 𝑎, 𝑏 são números reais com 𝑎 ≠ 0.

O conjunto das soluções de uma inequação linear com uma variável forma um intervalo de
números reais. Por este facto, podemos apresentar o conjunto solução por meio da
representação gráfica da recta real ou em forma de intervalos.

Exemplos:

Resolver as inequações:

a) 𝑥 + 3 > 5
𝑥 >5−3
𝑥 > 2 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 2}

b) 2𝑥 + 1 ≤ 𝑥 − 4
2𝑥 − 𝑥 ≤ −4 − 1
𝑥 ≤ −5 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ −5}

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c) −3𝑥 ≤ 𝑥 − 4
−4𝑥 ≤ −4 / × (−1)
4𝑥 ≥ 4
4
x
4
𝑥 ≥ 1 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 1}

2 1
d) x
3 5
10𝑥 ≥ 3
3 3
x 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 10}
10

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) 1 − 2𝑥 ≤ 5 + 𝑥
b) 5(1 − 𝑥) − 3(4 − 2𝑥) > 1 − 𝑥
c) 2(3𝑥 + 1) < 4(5 − 2𝑥)
1
d) 3(3𝑥 − 2) + 2 (𝑥 + 2) ≤ 19 − 𝑥

3x x x
e)   0
2 3 6
2x  5
f) 3 5
3
1  2x x  2 x  3
g)   1
3 6 2
h) 3𝑥 + 4 < 5 < 6 − 2𝑥
x
i) x  1  7  3x  1
2
x  3 1  x 2( x  5)
j)  
3 2 4

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Soluções

4
a) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ − 3 }

b) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 4}
9
c) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 7}

d) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 3}
e) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 0 }
f) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 7 < 𝑥 ≤ 5 }
1
g) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < − 2 }
1
h) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 2}

i) 𝑆={ }
j) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 3}

5.2.2 Inequações do 2º Grau

Considere a função 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 , onde 𝑎 ≠ 0, sendo 𝑎, 𝑏, e 𝑐 números reais. A


inequação do 2º grau é toda a desigualdade tal que:

𝑓(𝑥) > 0, 𝑓(𝑥) < 0, 𝑓(𝑥) ≥ 0 ou 𝑓(𝑥) ≤ 0

A resolução de uma inequação do 2º grau consiste na determinação dos valores de x que


satisfaçam a desigualdade, envolvendo o estudo dos sinais de uma função do 2º grau.

Exemplos:

a) 𝑥 2 − 6𝑥 + 8 ≤ 0
Achando os zeros de 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 6𝑥 + 8, temos:
(𝑥 − 4)(𝑥 − 2) = 0
𝑥1 = 4 𝑜𝑢 𝑥2 = 2

Os valores que satisfazem a desigualdade são aqueles que 𝑓(𝑥) ≤ 0.

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Avaliando os sinais da função na recta real:

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 2 ≤ 𝑥 ≤ 4}
b) 𝑥 2 − 𝑥 − 12 > 0
(𝑥 − 4)(𝑥 + 3) = 0
𝑥1 = 4 𝑜𝑢 𝑥2 = −3
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < −3 𝑜𝑢 𝑥 > 4}

c) 𝑥 2 − 6𝑥 + 9 > 0
(𝑥 − 3)(𝑥 − 3) = 0
𝑥1 = 3 𝑜𝑢 𝑥2 = 3
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 3 𝑜𝑢 𝑥 > 3}

d) −8 ≤ 𝑥 2 − 2𝑥 − 8 ≤ 0
2
{𝑥 2− 2𝑥 − 8 ≥ −8
𝑥 − 2𝑥 − 8 ≤ 0

𝑥 2 − 2𝑥 − 8 ≥ −8

𝑥1 = 0 𝑜𝑢 𝑥2 = 2
𝑆1 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 0 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 2}

𝑥 2 − 2𝑥 − 8 ≤ 0
𝑥1 = −2 𝑜𝑢 𝑥2 = 4

𝑆2 = {𝑥 ∈ ℝ: −2 ≤ 𝑥 ≤ 4}

𝑆1 ∩ 𝑆2 = {𝑥 ∈ ℝ: −2 ≤ 𝑥 ≤ 0 𝑜𝑢 2 ≤ 𝑥 ≤ 4}

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) 𝑥 2 − 3𝑥 + 2 > 0
b) −3𝑥 2 − 8𝑥 + 3 ≤ 0
c) 2𝑥 2 − 𝑥 ≥ 0
d) 𝑥 2 − 6𝑥 + 8 > 0
e) 8𝑥 2 − 14𝑥 − 3 ≤ 0
f) 3𝑥 2 − √5𝑥 ≥ 0
g) −4 ≤ 3𝑥 2 − 10 ≤ 2

h)  x  x  1  0
2

3 2 4

i) 7𝑥 + 1 < 𝑥 2 + 3𝑥 − 4 ≤ 2𝑥 + 2
j) 4𝑥 2 − 5𝑥 + 4 < 3𝑥 2 − 6𝑥 + 6 < +3𝑥 − 4

Soluções:

a) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 1 𝑜𝑢 𝑥 > 2 }
1
b) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ −3 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 3}
1
c) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 0 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 2 }

d) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 2 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 4}
1 3
e) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: ≤ 𝑥 ≤4}
4

√5
f) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 0 𝑜𝑢 𝑥 ≥ }
3

g) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 2 ≤ 𝑥 ≤ −√2 𝑜𝑢 √2 ≤ 𝑥 ≤ 2 }
h) 𝑆 = { }
i) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 3 ≤ 𝑥 < −1}
j) 𝑆 = { }

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5.2.3 Inequações Modulares

As inequações modulares são dadas segundo a definição de módulo.

De modo geral, se é um número positivo, então:

1º caso: |𝑥| < 𝑎 ⇨ −𝑎 < 𝑥 < 𝑎

2º caso: |𝑥| > 𝑎 ⇨ 𝑥 < −𝑎 ou 𝑥 > 𝑎

Exemplos:

a) |𝟒𝒙 − 𝟑| > 5
|4𝑥 − 3| > 5
4𝑥 − 3 < −5 𝑜𝑢 4𝑥 − 3 > 5
1
𝑥<− 𝑜𝑢 𝑥 > 2
2
1
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < − 𝑜𝑢 𝑥 > 2}
2

7  2x
b) 2
x4

7 − 2𝑥
| |≤2
𝑥+4
|7 − 2𝑥| ≤ 2|4 + 𝑥|

Elevando ambos os lados da desigualdade ao quadrado, temos:

49 − 28𝑥 + 4𝑥 2 ≤ 4(16 + 8𝑥 + 𝑥 2 )
49 − 28𝑥 + 4𝑥 2 ≤ 64+32𝑥 + 4𝑥 2
−60𝑥 − 15 ≤ 0
−60𝑥 ≤ 15
60𝑥 ≥ −15

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1
𝑥≥−
4
1
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > − }
4

c) |𝒙 + 𝟑| ≤ 𝟏

|𝑥 + 3| ≤ 1
−1 ≤ 𝑥 + 3 ≤ 1
−1 − 3 ≤ 𝑥 ≤ 1 − 3
−4 ≤ 𝑥 ≤ −2
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 4 ≤ 𝑥 ≤ −2 }

d) 𝟐𝒙 − 𝟕 + |𝒙 + 𝟏| ≥ 𝟎

𝑥 + 1, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 ≥ −1
|𝑥 + 1| = {
−𝑥 − 1, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 < −1

1º Caso

Se 𝑥 ≥ −1, temos:

2𝑥 − 7 + |𝑥 + 1| ≥ 0
2𝑥 − 7 + 𝑥 + 1 ≥ 0
𝑥≥2
𝑆1 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ −1} ∩ {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 2}

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2º Caso

Se 𝑥 < −1, temos:

2𝑥 − 7 + |𝑥 + 1| ≥ 0
2𝑥 − 7 − 𝑥 − 1 ≥ 0
𝑥≥8
𝑆2 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < −1} ∩ {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 8} = ∅
A solução da inequação proposta é:
𝑆 = 𝑆1 ∪ 𝑆2
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 2 }

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) |3𝑥 − 2| < 4
b) 1 < |𝑥 − 1| ≤ 3
c) |2 − 3𝑥| ≥ 1
2x  3
d) 2
3x  1
x3 1
e) 
 x 1 4
f) ||2𝑥 − 1| − 4| ≤ 3
g) |𝑥 − 1| − 3𝑥 + 7 ≤ 0
h) |𝑥 + 2| − |𝑥 − 3| > 𝑥
i) |𝑥 2 − 3𝑥 + 2| > 0
j) |𝑥 − 2| − |𝑥 + 3| > 𝑥 2 − 4𝑥+3

Soluções:

2
a) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 3 < 𝑥 < 2 }

b) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 2 ≤ 𝑥 < 0 𝑜𝑢 2 < 𝑥 ≤ 4 }

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1 1
c) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 3 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 2}
1 5 1
d) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 4 < 𝑥 < 8 𝑜𝑢 𝑥 ≠ 3}
11 13
e) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < − 𝑜𝑢 𝑥 > , 𝑥 ≠ 1}
3 5

f) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 3 ≤ 𝑥 ≤ 0 𝑜𝑢 1 ≤ 𝑥 ≤ 4 }
g) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≥ 3 }
h) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < −5 𝑜𝑢 1 < 𝑥 < 5}
i) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≠ 2 𝑒 𝑥 ≠ 1 }
j) 𝑆 = { }

5.2.4 Inequações Produto

Consideremos 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) funções de variável 𝑥 . Chamamos inequações produto às seguintes

desigualdades:

𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥) > 0, 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥) < 0, 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥) ≥ 0 ou 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥) ≤ 0

Para resolvê-las, é necessário fazer o estudo do sinal separadamente, transportar os sinais


para um quadro, efectuar o produto dos sinais e determinar os intervalos de valores em que
a inequação se torna verdadeira.

Exemplos:

a) (𝑥 − 4)(𝑥 + 2) > 0
(𝑥 − 4)(𝑥 + 2) = 0
𝑥 = 4 𝑜𝑢 𝑥 = −2

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 4 𝑜𝑢 𝑥 < −2}

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b) 𝑥 2 ≤ 9
𝑥2 ≤ 9
𝑥2 − 9 ≤ 0
(𝑥 − 3)(𝑥 + 3) = 0
(𝑥 − 3) = 0 𝑜𝑢 (𝑥 + 3) = 0
𝑥 = 3 𝑜𝑢 𝑥 = −3

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 3 ≤ 𝑥 ≤ 3}

c) 𝑥 3 + 1 > 𝑥 2 + 𝑥
𝑥3 + 1 > 𝑥2 + 𝑥
𝑥3 + 1 − 𝑥2 − 𝑥 > 0
𝑥3 − 𝑥2 − 𝑥 + 1 > 0
𝑥 2 (𝑥 − 1) − (𝑥 − 1) > 0
(𝑥 2 − 1)(𝑥 − 1) > 0

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 1 < 𝑥 < 1 𝑒 𝑥 > 1}

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d) (𝑥 − 3)(𝑥 2 + 3𝑥 − 4) > 0

𝑥 − 3 = 0 𝑜𝑢 𝑥 2 + 3𝑥 − 4 = 0

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 4 < 𝑥 < 1 𝑜𝑢 𝑥 > 3}

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) (𝑥 2 − 𝑥 − 2)(−𝑥 2 + 4𝑥 + 3) > 0
b) (−2𝑥 2 + 3𝑥 + 2)(𝑥 − 4) ≥ 0
c) (𝑥 2 + 4𝑥 − 5)(2𝑥 − 6) ≥ 0
d) (𝑥 2 − 𝑥 − 2)(−𝑥 2 + 2𝑥 + 3) ≤ 0
e) (1 − 4𝑥 2 )(2𝑥 2 + 3𝑥) > 0
f) (𝑥 2 − 7𝑥 + 10)(𝑥 2 − 3𝑥) ≤ 0
g) 𝑥 4 ≥ 𝑥 2
h) 𝑥 3 − 2𝑥 2 − 𝑥 + 2 > 0
i) 2𝑥 3 − 6𝑥 2 + 𝑥 − 3 > 0
j) 𝑥 2 + 1 < 2𝑥 2 − 3 ≤ −5𝑥

Soluções

a) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 1 < 𝑥 < 1 𝑜𝑢 2 < 𝑥 < 3 }


1
b) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ − 2 𝑜𝑢 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 }

c) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 5 ≤ 𝑥 ≤ 1 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 3 }
d) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 5 ≤ 𝑥 < 7 𝑜𝑢 𝑥 = 2 }
3 1 1
e) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: < 𝑥 < − 2 𝑜𝑢 0 < 𝑥 < 2 }
2

f) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑜𝑢 3 ≤ 𝑥 ≤ 5 }
g) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ −1 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 1 𝑜𝑢 𝑥 = 0 }

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h) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 1 < 𝑥 < 1 𝑜𝑢 𝑥 > 2}


i) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ 3 }
j) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: −3 ≤ 𝑥 < −2}

5.2.5 Inequações Quociente

Consideremos e funções de variável . Chamamos inequações quociente às

seguintes desigualdades:

f ( x) f ( x) f ( x) f ( x)
0 0  0 ou 0
g ( x) g ( x) g ( x) g ( x)

A resolução da inequação quociente é similar ao da inequação produto pois no conjunto dos


números reais, a divisão ou multiplicação de dois números apresenta a mesma regra de sinais,
lembrando que g ( x)  0.

Exemplos

3x  4
a) 2
1 x

3𝑥 + 4
≤2
1−𝑥
3𝑥 + 4
−2≤0
1−𝑥
3𝑥 + 4 − 2(1 − 𝑥)
≤0
1−𝑥
5𝑥 + 2
≤0
1−𝑥

2
𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 ≤ − 𝑜𝑢 𝑥 > 1}
5

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b) 3x  x  6  2
x

𝒙+𝟔
𝟑𝒙 − ≥𝟐
𝒙
3𝑥 2 − 𝑥 − 6
−𝟐≥𝟎
𝒙
3𝑥 2 − 3𝑥 − 6
≥𝟎
𝒙
3𝑥 2 − 3𝑥 − 6 = 0 e 𝑥≠0
𝑥1 = −1 e 𝑥2 = 2

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 1 ≤ 𝑥 < 0 𝑜𝑢 𝑒 𝑥 ≥ 2}

c) x 28x  12  0
2

x 9

𝑥 2 − 8𝑥 + 12 = 0

𝑥1 = 6 e 𝑥2 = 2

𝑥2 − 9 = 0
𝑥1 ≠ 3 e 𝑥2 ≠ −3

𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 3 < 𝑥 ≤ 2 𝑜𝑢 3 < 𝑥 ≤ 6}

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) 2 x  1  0
x2

b) 3  4 x  0
5x  1

c) 5 x  3  1
3x  4

d) x  4 x  5  0
2

 x3

e) x  7 x  6  0
2

2
x  2x  3

f) 3x  1
0
2 x  55x  3
x 1 x  3
g) 
x2 x4
1 2 3
h)   0
x 1 x  2 x  3

i)
x  13  1  1
x  13  1
j)  x 2

 10 x  25 x  3
0
x4

Soluções

1
a) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < −2 𝑜𝑢 𝑥 < 2 }
1 3
b) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − <𝑥 ≤4}
5
7 4
c) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 8 𝑜𝑢 𝑥 > 3 }

d) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 1 < 𝑥 < 3 𝑜𝑢 𝑥 > 5}


e) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < −1 𝑜𝑢 1 ≤ 𝑥 < 3 𝑜𝑢 𝑥 ≥ 6 }
5 3 1
f) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < − 2 𝑜𝑢 − 5 < 𝑥 < − 3 }

g) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: − 4 < 𝑥 < −2}


3
h) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 1 𝑜𝑢 < 𝑥 < 2 𝑜𝑢 𝑥 > 3}
4

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i) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 > 0 }
j) 𝑆 = {𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 < 3 𝑜𝑢 𝑥 > 4 𝑒 𝑥 ≠ 5}

CAPÍTULO 6 - EXPONENCIAIS E LOGARITMOS

6.1 Equações Exponenciais

As equações em que as variáveis aparecem como expoentes de potências, chamam-se


equações exponenciais.

6.2 Resolução de Equações Exponenciais

a) Obter nos dois membros da equação, potências de bases iguais.

b) Igualar os expoentes.

c) Determinar o valor da variável (x).

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1 1 2
1) 8 x  0,25  (23 ) x   23 x  2  23 x  2 2  3x  2  x  
4 2 3

8 x  x  4 x1  (2 3 ) x  x  (2 2 ) x1  2 3( x  x )  2 2( x1)  3( x 2  x)  2( x  1)


2 2 2
2)

3x 2  3x  2 x  2  3x 2  5 x  2  0

Resolvendo a equação do segundo grau temos:

5  25  24 5  7
x1    2  x1  2
6 6

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5 25  24 57 1 1
x2      x2  -
6 6 3 3

S = {-1/3; 2}

3) 3 x1  3 x  3 x1  3x2  306


Colocando 3 x 1 em evidência:
306
3 x1 (1  3  32  33 )  306  3 x1.34  306  3 x1   3 x1  9  3 x1  32  x  1  2
34
 x3

6.3 Inequações Exponenciais

As desigualdades que contêm variáveis no expoente chamam-se inequações exponenciais.

a x  ab , a x  ab , a x  ab ou a x  ab com a  1 ou 0  a  1

Resolução de Inequações Exponenciais

a) Converter os dois membros da inequação em potências da mesma base.

b) Comparar os expoentes.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) 3 x  9  3 x  32  x  2

S  x  R : x  2

2) 3 x  81  3 x  34  x  4

S  x  R : x  4

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x x x
1 1 1
 
1 1 3
3 3
3)    8     8 2     2 3 2  2x  2 2  x  / (1)  x  
2 2  2 2 2

 3
S  x  R : x   
 2

1 1 28
4) 3 x  2  3 x 1  28  3 x.32  3 x.  28  3 x (9  )  28  3 x.  28  3 x  3  x  1
3 3 3

S  x  R : x  1

3x 4  1  3x 4  30  x 2  4  0
2 2
5)

S  x  R : x  2 ou x  2

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Resolva as seguintes inequações:

1
a) 2 x5 
4

1
1
b) 3 2 x 3
3
81

c) 3 x 1  3 x 1  18

x 3
1 1
d)   
 3 27

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6.4 Logaritmo ( log a b  c )

Chama-se logaritmo do número b em relação à base a a representação

log a b  c  a c  b

6.5.1 Condição de Existência do Logaritmo

Para que exista o logaritmo c é preciso que:

b  0; a  0; a  1

Exemplos:

a) log 2 8  x  2 x  8  2 x  23  x  3

6
b) log 32 64  x  32 x  64  (2 5 ) x  2 6  5 x  6  x 
5

c) log 2
1
32
 x  2x 
1
32
 2 x  32 1  2 x  25  
1
 x  5

 
1 1 2
2
d) log 10 3 100  x  10 x  3 100  10 x  100 3  10 x  10 2 3  10 x  10 3  x 
3

a. Propriedades

a) Logaritmo de 1 em qualquer base é igual a zero.

log a 1  0  a 0  1
b) Logaritmo da base

log a a  1  a1  a

c) Logaritmo de potência da base

log a a n  n  a n  a n

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Exemplos:

a) log 3 81
3
 3  log 3 81  3  4  12 3
b)  log 1 27   log 1 3  3
3 3

6.4.2 Logaritmos Iguais

Dois logaritmos da mesma base são iguais, se os seus logaritmandos forem iguais.

log a b  log a c  b  c

6.4.3 Logaritmo do Produto

O logaritmo do produto é igual à soma dos logaritmos dos factores.

log a ( A.B)  log a A  log a B

log 2 (4.8)  log 2 4  log 2 8  log 2 2 2  log 2 23  log 2 2 2  log 2 23  2  3  5


Exemplo:

6.4.4 Logaritmo do Quociente

O logaritmo do quociente é igual à diferença entre o logaritmo do dividendo e do divisor:

A
log a ( )  log a A  log a B
B

 81 
Exemplo: log 3    log 81 - log 27  log 3 4 - log 33  4 - 3  1
 27 
3 3 3 3

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6.4.5 Cologaritmo de um Número

É o logaritmo do inverso desse número.

1
co log a b  log a  - log a b
b

6.4.6 Logaritmo da Potência

log a ( B n )  n. log a B

log 2 (43 )  3 log 2 4  3 log 2 2 2  3.2  6


Exemplo:

6.4.7 Logaritmo da Potência da Base

1
log an b  log a b , com n0
n
1 1 1
log 22 4  log 2 4  log 2 2 2  .2  1
Exemplo: 2 2 2

6.4.8 Logaritmo da Raiz n-ésima

O logaritmo da raiz n-ésima é igual ao inverso do índice da raiz multiplicado pelo logaritmo
do radicando.

1
log a n A  . log a A
n

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1 1 1 1
Exemplo: log 3 81  . log 3 81  . log 3 34  .4. log 3 3  .4.1  2
2 2 2 2

6.5 Mudança de Base

Esta operação permite-nos passar de uma a outra base, segundo a nossa conveniência.

Existem duas formas:

6.5.1 Mudança da Base Como Quociente

O logaritmo de b na base a- é igual ao logaritmo de b numa outra base (c), dividindo pelo
logaritmo de a na base (c).

log c b
Exemplos: log a b 
log c a

log 7 3 log 5 7
a) log 5 3  b) log 2 7 
log 7 5 log 5 2

6.5.2 Mudança de Base Como Produto

O logaritmo de x na base a, é igual ao logaritmo de b (nova base) na base a, multiplicado


pelo logaritmo de x numa outra base b.

log a x  (log a b).(log b x)

6.6 Função Exponencial

6.6.1 Definição

Uma função do tipo y  ax com x  R, a  0 e a  1 chama-se função exponencial.

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A. Domínio da função exponencial

D = R (o expoente x pode ser qualquer número real).

B. Imagem da função exponencial

+ (a potência y é sempre um número positivo)

C. Zero da função

A função exponencial não possui zeros, pois y  0

6.6.2 Representação Gráfica

Para representarmos graficamente uma função exponencial, podemos fazê-lo da mesma


forma que fizemos com a função quadrática, ou seja, atribuimos alguns valores arbitrários
ao x, montamos uma Tabela com os respectivos valores de f(x), localizamos os pontos no
plano cartesiano e traçamos a curva do gráfico.

Para a representação gráfica da função f ( x)  1,8x , atribuímos ao x os valores representados


no quadro abaixo:

x y Gráfico

-6 0.03

-3 0.17

-1 0.56

0 1

1 1.8

2 3.24

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a) Função Exponencial Crescente

Se a  1 , temos uma função exponencial crescente, qualquer que seja o valor real de x.

b) Função Exponencial Decrescente

Se 0  a  1 , temos uma função exponencial decrescente em todo o domínio da função.

6.7 Função Logarítmica

Toda a função definida pela lei de formação f(x) = logax, com a ≠ 1 e a > 0 é denominada
função logarítmica de base a. Neste tipo de função, o domínio é representado pelo conjunto
dos números reais maiores que zero e o contradomínio, o conjunto dos reais.

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Exemplos:

a) f(x) = log2x b)f(x) = log3x c)f(x) = log 1/2x


d) f(x) = log10x e)f(x) = log1/3x f)f(x) = log4x
g) f(x) = log2(x – 1) h)f(x) = log0,5x

6.7.1 Domínio da Função Logarítmica

Dada a função f(x) = log  x 2  4  x  , temos as seguintes restrições:

a) 4  x  0   x  4  x  4
b) x2  0  x  2
c) x2 1 x  3
Realizando a intersecção das restrições a, b e c, temos o seguinte resultado: 2 <x <3 e
3<x <4.

Desta forma, D = {x R / 2 < x < 3 e 3 < x < 4}

6.7.2 Gráfico de uma Função Logarítmica

Para a construção do gráfico da função logarítmica devemos estar atentos a duas situações:

1) a > 1 2) 0 < a < 1


a) Função crescente (a > 1)

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b) Função decrescente (0 < a < 1)

6.7.3 Características do Gráfico da Função Logarítmica y  log a x

a) O gráfico está totalmente à direita do eixo y, pois ela é definida para x> 0.

b) O gráfico intersecta o eixo das abscissas no ponto (1,0), então a raiz da função é x = 1.

Através dos estudos das funções logarítmicas, chegamos à conclusão que ela é uma função
inversa da exponencial. Observe o gráfico comparativo a seguir:

Figura 2 – Gráfico da Função Logarítmica

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CAPÍTULO 7 - SEQUÊNCIAS

Definição

Uma sequência é uma função f de N em R, ou seja, 𝑓: 𝑁 → ℛ. Para todo número natural i


associamos um número real ai por meio de uma determinada regra de formação. A sequência
pode ser denotada por:

f: {(1, a1),(2,a2),...,(i,ai),...}

Ou, por meio de um diagrama:

Figura 3 - Diagrama de uma sequência

Para simplificar a notação, também podemos denotar uma sequência usando apenas a
imagem de f:

f = (a1,a2,a3, ... ,ai, ...)

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Exemplos

A) Sequências dadas por fórmulas de recorrência:

 a1  2
a) Seja a sequência f tal que  , n ϵ {2,3,4,5}.
a n  a n 1  3

f = {2,5,8,11,14}, e f é uma sequência finita.

 c1  1
b) Seja a sequência h tal que  , n ϵ N, com n2
cn  3.cn1
h = {1,3,27,81,243,...}, e h é uma sequência infinita.

B) Sequências que expressam os seus termos em função da sua posição:

a) Seja g uma sequência, onde an=2n, com 1 n  4

g = (2, 4, 8, 16), é uma sequência finita.

b) Seja f uma sequência, bn=3n+1, para qualquer n natural maior ou igual a 1.

f = (4,7,10,13,16,19,...). f é uma sequência infinita.

7.1 Progressões Aritméticas (PA)

Progressão Aritmética é toda a sequência que pode ser dada pela seguinte fórmula de
recorrência:

 a1  k
 n  2
a n  an1  r
Onde k e r são números reais fixos dados. A constante r é chamada de razão da PA.

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Exemplos

São progressões aritméticas as funções:

f1= (2, 4, 6, 8, 10,...); o primeiro termo é 2 e a razão é 2.

f2=(0,-1,-3,-5,-7,...); o primeiro termo é 0 e a razão é -2.

f3= (5, 5, 5, 5, 5, ...); o primeiro termo é 5 e a razão é 0.

f4=(1,1/2,2,3/2,3,...); o primeiro termo é 1 e a razão é 1/2.

f5= (3/4, 1/2, 1/4, 0, -1/4, -1/2); o primeiro termo é 3/4 e a razão é -1/4.

7.1.1 Propriedade de uma PA

A diferença entre dois termos consecutivos quaisquer de uma PA é sempre constante e é igual
à sua razão.

7.1.2 Classificação de uma PA

a) Uma PA é crescente quando sua razão for positiva.


b) Uma PA é decrescente quando sua razão for negativa.
c) Uma PA é constante quando sua razão for nula.

7.1.3 Termo Geral de uma PA

Uma vez conhecido o primeiro termo e a razão de uma PA, pode-se deduzir uma lei de
formação que permite calcular qualquer termo da PA sem usar o cálculo por recorrência.
Denotando-se o primeiro termo da PA por a1 e a razão por r, tem-se:

a1 a1
a 2 a1  r
a3 a2  r
a 4 a3  r

a n an1  r

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Somando todos os membros do lado direito das igualdades e todos os membros do lado
esquerdo das igualdades tem-se:

a1  a2  a3  .....  an1  an  a1  a2  a3  .....  an1  (n  1).r

Cancelando os termos semelhantes em ambos os lados da igualdade obtem-se:

an  a1  (n  1).r an  a1  (n 1).r
A expressão acima é chamada de termo geral da PA, e fornece uma lei de formação para
se encontrar qualquer elemento da sequência sem o uso da recorrência. O termo geral da PA
também pode ser demonstrado usando-se o princípio da indução finita.

Também é possível obtermos uma lei de formação para calcular o n-ésimo termo de uma PA
partindo de seu k-ésimo termo. Se n< k tem-se:

an  a1  (n 1).r

ak  a1  (k  1).r  a1  ak  (k  1).r
an  ak  (k  1).r  (n  1).r  ak  (n  1)  (k  1).r  ak  (n  k ).r
Portanto,

an  ak  (n  k ).r

7.1.4 Interpolação Aritmética

Interpolar k meios aritméticos entre os números a e b significa obter uma PA, cujos extremos
são a1=a e an=b. A PA procurada terá k+2 termos.

Assim:

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ba
r
k 1
Exemplo: Interpolar 5 meios aritméticos entre 2 e 4.

Tem-se que estes meios serão dados pela PA cujo primeiro termo é igual a 2 e razão igual a

42 2 1
r  
5 1 6 3
Portanto os meios da PA procurados são (2,7/3,8/3,3,10/3,11/3,4).

7.1.5 Soma dos n Primeiros Termos de uma PA

a) Usando a indução finita que, ao somar-se os números naturais de 1 até n, o resultado da


soma S será dado por:

n(n  1)
S
2
A soma dos n primeiros termos de uma PA qualquer, de primeiro termo a1 e razão r é
designada por Sn.

Sendo:

a1 a1
a2 a1  r
a3 a1  2r
a4 a1  3r

an a1  (n  1).r

Então:

S  a1  a2  a3  .....  an  na1  r  2r  3r  ...  (n 1).r

S  na1  r.(1  2  3  ...  n  1)


Substituindo a), a soma dos números naturais de 1 até (n-1) será dada por:

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(n  1) n
2

Logo,

(n  1).n
S n  n.a1  .r
2

Desenvolvendo a expressão acima obtém-se

2.n.a1  (n  1).n.r n(2.a1  (n  1).r ) n(a1  a1  (n  1).r )


Sn   
2 2 2

E concluí-se que,

n(a1  a n )
Sn 
2
Exemplo

Calcular a soma dos 25 termos iniciais da PA (1,7,13,...).

A PA tem primeiro termo igual a 1 e razão igual a 6.

O 25º termo será dado por a25=1+24.6=145.

Então a soma S25 será dada por:

25.(1  145)
S 25   1825
2

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7.2 Progressões Geométricas (PG)

Progressão Geométrica é toda a sequência que pode ser dada pela seguinte fórmula de
recorrência:

 a1  k
 n  2 ,
an  an1 .r
Onde k e r são número reais fixos dados. A constante r é chamada de razão da PG.

an1
Numa PG, a razão entre dois termos consecutivos
an é sempre constante e coincide com a
razão da própria PG.

Exemplos

São progressões geométricas as funções:

f1=(1,3,9,27,81,…); o primeiro termo é 1 e a razão é 3.

f2=(-2,-4,-8,-16,-32,…); o primeiro termo é -2 e a razão é 2.

f3=(5,5,5,5,5,…); o primeiro termo é 5 e a razão é 1.

f4=(2,1,1/2,1/4,1/8,1/32,…); o primeiro termo é 2 e a razão é 1/2.

f5=(5,-10,20,-40,80,…); o primeiro termo é 5 e a razão é -2.

7.2.1 Classificação da PG

a) Uma PG é crescente quando cada termo for maior que seu antecessor. Isto ocorre quando
o temo inicial é positivo e a razão é maior que 1, ou quando o primeiro termo é negativo e a
razão é um número entre 0 e 1.

b) Uma PG é decrescente quando cada termo for menor que seu antecessor. Isto ocorre
quando o temo inicial é positivo e a razão é um número entre 0 e 1, ou quando o primeiro
termo é negativo e a razão é maior que 1.

c) Uma PG é constante quando cada termo for igual ao termo anterior (todos os termos são
iguais entre si). Isto ocorre quando o temo inicial é diferente de zero e a razão é igual a

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 145


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1, ou quando o primeiro termo é zero e a razão é qualquer número.

d) Uma PG éalternante quando cada termo tem o sinal contrário de seu antecessor. Isto
ocorre quando a razão da PG é negativa.

e) Uma PG éestacionária quando o primeiro termo for não nulo e todos os outros nulos. Isto
ocorre quando o temo inicial é diferente de zero e a razão é igual a zero.

7.2.2 Termo Geral de uma PG

Conhecendo-se o primeiro termo e a razão de uma PG, pode-se deduzir uma lei de formação
que permite calcular qualquer termo da PG sem usar o cálculo por recorrência. Denota-se o
primeiro termo da PG por a1 e a razão por r, tem-se:

a1 a1
a 2 a1 .r
a 3 a 2 .r
a 4 a 3 .r

a n a n 1 .r

Se multiplicarmos todos os membros do lado direito das igualdades e todos os membros do


lado esquerdo das igualdades tem-se:

a1.a2 .a3 ....an1.an  a1.a2 .a3 ....an1.r ( n1)

Cancelando os fatores iguais em ambos os lados da igualdade obtemos:

an  a1.r ( n1) an  a1.r ( n1)


A expressão acima é chamada de termo geral da PG. O termo geral da PG também pode
ser demonstrado usando-se o princípio da indução finita.

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7.2.3 Interpolação Geométrica

Interpolar k meios geométricos entre os números a e b significa obter uma PG, cujos extremos
são a1=a e an=b. A PG procurada terá (k+2) termos.

Assim:

b  ak 2  a.r ( k 21)
Logo:

b
r  k 1
a
Exemplo

Num determinado semestre, a produção de uma indústria cresceu em PG. Em Janeiro a


produção foi de 1500 unidades, e, em Junho, foi de 48000 unidades. Qual foi a produção em
cada um dos meses entre Janeiro e Junho?

O que se tem de fazer é interpolar 4 meios geométricos entre os números 1500 e 48000.

Estes meios serão dados pela PG de primeiro termo igual a 1500 e razão igual a:

48000 5
r5  32  2
1500

Os meios da PGprocurados serão: (1500, 3000, 6000, 12000, 24000, 48000)

7.2.4 Soma dos Termos de uma PG Finita

A soma dos n primeiros termos de uma PG de primeiro termo a1 e razão r será dada por:

S n  a1  a1r  a1r 2  ...  a1.r n1 (1)

Ao multiplicar-se a soma toda pela razão da PG obtem-se:

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rS n  a1  a1r  a1r 2  ...  a1 .r n1  a1 .r n (2)

Subtraindo (2) de (1) tem-se:

rS n  S n  a1  a1r  a1r 2  ...  a1.r n1  a1.r n  a1  a1r  a1r 2  ...  a1.r n1
Resultando em:

E obtendo-se:

a1 (r n  1)
Sn  onde r 1
r 1
A soma dos termos de uma PG, também pode ser expressa por:

a n q  a1
Sn  onde q 1
q 1
Nota: Geralmente a razão designa-se por r nas PA e por q nas PG.

7.2.5 Produto dos Termos de uma PG

Chama-se Pn ao produto dos n primeiros termos de uma PG finita. Tem-se:

a1 a1
a2 a1 .r
a3 a1 .r 2
a4 a1 .r 3

an a1 .r n1

Então:

Pn a1 .a2 .a3 ....an1 .an  a1 .a1 ....a1 .an .r 1 .r 2 ....r n1  a1n .r (12...n1)

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Usando a fórmula da soma dos primeiros n números naturais ter-se-á:

n ( n 1)
Pn  a .r n
1
2

Partindo da expressão anterior, obtemos:

n ( n 1) n n n n n n n n
( n 1)
( n 1) 2
Pn  a .r
n
1
2
 a .a .r
1
2
1
2 2
 a .(a1.r
1
2
)  a .a  (a1.a2 )
1
2 2
n
2

Logo, o produto dos termos de uma PG também pode ser expresso da seguinte forma:

Pn  (a1 .an ) n

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Determinar x tal que a sequência (x, 2x+1, 5x+7) seja uma PA. (R: x=-5/2.)

2. Determine a de forma que (a2, (a+1)2, (a+5)2) seja uma PA. (R: a=-23/6.)
3. Obter uma PA de 3 termos tais que a soma seja 24 e o produto seja 440.

Sugestão: Adopte que a PA tem a forma (x - r, x, x+r). (R: (5, 8, 11) ou (11, 8, 5).)
4. Obter 3 números em PA sabendo que sua soma é 18 e a soma de seus inversos é 23/30.
(R: (2, 6, 10) ou (10, 6, 2).)
5. A soma de 4 termos consecutivos de uma PA é -6, o produto do primeiro deles pelo quarto
é -54. Determine a PA. (R: (-9, -4, 1, 6) ou (6, 1, -4, -9).)
6. Obter uma PA crescente de 4 termos tais que o produto dos extremos seja 45 e o dos
meios seja 77. (R: (3, 7, 11, 15) ou (-15, -11, -7, -3).)
7.Obter uma PA de 5 termos sabendo que sua soma é 25 e a soma de seus cubos é 3025.
(R: (-3, 1, 5, 9, 13) ou (13, 9, 5, 1, -3).)
8. Mostre, usando o princípio da indução finita, que o termos geral de uma PA de primeiro
termo k e razão r é dado pela expressão: an=k+(n - 1).r

9. Calcule o vigésimo termo de uma PA cujo termo inicial é 5 e a razão é 3. (R: 62.)
10. Obter o 9º, o 23º e o 1000º termo da PA (3,7,11,15,...) (R: 35, 91 e 3999.)

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11. Obter a razão da PA em que o primeiro termo é -1 e o vigésimo primeiro é 59. (R: 3.)
12. Obter o primeiro termo de uma PA de razão 2, cujo 21º termo é 30. (R: -10.)
13. Qual é o termo igual a 71 na PA em que o 3º termo é 17 e a razão é 6? (R: É o 12º
termo.)
14. Qual é a razão da PA em que a3=-1 e a15=-37? (R: -3.)
15. Obter o termo geral da PA em que a12=54 e a14=64. (R: an=4n+6)
16. Determinar a PA em que o 6º termo é 7 e o 10º termo é 15. (R: (-3,-1,1,3,...) )
17. Qual é a PA em que o 1º termo é 20 e o 9º é 44? (R: (20,23,26,...) )
18. Determinar a PA em que se verificam as relações: a12+a21=302 e a23+a46=446.
(R: (89,93,27,...) )
19. Qual é o primeiro termo negativo da PA (60,53,46,...)? (R: a10.)
20. Qual é o primeiro termo positivo da PA (-101,-97,-93,...)? (R: a27.)
21. Intercalar (ou interpolar) 5 meios aritméticos entre -2 e 40.
(R: São os meios da PA (-2,5,12,19,26,33,40).)
22. Inserir 12 meios aritméticos entre 100 e 200.
(R: Resultam da PA de primeiro termo 100 e razão 100/3.)
23. Quantos meios aritméticos devem ser interpolados entre 12 e 34 para que a razão da
interpolação seja ½? (R: 43.)
24. Quantos números inteiros e positivos, formados por 3 algarismos, são múltiplos de 13?
(R: 69.)
25. De 100 a 1000 quantos são múltiplos de 2 ou de 3? (R: 601.)
26. Inscrevendo-se nove meios aritméticos entre 15 e 45, qual é o sexto termo da PA? (R:
30.)
27. Calcule a soma dos 90 primeiros números ímpares positivos. (R: 8100)
28. Obtenha uma fórmula genérica para a soma dos n primeiros números ímpares positivos.
(R: Sn=n2.)
29. Qual é a soma dos números inteiros de 1 a 150? (R: 11325.)
30. Obtenha a soma dos 10 primeiros termos da PA (3,7,11,15,...). (R: 210.)
31. Determine o primeiro termo e a razão da PA em que o vigésimo termo é 2 e a soma dos
50 termos iniciais é 650. (R: a1= - 36 e r=2.)

32. Qual é o 23º termo da PA de razão 3, em que a soma dos 30 termos iniciais é 255? (R:
31.)

33. Quantos termos devem ser somados na PA (-5,-1,3, ...), a partir do primeiro termo, para
que a soma seja 1590? (R: 30)

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34. Ao se efectuar a soma de 50 parcelas em PA (202, 206, 210, ...), por distracção não foi
somada a 35º parcela. Qual foi a soma encontrada? (R: 14662.)

35. Determinar uma PA em que a soma dos 10 termos iniciais é 130 e a soma dos 50 termos
iniciais é 3650. (R: a1=-1/2 e r=3.)

36. Qual é a soma dos múltiplos de 5 positivos, formados por três algarismos? (R: 98550.)

37. Qual é a soma dos múltiplos de 11 compreendidos entre 100 e 10000? (R: 4549050.)

38. Obter uma PA em que a soma dos n primeiros termos é n2+2n para todo n natural.

(R: (3, 5, 7, 9, ...)

39. Calcular o primeiro termo e a razão de uma PA em que a soma dos n primeiros termos é
para todo n natural. (R: (5, 7, 9, ...))

40. Qual deve ser o valor de x para que a sequência (5,15,45,135,x) seja uma PG? (R: 405)

41. Qual é o número que deve ser somado a 1, 9 e 15 para que se tenha, nesta ordem, três
números em PG? (R: -33.)
42. A sequência (an-4, an-2, an, an+2), com a≠0 está em progressão geométrica? Se sim, qual
é a razão? (R: Sim, é uma PG de razão a2.)
43. Qual é a razão da PG (1/2, 1/6, …)? (R: 1/3.)
44. Determine o 4º termo da PG (ab, a3b2, …) com a≠0 e b≠0. (R: a7b4.)
45. A população de um país é actualmente igual a P0 e cresce 3% ao ano. Qual será a
população do país daqui a t anos? (R: P0.(1,03)t.)
46. Um tanque de água tem capacidade C0. Após ficar completamente cheio, este tanque
começou a escoar água perdendo 4% de seu volume a cada minuto. Qual será o volume
de água no tanque daqui há t minutos? (R: C0.(0,96)t.)
47. Determinar 3 números reais positivos em PG, de forma que sua soma seja 21/8, e a soma
de seus quadrados seja 189/64. (R: (3/8, ¾, 3/2) ou (3/2, ¾, 3/8).)
48. Numa PG crescente, o 3º termo é 3 e o 5º termo é 48. Qual é o valor do 4º termo. Qual
é a razão da PG? (R: O valor do 4º termo é 12 e a razão é 4. )
49. Numa PG temos a5=32 e a8=256. Calcule o primeiro termo e a razão desta PG.
(R: a1=2 e r=2.)
50. Numa PG, a soma do 3º e do 5º termos é igual a 360 e a soma do 4º e do 6º termo é
igual a 1080. Determine a razão e o primeiro termo desta PG. (R: a1=4 e r=3.)
51. Três números estão em PG de forma que o produto deles é 729 e a soma é 39. Calcule
os 3 números. (R: 3, 9 e 27.)
52. Inserir 3 meios geométricos entre 3 e 48. (R: (3,6,12,24,48) ou (3,-6,12,-24,48).)

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53. Qual é a razão da PG que obtemos ao interpolar 4 meios geométricos entre 1 e 243? (R:
3.)
54. Quanto meio geométrico deve-se inserir entre 1/16 e 64 de modo que a sequência obtida
tenha razão 4? (R: A PG deve ter 6 termos e insere-se 4 meios geométricos.)
55. Quantos meios geométricos devem ser inseridos entre 32 e 2048 para que se obtenha
uma PG de razão 2? (R: A PG deve ter 7 termos e insere-se 5 meios geométricos.)
56. A soma de uma PG finita é 728. Sabendo-se que o último termo é 486 e a razão é igual
a 3, calcule o primeiro termo desta sequência. (R: 2)
57. Calcule o valor de x na igualdade 10x+20x+…+1280x=7650, sabendo que os termos do
1º membro formam uma PG. (R: x=3)
58. Partindo de um quadrado Q1, cujo lado mede a metros, consideremos os quadrados Q2,
Q3, Q4,..., Qn tais que os vértices de cada quadrado sejam os pontos médios dos lados do
quadrado anterior. Calcular a soma das áreas dos quadrados Q1, Q2, Q3, Q4, …, Qn. (R:
2a2)
59. Quantos termos da PG (1, 3, 9, 27, …) devem ser somados para que a soma seja 3280.
(R: 8 termos.)
60. Uma empresa produziu 10000 unidades de certo produto em 2009. A meta é produzir, a
cada ano, 20% a mais do que no ano anterior. Quantas unidades deverão ser produzidas
no período de 2009 a 2013? (R: 74416.)
61. Qual é o limite da soma 0,6+0,06+0,006+…quando o número de termos tende a infinito?
(R: 2/3.)
1 2 4
62. Determine o limite da soma da PG infinita    ... (R: 1)
3 9 27
1 1 1
63. Determine o limite da soma da PG infinita    ... (R: ¼)
3 9 27
64. A medida do lado de um triângulo equilátero é 10. Unindo-se os pontos médios dos seus
lados obtém-se um segundo triângulo equilátero. Unindo-se os pontos médios desse novo
triângulo obtém-se um terceiro e, assim por diante, indefinidamente. Calcule a soma dos
perímetros de todos os triângulos. (R: 60)
65. Determine o conjunto solução da equação 2 1+x+21+2x+21+3x+…=2/3, na qual o primeiro
membro é o limite da soma de uma PG infinita. (R: x=- 2)
1 2 1 2
66. Calcular a soma da série infinita: 1  2      ... (R: 4)
3 5 9 25
67. Determinar a fração geratriz das dízimas periódicas:
a) 0,3333... (R: 1/3)

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b) 0,5212121 (R: 86/165)

68. Em cada uma das PG’s abaixo calcule o produto dos n termos iniciais:
a) (1,2,4,8,…) e n=10.b) (-2,-6,-54,…) e n=20.

c) (3,-6,12,…) e n=25.d) ((-2)0, (-2)1, (-2)2,…) e n=66.

e) ((-3)25, (-3)24, (-3)23, …) e n=51.f)(a, -a2, a3, -a4, …) e n=100.

(R: a) 245; b) 220.3190; c) 325.2300; d)-22145; e) 1; f) a5050)


69. Calcular o produto dos 101 termos iniciais da PG alternante em que a51=-1.
(R:-1)

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CAPÍTULO 8 - PERCENTAGEM

A Matemática não é aplicada apenas nas transacções bancárias e comerciais mas, ela faz
parte do nosso dia-a-dia.

Pretende-se com este resumo rever subtópicos matemáticos vistos em classes anteriores,
enfatizando o cálculo da percentagem nomeadamente nas operações comerciais.

8.1 Definições

8.1.1 Representação de uma Taxa Percentual

Razão centesimal : Toda a razão que tem como denominador o número 100.

Percentagem: É o valor obtido ao aplicarmos uma taxa percentual a um determinado valor.

Deste modo, uma fração pode-se expressar na forma decimal ou em percentagem:

45
Exemplo:  0,45  45% (lê-se quarenta e cinco por cento). Indica que um número inteiro
100
foi dividido em 100 partes e tomadas 45 dessas partes.

As expressões como 45%, 60% e 125% são chamadas taxas centesimais ou taxas
percentuais.

8.2 Cálculo da Percentagem

Elementos do Cálculo das Percentagens

a) Principal: Valor da grandeza que se pretende calcular a percentagem (P - TOTAL)


b) Taxa percentual: Valor que representa a quantidade de unidades tomadas em cada 100
( i - %)

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c) Percentagem: Resultado do que se obtém quando se aplica a taxa da percentagem ou


taxa percentual (p)

Para determinar uma Percentagem (p%) de um Total (P), basta multiplicar a taxa percentual
pelo Total.
principal  i
Percentagem (p) = ,
100
100  p 100  p
onde P  i
i P

Exemplo: 800 estudantes realizaram o teste de matemática e reprovaram 9% desse número.


Quantos estudantes reprovaram?

Para solucionar esse problema devemos aplicar a taxa percentual (9%) sobre o total de
estudantes (800), assim sendo:

9 9
de 800 o que se traduz na seguinte linguagem matemática  800  72
100 100

R: Reprovaram 72 estudantes.

8.3 Procedimento para Determinar Percentagens que Representam um Número do


Outro

1. Determinar que parte representa um número de outro através da operação de divisão


2. Expressar a fração em centésimas.
3. Expressar a centésima em forma de percentagem.

5
Exemplo: Que percentagem representa o número ?
8

5
1.  0,625
8
Fazendo a divisão virá 2. 0,625  100
3. R : 62,5%

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Exemplo: Uma fábrica produz 2400 bicicletas mensais. No mês de Setembro houve um
excesso de 15% no cumprimento do plano mensal. Quantas bicicletas foram produzidas neste
mês?

Dados: P  2400; i  15%; p?

p 15
Aplicando a fórmula teremos 
2400 100

2400 15
Isolando p  360
100

R: Foram produzidas 360 bicicletas. Tendo-se verificado um excesso na produção, resta por
último somar esse valor determinado à produção mensal da fábrica.

2400  360  2760 bicicletas.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Um trabalhador cujo salário era de USD 2.000,00 recebeu um aumento de 5%. Quanto
passará a receber?

Aplicando a regra de três


USD %
2000 ------- 100%
X ------- 5%

2000  5
x  x  100 ; Novo Salário: 2.000 + 100 = 2.100 (USD 2.100,00)
100

2. Uma empresa dedicada ao comércio de materiais didácticos comprou um computador no


valor de USD 250,00 e revendeu-o a USD 300,00. Qual a taxa percentual de lucro obtida?

Escrevemos uma equação, na qual se somam os USD 250,00 iniciais com a percentagem de
aumento relativamente a esse valor. Isto é:

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x
300  250   250
100
300  250  2,5 x
300  200  2,5 x
50
x  20%
2,5

Portanto, a taxa percentual de lucro foi de 20%.

3. Na elaboração de um projecto de um edifício universitário determinou-se que 30% da área


total era destinada para a construção de um prédio para salas de aulas, 10% para Biblioteca
e Laboratórios, restando apenas 1800m2 para espaços de lazer. Calcule a área total do terreno
em m2.

Considerando a dimensão total do terreno como T, temos o seguinte:

T  30% de T  10% de T  1800


30 10
T T T  1800
100 100
40
T T  1800
100
40
T (1  )  1800
100
T (0,6)  1800
1800
T  3000m 2
0,6

R: A área total de terreno é de 3000 m 2

4. Um computador custava USD 15.300,00. Após o lançamento de um novo modelo o preço


baixou para USD 10.500,00. Qual foi a taxa de redução do preço?

Preço (antes) = 15.300 USD

Preço (depois) = 10.500 USD

Diferença = 15300-10500 = 4.800 USD

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Qual seria a percentagem que representa 4.800 USD do total 15.300 USD?

100. p 100.4800
i   31,4%
P 15300

R: A taxa de redução foi de 31,4%

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Pedro recebe um salário de USD 1.200,00 e gasta-o da seguinte forma: 1 para pagar o
10

seguro de saúde, 30% para pagar a renda de casa e 35% com a alimentação. Quanto restou?

a) USD 300,00 b) USD 600,00 c) USD 900,00 d) USD 1.000,00

2. O salário líquido da Tânia é de USD 720,00 depois de deduzidos os 20% de impostos sobre
os rendimentos. Determine o salário bruto da Tânia.

a) USD 740,00 b) USD 900,00 c) USD 1440,00 d) USD 1500,00

3. Numa turma constituída por 40 rapazes e 40 rapariga sabe-se que 20% dos rapazes e 30%
das raparigas são fumadores. Determine a percentagem dos estudantes que não fumam.

a) 12% b) 25 % c) 50% d) 60%

4. Do número total de funcionários de uma empresa, sabe-se que 15% trabalham no


Departamento de Recursos Humanos, 60% no Departamento Técnico e os restantes 100
funcionários pertencem a outro Departamento. Qual é o número total de funcionários da
empresa?

a) 300 b)400 c)750 d)800

5. Segundo o Relatório sobre o cumprimento do Plano mensal, a produção total dos itens A,B
e C foi de 3.500 unidades. Diga que percentagens do total representam as unidades
produzidas de B.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 158


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Itens Produção
A 20% Do Total
B ?
C 300 Unidades

a)25% b) 30,4% c)60% d)71,43%

8.4 As Percentagens e as Operações Comerciais

Operações comerciais são operações de compra de mercadorias, venda, permuta, entre


outras cujo objetivo é o de obter lucro.

Lucro: é a diferença entre o preço de venda e o preço de compra.

Em situações diversas, envolvendo operações comerciais, é comum ouvirmos: “Vendi uma


mercadoria com 20% de lucro”. “Vendi uma mercadoria com 30% de prejuízo.” Frases como
estas, muitas vezes, são motivo de dúvidas: 30% de prejuízo sobre o quê?
A venda de mercadorias pode oferecer lucro ou prejuízo e estes podem ser “sobre opreço de
compra” ou “sobre o preço de venda”.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 159


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Simbologia

V - Preço de Venda

C - Preço de Compra

L - Lucro

P - Prejuízo

Para uma transação com Lucro, tem-se:

Para uma transação com prejuízo, tem-se:

Numa transação comercial de compra e venda, à diferença entre o preço de venda e o preço
de Custo denomina-se Lucro (L).

 Diferença negativa chama-se Prejuízo (P)


 Diferença positiva chama-se Lucro (L)

8.4.1 Vendas com Lucro

O lucro pode ser escrito na forma de percentagem de duas maneiras:

a) Lucro sobre o preço de compra (ou custo).

Lucro
Lc  .100%  i  taxa unitária de lucro
Pr eço de custo

b) Lucro sobre o preço de venda

Lucro
Lv  .100%  i  taxa unitária de lucro
Pr eço de venda

A mesma análise pode ser feita para o caso do prejuízo.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 160


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

a) Lucro sobre o preço de Compra (Custo)

Exemplos

1. Por quanto deve servendido um terreno 15m x15mque foi comprado a USD 4.000,00 de
modo a obter-se 20% de lucro?

C  4000USD; i  20% sobre a compra= Lc e V ?

C  4000USD; i  20% sobre a compra= Lc e V ?

Preço de Venda

R: Para obter um lucro de 20% sobre a compra, devo vender o terreno por USD 4.800,00.

Outra forma de resolução

Analisando com base nas fórmulas teremos:

V C
Lc 
L C V  C ( Lc  1)
C Lc

Se substituímos por i (taxa unitária do lucro em %) virá de forma organizada:

Preço de Venda é:

V  (1  i)C

Resolvendo o exemplo anterior teremos:

V  (1  20%)C

20
V  (1  ).4000USD  (1  0,2).4000USD  1,2.4000USD  48000USD
100

2. Uma mercadoria foi comprada por USD1.000,00 e vendida por USD1.200,00. Calcule:

a) O lucro obtido na transação.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 161


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b) A percentagem de lucro sobre o preço de Custo.


c) A percentagem de lucro sobre o preço de Venda.

Resoluçao

a) L  V  C  1200  1000  200USD

L 200
b) Lc  i   .100%  20%
C 1000

L 200
c) Lv  i   .100%  16,6%
V 1200

b) Lucro sobre o preço de venda

Sabendo que:

L
Lv 
V

VLv  V  C

C C
V 
1  Lv 1  i

Onde:

V - Preço de Venda

C - Preço de Custo

i - Taxa unitária de Lucro.

Exemplo: Um equipamento electrodoméstico foi comprado por AKZ 30.000, a que preço
deverá ser vendido para que proporcione o lucro de 25% sobre a venda.

C  30000 AKZ , i  25%,V  ?

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 162


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O preço de venda é:

C 30000
V    40.000 AKZ
1 i 0,75

8.4.2 Vendas Com Prejuízo

a) Prejuizo sobre o preço de compra

Exemplo

Um objecto foi vendido com um prejuízo de 40% sobre o preço de Custo. Sabendo que esse
objeto custou USD 300,00, qual foi o preço de venda?

Sabendo que V C P

Segundo os dados considera-se o Preço da Compra C como 100%, o prejuízo 40%, isto implica
que a venda está avaliada em 60% = 100%  40%  . Substituindo na equação teremos:

60
V  60% de 300USD   300USD  180USD
100

Outra forma de resolução

40
Sendo o prejuízo P  C
100

40
Substituindo V  C  C  C (1  0,4)  0,6C  0,6.300  180USD
100

Vendas com prejuízo no preço de compra é:

V  C (1  i) onde

i _ Taxa de prejuizo sobre a compra

C _ Preço de compra

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 163


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Exemplos

1. Um grupo de agricultores decide vender os seus produtos agrícolas que custaram AKZ
50.000,00 com um prejuízo de 15% do preço de Custo. Nestas condições, qual será o preço
de venda dos seus produtos?

15
P .500000  7500
100

V  C  P  50000  7500  42500

Portanto o grupo de agricultores venderá os seus produtos no valor de AKZ 42.500,00 o que
representa um prejuízo de AKZ 7.500,00.

b) O prejuízo sobre o preço de venda é:

C
V
1  i , onde

i _ representa a taxa unitária de prejuizo sobre a venda

C _ Preço de custo

Exemplo

1. Calcular o preço de venda de uma casa que se comprou no valor de USD 30.000,00 tendo
perdido 25% do preço de venda.

C= USD 30.000,00

Pv =25% de V

V=?

Sabendo que:

V C  P

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 164


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25 25 C
V V  C  V (1  ) C V 
100 100 25
1
100

Substituindo pelo valor de C (preço de Custo) tem-se:

30000
V  24000USD
25
1
100

Exemplos

1. Calcular o prejuízo e o preço de venda de uma mercadoria que foi comprada por USD 800,00
com 25% de prejuízo no preço de venda.

Com ajuda da fórmula, tem-se:

C 800
V   640
1 i 25
1
100

25
P  25% de 640  .640  160
100

2. Vendeu-se um Kit de Material de Escritório no valor de USD 300,00 com um prejuízo de


25% no preço de custo. Quanto teria pago por ele?

V  C (1  i) dai que

V 300
C   400USD
1  i 0,75

3. Um apartamento que custa USD 96.000,00foi vendido por USD 80.000,00. Qual seria a
taxa unitária de prejuízo sobre o preço de venda?

C
V
1 i

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 165


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V (1  i)  C , isolando I teremos

C V C 96000
i  1  1  0,2.100%  20%
V V 80000

4. Um terreno foi vendido por USD 50.600,00 dando um prejuízo de 8% sobre o preço de
venda. Quanto havia custado?

V C P

8
C  V (1  i)  50600(1  )  54648USD
100

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Um apartamento foi vendido por USD 5.400,00. Sabendo que o lucro foi de 25% sobre a
venda. Qual é o valor do lucro obtido?

a) USD 1.350,00 b) USD 1.800,00 c) USD 2.500,00 d) USD 4.800,00

2.Uma viatura avaliada em USD 15.000,00 foi vendida com um prejuízo de 15% sobre o preço
de compra. Qual foi o preço de venda?

a) USD 12.600,00 b) USD12.750,00 c) USD 13.500,00 d) USD 14.000,00

3. João vendeu a sua viatura por USD 2.600,00 com um lucro de 30% sobre o preço de
compra. Qual foi o valor de venda?

a) USD 1.000,00 b) USD 2.000,00 c) USD 3.000,00 d) USD 3.400,00

4. A Suzanna pagou USD 13.600,00, por um lote de acções. Alguns meses depois, devido a
dificuldades financeiras, vendeu-o por USD 10.200,00. Calcule a percentagem de perda?

a) 20% b) 35% c) 34% d) 25%

5. A Camila vendeu uma caneta por USD 15,00. Considerando um lucro de 25% sobre o preço
de compra. A que preço foi vendida a caneta?

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a) USD 10, 00 b) USD 18,75 c) USD 15,00 d) USD 20,00

8.4.3 Descontos e Aumentos

Os descontos (abatimentos) e aumentos (acréscimos) classificam-se em sucessivos e


simultâneos.

a) Descontos e aumento sucessivos

Uma operação de descontos ou de aumento sucessivo é toda operação que indica que cada
novo desconto ou novo aumento incide sobre o valor já descontado ou aumentado
anteriormente.

Exemplo: Sobre uma factura de USD 100.000,00 passada por uma ouriversaria, são feitos
descontos sucessivos de 10%, 6%, 3%. Qual é o valor líquido da fatura?

Solução:

Este problema pode ser resolvido de duas maneiras:

Primeiro Processo: Calculando os descontos sobre as quantias líquidas:

10%  100.000 = 10000 então teremos 100.000 – 10.000 = 90.000

6%  90.000 = 5400 então teremos 90.000 – 5400 = 84.600

3%  84600= 2 538 então teremos 84600 -2538= 82 062

Segundo Processo: Analisando o resultado obtido, verifica-se que o valor final (valor liquido)
é o resultado da diferença entre o valor inicial (valor bruto) e os descontos. Podemos
solucionar o problema da seguinte forma:

Valor final = 100.000 · (1 – 0.10) · (1- 0.6) · (1 – 0.03)

Valor final = 100.000 · 0.90 · 0.94 · 0.97 = 100.000 · 0.82 = 82. 062

Portanto o valor final é calculado da seguinte forma:

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 167


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Valor final = valor inicial· (1 - 1ª taxa) · (1 - 2 ª taxa) · (1- 3 ª taxa)... (1 – enésima taxa) o
que nos permite afirmar:

Vf = vi (1- i) (1 – i) (1 – i)... (1 – i) onde:

Vf = valor final ou valor descontado (valor bruto)

Vi = valor inicial (valor liquido)

I,i, i... = Taxas de descontos

Vf
Vi 
(1  i )(1  i )...(1  i )

I = 1 – (1 – i) (1- i)... (1- i)

O aumento sucessivo é calculado pela seguinte fórmula:

Vf = vi (1+ i) (1 +i) (1+ i)... (1 + I)

Vf
Vi 
(1  i)(1  i)...(1  i)

onde i= ( 1+i)( 1+i)... (1+ i)

b) Descontos e aumentos simultâneos

Uma operação é considerada de desconto ou aumento simultâneo quando os descontos ou


aumentos estiverem direcionadas sobre o valor inicial.

O valor inicial (quando submetido a vários aumentos simultâneos) é dado por:

A partir de:

Vf = Vi (1 +i +i +... + i )

Vf
Vi  Para descontos simultâneos:
1  i  i  ...  i

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 168


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Vf = Vi (1- i – i -... – i)

Vf
Vi  .
1  i  i  ...  i

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Um funcionário da empresa X recebe um salario de 10.000 kz, foi-lhe dado 25% de


acréscimo para responder pela secção administrativa e outro adicional de tempo de serviço
correspondente a 10%. Quanto recebe ao todo? Qual é a taxa total de acréscimo que tem
sobre o salario.

10.000 · 0.25 = 2500

10.000 · 0.1 = 1000

Vf = 10.000 + 2500 + 1000 = 13.500

2. Um funcionário ganha por mês 8000 AKZ. Em cada mês o seu salario sofre uma redução
de 10% devido aos impostos. Qual é o valor do salário líquido deste funcionário? Qual é o
valor que lhe é descontado mensalmente?

Vf = Vi · (1 + i)

Vf = 8000 (1 – 0.10)

Vf = AKZ 7200,00

Valor descontado mensalmente

0.10 · 8000 = AKZ 800,00

3. Uma mercadoria de AKZ 50.000, sofreu descontos sucessivos de 20%, 15% e 10%. A
quanto ficou reduzido o preço dessa mercadoria e qual foi o valor do desconto?

Taxas de descontos:

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 169


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1 – 0.20 = 0.80

1 – 0.15 = 0.85

1 – 0.10 = 0.9

Vf = vi (1 – i) = 50000 · 0.8 · 0.85 · 0.9

= 50000 · 0.612 = AKZ 30.600,00

Podemos calcular o desconto pela fórmula:

Vf – vi = 50000 – 30600

= AKZ 19 400,00

4. O preço do saco de cimento no mercado custava AKZ 1800. Sofreu um acréscimo de 35%
e em seguida um desconto de 20%. Quanto custa o saco de cimento após esse acréscimo e
desconto?

Taxa de desconto

1 + 0.35 = 1.35

1 – 0.20 = 0.80

Vf = 1800 · 1.35 · 0.80

Vf = 1800 · 1.08

= Akz 19, 44

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Uma passagem aérea entre Luanda – Menongue custava no mês de Fevereiro, 10000 kz,
em Maio houve um aumento de 20% e em setembro, houve outro aumento de 25%.Qual é o
preço das passagens apos esses aumentos?
a) AKZ9.000,00 b) AKZ 17.000,00 c) AKZ 14.000,00 d) AKZ 15.000,00

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 170


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2. João comprou sapatos com um desconto de 15% do preço do produto. Se ele pagou AKZ
13.000,00 pelos sapatos, qual era preço inicial?
a) AKZ 15.294,00 b) AKZ 15.400,00 c) AKZ 15.300,00 d)AKZ 15.100,00

3. João comprou uma residência por USD 150.000,00 e passando 7 anos revendeu-a por USD
390.000,00. Qual é o percentual de valorização desse imóvel neste período.

a) 260% b) 180% c) 200% d) 220%

4. Pedro contraiu um empréstimo bancário que deveria ser devolvido em 30 de Novembro de


2014. Como conseguiu o dinheiro 30 dias antes da data prevista, ele negociou com o gerente
e conseguiu 7% de desconto no pagamentodesseempréstimo. Pagou AKZ 75.000,00. Qual
era em Kwanzas (AKZ), o valor a ser pago por João em 30 de Novembro de 2014?

a) AKZ 82.300.00 b) AKZ 85.000,00 c)AKZ 81.525,00 d)AKZ 80.645,00

5. Uma loja recebeu uma remessa de computadores com 400 computadores de mesa e 200
portáteis. Dos computadores recebidos 6% dos de mesa não funcionavam e 8% dos portáteis
também não funcionavam. O total das máquinas com defeitos representa, em relação ao total
de peças recebidas uma percentagem de:

a) 8% b) 5.6% c) 6.7% d) 9.2%

8.4.4 Juros

a) Definição das variáveis que relacionam os juros

Jorge pede emprestado à Cármen USD 60,00 para ser pagoao fim de três meses.Por isso,
comprometeu-se a pagar para além dos USD 60,00 mais USD 15,00.

Juro – j: Quantia que se paga a título de compensação pelo uso do dinheiro emprestado.
Neste caso USD 15,00 representarão o juro.

Capital - c: é o dinheiro sobre o qual recairão os juros. Neste exemplo o capital é


representado pelos USD 60,00 que Jorge pediu emprestado à Cármen.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 171


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Taxa de juros – i: é a razão entre o juro produzido e o capital empregado na unidade de


tempo. A taxa de juro que o Jorge pagará para à Cármen é de 25%.Isto é USD 15,00
j 15
representa 25% de USD 60,00. A taxa é dada pela fórmula i  i  0,25
c 60

Unidade de tempo: é o intervalo de tempo após o qual se aplicam os juros sobre o capital
inicial, somando-se os valores.Os juros são estabelecidos segundo um período de tempo e
uma percentagem. Assim juros de 7% ao mês significam que a cada mês são aplicados juros
sobre o valor anterior.

Montante - M: é o capital resultante da soma do capital inicial c e do juro aplicado j ao fim


do período financeiro, isto é, M  c  j

Exemplos

Pretende-se calcular o juro sobre 10.000 AKZ, à taxa de 5% ao ano durante 4 anos.

O 5% indica que de cada AKZ 100,00 ganhamos AKZ 5,00 em cada ano. Aplicando a regra
de 3 teremos:

Capital - Juro - Tempo

100 5% - 1ano

10.000 x 4anos

Assim obtemos a seguinte relação

5 100 1
   x  2000 AKZ
x 10000 4

b) Fórmula de Juro

j  ci n; c – capital; i - taxa unitária; n - intervalo de tempo(anos,meses,dias)

C) Fórmula de Montante

M  c  j  c  (c  i  n)  c(1  i  n)

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 172


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Nota: a taxa i e o período de tempo devem estar nas mesmas unidades, ou seja:

se tivermos uma taxa diária n deve ser calculado em dias,

se a taxa for mensal n deve ser calculado em meses.

1 ano…..12 meses…Taxa anual

1 mês…..30 dias…..Taxa mensal

1 ano….360 dias..…Taxa diaria

Exemplos

1. Nimi empregou o seu capital de USD 8.000,00 durante 5 anos a uma taxa de 50% ao ano.
Calcule os juros produzidos.

50
j  c  i  n  8000   5  20000
100

Os juros produzidos foram de USD 20.000,00

2. Calcule o capital que aplicado a uma taxa de 40% ao ano, durante 2 anos, produziu os
juros de AKZ 24.000,00.

j  ci n
j 24000
c   30000
in 40
100

O capital aplicado foi de AKZ 30.000,00

3. A que taxa mensal foi aplicado o capital de AKZ 25.000,00 durante 8 meses que produziu
juros de AKZ 7.000,00?

j  ci n
j 7000
i   0,035  100%  3,5%
c  n 25000  8

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 173


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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Mauro aplicou o seu capital de USD 2.000,00 a uma taxa de 50% ao mês, durante 100
dias. Quanto recebeu?

n = 100 dias

Ataxa unitária é de 60% ao mês, portanto reduz-se à mesma unidade de tempo.

100
Sendo n = 100 dias = meses e aplicando a regra de três simples, teremos:
30

1mês - 30dias

Xmeses - 100dias

100
x
30

Substituindo x na fórmula de juros teremos:

60 100
j  c  i  n  20000    40000
100 30

Após 100 dias, Mauro recebeu USD 40.000,00

2. Carlos fez uma aplicação de AKZ 80.000,00à taxa de 40% ao ano durante 3 anos, 6 meses
e 120 dias. Quanto recebeu de juros com essa aplicação?

n = 3 anos + 5 meses + 120 dias, convertendo na mesma unidade de tempo, teremos:

6 120 13
n  3anos  anos  anos  anos
12 360 2

13 40
j  c  i  n  80000    208000
2 100

Carlos recebeu AKZ 208.000,00 de juros.

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3. Qual seria o montante aplicado durante 80 dias à taxa de 10% ao mês para receber
USD160,00 de juros?

20 8
n  80dias  2meses  20dias  2meses  meses  meses
30 3

j 160
c   600 , O Capital (C) foi de USD 600,00
i  n 10 8

100 3

M  C  J  600  100  700 , e o Montante (M) = USD 700,00

4. Um negociante pagou USD 560,00 pelo empréstimo de USD 500,00 durante um mês.Qual
é a taxa percentual?

j M  c 560  500
i    0,12  100%  12%
nc nc 1 c

A taxa percentual aplicada foi de 12%

5. Calcular o valor do capital, para que os juros simples a uma taxa de 24% ao ano, durante
10 meses sejam de USD 576,00?

24%
i  24% ao ano  ao mês  2% ao mês
12

j 500
c   2500 ,O Capital aplicado foi de USD 2.500,00.
ni 2
10 
100

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Empregou-se um capital de USD 10.000,00 a taxa de 5% ao ano.No fim de certo tempo


retirou-se o capital e juros no valor de USD 12.000,00.Calcule o tempo de aplicaçao?

a) 1ano b) 2 anos c) 4 anos d) 6 anos

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Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

2. Margarida aplicou o seu capital de AKZ 150.000,00 a juros simples durante dois anos, 2
meses e 20 dias, obtendo AKZ 50.000,00 de juros.A que taxa mensal está aplicado o capital
da Margarida?

a) 10% b) 15% c)25% d)45%

3. Ao fim de quantos meses o capital de AKZ 60.000,00 aplicado a uma taxa de 5% ao ano
renderia juros para formar um montante de AKZ 80.500,00?

a)6,833 meses b)62 meses c)82 meses d)90 meses

4. Qual é o valor do montante produzido por um capital de USD 2.500,00 aplicado no regime
de juros simples a uma taxa mensal de 7% ao mês durante 11 meses?

a) USD 4.425,00 b) USD 192.500,00 c) USD 19.250,00 d) USD 20.000,00

5. Adquiriu-se um Kit de Escritório (scanner, computadores, etc.) para trabalho


administrativo. Durante quantos anos se deve pagar o empréstimo considerando que o valor
total do pagamento chegará a USD 3.600,00 pagando com juros USD 1.800,00 a uma taxa
de 3% mensal.

a) 5 anos b) 10 anos c)15 anos d) 20 anos

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 176


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

CAPÍTULO 9 - NOÇÕES BÁSICAS DE DERIVADAS

9.1 Propriedades das Derivadas

a) y  k y'  0
b) yx y'  1
c) y uv y´ u 'v'
d) y  u.v y´ u ' v  uv'
u u '.v  u.v'
e) y  y´
v v2

9.2 Regras de Derivação

Seja u = f(x) e v = g(x) e n∈ 𝑅

a) y  k.u y´ k .u ' , k  cons tan te

b) y  un y'  n. u n1u'
u'
c) y  ln u y' 
u

d) y  au y'  a u .ln a.u'


e) y  sen u y'  u' cos u

f) y  cos u y'  u' senu

u'
g) y  arcsen u y' 
1 u2
h) y  sec u y '  u ' sec u.tgu
i) y  cosseu y'  u' cos sec u .cot gu

u'
j) y  arccos u y'  
1 u2
u'
k) y  arc cot g u y'  
1 u2

l) y  uv y'  vuv1 .u' u v .ln u.v'

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 177


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Exemplos

2x 3  5
a) f ( x) 
4x 2  7

6 x 2 (4 x 2  7)  (2 x3  5)8x 24x 4  42x 2  16x 4  40x 8x 4  42x 2  40x 2 x(4 x3  21x  20)
f ' ( x)    
(4 x 2  7)2 (4 x 2  7)2 (4 x 2  7)2 (4 x 2  7)2

b) f ( x)  ln arctag( x)

1
f ' ( x)  1  x
2 1

arctag( x) (1  x )arctag( x)
2

c) 
f ( x)  ln  x 3  15x 2  sen( x) 
  3x 2  30 x  cos( x) 
f ' ( x)   3 
  x  15x  sen( x) 
2

d) f ( x)  x

Transformando a função em potência temos:

1
f ( x)  x 8

7
1 
f ( x)  x 8
'

e) f ( x)  cos(ln( 4x 2  x))

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 178


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8x  1
f ' ( x)   sen(ln( 4 x 2  x))
4x 2  x

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

a) f ( x)  2 x  5 R: f ' ( x)  2
b) f ( x)  1  4x 2 R: f ( x)  8x
'

c) f ( x)  ( x 3  x) . ( x 2  x) R: f ( x)  5x  4 x  3x  2 x
' 4 3 2

d) f ( x)  (3x 2  2x  1).( x 2  x) R: f ' ( x)  12x3  15x 2  2x  1


9x2  1
e) f ( x)  3 x  x
4 3
R: f ( x) 
'

44 (3x3  x)3

x 1 x5
f) f ( x)  3 R: f ' ( x) 
x 1 63 ( x  1) 4 . x  1

7 x 2  32 x  2
g) f ( x)  x  8 . x  4 3 2
R: f ' ( x) 
63 ( x 2  4) 2 . x  8

h) f ( x)  cos x  senx R: f ' ( x)  senx  cos x


i) f ( x)  cos 2 x R: f ' ( x)  2 cos x.senx
3x 2  5
j) f ( x)  sen x 3  5x R: f ' ( x)  cos x 3  5x
2 x  5x
3

k) f ( x)  x 2 tgx3 R: f ' ( x)  2xtagx3  3x 4 sec2 x3


3 x
f ( x)  e x f ' ( x)  (2 x  3).e x 3 x
2 2
l) R:
5 x
 5x
2
f ' ( x)  (2 x  5).5 x 5 x. ln 5
2
m) f (x) R:
 x2  1
R: f ( x) 
x '
n) f ( x)  log 2
x 1 x( x 2  1)
f ( x)  ln( e x  e x )
x
R: f ' ( x)  e x  e  x
x
o)
e e

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BIANCHIN, Edwaldo and Herval PACCOLA, 1997. Curso de Matemática. Brasil Editora
Moderna. Volume Único. ISBN 8516036901.
2. CARVALHO, João, 2010. Coleção Explorando O Ensino: Matemática. Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica. Brasília. Volume 17. ISBN: 978-85-7783-
041-1.
3. DANTE, L. Roberto 2003. Matemática: Contexto e aplicações. 3ª ed. São Paulo, Editora
Ática. Volume 1. ISBN 85-322-4514-5.
4. GOTARDELO, Davi Riani, 2010. Apostila de Matemática Financeira, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro [viewed 15 March 2015]. Available from:
http://renatoaulasparticulares.com.br/files/APOSTILA_mat_fin_UFRRJ.pdf
5. IEZZI, Gelson, et al., Fundamentos de Matemática Elementar. Ed Atual. São Paulo.
1977 Volume 4.
6. LITVINENKO, MORDKÓVICH, 1984. Problemas Matemáticos de Álgebra e
trigonometria. Moscovo, Editora Mir. ISBN-13: 978-5-03-000697.
7. MADEIROS, Valeria, el al, 2010. Pré-Cálculo. 2ª ed. São Paulo. Editora CENGAGE
Learning. ISBN 9788522107353
8. N. PISKUNOV, 1977. Cálculo diferencial e Integral, Editoria MIR, MOSCU.
ISBN 9789681839857
9. SILVA, Ângela Regina, 2008. Matemática Financeira no Ensino Médio. Paraíso do Norte
Tomo1. [viewed 27 May 2015]. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1458-6

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GEOGRAFIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
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GEOGRAFIA

NOTA INTRODUTÓRIA

A Geografia deve desenvolver competências relacionadas com a pesquisa, a observação, o


registo, o tratamento da informação, o levantamento de hipóteses, a formulação de
conclusões e a apresentação de resultados. A educação geográfica permite-nos aplicar
conceitos de localização/lugar, ambiente, região e interacção. Ao integrar as diferentes
características de um lugar, a Geografia desenvolve o processo de conhecimento do Mundo.

Porém, é importante ter o conhecimento do Mundo para desenvolver a percepção de que


todos os grupos humanos são interdependentes, considerando que partilham um sistema
ambiental comum. As acções realizadas por um grupo num determinado lugar ou região têm
um impacto no ambiente e nas populações de lugares longínquos.

Figura 4 - Globo terrestre

O planeta terra é constituído por grandes massas de terra, os continentes, separadas por
oceanos e mares. Assim, de acordo com a divisão actual, existem seis continentes: América,
Europa, África, Ásia, Oceania e a Antárctida.

A abordagem de cada um dos continentes será efectuada de forma transversal e


interdependente.

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CAPÍTULO 1 - ÁFRICA

1.1 Localização e Dimensões

O continente africano é um dos que possui a maior diversidade de etnias em todo o planeta.
Antes da colonização realizada pelos europeus, existiam mais de duas mil civilizações
diferentes. A população africana está estimada em 1,2 bilhões de habitantes, o continente
africanao tem uma extensão territorial de mais de 30 bilhões de km².

O continente africano é o terceiro maior continente do mundo com aproximadamente cerca


de 30.221.532 km2. A África é banhada a Este pelo Oceano Atlântico e a Oeste pelo Oceano
Índico. A Norte, é separada do continente europeu pelo Mar Mediterrâneo; a Nordeste, é
separada pela Ásia, pelo Mar Vermelho e pelo Canal do Suez que se localiza no Egipto.

Figura 5 -Continente Africano

Este continente tem duas principais regiões: África Subsaariana e África do Norte. A primeira
compreende toda a região desse continente que se encontra a sul do deserto do Saara,
caracterizada pela população negra e pela maior diversidade étnica. A segunda encontra-se
mais ao norte e compreende as populações africanas árabes. No entanto, de acordo com as
suas características geográficas e demográficas, poderá ser dividida em cinco regiões: África
Oriental, África Ocidental, África Setentrional, África Central e África Meridional.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 182


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1.2 Países e Cidades de África

O continente africano é composto por 55 países independentes, sendo:

 49 Continentais;
 6 Insulares.

Abaixo, a Tabela de países africanos continentais, cada um com a sua respectiva capital e
data de independência.

Tabela 17 - Países africanos continentais

CAPITAL DATA DE INDEPENDÊNCIA


PAÍS

Pretória 31.05.1961
África do Sul

Luanda 11.11.1975
Angola

Argel 05.07.1962
Argélia

Porto Novo 01.08.1960


Benin

Gaberone 30.09.1966
Botsuana

Uagadugu 05.08.1960
Burquina Fasso

Bujumbura 01.07.1962
Burundi

Iaundê 01.01.1960
Camarões

Ndjamena 11.08.1960
Chade

Kinshasa 30.06.1960
Congo, ex-Zaire

Brazzaville 15.08.1960
Congo

Abidjan 05.08.1960
Costa do Marfim

Djibouti 27.06.1977
Djibuti

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Tabela 18 - Países africanos continentais

CAPITAL DATA DE INDEPENDÊNCIA


PAÍS

Cairo 28.02.1922
Egipto

Asmará 24.03.1993
Eritreia

Addis Abeba
Etiópia

Libreville 17.08.1960
Gabão

Banjul 18.02.1965
Gâmbia

Acra 06.03.1957
Gana

Conakry 02.10.1958
Guiné

Bissau 24.09.1973
Guiné-Bissau

Malabo 12.10.1968
Guiné Equatorial

Maseru 04.10.1966
Lesoto

Monróvia 26.07.1847
Libéria

Trípoli 24.12.1951
Líbia

Lilongwe 06.07.1964
Malawi

Bamaco 22.09.1960
Mali

Rabá 02.03.1956
Marrocos

Nouakchott 28.11.1960
Mauritânia

Maputo 25.06.1975
Moçambique

Windhoek 21.03.1990
Namíbia

Niamei 03.08.1960
Níger

Abuja 01.10.1960
Nigéria

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Tabela 19 - Países africanos continentais

CAPITAL DATA DE INDEPENDÊNCIA


PAÍS

Nairóbi 12.12.1963
Quênia

Bangui 13.08.1960
República Centro-Africana

Kigali 01.07.1962
Ruanda

Aaiun 27.02.1976
Saara Ocidental

Dacar 20.06.1960
Senegal

Freetown 27.04.1961
Serra Leoa

Mogadíscio 01.07.1960
Somália

Mbabane 06.09.1968
Suazilândia

Cartum 01.01.1956
Sudão

Juba 09.07.2011
Sudão do Sul

Dodoma 09.12.1961
Tanzânia

Lomé 27.04.1960
Togo

Túnis 20.03.1956
Tunísia

Kampala 09.10.1962
Uganda

Lusaka 24.10.1964
Zâmbia

Harare 18.11.1980
Zimbábue

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Países Insulares

Para além dos países continentais, a África conta também com seis ilhas importantes
apresentadas na Tabela abaixo.

Tabela 20 - Países insulares

ILHA CAPITAL DATA DE


INDEPENDÊNCIA
Ilha de Madagáscar Antananarivo 26.06.1960
Ilhas de Cabo Verde Cidade de Praia 05.07.1975
Ilhas de Comores Moroni 06.07.1975
Ilhas Maurício Port Louis 12.03.1968
Ilhas São Tomé e Príncipe São Tomé 12.07.1975
Ilhas Seychelles Victoria 29.06.1976

1.3 Os Portos Mais Importantes

Um porto é definido como sendo uma parcela, abrigada de ondas e correntes, que se localiza
à beira de um oceano, mar, lago ou rio. Esta parcela é destinada ao carregamento e
descarregamento de bens e ao estoque temporário dos mesmos; também serve de
instalações para o movimento de pessoas e carga ao redor do sector portuário, e, em alguns
casos, terminais especialmente designados para acomodação de passageiros.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 186


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Figura 6 - Os Portos mais importantes

Figura 7 - Cidades e principais portos de África

Existem alguns aspectos que se tornam indispensáveis para um porto que são
nomeadamente:

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 187


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 A presença de canais profundos de água (a profundidade ideal varia com o calado das
embarcações);
 Acesso à vias de comunicação terrestre como estradas e ferrovias;
 Protecção contra o vento e ondas.

Os portos de carga bastante movimentados devem ter obrigatoriamente acesso a uma vasta
rede ferroviária que liga o porto a outras regiões industriais e/ou agrícolas, permitindo deste
modo o escoamento de produtos a outras regiões do país e do mundo.

Para a manuntenção dos portos é importante a aplicação de políticas integradas de qualidade,


ambiente, segurança e saúde no trabalho, que garantam a plena satisfação dos seus usuários
e clientes. Os principios que norteam estas politicas reflectem-se em:

 Cumprimento dos requisitos legais, regulamentares e normativos aplicáveis aos serviços


prestados, aspectos ambientais e à saúde e segurança;
 Identificação e minimização dos riscos existentes que permitirá à implementação de acções
correctivas e preventivas, de modo a eliminar qualquer factor de risco nas suas instalações.
 Melhoraria da qualidade e eficácia dos serviços prestados;
 Prevenção, controlo e minimização da poluição, nomeadamente os resíduos gerados pelas
suas actividades, que promovem o recurso ao investimento nas novas tecnologias e
processos menos poluentes;

1.4 Os Sistemas Fluviais e as Bacias Hidrográficas

Na região do equador a drenagem é bastante desenvolvida, resultante da presença do rio


Congo, que é detentor do segundo maior escoamento do planeta, com aproximadamente
41.000 m3/segundo. O Níger, por sua vez, é o principal rio da África Ocidental com cerca de
4.800km. A sul destacam-se os rios, Orange com aproxidamente 2.200 km, Zambeze - 2.574
km e o Limpopo - 1.600 km. Muitos dos rios e cascatas reduzem o potencial para a
navegação, mas por outro lado, fornecem grande potencial hidroeléctrico. Destacam-se as
cataratas Vitória, no rio Zambeze, e Boyomsa, uma série de cataratas no rio Congo.

A principal região lacustre está no Grande Rift Valley, onde estão localizados os Lagos Vitória,
Albert, Tanganica e Niassa ou Malawi. Por estarem relacionados ao relevo modificado pelos
movimentos das placas tectónicas, os mesmos são chamados de lagos tectónicos. O maior

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 188


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lago da África é o Lago Vitória, no platô entre as ramificações do Rift Valley, com uma área
total comparável ao território da Irlanda e repleto de nascentes que se dirigem para o rio
Nilo. O único grande lago natural localizado fora da África Oriental é o Lago Chade, no
extremo sul do Saara. O tamanho deste lago varia, dependendo das chuvas sazonais, mas a
sua área foi intensamente reduzida nas últimas décadas devido às práticas agrícolas que
desconsideraram a sua conservação.

Figura 8 - Rede e Bacia hidrográfica respectivamente.

1.5 A População de África: Principais Características Sócioeconomicas

Como os censos de muitos países africanos não estão actualizados, não é possível chegar a
um dado preciso sobre a população do continente africano. As estimativas dão conta de que
a população do continente esteja entre 800 milhões e um bilhão de habitantes (estimativa de
2010).

Como o território africano é muito extenso (30,2 milhões de km2), a densidade demográfica
é baixa (cerca de 30 habitantes por km2). Esta população também se distribui irregularmente
pelo continente. Grande parte da população se concentra nas grandes cidades dos países
litorâneos.
As áreas ocupadas por desertos e florestas densas são praticamente inabitadas, enquanto as
regiões litorâneas e o vale do rio Nilo apresentam grandes concentrações populacionais.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 189


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Vale ressaltar também que grande parte da população africana se encontra na zona rural. A
população urbana só é maior do que a rural em países como, por exemplo, Tunísia, Argélia e
Líbia.

1.5.1 Etnias

Existem vários grupos étnicos em África. Cerca de 80% da população é formada por diferentes
povos negros, que ocupam, principalmente, as regiões Central e Sul do continente (ao sul do
deserto do Saara). Esta região é conhecida como “África Negra”. Os principais grupos étnicos
que habitam esta região são: Bantu, Sudaneses, Bosquímanos, Pigmeus, Nilóticos.

Já os brancos (Berberes, Árabes e Caucasianos) habitam, principalmente, a região


Setentrional do continente, ao norte do Deserto do Saara. Por isso essa região é conhecida
como “África Branca”.

1.5.2 Faixas Etárias

Grande parte da população africana é formada por jovens, pois o continente apresenta taxas
elevadas de natalidade. A expectativa de vida no continente é baixa, em função do
subdesenvolvimento de grande parte dos países.

1.5.3 Cidades Mais Populosas de África

Apesar das cidades serem centros urbanos onde concentram-se a maior parte de
infraestruturas de uma economia, também é onde criam-se focos de grande instabilidade
social, razão pela qual são classificadas de regiões mais populosas.

Assim, em África destacam-se as seguintes cidades apresentadas na Tabela abaixo.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 190


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Tabela 21 - Cidades mais populosas de África

CIDADE Nº DE HABITANTES

Lagos na Nigéria 9,9 milhões

Kinshasa na República Democrática do Congo 8,9 milhões

Cairo no Egipto 8,1 milhões

Ibadan na Nigéria 5,1 milhões

Alexandria no Egipto 4,4 milhões

1.5.3.1 Estrutura Sociodemográfica do Continente Africano: Pirâmides Etárias

A Figura 3 apresenta a composição de uma população, segundo o sexo e a idade. Nesta


pirâmide verifica-se que as mulheres estão destacadas do lado direito e os homens do lado
esquerdo.

O eixo vertical representa o grupo de idades, geralmente em intervalos de 4 em 4 anos. O


eixo horizontal representa os valores absolutos da população em percentagem. A forma da
pirâmide reflecte: a taxa de natalidade, taxa de mortalidade e a esperança média de vida de
um país.

Figura 9 - Pirâmide etária

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 191


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1.6 Os Problemas de Desenvolvimento na África

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral existe desde 1992, quando foi
decidida a transformação da SADCC (Southern Africa Development Co-ordination Conference
ou Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral), criada em 1980
por nove dos estados membros. Em 2011, a SADC engloba 14 países do sul de África.

Os países membros somam uma população de aproximadamente 210 milhões de pessoas e


um PIB de aproximadamente 700 biliões de dólares, valor importante, especialmente
levando-se em conta as economias dos países vizinhos.

A região enfrenta uma série de problemas, desde dificuldades naturais como secas
prolongadas, a grande prevalência do SIDA e a pobreza. As principais metas do grupo para a
erradicação destes problemas são:

 Promover o crescimento e desenvolvimento económico, aliviar a pobreza, aumentar a


qualidade de vida do povo, e prover auxílio aos mais desfavorecidos;

 Desenvolver valores políticos, sistemas e instituições comuns;

 Promover a paz e a segurança;

 Promover o desenvolvimento sustentável por meio da interdependência colectiva dos


estados membros e da autoconfiança;

 Atingir a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e regionais;

 Promover e maximizar a utilização efectiva de recursos da região;

 Atingir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente;

 Reforçar e consolidar as afinidades culturais, históricas e sociais de longa data da


região.

O financiamento dos projectos é obtido através de duas maneiras principais. A primeira, e a


mais importante, é a contribuição de cada um dos membros, com o valor baseado no PIB de
cada um; a segunda, é através da colaboração de parceiros económicos internacionais, como
a União Europeia e alguns países desenvolvidos, que dependem do projecto a ser
desenvolvido.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 192


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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

ÁFRICA

Figura 10 - Continente

1. Ao nível da dimensão geográfica, África é:

a) O maior continente do mundo


b) O terceiro maior continente do mundo
c) O menor continente do mundo
d) O sétimo maior continente do mundo

2. A maior ilha do continente Africano é a ilha de:

a) Madagáscar
b) Cabo Verde
c) São Tomé e Príncipe
d) Guiné

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 193


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3. As capitais dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa:


a) Luanda, Maputo, Praia, Bissau, São Tomé
b) Luanda, Lesoto, Praia, Bissau, São Tomé
c) Lobito, Maputo, Praia, Bissau, São Tomé
d) Luanda, Maputo, Rio de Janeiro, Bissau, São Tomé

4. São cerca de 54 países africanos. Destes países:

a) Seis têm o português como língua oficial


b) Cinco têm o português como língua oficial
c) Três têm o português como língua oficial
d) Nenhum país africano tem como língua oficial o português, porque neste momento
todos os países africanos são independentes.

Soluções:

1. B

2. A

3. A

4. B

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CAPÍTULO 2 - AS AMÉRICAS

2.1 O Continente Americano

O continente americano é uma porção de terras banhadas pelo Oceano Atlântico a Leste e
pelo Oceano Pacifico a Oeste. Trata-se de dois blocos continentais ao norte e ao sul unidos
por um istmo (pequena faixa de terras situadas entre dois mares), veja o mapa abaixo:

Figura 11 - Américas

Com uma população de aproximadamente um bilão de habitantes e uma área territorial de


42.549.000km2, a América é o segundo continente (a seguir a Ásia) e conta com cerca de
14.2% da população mundial. Ao todo, são 35 países independentes e 16 colónias.

Normalmente, esse continente é chamado de “Novo Mundo”, mas na realidade não significa
que ele seja mais novo do que os outros continentes, pois esta denominação foi criada após
os descobrimentos pelos europeus, tratando-se, portanto, de uma visão eurocêntrica da
América.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 195


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Na verdade, do ponto de vista geológico, o continente americano é considerado antigo, pois


o seu relevo demonstra evidências de que está exposto há mais tempo aos agentes externos
de transformação (vento, água, chuvas, clima, entre outros).

Falando em relevo, a estrutura física da América apresenta duas grandes cadeias de


montanhas, uma localizada mais a Norte, chamada de “Montanha Rochosas” e outra
localizada mais a sul, chamada de “Cordilheira dos Andes”, ambas localizadas na parte oeste
do continente e originadas pelo contacto entre placas tectónicas.

Existem alguns planaltos na parte leste da América – tanto no Norte como no Sul. São eles:
Planalto Guiano (norte da América do Sul), Planalto Central Brasileiro, Planalto da Patagônia
(na Argentina), Escudos Canadenses e os Montes Apalaches (oeste dos Estados Unidos).

Quanto à localização, a América encontra-se em três hemisféricos diferentes: o Norte, o Sul


e o Oeste. A Linha do Equador praticamente corta o continente ao meio, assim como os
Trópicos de Câncer e de Capricórnio, sendo o único continente a situar-se em todas as zonas
térmicas do planeta.

Esse continente possui vários tipos de divisões regionais, das quais podemos destacar duas.
Uma divide-o em América do Norte, Central e do Sul, e a outra divide-o em América Anglo-
Saxónica e Latina.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 196


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Figura 12 - Américas

Em termos económicos, registam-se grandes assimetrias entre os países do continente, que


se traduzem em índices de desigualdade relevantes. Os países que fazem parte da América
do Norte são os únicos desenvolvidos do continente, apresentando a maior parte do Produto
Interno Bruto. Alguns países como Brasil, Argentina, Uruguai e México são considerados
nações emergentes. Os demais são classificados como subdesenvolvidos.

2.2 Tipos de Clima do Continente Americano

 Clima Tropical: temperatura elevada, superior a 20°C. As chuvas concentram-se


no verão, e o inverno é seco. É o clima dominante na América Central e nas regiões
Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
 Clima Equatorial: característico das áreas próximas à linha do Equador. É muito
quente e húmido, com alto nível de pluviosidade. É o clima dominante na Amazônia
e em algumas regiões da América Central.
 Clima Subtropical: tipo climático de transição entre as zonas temperada e a
tropical com invernos amenos e verões quentes. É o clima predominante na
Argentina, no Uruguai, no centro e leste dos Estados Unidos e no sul do Brasil.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 197


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 Clima Desértico: sua característica é a escassez de chuvas e as altas


temperaturas (superiores a 30°C). Esse tipo de clima ocorre na Califórnia, no
noroeste do México, no Peru e no norte do Chile.
 Clima Temperado: as características desse tipo de clima variam conforme a área.
Nas planícies centrais, na costa leste do Canadá e dos Estados Unidos, o verão é
quente e o inverno muito frio, com temperaturas negativas.
 Clima Frio: caracteriza-se pelas temperaturas baixas; o verão é curto, o inverno
é longo e muito frio, com precipitação de neve. Esse é o tipo de clima dominante
no Alasca, no Canadá, no norte dos Estados Unidos e no sul do Chile.
 Clima Mediterrâneo: limitado a uma estreita faixa na Califórnia e outra no litoral
do Chile. Suas características são: invernos chuvosos e verões secos.
 Clima Semi-árido: é muito quente, as chuvas são poucas e muito mal
distribuídas. Esse é o clima do Sertão do Nordeste brasileiro e de uma faixa de
terra limitada por montanhas na região central dos Estados Unidos, no norte do
México e no sul da Argentina.
 Clima Frio De Alta Montanha: prevalece nas áreas mais elevadas das Montanhas
Rochosas e da Cordilheira dos Andes, no oeste do continente.
 Clima Polar: é caracterizado por temperatura muito baixa (- 10°C). As
precipitações são em forma de nevascas em todas as estações do ano. As regiões
de clima polar se localizam no norte do Canadá e na Groelândia.

Actualmente, são poucas as áreas do continente americano que apresentam


vegetação original ou primitiva que não tenham sofrido interferência humana.

 Tundra: é a vegetação do extremo norte da América, onde predomina clima polar.


Trata-se de uma formação vegetal rasteira que aparece por um período de
aproximadamente quatro meses durante o verão polar.
 Floresta De Coníferas: também conhecida como Taiga ou Floresta Boreal, é uma
formação vegetal bastante homogênea, com árvores em forma de cone, como os
pinheiros. Localizada em áreas de clima frio, a Floresta Boreal apresenta pouca
variedade de espécies.
 Floresta Temperada: situa-se em áreas de clima temperado oceânico. As árvores
eliminam as folhas antes da chegada do inverno. Por isso, essa formação vegetal
também é conhecida como Floresta de Folhas Caducas ou Decíduas, que significa
“que caem”.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 198


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 Pradaria: é formada basicamente por gramíneas, podendo ocorrer alguns


arbustos. É uma vegetação típica do clima temperado continental.
 Estepe: ocorre nas áreas de clima semi-árido do continente americano,
nomeadamente nos Estados Unidos, no México e na Argentina e a nordeste do
Brasil. A Estepe é uma vegetação rasteira dominada por pequenas plantas.
 Desertos: são áreas marcadas pela intensa aridez, isto é, pela pouca ocorrência
de chuva. Na América, os Desertos ocorrem na Califórnia (Estados Unidos), no
noroeste do México, na costa do Peru, no norte do Chile e no sul da Argentina.

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CAPÍTULO 3 - EUROPA

Apesar de ser um dos menores continentes do mundo, a Europa, é considerado o mais


importante em termos políticos. Pois, foi a partir deste continente que se constituiu e se
expandiu o sistema capitalista e os seus valores económicos, políticos, sociais, e culturais. As
ciências também são, na sua maioria, provenientes desse continente, pois foi nele que os
gregos criaram a Filosofia.

Entre os 49 países que compõem a Europa, podemos citar: Alemanha, Espanha França,
Portugal, Inglaterra, Itália, Suécia, Noruega, Finlândia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suíça,
Rússia, entre outros.

Tem uma extensão territorial de mais de 10 milhões de km² e a população é de


aproximadamente 800 milhões de habitantes.

Figura 13 - Europa

3.1 Relevo Europeu

O relevo europeu mostra grande variação dentro de áreas relativamente pequenas. As regiões
do sul são mais montanhosas, porém, na região do norte o terreno desce dos
altos Alpes, Pirenéus e Cárpatos, através de planaltos montanhosos, baixas planícies do
norte, que são vastas a leste. Esta planície estendida é conhecida como a Grande Planície
Europeia e no seu coração encontra-se a Planície do Norte da Alemanha. Um arco de terras

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altas, também existe ao longo da costa norte-ocidental, que começa na parte ocidental da
ilha da Grã-Bretanha e da Irlanda, e continua ao longo da montanhosa coluna,
com fiordes cortados, da Noruega.

As sub-regiões como a península Ibérica e a península Itálica contêm as suas próprias


características complexas, como faz a própria Europa Central continental, onde o relevo
contém muitos planaltos, vales de rios e bacias que complicam a tendência geral. As sub-
regiões como a Islândia, a Grã-Bretanha e a Irlanda são casos especiais. A Islândia é uma
terra independente no oceano do norte, que é considerada como parte da Europa, por outro
lado, a Grã-Bretanha e a Irlanda, são zonas de montanha que anteriormente foram parte do
continente até serem cortadas da massa de terra principal1 pelo nível do mar.

Figura 14 - O Relevo da Europa

1
Esta descrição é simplificada.

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3.2 Rede Hidrográfica Europeia

O continente apresenta uma complexa rede hidrográfica, com grandes rios como o Volga,
na Rússia, e o Danúbio, que atravessa territórios, delimitando as fronteiras da Áustria,
Alemanha, Croácia, Hungria, Roménia, Ucrânia, Sérvia, República Checa e Bulgária. O maior
rio da Europa em termos de caudal, é o rio Volga, que tem a sua nascente no planalto de
Valdai no norte da Rússia, corre pela planície russa e desagua no cesaro do afluente da Europa
no mar Cáspico.

No continente Europeu podem ser encontrados vários e maraviolhosos lagos, mas aquele que
se destaca em extensão é o Mar Cáspio, localizado na divisão com a Ásia e que possui 371
mil km²; e o lago Ládoga, na Federação Russa. Porém, o maior lago totalmente europeu, isto
é, que nasce, corre e termina na Europa, é o Lago Ládoga, com 17 700 km² de área. Outros
lagos extensos são o Onega, o Vänern, o Saimaa, o Vättern, entre outros.

3.3 Clima Europeu

O clima europeu é normalmente temperado, visto que o continente é submetido a correntes


de ventos do oeste.

Em alguns países da Europa central, o clima mais ameno em comparação com outras áreas
da mesma latitude de todo o mundo devido à influência da Corrente do Golfo. A Corrente do
Golfo é o apelido de "aquecimento central da Europa", porque torna o clima destes países da
Europa mais quente e mais húmido (como é o caso de Portugal e Espanha). A Corrente do
Golfo não só leva água quente à costa da Europa, mas também aquece os ventos que sopram
de oeste em todo o continente do Oceano Atlântico.

Em termos de temperatura podemos fazer por algumas comparações entre cidades do mundo
que sencontram na mesma latitude com outras cidades da Europa: a temperatura média
de Nápoles durante todo o ano, é de 16 °C (60,8 °F), enquanto a de Nova Iorque, que é
quase na mesma latitude, em média regista os 12 °C (53,6 °F). Berlim,
na Alemanha; Calgary, no Canadá, e Irkutsk, na parte asiática da Rússia, estão em torno da
mesma latitude, mas as temperaturas de Janeiro, em Berlim, rondam em média os 8 °C
(15 °F), mais elevadas do que aquelas registadas em Calgary, e são quase 22 °C (40 °F) mais
elevadas do que as temperaturas médias em Irkutsk.

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3.4 Demografia

Desde o Renascimento, a Europa teve uma grande influência na cultura, economia e


movimentos sociais do mundo. As invenções mais significativas tiveram origem no mundo
ocidental, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Algumas questões actuais e
passadas na demografia europeia incluíram emigração religiosa, relações raciais, imigração
económica, taxa de natalidade decrescente e envelhecimento da população.

Figura 15 - Estrutura etária da população portuguesa 1950 - 2005

Em alguns países como a Irlanda e a Polónia, o acesso ao aborto é actualmente limitado. No


passado, tais restrições bem como as que incidiam sobre o controlo artificial da natalidade
eram comuns em toda a Europa. O aborto continua a ser ilegal na ilha de Malta, onde
o catolicismo é a religião do Estado. Além disso, três países europeus (Países
Baixos, Bélgica e Suíça) e a Comunidade Autónoma da Andaluzia (Espanha) têm permitido
uma forma limitada de eutanásia voluntária para doentes terminais.

Em 2005, a população da Europa era estimada em 731 milhões de acordo com as Nações
Unidas, que é um pouco mais do que um nono da população mundial. Um século atrás, a
Europa tinha quase um quarto da população mundial. A população da Europa cresceu no

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século passado, mas nas outras regiões do mundo (especialmente na África e na Ásia), a
população tem crescido muito mais rapidamente. Dentre os continentes, a Europa tem uma
densidade populacional relativamente alta, perdendo apenas para a Ásia.

O país mais densamente povoado da Europa é a Holanda, terceiro no ranking mundial após
a Coreia do Sul e Bangladesh. Pan e Pfeil (2004) contam 87 distintos "povos da Europa", dos
quais 33 formam a maioria da população em pelo menos um Estado soberano, enquanto os
54 restantes constituem minorias étnicas.

Segundo a projecção de população da ONU, a população da Europa pode cair para cerca de
7% da população mundial até 2050, ou 653 milhões de pessoas (variante média, 556 a 777
milhões em baixa e alta variante, respectivamente). Neste contexto, existem disparidades
significativas entre regiões em relação às taxas de fertilidade. O número médio de filhos por
mulher em idade reprodutiva é de 1,52. De acordo com algumas fontes, essa taxa é maior
entre os europeus muçulmanos. A ONU prevê o declínio contínuo da população de vastas
áreas da Europa Oriental. A população da Rússia está a diminuir em pelo menos 700 mil
pessoas a cada ano. O país tem hoje 13 mil aldeias desabitadas.

A Europa é o lar do maior número de migrantes de todas as regiões do mundo, em 70.6


milhões de pessoas, segundo um relatório da OIM. Em 2005, a UE teve um ganho líquido
global de imigração de 1,8 milhão de pessoas, apesar de ter uma das maiores densidades
populacionais do mundo. Isso representou quase 85% do crescimento populacional total da
Europa. A União Europeia pretende abrir centros de emprego para trabalhadores migrantes
legais de África.

A emigração da Europa começou com os colonos espanhóis no século XVI, e com


colonos franceses e ingleses no século XVII. Mas os números mantiveram-se relativamente
pequenos até ondas de emigração em massa no século XIX, quando milhões de famílias
pobres deixaram a Europa.

Hoje, uma grande população de ascendência europeia é encontrada em todos os continentes.


A ascendência europeia predomina na América do Norte e, em menor grau, na América do
Sul (principalmente na Argentina, Chile, Uruguai e Centro-Sul do Brasil). Além disso,
a Austrália e a Nova Zelândia têm grandes populações de descendentes europeus.
A África não tem países de maioria de descendentes de europeus, mas há minorias
significativas, como a dos brancos Sul-Africanos. Na Ásia, as populações descendentes de
europeus (mais especificamente russos) predominam no Ásia Setentrional.

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De acordo com os pontos de vista espacial e económico, pode-se dividir o continente


em: Europa Ocidental, Europa Setentrional, Europa Centro-Oriental e Europa Meridional.
Sendo:

 Europa Ocidental: região que abrange alguns dos chamados países atlânticos, ou seja,
banhados pelo oceano Atlântico(Reino Unido, Irlanda e França); os que mantêm relação
directa com o Atlântico através do mar do Norte: Países Baixos, Bélgica e Alemanha; e os
países sem saída para o mar, mas que estão directa ou indirectamente vinculados ao
Ocidente (Áustria, Suíça, Luxemburgo e Liechtenstein).
 Europa Setentrional: região que engloba a Noruega e a Suécia, localizadas na península
Escandinava, além da Finlândia, Islândia e Dinamarca; abrange também
a Estônia, Letônia e Lituânia, que a partir de 1990 se tornaram independentes da
então União Soviética. A inclusão desses países na região justifica-se por motivos
económicos e pela sua proximidade étnica e cultural com os finlandeses.
 Europa Centro-Oriental: É formada pelo conjunto dos antigos países socialistas do Leste
Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Albânia, Sérvia,
Montenegro, Kosovo, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina e Macedónia e pelas
repúblicas que constituím a antiga União Soviética em sua parte europeia: Bielorrússia,
Ucrânia, Moldávia, Geógia, Azerbaijão e a Russia Europeia.
 Europa Meridional: região que, também chamada de mediterrânea, compreende os
países situados no sul do continente, quase todos banhados pelo mar
Mediterrâneo: Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Turquia europeia, além de vários micro-
estados - Vaticano, San Marino, Mónaco, Malta e Andorra.

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CAPÍTULO 4 - ÁSIA

4.1 Localização e Dimensões

O continente asiático está localizado na sua maioria, no hemisfério norte (oriental e


setentrional). Ao norte, a Ásia é banhada pelo Oceano Ártico; ao sul pelo Oceano Índico; ao
leste pelo Oceano Pacífico e a oeste faz fronteira com a Europa e África.

Além de ser o maior dos continentes, é também o que possui a maior população do planeta.
A sua área total é de quase 45 milhões de km² e a população actual está estimada em 3,6
bilhões de pessoas. É na Ásia que se encontra o ponto mais alto do mundo, o Monte Everest,
com 8.848m de altura.

Entre os 53 países que fazem parte da Ásia, podemos citar: Japão, China, Índia , Coreia do
Norte, Coreia do Sul, Singapura, entre outros. Nela também se encontra uma região que
apresenta as relações políticas mais conflituosas do mundo: o Oriente Médio.

Figura 16 - Ásia

 O continente asiático tem uma área de 44.482.000 km², por isso, é o maior continente
do mundo com 29,4% de terras emersas.

 É também considerado o continente mais populoso do mundo com 3,95 bilhões de


habitantes (pouco mais de 60% da população mundial).

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Figura 17 - Ásia

O clima da Ásia pode ser dividido em quatro regiões climáticas:

 Clima Siberiano no extremo norte da Ásia: temperaturas baixíssimas, presença de


tundra ao norte, taiga no centro e estepes ao sul.
 Clima Mediterrâneo no Ásia Menor: verões quentes e secos e invernos com muita
chuva.
 Clima Desértico na Síria, Arábia, Índia e Irão: regiões com temperaturas elevadas
durante o dia e frias à noite. Regiões áridas com baixo índice pluviométrico (chuvas).
 Clima de Monções na Ásia Oriental e Meridional: inverno seco e verão extremamente
chuvoso.

4.2 Relevo Asiático

É um continente que apresenta características contrastantes: enormes terras


baixas de aluvião e de litoral e grandes formações planálticas com cordilheiras muito altas,
que se tornam extensas por uma vasta área centro-meridional, entre os territórios
nacionais turco e indonésio. Isso tudo faz do continente asiático o único com
aproximadamente 1 0000 metros de cota altimétrica média. As montanhas de maior altitude
estão localizadas na cordilheira do Himalaia, mas existem outras que se espalham por toda a
área territorial, situando-se no continente asiático as 18 montanhas mais altas do mundo.

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O relevo asiático é caracterizado pela apresentação de seus contrastes de extremidade


altimétrica:

 As cordilheiras e planaltos de maior altitude da Terra: Himalaia, Pamir e Tibete, onde se


localizam as altitudes máximas do globo terrestre: (Everest,
8.840 metros, Kanchenjunga, 8.598 metros, e muitos outros, com altitudes com mais de
7.000 metros).
 As maiores depressões absolutas do planeta: o Mar Morto, 395 metros.

Algumas regiões banhadas pelas águas salgadas do oceano Pacífico fazem parte do Círculo
de Fogo, ou seja, por causa de sua formação geológica ocorrida há pouco tempo estão
sujeitas a erupções vulcânicas e a abalos sísmicos. É o caso do arquipélago japonês e
da Indonésia.

Algumas formações planálticas são altíssimas e são intercaladas às cadeias de montanhas,


como é o caso do Pamir e do Tibete, contrastando com outros de maior antiguidade, de
menores altitudes, como os da Arménia, do Decã.

As planícies de rios da Ásia são revestidas com depósito aluvial trazido pelos acidentes
geográficos fluviais que as percorrem e que se dirigem de modo principal para as águas
salgadas dos oceanos Índico e Pacífico. As principais planícies de rios são a Indo-
gangética (Índia), a Mesopotâmica (Iraque), a Siberiana (Rússia) e as dos rios Yang-tsé
(China) e Mekong (Vietnam).

A Ásia projecta, dirigindo-se aos oceanos adjacentes, várias porções peninsulares, sendo as
mais relevantes a da Anatólia, da Arábica, da Hindustânica, da Indochina e a da Coreia.

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Figura 18 - O relevo da Ásia

Tanto as chuvas abundantes da região influenciadas pelos climas equatorial e tropical quanto
a grande quantidade de neve derretida das altas montanhas favorecem a existência de
grandes rios, que correm em quase todas as direcções do continente asiático. Podemos
destacar:

Rio Yangtzé na região das Três Gargantas:

 Rios que desaguam no oceano Pacífico: Alguns têm grande volume de água devido
às monções de verão. Merecem destaque os rios Huang-ho (ou Amarelo), Si-kiang e Yang-
tsé-kiang (ou Azul), todos na China, além do Mekong, na Indochina;

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 Rios que desaguam no oceano Índico: Alguns deles são também monçônicos e tornam-
se muito volumosos durante o verão. Merecem destaque rios da Índia e de Bangladesh, como
o Bramaputra, o Ganges e o Godavari, e o rio Indo, no Paquistão;
 Rios que correm para norte e desaguam no oceano Glacial Ártico: São exemplos os
rios Obi, Ienissei e Lena, que congelam durante grande parte do ano. Como o degelo ocorre
a partir de seus altos cursos, as águas, ao chegarem ao médio curso e encontrarem barreiras
de gelo, esparramam-se por vastas extensões de suas margens, causando
frequentes inundações;
 Rios que desembocam no golfo Pérsico: Merecem destaque o Tigre e o Eufrates que
formam a planície da Mesopotâmia;
 Rios da Ásia Centro-oriental que desaguam em lagos: Podemos citar o Sir Daria e
o Amu Daria, que desaguam no mar de Aral, além de outros que desaparecem dentro do
deserto.

A Ásia apresenta poucos lagos, embora de grande extensão, como o Baikal e o Balkhash,
localizados na Rússia. Se os lagos existem em pequeno número, os mares asiáticos aparecem
com muito mais destaque: mar Vermelho, que limita as costas africanas e asiáticas; Mar da
Arábia; a sudeste, mar da China Meridional, mar da China Oriental, Mar de Andamã e mar
Amarelo; os mares da Indonésia: de Java, de Timor, de Banda, de Celebes; a nordeste, os
mares de Okhotsk, do Japão e de Bering. No limite com a Europa, aparece o maior mar
fechado do mundo, o mar Cáspio.

4.3 A População da Ásia: Principais Características Sociodemográficas, Económicas


e Religiosas

O continente asiático ocupa um espaço que corresponde a cerca de um terço de todas as


terras do planeta, sendo, portanto, maior que a extensão somada de todas as Américas, ou
da Europa com a África. Nessas terras vivem mais de três milhares de milhões de habitantes,
ou seja, mais da metade da população mundial, resultando numa densidade demográfica de
70 habitantes por quilômetro quadrado, aproximadamente três vezes maior que a densidade
média da Terra.

Embora muito numerosa, a população asiática é mal distribuída: nas planícies, sobretudo as
irrigadas pelas monções, e nas grandes cidades, as densidades demográficas são altíssimas,

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enquanto nas regiões desérticas, montanhosas e geladas, e mesmo em áreas de climas


muito quentes, a população apresenta-se rarefeita.

Países como China, Índia, Indonésia, Japão, Paquistão e Bangladesh estão entre os mais
populosos da Terra, enquanto outros, como a Mongólia ou mesmo trechos setentrionais
da Rússia, apresentam as mais baixas densidades demográficas do planeta.

Os factores que agravam o problema da má distribuição demográfica são as altas taxas de


natalidade e a tendência à concentração urbana, características de todos os países
subdesenvolvidos, como é o caso da maioria das nações asiáticas. Apenas alguns poucos
países conseguiram sucesso em suas campanhas de planeamento familiar, reduzindo-se o
crescimento populacional na China e praticamente estancando-o no Japão.

Em outros casos, a situação continua alarmante; é o que ocorre, por exemplo, com a Índia,
onde a cada ano a população apresenta um crescimento vegetativo de 2,1%. Isso representa
anualmente cerca de 14 milhões de crianças à espera de formação e, futuramente, de
emprego. Na prática, isso se mostra economicamente impossível o que torna ainda mais
agudo o subdesenvolvimento desse e de outros países asiáticos.

Outro aspecto grave do crescimento populacional muito elevado é que ele costuma ocorrer
nas áreas mais populosas, acentuando ainda mais o contraste com os vazios demográficos.
Actualmente, numa área que equivale a um quarto do território asiático, vivem 90% dos
habitantes do continente, enquanto nada menos que dois quintos do território são
praticamente desabitados, abrigando apenas 3% ou 4% da população total. Uma das
principais razões desse fenómeno é a urbanização.

De maneira geral, as regiões que apresentam condições naturais satisfatórias são as que
abrigam os maiores aglomerados populacionais; aquelas que apresentam obstáculos naturais
à fixação humana, tais como a grande altitude do relevo, o clima muito frio e a aridez do solo,
permanecem pouco habitadas.

O mundo tem vindo a assistir a um extraordinário crescimento populacional, impulsionado,


em grande parte, pelo formidável crescimento populacional asiático.

As cidades mais populosas da Ásia são: Mumbai ou Bombaim na Índia (18,3 milhões), Calcutá
na Índia (14,7 milhões), Xangai na China (17,1 milhões) e Tóquio no Japão (12,3 milhões de
habitantes).

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Países que fazem parte da Ásia: Afeganistão, Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahrein,
Bangladesh, Brunei, Butão, Camboja, Cazaquistão, República Popular da China, Singapura,
Coreia do Norte, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Iêmen, Índia, Indonésia,
Irã, Iraque, Israel, Japão, Jordânia, Kuwait, Laos, Líbano, Maldivas, Malásia, Mongólia,
Mianmar, Nepal, Omã, Paquistão, Qatar, Quirguistão, Rússia, Síria, Sri Lanka, Tadjiquistão,
Tailândia, Taiwan, Timor-Leste, Turcomenistão, Turquia, Uzbequistão e Vietnam.

Territórios asiáticos: Cisjordânia, Chagos, Cocos, Faixa de Gaza, Macau, Hong Kong, e Ilhas
Christimas.

Principais rios da Ásia: Yangtze, Ienissei, Huang He, Amur, Lena, Mekong, Volga, Eufrates e
Indo.

Principais ilhas da Ásia: Grande Comore, ilhas Agalega, Sumatra, Honshu, Sulawesi, Java e
Bornéu.

Economicamente destaca-se o Japão que tem uma economia forte e industrializada desde o
fim da Segunda Guerra Mundial e actualmente temos vindo a assitir a emergência da Índia e
da China, fazendo parte do grupo BRICS. Os mesmos têm vindo a apresentar um forte
crescimento económico desde a década de 90. O PIB (Produto Interno Bruto) da China, por
exemplo, apresenta crescimento, em média, de 10% ao ano (nos últimos anos). O Bloco
económico mais importante na Ásia é a APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation, traduzido,
Cooperação Económica da Ásia e do Pacífico). Actualmente, fazem parte 20 países e uma
região administrativa especial da China (Hong Kong), sendo que a maioria é de países
asiáticos (Austrália, Brunei, Chile, Canadá, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, México,
Malásia, Nova Zelândia, Guiné, Filipinas, Perú, Rússia, Popua-Nova Guiné, Singapura, Taiwan,
Estados Unidos, Vietnam e Tailândia)

As religiões mais dominantes no continente Asiático são: islamismo, hinduísmo e budismo.

Tem-se verificado a diminuição do nível de alfabetismo, atingindo, aproximadamente, 23 %


da população.

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CAPÍTULO 5 - A PRODUÇÃO DE RECURSOS A NÍVEL MUNDIAL

Nesta parte introdutória, vamo-nos debruçar sobre o conceito de Recurso, tanto no sentido
Natural como no sentido Económico.

5.1 Conceito de Recurso Natural

Antes de definirmos Recursos no sentido económico, importa definir primeiro o conceito de


recursos naturais, como sendo a dotação total de todos os recursos ambientais = terra
(espaço) + terra (fértil) + ar + água + florestas +espécies piscatórias + minerais + sistemas
de suporte da vida ecológica.

5.1.1 Tipo de Recursos Naturais

A) Recursos Renováveis

1. Populações de organismos biológicos com capacidade natural de crescimento: Recursos


marinhos e florestais;

2. Água e sistemas atmosféricos, reproduzidos por processos físicos e químicos, têm


capacidade natural de assimilarem a poluição;

3. Terra arável e pastagens naturais; a reprodução e o crescimento são feitos a partir de uma
combinação de processos biológicos (reciclagem de nutrientes orgânicos) e físicos (irrigação,
exposição ao vento, etc.);

4. Ecossistemas, que são áreas naturais, tais como florestas tropicais;


5. Fluxos de recursos: energia solar, ventos, ondas, energia geotérmica.

B) Recursos Naturais Não-Renováveis

Estes recursos são classificados segundo uma combinação de medidas geológicas e


económicas e destacam-se os Recursos energéticos de origem fóssil (petróleo, carvão, gás);
Minerais (cobre, níquel, ferro …), todos são produzidos por processos geológicos ao longo de

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milhões de anos. Este tipo de Recursos tem uma característica de limite físico, pois, há que
ter em conta o conceito de Oferta, tanto no sentido Económico como no sentido Físico. Assim:

1. Oferta Económica - esta tem que ver apenas com os recursos geologicamente
identificados cuja exploração seja rentável (por exemplo. Os poços de petróleo de Cabinda,
do Soyo, etc.). Esta oferta refere-se apenas às reservas economicamente rentáveis (são a
medida mais comum utilizada nos cálculos das disponibilidades da oferta intemporal do
recurso).

2. Oferta Física - este tipo de oferta inclui a totalidade das reservas existentes. Isto é, ela é
finita e não é totalmente conhecida.

5.2 Conceito de Recurso Económico

Em economia, o termo recurso designa todos os bens utilizados na produção de outros bens,
podendo por isso, ser considerado como um termo equivalente a "factor de produção". A
questão dos recursos assume uma importância fulcral para a ciência económica. Esta
importância reside no facto dos recursos, além de serem os factores de produção utilizados
na produção de bens, são também, na sua grande maioria, escassos, isto é, não existem em
quantidades ilimitadas. Esta escassez dos recursos obriga os agentes económicos a fazerem
escolhas nomeadamente quanto à forma de utilização desses mesmos recursos para produzir
bens e quanto à forma como são distribuídos na sociedade.

5.3 Uso dos Recursos Naturais pela Sociedade

Considerando que a sociedade é constituída pelos principais agentes económicos, aqueles que
no dia-a-dia interagem no mercado, importa realçar, a forma como cada um deles utiliza e
sistematiza os recursos durante e após o processo produtivo, criando um ciclo fechado, o
chamado Fluxo económico. Assim, os principais agentes económicos são, as famílias ou
consumidotres, as empresas e o Estado na qualidade de regulador da economia.

a) Consumidores ou famílias - implica dizer que estes utilizam os bens de consumo directo,
tais como o ar, a água, a flora, a fauna, os inputs ou factores de produção de autoconsumo
(recreio e lazer, agricultura de subsistência;….). Igualmente dizer também as famílias fazem

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o consumo directo de serviços ecológicos (controlo de cheias, produção de solo fértil;


produção e manutenção do ar e das funções básicas;…), consumo de outros bens e educação.
b) Empresas - aqui destaca-se o sector produtivo agrícola, a indústria e os serviços. Todos
eles utilizam os chamados factores de produção (inputs) e sistemas de prestação de serviços
(de acomodação e tratamento de resíduos; controlo de cheias; produção de solo fértil;
produção e manutenção de biodiversidade; manutenção da qualidade do ar e das funções
vitais básicas;…) e investigação e inovação.
c) Estado - sendo este também um agente económico, por isso, utiliza os bens de consumo
directo, tais como o ar, a água, a flora (plantas), a fauna (animais) e consumo indirecto de
serviços ecológicos (controlo de cheias, produção de solo fértil; produção e manutenção do
ar e das funções básicas;…), consumo de outros bens, educação, investigação e inovação.

CAPÍTULO 6 – DEMOGRAFIA

6.1 Demografia e Economia

A demografia tem como objectivo analisar os seguintes dados populacionais: crescimento


demográfico, emigração, taxa de natalidade, taxa de mortalidade, expectativa de vida,
distribuição populacional por áreas, faixas de idade, entre outros.

Esta ciência é muito importante, pois os dados gerados por ela servem de base para a
definição de políticas sociais governamentais e também mostram a evolução da qualidade de
vida das pessoas.

Significado: Demo- povo; Grafia- estudo, ou seja, Demografia é o estudo do povo/população.


A demografia é um estudo que engloba desde estudos individuais e dependentes até projectos
do governo em relação à população, como o IDH. Ao definir a sua política (governo) tem duas
opções: estimular ou dificultar novos nascimentos. Medidas como complementação salarial
para auxílio aos pais que têm mais filhos ou aumento de impostos para os jovens de uma
certa idade que ainda não tenham filhos, podem ser chamadas natalistas, pois estimulam o
aumento da taxa de natalidade. Por outro lado, quando o governo sobretaxa o imposto para
pais que têm mais filhos ou desenvolve políticas directas de controlo da natalidade como

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liberação do aborto ou distribuição de anticoncepcionais, está a optar por uma política


antinatalista.

No caso do governo angolano, as políticas demográficas sempre foram pouco aplicáveis.


Oficialmente até o momento, o governo não adoptou uma política antinatalista, o que pode
ser explicado pela intensa influência dos valores católicos e pela ideia, que por muito tempo
dominou a opinião pública, que ao fim do conflito de luta armada em Angola, era necessário
ocupar o vazio demográfico do interior do país. No entanto, a postura natalista, na prática,
nunca foi eficiente em Angola. O que tem acontecido é que a própria realidade social angolana
tem-se acomodado com as políticas natalístas existentes. Porém, este conformismo está
associado aos vários problemas com os quais as famílias angolanas se deparam no seu dia-
a-dia, como por exemplo a grande dificuldade na criação dos filhos devido à falta
de creches e escolas públicas de qualidade;o alto índice de desemprego e os salários baixos,
ao ponto de se sentirem encurralados pelos altos gastos com habitação, transporte,
segurança e alimentação nas grandes cidades; portanto, a tendência tem sido a diminuição
drasticamente na quantidade de filhos e a decisão de ter filhos é cada vez mais tardia
relativamente aos tempos passados.

6.2 Taxa de Natalidade

A taxa de natalidade é um indicador demográfico que mostra a quantidade de nados vivos


numa determinada sociedade, em termos percentuais. Ora, em Angola, neste momento não
se consegue precisar em termos percentuais a velocidade com que ocorreu a diminuição
das taxas de natalidade.

Alguns paíse têm adoptado programas rígidos de controlo demográfico, como por exemplo,
a China. Neste caso, o problema surge tendo conta a falta de educação quanto ao
método anticoncepcional a ser adoptado e, sobretudo pela falta de educação sexual. Mas, é
importante perceber que não existem nem políticas certas e nem políticas erradas, o que cada
Regulador (Estado) tem que fazer é encontrar a política ou o programa adequado à sua
realidade.

Outros factores se referem aos métodos naturais contraceptivos como, por exemplo,
a lavagem vaginal após o coito, coisa que é pouco conhecida, pouco divulgada e ou realizada
após as relações sexuais na maioria dos mais necessitados. Falta de informações sobre

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períodos mais férteis das mulheres também é um método usado só pelas pessoas de classes
media e alta. As classes sociais mais desprivilegiadas são as que mais se reproduzem e as
que mais utilizam os recursos públicos para fazer os partos, alimentar as crianças em idade
escolar (merendas escolares), consumo de remédios e consultas médicas gratuitas em
hospitais públicos.

Enfim, o descontrolo da natalidade ocorre praticamente apenas nas classes mais baixas e
pobres da população e não existe uma política de esclarecimento devido à forte interferência
dos conceitos religiosos muito presentes em tudo o que se refere ao controlo da natalidade
humana.

A população está em explosão demográfica desde a revolução industrial que começou na


Inglaterra no século XIX, na primeira metade desse mesmo século. Apresenta-se de seguida
a evolução da população mundial:

 1 a 2 bilhões de pessoas entre 1804 a 1927 - 123 anos se passaram;


 2 a 3 bilhões de pessoas entre 1927 a 1960 - 33 anos se passaram;
 3 a 4 bilhões de pessoas entre 1960 a 1975 - 15 anos se passaram;
 4 a 5 bilhões de pessoas entre 1975 a 1987 - 12 anos se passaram;
 5 a 6 bilhões de pessoas entre 1987 a 1999 - 12 anos se passaram;
 6 a 7 bilhões de pessoas entre 1999 a 2011 - 12 anos se passaram.

A análise da progressão da população humana indica que esta está a crescer cada vez mais
lentamente (atualmente 1.14% ao ano) e prevê-se que estabilize nos 10 bilhões por volta do
ano 2200. A população mundial é de cerca de 7.281 milhões de pessoas.

6.3 Teoria Demográfica de Thomas Malthus- Malthusianismo

O malthusianismo é uma teoria demográfica criada pelo economista inglês Thomas Robert
Malthus, no final do século XVIII. De acordo com esta teoria, a população mundial cresce em
progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos em progressão aritmética. Esta
teoria foi definida por Malthus no livro Ensaio sobre o princípio da população, escrito em 1798.

Com a sua teoria, Thomas Malthus procurou alertar, sobre os problemas gerados pelo elevado
crescimento demográfico mundial. Malthus defendia que era necessário o controlo da

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natalidade para que não ocorresse, num futuro breve, a falta de alimentos e o aumento
considerável da fome e da miséria no mundo.

De acordo com Malthus, o celibato, o casamento tardio e o controlo da natalidade em países


pobres seriam as principais formas de combater o crescimento populacional desordenado.

6.4 Migrações Humanas Decorrentes da Demografia

As migrações humanas têm ocorrido em todos os tempos e numa variedade de circunstâncias.


As migrações podem ser classificadas em tribais, nacionais, internacionais, de classes ou
individuais. As causas deste fenómeno têm sido políticas, económicas, religiosas, étnicas ou
por mero amor à aventura. Os resultados e as causas das migrações, são fundamentais para
o estudo da etnologia, história política ou social, e para a economia política.

Nas suas origens naturais, podem referir-se às migrações do Homo erectus, depois seguidas
das do Homo sapiens, saindo de África através da eurasiática, usando algumas das rotas
disponíveis pelas terras, para o norte dos Himalaias que se tornaram, posteriormente, a Rota
da Seda através do Estreito de Bering.

A migração forçada tem sido um meio de controlo social dentro de regimes autoritários.
Quando a migração é de livre iniciativa, torna-se o mais poderoso factor, no meio social de
um país, por exemplo, o fenómeno do êxodo rural que tem como consequência o crescimento
da população urbana. Incluem-se neste caso as migrações pendulares referidas abaixo e
também as grandes imigrações, em que os migrantes se fixaram num país diferente, trazendo
a sua cultura e adoptando a do país de acolhimento (por exemplo os povos que vêm de outros
países e fixam-se em Angola).

Os recentes estudos de migrações vieram contrariar esta visão dualista. Como exemplo,
refere-se que boa parte dos migrantes (emigrantes e imigrantes), que nos dias de hoje
mudam de país, continuam a manter práticas e redes de relações sociais que se estendem
entre o país de origem e o de destino, interligando-os na sua experiência migratória. Trata-
se de um "transnacionalismo" que transcende os conceitos de migração temporária e
migração permanente.

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Figura 19 - Principais fluxos migratórios no final do século XX e início do século XXI

CAPÍTULO 7 – AGRICULTURA, BASE DE DESENVOLVIMENTO

7.1 A Agricultura – Conceito e Origem

A agricultura é vista como uma actvidade que envolve um conjunto de técnicas utilizadas no
cultivo de plantas. Ao falarmos da Agricultura dvemos ter em linha de conta que ela não
engloba apenas o cultivo e a cultura de plantas, mas sim, ela também envolve outras
actividades como por exemplo a obtenção de energia, medicamentos, ferramentas, fibras,
matéria-prima para roupas e qualquer outra acção que se inclua nas outras anteriores.

A prática da agricultura surge nas primeiras civilizações humanas, a cerca de 10.000 anos,
na Mesopotâmia, com o cultivo de grãos e criação de ovelhas, tendo sido adoptada como a
base de sustentação das populações. A agricultura em comparação à caça e a colecta, permite
a existência de aglomerados humanos com muito maior densidade populacional. Houve uma
transição gradual na qual a economia de caça e colecta coexistiu com a economia agrícola:
algumas culturas eram deliberadamente plantadas e outros alimentos eram obtidos da
natureza.

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7.2 A Agricultura Tradicional, Moderna e Contemporânea

Do ponto de vista técnico e científico, a evolução da agricultura é dividida em três etapas


principais: tradicional, moderna e contemporânea.

A forma mais rudimentar de cultivo toma o nome de Agricultura tradicional. Ou seja, é aquela
que em que não há intervenção de máquinas ou o uso de pesticidas e herbicidas.
Normalmente é praticada em pequenas propriedades e utiliza policultura, ou seja, cultivo de
vários produtos no mesmo local.

Por outro lado, hoje existe a agricultura moderna, que contrariamente à tradicional, esta
utiliza equipamentos variados, tais como máquinas, tractors, alfaias, máquinas para irrigação,
pesticidas, herbicidas entre outros. Este tipo de agricultura surgiu após a primeira fase da
Revolução Indiuustrial, no fnal do Século XVIII. A agricultura moderna normalmente é de
carácter empresarial, pois, utiliza grandes meios técnicos e tecnologia à disposição,
procurando o máximo de produção com o mínimo de investimento para alcançar o maior lucro
possível.

Ainda, dentro do mesmo contexto, podemos enquadrar o conceito de agricultura


contemporânea, que tal como a moderna, também é caracterizada pela grande utilização de
meios tecnológicos que ampliam a quantidade e a qualidade da produção. Porém, a grande
diferença entre as duas, é que neste caso, a agricultura contemporânea utiliza os transgênios,
que permitem o aumento da produção, diminuindo cada vez mais os custos e facilitando o
manuseio ou então produzindo alimentos com melhor qualidade. O tipo de produção que
advém desta prática, chama-se produção em massa para grandes mercados.

Ao debruçar-se sobre os dois tipos de agricultura anterioes (moderna e contemporânea),


surge o conceito de agroecossistema, isto é, um ecossistema que advém da agricultura.
Nestes agroecossistemas, o patenteamento de sementes (e os conflitos em relação ao
património genético), a poluição das águas superficiais com resíduos de fertilizantes e
pesticidas (herbicidas, insecticidas e fungicidas), a alteração genética de plantas e animais, a
destruição de habitats (com a consequente extinção de espécies animais, vegetais e de
microrganismos), têm criado um movimento ecológico que prega a necessidade de métodos
alternativos de produção (como a agricultura orgânica e a permacultura).

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7.2.1 Problemas Ambientais Provenientes da Agricultura

A prática da agricultura tem agredido consectivamente o ambiente à medida que surgem cada
vez mais inovações nesta área. Assim sendo, apesar da aplicação de várias práticas no sentido
de minimizar os impactos ambientais, ainda assim, os mesmos têm sido alvo de grandes
debates. Os principais problemas registados neste tipo de actidade são numerados abaixo:

 Efeitos nocivos de herbicidas, fungicidas, pesticidas e outros biocidas para


o ambiente;
 Conversão de ecossistemas naturais em terra arável;
 Degradação da biodiversidade;
 Erosão;
 Ervas daninhas;
 Lixiviação de nitrogénio para rios e lagos.

CAPÍTULO 8 – A INDÚSTRIA E OS SEUS REFLEXOS NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO

8.1 Conceito de Indústria

Entende-se por indústria (do latim industria) o conjunto de operações que são levadas a cabo
com a intenção de obter, transformar ou transportar produtos naturais. As empresas
industriais são aquelas incumbidas de transformar a matéria-prima em produtos acabados
para o consumo. Por ex: indústria alimentar, indústria têxtil, etc.

A revolução industrial é o período histórico que teve lugar entre a segunda metade do século
XVIII e inícios do século XIX, durante o qual se assistiu a grandes transformações
tecnológicas, económicas, sociais e culturais. A partir da revolução industrial, a indústria
passou a substituir o trabalho manual, tendo sido mecanizados muitos processos produtivos
que, até então, eram realizados pelos seres humanos.

A segurança industrial é a área multidisciplinar que procura minimizar os riscos na indústria,


geralmente aqueles que estão relacionados com os acidentes que, inclusive, podem ter um

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grande impacto ambiental e afectar regiões inteiras. Por outro lado, a segurança industrial
protege os trabalhadores, com vestuário apropriado e inspecções médicas.

8.2 A Evolução do Processo de Produção

8.2.1 Definição do Sector Industrial

Figura 20 - Sector Industrial

Assim, podemos dizer que o sector industrial é aquele que se dedica à criação e ao
desenvolvimento de produtos industriais, que são susceptíveis de serem fabricados em larga
escala e em série.

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8.2.2 Fases do Processo de Produção Industrial

 Artesanal e Manufactureira

Figura 21 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Nesta fase da indústria verificava-se uma produção reduzida e insuficiente perante uma
procura elevada de bens nas sociedades, facto que incentivou ao homem para mudar e
transformar o processo de produção, de maneira mais especializada. Este incentivo consistiu
na invenção da máquina a vapor, facto que revolucionou todo o processo de produção.

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8.3 O Advento da Revolução Industrial

Figura 22 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Com o aparecimento da máquina a vapor a partir da 1ª Revolução industrial, introduziram-se


novas práticas no processo de produção, não apenas quantitativa mas também
qualitativamente.

A Revolução Industrial surge na Inglaterra, em meados do século XVIII, para suprir algumas
necessidades ao nível da produção, tais como, a quantidade e a qualidade de bens produzidos.

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8.3.1 Conceito de Revolução

Figura 23 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

As revoluções dentro dos sectores e dos processos produtivos são importantes, visto que
surgem sempre para melhorar e quebrar o estado actual das coisas. No caso específico da
Revolução Industrial (R.I.), foi uma mudança que promoveu e ainda tem vindo a promover
grandes transformações no processo produtivo das empresas e nas economias dos países.

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8.3.2 A Primeira Revolução Industrial

Figura 24 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Ao observarmos a Figura acima, percebemos que o processo de mudança no processo de


produção começou pela invenção da máquina, neste caso específico, a chamada máquina a
vapor inventada por James Watt, tendo o carvão como a principal fonte de energia para o
funcionamento do engenho. Surge assim a industrialização mecanizada.

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8.3.3 Industrialização Mecanizada

Figura 25 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Como se pode verificar, esta fase é caracterizada pela mecanização do processo produtivo
que passa pelo uso das máquinas a vapor, cujo resultado foi o aumento considerável e
significativo do volume de produção e também a melhoria da qualidade dos produtos.

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8.3.4 Os Impactos da Revolução Industrial

Figura 26 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Como se pode observar a partir da Figura, que a Revolução Industrial (R.I.), apesar de ter
trazido grandes benefícios para os processos produtivos (quantidade e qualidade dos produtos
acabados), mas em contrapartida, numa primeira fase, a sociedade inglesa deparou-se com
muitos problemas sociais advindos desta mudança secular, tais como: o trabalho infantil2, o
trabalho feminino, um elevado número de horas de trabalho3 e a luta de classes.4

2
Segundo dados históricos, as crianças e as mulheres eram obrigadas a trabalhar em fábricas durante
longos períodos;
3
Aproximadamente 16 horas diárias.
4
A sociedade ficou estratificada em 3 classes: a classe dos senhores capitalistas donos das fábricas e
detentores de todo o capital, a classe dos operários, ou seja, a aqueles que trabalhavam arduamente

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Tabela 22 - As Diferenças entre a Produção Artesanal e a Produção Capitalista

MAQUINOFACTURA
MANUFACTURA
(Produção Capitalista)
(Produção artesanal)

Unidade de produção: fábrica


Unidade de produção: oficina

Produção em grande escala


Produção em pequena escala

Diversificação e especialização dos


Predominância do trabalho manual
instrumentos de trabalho;
Introdução da máquina

A máquina substitui a qualificação técnica


Especialização e qualificação do trabalho
do operário

Divisão do trabalho; o patrão controla os


O trabalhador detém controlo sobre os
meios de produção
meios de produção

Fonte: livro do 8º ano de escolaridade do sistema de ensino português.

Pelas diferenças entre os dois tipos de produção, podemos perceber que o processo de
transição de um para o outro foi marcado por grandes alterações na matriz de produção. Por
outro lado, importa salientar que neste caso, o modelo de produção capitalista apresenta-se
como aquele que melhores resultados tem dado, desde então, ao conjunto de necessidades
dos mercados em geral.

nas fábricas sem condições laborais e cujo trabalho enriquecia cada vez mais os senhores capitalistas e
a classe dos camponeses pobres que não detinham nada em termos de riqueza, e que empobrecia cada
vez mais.

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8.3.5 A Segunda Revolução Industrial

2ª Revolução Industrial

Utilização de novas fonts de energia

- Durante a 2ª R.I. desenvolveram-se novas fontes de energia:

Petróleo e seus derivados


 permitiram o aparecimento do motor de explosão (combustão interna) –
grande utilidade nos transportes.

Electricidade
 muito vantajosa no campo da iluminação, das comunicações e menos
poluente que o vapor e o petróleo.

Com a invenção da máquina a vapor na Primeira Revolução Industrial, o homem foi


melhorando cada vez mais os seus mecanismos dos processos produtivos. Assim, podemos
notar que a uma dada altura o carvão já deixou de ser a fonte de energia preferida para fazer
funcionar as máquinas, havendo necessidade de se procurar outras fontes energéticas, tais
como: o petróleo e seus derivados assim como a electricidade. Estas duas fontes de energia
revolucionaram ainda muito mais os processos produtivos, no sentido de acelerar cada vez
mais a produção, aumentando o volume de produção 5 e melhorando a qualidade dos
produtos.

5
Surgimento do mecanismo e conceito da produção em massa.

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8.3.6 A Terceira Revolução Industrial

Figura 27 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Considerando que o ser humano está sempre insatisfeito e que as sociedades são cada vez
mais exigentes em termos de consumo, a Segunda Revolução Industrial, por si só já não
respondia à tal exigência. Logo, surge a necessidade de se passar daquela para a Terceira
Revolução Industrial6 que consistiu não apenas nas mudanças estruturais em termos de
máquinas dentro do processo produtivo, mas também, nota-se que com o surgimento desta
revolução, o homem cede o seu lugar às máquinas automatizadas 7, criando desta maneira o

6
A chamada Era da Robótica
7
Os robots

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desemprego estrutural, pois, a eficiência das máquinas diminui de forma directa o emprego,
como por exemplo: as máquinas multicaixas que têm uma função polivalente no
campo dos serviços bancários.

8.3.6.1 A Especialização e a Produção em Série

Figura 28 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Podemos perceber que à medida que o mundo se vai desenvolvendo as necessidades


humanas também vão alterando e como tal, as exigências das sociedades são cada vez
maiores e diferentes. Assim, após a era da robótica, surge a necessidade de especializar a
produção que teve como grande foco a chamada Produção em Série, e o desemprego
estrutural consequente do surgimento da era robótica dá origem a um aumento considerável

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 232


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do rendimento das máquinas, reduzindo desta forma o custo de aquisição dos produtos finais
por parte dos consumidores.

8.3.6.2 Trabalho em Cadeia

Figura 29 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Observa-se que à medida que se passa de uma fase para a outra, as melhorias no processo
produtivo vão sendo cada vez maiores e melhores, pois, exemplo disso mesmo é o Trabalho
em Cadeia, como sendo um caso particular da Produção em Série, passa pela maximização

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de todos os recursos durante o processo produtivo, de modo que os resultados sejam os mais
satisfatórios possíveis8.

8.3.6.3 Divisão do Trabalho

Figura 30 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

8
Nota-se que durante o processo produtivo, o facto de os operários não terem necessidade de se
deslocarem dentro da fábrica ao encontro dos equipamentos, eles cansam-se menos, poupam mais
tempo, e, por isso mesmo, são mais eficientes aumentando desta forma o seu nível de produtividade,
visto que cada um especializou-se em uma das tarefas da linha de montagem do produto.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 234


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Outro caso particular da Produção em Série é a Divisão do Trabalho. Tal como no Trabalho
em cadeia, aqui também está visível que cada um dos operários é especializado em uma das
actividades da cadeia de produção.

8.3.6.4 Automatização

Figura 31 - Imagem adaptada do livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema


académico português.

Com a fase da Automatização9 verificamos que a intervenção do homem no processo


produtivo é cada vez mais reduzida, mas em contrapartida, estas fases avançadas de
produção vão exigindo do homem maiores níveis de especialização. Ou seja, se nas fases

9
Na fase de automatização verificamos uma sincronização automática das funções da máquina, como
por exemplo, o processo de empacotamento de frutos secos ou engarrafamento de água ou de
compotas. São muitos os exemplos que podemos evidenciar nesta fase.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 235


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anteriores para fazer funcionar um engenho se calhar não fosse necessário uma graduação
superior, nestas fases mais avançadas para fabricar e controlar os engenhos e os
equipamentos é necessário engenheiros com graus de formação mais elevados.

8.4 Classificação das Indústrias

Pode-se observar que as indústrias se classificam não apenas segundo o nível de utilização
dos produtos, mas também segundo o destino da produção. Quer isto dizer que uma indústria
antes de produzir um determinado bem ou serviço, tem necessariamente de saber se existe
necessidade de tal bem ou serviço, de modo que haja destinatário definido e conhecido. Este
destinatário pode ser uma outra indústria (como mostra o texto dentro da Tabela
classificativa) ou ainda o mercado em geral.

Tabela 23 - Classificação das indústrias

Tipo de Indústria Exemplos


Classificação

Indústria de bens de - As que produzem bens destinados a


equipamento outras indústrias (matérias-primas,
energia, máquinas, ferramentas,…).

- As que fabricam materiais para


outras actividades económicas
Segundo o nível de
(material ferroviário, máquinas
utilização dos
agrícolas, navios…)
produtos ou
destino da Indústria de bens de - Indústrias alimentares, vestuários,
produção consumo calçado, electrodomésticos,
medicamentos, perfumaria,
detergentes, automóveis, mobiliário…

Fonte: livro de geografia do 8º ano de escolaridade do sistema de ensino português.

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8.4.1 Conceitos de Indústria de Bens de Consumo e Bens e Equipamento

Indústrias de Bens de Consumo

Destinadas a satisfazer as necessidades dos consumidores fornecendo produtos


para consumo directo e final (sem finalidade produtiva)

São extremamente diversificadas e lançam no mercado uma infinidade de


produtos.

Geograficamente encontram-se muito dispersas.

Indústrias de Bens de Equipamento

São indústrias que fornecem materiais destinados a fins produtivos, ou seja, o que
se produz destina-se a outras indústrias ou outras actividades económicas.

Geograficamente concentradas (principalmente nos PD´s e principalmente junto a


grandes cidades).

CAPÍTULO 9 - A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA E SOCIAL DOS TRANSPORTES

9.1 Transportes

Entende-se por transporte, o movimento de mercadorias entre locais. O leque de transporte


apresenta diversas características a nível de infraestrutura, veículos e operações comerciais.
Assim, uma infraestrutura pode ser a rede de transporte rodoviária, ferroviária, aérea, fluvial,
tubular, etc. que é usada, assim como os terminais como por exemplo as estradas, os
aeroportos, as estações ferroviárias, os portos, os terminais de autocarro e todo o tipo de
equipamento similar. Alguns veículos tais como automóveis, bicicletas, autocarros, comboios
e aviões, ou as próprias pessoas ou ainda alguns animais, quando viajam a pé, geralmente
trafegam por uma rede qualquer. As operações comerciais estão relacionadas com a maneira
como os veículos operam na rede e o conjunto de procedimentos especificados para o
propósito desejado, incluindo o ambiente legal (leis, códigos, regulamentos, etc.). Políticas,
como, por exemplo, financiar o sistema, podem ser consideradas parte das operações.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 237


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

9.2 Tipos de Transporte

9.2.1 O Transporte Aquático (fluvial e marítimo), Terrestre e Aéreo.

O transporte fluvial é normalmente classificado como um dos meios de transporte mais antigo.
É feito por meio dos rios, que são verdadeiros caminhos natutrais, e é considerado um meio
de transporte de baixo custo operacional, de grande capacidade de carga e baixo custo
energético.

Ainda dentro desta classificação, encontram-se os transportes marítimos, que surgem na


história da humanidade após o homem ter conquistado os rios, tendo em conta que sentiu a
necessidade de explorer os oceanos. O transporte marítimo tem vindo a evoluir ao longo dos
séculos. Hoje em dia, existem navios capazes de transporter mais de 450 mil toneladas numa
única viagem. Num passado remoto o transporte marítimo era considerado o principal meio
de locomoção das pessoas, para se deslocarem de um ponto para o outro. Porém, durante a
Segunda Grande Guerra Mundial, o transporte esta realidade mudou, considerando que surgiu
a necessidade de se investor na Guerra com outros equipamentos de transporte.

Quanto ao transporte terrestre, para além dos automóveis e camiões que circulam pelas
estradas, pode-se identificar dentro desta gama, o transporte ferroviário.

CAPÍTULO 10 - O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS

10.1 O Comércio Internacional

Entende-se por comércio internacional a troca de bens e serviços através de territórios ou


fronteiras internacionais. Na maioria dos países, ele representa uma grande percentagem do
PIB. O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade
(ver rota da seda), mas a sua importância económica, social e política se tornou crescente
nos últimos séculos. O avanço industrial, dos transportes, a globalização, o surgimento das
corporações multinacionais, o outsourcing tiveram grande impacto no incremento deste
comércio. O aumento do comércio internacional pode ser relacionado com o fenómeno da
globalização.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 238


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Exportação é a saída de produtos ou a execução de serviços para um outro país. Esta


operação pode envolver pagamento (cobertura cambial), como venda de produtos, ou não,
como nas doações.

Importação é a entrada de produtos ou execução de serviços provenientes de outro país.

As exportações permitem vender produtos para qualquer país do mundo, seja perto ou
distante. Para a exportação ter sucesso, ela pouco depende do desenvolvimento mercantil no
qual seu sítio de envio está localizado. Tal facto propicia o distanciamento económico de
pontos geograficamente próximos, elevando as possibilidades de disparidade de renda e
diferenças sociais. Além disto, às vezes, os melhores produtos de um país ou território são
preferencialmente direccionados à exportação, assim restando produtos de qualidade pior.
Isso ocorre devido ao poder de compra dos clientes no exterior. Se o preço nacional for
semelhante ao encontrado no exterior, esse fenómeno não costuma ocorrer.

10.2 Desvalorização ou Depreciação de Bens

Desvalorização ou depreciação é a diminuição do valor ou do preço de algo. Esta queda pode


detectar-se a partir da comparação com o valor ou o preço anterior, ou em relação a outras
coisas do mesmo género.

Para a economia e as finanças, a depreciação pode associar-se à desvalorização que é a


diminuição do valor nominal de uma moeda face a uma divisa estrangeira. Isto pode produzir-
se por diversos motivos que se resumem a um aumento da procura da divisa estrangeira e
uma diminuição da procura da moeda local.

Vejamos um exemplo: Num determinado país X, há seis meses, para comprar um dólar
custava apenas 98 unidades monetárias. Seis meses mais tarde, nessa mesma nação, a
compra de um dólar já requeria o investimento de 110 unidades monetárias. A moeda local
(do país X), por conseguinte, sofreu uma depreciação nesses seis meses, pois, fica mais caro
obter outras moedas.

“Os economistas são da opinião de que a depreciação da moeda contribuirá para melhorar a
competitividade do país”. Sobretudo, porque a depreciação da moeda também está anexada

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 239


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

à depreciação dos outros bens. Por exemplo: “Quero vender o meu carro antes que fique
depreciado”.

Geralmente, a depreciação de um produto origina-se por três causas: o desgaste que lhe
causa o uso, a obsolescência ou o passar do tempo. Um automóvel perde valor (ou seja,
deprecia) à medida que aumenta a sua quilometragem, já que o uso afecta o rendimento e o
estado das partes. Um computador, por sua vez, torna-se obsoleto quando começam a surgir
novos modelos que oferecem um funcionamento mais eficiente. Uma casa, por último, reduz
o seu preço de venda quando é antiga.

10.3 Balança Financeira

Balança Financeira é aquela que regista os fluxos que envolvem mudança de titularidade entre
residentes e não residents de activos e passivos financeiros e os fluxos de criação e extinção
de activos e passivos.

A balança financeira comporta cinco tipos de operações:

 Investimento directo
 Investimento de carteira
 Derivados financeiros
 Outro investimento
 Activos de reservas

10.4 Balança de Capitais e o Fluxo Circular (Real e Monentário)

Balança de Capitais é aquela que regista os fluxos entre residentes e não residentes de
transferências de capitais e as aquisições/cedências de activos não produzidos, não
financeiros.

As remunerações pagas pelas Unidades Produtoras criam rendimento para as famílias. As


famílias, por sua vez, têm necessidades que precisam ser satisfeitas pelo consumo de
mercadorias produzidas pelas Unidades Produtoras. As unidades produtoras entregam os bens

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 240


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

e serviços às famílias mediante o pagamento adequado. Portanto, podem-se identificar dois


fluxos principais:

Fluxo Real é aquele que representa, por um lado, o envio dos recursos produtivos das
famílias para as empresas e, por outro lado, o envoi das mercadorias (bens e serviços) das
empresas para as unidades familiares.

Fluxo Monetário é aquele que representa o envio de recursos financeiros das Unidades de
Produção para as Unidades Familiares, como remuneração pelos recursos produtivos
fornecidos anteriormente.

Saldo das transações correntes com o resto do mundo: Saldo do balanço de pagamentos
em conta corrente, acrescido do saldo das transações sem emissão de câmbio.

CAPÍTULO 11 - A URBANIZAÇÃO: TENDÊNCIAS, PROBLEMAS E SOLUÇÕES

11.1 Origem e Crescimento das Cidades

A história da cidade pode ser considerada a história da humanidade. Sempre esteve presente
nas obras dos grandes filósofos da Antiguidade. Segundo esses filósofos, qualquer
desequilíbrio na estrutura das cidades poderia significar perigo para a unidade e organização
da sociedade. Para Ratzel, um dos fundadores da Geografia, a cidade representa uma forma
de aglomeração durável. Utilizando-se o critério de Ratzel e incorporando, podemos definir
uma cidade da seguinte forma: é todo aglomerado permanente cujas actividades não se
caracterizam como agrícolas. A grande concentração de actividades terciárias públicas e
privadas do aglomerado e a forma contínua de espaços edificados onde se dá a proximidade
das habitações da população que vive dessas actividades são atributos que permitem
caracterizar melhor a cidade. De forma muito genérica, pode-se dizer que, nestas condições,
a aglomeração é importante por ser organizada para o trabalho colectivo em actividades não-
agrícolas.

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Como espaço edificado, representando uma massa composta de habitações, a cidade cria
tipos de serviço que somente as formas de organização política são capazes de administrar.
Disso resulta ser ela o centro da vida política da sociedade. Sua história confunde-se com a
do Estado.

Actualmente, cidade pode ter dois tipos de conceito: a cidade é toda a sede de município
(ditada pelo IBGE), ou que, a cidade deve possuir pelo menos, um aglomerado de 10 mil
habitantes (ditado pela ONU). Portanto cidade é todo o aglomerado urbano, envolvendo
características sociais, económicas e culturais em um mesmo ambiente. É importante frisar
que a cidade além de tudo que foi explicitado anteriormente é um local de tomada de decisões,
a cidade é poder. É da cidade que vão sair as ordens que influenciarão todo o território
municipal.

11.2 Urbanização

Urbanização é um processo de agrupamento das características urbanas de uma localidade


ou região, para características urbanas. Usualmente, esse fenómeno está associado ao
desenvolvimento da civilização e da tecnologia. Demograficamente, o termo denota a
redistribuição das populações das zonas rurais para assentamentos urbanos. O termo também
pode designar a acção de dotar uma área com infraestrutura e equipamentos urbanos, o que
é similar a significação dada à urbanização pelo Dicionário Aurélio - Século XXI: "conjunto dos
trabalhos necessários para dotar uma área de infraestrutura (por exemplo, água, esgoto, gás,
eletricidade) e/ou de serviços urbanos (por exemplo, de transporte, de educação, de saúde)".
Ainda pode ser entendido somente como o crescimento de uma cidade. São Paulo, por
exemplo, é uma cidade extremamente urbanizada. Por incrível que pareça os detentores do
título de maiores aglomerações mundiais pertencem aos países emergentes. Tudo isso apenas
reforça a ideia de que quanto mais um país demora em se industrializar, mais rápida é sua
urbanização.

A urbanização é estudada por ciências diversas, como a sociologia, a geografia e


a antropologia, cada uma delas propondo abordagens diferentes sobre o problema do
crescimento das cidades. As disciplinas que procuram entender, regular, desenhar e planear
os processos de urbanização são o urbanismo, o planeamento urbano, o planeamento da
paisagem, o desenho urbano, a geografia, entre outras.

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Figura 32 - Urbanização

11.3 A Super População de Algumas Cidades do Mundo

Este é um fenómeno que decorre de problemas de um crescimento exagerado e descontrolado


de centros urbanos, causando variados problemas sociais, económicos culturais entre outros.

Para ultrapassar esta problemática, os governos têm aplicado políticas estratégicas no sentido
de encontrar o equilíbrio, de modo que os sistemas económico-sociais não fiquem tão
afectados a ponto de criar entraves ao processo de crecimento e desenvolvimento económico,
tão necessário para a vida das populações.

Contudo, paradoxalmente tem-se verificado que a medida que mundo caminha para um nível
de crescimento e desenvolvimento mais elevado, este fenómeno da super população de
algumas cidades tem-se agravado, considerando o aumento demográfico em algumas
sociedades mais jovens (como por exemplo Angola), onde as políticas demográficas
(planeamento familiar entre outras) ainda não são evidentes e tão aplicáveis. Porém, é
necessário ter em conta que quanto mais jovem a população maiores são as oportunidades
que podem ser criadas quanto ao emprego, educação, saúde entre outros.

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Assim, verifica-se que as cidades abaixo indicadas na Tabela têm-se debatido com o fenómeno
em causa.

Tabela 24 - Hierarquia das maiores aglomerações urbanas no mundo, em 1990 e 2015.

1990 2015

Aglomeração País População Aglomeração País População


Urbana (milhões) Urbana (milhões)

Tóquio Japão 25.085 Tóquio Japão 27.190

Nova Iorque EUA 16.056 Dacca Bangladeche 22.766

Cidade do México México 15.311 Bombaim Índia 22.577

São Paulo Brasil 15.100 São Paulo Brasil 21.229

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Tabela 25 - Hierarquia das maiores aglomerações urbanas no mundo, em 1990 e


2015.Hierarquia das maiores aglomerações urbanas no mundo, em 1990 e 2015.

1990 2015

Aglomeração País População Aglomeração País População


Urbana (milhões) Urbana (milhões)

Xangai China 13.342 Deli Índia 20.884

Bombaim Índia 12.308 Cidade do México 20.434


México

Los Angeles EUA 11.456 Nova Iorque EUA 17.944

Buenos Aires Argentin 11.180 Jacarta Indonésia 17.268


a

Osaca Japão 11.035 Calcutá Ìndia 16.747

Calcutá Índia 10.890 Carachi Paquistão 17.197

Pequim China 10.819 Lagos Nigéria 15.966

Seul Coreia 10.544 Los Angeles EUA 14.494


do Sul

Rio de Janeiro Brasil 9.689 Xangai China 13.598

Paris França 9.329 Buenos Aires Argentina 13.185

Moscovo Rússia 8.837 Manila Filipinas 12.579

Fonte: UN-HABITAT, 2003, Disponivel em


http://www.unhabitat.org/pmss/redpage.asp?page=download&alt=1&publicationID=1156

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11.4 População Rural e Urbana

Entende-se por população rural aquela que habita nas zonas rurais, isto é, for a das cidades,
onde o nível de crescimento económico é reduzido ou mesmo inexistente. Por outro lado, a
população urbana é aquela que habita nas zonas urbanas, isto é, cidades onde se regista um
nível de crescimento economico elevado e muitas vezes um desenvolvimento sustentável
considerável.

Actualmente, verifica-se que a medida que as sociedades vão crescendo e desenvolvendo em


termos económicos, o êxodo rural (movimento das populações das zonas rurais para as zonas
urbanas) vai aumentando, deixando as zonas rurais quase desertas e as zonas urbanasmais
superlotadas. Porém, é necessário que se criem políticas de crescimento em zonas rurais de
modo que se tornem mais atrativas para as populações, evitando assim o êxodo rural
exagerado. O gráfico que se segue ilustra este fenómeno, onde o traço cheio (__) indica a
quantidade de população urbana que tende a aumentar. E o tracejado (_ _ _) indica a
diminuição da população rural.

Figura 33 - População Rural e urbana no Mundo (1950 - 2050).

11.5 O Fenómeno da Urbanização em Países Pobres

A urbanização em países pobres ocorre de maneira explosiva, ou seja, ocorre muito rápido,
fazendo com que as cidades alvo não tenham tempo para se adaptar à sua infraestrutura
gerando muitos problemas sociais, como:

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 Formação da periferia;
 Violência;
 Problemas com o transporte público.

Esses problemas somente acontecem nos países subdesenvolvidos, pois grande parte da
população rural migra para uma cidade desenvolvida, e em países pobres há poucas cidades
que sejam alvo de migrações.

Em países desenvolvidos, ocorre o contrário do que em países subdesenvolvidos. A


urbanização em países desenvolvidos é muito lenta e existem muitas cidades alvo. Essas
cidades têm o tempo de preparar a sua infraestrutura e conseguem dar conta de um grande
número de pessoas. Exemplo: A Inglaterra está no processo de urbanização há 250 anos, o
Brasil há apenas 50, enquanto Angola está neste processo.

Figura 34 - Consequências de uma urbanização acelerada

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Figura 35 - Planisfério

1. O Continente Africano fica localizado:


A) No Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul e no Hemisfério Oriental e Ocidental;
B) No Hemisfério Sul e no Hemisfério Ocidental;
C) No Hemisfério Norte e no Hemisfério Oriental;
D) No Hemisfério Norte e no Hemisfério Ocidental.

2. O ponto mais a Sul é:


A) O Cabo da Boa Esperança na África do Sul.
B) O Cabo das Agulhas na África do Sul
C) A cidade do Cabo na África do Sul.
D) A ilha de Madagáscar em Madagáscar.

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3. Os lugares assinalados no mapa da Figura 1 com as letras A e B têm o mesmo


valor de Longitudes porque se encontram no mesmo...
A) Continente.
B) Hemisfério.
C) Paralelo
D) Semimeridiano.

4. O ponto mais elevado do continente africano é:


A) O monte Kilimanjaro, localizado na Tanzânia, com 5 895 metros de altura.
B) O monte Kilimanjaro, localizado na Tanzânia, com 12 895 metros de altura.
C) O monte Kilimanjaro, localizado em Angola, com 5 895 metros de altura.
D) A Serra da Leba localizada em Angola, com 2 895 metros de altura.

5. O relevo do continente africano é na sua maioria constituído por:


A) Planaltos
B) Planícies
C) Praias
D) Montanhas

6. África é atravessada por três grandes paralelos terrestres:


A) De Norte para Sul Equador, Trópico e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de
Greenwich, no sentido Este-Oeste.
B) De Este para Oeste Equador, Trópico e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de
Greenwich, no sentido norte-sul.
C) De Leste para Este Equador, Trópico e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de
Greenwich, no sentido Norte-Sul.
D) As afirmações A e C estão correctas.

7. As migrações quanto ao espaço podem classificar-se…


A) Externas ou internas.
B) Permanentes ou temporárias.
C) Legais ou ilegais.
D) Forçadas ou voluntárias.

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8. Uma migração é externa intercontinental quando…


A) A deslocação é feita para um país que se localiza no mesmo continente.
B) A deslocação é feita para um país que se localiza num outro continente.
C) A deslocação é feita dentro do mesmo país.
D) A deslocação é diária.

9. O êxodo rural é uma migração…


A) Externa de saída do campo para a cidade.
B) Externa de saída da cidade para o campo.
C) Interna de saída do campo para a cidade.
D) Interna de saída da cidade para o campo.

10. As migrações pendulares são movimentos…


A) Sazonais por motivos laborais.
B) Sazonais por motivos turísticos.
C) Sazonal da população de casa para o trabalho e do trabalho para casa.
D) Diário da população de casa para o trabalho e do trabalho para casa.

11. O desenvolvimento dos transportes tem permitido…


A) O aumento da distância tempo.
B) O aumento da distância custo.
C) A diminuição da acessibilidade.
D) A diminuição da distância tempo.

12. Quanto menor a distância tempo…

A) Maior é a acessibilidade

B) Menor é a acessibilidade.

C) A acessibilidade mantém-se.

D) A acessibilidade deixa de existir.

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13. O desenvolvimento dos transportes tem sido fundamental…

E) Na diminuição do isolamento das áreas desfavorecidas, principalmente as rurais.

F) Na diminuição das trocas comerciais, entre países ou entre regiões de um mesmo país, o
que promove o aumento da produção.

G) Na diminuição do intercâmbio cultural.

H) Na diminuição da atividade económica.

14. Os países africanos de língua oficial portuguesa são:

I) Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

J) Angola, Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

K) Angola, Moçambique, Guiné-Equatorial, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

L) Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, África do Sul, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

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Documento 1

“A balança comercial obteve um resultado de USD 11,4 mil milhões no primeiro trimestre deste
ano, essencialmente devido às receitas do petróleo. Os dados constam do último relatório do
Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o Comércio Externo, relativo ao primeiro trimestre
de 2014.
Neste período, lê-se no documento que acaba de ser concluído, a balança comercial de Angola
teve um saldo na ordem dos USD 11.470 milhões, “como resultado do comportamento do preço
do petróleo, principal produto de exportação de Angola”.
Face ao primeiro trimestre de 2013, as exportações caíram este ano cerca de 10,55 por cento,
enquanto as importações, no mesmo período, registaram uma diminuição de 22,64 por cento,
segundo os dados do INE.
Fonte: Agência Lusa - http://www.redeangola.info/balanca-comercial-com-usd-114-
mil-milhoes-de-lucro/

15. A balança comercial que melhor ilustra o comércio em Angola, no período


considerado pelo documento 1 aparece designada na Figura 2 com a letra C, por
isso:

A) A balança comercial de Angola, no 1º trimestre de 2014 pode ser designada como


balança comercial deficitária.

B) A balança comercial de Angola, no 1º trimestre de 2014 pode ser designada como


balança comercial nula.

C) A balança comercial de Angola, no 1º trimestre de 2014 pode ser designada como


balança comercial positiva.

D) Nenhuma das afirmações estão correctas.

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Observe com atenção a pirâmide etária da figura

Figura 36 - Pirâmide etária do Quénia

16.Esta pirâmide etária pode representar a estrutura etária de um país como:


A) A China.
B) A França.
C) Estados Unidos da América.
D) Moçambique.

17. O comércio internacional em África Subsariana é dominado pela:

A) Exportação de produtos primários, de baixo valor, e pela importação de produtos


industriais de valor mais elevado.
B) Exportação de produtos primários, de elevado valor, e pela importação de produtos
industriais de valor mais elevado.
C) Exportação de produtos industriais, de baixo valor, e pela importação de produtos
industriais de valor mais elevado.
D) Exportação de produtos indústria, de baixo valor, e pela importação de produtos
industriais de valor mais elevado.

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Observe o mapa seguinte com atenção:

18. Ao nível da dimensão geográfica, África é:

A) O maior continente do mundo.

B) O terceiro maior continente do mundo.

C) O menor continente do mundo.

D) O sétimo maior continente do mundo.

SOLUÇÕES

1. A
2. B
3. D
4. A
5. A
6. A
7. A

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8. B
9. A
10. D
11. D
12. A
13. A
14. A
15. C
16. D
17. A
18. B

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FREITAS, Eduardo De. "Os recursos naturais "; Brasil Escola. Disponível em
<http://www.brasilescola.com/geografia/os-recursos-naturais.htm>.
2. SARAIVA Helena, Unidade 5 — Recursos Naturais: utilização e consequências Planeta
Terra — 8.º ano.
3. MOREIRA, João Carlos e SENE Eustáquio de Geografia geral e do Brasil- espaço
geográfico e globalização – Ed. Scipione – São Paulo – 2010 – 560 páginas.
4. ADAS, Melhem e ADAS, Sérgio. Panorama geográfico do Brasil – contradições,
impasses e desafios socio espaciais – Ed. Moderna – São Paulo – 2009 – 456 páginas.
5. LUCCI, Elian Alabi, LAZARO BRANCO, Anselmo e MENDONÇA, Cláudio. Território e
sociedade no mundo globalizado – Geografia geral e do Brasil – Ed. Saraiva – São Paulo
– 2006 – 576 páginas.
6. CANO, W. (1994). Industrialização, Crise, ajuste e Reestruturação. In: O Mundo do
Trabalho. Campinas. IE.
7. COUTINHO, L. (1992). A Terceira Revolução Industrial. Economia e Sociedade, n. 1.
IE, Campinas.

8. TAVARES, M.C. (1992). Ajuste e Reestruturação nos Países Centrais a modernização


conservadora. Economia e Sociedade, n. 1. Campinas/ IE.
9. FREITAS, Eduardo De. "Primeira Revolução Industrial"; Brasil Escola. Disponível em
<http://www.brasilescola.com/geografia/primeira-revolucao-industrial.htm>.
10. PRODUÇÃO – Dossiê: Organização do Trabalho e Economia. Belo
Horizonte: ABEPRO, número especial, Agost. P> 43 – 115, 2000.
11. LEFEBVRE, Henry. O direito à cidade. São Paulo:Moraes.1991. A Revolução Urbana.
Belo Horizonte: Editora UFMG,1999.
12. SOUZA, Maria Adélia A.O II PND e a política urbana brasileira: uma contradição
evidente. In: DEÁK, Csaba & SCHIFFER, Sueli Ramos (Orgs).”O processo de
Urbanização no Brasil”. 1.ed.,São Paulo: EDUSP,1999.
13. SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização. São Paulo: texto,
2001. (Representando a Geografia).
14. SOUSA, Rainer Gonçalves. "Segunda Revolução Industrial"; Brasil Escola. Disponível
em <http://www.brasilescola.com/historiag/segunda-revolucao-industrial.htm>

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15. MORAES, Paulo Roberto. Geografia geral e do Brasil – Ed. Harbra – São Paulo – 2010
– 690 páginas.

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HISTÓRIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
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HISTÓRIA

CAPÍTULO 1 – O TRÁFICO DE ESCRAVOS EM ÁFRICA

Tráfico faz referência a um comércio ilegal ou contrabando;por sua vez, escravo faz alusão a
um ser humano que se encontra numa situação de dependência absoluta de alguém (seu
dono). A palavra “escravo” provém do eslavo, pois, como se sabe, os eslavos eram os únicos
povos da Europa Central vendidos na Idade Média.

1.1 Antecedentes do Tráfico de Escravos

Contrariando o que muita gente pensa, a escravatura é uma prática social que não teve início
com o tráfico de escravos no século XV, mas sim com as primeiras civilizações da história da
humanidade (civilização egípcia, grega e romana). Desde a antiguidade tem sido uma das
formas de domínio do Homem pelo Homem. No Egipto Antigo, na Grécia, em Roma, nos
Estados africanos da Idade Média por exemplo, já se praticava escravatura. Nesses tempos,
os trabalhos exercidos pelos escravos, bem como o lugar onde trabalhavam eram diferentes
da escravatura que os europeus praticaram a partir do século XV.

Em função das regiões e dos tempos, os escravos trabalhavam nas terras dos donos, serviam
nas cortes ou nas grandes casas como domésticos, tomavam conta das esposas dos seus
donos, constituíam forças de exércitos, trabalhavam nas plantações e nas minas, entre
outros.

Na história da humanidade, a escravatura era uma prática legal que envolvia formas de
tratamento extremamente desumanas em relação aos escravos. Primeiro, na Grécia e Roma
antigas e, mais tarde, na Europa e nas Américas, a partir do século XVI com o comércio de
escravos.

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1.2 Escravatura Doméstica ou Africana

À luz do resto do mundo, África também conheceu a escravatura colocando-a em prática


desde os tempos antigos. Mas, esta prática era muito diferente relativamente àquela praticada
pelos europeus, no início do tráfico de escravos (no século XV). O conteúdo, a essência e os
destinos eram outros no Continente negro.

De um modo geral, a escravatura em África era considerada como uma punição, como o não
pagamento dos impostos ou como castigo contra os crimes que não eram passíveis de pena
de morte, adultério por exemplo. Mas, estes escravos na África negra, podiam casar-se com
as filhas dos donos, substituir um chefe na sua ausência, possuir bens, ser servidores, aceder
a altos cargos nos Estados como na administração e nos exércitos. Com o decorrer do tempo,
muitos eram libertados e podiam optar entre regressar às terras de origem, continuar na
mesma terra ou ainda escolher novas localidades para se instalarem.

Eram extremamente raros na África Negra grandes terras agrícolas, fazendas, ou oficinas
artesanais empregando mão-de-obra baseada no trabalho escravo. Portanto, a sociedade não
vivia dos bens produzidos pelos escravos.

Nesta época, os escravos eram repartidos em África em duas categorias: os escravos de casa
ou domésticos - conjunto de escravos nascidos, em princípio, na casa dos seus mestres e os
escravos de guerra que acabavam por juntar-se aos escravos domésticos ao fim de algum
tempo.

Os filhos dos escravos beneficiavam do estatuto de escravos de casa e os donos não tinham
o direito de os vender ou maltratar. Recebiam a mesma educação que os filhos dos mestres
e as suas mães não podiam ser vendidas antes de terminar o desmame. É verdade que as
condições de vida desses escravos não eram as mesmas em todo o lado, visto que o seu
destino dependia, em grande parte, da situação social dos seus donos. O costume reconhecia
aos mesmos a possibilidade de conservar a metade dos seus bens. Isto permitiu, por outro
lado, a alguns comprar a própria liberdade.

Não obstante o escravo em África ter, nesse período, um estatuto diferente, não se deve
pensar que esta situação, na sua essência, fosse igual à de indivíduos livres e nobres. Não se
deve perder de vista esta relatividade, pois os escravos, na sua generalidade, eram
considerados “propriedade” e, como tal, submetidos a leis que assumiam a sua conservação.
Por exemplo, pertenciam aos outros bens móveis e imóveis que eram transmitidos por

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herança aos descendentes dos mestres, embora a lei proibisse a venda dos escravos de casa.
Enfim, apesar do carácter complexo do seu estatuto, em geral em África, a sua condição e
vida eram fundamentalmente diferentes da escravatura praticada nas plantações das
Américas.

1.3 O Início e Evolução do Tráfico de Escravos

A necessidade de ouro e de especiarias, nos finais do século XIV e princípios do século XV,
levou os europeus a procurarem um caminho marítimo para Índia. Essa necessidade da
Europa levou-os a lançarem-se numa campanha de expansão através do Oceano Atlântico.

A conquista de Ceuta10 pelos portugueses em 1415 abriu caminho à expansão europeia no


século XV e o contacto com o continente africano. Este contacto prosseguiu na costa atlântica
por um período de um século até chegar ao Oceano Índico.

No entanto, o fenómeno mais durável que é consequência da expansão foi o tráfico de


escravos, que teve início em 1441, quando Antão de Gonçalves e Nuno Tristão,
desembarcando na costa africana, capturaram um homem e uma mulher. No decorrer de uma
outra incursão, ao defenderem-se dos negros, mataram três e capturam dez que levaram
para Lisboa. Desta forma, deu-se o início do tráfico de escravos.

Em 1444, Lançarote de Lagos levou 263 escravos e vendeu-os facilmente. Numerosos árabes
arrancados assim pela força da costa de África foram conduzidos a Portugal. Com esses
escravos pretendia-se demonstrar que se tinha chegado ao país dos negros e satisfazer a
curiosidade dos seus compatriotas. Os primeiros escravos foram levados de África para a
Europa com o objectivo de satisfazer a curiosidade dos europeus que nunca tinham visto um
homem negro. Com o decorrer do tempo, os portugueses acharam que, a par do marfim,
ouro em pó, goma-arábica e pimenta (o que primordialmente lhes interesava), era também
lucrativo comprar escravos e revendê-los aos clientes de Lagos e de Lisboa que utilizavam
essa mão-de-obra na agricultura e nos trabalhos domésticos. Mas, tal como foi anteriormente

Ceuta é uma região de Marrocos. A conquista deste território marcou o início da expansão marítima
10

europeia e das conquistas.

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salientado, já havia escravatura em África antes da chegada dos europeus. Estes apenas
deram um novo sentido às práticas correntes em África naquela época.

Os primeiros escravos arrancados de África tinham como destino a Europa, onde trabalhavam
como criados domésticos. Não foi necessário muito tempo para que os portugueses se
apercebessem de que havia muito a ganhar, se, para além do ouro e do marfim, levassem
também o escravo, que lhes era vendido na costa. Isto quer dizer que, inicialmente, os
escravos saíam de África com destino à Europa onde se tornavam adjuntos em várias
profissões. Mas como foram parar os escravos africanos às Américas?

A chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492 marca uma viragem na história da


humanidade, em geral, e da África, em particular. A América transformou-se no novo mundo,
o que fez com que portugueses e espanhóis criassem a exploração mineira e as plantações
de cana-de-açúcar, café e algodão, as quais exigiam muita mão-de-obra. Quando os europeus
chegaram à América, encontraram povos nativos, os Ameríndios, ou seja, os índios da
América.

Por conseguinte, os europeus precisavam de homens para trabalharem nas suas plantações
e nas minas e quem seriam os trabalhadores? Como se deve imaginar, os ameríndios que
foram reduzidos à servidão e ao trabalho nas plantações. Mas, por falta de hábitos e
habilidades, morriam ou fugiam o que constituía uma perda para as plantações nas Américas.
Foi assim que Bartolomeu de Las Casas, bispo espanhol no México, propôs aos reis de Espanha
o aumento do número de colonos espanhóis e que os índios fossem substituídos por negros
mais robustos, dóceis e mais habituados ao clima tropical. Foi assim que o tráfico de escravos
mudou de rota: os escravos passaram a sair de África com destino à América.

O tráfico de escravos deu origem a um circuito comercial que se designou de comércio


triangular, iniciado em 1510, quando a Espanha ordenou o primeiro transporte de escravos
para a América. Este comércio era praticado entre a Europa e a África, com a cumplicidade
dos chefes africanos, e a América. Portugal apenas iniciou o comércio triangular em 1518
quando recebeu uma autorização por parte da Espanha. Este comércio durou até o século
XIX.

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Figura 37 - Mapa Representando o comércio triangular.

No século XV, as primeiras deportações de negros para fora do Continente, e como força de
trabalho, pertencem aos espanhóis e portugueses que, como recentes conquistadores do
século, pretendiam substituir a mão-de-obra local (Índia). Isto acabaria por provocar a morte
de centenas de índios.

Espanhóis e portugueses proporcionaram a quantidade de escravos necessários, surgindo,


assim, uma imensa prática de comércio com seres humanos jamais vista no mundo. De fluxo
fraco nos primeiros tempos, estas trocas foram crescendo exponencialmente quando as
potências europeias, Portugal e Espanha, foram secundadas pela Holanda, Inglaterra e
França, que viriam a montar um sistema devidamente organizado e estruturado.

As regiões costeiras, embora servindo, regra geral, de pontos de concentração, foram as mais
afectadas. Durante os séculos seguintes, a costa atlântica era denominada "Costa dos Grãos",
"Costa de Marfim", e mais tarde "Costa de escravos". Existem testemunhos segundo os quais
muitos chefes de guerra e soberanos africanos participaram também nesses raptos e vendas.

Antes de serem levados para fora do continente, os escravos negros eram vendidos
internamente e transferidos de uma região para outra em função das necessidades de mão-
de-obra nas plantações de cana-de-açúcar e de algodão, recentemente criadas. Esses
escravos eram trocados por cavalos muito procurados nos Estados sudaneses, principalmente
pelos portugueses. A título de curiosidade, em 1450, um cavalo era trocado por 12 escravos.

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1.4 O Início e Evolução do Tráfico de Escravos em Angola

Desde 1482 que os portugueses iniciaram contactos com os territórios que hoje fazem parte
de Angola, o que marca para sempre a sua história. A “descoberta” das Ilhas de São Tomé e
Príncipe (1469-1474) e a sua transformação em terras de cultivo da cana-de-açúcar, cultura
muito procurada naquela altura na Europa, foi um dos elementos internos que contribuiu para
início do tráfico de escravos em Angola.

A partir de 1493 iniciou-se o povoamento da ilha de São Tomé por degredados portugueses.
Este facto veio promover contactos mais frequentes daqueles com a costa Ocidental africana
cujo objectivo era fornecer à ilha a mão-de-obra escrava necessária ao cultivo da cana-de-
açúcar.

Assim começou o tráfico de escravos entre São Tomé, a Costa de Loango e o Porto de Mpinda
(partes integrantes do reino do Kongo), a partir de 1500. A autorização foi concedida pelo Rei
do Kongo, Nzinga Nkuvu, a pedido do Rei português, que permitiu que alguns comerciantes
de S. Tomé praticassem o tráfico dentro do próprio reino do Kongo e ao longo da Costa de
Loango.

Além disso, a situação da Ilha permitiu que ela fosse então um porto de escala na rota das
índias, enquanto o cultivo da cana provocou o enriquecimento rápido dos colonos ali fixados.
Durante o século XVI, todos os contactos entre o reino do Kongo e Portugal passavam
obrigatoriamente por São Tomé. As rotas terrestres até então mais utilizadas foram sobretudo
as que ligavam Mpinda a M’Banza Kongo e de M’Banza kongo a Mpumbu; de Loango a
Mpumbu e Nzetu a M’Banza Kongo, passando por Bembe e Tomboco.

Com efeito, os manis11 das províncias costeiras do Soyo e Mbamba pretenderam obter
benefícios pessoais com o tráfico, favorecendo, o estabelecimento de relações directas com
os comerciantes portugueses. Foi ainda intenção destes, apoderarem-se gradualmente da ilha
de Luanda, quando se aperceberam da sua importância. A recolha de Zimbos era monopólio
da coroa portuguesa que, segundo as suas conveniências, restringia ou aumentava a
quantidade e o valor daquele meio de troca.

11 Os manis eram governadores do reino do Kongo

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Dos produtos que sustentavam as trocas desde o início desta relação, alguns eram trazidos
da Europa como os tecidos, tapetes, bacias de metal, tamboretes, arcabuzes e mosquetes,
sinos, vidros, quinquilharias, bebidas e facas. Os outros eram produzidos no próprio reino do
Kongo como os panos ráfias (libongo), peles, marfins, madeiras de tacula, sal, cobre e
finalmente escravos, provenientes do Mpumbu e do Cuango, regiões que faziam fronteira com
o Kongo.

Logo nos primeiros anos do século XVI, alguns cativos foram trocados por produtos europeus.
Esta prática foi-se generalizando, estimulada pelos comerciantes portugueses que viram nela
a possibilidade de obter mão-de-obra para S. Tomé onde tinham iniciado o cultivo da cana-
de-açúcar.

A aquisição de cativos de guerra foi inicialmente controlado pelo Rei do Kongo. Contudo, a
procura cada vez maior pelos portugueses levou os manis das províncias à captura de homens
das aldeias vizinhas do reino, regiões de Ocanga, Mpumbu, Ndembo, Matamba e Ndongo.

A fim de obterem produtos europeus através de troca, os manis organizavam expedições


militares durante as quais capturavam homens e mulheres. Em 1514, dois comerciantes
portugueses participaram de um grupo armado que assaltou terras do Ndongo onde
aprisionou cerca de 400 pessoas.

A frequência de actos deste género, veio dificultar o seu controlo por parte das autoridades
de Mbanza Kongo, porque os capturados nas guerras contra os estados vizinhos, não
constituíam um número suficiente para suprir as necessidades. Desta forma, capturava-se
também os próprios filhos do Kongo. Por isso, o reino de Nzinga a Mbemba, escrevia em
1526, que por vezes eram aprisionados “filhos da terra”, o que prova que dentro do próprio
reino o controlo sobre o tráfico não era eficaz.

A partir de 1530 a colonização portuguesa no Brasil baseou-se igualmente na exploração da


cana-de-açúcar, o que fez com que a procura de mão-de-obra escrava aumentasse
constantemente. Consequentemente, durante o século XVI, a exploração de escravos
intensificou-se por parte dos traficantes recorrendo a todos os meios.

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1.5 As Consequências do Tráfico de Escravos

O tráfico de escravos provocou várias consequências nefastas para o continente africano, quer
no âmbito demográfico quer no económico, social e cultural. Algumas das consequências são
ainda hoje visíveis e constituem um grande entrave para o desenvolvimento do continente
berço da humanidade.

1.5.1 As Consequências Demográficas

O tráfico atingiu sobretudo os elementos mais vigorosos da população africana, o que


provocou o enfraquecimento demográfico e o subpovoamento do continente. Com efeito, a
transferência de milhões dos melhores produtores cultivadores, ferreiros, tecelões e
reprodutores e o extermínio de tantos outros milhões através de guerras, razias, fadiga e
doenças contribuíram para que a população africana diminuísse, enquanto o resto da
população do globo se encontrava em franca expansão.

De facto, se agregarmos a todos estes factores os tristes casos de epidemias a bordo dos
navios e que dizimavam uma boa parte de escravos que eram deitados ao mar; de mortos
durante as revoltas a bordo destes navios; de fuzilamentos aquando dos embarques a partir
dos portos de concentração; das perdas durante as campanhas de caça, de compra e venda,
etc... torna-se impossível determinar o número de mortes.

A metodologia mais utilizada para o efeito é a “contagem” a partir de diversos sítios, locais,
fontes, etc., tais como: locais de compra e de captura; locais de acolhimento - as feitorias; e
locais de desembarque e venda. De facto, o método mais simples e mais seguro é recorrer
aos registos dos navios negreiros, das capitanias das grandes cidades europeias e das grandes
casas comerciais ligadas ao tráfico.

Um dos maiores especialistas do tráfico negreiro, o afro-americano W. Du Bois12, forneceu as


estimativas de números de escravos levados para a América, utilizando os mais variados
métodos:

12 William Du Bois (1868-1963) foi um pan-africanista afro-americano.

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- 900.000 no século XVI; 2.750.000 no século XVII; 7.000.000 no século XVIII; 4.000.000
no século XIX, o que dá um total de 15.000.000. Após novas investigações, foi estabelecido
que o total de negros/escravos - homens, mulheres e crianças - ascendia aos 100.000.000.
Como se pode constatar, é um número extremamente elevada para a Africa de então.

Este número de mortes provocou uma queda demográfica sem precedentes seguida,
previsivelmente, de uma longa estagnação. Nunca a humanidade tinha conhecido e jamais
conhecerá um genocídio desta amplitude; nunca o “racismo”, tinha feito tantas vítimas.

Figura 38 - Os escravos a serem embarcados para a América.

1.5.2 As Consequências Económicas

O tráfico de escravos provocou a estagnação, a paralisia das forças produtivas na África negra,
comprometendo, durante décadas o seu desenvolvimento. O tráfico atingiu, em primeiro
lugar, a população activa, os mais vigorosos e portadores de futuro a saber: jovens, mulheres,
homens e crianças. Como consequência, a procriação e a fecundidade ficaram também
comprometidas por várias décadas.

O tráfico veio instaurar relações comerciais de um novo tipo, em que o escravo equivalia a
uma moeda, a uma cabeça de gado ou barra de sal. Sob o ponto de vista económico, os
resultados foram: a redução da capacidade produtiva das sociedades, devido às deportações

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e à insegurança; a instauração da fome e o aparecimento de epidemias em populações


esfomeadas ou enfraquecidas.

Como a principal mercadoria era o homem, não havia estímulo para a produção destinada ao
mercado. Os africanos passaram a produzir mais para o consumo, o que fez com que certas
mercadorias passassem a ser trazidas da Europa, tais como instrumentos e tecidos, o que fez
declinar o artesanato tradicional.

Ainda no que tange ao aspecto económico, em troca de escravos, a Europa disponibilizava


aos estados e negociantes africanos, mercadorias de valor insignificante e produtos
exageradamente avaliados relativamente à sua raridade. Os esclavagistas europeus
distribuíam pólvora e armas de fogo aos negociantes, e embora de má qualidade, serviam,
sobretudo, para aumentar o número de capturados, o consumo de álcool, etc. Esta situação
gerou uma nova ordem caracterizada pela insegurança e instabilidade, gerando
consequentemente, a miséria e a fome.

De uma forma geral, houve retrocesso das forças produtivas. Os povos agricultores voltaram
ao estado de recolectores e as populações sedentárias viram-se forçadas a deslocarem-se
para o interior, construindo barreiras sobre os lagos em busca de refúgio.

Em suma, privada da força de trabalho necessária, África confrontou-se com o atraso e


subdesenvolvimento.

1.5.3 As Consequências Políticas e Culturais

O tráfico permitiu a criação de novos poderes políticos em detrimento dos antigos. O recuo
generalizado do islamismo permitiu o aparecimento de novos Estados, essencialmente
guerreiros e dominados por uma aristocracia militar. A desagregação do Império Songhai,
depois da conquista marroquina em 1591, deu origem a uma multiplicidade de Estados
minúsculos como Oyo, Daomé, Achanti, Benin, etc. que se encontravam em guerra
permanente uns com os outros.A desagregação dos antigos conjuntos políticos e a perda de
autoridade dos chefes tradicionais africanos tornam-se um facto consumado.

O tráfico de escravos provocou a desvalorização da cultura africana, dando primazia à cultura


Ocidental. As sociedades negro-africanas passaram a encontrar-se em profunda crise moral

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e espiritual. Do mesmo modo surgiram estigmas e teorias não científicas contra o homem
negro. De salientar que ainda se manifestam essas sequelas pois o continente jamais teve
tempo de emergir deste passado, de esquecer e levar adiante projectos verdadeiros e
duradouros de desenvolvimento.

Verificou-se, de imediato, a colonização, quase tão devastadora quanto o tráfico negreiro,


seguida da remodelação das fronteiras étnicas e populacionais. Emergiu a nova Ordem
mundial: o neocolonialismo e a globalização em condições de inferioridade material para a
África.

1.6 Os Movimentos de Abolição do Tráfico de Escravos e da Escravatura

As correntes e ideias sobre a abolição do tráfico de escravos ficaram conhecidas como


abolicionismo. É um facto dizer que o tráfico de escravos e a escravatura não foram abolidos
por factores filantrópicos. Não foi por amor aos africanos ou reconhecimento do mal que se
lhes fazia, que se aboliu o tráfico de escravos.

Os movimentos opostos ao desumano tráfico de seres humanos apareceram no século XVIII


(segunda metade) em alguns círculos civis e religiosos mais esclarecidos, sobretudo na
Europa, e principalmente, na Inglaterra, onde encontraram um terreno político e económico
mais fértil e, fora dela, nomeadamente em meios africanos.

Na Europa, Voltaire13 insurgiu-se contra o tráfico negreiro, em 1756 em França. Na Inglaterra,


foram as correntes religiosas de Quackers e de Metodistas que iniciaram o combate contra
este flagelo, facilitando todas as iniciativas tendentes para isso. Esses movimentos tiveram o
mérito de despertar as sociedades civis europeias para um drama que representava a antítese
de tudo quanto se divulgava na Europa cristã. Além disso, eles não podiam ficar indiferentes
aos movimentos de resistência e de contestação nos “novos” locais de acolhimento dos
escravos.

Mas, a causa profunda e objectiva do início das campanhas tendentes a interditar o tráfico de
escravos negros, foi a necessidade económica da Inglaterra e dos outros países europeus.
Resumidamente, pode dizer-se que a Inglaterra, depois de ter perdido as suas colónias na

13 Filósofo Francês do século XVIII

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América, sobretudo com a autonomia e independência dos Estados norte-americanos, em


1783 e 1787, para uma Constituição Federal, perdeu também as suas tradicionais fontes de
abastecimento em matérias-primas.

A produção de algodão sofreu de tal maneira que foi obrigada a virar-se, numa primeira fase,
para o Egipto. Foi a procura frenética, não apenas de fontes de substituição, como também
de mercados para o escoamento dos, já imensos, stocks existentes de produtos
manufacturados. Uma das alternativas foi a de "transformar os ontem escravos negros em
produtores livres e consumidores", dois pressupostos indispensáveis para a sobrevivência e
desenvolvimento do capitalismo.

Assim, uma lei anti-esclavagista foi votada e aplicada no seu próprio território em 1772, como
resultado directo dos movimentos "humanistas" nacionais. Depois do desastre nas possessões
do novo mundo e, agora sob a pressão conjugado das industriais, parte integrante do pelotão
dos anti-esclavagista nacionais, proibiu a compra, venda e exportação de escravos dentro das
suas colonias ultramarinas em 1807. Deste modo, todos os escravos do Império Britânico, no
seu conjunto, encontravam-se livres em 1833 - data geralmente apontada como a da abolição
da escravatura pela Inglaterra.

O resto da Europa ainda não estava pronta a acatar esta decisão por razões inerentes à sua
economia que estava ainda muito dependente do tráfico. Mas, a razão económica inglesa e a
sua capacidade militar foram determinantes para o fim do tráfico. A coroa britânica
encarregou todo o seu potencial marítimo de montar a guarda, de vigiar os mares e oceanos,
a fim de impedir os movimentos de todos os navios vocacionados para o transporte de
mercadoria humana a partir de África. Iniciou-se assim, uma nova era não só nas relações
entre potências na Europa como também no sistema de tráfico de escravos negros. Países
relativamente mais bem preparados, com maior incidência de movimentos humanistas
começaram dez anos mais tarde a aplicar esta medida. Foi o caso da França que, em 1848,
decidiu renunciar ao comércio e exportação de negros.

Como já se fez referência, houve também uma participação africana na abolição da


escravatura tanto que as vítimas deste comércio fora do Continente - através dos
"movimentos de regresso" à África, das fugas e das insurreições armadas (como por ex. a de
São Domingos de 1791) - fizeram as primeiras formas de reivindicação contra o tráfico de
escravos. De referir que Ottobah Cugnamo, nascido no país Fanti (Gana) e ex-escravo nas
Antilhas, em 1787, publicou em Londres os seus "Pensamentos e sentimentos sobre o iníquo

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e funesto tráfico de negros". Destacou-se também, em 1789, um outro africano em Londres


e nativo do país lbo na actual Nigéria - Olandah Equiano. Todos esses movimentos culminaram
com a famosa revolta armada de São Domingos de 1791, liderada por Toussaint Louverture.

1.7 O Fim do Tráfico de Escravos e da Escravatura em Angola

Fruto da pressão que a Inglaterra exerceu sobre Portugal e devido à independência do Brasil
(maior colónia de Portugal), em 1822, Portugal, através do decreto de Sá da Bandeira, aboliu
a escravatura nas suas colónias em 10 de Dezembro de 1836. Com a independência do Brasil
e a abolição do tráfico de escravos, começou o período da reconversão da economia.

A economia encaminhou em dois grandes eixos: o chamado comércio lícito e o ilícito. O


comércio ilícito aparece como resultado da resistência dos traficantes à abolição do comércio
negreiro que contou com a participação de alguns chefes africanos. Essa actividade comercial
passou a fazer-se de maneira clandestina, com a abertura de novos portos de embarque como
os de Benguela e Moçâmedes. Mas,com a aprovação da Lei Eusébio de Queiroz, no dia 4 de
Setembro de 1850, o comércio ilícito conheceu um abrandamento, na medida em que essa
lei encerrava os portos brasileiros ao comércio de escravos. Em razão disto, a armada
brasileira foi encarregue de prender todas as embarcações com escravos.

Essas medidas do lado brasileiro, obrigaram as autoridades portuguesas a mudarem de


actividade. Então, os escravos começaram a ser substituídos gradualmente por outros
produtos agrícolas como o algodão, café, tabaco, amendoim, óleo de palma, borracha, cera e
marfim.

Mesmo depois de abolido o tráfico de escravos em Angola, a escravatura continuava a ser


praticada na colónia de forma legal. Não é fácil determinar a data da abolição da escravatura
em Angola visto que a escravidão como prática social, continuou ao longo dos tempos, de
diferentes formas e modalidades e certas situações tradicionais de servidão ainda eram
conhecidas mesmo no século XX.

Ao nível das instituições europeias, incluindo as áreas coloniais, o estatuto da escravidão


estava juridicamente suprimido no final do século XIX. Entretanto, tal como no fim do século
XVI, Portugal foi obrigado a enfrentar uma das maiores crises da sua história, provocada pela
inadaptação à nova ordem de “liberdade dos mares”, que substituira a partilha arbitrária do

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mundo pelo papado entre duas noções. Não estava preparado, na alvorada do século XIX,
para enfrentar a nova ordem económica, ditada pela Inglaterra que abolira o tráfico negreiro
nas suas possessões a partir de 25 de Março de 1807 e se baseava agora na livre troca. Por
isso, tendo em conta a capacidade económica e militar da Grã-Bretanha, o tráfico negreiro,
como meio de recrutamento de mão-de-obra, estava condenado a desaparecer a curto ou
longo prazo.

Datam dos anos 50 do século XIX, as primeiras medidas legislativas que visavam, a longo
prazo, a extinção da escravatura nas colónias portuguesas, fracassadas que foram as
tentativas de Sá da Bandeira para fazer passar nas câmaras alguns projectos de lei nesse
sentido ainda na década de 40. Para além de disposições de menor importância,
promulgaram-se então dois decretos de alcance geral:

- O de 14 de Dezembro de 1854, que mandava fazer o registo dos escravos existentes,


passando todos os negros de futuro «resgatados» (comprados) no interior à categoria de
«libertos» (indivíduos juridicamente livres, mas obrigados a servir os seus senhores por dez
anos a título de indemnização pelo resgate, sendo esses serviços transmissíveis por compra
e venda);

- E o de 29 de Abril de 1858 que determinou a abolição completa da escravatura nas colónias


portuguesas, num prazo máximo de vinte anos.

Conjugadas as suas disposições, estes dois diplomas legais deveriam permitir a extinção
progressiva do esclavagismo, à medida que fossem morrendo os escravos registados em
1854. Esperava-se que, passados os vinte anos do prazo, fosse muito reduzido o número dos
que restassem, o que facilitaria a sua remissão.

O esquema dos decretos de 1854 e 1858 não funcionou por duas razões: por um lado, os
escravos registados iam sendo substituídos por outros, com a conivência das autoridades à
medida que faleciam ou fugiam; por outro lado, e mais veros, a condição de «libertos» não
existia na prática, sendo similares aos escravos os negros comprados no interior após 1854.

Na realidade, a mão-de-obra escrava tendia a aumentar, em vez de diminuir. No fim da


década de 60, o problema permanecia intacto pelo que se tornava urgente dar-lhe uma
solução. Portugal era, além de Espanha, o único país europeu que mantinha o regime
esclavagista nas suas possessões; prolongá-lo seria enfraquecer a posição colonial
portuguesa, numa altura em que aumentava o interesse das potências por África. Então, a

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 271


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abolição da escravatura veio retirar formalmente o carácter de tráfico de escravos ao


transporte dos negros necessários às plantações de S. Tomé, o que constitui uma vantagem
na medida em que contribuiu assim para eliminar uma fonte de querelas com a Grã-Bretanha.

Daí surgiu o novo decreto, de 25 de Fevereiro de 1869, que extinguia a escravidão. Porém,
os ex-escravos foram obrigados a servir os seus senhores até 1878, na qualidade de
«libertos». Mais uma vez, a mutação era meramente nominal; restava, finalmente, libertar
os «libertos».

A abolição da escravatura afectou os negros e mestiços europeizados cujo estatuto na


sociedade colonial se foi degradando. A explicação para tais práticas antiquadas reside nas
características da economia colonial e nos pressupostos ideológicos que justificavam as
formas particulares da exploração dos trabalhadores africanos. Desde as ultimas décadas do
século XIX que o desenvolvimento das plantações de S. Tomé arrastou milhares dos
chamados “serviçais” angolanos, em condições de recrutamento e de trabalho que, pouco ou
nada, diferiam das dos escravos. No próprio território de Angola, o transporte de mercadorias
dependeu, até muito tarde, de carregadores.

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Que factor determinou a mudança da rota de escravos para as Américas?

a) A criação das plantações e minas nas Américas e a necessidade de substituição dos índios.
b) O início do comércio triangular em 1510.
c) A necessidade de povoar a América.
d) A descoberta da Ilha de São Tomé.
.
Solução do exercício 1: a) A criação das plantações e minas nas América e a necessidade
de substituição dos índios.

2. Que grupo de países foram os pioneiros no início do tráfico de escravos?

a) França e Portugal
b) Portugal e Holanda
c) Portugal e Espanha
d) Inglaterra e França

Solução do exercício 2: c) Portugal e Espanha

3. O tráfico de escravos provocou várias consequências nefastas para África.


Indique a alínea que não corresponde às consequências económicas do tráfico de
escravos.

a) O tráfico de escravos provocou a estagnação e a estagnação das forças produtivas em


África.
b) O tráfico veio instaurar relações comerciais de um novo tipo, onde o escravo passou a ser
equivalente a uma moeda, a uma cabeça de gado ou barra de sal.
c) Em troca de escravos, a Europa disponibilizava para os Estados e negociantes africanos
mercadorias de valor muito elevado.
A África viu-se privada da força de trabalho necessária para o seu desenvolvimento, o que a
lançou no atraso e no subdesenvolvimento.

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Solução do exercício 3: c) Em troca de escravos, a Europa disponibilizava para os Estados


e negociantes africanos mercadorias de valor muito elevado.

4. Em que período histórico se iniciou a escravatura?

a) A escravatura teve início na Idade Antiga ou Antiguidade.


b) A escravatura teve início na Europa durante a Idade Média, quando os eslavos eram
vendidos.
c) A escravatura teve início em 1441,quando Antão de Gonçalves e Nuno Tristão capturaram
e levaram 10 escravos para Lisboa.
d) A escravatura teve início quando os escravos africanos foram levados para as Américas.
Solução do exercício 4: a) A escravatura teve início na Idade Antiga ou Antiguidade.

5. Antão de Gonçalves e Nuno Tristão capturaram dez (10) escravos na Costa da


Guiné e levaram-nos para Lisboa. Quais eram as suas intenções ao levarem estes
escravos?

a) Com esses escravos pretendia-se, por um lado, demonstrar a chegada ao país dos negros
e, por outro, satisfazer a curiosidade dos seus compatriotas na Europa.
b) Nuno Tristão e Antão de Gonçalves levaram os escravos para Lisboa por motivos lucrativos.
c) Nuno Tristão e Antão de Gonçalves capturaram estes escravos para aumentarem a
produção em Portugal.
d) Os portugueses pretendiam levar os escravos para Lisboa, para mais tarde os levarem
rumo à América.

Solução do exercício 5: a) Com esses escravos pretendia-se, por um lado, demonstrar a


chegado ao país dos negros e, por outro, satisfazer a curiosidade dos seus compatriotas na
Europa.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Que grupo de países se juntaram a Portugal e Espanha no tráfico de escravos?

a) França, Inglaterra e Bélgica.


b) Itália, França e Holanda.
c) Holanda, França e Inglaterra.
d) Itália, Bélgica e Alemanha.

2. A escravatura é uma prática social e económica, em que um homem tem direito


de propriedade sobre outra pessoa (o escravo). Os africanos praticavam a
escravatura antes da chegada dos europeus?
a) Sim, os africanos já praticavam a escravatura antes da chegada dos europeus. Mas, as
formas de escravatura eram diferentes, porque os escravos possuíam um estatuto diferente
em relação à escravatura do século XVI.
b) Não, porque foram os europeus que iniciaram a escravatura em África, levando os escravos
para Lisboa e América.
c) Não, porque nunca os africanos se escravizaram, visto que esta prática era desnecessária
em África.
d) Sim, porque a escravatura era uma das formas lucrativas das sociedades africanas e a
principal fonte de subsistência era a agricultura.

3. Indique a alínea cujo(s) factor(s) não influenciou a abolição do tráfico de


escravos.

a) A necessidade industrial da Inglaterra.


b) As revoltas dos escravos nas Américas.
c) A revolução francesa.
d) Protesto dos humanistas, filósofos e religiosos.

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4. O Bispo espanhol no México sugeriu a substituição de índios pelos africanos no


trabalho das Américas. Por que razão foram os Índios substituídos pelos africanos?

a) Os índios foram substituídos pelos africanos porque eram menos numerosos.


b) Os índios foram substituídos por falta de hábito e habilidade no tipo de trabalho a que eram
submetidos e, como consequência, alguns fugiam e outros morriam.
c) Os índios foram substituídos porque se revoltaram contra os europeus.
d) Os índios foram substituídos porque não queriam ser mão-de-obra barata, mas sim
assalariada.

5. Houve uma participação africana na abolição do tráfico de escravos. Como é que


os africanos,sendo escravos, contribuíram para essa abolição?

a) Os africanos contribuíram para a abolição do tráfico de escravos através de insurreições


armadas e fugas.
b) Os africanos contribuíram para a abolição do tráfico de escravos devido à participação
dos chefes africanos no tráfico.
c) Houve contribuição dos africanos na abolição do tráfico de escravos, porque foram estes
que aboliram este comércio em África.
d) Os africanos contribuíram para a abolição do tráfico de escravos quando estes se
transformaram em compradores dos produtos ingleses.

6. Quando foi abolido o tráfico de escravos nas colónias portuguesas e,


particularmente,em Angola?
a) O tráfico de escravos, nas colónias portuguesas, foi abolido a 25 de Fevereiro de 1869.
b) O tráfico de escravos, nas colónias portuguesas, foi abolido a 29 de Abril de 1858.
c) O tráfico de escravos, nas colónias portuguesas, foi abolido a 14 de Dezembro de 1854.
d) O tráfico de escravos, nas colónias portuguesas, foi abolido a 10 de Dezembro de 1836.

7. Qual dos acontecimentos intensificou, em grande escala, a prática do tráfico de


escravos.
a) Início do comércio triangular.
b) O primeiro grande carregamento de escravos em 1444.
c) A chegada de Cristóvão Colombo às Américas.
d) Descoberta e povoamento da Ilha de S. Tomé.

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8. Indique os factores que forçaram Portugal a abolir o tráfico de escravos nas


suas colónias?
a) A independência do Brasil e as pressões da Inglaterra.
b) A necessidade de criação de indústrias nas suas colónias.
c) O fraco rendimento do tráfico de escravos.
d) A maior procura de produtos diversificados como o café, amendoim, óleo de palma, pano
de ráfia, etc., nas suas colónias.

9. Indique a alínea que não corresponde às consequências demográficas do tráfico


de escravos.

O enfraquecimento demográfico e o subpovoamento do continente.

a) A África viu-se privada da força de trabalho necessária para o seu desenvolvimento, o que
originou atraso e subdesenvolvimento.
b) Graves perturbações nos domínios da vitalidade e da fecundidade do continente,
originando estagnação da taxa de natalidade.
c) Tirou de África aproximadamente 100.000.000 de africanos.

10. Sobre as consequências do tráfico de escravos, indique a alínea que não


corresponde às consequências políticas para África.
a) O tráfico permitiu a criação de novos poderes políticos ou novos estados em detrimento
dos antigos.
b) O tráfico de escravos provocou um estrago moral, cultural e intelectual aos africanos.
c) O comércio de escravos enriqueceu alguns chefes africanos do Golfo da Guiné.
d) O tráfico de escravos provocou a perda de autoridade de chefes africanos.

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CAPÍTULO 2 - A COLONIZAÇÃO DE ÁFRICA

A colonização pode ser definida como um processo de dominação política, económica e social
de um território por povos mais poderosos. O colonialismo europeu foi o que abrangeu a
maior parte do mundo fora daquele continente, sendo que foram ocupadas completamente
as Américas e a Austrália até ao século XVII e a maior parte de África, até princípios do século
XX.

Com o fim do tráfico de escravos e início da era industrial, houve necessidade por parte dos
europeus em procurar matérias-primas, o que despertou a curiosidade em conhecer o interior
ainda desconhecido de África. Foi desta forma que se deu início a um conjunto de explorações
geográficas no interior desse continente.Porém, estas explorações provocaram rivalidades
entre as potências europeias, originando a Conferência de Berlim.

A Colonização de África propriamente dita teve início depois da Conferência de Berlim e não
com chegada dos primeiros europeus e terminou no último quartel do século XX 14. Como já
foi mencionado, os primeiros contactos entre europeus e africanos ocorreram a partir do
século XV, período durante o qual estes não estiveram preocupados com as terras do interior
de África, mas sim com a costa onde construíram feitorias e fortalezas porque era lá onde
compravam os escravos.

2.1 A Conferência de Berlim

A foz do rio Zaire teve, no último quartel do século XIX, a atenção de alguns países europeus
interessados em criar colónias em África, particularmente a França e a Bélgica que enviaram,
em primeiro lugar, dois exploradores: Pierre Savorgnan de Brazza ao serviço da França e
Henry Morton Stanley ao serviço do rei Leopoldo II da Bélgica.

Portugal seguia, com bastante preocupação, a disputa entre a Bélgica e a França por causa
da bacia do rio Congo, o que chocava com os chamados direitos históricos portugueses.
Portugal afirmava ser o primeiro a chegar à zona em disputa. A Bélgica procurava através

14 Último quartel do século XX refere-se aos últimos 25 anos deste século.

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das viagens de Stanley consolidar a sua influência na bacia do rio Congo. Por seu lado, a
França financiava as expedições de Brazza (1780 e 1883) no sentido de obter uma zona de
soberania ao Norte do Zaire, onde pudesse criar uma colónia francesa. Portugal viu então a
necessidade de criar um conjunto de acções diplomáticas para afastar os dois concorrentes
ou chegar a um entendimento pacífico. Para isso, teve de consultar a sua velha aliada: a
Inglaterra.

Das negociações entre Portugal e a Inglaterra resultou o Tratado do Zaire, publicado pelas
duas partes em Londres a 26 de Fevereiro de 1884. Nesse tratado, os dois países acordaram
o seguinte:

 A Inglaterra reconhecia os direitos históricos de Portugal sobre a bacia do rio Zaire;


 A Inglaterra teria liberdade de comércio e navegação no Zaire e Zambeze;
 A isenção fiscal das mercadorias inglesas nos territórios sob domínio de Portugal;
 A concessão à Inglaterra do estatuto de nação mais favorecida nas relações comerciais
com as colónias africanas de Portugal.

Depois do conhecimento público do tratado, a Alemanha, França, Holanda e Estados Unidos


da América contestaram algumas das suas cláusulas porque consideravam ser uma manobra
inglesa para utilizar Portugal como tampão do Congo, fechando a costa e a foz do rio e
condenando os novos ocupantes da bacia do Zaire a ficar na dependência inglesa.

Na Bélgica, Leopoldo II desencadeou uma campanha contra o tratado cujo objectivo principal
era a sua anulação. As propostas portuguesas e as futuras negociações foram rejeitadas pela
parte belga e a pressão da opinião pública fez com que o governo britânico abandonasse o
tratado.

A Alemanha, que acompanhava o processo, via nessas disputas uma oportunidade para
resolver as divergências territoriais pendentes com a França, resultantes da ocupação da
Alsácia e da Lorena em 1871 que, a seu turno, provocou, em França, uma onda de
revanchismo contra os alemães.

Foi assim que, em Junho de 1884, o governo alemão procurou auscultar as potências
europeias com interesses na zona do Congo, sobre a possibilidade de se convocar uma
conferência internacional para se debater o assunto. O primeiro país a aceitar foi a França em
Outubro de 1884 que, juntamente com a Alemanha, convidaram Portugal e outros países a

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participarem desse encontro, conhecido como a Conferência de Berlim que se realizou de 15


de Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885.

Figura 39 - Representantes dos países participantes na Conferência

Nesta conferência, participaram os seguintes países: Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica,


Dinamarca, Espanha, Estados Unidos de América, Inglaterra, Itália, Holanda, Portugal,
Rússia, Suécia, Noruega e Turquia. Importa salientar que nenhum país africano esteve
representado nesta conferência.

Contudo, esta conferência não chegou a resolver o problema do Congo e decidiu criar um
Estado neutro na zona disputada por Portugal, Inglaterra, França e Bélgica. Para evitar um
conflito entre nações, concederam a um Rei europeu, Leopoldo II, a administração da bacia
do Congo acabando com as anteriores disputas.

Em Berlim definiu-se, então:

1 – A liberdade de comércio na bacia e foz do rio Congo e Níger.

2 – A liberdade de navegação dos rios internacionais consagrada no Congresso de Viena –


para os rios africanos.

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3 – A existência clara de regras que legitimassem a ocupação efectiva dos territórios em


disputa.

Uma ideia muito generalizada relaciona a partilha de África com a Conferência de Berlim,
segundo a qual aí se tinham repartido zonas do continente africano. Esta ideia não tem
fundamento, porque a Conferência de Berlim não partilhou África. As fronteiras de alguns
países africanos foram delimitadas através de acordos bilaterais entre europeus 15, entre
europeus e africanos, bem como de campanhas militares. A Conferência de Berlim apenas
estimulou a corrida dos europeus para África, tal como pode ser observado na Figura abaixo.

Figura 40 - Mapa comparativo de África antes e depois da Conferência de Berlim.

2.2 O Início da Colonização de África

Sabe-se que a colonização, como sistema administrativo, económico e sócio-cultural, não


teve a mesma duração em toda a parte da África negra. Raras foram as zonas que não

15Por exemplo para a delimitação das fronteiras de Angola, Portugal assinou acordos com França,
Alemanha e Bélgica.

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sofreram os efeitos, muitas vezes devastadores, da exploração colonial. Os territórios em que


estiveram presentes os portugueses, tiveram que evoluir desde o século XV junto à coroa
portuguesa. Mas, este país colonial levou muito tempo para estender o seu domínio efectivo
nas vastas possessões de que se tinha apoderado. As outras, como a Grã-Bretanha e a França
foram relativamente mais bem-sucedidas.

Pode dizer-se que a colonização teve início nos finais do século XIX e na primeira década do
século XX e estendeu-se até 1960-1962 para a maioria dos territórios ocupados. Em 1975,
terminou em alguns países da África Austral e nas colónias portuguesas; em 1991-1994, para
a Namíbia e República da África do Sul (com o fim do Apartheid). Mas, o Saara Ocidental
encontra-se ainda sob domínio de um outro país africano, Marrocos.

2.3 Os Modelos de Domínio Colonial

Após a conquista militar de África e o surgimento das primeiras administrações, colocava-se


às autoridades coloniais europeias a missão da gestão das colónias conquistadas. Foi assim
que surgiram estratégias e modelos de domínio colonial: a Direct rule e a Indirect rule. De
facto, a tarefa essencial das potências europeias em África era administrar e explorar os
territórios ocupados.

2.3.1 Indirect Rule

A Indirect rule - administração indirecta - foi um modelo de domínio indirecto dos africanos.
Com este modelo, os europeus dominavam-nos através dos seus chefes tradicionais. Estes
eram mantidos nos seus cargos e utilizados para dominarem os seus súbditos. Este modelo
de administração foi inaugurado pelo governador inglês Frederick Lugard na Nigéria e utilizado
pela Inglaterra que o aplicou nas suas colónias da África Ocidental (Nigéria, Serra Leoa,
Gâmbia, Gana). No entanto, nas suas colónias da África Oriental, utilizou como modelo de
colonização, a Direct Rule.

A Indirect Rule pretendia basear-se no respeito das instituições encontradas em África. Lugard
escreveu a propósito o seguinte: “é essencial compreender esses organismos tribais, esses
costumes sociais, mas ainda utilizá-los como quadro dentro do qual poderemos construir. O

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estudo dos indígenas deve permitir-nos encontrar factores e elementos válidos para o reforço
de um sistema de administração melhor adaptado a essas tribos.”

Todos aqueles valores tradicionais, que para os europeus não eram considerados bárbaros,
foram preservados e desenvolvidos com base nos valores e normas da cultura inglesa. A
Inglaterra considerava que este objectivo levaria mais ou menos 30 anos a ser alcançado.
Quer isto dizer que, termos de perspectivas independentistas, a doutrina da Indirect Rule não
significava liberdade total de decisão, antes pelo contrário.

2.3.2 Direct Rule

A Direct rule – administração directa - foi um modelo de domínio directo dos territórios
africanos em que os chefes tradicionais eram destituídos dos seus cargos e substituídos pelos
administradores europeus.

A Direct Rule foi um modelo criado pelo francês Albert Sarraut e utilizado pela França,
Portugal, Bélgica e Inglaterra nas suas colónias da África Oriental. Este modelo procurava não
apenas substituir as instituições africanas pelas instituições europeias (vestuário, língua,
religião, comportamento), mas também levar os africanos a assimilarem a cultura europeia.

Este modelo baseou-se no assimilacionismo16. Nessa perspectiva, os europeus eram


considerados “civilizados” e os africanos que não tinham assimilado a cultura europeia, eram
considerados indígenas; os que a assimilavam eram considerados assimilados.

O assimilacionismo criou indivíduos mental e culturalmente híbridos 17 e infelizmente, estes


africanos não tinham lugar nem no mundo tribal, nem na comunidade europeia. Aliás, esta
última era a principal barreira para eles, pois muitos europeus dificilmente aceitavam esses
indivíduos, por eles criados. Nas colónias Francesas, estes eram chamados assimilé, nas
colónias Belgas de evolué (evoluídos) e nas colónias portuguesas de assimilados.

16 Assimilacionismo foi um processo que procurava transformar os africanos em falsos europeus.


17 Indivíduos bastardos ou indivíduos que apresentavam culturas europeias e africanas.

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2.4 O Surgimento e a Consolidação do Nacionalismo

O nacionalismo é a tomada de consciência de um povo sobre a situação política, económica


e social, ou seja, é um sentimento que um povo cria com vista à sua libertação. Segundo o
historiador africano Joseph Ki-Zerbo, só há nacionalismo quando há opressão, que gera um
sentimento de libertação.

A maior parte das colónias africanas criadas pelos europeus, acolhia grupos culturais e
historicamente bastante diferentes (fruto da divisão dos antigos reinos dos séculos XV a XVIII)
mas estes grupos tinham um denominador comum: todos e de igual modo estavam
submetidos a um mesmo senhor estrangeiro, o colonizador. Assim, a situação colonial
representava para todos eles um quadro novo que os levou a juntarem-se, fundarem novas
identidades que pudessem constituir uma base comum e viável na luta contra o domínio
estrangeiro cujo objectivo era a conquista da independência, o fim da exploração, da
humilhação e a libertação dos africanos do jugo colonial.

As reacções africanas revestiram-se de várias formas: primeiro, através de meios escassos e


velhos, desenquadrados no tempo; depois, com os mesmos meios utilizados pelos europeus.
Foi um processo bastante doloroso e complexo onde as elites africanas envolvidas e, de
maneira mais ampla, as forças nacionalistas sofreram contragolpes devido às mudanças na
intensidade da influência europeia sobre os africanos no que diz respeito a ideias e instituições
administrativas, religiosas e outras.

Os movimentos nacionalistas africanos pretendiam a criação e o desenvolvimento de


sentimentos de pertença comum nas populações. Pertença a uma comunidade dentro da qual
elas pudessem encontrar pelo menos condições de realização dos seus anseios, a escolha de
vias certas para os realizar, etc.

As atenções estiveram, durante muitos anos, viradas para as lutas das elites tradicionais
contra o colonialismo nas cidades porque eram as mais visíveis e faziam-se dentro dos
"padrões" clássicos. Estas consistiam em obrigar o colonizador a encetar reformas ou medidas
tendentes a abrandar as crueldades cometidas, levando-os a aceitar a ideia de auto-
determinação e de independência. O sistema colonial, na sua essência e actuação, era
globalizante, não distinguia afinal ninguém, ou seja, afectava todas as camadas, desde os
indígenas aos assimilados, e a luta para a mudança deste fenómeno tinha que ser também
generalizada, unindo todos os explorados aos mais variados níveis.

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Foi este nacionalismo que se ergueu contra as dramáticas situações impostas pelos
colonialistas com estratégias diferentes em função das realidades concretas que se viviam
nos diversos territórios. Por exemplo, alguns tentavam recuperar a soberania e a
independência perdidas, mas sem pôr em causa as novas estruturas territoriais nas colónias.
Outros reivindicavam, por enquanto, a melhoria da situação social e económica das suas
comunidades.

2.5 O Processo de Despertar dos Nacionalistas Africanos

O processo de libertação de África, para além de ter a sua própria força interna, elementos
africanos de intervenção, foi também acompanhado e apoiado por certos desenvolvimentos
da situação internacional que favoreceram as aspirações dos nacionalistas africanos. Entre
eles, podem destacar-se:

a) as repercussões da Primeira Guerra Mundial - na arena internacional e em resultado do


conflito em questão, um dos pontos mais salientes foi a posição assumida pela Sociedade das
Nações (SDN) que considerava desejável fazer do desenvolvimento das sociedades e das suas
populações colonizadas um dos objectivos primordiais do sistema colonial.

b) a influência e o impacto dos movimentos ideológicos internacionais como a Internacional


Comunista (Komintern) leninista e anti-imperialista que perseguia o seu próprio objectivo -
combater o imperialismo. Estrategicamente, tudo o que enfraquecia as potências coloniais
era positivo para a luta dos africanos pela reconquista da sua soberania.

Como seria de esperar e, atendendo a que o ambiente colonial bem como o clima na arena
internacional eram em grande medida uniformes, a expressão concreta do nacionalismo e,
consequentemente, da política africana colonial variavam segundo a região, o nível ou a
violência da resistência local, o nível de homogeneidade e de profundidade das estruturas
sócio-políticas e culturais das sociedades encontradas, a forma e a intensidade de exploração
dos regimes instalados, a forma e a intensidade das acções dos nacionalistas, etc.

Em quase todos os casos, os movimentos nacionalistas em África, ou seja, as lutas pelo


despertar da consciência nacionalista e, mais tarde, pela emancipação, foram dominados e
conduzidos, em grande parte, pela nova elite "educada" coadjuvada em certas regiões por
alguns elementos da elite tradicional que, como era óbvio, estavam em melhores condições

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e bem mais preparadas para compreender a cultura política europeia.

2.6 Formas de Expressão do Nacionalismo Africano

Entre as duas guerras mundiais, muitos meios de combate surgiram no processo de evolução
da colonização, alguns dos quais participaram na luta contra o sistema. Pode-se citar as elites
tradicionais que eram os elementos saídos do seio das autoridades tradicionais e de grupos
que beneficiavam da educação proporcionada através do sistema de ensino existente.

As organizações foram-se consolidando, evoluindo para Organizações Juvenis, Estudantis,


Religiosas, Sindicais e Políticas lideradas por elementos da elite tradicional e da elite educada.
Portanto, esses instrumentos constituíram o cerne do amplo e diversificado movimento de
contestação do regime colonial. O nacionalismo e o anti-colonialismo encontraram expressão
também noutras formas: partidos políticos, Organizações Juvenis, as de Defesa dos Direitos
Humanos de carácter cultural e/ou religioso, as Organizações Sindicais, etc.

Neste período, os nacionalistas chegaram à conclusão que deviam substituir as guerras


abertas pela utilização de novas “armas”, de meios modernos e correspondentes aos novos
tempos e consequentes desafios, armas essas a que o Professor Joseph Ki-Zerbo18 chamou
de lápis e papel, ou seja, poemas, prosas, petições e jornais. Outros meios modernos a que
recorriam eram: a emigração dos descontentes, desiludidos, frustrados para os países onde
pudessem escrever e denunciar os regimes coloniais. A realização de greves, boicotes,
pregações aos domingos para os cristãos e às sextas-feiras para os muçulmanos eram outros
meios utilizados pelos nacionalistas.

A Imprensa, embora ainda embrionária, parece ter jogado um papel relevante neste processo.
Conseguia difundir reflexões e ideias sobre o colonialismo e seu futuro nos territórios. Nela,
não faltavam também propostas de tipos e formas de administração, por parte dos
reformistas da colonização, assim como reivindicações, por parte dos autonomistas e
independentistas. Essas ideias e reflexões atingiam as respectivas metrópoles, contribuindo
assim para a informação de certas camadas, muitas vezes, mantidas fora da realidade dos
territórios ultramarinos. O ano de 1920 marca uma etapa importante para este tipo de
actividades, na maior parte das colónias. Fundaram-se o “Times of Nigéria”, “Daily

18
Historiador africano de nacionalidade burquinabê

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 286


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Times”,“Lagos Daily News”, entre outros.

Desde então, instrumentos “modernos” como a Imprensa Escrita mostraram as


consequências das desigualdades criadas pelo ensino, pela educação “ocidental”, enfim, pela
nova hierarquização social introduzida nas colónias.

Apesar deste extraordinário exercício para travar a evolução do nacionalismo africano, e


mesmo aniquilá-lo, os movimentos de emancipação foram crescendo, tomando formas mais
concisas, conscientes e arrastando consigo, cada vez mais gente que, com as consequências
devastadoras da segunda guerra mundial, conduziram à derrocada do sistema colonial em
finais dos anos de 1950 e início de 1960.

2.7 A Independência de Países Africanos

Após um período de luta, o Gana foi o primeiro país da África Negra a tornar-se independente,
em 1957. O seu primeiro presidente foi Kwame Nkrumah. A independência do Gana foi
seguida pela Guiné Conakri, em 1958. Estas independências constituíram uma importante
base para a libertação política dos países africanos e representou uma esperança para outros
países que se encontravam sob o regime colonial.

Antecipando-se à resolução de 1580 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas,


a França e a Inglaterra concederam, em 1960, a independência a algumas das suas colónias
em África. No caso da Inglaterra, foram a Nigéria e a Serra Leoa e, no caso da França, foram
o Senegal, a Mauritânia, o Mali, o Níger, o Chade, o Burkina Faso,a Côte D`Ivoire, o Togo, o
Benin, o Gabão, o Congo Brazzaville, a República Centro Africana, Madagáscar e os Camarões.
A Bélgica concedeu independência ao Congo Kinshasa e ao Ruanda-Uruno.

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1960 é conhecido como o ano de África, porque mais de 15 países africanos se tornaram
independentes. Em 1961, a Inglaterra concedeu a independência ao Tanganica19 e em 1962
ao Uganda. Em oposição, nas colónias Portuguesas, para o alcance das independências, foi
necessário recorrer à luta armada para adquirirem a libertação.

Figura 41 - Cronologia das independências africanas

19 Actual Tanzânia

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Figura 42 - Tipologia das independências africanas.

2.8 Colonização de Angola

A instalação do sistema colonial português em África só foi acelerada no último quartel do


século XIX. Antes desse período o interesse pela conquista das terras africanas não fazia parte
das preocupações de Portugal. A presença portuguesa em África fez das colónias africano
centro privilegiado de recrutamento de mão-de-obra para as plantações do Brasil.

Com a independência do Brasil, em 1822, Portugal pretendia encontrar um território que


substituisse o Brasil. Dentre as suas colónias africanas, Angola era a que melhores condições
apresentava para se tornar a jóia da coroa portuguesa. Foi desta forma que os portugueses
se viraram para o continente africano, com destaque para Angola e surgem em Lisboa os
primeiros planos para instalar o sistema colonial.

Durante a época colonial, os nativos eram marginalizados, não usufruíam dos benefícios do
avanço económico, não ascendiam a certos cargos na administração e eram-lhes colocadas
barreiras no dia-a-dia. Os problemas que se viviam na época colonial serão tratados a seguir.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 289


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2.8.1 A Expropriação de Terra

Nas sociedades tribais de Angola, o direito de propriedade existia em formas especiais.


Enquanto o direito sobre os bens móveis era individual, o direito sobre os bens imóveis era
colectivo: a terra cultivada pertencia à colectividade.

Com o fim de expropriar os africanos das suas terras, a lei veio estabelecer que constituiam
património do Estado colonial os terrenos vagos ou que não entraram definitivamente no
regime de propriedade privada ou de domínio público. Esta lei era genérica e considerava
património do Estado colonial todos os terrenos vagos, mesmo os que tinham possuidor,
desde que este se não tivesse tornado proprietário face às leis do colonizador.

Os territórios na posse das grandes companhias e dos colonos, devido ao registo no cadastro,
estavam garantidos com títulos válidos. Pelo contrário, os africanos estavam impossibilitados
de possuir tal título, porque o direito à terra tribal era colectivo.Era a forma legal de expropriar
o africano ou a tribo das suas terras. Isto era perfeitamente claro nos casos de conflito a
propósito de terras.

Na colónia de Angola, vigorava o princípio de que, quando se tratasse de matéria de


propriedade ou de decisão numa questão entre africanos, aplicava-se a lei africana, baseando-
se na ideia de que a terra era uma propriedade colectiva. Mas quando na questão surgia um
colono era sempre a lei do colonizador que prevalecia, baseando-se na ideia da privatização
da terra, para beneficiar o europeu.

Um africano só poderia torna-se proprietário comprando e provando que durante 10 anos,


trabalharia continuamente o solo utilizando métodos modernos. No entanto, isso implicava
que tivesse recursos, que estivesse livre do trabalho forçado, que possuísse o estatuto de
plantador privado ou que fosse assimilado.

A fixação de colonos foi, desde sempre, objectivo perseguido pelo estado colonial e este
procurou então criar condições para a fixação de brancos no solo angolano, encaminhando-
os para a agricultura. As terras africanas passaram a ser expropriadas com o objectivos de
serem entregues aos colonos.

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2.8.2 A Política de Assimilação

Para abrir caminho à colonização e posteriormente consolidá-la e perpetuá-la, era necessário


manter os africanos fora do mundo, vedar-lhes o acesso à cultura e excluí-los da vida
económica e política. Segundo os portugueses, a educação para os indígenas deveria consistir
em transformá-lo num trabalhador mas, para impedi-lo de evoluir a contra mestre, a
engenheiro, e depois tornar-se ele próprio proprietário, era necessário elaborarar leis para
manter o africano controlado.

A lei do trabalho foi elaborada com a finalidade de excluir o africano da competição com o
europeu, embora não fosse suficiente. O início do processo de descolonização colocou na
ordem do dia a necessidade de aperfeiçoar o sistema, de elaborar uma política que, servindo
exactamente o mesmo propósito, se apresentasse menos brutal aos olhos do mundo. A
chamada assimilação correspondeu integralmente a esta finalidade.

O assimilacionismo, na óptica do colonizador, era um processo pelo qual os africanos


angolanos em particular, interiorizavam a cultura portuguesa na língua, no pensar, no agir,
nos comportamentos, etc. Era considerado assimilado aquele que apresentava as seguintes
condições:

 ter abandonado inteiramente os usos e costumes da raça negra;


 falar, ler e escrever correctamente a língua portuguesa;
 adoptar a monogamia;
 ter no mínimo a 4ª classe;
 exercer uma profissão, arte ou ofício compatível com a civilização europeia, ou ainda
ter rendimentos por meios lícitos que fossem suficientes para prover os seus
alimentos, compreendendo sustento, habitação e vestuário para si e para a sua família.

Aqueles africanos que não assimilassem a cultura portuguesa eram chamados pelos europeus
de indígenas. Os colonialistas portugueses consideravam-se instrumentos de Deus, que
haviam tirado os africanos da imoralidade, ao mesmo tempo que defendiam o pressuposto
de que lhes fora atribuída uma missão civilizadora.Declararam ter tomado a responsabilidade
de conduzir à civilização, raças decadentes ou atrasadas. Mas, os africanos, na sua quase
totalidade, permaneciam à margem da escola.

A escolaridade não atingia sequer o universo das crianças em idade escolar. Com efeito, no
final dos anos 50, a percentagem de alunos em idade escolar que frequentava a escola era,

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em Angola, de 8%. A maioria dos africanos não tinha sequer o acesso ao ensino primário
elementar, limitando-se no melhor dos casos, a frequentar a primária nas escolas das missões
católicas e protestantes.

Poucos africanos chegavam ao ensino secundário. A esmagadora maioria frequentava as


escolas técnicas e profissionais. Em 1957, havia apenas 23.600 alunos do ensino secundário,
registados em toda a África portuguesa e a maioria frequentava as escolas técnicas, havendo
muito poucos que frequentavam os liceus nas cidades. Em Angola, no ano de 1948, nos dois
liceus20 existentes - em Luanda, Liceu Nacional Salvador Correia de Sá (depois, Mutu
Yakevela) e no Lubango, o Liceu Diogo Cão, (depois Mandume ya Ndemufayo) - estavam
matriculados apenas cinco estudantes negros.

2.8.3 A Marginalização dos Angolenses

A marginalização dos angolanos durante o período colonial foi económica, social, política e
cultural. Durante a época colonial havia restrições no acesso e promoção a determinados
empregos no aparelho administrativo colonial. No meio urbano e rural, as populações foram
submetidas a pesados impostos, à expropriação de terras, às culturas obrigatórias, ao
estatuto do indigenato e ao trabalho forçado.

Durante a época colonial, mais precisamente na segunda metade do século XX, Angola
registou um crescimento económico, sendo que o café e os diamantes representavam cerca
de 2/3 das exportações totais de Angola, com tendência a aumentar. No entanto, em 1963
não foram além de 56%. Por si só, o café representava quase metade das exportações
agrícolas.

Dos principais produtos agrícolas de exportação, só dois, o milho e a mandioca, eram, em


boa medida, produzidos pelas comunidades africanas tradicionais, sendo todos os restantes
das plantações. Os tecidos e vinhos foram, durante muito tempo, os principais produtos da
importação de Angola. À excepção destes produtos portugueses, a maior parte dos bens de
consumo importados destinava-se quase exclusivamente aos colonos. Porém, apesar do

20 Liceu Salvador Correia em Luanda e Liceu Diogo Cão em Lubango.

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crescimento económico, os angolanos continuavam a ser excluídos dos benefícios que o


comércio propiciava.

Viveu-se, durante a época colonial, um período de marginalização cultural, económica e social


sendo aos angolanos vetado o direito de utilizarem as suas línguas nacionais no ensino, na
imprensa, nas celebrações religiosas, na administração pública e no sistema de justiça.

2.8.4 A Descolonização de Angola

Os factos referidos anteriormente, estiveram na base do início da luta de libertação de Angola.


Três acontecimentos marcaram o início da luta de libertação nacional, em 1961. O primeiro
acontecimento foi uma revolta de camponeses nas plantações de algodão da Baixa de
Kassanje, em Malange, a 4 de Janeiro; O segundo foi o ataque a prisões, em Luanda, a 4 de
Fevereiro, data considerada como início da luta de libertação nacional. O terceiro foi os
ataques às fazendas de café e às pequenas vilas do Norte de Angola, a 15 de Março.

A guerra durou cerca de 14 anos e o factor determinante para o fim da guerra de libertação
foi o golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, Revolução dos Cravos, em Portugal. O referido
golpe de estado, resultou de profundas contradições no sistema colonial e no seu exército,
conduzindo, desta forma, à descolonização das colónias portuguesas.

A existência em Angola de três movimentos de libertação nacional (FNLA, MPLA e UNITA)


levou Portugal e esses movimentos a realizarem, em primeiro lugar, acordos bilaterais para
colocar um fim às hostilidades entre as forças militares portuguesas e as forças militares dos
movimentos nacionais, bem como acordos entre movimentos, para depois estruturar uma
plataforma comum conducente à independência de Angola.

Com o fim da guerra, realizou-se em Alvor, Portugal, as conversações que decorreram de 10


a 15 de Janeiro de 1975. Estas conversações resultaram no Acordo de Alvor, assinado no dia
15 de Janeiro do mesmo ano. Este acordo foi assinado pelos três movimentos de Libertação
(FNLA, MPLA, UNITA) e o governo português.

O Acordo de Alvor teve como resultados:

 Reconhecimento dos três movimentos de libertação nacional;

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 293


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

 Criação de um governo de transição com um alto-comissário português e um colégio


presidencial de três membros: os líderes dos três movimentos que entraria em vigor
no dia 31 de Janeiro;
 Foi marcada a independência de Angola para 11 de Novembro de 1975;
 Cabinda foi considerada parte integrante do território nacional;
 Formação de um exército nacional com 8000 homens de cada um dos movimentos.

Figura 43 - Da direita para esquerda, Jonas Savimbi (presidente da UNITA), Holden Roberto
(presidente da FNLA, Costa Gomes (Presidente de Portugal) e Agostinho Neto (presidente do
MPLA).

De regresso a Angola, os três movimentos envolveram-se numa teia de desconfianças que


coincidiu com a fase da Guerra Fria, processo que culminou na chamada guerra civil
angolana.21

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) conseguiu vencer os seus opositores,


facto que possibilitou a Agostinho Neto, presidente do MPLA, proclamar a Independência da
República Popular de Angola no dia 11 de Novembro de 1975. Neste mesmo período, Jonas
Savimbi também proclamou a independência de Angola, na província do Huambo e Holden
Roberto, presidente da FNLA, no Uíge. Holden e Savimbi proclamaram a República
Democrática de Angola.

21
Segundo Douglas Wheeler, a Guerra Civil angolana teve início nos finais do mês de Março
e princípio de Abril de 1975.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 294


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

A independência proclamada pelo MPLA foi rapidamente reconhecida pelo Brasil em 1975,
seguindo-se a Itália e demais países lusófonos, bem como outros estados africanos, em 1976.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

11. Indique a opção que não corresponde às decisões da Conferência de Berlim.


a) Liberdade de comércio na bacia e foz do rio Congo e Níger.
b) Liberdade de circulação de pessoas e bens na região do Congo.
c) Liberdade de navegação dos rios Níger e Congo.
d) Definição clara das regras que legitimassem a ocupação efectiva dos territórios em
disputa.

12.Qual das opções não obedece às decisões dos Acordos de Alvor?


a) Reconhecimento dos três movimentos de libertação nacional.
b) Criação de um governo de transição com um alto-comissário português e um colégio
presidencial de três membros, os líderes dos três movimentos, que entraria em vigor no dia
31 de Janeiro.
c) Foi marcada a independência de Angola para 11 de Novembro de 1975.
d) Cabinda foi desintegrado do território nacional.

13. Indique a opção falsa tendo em conta as condições necessárias para ser
considerado “assimilado” na época colonial.
a) Ter abandonado inteiramente os usos e costumes da raça negra.
b) Falar, ler e escrever correctamente a língua portuguesa.
c) Adoptar a poligamia.
d) Exercer profissão, arte ou ofício compatível com a civilização europeia.

14.Quando é que Portugal acelerou a instauração do sistema colonial em Angola?


a) No último quartel do século XIX;
b) Na primeira década do século XIX;
c) No Segundo quartel do século XX;
d) No último quartel do século.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 295


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15. Qual destes partidos políticos não fez parte dos movimentos de luta contra o
colonialismo?
a) FNLA
b) PRS
c) MPLA
d) UNITA

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Que grupo liderou os africanos na luta contra a opressão colonial?


a) Chefes tradicionais africanos.
b) Os chamados assimilados.
c) Os chamados indígenas.
d) Os europeus nascidos em África.

2. O que entende por Direct Rule?


a) Modelo de domínio indirecto dos africanos.
b) Modelo de domínio directo dos territórios africanos.
c) Foi um nome de uma colónia africana.
d) Foi o processo de descolonização das colónias africanas.

3. Quando teve início a colonização de África?


a) Aquando da instalação do sistema colonial, isto é, depois da conferência de Berlim.
b) Aquando do término do tráfico de escravos.
c) A colonização foi um processo de dominação que se iniciou depois da I Guerra Mundial.
d) A colonização iniciou-se durante o período da Guerra Fria.

4. Qual foi a última potência europeia a ceder independência às suas colónias


africanas?
a) Inglaterra
b) França
c) Portugal
d) Bélgica

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 296


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5. Em 1971, durante a época colonial, Angola encontrava-se na 4ª posição da


produção mundial de que produto?
a) Sisal
b) Café
c) Farinha
d) Feijão

CAPÍTULO 3 - A GUERRA FRIA

A Guerra Fria é a designação dada ao conflito político ideológico entre os EUA (Estados Unidos
da América), defensores do Capitalismo, e a União das Repúblicas Socialistas Soviética
(URSS), defensora do socialismo, compreendendo o período final da Segunda Guerra Mundial
e a extinção da URSS. É denominada fria porque não houve qualquer combate físico, embora
o mundo todo temesse a vinda de um novo combate mundial, por se tratar de duas potências
com poderosas armas nucleares.

Norte Americanos e Soviéticos travaram uma luta ideológica, política e económica durante
esse período. Se um governo socialista era implantado em algum país do terceiro mundo, o
governo norte-americano logo via aí uma ameaça aos seus interesses. Se um movimento
popular combatesse uma ditadura militar apoiados pelos EUA, logo recebia apoio soviético.

3.1 Os Antecedentes da Guerra

No final da Segunda Guerra Mundial, notou-se um clima de desconfiança entre as duas


potências (EUA e URSS) que saíram do conflito numa situação de evidente superioridade: era
o indício da guerra fria. Desenvolveu-se, ao mesmo tempo, a política de blocos. A criação da
OTAN22, liderada pelos EUA, foi replicada com a criação do Pacto de Varsóvia pela URSS.

22 Organização do Tratado Atlântico do Norte

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 297


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

Durante a Conferência de Yalta, de Fevereiro de 1945, a URSS reivindicou o direito de


estabelecer governos amigos nos países da Europa do Leste, por uma questão de segurança
das suas fronteiras, mas isto criou desconfiança por parte dos aliados Ocidentais.

Terminado o conflito mundial, com o apoio da URSS, os comunistas ocuparam o poder nos
países da Europa Oriental. O Plano Marshall23, considerado por esses países como
manifestação do imperialismo americano, foi recusado. A partir desta altura, os países
capitalistas e os países socialistas passaram a acusar-se mutuamente de estarem a preparar
a guerra. Reforçaram-se militarmente e aliaram-se em blocos defensivos antagónicos: de um
lado, a OTAN, criada em 1949 pelos Estados Unidos da América; do outro, o Pacto de Varsóvia
em 1955, dando origem à política de blocos.

3.2 O Mundo Capitalista

O mundo capitalista, liderado pelos EUA, depois de ter superado as dificuldades económicas
em consequência da II Guerra Mundial, conheceu um forte crescimento económico. Entre os
factores que possibilitaram esse crescimento, destaca-se o amplo investimento a nível da
investigação tecnológica. Assim, começava a era do domínio da tecnologia. Para além do
petróleo e da electricidade, surgiu uma nova fonte de energia, a nuclear. Como resultado do
forte crescimento económico, instalou-se no mundo capitalista a sociedade de consumo.

A automação da produção24, a concentração empresarial, a economia de mercado, o


acréscimo do sector terciário e a sociedade de consumo são as características fundamentais
da economia. Os EUA, o Japão e a Comunidade Económica Europeia (CEE), eram os principais
polos do desenvolvimento capitalista.

A partir do fim da II Guerra Mundial, alguns países da Europa Central e Ocidental


desenvolveram esforços para uma união aduaneira, que viria a culminar na assinatura do
Tratado de Roma, em 1957, com a criação da CEE. Esta organização é hoje uma realidade
económica e social, com políticas comuns em vários domínios.

23Plano Marshall foi um plano Norte- Americano de ajuda aos países da Europa Ocidental devastados
pela II Guerra Mundial.
24Conjunto de processos que visam a produção automática, reduzindo ao mínimo a intervenção da
actividade humana, e recorrendo no máximo aos meios de acção mecânica, eléctrica ou electrónica.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 298


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3.3 O Mundo Socialista

A II Guerra Mundial possibilitou o fortalecimento da URSS no contexto internacional e a


formação do mundo socialista. Com a subida de Estaline, retomou-se a colectivização dos
meios de produção e adoptaram-se os princípios da planificação centralizada e do centralismo
democrático como caracterizadores da sociedade socialista soviética. Recorrendo a rígidos
planos quinquenais e a um regime ditatorial, Estaline conseguiu um notável desenvolvimento
industrial para a URSS. No entanto, a nível dos bens de consumo e da produção agrícola, não
obteve o mesmo sucesso. Entre os aspectos mais relevantes do socialismo soviético
destacam-se a democratização do ensino e a elevação do nível cultural dos seus cidadãos.

Após a morte de Estaline, a URSS conheceu um período de relativa abertura que, no entanto,
seria interrompido com a chegada de Brejnev ao poder. Expandindo o seu modelo da
sociedade para os países limítrofes, a URSS apadrinhou a formação das democracias
populares no Leste europeu. Enquanto a maioria desses países se manteve fiel ao modelo
soviético, outros evoluíram para fórmulas originais.

A expansão do socialismo não se confinou à Europa. Chegou à Ásia e à América como são os
casos da China, com Mão Tsé-Tung e de Cuba com Fidel de Castro.

Figura 44 - Representa a bipolaridade no pós-guerra entre os EUA e a URSS.

3.4 A Crise no Pós-Guerra

Com o término da segunda Guerra Mundial, estabeleceu-se uma política global bipolar, ou
seja, centrada em dois grandes polos, denominados na época de superpotências: EUA e URSS.
Formados por ideologias diferentes, ambos os polos de poder (Capitalismo e Socialismo)

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 299


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tinham como principal objectivo a difusão dos seus sistemas políticos e culturais no resto do
mundo.

Os EUA defendiam a política capitalista, argumentando ser ela a representação da


democracia, da liberdade individual. Em contrapartida, a URSS enfatizava o Socialismo como
resposta ao domínio burguês e solução dos problemas sociais.

Sob influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos, liderados cada um
deles por uma das superpotências. A Europa Ocidental e a América Central e do Sul receberam
forte influência cultural e económica dos EUA; e a maior parte da Ásia e o leste europeu, sob
domínio da URSS.

Figura 45 - Este mapa expressa uma correlação de forças nos anos 1960

3.4.1 O Bloqueio de Berlim

Após a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, os países vencedores impuseram pesadas
indemnizações à Alemanha, a destacar a sua divisão em 4 zonas de influência, cada uma
dirigida pelos vencedores: Estados Unidos, França, Inglaterra e a União Soviética. Berlim, a

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 300


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capital da Alemanha nazista, também foi dividida, mesmo estando totalmente em território
de influência soviética. Então a comunicação entre o trecho ocidental da cidade fragmentada
e as outras zonas era feita por pontes aéreas e terrestres.

Em 1948, numa tentativa de controlar a inflação galopante da Alemanha, os Estados Unidos,


a França e a Inglaterra criaram uma trizona entre as suas zonas de influência, para fazer
valer, nestes territórios, o marco alemão. Josef Estaline, então líder da URSS, reprovou a
ideia e, como contra-ataque, buscou reunificar Berlim sob sua influência. Desse modo, em 23
de Junho de 1948, todas as rotas terrestres foram fechadas pelas tropas soviéticas numa
violação dos acordos da Conferência de Yalta.

Para abandonar as zonas ocidentais de Berlim e dar vitória à União Soviética, os países
ocidentais prontificaram-se a criar uma grande ponte área, em que bombardeios americanos
sairiam da trizona para levar mantimentos aos mais de dois milhões de berlinenses que viviam
no ocidente da cidade. Estaline reconheceu a derrota dos seus planos em 12 de Maio de 1949.
Pouco depois, as zonas americanas, francesas e inglesa unificaram-se fundando a República
Federativa da Alemanha, ou Alemanha Ocidental, cuja capital era Bonn. Da zona soviética,
nasceu a República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim.

Figura 46 - O muro de Berlim

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 301


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3.4.2 O Plano Marshall

Com as nações Europeias frágeis, após uma guerra violenta, os EUA concederam apoios
económicos à Europa aliada, para que estes países se pudessem reerguer, e mostrar as
vantagens do capitalismo. Assim, o secretário de estado dos EUA, George Marshall, propôs a
criação de um plano económico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall.

Consistia numa série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos, para facilitar o
fim da crise da Europa ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população
descontente. Em resposta ao plano económico, a união soviética propôs-se a ajudar também
os seus países aliados, criando a Comecon, Conselho para Assistência Económica Mútua. Este
conselho tinha como meta a recuperação económica dos países orientais.

3.5 A Formação dos Blocos Militares Antagónicos

Em 1949, os EUA e o Canadá, juntamente com a maioria da Europa capitalista, criaram a


OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar, com o objectivo da
protecção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste Europeu.

Em oposição à OTAN, a URSS formou entre ela e os seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955)
para unir as forças militares da Europa Oriental. Assim, as alianças militares estavam em
pleno funcionamento e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia inflamar uma
guerra.

A tensão sentida pelas pessoas em relação às duas superpotências acentuou com o início da
corrida aos armamentos, cujo vencedor seria a potência que produzisse mais armas e mais
tecnologia bélica. Em contrapartida, a corrida no espaço trouxe grandes inovações
tecnológicas e proporcionou um elevado avanço nas telecomunicações e na informática.

3.5.1 A Corrida ao Armamento

Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras dispunham de uma


enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas durante aquele conflito. Tanques,
aviões, submarinos e navios de guerra constituíam as chamadas armas convencionais. Mas
os grandes destaques eram as chamadas armas não convencionais. Só os EUA as tinham, o

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 302


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que aumentava o seu poderio bélico. A União Soviética iniciou também o seu pograma de
pesquisas no intuito de produzir também tais bombas, o que veio a conseguir em pouco
tempo.

3.6 A Coexistência Pacífica

Após a morte de Estaline, em 1953, Nikita Khrushchev subiu ao posto de Secretário-geral do


Partido Comunista da União Soviética e, portanto, governante dos soviéticos. Condenou os
crimes do seu antecessor e anunciou a política da coexistência pacífica entre os soviéticos e
americanos, o que pressupunha esforços de ambos os lados para evitar o conflito militar,
existindo apenas confronto ideológico através de tentativas de espionagem. Esta política
também aproximou os líderes. Khrushchev reuniu-se diversas vezes com os presidentes
americanos: com Dwight D. Eisenhower, em 1956, na Inglaterra e 1960, em França; com
Kennedy encontrou- se uma vez em 1961, em Viena, Áustria.

A coexistência pacífica foi expressamente mencionada pelo Tratado Sino-indiano25 de 29 de


Abril de 1954, cujo preâmbulo afirmava os seguintes princípios de base:

 Respeito mútuo da integridade territorial da soberania;


 Não-agressão mútua;
 Não interferência nos assuntos internos;
 Igualdade e benefícios mútuos.

Em 1962, um certo número de estados conseguiu que a questão da coexistência pacífica fosse
discutida na Assembleia Geral da ONU. Na sessão de 18 de Dezembro desse mesmo ano,
foram proclamados os grandes princípios da coexistência pacífica a seguir apresentados.

1. Os estados abstinham-se, nas suas relações internacionais, de recorrer à ameaça ou à


força contra a integridade territorial e independência política de qualquer outro estado.
2. Os estados resolviam os seus diferendos por meios pacíficos.

3. Não intervenção por parte de outros nos assuntos que fossem da competência nacional de
um estado.

25 Refere-se ao tratado entre a China e a Índia

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 303


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4. Dever dos estados de cooperarem uns com os outros, conforme a carta da ONU, nos
seguintes domínios: manutenção da paz e segurança internacional, direitos do homem,
liberdades fundamentais, cooperação social, cultural, técnica, científica e económica.
5. Igualdade de direitos dos povos e do seu direito a disporem de si mesmos.
6. Igualdade na soberania dos estados.
7. Cumprimento por parte de todos os estados das obrigações que assumiram perante a
carta.

3.7 As Implicações da Guerra Fria em Angola

A Guerra civil26, que precedeu a independência de Angola, tinha tomado proporções


internacionais, reflectindo as rivalidades ideológicas entre os dois blocos (capitalismo e
socialismo), implicando igualmente os seus aliados africanos. O envolvimento destas forças
militares em solo angolano teve como razões as rivalidades ideológicas, interesses
económicos e geoestratégicos. As duas superpotências apoiaram os movimentos de Angola;
os EUA, Zaire e África do Sul apoiaram a FNLA e a UNITA; a URSS e Cuba apoiaram o MPLA.

Os aliados africanos do bloco socialista - Argélia, República Popular do Congo, Guiné-Bissau


e Moçambique - tinham enviado tropas de apoio ao MPLA em nome da solidariedade
ideológica. Ainda no âmbito africano, os aliados do bloco capitalista, o Zaire e a África do Sul,
aconselhados e encorajados por potências estrangeiras, tomaram as suas posições.

Nestas condições, a vitória dependia não somente do talento militar das forças beligerantes,
mas sobretudo de dois factores: da qualidade e da quantidade do armamento. A União
Soviética, Cuba e os países que compunham o bloco socialista estavam do lado do MPLA
dirigido por Agostinho Neto. Do outro lado, as potências Ocidentais, entre as quais os EUA e
os países do bloco capitalista, davam todo o seu apoio à FNLA e à UNITA.

Então, quais as razões que levaram os americanos a intervirem no conflito angolano? Antes
da queda do regime fascista de Portugal, a 25 de Abril de 1974, na política em relação a
Angola, os EUA exprimiam-se segundo dois enquadramentos diferentes. Por um lado, havia
a posição oficial manifestada pelo apoio político, económico e militar, aos diferentes
presidentes do colonialismo português; por outro, a posição privada das organizações civis e

26 Guerra civil é uma guerra entre grupos pertencente ao mesmo estado ou país.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 304


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

dos serviços secretos americanos, que se ocupavam do financiamento dos movimentos pró-
ocidentais como a FNLA e a UNITA.

Três razões estão na base desta dupla atitude, que, sob vários aspectos, pode ser considerada
como ambígua na política americana, conduzida por diferentes governos em relação a Angola
e Portugal. Em primeiro lugar, temos o pacto de segurança militar que liga os EUA a Portugal
no quadro da OTAN; em seguida, os recursos de Angola, alguns dos quais de vital importância
para a economia americana; finalmente, os interesses geoestratégicos já evocados, no quadro
da luta contra a União Soviética pela hegemonia mundial.

Mas os EUA também possuíam interesses económicos, no que diz respeito a Angola porque
os investimentos eram importantes e o seu peso era considerável. Os investimentos
americanos em território angolano cresceram consideravelmente logo a seguir ao início da
luta armada nos seguintes sectores: petróleo, minas e agricultura.

Enquanto em África vários esforços eram empreendidos para pôr termo à guerra civil que
assolava Angola desde 1975, nos EUA personagens defendendo interesses particulares
intervinham numa outra guerra pela vitória dos seus aliados angolanos- a FNLA e a UNITA. A
CIA não poupou esforços e meios para erradicar o MPLA da cena política angolana,
considerando-a como aliada da União Soviética e dos países socialistas.

No dia 27 de Julho de 1975, o presidente americano Gerald Ford decidiu conceder um


montante de 6 milhões de dólares destinados a financiar as operações secretas em Angola.
Dois dias mais tarde, um avião americano levantava voo da Carolina do Sul carregado de
armas para a UNITA e a FNLA.

No quadro das intervenções militares africanas em Angola, salientamos o caso do Zaire e da


África do Sul racista. Tratava-se de dois estados do continente africano que se colocaram
abertamente do lado da FNLA e da UNITA, aliados das potências ocidentais, desde 1975. Eram
considerados, no contexto da guerra fria, como trincheiras do mundo ocidental.

De todas as intervenções africanas no conflito angolano, o Zaire é de longe o mais antigo. O


envolvimento directo dos dirigentes destes países aconteceu desde a segunda metade dos
anos 1950, pelo Congo belga. No entanto, as relações com os dirigentes da FNLA variavam,
muitas vezes, em função das mudanças de liderança política e de interesses pontuais que
estavam em jogo. A dura realidade da guerra de libertação de Angola punha em causa as
desmedidas ambições do presidente Mobutu.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 305


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

A partir de 1975, a situação económica do Zaire degradava-se cada vez mais com o
desenvolvimento da corrupção que afectava as mais altas esferas da sociedade. As reformas
empreendidas pelo regime do general Mobutu constituíram uma catástrofe. Na realidade,
traduziram-se pela confiscação de empresas e outros bens dos europeus e asiáticos por parte
de indivíduos pouco idóneos. O sector agrícola, outro domínio da economia zairense, também
estava ameaçado pela crise que assolava o país e empobrecia os camponeses, ao extremo
destes não conseguirem sequer escoar os seus produtos obrigando o governo a importar
mercadoria do estrangeiro.

Face a esta conjuntura, compreende-se assim que Angola fosse alvo de interesse para o Zaire
por diversos motivos. Primeiramente, para assegurar o controlo do caminho-de-ferro de
Benguela através do qual o país escoava a sua produção de cobre, 70% dos produtos mineiros
provenientes da região do Shaba. Depois, a existência da riquíssima zona petrolífera de
Cabinda, região essencial ao regime de Mobutu, uma vez que este esperava resolver os
problemas económicos do seu país apropriando-se das reservas petrolíferas daquela região.
Imitando os seus aliados ocidentais ou agindo em concertação, Mobutu enveredou pelo
assédio do enclave de Cabinda acordando o apoio a uma das diferentes tendências
separatistas da FLEC.

Oficialmente a partir de 1975, os preparativos dessa acção militar zairense em solo angolano
foi planificada com alguns anos de antecedência. Recorreu a instrutores chineses, armou o
seu aliado FNLA e sobretudo deixou os seus dirigentes entrarem directamente em contacto
com os responsáveis militares da África do Sul. Em 1973, Mobutu tomou a decisão de
reorganizar simultaneamente as suas forças armadas assim como as tropas da FNLA.

Graças ao enquadramento técnico dos militares chineses vindos expressamente de Pequim,


as forças do Zaire e da FNLA, a partir de 1974, foram capazes de alinhar entre 17 e 20.000
homens, todos eles convencidos de que a solução para a independência de Angola era militar.
Apesar dos meios postos à disposição das Forças Armadas Zairenses envolvidas no combate
em Angola, estas foram incapazes de assegurar a vitória militar aos seus aliados angolanos.

A África do Sul preocupava-se sobretudo com a situação geopolítica da região Austral do


continente, nomeadamente, a posição geoestratégica de Angola e Moçambique, que
comandavam as vias de comunicação marítimas sensíveis.

Durante o período colonial, as duas antigas colónias portuguesas da Africa Austral, Angola e
Moçambique, constituíam para a África do Sul racista dois baluartes importantes, protectores

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 306


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

da sobrevivência política do seu regime de Apartheid. Estes dois países formavam como uma
espécie de linha de demarcação entre a África negra independente e a África do Sul.

Do lado sul-africano o que mais preocupava era a possível vitória do MPLA em Angola e da
FRELIMO em Moçambique. Tal evolução constituiria uma ameaça a longo termo, por dar
origem a dois estados revolucionários hostis à política de Apartheid praticada na África do
Sul. Esta situação irreversível teria consequências imediatas e, a longo prazo, a radicalização
do nacionalismo das populações e das elites negras agregada pelos movimentos de libertação
da África do Sul, da Namíbia e do Zimbabwe. Assim, essas guerrilhas comandadas
respectivamente pela ANC, a SWAPO, a ZANU e a ZAPU, poderiam, a partir dessa altura,
servir-se de Angola e de Moçambique como base da retaguarda para exercer pressão militar
e incursões armadas a partir desses países vizinhos, ameaçando directamente o regime do
Apartheid.

A África do Sul interveio na guerra civil angolana por temer a instalação de regimes africanos
progressistas perto das suas fronteiras com Angola e Moçambique, hostis à sua política de
Apartheid. De referir o facto da coligação das forças da UNITA/ FNLA não ser suficientemente
forte para vencer o MPLA. Todas estas razões obrigaram o regime de Pretória a participar na
luta armada em Angola ao lado dos movimentos de libertação pró-ocidentais.

Foi em Agosto de 1975 que as forças sul-africanas invadiram o território angolano. Esta
incursão da South Defense Force (SADF) consistia oficialmente numa operação destinada a
controlar a zona da fronteira com a Namíbia ao longo do rio Cunene, com o objectivo de
proteger as barragens hidroeléctricas Ruacanas e de Calueque. Mais tarde, o exército sul-
africano, bem equipado militarmente, decidiu tomar parte activa na luta para prestar ajuda
aos combatentes da FNLA e da UNITA.

A União Soviética adoptou uma velha tradição política de ajuda às lutas dos movimentos de
libertação nacional dos países do terceiro mundo, cujas origens se encontram na linha
ideológica pós revolução socialista de Outubro de 1917.

Isto constituiu, à priori, uma das motivações essenciais da presença da União Soviética em
Angola. Já em 1974, depois de vários anos de apoio à luta armada contra o colonialismo
português, as autoridades soviéticas, até ai aliadas do MPLA, tinham-lhe retirado a sua ajuda,
depois de terem constatado as suas divisões internas. Todavia, cedendo ao insistente pedido
dos dirigentes cubanos, cujas tropas estavam a caminho de Angola, a União Soviética não

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 307


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

hesitou a rever a sua posição. Diga-se que numa outra vertente, os casos de Angola e de
Moçambique interessavam à União Soviética.

As duas antigas colónias portuguesas ocupavam pontos estratégicos importantes na sub-


região da África Austral, em virtude das características das suas fachadas. É importante
sublinhar o seguinte ponto: diferentemente dos Estados Unidos e das outras potências
ocidentais, os dirigentes soviéticos não davam importância às matérias-primas dos países que
eles apoiavam. Mas, por razões económicas, a URSS era, por vezes, obrigada a comportar-
se como um estado capitalista.

De todas as intervenções militares em Angola, a dos combatentes internacionalistas de Cuba


foi a mais determinante. No que respeita ao plano político, deve-se-lhes a tomada de poder
pelo MPLA, quando toda a gente pensava que seria impossível uma vitória militar desse
movimento, face aos rivais a FNLA e a UNITA, apoiados pelo Zaire, pela África do Sul e pelas
potências Ocidentais.

Sob o ponto de vista ideológico, Cuba afirmou-se como aliada dos movimentos de libertação
da África Austral e dos povos oprimidos em geral. Enfim, no plano militar, Cuba mostrou às
potências do mundo a sua capacidade de levar avante uma guerrilha a milhares de
quilómetros de Havana27, afirmando-se assim como potência média, a qual estava disposta a
resolver os problemas de alguns países africanos da África Austral.

3.8 A Queda da URSS e o Fim da Guerra Fria

Depois da morte de Khrushchev, a União Soviética teve duas governações: Yuri Andropov e
Leonid Chernenko. No entanto, estes morreram pouco tempo depois de chegarem ao cargo
político máximo. Depois de Chernenko, foi eleito Mikhail Gorbatchev que defendia a
necessidade de reformar a União Soviética para se adaptar à realidade mundial. No seu
governo, existia uma nova geração de políticos tecnocratas que ganharam espaço desde o
governo de Khrushchev; afirmaram-se enquanto tal, impulsionaram dinâmicas de reformas
na URSS e estabeleceram a aproximação diplomática com o mundo Ocidental.

27
Capital da Cuba

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 308


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

A URSS passava por um período de grande fragilidade desde o início dos anos 70, evidenciada
pela queda da produtividade dos trabalhadores, pela queda de expectativa de vida e,
finalmente, pelo acidente nuclear de Chernobil, em 1986,que mostrou ao mundo as
debilidades da URSS. Face a estes problemas, Mikhail Gorbatchev aplicou dois planos de
reformas: a Perestroika e Glasnost.

A Perestroika consistia numa série de mediadas e reformas económicas. Para Gorbatchev,


não seria necessário aniquilar o sistema socialista, mas sim reformulá-lo. Diminuiu o
orçamento militar da União Soviética, com as respectivas consequências, nomeadamente, a
retirada das tropas soviéticas no Afeganistão. A Glasnost é a liberdade de expressão na
imprensa soviética e a transparência das acções governativas, retirando a forte censura que
o governo comunista impunha.

A nova situação de liberdade na União Soviética possibilitou um abrabdamento na ditadura


que Moscovo impunha aos outros países. Com isto, o Pacto de Varsóvia enfraqueceu,
proporcionando a aproximação do Ocidente e do Oriente de forma pacífica. Em 1986, Ronald
Reagan encontrou-se com Gorbatchev, em Reykjavik, Islândia, para discutir novas medidas
de desarmamento dos mísseis estacionados na Europa.

O desalinhamento das Repúblicas Orientais: em 1989, realizaram-se as primeiras eleições


livres no mundo socialista, com vários candidatos e com os meios de comunicação social a
acompanharem os acontecimentos. Muitos partidos comunistas tentaram impedir as
mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbatchev, porém, estas tiveram grande efeito
positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a mudar; a
Polónia e a Hungria negociaram eleições livres e a Checoslováquia, a Bulgária, a Roménia e
a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, a reivindicarem o fim do regime socialista.

O culminar deu-se com a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, pondo fim à
cortina de ferro e, para alguns historiadores, à Guerra Fria. Finalmente, a revolta dos países
orientais causou o choque entre os povos bálticos. Os três países bálticos 28 foram invadidos
e anexados pela URSS e os seus cidadãos pediram a independência. Seguiram-se outras
repúblicas da União Soviética a pedir eleições livres e multipartidárias.

28 Estónia, Letónia e Lituânia

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Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo
Gennady Yanayev, a tentar um golpe de estado contra Gorbatchev em Agosto de 1991. O
golpe, todavia, foi frustrado por Boris Yeltsin. Mesmo assim, a liderança de Gorbatchev estava
em decadência e, em Setembro, os países bálticos conseguiram a independência. Em
Dezembro, a Ucrânia também se desanexou. No dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbatchev
anunciava o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

3.8.1 A Queda do Socialismo em Angola

O socialismo é um sistema económico, político e social, baseado na propriedade privada dos


bens ou na colectivização dos meios de produção. Trata-se de um sistema que teve a sua
origem na Revolução Socialista de Outubro de 1917, na URSS. Como já foi mencionado,
durante a luta de libertação, a luta contra o imperialismo e o apoio aos países do terceiro
mundo eram prioridades da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, razões pelas quais,
este país apoiou o Movimento popular de Libertação de Angola (MPLA) na luta contra a
opressão colonial e, posteriormente, contra a UNITA e a FNLA que contavam com o apoio dos
EUA.

Devido ao apoio ideológico e estratégico que recebeu da URSS durante a guerra, depois da
proclamação da República Popular de Angola, o MPLA adoptou o regime socialista pois
acreditava também que este era o melhor modelo para tirar Angola de vários problemas como
a fome, a corrupção, o analfabetismo, o tribalismo e do atraso económico e social. O sistema
socialista vigorou oficialmente em Angola desde 1977 até à realização das primeiras eleições
em 1992.

O socialismo baseava-se nos princípios Marxistas-leninistas. Sendo assim, Angola no período


do Socialismo, ou do partido único, como também é conhecido, apresentava as seguintes
características:

 Existência de um poder executivo, exercido apenas por um partido, ou seja, o regime era de
partido único ou sistema de monopartidarismo, no caso, o MPLA;
 Existência de um poder judicial, fiscalizado pelo órgão executivo;
 Inexistência do poder legislativo;
 Todas as informações passadas pelos meios de comunicação social eram extremamente
censuradas;

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 310


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 Ausência de liberdade de expressão, liberdade de pensamento e liberdade de manifestações;


 Existência de um poder centralizado, que corporizava os projectos políticos, económicos e
sociais da nação;
 A educação e os assuntos sociais eram partidários, ou seja, tinham tendências para beneficiar
o partido no poder.

O socialismo fracassou em Angola devido aos seguintes factores:

 Não conseguiu tirar o nosso país dos principais problemas herdados do colonialismo português
e, em alguns casos, aumentou as tensões sociais, económicas e políticas;
 A guerra civil entre o MPLA e a UNITA;
 A crise económica que devastou os países do bloco socialista nos princípios dos anos noventa
e que culminou com as reformas em vários países socialistas e a desintegração da URSS.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Em que ano foi criada a Comunidade Económica Europeia (CEE)?


a) 1948
b) 1957
c) 1958
d) 1949

2. Indique a região que recebeu influências da URSS durante a Guerra Fria.


a) Leste Europeu
b) América Central
c) América do Sul
d) América Ocidental

3. O que foi o pacto de Varsóvia?


a) Um acordo entre Alemanha, Itália e Japão.
b) Um pacto de não-agressão entre a Rússia e a Alemanha.
c) Um bloco militar dos países socialistas.
d) Um tratado de capitulação da Alemanha na II Guerra Mundial.

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4. Qual dos países ou sociedades não fazia parte dos principais pólos de
desenvolvimento capitalista?
a) EUA
b) Japão
c) Comunidade Económica Europeia
d) Organização do Tratado Atlântico do Norte.

5. Que acontecimento marcou definitivamente o fim da Guerra Fria?


a) O fim da guerra na Coreia.
b) A queda do muro de Berlim.
c) A desintegração da URSS.
d) A subida de Gorbatchev ao poder.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Que princípio não fazia parte daqueles difundidos nas ideias da coexistência
pacífica?
a) Os princípios de Igualdade, liberdade e fraternidade entre povos de culturas, raças e etnias
espalhados pelo mundo.
b) O princípio de que os estados se abstivessem, nas suas relações internacionais, de recorrer
à ameaça ou à força contra a integridade territorial e independência política de qualquer
estado.
c) O princípio de que os estados deviam resolver os seus diferendos por meios pacíficos.
d) O princípio de não intervenção nos assuntos que fossem da competência nacional de um
estado.

2. Que razão esteve na base da desintegração da URSS?


a) A fragilidade que a URSS vivia nos anos 70, evidenciada pela queda da produtividade dos
trabalhadores.
b) A subida de Gorbatchev ao poder.
c) As sucessivas derrotas da URSS em vários países.
d) A pressão que EUA exerciam para a URSS abandonar o regime socialista.

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3. Que facto ocasionou o fim da Guerra Fria?


a) O apoio da URSS aos países do terceiro mundo.
b) A política de Nikita Khrushchev.
c) A morte de Estaline.
d) A queda do Muro de Berlim a 9 de Novembro de 1989, que pôs fim à cortina de ferro.

4. Indique a opção que corresponde à indemnização imposta à Alemanha depois da


II Guerra Mundial.
a) Divisão da Alemanha em 4 zonas.
b) Proibição da entrada da Alemanha na ONU.
c) A Alemanha teria que indemnizar os países vencedores com o valor de 32.000.000.000
de marcos.
d) A Alemanha foi proibida de aceitar apoio da URSS.

5. O sistema socialista em Angola não teve o destino desejado. Que opção não faz
parte dos factores do fracasso do socialismo em Angola?
a) Não conseguiu tirar o país dos principais problemas herdados do colonialismo português, e
em alguns casos, aumentou as tensões sociais, económicas e políticas.
b) A internacionalização do conflito angolano forçou o governo de Angola a eliminar o regime
socialista.
c) A guerra civil entre o MPLA e a UNITA.
d) A crise económica que devastou os países do bloco socialista nos princípios dos anos 90 e
que culminou com as reformas em vários países socialistas e a desintegração da URSS.

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CAPÍTULO 4 - O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

O termo Globalização é normalmente utilizado a propósito de um conjunto de


transformações socio - económicas que as sociedades contemporâneas atravessam. Tais
transformações constituem um conjunto de novas realidades e problemas que parecem
implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os trabalhadores e para a acção
sindical.

Embora o termo Globalização seja relativamente recente, a origem deste processo parece ser
bastante mais remota. A verdade é que já no século XIX, alguns intelectuais adoptaram o
termo para traduzir a ideia de que o processo de modernização implicava uma crescente
integração do mundo.

O conceito também varia de autor para autor. Algumas definições acentuam o carácter
multidimensional do processo; outras focalizam-se mais na dimensão económica e, em certos
casos, associam o processo de Globalização ao sistema económico capitalista e à ideologia
neoliberal; noutros casos, as dimensões políticas ou culturais são particularmente
sublinhadas; outras ainda sublinham que se trata de um processo conduzido pelos homens;
já algumas se referem à Globalização enquanto motor de um processo civilizacional, deixando
implícita a sua naturalidade e inevitabilidade.

Embora sejam múltiplas as abordagens e definições de Globalização propostas pelas


bibliografias, as mesmas apresentam as seguintes características em comum:

 Trata-se de um processo à escala mundial, transversal ao conjunto dos Estados-Nação que


compõem o mundo;
 A sua dimensão essencial baseia-se na crescente interligação e interdependência entre
Estados, organizações e indivíduos do mundo, não só na esfera das relações económicas, mas
também ao nível da interacção social e política. Acontecimentos, decisões e actividades em
determinada região do mundo têm significado e consequências em regiões muito distintas do
globo.
 A desterritorialização, ou seja, as relações entre os homens e instituições, sejam elas de
natureza económica, política ou cultural, tendem a desvincular-se das contingências do
espaço.

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 Os desenvolvimentos tecnológicos facilitam a comunicação entre pessoas, instituições e bem


assim a circulação de pessoas, bens e serviços.

A Globalização é, portanto, um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente


das políticas económicas nacionais pela esfera mega-económica, ao mesmo tempo que se
adensam as relações de interdependência, dominação e dependência entre os actores
internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram pôr em
prática as suas estratégias no mercado global.

Este é um fenómeno complexo de muitas repercussões. Não é, por conseguinte,


surpreendente que o termo “globalização” tenha adquirido numerosas conotações
emocionais. No limite, ela é considerada como uma força irresistível e benéfica que trará a
prosperidade económica a todos os habitantes do mundo. No outro extremo, vê-se nela a
fonte de todos os males contemporâneos. A Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da
Globalização é uma força condutora central por trás das rápidas mudanças sociais, políticas
e económicas que estão a remodelar as sociedades modernas e a ordem mundial.

Falar de Globalização remete para um conjunto de transformações económicas, políticas,


sociais e culturais que se fazem sentir a nível mundial. Nas suas formas mais visíveis, estas
transformações estão frequentemente associadas a inovações tecnológicas. As novidades
tecnológicas e a velocidade a que estas ocorrem no mundo contemporâneo contribuem para
crer que a globalização constitui um fenómeno completamente novo.

4.1 A Economia Mundial e Economia-Mundo

Os contactos comerciais entre povos e viagens intercontinentais não começaram com a


globalização. Por exemplo, já na antiguidade, os fenícios, grandes comerciantes e
navegadores, percorriam as terras do mediterrâneo desde a sua costa asiática e penetravam
no Atlântico, atingindo designadamente a costa ocidental portuguesa. No entanto, seguindo
Fernand Braudel, importa distinguir duas realidades:

a) O que se pode designar por Economia mundial?

É a economia do mundo, globalmente considerado; o mercado constituído por todas as


regiões do globo; conceito que se aproxima do entendimento que actualmente se tem sobre
Globalização que a considera na sua dimensão especificamente económica.

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b) O que se pode designar por Economia-mundo?

É uma economia que ocupa um determinado espaço geográfico e que, portanto, tem limite.
Uma economia-mundo submete-se a um pólo, um centro, representado por uma cidade
dominante, outrora um Estado-cidade, hoje uma grande capital económica (por exemplo, nos
Estados Unidos, Nova Iorque e não Washington). Em alguns períodos históricos coexistiram,
de forma prolongada no tempo, dois centros numa economia-mundo, por exemplo: Roma e
Alexandria, no tempo de Augusto, de António e de Cleópatra.

Actualmente, a Economia mundial parece resultar da tendencial hegemonia da economia-


mundo ocidental, do seu desenvolvimento e da sua progressiva expansão.
Fundamentalmente, a Globalização pode entender-se como o produto do desenvolvimento do
capitalismo à escala mundial e pode, pois, entender-se como continuidade de uma lógica
civilizacional que tem sido designada por modernidade, e que já não é propriamente recente.
A sua origem remonta à revolução industrial inglesa no século XVIII conjugada com as
transformações sociopolíticas emergentes da Revolução Francesa em 1789.

A Globalização pode pois ser entendida como um fenómeno social total, multidimensional que
não é completamente recente, nem inteiramente novo. No entanto, é de sublinhar que está
inserida num processo histórico e é portadora de continuidade, o que não significa retirar-lhe
a sua dimensão de novidade. Na verdade, a Globalização contemporânea compreende novas
dinâmicas económicas, políticas e culturais com importante dimensão e impacto, e que
constituem uma verdadeira transformação do mundo em que vivemos.

4.2 A Globalização e Acontecimentos Recentes

Algumas tendências e acontecimentos recentes são geralmente apresentados como tendo tido
uma forte influência no processo de Globalização:

 O desenvolvimento do comércio internacional;


 O desenvolvimento do capitalismo financeiro;
 A emergência e consolidação de um novo paradigma técnico-económico;
 O desenvolvimento das ciências e da tecnologia, em particular no que respeita à
implementação de uma rede de acessibilidades e transportes à escala mundial, por um lado,
e, por outro, uma rede de infra-estruturas comunicacionais que constituem um suporte
fundamental no processo de Globalização.

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 As transformações sócio-políticas ocorridas nos países do Leste Europeu ao longo da


década de 80 que conduziram à abertura política e económica. Deste conjunto de países do
modelo ocidental, no plano ideológico, representaram um forte abalo no modelo alternativo
que constituíam.
 O florescimento dos ideais político-económicos de inspiração neoliberal.

No essencial, o chamado novo paradigma técnico-económico consiste na crescente


possibilidade de segmentar os processos produtivos, distribuindo espacialmente as suas
diferentes fases (estudo, concepção e produção) em função dos diferentes níveis de
qualificação e custo de mão-de-obra em cada região, assim como da acessibilidade e custo
de outros factores produtivos, designadamente as matérias-primas.

A possibilidade de segmentar os processos produtivos conheceu um forte incremento com a


melhoria generalizada das infra-estruturas de transporte de mercadorias e, sobretudo, com
as novas tecnologias de comunicação e informação que permitem uma gestão, em tempo
real, de um conjunto de processos produtivos espacialmente dispersos a grandes distâncias.

Em regra, a gestão e administração empresarial, assim como as fases de investigação e


concepção de produtos tendem a concentrar-se nos países mais desenvolvidos, onde os
salários são mais elevados e onde os níveis médios de qualificação profissional são também
mais elevados enquanto as fases de produção, montagem e preparação para a
comercialização tendem a concentrar-se em países onde os salários são mais baixos.

No quadro da crescente internacionalização das actividades económicas, assiste-se a uma


dupla estratégia por parte do capital: implementação de ganhos de produtividade através da
inovação organizacional e tecnológica e procura de zonas de salários baixos, quer pela
flexibilização do emprego e dos custos sociais que lhe estão associados nos países mais
desenvolvidos, quer através da deslocalização de segmentos do processo produtivo para os
países menos desenvolvidos.

4.3 O Neoliberalismo

O neoliberalismo é uma doutrina que defende o livre funcionamento do mercado como


instrumento regulador e o livre funcionamento da economia como instrumento redistribuidor
da riqueza.

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Inspira-se nos elementos mais radicais do liberalismo clássico do século XVIII, acentuando os
seus ideais económicos (defender a liberdade de empreender e lucrar) em detrimento das
vertentes política e social (defender as liberdades dos cidadãos). Assim, o neoliberalismo
opõe-se, por exemplo, às políticas que promovem a lógica do Estado Providência, defendendo
a privatização dos sectores tradicionalmente geridos pelo Estado, como a saúde, a educação,
as pensões e as reformas que se opõem, genericamente, à intervenção do Estado na
economia.

Um dos fundamentais princípios heurísticos do neoliberalismo é a suposta tendência para o


equilíbrio que resulta do livre funcionamento dos mercados. No plano da teoria económica,
as principais críticas ao neoliberalismo incidem justamente sobre este princípio sublinhando-
se a não transparência dos mercados e, portanto, as diferentes condições de mobilidade e de
acesso à informação sobre os mercados.

4.4 A Dimensão Económica da Globalização

Muitas das teorias sobre a Globalização inspiram-se no legado de Karl Marx (1818-1883), o
primeiro a conceptualizar o sistema capitalista de produção e a caracterizar a sociedade daí
decorrente. Entendido enquanto modelo civilizacional, o Capitalismo é claramente o veículo
da globalização económica, porque as suas instituições específicas, mercados financeiros,
bens materiais e simbólicos enquanto mercadorias, o trabalho assalariado e a propriedade
alienável, facilitam as trocas económicas mesmo a grandes distâncias.

Para melhor compreender a importância e os contornos da dimensão económica da


Globalização, é útil subdividi-la em quatro grandes sub-dimensões:

 Comércio mundial de bens e serviços;


 Capital e mercado financeiro;
 Produção de bens e serviço;
 Mercado de trabalho e emprego.

4.5 O Crescimento do Comércio Mundial

O comércio constitui um dos principais e certamente o mais antigo fundamento de uma


globalização económica, ao articular produtores e consumidores geograficamente distantes e

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ao estabelecer entre eles uma relação de interdependência e mesmo, por vezes, de


identificação entre si.

Desde a industrialização do Ocidente que o comércio mundial (a compra e venda de


mercadorias e serviços entre diferentes países) se expandiu muito rapidamente. A segunda
metade do século XIX, quanto à hegemonia militar e económica britânica, possibilitou o
estabelecimento de mercados de natureza proteccionista nas suas colónias e o comércio de
produtos industriais para o seu exterior assistiu à primeira fase de um forte crescimento
mundial.

Uma segunda fase cobre os cerca de trinta anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial,
quando os Estados Unidos conseguiram impor um regime de comércio internacional mais
liberalizado. Mas, no imediato pós-guerra, a maior parte dos países europeus encontrava-se
desgastada pela guerra e os EUA estavam bem colocados para tirar vantagem de um regime
de comércio internacional liberalizado, ou seja, sem barreiras alfandegárias. O principal
veículo deste processo foi o Acordo Geral de Tarifas e Comércio celebrado em 1947.

A existência de sistemas de comunicação em tempo real e de redes de transportes à escala


mundial constitui um sistema de infra-estruturas indispensável à acelerada intensificação que
as trocas comerciais internacionais apresentam. No entanto, é fundamental não negligenciar
a importância de factores de natureza política que se revelam igualmente, ou mesmo mais,
decisivos para a actual configuração do comércio internacional.

4.6 Crescimento do Comércio Mundial e a Liberalização do Comércio

Liberalizar o comércio internacional significa promover a redução das tarifas alfandegárias e


outros entraves legais, as quotas de importação ou especificações legais relativas às
características dos produtos, que os diferentes países instituem relativamente à importação
de bens e serviços no sentido de proteger os respectivos sistemas produtivos.

A progressiva liberalização do comércio internacional compreende, pois, uma importante


consequência: a concorrência entre as empresas internacionaliza-se. Qualquer empresa de
determinado país passa a concorrer directamente com qualquer outra existente à escala
mundial.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 319


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4.6.1 Os Efeitos da Liberalização do Comércio

A liberalização do comércio internacional acarreta uma competitividade acrescida em virtude


do afrouxamento das fronteiras o que tem fortes implicações na gestão empresarial. Importa
sublinhar que os efeitos da liberalização do comércio internacional não são iguais para todos
os países, em virtude de alguns estarem em melhores condições para maximizar as
potencialidades que ele oferece, enquanto outros se encontram numa posição de maior
vulnerabilidade e com menos instrumentos para lidar e manobrar as consequências.

Neste jogo desigual entre países e regiões, não será difícil perceber quem é quem. Segundo
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2005), as maiores barreiras
alfandegárias existem em desfavor dos países mais pobres. Em média, as exportações dos
países mais pobres para os mais ricos sujeitam-se a tarifas alfandegárias três vezes mais
elevadas. Os países mais ricos não só promovem e lideram o processo como o arbitram a seu
favor.

4.7 O Mercado Financeiro Internacional

O mercado financeiro é porventura o mais globalizado dos mercados. A liberalização dos


fluxos de capitais ocorrida desde os anos oitenta, aliada à inovação tecnológica nas
telecomunicações e nas aplicações informáticas, permitindo a deslocação de avultadas somas
de capital, têm sido consideradas por muitos como o centro nevrálgico da Globalização.

A verdade é que também os mercados financeiros têm uma longa história de


internacionalização identificando-se épocas distintas no desenvolvimento dos mercados
financeiros internacionais:

1870-1914 - a Grã-Bretanha era a maior exportadora de capitais e o mais importante centro


financeiro internacional, então sediado na City29 de Londres que administrava o sistema
financeiro global. O crescimento das holdings estrangeiras quintuplicou neste período.

1920-1939 - a Primeira Guerra Mundial forçou muitos governos europeus, incluindo o


britânico, a liquidar os seus investimentos no ultramar. Simultaneamente, os EUA tornaram-
se um actor económico poderoso. Até 1929, os EUA forneciam fundos líquidos ao sistema

29 Cidade de Londres

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 320


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financeiro internacional, mas reduziram os empréstimos ao estrangeiro nesse ano e os


mercados permaneceram sem liquidez até à segunda Guerra Mundial.

Em 1944 - realizou-se uma conferência em Bretton Woods (EUA), na qual foi assinado um
acordo (Tratado de BrettonWoods), que instituiu um sistema de taxas de câmbio fixas, tendo
como objectivo superar a instabilidade financeira e monetária. Nesta Conferência nasceu o
Fundo Monetário Internacional (FMI).

1947-1985 - a cidade de Nova Iorque conheceu o estatuto de centro financeiro internacional,


isto é, o principal mercado bolsista, o banqueiro para as reservas estrangeiras, o principal
mercado de capitais e o seu credor em última instância. A administração financeira norte-
americana era realizada através do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI);
a ajuda governamental internacional e o capital privado cresciam com igual proeminência
como fontes financeiras.

4.7.1 Globalização do Mercado Financeiro

Os operadores financeiros privados passaram a ter um papel decisivo sobre a determinação


dos preços relativos às moedas e às taxas de câmbio. Por outro lado, um importante mercado
para os dólares americanos, conhecido por Euro moeda ou eurodólar, desenvolvia-se fora do
alcance da gestão de Nova Iorque. Este dinheiro sem nacionalidade (globalizado) cresceu de
50 biliões de dólares, em 1973, para dois triliões de dólares em 1987, quase o mesmo
montante que circulava no interior dos EUA. Finalmente, o dólar americano deixou de estar
associado ao padrão ouro.

O resultado destas alterações no mercado financeiro internacional acabou por ser um genuíno
processo de globalização, no sentido em que a localização deixou de ser relevante. Note-se
que este resultado também só foi possível em virtude da coincidência entre o declínio de Nova
Iorque enquanto principal centro financeiro e o desenvolvimento das telecomunicações
informatizadas e instantâneas.

Desde então, o mercado financeiro global tem evoluído em duas direcções. Por um lado, a
eliminação do espaço completo e a conquista do tempo: tornou-se possível comercializar 24
horas por dia, acompanhando as diferentes temporalidades locais. Por outro lado, a
diferenciação dos mercados financeiros foi de tal ordem que os bancos tornaram-se

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 321


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negociantes de capital; as companhias de construção e as associações de crédito


transformaram-se em bancos, etc.. Deixou de ser possível exercer alguma forma de comando
sobre o sistema financeiro no seu todo a partir de um único centro.

O mercado financeiro é, pois, outra das dimensões essenciais do processo de Globalização. O


desenvolvimento de novos instrumentos financeiros, a desregulamentação dos mercados
financeiros internacionais, o crescimento de bancos internacionais e outras instituições
financeiras são parte do que se designa por sistema financeiro global que compreende uma
crescente movimentação de fluxos financeiros que podem ter várias formas: investimento
directo no estrangeiro (IDE), compra e venda de títulos, créditos de diversos tipos, compra e
venda de divisas, incluindo operações de carácter mais ou menos especulativo que se vão
tornando rotina em todo o mundo, numa velocidade e impactos sem precedentes.

4.8 A Dimensão Cultural da Globalização

É certamente difícil dar conta da diversidade cultural e das transformações que atravessam a
vida cultural no mundo actual, sem fazer referência ao processo de Globalização. Segundo
Alexandre Melo (2002), quase todos os grandes marcos da história dos povos podem ser
vistos como passos em frente no processo de Globalização cultural: o surgimento da
linguagem, a invenção da escrita, a criação da moeda, as grandes viagens de exploração
marítima, as sucessivas revoluções agrícola, comercial e industrial, o colonialismo, a invenção
da Rádio, da Televisão e do Cinema (Hollywood), as Guerras mundiais, a Internet. Qualquer
um destes fenómenos contribuiu em larga medida (e muitos continuam a contribuir) para as
trocas culturais e para o estabelecimento de comunicação entre os povos. Num sentido amplo,
dir-se-ia que o processo de Globalização cultural se confunde com a história da humanidade.

No entanto, ao longo do século XX, na sequência da revolução industrial e do desenvolvimento


capitalista, a Globalização atingiu novos patamares. E, se como já foi mencionado, isso é
verdade no campo económico, é também verdade no campo cultural, assistindo-se a uma
multiplicação sem precedentes dos fluxos culturais.

Também no campo cultural, a evolução tecnológica constitui um ponto nevrálgico da


Globalização, designadamente a extensão planetária dos meios de acessibilidade e
comunicação pessoal, institucional e social e a generalização de meios informáticos que

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viabilizam fluxos de informação imediata e universalmente disponível. Neste sentido, a


Globalização pode definir-se como um processo.

Num mundo globalizado, a territorialidade tende a perder importância enquanto princípio


organizativo da vida cultural e social. Como cenário limite, pode pensar-se que num mundo
totalmente globalizado não saberíamos prever as práticas e as preferências sociais a partir
da sua localização geográfica.

A Globalização ocorre mais rapidamente nos contextos em que as relações são mediatizadas
através de símbolos. Por esse motivo, a globalização económica está mais avançada nos
mercados financeiros porque, nesta área, a “produção” é imaterial e os fluxos monetários são
simbolicamente mediados. Por outro lado, a globalização política avança na medida em que
se regista um interesse internacional por valores e por problemas comuns em detrimento de
interesses de ordem local e material.

Globalização pode ser encarada como um aspecto da progressiva "culturização" da vida social.
Num plano mais estritamente cultural, uma questão que naturalmente se coloca é saber quais
serão os contornos da esfera cultural num mundo globalizado. A este propósito, o debate
oscila entre as tendências para um mundo cultural progressivamente uniforme e as
tendências para a diversidade cultural e para a livre expressão de todas e quaisquer
subjectividades e idiossincrasias.

A perspectiva que acentua as tendências uniformizantes tende a sublinhar que os mesmos


conteúdos são agora potencialmente distribuídos à escala mundial, e acrescenta que se
assiste também a uma tendência para a concentração empresarial em vários ramos de
actividade económica. Mais especificamente sabe-se, por exemplo, que no sector da produção
e distribuição de conteúdos comunicacionais se tem assistido a uma forte concentração em
determinados grupos económicos, resultante de aquisições e alianças entre grandes empresas
desta área. Por outro lado, certas cadeias alimentares (como a McDonalds) tendem a surgir
nas esquinas de qualquer cidade em qualquer parte do mundo e o mesmo se pode dizer a
propósito de certas marcas de vestuário.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 323


Sebenta – Ciências Sociais Aplicadas

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Liberalizar o comércio significa:


a) Promover a redução das tarifas alfandegárias e outras barreiras;
b) Diálogo entre os países;
c) Que os países devem intervir nos assuntos internos dos outros países;
d) A manutenção da paz a nível internacional.

2. Qual é a opção que não corresponde aos principais acontecimentos recentes com
influência na Globalização?
a) Desenvolvimento do comércio internacional;
b) Desenvolvimento do capitalismo financeiro;
c) Desenvolvimento do Socialismo financeiro;
d) Desenvolvimento das ciências e da tecnologia.

3. O que significa neoliberalismo?


a) É o livre funcionamento do mercado como instrumento regulador e o livre
funcionamento da economia como instrumento redistribuidor da riqueza;
b) É a circulação de pessoas e bens dentro de uma região;
c) É a nova forma de dominação dos países que os países desenvolvidos usam;
d) É uma forma de globalização baseada nas barreiras impostas em cada país.

4. Qual foi o centro financeiro do mundo no período entre 1947-1985?


a) Inglaterra;
b) Cidade de Nova Iorque;
c) França;
d) Alemanha.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

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1. Identifique a opção que não corresponde a uma característica da globalização.


a) A crescente interligação e interdependência entre Estados, organizações e indivíduos do
mundo inteiro, não só na esfera das relações económicas, mas também ao nível da
interacção social e política.
b) Os acontecimentos, as decisões e actividades em determinada região do mundo têm
significado e consequências em regiões muito distintas do globo.
c) As relações entre os homens e instituições sejam elas de natureza económica, política ou
cultural, tendem a desvincular-se das contingências do espaço.
d) Crescente interesse em assuntos políticos, económico e sociais internos, sem cooperação
com os restantes países.
2. Indique a opção que corresponde às características da globalização.
a) Inexistência de cooperação entre países.
b) Os desenvolvimentos tecnológicos que facilitam a comunicação entre pessoas e
instituições e bem assim a circulação de pessoas, bens e serviços.
c) Ausência de investimentos nos países estrangeiros.
d) Subdesenvolvimento do sector agrícola e industrial.
3. Que factor reflete os efeitos da liberalização do comércio?
a) A concorrência entre as empresas internacionaliza-se.
b) Os países tornam-se super dependentes dos outros.
c) A liberalização do comércio provoca conflito entre nações.
d) Aumentam as tarifas alfandegárias.
4. Quando é que os EUA se tornaram na primeira potência económica?
a) Depois da II Guerra Mundial;
b) Depois da Guerra Fria;
c) Depois da I Guerra Mundial;
d) Durante a Guerra Fria.

5. Que marco da história não pode ser considerado como passo em frente no
processo de globalização cultural?
a) Invenção da rádio;
b) Criação da moeda;
c) Revolução industrial;
d) Construção das pirâmides do Egipto.

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6. Quando se expandiu rapidamente o crescimento do comércio mundial?


a) Desde a Antiguidade;
b) Desde a industrialização do Ocidente;
c) Desde a expansão marítima;
d) Desde o início do colonialismo.

CAPÍTULO 5 - A ECONOMIA DE MERCADO

O conceito de mercado ocupa um lugar central na microeconomia. A caracterização teórica


do conceito de mercado fornece-nos os instrumentos básicos da análise microeconómica.
Desta forma, associamos facilmente a ideia de mercados a outros conceitos como a procura
e a oferta de bens e serviços, o preço, a formação do equilíbrio entre agentes consumidores
e agentes produtores, etc.

5.1 Origem das Economias de Mercado

Até cerca de 10.000 anos, os Homens eram, basicamente, caçadores e colectores. A Natureza
oferecia-lhes todos os bens necessários à sua subsistência. Contudo, no período Neolítico, a
revolução agrícola veio alterar significativamente esta situação. As populações foram-se
tornando gradualmente sedentárias, passando a ter como principais actividades as práticas
agrícolas e a criação de animais domésticos. A revolução agrícola trouxe consigo importantes
excedentes de produção. As populações passaram a produzir mais do que necessitavam para
a sua subsistência e trocavam os seus excedentes.

Parcialmente libertos da necessidade de produzir exclusivamente bens para suprir as


necessidades alimentares, foram emergindo novas ocupações produtivas, como os artesãos,
por exemplo. Estes grupos passaram a especializar-se na produção de bens e serviços para
os quais tinham mais aptidões, a orientar toda a sua disponibilidade de recurso em factor
trabalho para a realização de uma só actividade, ou um reduzido número de actividades
necessárias à produção de um bem.

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O processo de afectação das pessoas, dos seus recursos em trabalho, a diferentes ocupações
produtivas denomina-se de especialização do trabalho, processo que tem constituído um dos
principais vectores históricos de desenvolvimento económico e promoção do objectivo da
eficiência económica na afectação dos recursos. O trabalho é, naturalmente, um recurso
económico, a par das matérias-primas utilizadas para incorporar na produção de bens e
serviços. Os “talentos,” isto é, as aptidões e qualificações no desempenho de uma dada
actividade diferem de indivíduo para indivíduo.

A especialização produtiva permite que cada um se dedique à actividade em que pode obter
maiores vantagens comparativas, especializar-se na produção de um bem ou serviço que
produz com menores custos de oportunidade, em relação aos demais potenciais produtores,
isto é, produzir e vender o bem ou serviço em que é relativamente mais produtivo, podendo
depois trocar os excedentes no mercado.

Por outro lado, ao especializar-se numa só actividade, a sua repetição, desenvolvendo um


processo de acumulação de experiência, implica um domínio cada vez maior das tarefas
inerentes a essa actividade, potenciando, eventualmente, e por essa via, melhorias
tecnológicas no próprio processo produtivo. Tais melhorias tecnológicas podem acentuar o
processo de vantagens comparativas na produção do bem em que está especializado e que
se traduz, economicamente, no facto de ser capaz de produzir esse bem com produtividades
médias crescentes para a mesma quantidade de trabalho empregue, uma forma de ver o
efeito da tecnologia na reinterpretação do próprio conceito de eficiência. Mas não vamos
desenvolver esta questão neste texto.

A existência de excedentes, resultantes de um processo de especialização produtiva


generalizada, é um dos principais factores explicativos para a existência e disseminação de
uma economia de troca.

Nas sociedades mais primitivas, a troca dava-se por um simples e mútuo acordo e era,
basicamente, troca directa. Com o decorrer do tempo, a troca tornou-se o objecto central de
lugares especiais, designados como mercados. Com efeito, a especialização produtiva, e a
necessidade de recorrer à troca para vender os excedentes do bem produzido, tornou
premente a organização de mercados para esses produtos, nomeadamente para permitir a
concentração da informação entre todos os interessados em vender e adquirir os produtos e,
desse modo, tornar possível a satisfação das intenções de todos os intervenientes nessas
actividades, intenções que têm a ver, simplesmente, com o desejo de vender uma

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determinada quantidade de um bem ou, do outro lado, com o desejo de comprar uma dada
quantidade de um bem.

Hoje, usa-se a expressão “Economia de Mercado” para referir uma sociedade em que a
população se especializa em actividades produtivas e satisfaz as suas necessidades através
de trocas no mercado.

O processo de especialização produtiva é acompanhado pela consolidação da troca como


actividade nuclear no funcionamento da economia. As pessoas que produzem um ou poucos
bens e serviços têm necessidade de recorrer a outros mercados para, em troca dos seus
excedentes, obter bens e serviços de que necessitam e não produzem.

Quando as trocas se tornam mais exigentes em número e qualidade, a troca directa revela
múltiplas dificuldades, desde logo as que derivam da não existência de um equivalente geral
que sirva de unidade de valor por forma a tornar consistentes os valores propostos por
compradores e vendedores.

Neste sentido, a existência de um meio de troca universalmente aceite, a moeda, veio


simplificar significativamente as trocas e a especialização, acelerando a possibilidade de se
efectuarem transacções na economia. A especialização, em termos globais, tem sido
acompanhada por um processo de grande desenvolvimento técnico que tem tornado mais
eficientes a agricultura e a indústria e que, historicamente tem aprofundado a especialização
até níveis mais finos, quanto à estrutura de tarefas. Assim, no processo de produção de um
dado bem ou serviço, cada processo de trabalho é dividido numa série de tarefas repetitivas
em que cada trabalhador se especializa apenas num estádio da produção, a chamada divisão
do trabalho.

Curiosamente, actualmente para certas profissões, a ideia do conceito “profissão” é um


produto do processo histórico de especialização produtiva, em que o trabalhador faz todo o
seu trabalho em casa, aproximando-se, das situações dos artesãos que desenvolviam todas
as tarefas e estádios da produção de um dado bem.

Há, igualmente, formas de organização do trabalho interessantes em que cada trabalhador


desenvolve apenas um estádio mas conhece todos os diferentes estádios da produção e pode
mudar ou ajudar os colegas, a qualquer momento e satisfazer um dos actuais imperativos da
economia do trabalho no sentido da disseminação de uma maior flexibilidade de gestão das

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tarefas e do tempo de trabalho, como métodos de reinvenção de maiores produtividades e,


logo, maior competitividade das actividades nos respectivos mercados.

Pode-se dizer que as modernas economias de mercado estão baseadas na especialização e


divisão de trabalho e na necessidade de troca de bens e serviços. A troca tem lugar em
mercados e é facilitada pelo uso da moeda. A microeconomia, como ramo da Ciência
Económica, ocupa-se, em grande medida, de saber como se processam e coordenam as
intenções e decisões independentes dos indivíduos nos mercados de bens e serviços, como
agentes intervenientes nesses mercados.

5.2 Os Agentes Económicos

A afectação de recursos refere-se à utilização concreta dos factores de produção disponíveis


entre os seus possíveis diferentes usos. Como é feita esta afectação? Quem a faz?

Numa economia de mercado, a afectação de recursos é o resultado de um infindável número


de decisões independentes feitas pelos agentes consumidores individuais e agentes
produtores individuais, todos agindo através dos múltiplos mercados de bens e serviços. Na
maior parte das economias modernas, as decisões são tomadas por milhares de indivíduos,
de um lado e do outro de múltiplos mercados. Por outra, para além dos produtores (empresas)
e dos consumidores (famílias, ou agregados domésticos privados), intervém na Economia um
outro importante agente — o Estado representado pelo governo.

O Estado tem a capacidade de intervir na economia de diversas formas, pelo seu poder
coercivo de cobrança de impostos, agindo sobre um conjunto de fenómenos económicos que
é porventura uma das mais significativas actividades económicas do Estado. Muito
resumidamente, e apenas para nos referirmos ao conjunto mais importante de impostos
existentes na economia, o Estado cobra impostos directos sobre os rendimentos dos agentes
económicos (famílias e empresas) e cobra impostos indirectos sobre as transacções de bens
e serviços na economia.

Mas, o Estado também se relaciona com as famílias e empresas através de transferências,


basta pensar, por exemplo, nas prestações sociais pagas, por diversos motivos, às famílias,
pelo sistema de segurança social ou a atribuição, em relação às empresas, de alguns subsídios
concedidos para promover determinada produção para satisfazer determinado objectivo

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social. Temos como exemplo, o subsídio à produção de lotes de leite para a distribuição à
população escolar básica de todo o território.

Para fazer um estudo sistemático da complexidade de fluxos e de relações económicas


potenciais entre os diferentes agentes agregados de forma mais tratável, os economistas
costumam categorizar três agentes agregados: famílias (ou agregados domésticos privados),
empresas e Estado (ou governo) a que se deve juntar, ainda, o Exterior, considerando que,
hoje, todos os Estados-nação têm uma economia aberta ao exterior e, em resultado disso,
uma parte considerável da actividade económica dos agentes residentes mantêm relações e
fluxos económicos com outros agentes do exterior.

Os agentes agregados mencionados pelos economistas podem ser caracterizados da seguinte


forma:

Famílias - designam conjuntos de pessoas que vivem sob o mesmo tecto e que partilham as
decisões conjuntas sobre o orçamento familiar ou estão sujeitos a outros que decidem por
eles. Numa linguagem mais microeconómica, são usualmente designados como
consumidores, dado que consomem grande parte dos bens e serviços, adquiridos nos
respectivos mercados de produto. Para efeitos de estudo, os economistas assumem que cada
família toma decisões consistentes como se de um só indivíduo se tratasse.

As famílias são detentoras de factores de produção, em especial o trabalho, que vendem às


empresas e, com os rendimentos daí auferidos, compram bens e serviços. Neste sentido, as
famílias constituem o lado da oferta de trabalho do mercado de trabalho; as empresas
constituem o lado da procura de trabalho, neste mercado.

Na sua actividade de consumo, assume-se que os consumidores procuram maximizar a sua


satisfação, que designamos, em Economia, como o comportamento de maximização da
Utilidade.

Firmas/ Empresas - a firma designa a unidade que emprega os factores de produção e produz
bens e serviços que depois vende a outras empresas, famílias e Estado (governo). Na
terminologia microeconómica, são designados como produtores.

No mercado dos factores, a empresa é, contrariamente aos consumidores, um comprador,


constitui o lado da procura de trabalho, e as suas decisões como agente, têm como objectivo
ou finalidade económica, a produção de bens ou serviços para obtenção de um máximo lucro.

Sebenta Exclusiva para o Exame de Acesso 2017 330


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Estado (Governo) - em sentido geral, o Estado inclui todas as administrações, agências e


corpos do governo e outras organizações, directa ou indirectamente, sob controlo do Estado
ou das administrações locais. Um dos seus principais papéis na economia tem a ver, como já
vimos, com a capacidade de cobrança coerciva e legal de impostos.

Em face disso, a existência do Estado representa um terceiro interveniente, para além de


compradores e vendedores, no funcionamento dos mercados (de bens e serviços e de
trabalho) e, em consequência, na formação dos preços vigentes nos diversos mercados, por
via da sua influência no nível dos impostos indirectos, que recaem sobre as transações de
bens e serviços.

5.3 O Preço, a Empresa e a Família

Não é fácil fazer uma listagem completa das várias funções do Estado (governo), mas é
importante ter uma ideia geral da acção do governo, em geral, de coordenação económica,
mas também de actividade produtiva, bem como da forma como exerce o poder legal e político
e a capacidade de exercer, directa, ou indirectamente, algum controlo sobre as decisões dos
indivíduos enquanto cidadãos e agentes económicos.

O Estado não actua sempre de forma consistente, quer porque há vários níveis de
conflitualidade na escala espacial da decisão: local/ regional/ nacional, quer porque os
objectivos dos diferentes grupos que constituem a administração (funcionários públicos,
legisladores, executivos, burocratas, etc.) são diferentes, quer ainda porque existem grupos
de pressão que têm algum poder de influência sobre a natureza das decisões das instâncias
de poder público. Note-se, em especial, a importância do ciclo político elegível na tomada de
decisões de grande parte destes grupos, especialmente aqueles cuja permanência no poder
está dependente dos resultados eleitorais.

Exterior - representa o “agente” agregado não residente com o qual agentes residentes
essencialmente as famílias e as empresas, mantêm fluxos económicos relevantes, quer nos
mercados de produto, bens e serviços, quer relativamente ao mercado de trabalho.

Concluindo, três grupos de agentes residentes tomam as decisões relevantes (famílias,


empresas e Estado (governo)) e interagem entre si em múltiplos mercados. Por outro lado,
enquanto as famílias procuram maximizar a sua utilidade no consumo de bens e serviços, as

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empresas procuram maximizar os seus lucros. O Estado, consoante o carácter da sua


intervenção no funcionamento da economia, tem objectivos diversos.

5.4 Os Mercados e Economias

Se os agentes podem ser vistos como os actores da peça, os mercados podem ser
identificados como os palcos em que a acção se desenvolve. Originalmente, os mercados
eram entendidos simplesmente como os lugares onde os bens eram comprados e vendidos.
Modernamente, com o extraordinário desenvolvimento das trocas, designamos por mercados
toda e qualquer situação em que compradores e vendedores podem negociar para trocar
qualquer produto.

No passado, os elevados custos de transporte e a perecibilidade de certos produtos limitava


a dimensão dos mercados, quase exclusivamente locais. Hoje, com os avanços tecnológicos
na preservação dos produtos, a queda dos custos de transporte e o desenvolvimento das
comunicações, têm conduzido à globalização dos mercados, multiplicando exponencialmente
as possibilidades das trocas.

Num sentido amplo e simples, uma economia pode definir-se como um conjunto de
actividades de produção e consumo inter-relacionadas e ligadas por mercados. As economias
podem ser graduadas por diferentes escalas espaciais: um grupo integrado de países, por
exemplo a União Europeia, o que nos leva a falar da existência de uma economia europeia;
um país por exemplo, Portugal, ou uma região de um país.

Uma economia de mercado é aquela em que a afectação dos recursos é determinada pelas
decisões privadas de produção e consumo, levadas a cabo por múltiplos agentes “famílias” e
“empresas”, actuando em função de uma racionalidade própria e segundo objectivos
económicos subjectivos precisos (por exemplo, a maximização da utilidade no consumo do
bem, do lado do agente consumidor e maximização do lucro, do lado do agente produtor) e
como resposta aos sinais dos mercados (que funcionam como estímulo do comportamento
dos agentes intervenientes), entre outros, o preço dos bens.

Numa economia de comando central (planificada), pelo contrário, a maioria das decisões
sobre a afectação de recursos é feita pelo governo. Na prática, estas acabam por ser
economias mistas, na medida em que algumas decisões são tomadas pelas famílias e
empresas e o governo actua através dos mercados influenciando e organizando a actividade
económica através de um quadro de regulação relativamente rígido.

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Na década passada, emergiu um novo tipo de economias, as economias em transição, nos


países do antigo bloco de Leste, apresentando algumas características novas. A transição é
particularmente interessante porque implica várias reformas ao nível das instituições, quadro
legal (em especial no que diz respeito a direitos de propriedade) e relação entre os governos
e o tecido económico (agentes privados). A credibilidade das reformas, o processo de
privatização da economia e de redefinição da estrutura sectorial, e as dificuldades
despoletadas no período de transição, aumento do desemprego, inflação, aumento das
desigualdades na distribuição do rendimento, entre outros, tornam o processo socialmente
complicado e potencialmente conflituoso.

Para facilitar a análise, as economias podem ser divididas em sectores de actividade. Dando
dois exemplos: sector de mercado e sector de não-mercado, ou sector público e sector
privado. Estas duas possíveis divisões (entre outras) cruzam-se, mas enquanto a primeira se
baseia na forma como os custos são cobertos, a segunda segue, essencialmente, uma
distinção legal sobre os direitos de propriedade.

Relativamente à primeira distinção efectuada acima, quando os bens e serviços são


comprados/ vendidos, os produtores privados esperam cobrir os custos com as receitas
obtidas mediante a venda do produto. Referimos esta parte da actividade económica como
pertencendo ao sector de mercado. Quando a produção é posta à disposição do público sem
qualquer custo para os adquirentes ou beneficiários do bem ou serviço, ou a preços
insignificantes, como acontece com certos serviços fornecidos pelo Estado, nas áreas da
saúde, educação, habitação, ou outras, dizemos que estamos em presença do sector de não-
mercado.

No sector de mercado as firmas deparam-se constantemente com a questão da capacidade


de a actividade poder gerar lucros; no sector de não-mercado tal não se verifica. Em grande
parte, a produção do sector de não-mercado está dependente do poder discricionário do
Estado, dos seus objectivos sociais e das directrizes da sua política económica.

No segundo caso, a questão que se coloca é a de saber quem, legalmente, detém a


propriedade das unidades produtivas: sector privado, no caso de pertencerem a particulares,
sector público, no caso de estarem nas mãos do governo.

Finalmente, na discussão acerca dos mercados, é muitas vezes esquecida a importância das
instituições. Contudo, o tecido institucional existente na economia é crucial para a
operacionalidade de uma economia de mercado. Possivelmente, a mais importante é o

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sistema legal e o papel essencial que tem no estabelecimento e regulação dos direitos de
propriedade e nas regras de fiscalização dos contractos.

5.5 A Microeconomia e a Macroeconomia

Para efeitos de sistematização, organização e aprofundamento das matérias é usual distinguir


dois “ramos” fundamentais na Ciência Económica: Microeconomia e Macroeconomia. As
questões abordadas diferem, mas, na verdade, trata-se de questões complementares: o
estudo dos diferentes aspectos, e das diferentes perspectivas, de um mercado são ambos
necessários para a compreensão total dos fenómenos.

A diferença entre os dois ramos está, essencialmente, no nível de agregação com que os
assuntos são teoricamente tratados. A Microeconomia estuda o modo de funcionamento dos
mercados individuais, explicitando, sobretudo, as relações entre quantidades e preços e como
estes respondem a choques ou estímulos exógenos (alterações ocorridas em variáveis não
explicitamente consideradas na formalização analítica do mercado de um dado bem ou
serviço).

A Macroeconomia estuda a economia numa lógica de grandes agregados como seja a


determinação do produto agregado de uma economia, os factores que determinam o seu nível
de emprego ou o seu nível geral de preços, para além de proporcionar diferentes teorizações
sobre as relações entre os principais agregados macroe conómicos identificados.

A Microeconomia trata pois da determinação dos preços e das quantidades nos mercados
individuais de bens e serviços, bem como das condições pelas quais se atinge o equilíbrio
nesses mercados, numa óptica de equilíbrio parcial, e ainda das relações entre mercados,
numa perspectiva de equilíbrio geral. Mostra-nos, em especial, como o sistema de preços
fornece sinais que reflectem as alterações na procura e oferta e aos quais produtores e
consumidores reagem de forma descentralizada, mas coordenada, e em função de uma dada
racionalidade.

Em suma, a Microeconomia é o ramo da Ciência Económica que toma como seu campo de
análise os problemas económicos de agentes individuais quanto às decisões que tomam.
Normalmente, o seu âmbito de análise centra-se no indivíduo, família, empresa, não se
alargando, em geral, para além do nível da indústria.

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A Macroeconomia estuda as interacções entre famílias e produtores no mercado, mas de


forma agregada, tendo ainda em conta, adicionalmente, o papel da intervenção do Estado na
economia. Estas interacções podem ser ilustradas através de um famoso diagrama em análise
económica — o “circuito económico”, tratado anteriormente, que estabelece os fluxos reais
de bens e serviços entre produtores e consumidores e, em contrapartida, os equivalentes
fluxos monetários.

Estes fluxos são o ponto de partida para o estudo e determinação do rendimento, ou produto,
agregado da economia traduzido, por exemplo, pela variável, diariamente referida nos
discursos da comunicação social, PIB (Produto Interno Bruto) que traduz, economicamente,
o rendimento agregado obtido, num determinado ano, pelo conjunto dos agentes económicos
que detêm a propriedade dos factores de produção que, uma vez utilizados nos processos
produtivos, proporcionam essa criação de rendimento agregado, também designado como
produto agregado da economia. Assim, a Macroeconomia é ramo da Ciência Económica que
toma como seu campo de análise os problemas económicos de agentes agregados quanto às
decisões que tomam.

Normalmente, o seu âmbito de análise centra-se nos países, regiões, sectores, não se
alargando, em geral, para baixo do nível do sector de actividade económica (o grau mínimo
de desagregação não deverá exceder, nesta perspectiva do estudo da economia, o nível de
indústria). Literatura complementar sobre os assuntos tratados no presente capítulo.

Num outro plano, pode referir-se que o efeito da Globalização sobre as identidades étnicas
não tem sido suprimi-las, mas sim fazê-las reviver e diferenciá-las da política e da economia,
o que permite concluir que todas as entidades étnicas são legítimas e não apenas as que
foram bem-sucedidas nos séculos XVIII e XIX conseguindo instituir-se como Estados-Nação.
Em relação à diversidade étnica, o passado constitui provavelmente melhor exemplo de
dinâmicas de homogeneização do que o presente ou o futuro.

Em contrapartida, a experiência revela que as tendências uniformizantes, normalmente,


encontram na sociedade uma resposta que revitaliza as opções culturais alternativas,
incluindo as lógicas de preservação. A este propósito, no plano cultural como no plano
económico, tem sido dito que a tendência para a uniformização é mais forte em contextos
locais que apresentam fraco dinamismo e capacidade de reacção e afirmação. Ou seja, a
tendência para a uniformização cultural, que é uma tendência de origem externa aos diversos

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e distintos locais do mundo, é tanto maior quanto menor for o potencial de dinamismo social
e cultural desses mesmos locais.

Para além disso, qualquer ameaça à diversidade, pode ser contrariada através de políticas
adequadas à preservação de bens e práticas culturais que a sociedade entenda dever fazê-
las. Por outro lado, as ciências sociais há muito que vêm sublinhando e demonstrando que os
consumidores não são sujeitos passivos, pelo contrário, são sujeitos activos: nas suas práticas
de consumo, apropriam-se dos conteúdos e frequentemente reinventam-nos investindo neles
elementos próprios das suas respectivas culturas (modos de ser, fazer e entender).

Neste sentido, o actual estado de desenvolvimento tecnológico autoriza e promove dinâmicas


de expressão e criatividade pessoal, não apenas ao nível da produção como da difusão
cultural. Por exemplo, é verdade que o controlo da edição e difusão musical está cada vez
mais centralizado em algumas multinacionais, e a oferta do mercado discográfico é
maioritariamente constituído por reedições de artistas consagrados e de colectâneas de hits,
a que se acrescentam alguns, poucos, artistas com particular êxito no momento. No entanto,
é igualmente verdade que, actualmente, qualquer pessoa pode, sem sair de casa, produzir,
editar e mesmo difundir um registo musical.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Há dez mil anos, quais eram as principais actividades do Homem?


a) Agricultura e pastorícia;
b) Artesanato e pecuária;
c) Caça e recolecção;
d) Artesanato e agricultura.

2. Identifique a opção que não corresponde às características do Neolítico.


a) Populações sedentárias.
b) Surgimento da agricultura.
c) Domesticação dos animais.
d) Surgimento da imprensa.

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3. Que grupos na, Antiguidade, passaram a especializar-se na produção de bens e


serviços?
a) Artesãos;
b) Agricultores;
c) Pastores;
d) Comerciantes.

4. Como era feita a troca nas sociedades mais primitivas?


a) Troca directa;
b) Através do mercado;
c) Por troca indirecta;
d) Por troca mista, directa e indirecta.

5. Indique a opção que corresponde aos dois principais agentes económicos?


a) Estado e compradores;
b) Compradores e vendedores;
c) Estado e vendedores;
d) Vendedores e espectadores;

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Para além dos vendedores e dos compradores, qual é o terceiro interveniente na


economia?
a) Mercado;
b) Consumo;
c) Produto;
d) Estado.

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2. Qual é o sector com que as firmas se deparam relativamente à questão da


capacidade da actividade poder gerar lucros?
a) Mercado,
b) Não mercado;
c) Misto;
d) Financeiro.

3. Qual das seguintes funções não corresponde ao Estado?


a) Coordenação económica;
b) Actividade produtiva;
c) Controlo sobre as decisões dos indivíduos;
d) Produzir e consumir os próprios produtos.

4. Que factor não conduz à globalização dos mercados?


a) Avanços tecnológicos;
b) Queda dos custos de transportes;
c) Surgimento da escrita;
d) Desenvolvimento das comunicações.

5. Se os agentes económicos podem ser vistos como os actores da peça, os


mercados podem ser identificados como?
a) Cenário;
b) Palco;
c) Espectadores;
d) Assistência.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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