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Introdução ao Direito
Toda e qualquer Toda e qualquer comunidade humana necessita de uma ordem que
estabeleça regras de convivência entre os seus membros.
Nas sociedades actuais existem diferentes ordens normativas que regulam a vida
social do Homem.
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J. Oliveira Ascensão, in introdução ao estudo do Direito.
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Aristóteles no seu livro a Política.
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Desta forma o homem transitou do estado natureza para o estado sociedade, isto é,
através de um contracto social o homem procurou assumir e desistir de certos direitos
vindos da natureza a favor de uma entidade superior que estabelecia as regras dos
homens em comunidade. Foi a partir do pensamento deste pensador que que se
atribui a ideia ao estado que a ele deveria recair a responsabilidade de garantir: a
justiça a paz e a segurança.
Essas regras ou normas, por um lado, conferem direitos e garantem certos usos
fundamentais da liberdade (por exemplo, os direitos e deveres fundamentais previstos
na Constituição da República de Angola (CRA.), e por outro, proíbem aos indivíduos
o abuso dos direitos que lhes são conferidos.
Assim, a necessidade da existência de normas sociais (o do Direito), que regulem o
comportamento do homem em sociedade, baseia-se em duas características do ser
humano: a liberdade e a sociabilidade.
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Na sua Obra Civis
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Ao contrário da ordem natural, a ordem social é constituída por uma teia complexa
de regras provenientes de ordens normativas de índole diversa: da ordem moral, da
ordem religiosa, da ordem de tracto social (cortesia, usos e costumes sociais) e da
ordem jurídica.
1. Ordem Moral
1. Ordem Religiosa
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Atendendo aos conteúdos estudados acima, conseguimos entender que, não há Direito
sem a sociedade. Ora, também não há natureza humana sem a sociedade.
Vários autores debatem-se sobre a grande falte de argumentos, fundamentos
históricos e sociológicos das teses da existência do homem isolado.
Alguns pensadores teorizam acerca dessa vida pré-social do ser humano – a que
chamaram (Estado Natureza), para depois explicar que a sociedade, nasce de um
pacto ou um contracto social celebrado entre homens para passarem a integrarem-se
em todo colectivo.
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Conforme já vimos no primeiro trimestre, o Homem sempre se caracterizou pela sua sociabilidade, não faz
parte da sua natureza viver sozinho. Na verdade, o Homem é aquilo que Aristóteles designou de zonn
politikón — um animal de cidade —, um ser social.
Podemos afirmar que, de algum modo, é na família que está a origem da sociedade pois, apesar de não
existirem certezas que tenha sido esta a forma mais antiga de vida colectiva, não temos qualquer dúvida
quanto ao seu papel fundamental na evolução do Homem como ser social. Com efeito, foi no pequeno
grupo familiar que o Homem sentiu a importância da colaboração dos demais membros para benefício de
todos e a necessidade de estabelecer determinados princípios de convivência, designando alguém para
impor a ordem e as regras — o chefe de família.
Viver em sociedade é isso mesmo.
"(...) A convivência em sociedade traduz-se na entreajuda, na solidariedade, na divisão do trabalho; e tudo
isto só é possível havendo padrões estabelecidos de conduta, regras que assegurem a harmonização das
actividades entre si. Como necessário se toma a resolução de conflitos que a vida social inevitavelmente
suscita4.
Assim, surgiu a necessidade do Direito, não só para estabelecer as regras de conduta entre as pessoas, mas
também para resolver os eventuais litígios que possam surgir.
Perante isto, já podemos retirar uma ideia: o Direito não é mais do que o conjunto de normas que
determinam a conduta dos homens nas suas relações sociais.
Se já podemos ter uma ideia muito simples do que é o Direito, vamos agora analisar a sua origem. Isto é,
até aqui abordámos, em termos muito breves, o que deu origem à necessidade do Direito. Agora, vamos
analisar a origem do Direito, como se criam as normas que disciplinam os homens nas suas relações sociais
— as Fontes do Direito.
Quando as pessoas, no seu dia-a-dia, utilizam expressões como "fonte de problemas", ou o sacerdote na
eucaristia pronuncia "fonte da vida", ou os jornalistas obtêm as notícias através das suas "fontes de
informações aliamos, desde logo, tais expressões à ideia de origem, ao local de onde surgem as coisas.
Ora, quando referimos "Fontes do Direito", tal como nos exemplos anteriores, não podemos deixar de aliar,
também, esta expressão ideia de origem- No entanto, do ponto de vista da origem, a expressão Fontes do
Direito pode ser entendida de diversas formas e adquirir, assim, diferentes sentidos.
Vejamos:
O Em sentido político ou orgânico: as Fontes do Direito são os órgãos que criam as normas que vigoram
na sociedade, pois é neles que está a origem das normas'.
O Em sentido material ou instrumental: as Fontes do Direito são os diferentes instrumentos, ou seja, os
documentos onde constam as normas jurídicas que disciplinam as relações sociais.
O Em sentido sociológico ou causal: as Fontes do Direito são os factores sociais ou históricos que levaram
à criação e condicionaram o conteúdo concreto de determinadas normas jurídicas.
O Em sentido técnico-jurídico ou formal: as Fontes do Direito são os modos de formação e de revelação
das normas jurídicas•.
No nosso estudo analisaremos, preponderantemente, as Fontes do Direito de acordo com este último sentido
— o sentido técnico-jurídico ou formal das Fontes do Direito.
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JOÃO DE CASITO CO FAt:VLLnDE DE PÁG. 19.
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Fontes imediatas:
1. São fontes Imediatas São fontes imediatas do direito as leis e. as normas corporativas
2. Consideram-se leis todas as deposições genéricas provindas dos órgãos estaduais competentes; são
normas corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos das diferentes categorias
morais, culturais, económicas profissionais, domínio das suas atribuições, hem. como os
respectivos estatutos e regulamentos intentos.
3. As normas corporativas podem não contrariar as disposições legais de carácter imperativo.
Quando nos referimos à lei ou às normas corporativas como fontes imediatas ou directas do Direito,
significa que qualquer cidadão a que se aplique determinada lei ou norma corporativa.
Só pelo simples facto de existir a lei e existirem sujeitos a quem esta se aplique, já existe o Direito. Por isso
mesmo se designam de fontes directas ou imediatas do Direito.
Uma outra fonte do direito que pode ser reconhecida como fonte directa ou imediata é o costume, entendido
como toda a prática reiterada e habitual, acompanhada da consciência ou convicção do seu carácter de
obriga com efeito, quando determinadas práticas, apesar de não reduzidas a escrito, são encaradas por quem
as pratica como obrigatórias, tais actos são, por si só, fonte directa de Direito.
No entanto, como se constata pela análise do artigo 1º do Código Civil, a lei é, por excelência, a principal
fonte directa e imediata do Direito.
Quando falamos em fontes indirectas ou mediatas do Direito, significa que o Direito nasce a partir da
intervenção de uma entidade que interpreta e aplica a norma, ou seja, os Tribunais ou os Doutrinadores.
As normas corporativas são, igualmente, fontes imediatas do Direito, desde que não contrariem as
disposições legais de carácter imperativo. São normas impostas por organismos representativos de
corporações, no domínio atrona! daquela Existem em Angola diversos organismos corporativos, tanto
associações patronais como associações sindicais (por exemplo, a Ordem dos Advogados, a Ordem dos
Médicos, a Ordem dos Engenheiros, a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola,
UNTA — União Nacional dos Trabalhadores Angola- nos, a Câmara dos Despachantes Oficiais de Angola,
etc.).
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Estes organismos corporativos têm como principal função representar os seus associados junto de outras
entidades e, em cooperação com estas, celebrar acordos (por exemplo, contractos colectivos de trabalho)
onde se estabelecem determinadas normas (normas corporativas) que não podem ser desrespeitadas por
nenhuma das partes.
• A jurisprudência e a doutrina
A jurisprudência corresponde ao conjunto das decisões dos tribunais.
A jurisprudência é fonte do Direito com força obrigatória geral quando é fixada por meio de assentos
(decisões de casos concretos e individuais que vinculam todos os outros tribunais de forma a julgarem de
igual modo situações idênticas).
Nos casos declarados na lei, podem os tribunais fixar, por meio de assentos, doutrina com força obrigatória
geral com efeito, os Assentos do Tribunal Supremo, porque estabelecem doutrina com força obrigatória
geral, são considerados verdadeiras fontes do Direito. No ordenamento jurídico português esta norma foi
revogada e os Assentos deixaram de constituir doutrina com força obrigatória geral.
No entanto, também em Portugal, a jurisprudência continua, obviamente, a ser uma fonte do Direito, na
medida em que as decisões dos tribunais podem ajudar a interpretar e a decidir os conflitos que surjam na
aplicação do Direito.
Por sua vez, a doutrina é constituída pelo conjunto de estudos, de professores e técnicos do Direito sobre a
forma adequada de aplicar, articular e interpretar as normas jurídicas, não possuindo, como já tivemos
oportunidade de referir, carácter vinculativo.
Em suma, a jurisprudência e a doutrina são fontes mediatas do Direito, dado que, tanto uma como outra,
necessitam que previamente existam as normas jurídicas para poderem, assim, funcionar como fontes
reveladoras do Direito positivo.
1.2. A LEI
Os diferentes sentidos da lei
O Estado goza de três poderes distintos, como já vimos: O poder Legislativo; poder Executivo
(administrativo/governativo); poder Judicial.
Do exercício do poder legislativo emerge a lei, entendida como norma jurídica imposta na sociedade, por
um órgão competente para tal — o Estado.
Contudo, o termo lei pode designar coisas diferentes e, por isso, assumir diferentes significados:
Pode significar o mesmo que ordenamento jurídico, como acontece no artigo 23.º da Constituição da
República de Angola, onde se consagra que todos os cidadãos são iguais perante a Constituição e a lei.
Pode ter o mesmo significado que acto legislativo (lei ou decreto legislativo presidencial), como, por
exemplo, no artigo 102.º, n.º da Constituição da República de Angola, onde se consagra que os impostos
só podem ser criados e extintos por lei, que determina a sua incidência, taxas, benefícios fiscais e garantias
dos contribuintes.
Pode significar o mesmo que acto da Assembleia Nacional, como preceitua o artigo 57.º da Constituição
da República de Angola, onde se refere que o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos
apenas podem ser limitados ou suspensos nos termos da lei devendo tais restrições limitar-se às medidas
necessárias e adequadas ao restabelecimento da normalidade constitucional (cfr. artigo 58.º, n.º 3 da
Constituição da República de Angola).
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Pode significar o mesmo que norma jurídica, como, por exemplo, no artigo 179.º, da Constituição da
República de Angola, onde se consagra que os juízes não são responsáveis pelas decisões que proferem,
salvo as restrições impostas por lei.
Com efeito, a lei emerge do poder legislativo da Assembleia Nacional, órgão legislativo por excelência,
conforme consagra a Constituição da República de Angola nos seus artigos 160.º, 161.º, 164.º e 165.º
Por sua vez, os decretos legislativos presidenciais são emitidos pelo Presidente, enquanto titular do poder
legislativo. No entanto, a actividade legislativa do Presidente é urna actividade algo condicionada, senão
vejamos:
Quando se trata de matérias sujeitas a reserva relativa da Assembleia Nacional o Executivo necessita de
autorização legislativa daquela, só podendo legislar depois de obtido o diploma de autorização (lei de
autorização legislativa) e os decretos-leis estão subordinados, nestes casos, aos limites estabelecidos pelas
respectivas leis de autorização competência legislativa concorrente, mas dependente:
Em Portugal, fala-se ainda de competência legislativa concorrente dependente quando a Assembleia da
República reserva para si a fixação dos princípios ou das bases gerais dos regimes jurídicos, casos em que
o Governo pode, concorrentemente, criar decretos-leis sobre as mesmas matérias, embora dentro dos
quadros traçados pela Assembleia da República.
Quando se tratar de matérias respeitantes à própria organização e funcionamento do Executivo, este pode
legislar sem qualquer dependência da Assembleia Nacional — competência exclusiva.
• Iniciativa legislativa
• Discussão e Aprovação;
• Promulgação e Publicação.
a) Iniciativa legislativa
De acordo com a actual Constituição da República de Angola, a iniciativa legislativa cumpre aos
Deputados, aos grupos parlamentares e ao Presidente da República através de projectos de lei e propostas
de lei (cfr. artigo 167., n.ºs 1 e 3 da Constituição da República de Angola).
b) Discussão e Aprovação
De acordo com a Constituição os projectos ou propostas de lei, acompanhados dos respectivos relatórios
explicativos, são remetidos por escrito ao Presidente da Assembleia Nacional, que, por sua vez, os envia à
competente Comissão parlamentar, para efeitos de parecer. Obtido aquele parecer, os projectos são
incluídos na ordem do dia da reunião plenária seguinte, para discussão e, eventualmente, alteração.
Sendo entregue o projecto ou proposta de lei na Assembleia Nacional e este aceite e inscrito na ordem do
dia do Parlamento, será submetido a discussão na Assembleia onde existirá um debate na generalidade e
outro na especialidade.
A votação das propostas ou projectos de lei compreenderá uma na generalidade ou em primeira leitura,
seguindo-se o debate e votação na especialidade ou segunda leitura, e uma final global.
Os projectos de leis de bases, de leis e de resoluções são aprovados por maioria absoluta dos votos dos
Deputados presentes, desde que superior a mais de metade dos Deputados em efectividade de funções (cfr.
artigo 169.3 n.º 3 da Constituição da República de Angola).
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c) Promulgação e Publicação
A Promulgação é o acto através do qual o Presidente da República declara que um determinado diploma,
elaborado por um órgão constitucionalmente passa a valer como lei.
O Presidente da República, através da promulgação, exerce o controlo jurídico formal e material dos actos
praticados no exercício do poder legislativo. Na verdade, o Presidente da República está obrigado a cumprir
e a defender a Constituição, como tal, quando os actos legislativos lhe são enviados para promulgação,
deve, por um lado, controlar a regularidade formal do processo e, por outro, averiguar se esses actos estão
de acordo com os preceitos constitucionais.
Em virtude dos seus poderes de controlo, o Presidente da República pode, pois, não promulgar uma lei, se
considerar que essa medida legislativa é inconstitucional.
Com efeito, sem a promulgação, as leis não têm qualquer valor, sendo mesmo consideradas como
inexistentes. O presidente da República pode solicitar à Assembleia Nacional uma nova apreciação do
diploma ou de alguma das suas normas (cfr. artigo 124.º, n.º 2 da Constituição da República de Angola).
Se depois desta reapreciação a maioria de dois terços dos Deputados à Assembleia Nacional se O direito
de pronunciar no sentido da aprovação do diploma, o Presidente da República deve promulgar o diploma
no prazo de quinze dias a contar da sua recepção. Antes do decurso dos prazos aqui referidos o Presidente
da República pode pedir ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade das leis da
Assembleia Nacional.
O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão constitucional, sem prejuízo
de poder requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de tais leis.
As leis só se tornam obrigatórias depois da sua publicação no Diário da República, começando a vigorar a
partir da data expressamente prevista nestes diplomas. Na falta de fixação desta data, o diploma entra em
vigor de acordo com os termos fixados em legislação especial.
Para completares o teu estudo sobre o processo legislativo analisa o seguinte quadro.
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Estes decretos legislativos presidenciais provisórias têm força de lei, contudo, nunca poderão ser aprovados
tais actos nas matérias de reserva legislativa absoluta da Assembleia Nacional e Orçamento Geral do
Estado, ou em matérias em relação às quais incidem leis aprovadas pela Assembleia Nacional, mas que
ainda aguardam promulgação (cfr. artigo 126.º da Constituição da República de Angola).
Os decretos legislativos presidenciais provisórias são editadas por períodos de sessenta dias, contados a
partir do momento da sua publicação cm Diário da República, findos os quais perderão a sua eficácia, salvo
se forem convertidos em lei pela Assembleia Nacional ou vejam a sua eficácia prorrogada por igual período
de tempo quando a Assembleia Nacional não tenha concluído a sua apreciação durante os primeiros sessenta
dias (cfr. artigo 126.º da Constituição da República de Angola).
O processo de apreciação parlamentar goza de prioridade e caduca se, requerida a apreciação, a Assembleia
Nacional não se tiver sobre ela pronunciado ou, tendo deliberado introduzir emendas, não tiver votado a
respectiva lei até ao termo da sessão legislativa em curso, desde que decorridas cinco sessões plenárias (cfr.
artigos 171.º, n.º 6 e 172% n.º 5, ambos da Constituição da República de Angola).
O Presidente da República deve remeter à Assembleia Nacional os decretos legislativos presidenciais
provisórias no prazo de dez dias contados a partir da sua publicação em Diário da República. Na
eventualidade de não ter sido efectuada tal remissão, apreciação parlamentar far-se-á por requerimento de
pelo menos, dez deputados.
Os decretos legislativos presidenciais provisórias que tenham sido rejeitados pela Assembleia Nacional ou
que tenham perdido a sua eficácia pelo decurso de tempo não poderão ser reeditados e publicados na mesma
sessão legislativa (cfr. artigos 126.º, n.º 8 e 172.º, n.º 4, ambos da Constituição da República de Angola).
vigor no quarto, décimo quinto ou trigésimo dia após a sua publicação, conforme se trate da província de
Luanda, restantes províncias ou estrangeiro, respectiva- mente. Este sistema é muito semelhante ao que
vigora em Portugal estabelecido no Decreto-Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro.
• Revogação expressa, se a nova lei diz expressamente que a lei existente está revogada.
• Revogação tácita, se existir incompatibilidade entre as disposições novas e as disposições antigas
ou se a nova lei vier regular toda a matéria da lei Revogação total (ab-rogação), se a nova lei vern
substituir, por completo, a lei anterior.
• Revogação parcial (derrogação), se a nova lei só vem alterar alguns normativos da lei anterior.
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De acordo.com o que analisámos, vimos que existem diferentes tipos de órgãos estaduais que emanam, no
exercício do seu poder legislativo, diferentes tipos de actos, ou seja, leis, decretos legislativos presidenciais
ou regulamentos.
Assim, importa saber se existe alguma hierarquia entre os diversos actos legislativos, pois, face a um
conflito entre dois actos, necessário é saber qual deles prevalece. Ora, como veremos, a lei de grau inferior
não poderá dispor contra norma de uma lei de grau superior.
Vejamos, pois, qual a hierarquia das leis. Em primeiro lugar, no topo da hierarquia temos a Constituição da
República de Angola, a lei fundamental, que, para além de fixar os grandes princípios de ordem política,
social e eco- nómica, estabelece o regime jurídico de produção e modificação das normas jurídicas. Por isso
mesmo, é também designada por lei primária. Aliás, neste mesmo sentido proclama o artigo 6.º, n.º 1 da
Constituição da República de Angola quando refere que a Constituição é a lei suprema. Ao lado da lei
fundamental estão, ainda, as chamadas leis constitucionais ou leis de revisão.
Os Tratados Internacionais surgem na pirâmide hierárquica logo após a Constituição e as leis
constitucionais. Na verdade, de acordo com o artigo 3.º da Constituição da República de Angola, o Direito
internacional geral ou comum, as normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas
ou aprovadas, bem como as normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de
que Angola seja membro fazem parte integrante do direito angolano, cujas leis ordinárias de direito interno
não podem contrariar. No último caso, a recepção automática da norma emanada tem de estar estabelecida
nos respectivos tratados constitutivos:
Em terceiro lugar surgem os actos normativos, designadamente, as leis e os decretos legislativos
presidenciais.
As leis e os decretos legislativos presidenciais terão igual valor, contudo, não podemos esquecer que as leis
terão valor reforçado, porquanto existem as leis de autorização legislativa que determinam os limites do
objecto, o sentido e a extensão do decreto legislativo proferido pelo Presidente da República enquanto
titular do poder executivo no âmbito da autorização legislativa.
Em quarto lugar estão os actos de administração onde se incluem os regulamentos e actos administrativos,
nomeadamente decretos regulamentares, portarias, despachos, instruções, circulares, regulamentos
policiais, regulamentos e posturas locais.
Existem diversos princípios subjacentes à hierarquia das leis, que são os
seguintes:
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• Os elementos da interpretação
Elemento literal — aqui, atende-se, primordialmente, à letra da lei, ao sen- tido das palavras que a
compõem, na sua conjugação sintáctica indicada ela colocação e pelos termos de ligação.
Elemento lógico — de acordo com este elemento deve recorrer-se, fundamentalmente, a todas as
potencialidades que se destacam do texto legal, de forma a determinar qual é a razão justificativa da lei.
Deve, pois, determinar-se qual é a finalidade que o legislador prossegue — o espírito da lei.
Elemento sistemático — a ordem jurídica está sistematizada, por isso mesmo, quando se interpreta uma
norma, deve ter-se em conta o sistema onde a norma está inserida, pois ela faz parte de uma unidade
composta por elementos coordenados e homogéneos entre si.
Elemento histórico — na interpretação da lei deve atender-se ao contexto histórico em que foi criada,
nomeadamente através da análise dos trabalhos preparatórios e projectos-leis que estiveram na sua origem.
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existe uma nova lei, uma nova vontade do legislador ou uma nova norma, mas, pura e simplesmente, fixa-
se o sentido de uma lei que já existe — a lei interpretada.
Se há autores que consideram que só se pode falar de interpretação autêntica quando a norma interpretativa
provém do mesmo órgão legislativo que produziu a norma interpretada, a corrente maioritária entende que
para haver interpretação autêntica basta que a norma interpretativa não seja de valor hierárquico inferior ao
da norma interpretada. Assim, por exemplo, estamos perante uma interpretação autêntica quando um
decreto legislativo do Presidente é interpretado por uma lei da Assembleia Nacional, não sendo necessário
que seja o Presidente da República o autor da norma interpretativa.
o Interpretação doutrinal — é a interpretação efectuada, designadamente, pelos tribunais, advogados ou
pelo executor de qualquer acto administrativo. Deste modo, não deve a expressão "doutrinal" ser entendida
como se a interpretação estivesse a cargo, única e exclusivamente, da doutrina.
O que aqui importa destacar é que este tipo de interpretação vincula apenas a posição assumida face a um
determinado caso concreto, enquadra a interpretação autêntica vincula todos os cidadãos que se encontrem
na mesma situação.
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Assim, enquanto que a tutela administrativa é o meio por excelência de garantia dos direitos do Estado, ao
invés, a tutela judiciária prosseguida pelos Tribunais é o meio normal de tutela dos interesses dos
particulares, exercendo-se nas relações entre os particulares e nas relações entre estes e o Estado.
Ou seja, os particulares estão protegidos contra a violação dos seus direitos e interesses legalmente
defendidos, quer por parte de outros particulares, quer por parte do Estado.
A principal garantia dos particulares funda-se, pois, no chamado princípio da legalidade da Administração
Pública, que se traduz na total submissão da Administração à lei. E para que não haja atropelos à lei, e,
portanto, violação deste princípio, há que fiscalizar e controlar a actuação da Administração. De entre os
vários meios de controlo da legalidade, podemos destacar os seguintes:
O Tribunal Constitucional (artigo 180.º da Constituição);
Os Tribunais (artigo 176. da Constituição);
O Ministério Público (artigo 185.º ss da Constituição);
O Provedor de Justiça (artigo 192.º da Constituição);
O Tribunal de Contas (artigo 182.º da Constituição);
O Presidente da República (artigo 199 ss da Constituição);
O Assembleia Nacional (artigo 162.º alínea a) da Constituição).
Por exemplo, ao Presidente da República, enquanto Chefe de Estado (cfr. artigo 108.º), compete promover
junto do Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva e sucessiva da constitucionalidade (ver infro) —
artigo 119.º, alínea c). Também a Assembleia Nacional, no domínio do controlo e de fiscalização que lhe
compete, deve velar pela aplicação da Constituição e pela boa execução das leis (artigo 162.º, alínea a) da
Constituição). Como se pode constatar pela diversidade de meios existentes, o controlo da legalidade é
uma preocupação global do sistema, do tal Estado de Direito, onde assume especial destaque o papel dos
tribunais e do Provedor de Justiça, por exemplo.
Sabemos, assim, que o controlo da legalidade não é, apenas, a fiscalização da constitucionalidade, apesar
de este ser o único aspecto que iremos abordar.
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Da constituição da República de Angola
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As normas de conduta, pelo critério de finalidade, podem exprimir uma obrigação, proibição ou permissão.
As normas de sanção indicam consequências do descumprimento da norma de conduta.
Quanto à estrutura.
As normas jurídicas podem ser normas autónomas e normas dependentes.
As normas jurídicas autónomas são as que tem por si um sentido completo, isto é esgotam a disciplina que
estatuem. É o caso de uma norma que revoga a outra.
As normas jurídicas dependentes exigem combinação com outras normas jurídicas, em relação à estrutura.
São dependentes porque estatui o comportamento e, por isso, se liga a outra, que lhe confere sanção.
Quanto à subordinação.
As normas jurídicas podem ser normas-origem e normas-derivadas. Normas-origem são as primeiras de
uma série.
Os fatos e, mais especificamente, os atos humanos, podem se apresentar como relações jurídicas.
Um dos elementos essenciais da experiência jurídica é representado pela relação jurídica, cujo conceito é
fundamental na Ciência do Direito, tendo sido estabelecido, de maneira mais clara, por F. C. Savigny, no
decorrer do século passado.
Muito embora o conceito de “Relação Jurídica” não desempenhe, hoje em dia, o mesmo papel que
lhe foi conferido até bem pouco tempo, dado o reconhecimento de outras categorias jurídicas não menos
relevantes, não deixa de ser um tema básico da Teoria Geral do Direito.
Devemos entender pela expressão “Relação Jurídica” que, em primeiro lugar, trata-se de uma
espécie de relação social. Os homens, visando à obtenção de fins diversos e múltiplos, entram em contato
uns com os outros. Há uma infinidade de laços prendendo os homens entre si, mas nem todos são de
natureza jurídica. A rigor, ninguém se relaciona na sociedade visando a fins estritamente jurídicos. São fins
morais, religiosos, económicos, estéticos, artísticos, utilitários que determinam a conduta humana.
Ora, se o homem, na sociedade, não objectiva a fins estritamente jurídicos, mas, ao contrário, fins
múltiplos, devemos reconhecer que nem todas as relações são jurídicas, embora possam, às vezes, reunir
duas ou mais pessoas através de vínculos estáveis e objectivos.
Quais das relações sociais devem ser tidas como jurídicas?
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o homem na vida social está sempre em interacção, influenciando a conduta de outrem, o que dá origem a
relações sociais que, disciplinadas por normas jurídicas, transformam-se em relações de Direito.
A relação jurídica consiste num vínculo entre pessoas em razão da qual uma pode pretender um
bem a outra que é obrigada. Tal relação só existe quando certas acções dos sujeitos, que constituem o âmbito
pessoal determinadas normas, forem relevantes no que atina ao carácter deôntico das normas aplicáveis a
situação. Só haverá relação jurídica se seu vínculo entre as pessoas estiver normado, isto é, regulado pela
norma jurídica, que tem por escopo protege-lo. Sem norma incidente numa relação social ou fática, essa
relação não se eleva ao nível jurídico. Nessa transformação leva-se em conta quatro elementos: Sujeito
ativo, sujeito passivo, vínculo de atributividade e um objecto.
Do mesmo modo que a norma, a relação jurídica é bilateral, externa, coercitiva e heterónoma.
As relações podem ainda ser simples ou complexas e também relativas ou absolutas.
Sujeito Passivo
Sujeito Passivo é a pessoa física ou jurídica que se obriga a realizar uma prestação, um dever, como
um devedor ou um mutuário.
O sujeito é passivo no sentido de dever a prestação principal, mas isto não exclui que ele também
tenha direitos de exigir algo em sentido complementar. Como exemplo pode-se dizer que se um credor
(sujeito activo) que deseja antecipar o pagamento previsto no título, assistirá então ao devedor (sujeito
passivo) o direito de apenas pagar na data do vencimento do título.
É claro que o devedor é sujeito passivo segundo a linha da prestação principal, o que não lhe tira,
entretanto, a possibilidade de actuar activamente nos elementos complementares da mesma prestação.
Sujeito Ativo
É o titular do direito subjetivo de ter ou de fazer o que a norma jurídica não proíbe. É o titular ou
beneficiário principal da relação.
Sujeito ativo é aquele em função do qual existe a obrigação ou a prestação principal, entretanto, isto não
impede que ele tenha deveres, correlatos ou não.
Este tem ainda a protecção jurídica, podendo ingressar em juízo, reavendo seu direito, reparando o
mal sofrido em caso de o sujeito passivo não ter cumprido suas obrigações.
Objectos das Relações
O poder do sujeito activo incide sobre o objecto imediato, que é a prestação devida pelo sujeito passivo,
por ter a permissão jurídica de exigir uma obrigação de dar, fazer ou não fazer, e sobre um objecto mediato,
ou seja, o bem móvel, imóvel ou semovente, sobre o qual recai o direito, devido à permissão que lhe é dada
por norma de direito de ter alguma coisa como sua, abrangendo, ainda, os seus modos de ser (sua vida, seu
nome, sua liberdade, sua honra).
Autores com Orlando Gomes defendem que para ser objecto de direito a coisa precisa apresentar
os requisitos de economicidade, permutabilidade e limitabilidade, isto é, ser susceptível de avaliação
pecuniária.
Já o fato propulsor, outro elemento abordado a respeito, agora na óptica de Maria Helena Diniz,
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pode ser um acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a norma jurídica dá a função de
criar, modificar ou extinguir direitos. Dele decorre o fato e o negócio jurídico.
Vínculo da Atributividade
Outro elemento fundamental da relação jurídica é o vínculo da atributividade capaz de ligar uma
pessoa a outra, muitas vezes de maneira complementar, mas sempre de forma objectiva. Há sempre o
vínculo entre duas ou mais pessoas, e toda pessoa que se insere em uma relação jurídica tem sempre direitos
e deveres, e não apenas direitos, ou apenas deveres.
O vínculo de atributividade é, por assim dizer, a concreção da norma jurídica no âmbito do
relacionamento estabelecido entre duas pessoas. É o vínculo que confere a cada um dos participantes da
relação o poder de pretender ou exigir algo determinado. Quando alguém tem uma pretensão amparada por
norma jurídica, diz-se que tem título para o ato pretendido, ou, por outras palavras, que está legitimado para
exigir o seu direito ou praticar o acto.
Não podemos esquecer das noções correlatas de título e legitimação pois se trata de matéria
fundamental. Ninguém pode dizer-se, por exemplo, proprietário de um terreno se a sua pretensão não estiver
amparada por um vínculo normativo que lhe atribua efectivamente o domínio: é esse vínculo que lhe
confere o título de proprietário e legitima os actos praticados nessa qualidade.
O vínculo de atributividade, que gera os títulos legitimadores da posição dos sujeitos numa relação
jurídica, pode ter várias origens. No exemplo de um contracto mútuo, o vínculo de atributividade é
representado pelo contracto, em virtude do qual duas vontades se ligam para a consecução de um
empréstimo. Desde que o negócio jurídico tenha sido estipulado segundo forma prevista ou não defesa em
lei, o acordo de vontade entre o mutuante e o mutuário gera um vínculo atributivo de pretensões legítimas,
fixando o âmbito das exigibilidades entre as pessoas que integram a relação. Tão íntima é, aliás, a correlação
entre vínculo de atributividade e título que, não raro essas expressões se empregam como sinónimas. Por
um fenómeno comum de translação de significado, ocorre mesmo que passou a ser chamado título também
ou documento comprobatório do direito atribuído a uma pessoa.
O vínculo de atributividade fica evidenciado e não poderá deixar de existir, nem há jurista algum
que haja levantado a hipótese de uma relação jurídica sem um laço que ligue duas ou mais pessoas, embora
seja errado dizer-se que em toda relação haja prestação e contraprestação recíproca. Se assim fosse, toda
relação jurídica seria de tipo contratual.
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1. OS TRIBUNAIS
Vamos deixar esta unidade à aplicação do Direito, constituindo esta actividade uma das tarefas
fundamentais do Estado. O cumprimento das normas nem sempre se verifica, havendo por isso a
necessidade de um conjunto de órgãos aptos para garantir o cumprimento das regras jurídicas. Assim sendo,
os tribunais são órgãos de soberania que têm competência para administrar a justiça em nome do povo,
exercendo a função jurisdicional, Art. 105º e 174º da CRA.
Cada tribunal é composto por um ou mais juízes, encarregado(s) de julgar os litígios. A maior parte dos
tribunais são organismos públicos, pertencentes ao sistema judicial de uma nação ou de um território com
autonomia judicial. No entanto existem também tribunais religiosos - como os tribunais eclesiásticos
das dioceses católicas - e tribunais privados - como os tribunais arbitrais para certas actividades económicas
e desportivas.
No Antigo Regime, antes da consagração da separação de poderes, existiam órgãos públicos não judiciais
(com funções, essencialmente, administrativas e legislativas) também designados "tribunais".
Art.174º
(Função jurisdicional)
1. Os tribunais são o órgão de soberania com competência de administrar a justiça em nome do povo.
2. No exercício da função jurisdicional, compete aos tribunais dirimir conflitos de interesses público ou
privado, assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, bem como os princípios do
acusatório e do contraditório e reprimir as violações da legalidade democrática.
3. Todas as entidades públicas e privadas têm o dever de cooperar com os tribunais na execução das suas
funções, devendo praticar, nos limites da sua competência, os actos que lhes forem solicitados pelos
tribunais.
4. A lei consagra e regula os meios e as formas de composição extrajudicial de conflitos, bem como a sua
constituição, organização, funcionamento.
5. Os tribunais não podem denegar a justiça por insuficiência de meios financeiros.
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O conhecimento do direito por parte dos cidadãos é essencial, quer no exercício dos direitos, quer
por cumprimento dos deveres. Por outro lado, o acesso ao direito, não deve estar dependente da
capacidade económica dos sujeitos, afim de que se garanta a igualdade de direitos nesta matéria.
Este princípio, enquanto direito fundamental, dá a todos os cidadãos o direito ao acesso ao direito
e aos tribunais, independentemente da sua condição económica. Assim qualquer cidadão que veja os
seus interesses legalmente protegidos, tem o direito de recorrer os tribunais, estando vedada a
denegação da justiça por insuficiência de meios financeiros.
Nestes de caso, o Estado tem dever constitucional de criar as condições necessárias para que os
cidadãos mais desfavorecidos disponham de um serviço jurídico capaz executado por advogado de
forma a terem uma efectiva defesa material dos seus interesses.
Nos termos da constituição da República de Angola, isto é, nos termos do artigo 29º da CRA e
combinados com os artigos 195º, 196º, 197º, todos mesmo Diploma.
Para concretização deste preceito constitucional torna-se imperioso que os tribunais estejam próximos
dos cidadãos e que a legislação processual possibilite a realização de decisões em tempo útil, afim de
as tornar exequíveis.
Artigo 29.º
(Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva)
1. A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses
legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência dos meios económicos.
2. Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e consulta jurídicas, ao patrocínio judiciário e a
fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade.
3. A lei define e assegura a adequada protecção do segredo de justiça.
4. Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão em prazo razoável e
mediante processo equitativo.
5. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei assegura aos cidadãos procedimentos
judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em tempo útil
contra ameaças ou violações desses direitos.
3. INFORMAÇÃO JURÍDICA
É uma tarefa pertencente especialmente ao governo, traduzindo-se num conjunto de acções destinadas
a tornar conhecido o direito e a ordem jurídica. Tal pressupõe a criação de serviços de acolhimento nos
tribunais e serviços judiciários. Passará igualmente por campanhas de divulgação e esclarecimento
junto das escolas, professores, encarregados de educação, colóquios abertos à comunidade envolvente.
Os órgãos de comunicação social desempenham a este nível um papel igualmente essencial, em tornar
conhecido o discutido direito. E com esta informação, facilitará de certa forma aos interessados, serem
esclarecidos dos seus direitos e da melhor forma de os defender sempre que sejam violados por outrem.
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Assim sendo, compete aos Estado criar as condições e financiar uma rede de defensores que assegure a
assistência jurídica e ao patrocínio judiciário aos cidadãos com carência económica, em estreita colaboração
com a ordem do advogado de Angola.
5. O APOIO JUDICIÁRIO
O apoio judiciário compreende a dispensa total, ou parcial, de preparos (importância a pagar no tribunal
pelas partes de um processo, em vário momento, por adiamentos de taxas de justiça, bem como a dispensa
do pagamento dos serviços do advogado. Isto é regulado na lei das custas e assistências judiciarias, decreto
lei nº 15/95, de 10 de Novembro.
6. AS CUSTAS JUDICIAIS
As custas judicias dizem respeito ao pagamento dos encargos relacionados com determinado processo
judicial. Mas compreendem igualmente o pagamento dos outros encargos que possam surgir no processo,
como o pagamento das guias de deposito para que o processo siga um determinado rumo/passo e etc.
Normalmente, o pagamento das custas judiciais é, regra geral, da responsabilidade da parte que perde.
7. AS PROFISSÕES JURÍDICAS
Os graduados em Direito têm possibilidade de escolher várias profissões jurídicas. De entre as áreas
profissionais destacam-se a advocacia, magistratura, consultoria jurídica, consultoria fiscal e financeira,
mediação jurídica e arbitragem, docência, carreira diplomática, acesso a cargos públicos em
organizações internacionais, registos e notariado, solicitadoria, oficiais de justiça, agentes de execução,
inspectores e coordenadores da Polícia Judiciária, cargos de direcção e de gestão empresarial,
investigação jurídica e histórica, dirigentes e quadros superiores da administração pública.
Dependendo da saída profissional pretendida, os graduados podem ter de realizar um estágio para aceder
às respectivas Ordens profissionais (Advogados), realizar estudos avançados (Mestrado e
Doutoramento) ou ingressar em Escolas Profissionais (Centro de Estudos Judiciários para o acesso às
Magistraturas).
Justiça é um conceito abstracto que se refere a um estado ideal de interacção social em que há um equilíbrio
que, por si só, deve ser razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas
envolvidas em determinado grupo social… A justiça deve buscar a igualdade entre os cidadãos.
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9. OS RAMOS DO DIREITO
I. DIVISÃO DO DIREITO
O estudo da ordem jurídica, realidade extremamente vasta e complexa, exige que à sua divisão em sectores
(ramos de direito). os inconvenientes que resultam dessa divisão, inúmeras vezes problemática e de rigor
científico algo duvidoso, são certamente menores se comparados com 0 enorme benefício que essa
sectorização tras para o aprofundamento do seu conhecimento.
a) o do interesse;
b) o da qualidade dos sujeitos;
c) e o da posição dos sujeitos.
De acordo com o critério do interesse, Direito Público é aquele que visa predominantemente a prossecução
de interesses públicos (é interesse público o que respeita à existência, conservação e desenvolvimento da
sociedade política) e Direito Privado é aquele que visa essencialmente a prossecução de interesses privados.
Segundo o critério da qualidade dos sujeitos, o Direito Público regula as situações nas quais intervenha o
Estado ou qualquer ente público e o Direito Privado regula as situações dos particulares.
Finalmente, para o critério da posição dos sujeitos, o Direito é Público quando constitui e organiza o Estado
e os restantes entes públicos e regula a sua acção dotando essas entidades de jus imperii (ou poder de
autoridade, ou sujeitando-as a restrições particulares), e é privado o Direito que regula as situações em que
os sujeitos estão em posição de igualdade.
Da existência dessa enorme multiplicidade de critérios (ainda que os principais sejam os indicados) resulta
imediatamente que nenhum deles merece a concordância generalizada. Todos são, pois, passíveis de reparos
mais ou menos fundamentados, as principais críticas aos aludidos critérios são as que se seguem.
Quanto ao critério o do interesse um problema que se pode levantar logo prende-se com a constatação de
que não existe uma fronteira clara entre interesse público e o interesse Privado. ou entre servir
predominantemente o público e servir o interesse privado.
Exemplo: As a instituição dc fundações protegem o que estas. aliás. não podem deixar dc prosseguir
Interesses social.
Dos três referidos, aquele que merece maiores reparos é o critério da qualidade dos sujeitos. Inúmeras vezes,
de facto, os diversos organismos públicos incluindo o Estado, intervêm na vida jurídica em condições
semelhantes às dos particulares, sendo tais relações reguladas de acordo com o Direito Privado.
Exemplos: a) O Estado compra um imóvel a fim de lá instalar uma Conservatória de Registo Civil (art.
874º e segs. do C. C.);
b) O Estado pode ser responsabilizado nos termos do Direito Privado (art. 501º do C.C.).
c) O Estado pode ser herdeiro, também de acordo com o Direito Privado (art.0 2153º do Código Civil).
Quanto ao critério da posição dos sujeitos na relação jurídica, também não está isento de críticas. Diz-se
que este critério apenas descreve as situações em que os entes públicos agem dotados de jus impere e
aquelas em que tal não acontece, não se preocupando em explicar porque assim é. Explicação que apenas
poderia ser dada pelo critério do interesse, segundo alguns.
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Apesar das dificuldades referidas, revela-se importante procedermos à sectorização da ordem jurídica. Não
é de todo indiferente que a situação da vida em causa seja ou não regulada por um ramo de direito de
natureza pública ou de natureza privada. São duas realidades que, embora com princípios comuns, têm
também razões de decidir e princípios próprios. Não devemos esquecer, contudo, o emergir de no- vos
ramos jurídicos que compreendem simultaneamente uma componente de Direito Público e outra de Direito
Privado, havendo que se proceder a uma distinção cuidadosa dessas duas componentes. É o que se verifica,
por exemplo com o Direito do Ambiente e com o Direito económico.
sem esquecermos a advertência acabada de fazer, os ramos de Direito Público que frequentemente são
referidos pelos autores são os seguintes:
O Direito Constitucional;
O Direito Fiscal;
O Direito Administrativo;
O Direito Financeiro;
O Direito Penal;
O Direito Processual;
O Direito Económico.
O Direito Constitucional:
Este ramo de Direito irá merecer um tratamento mais aprofundado na próxima unidade temática. Agora
apenas se dirá que o Direito Constitucional está estreitamente relacionado com a Constituição, ainda que
estude realidades que estão fora dela. E o que se verifica, por exemplo, com as leis eleitorais, com o
regimento da Assembleia da República e com as leis de organização do Governo, etc.
O Direito Fiscal
O Direito Fiscal é o ramo de Direito que regula a definição e a aplicação dos impostos.
O imposto é uma prestação coactiva sem carácter de sanção, unilateralmente fixada pelo Estado, em
benefício próprio ou de outro ente público, de natureza pecuniária, com vista à cobertura das despesas
públicas, sem perder de vista objectivos de ordem económica e social.
A prestação do cidadão (sujeito passivo do imposto) não decorre de qualquer contraprestação imediata por
parte do Estado ou de outro ente público (sujeito activo do imposto). Trata-se, por consequência, de uma
prestação unilateral, ao contrário do que se verifica com a taxa, que é bilateral (ambas as partes, na taxa,
realizam uma prestação e recebem algo em troca).
Este ramo de Direito, como os demais, tem fins próprios. Recorre por isso mesmo a adaptações de regras
de origens diversas, afastando-se frequentemente de alguns princípios aceites por outros ramos de Direito.
O Direito Administrativo
Este ramo de Direito regula a prossecução de interesses públicos, com recurso a determinadas prerrogativas
de autoridade por parte de órgãos executivos ou administrativos.
Assim, quando os entes administrativos não actuarem nessa qualidade, mas em igualdade de circunstâncias
com os particulares, é o direito privado e não o direito público que regula tais situações.
Alguns autores chegaram a distinguir o direito constitucional deste ramo de Direito do seguinte modo: o
primeiro regularia a estática da organização estadual e o segundo a dinâmica.
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Um dos mecanismos mais significativos do Direito Administrativo é o privilégio de execução prévia. Trata-
se da faculdade que certas entidades têm de executar imediatamente as medidas destinadas à satisfação das
necessidades colectivas mesmo que simultaneamente decorra um processo junto de um órgão jurisdicional
destinado a verificar se a medida projectada por essa entidade é ou não legal. Direito administrativo e o
Direito Constitucional constituem, no dizer de alguns juristas, a coluna mestra do direito público.
O Direito Financeiro
O conjunto das normas jurídicas que regulam a actividade financeira (cobrança de receitas e efectivação
das despesas públicas) constitui este ramo de Direito.
As receitas mais significativas provêm de impostos, taxas, receitas patrimoniais e empréstimos públicos.
Este ramo de direito só tardiamente se autonomizou do Direito Administrativo.
O Direito Penal:
O Direito Penal ou Criminal nasce da ideia de que certos e determinados actos são de tal maneira
prejudiciais à vida em sociedade que importa fazer algo para que a sua prática não se verifique com
frequência, sob pena de a coexistência social do Estado impõe à generalidade das pessoas 0 dever de
respeitar certos valores ou bens, reputados de fundamentais, desencorajando-as a desrespeitá-los, mas
quando tal se verifica sanciona esses actos (crimes) com castigos (penas).
Trata-se de um ramo de direito que há muito conhece, no conjunto do ordena- mento jurídico, uma relevante
e autónoma posição dada a sua especificidade.
Ao contrário dos demais ramos de direito, que se distinguem entre si essencialmente pelo conteúdo e
natureza das relações sociais que regulam, 0 Direito Penal distingue-se pela natureza da sanção que comina.
O crime e a pena são, pois, os dois pólos à volta dos quais gravita o essencial do presente ramo de direito.
O Direito Processual
A existência de conflitos de interesses (litígios) entre pessoas requer que uma entidade imparcial e acima
das partes possa ditar a solução do diferendo. Os tribunais são os órgãos vocacionados para tal função.
O conjunto das regras jurídicas que regulam essa actividade dos tribunais chama-se Direito Processual.
Processual porque há uma sequência de actos (processo) através dos quais o tribunal dirime o conflito.
O Direito Processual Civil é o processo correspondente aos litígios existentes entre particulares, resolvidos
de acordo com o Direito Privado.
Um conflito existente entre um trabalhador e a respectiva entidade patronal é regulado pelo Direito do
Trabalho e é dirimido nos tribunais do trabalho, de acordo com o Direito Processual do Trabalho ou Laboral.
O Direito Processual Penal ou Criminal regula a actuação dos tribunais no âmbito da aplicação das penas
como consequência da prática de crimes.
Existem outros tipos possíveis de direitos processuais, designadamente: Direito Processual Administrativo,
processo das contribuições e impostos e processo da justiça militar.
O Direito Económico
O Direito Económico, tal como os demais novos ramos de Direito, tem encontrado imensas dificuldades de
afirmação da sua autonomia. Trata-se de um tema de que não cuidaremos aqui, obviamente, mas que todo
o aprendiz de jurista não deve nunca perder de vista, sob pena de dar como adquiridas realidades que, afinal,
feita esta ressalva, cumpre que se diga que alguns autores entendem o Direito ainda o não são económicos
assim:
Direito Económico é o ramo do direito que estuda e regula as seguintes áreas:
a) a organização da economia, designadamente definindo o sistema e o regime económicos;
b) a condução ou controlo superior da economia pelo Estado, designa da mente estabelecendo o regime das
relações do "equilíbrio de poderes" entre o Estado e a economia;
c) a disciplina dos centros de decisão económica não estaduais, nomeada mente enquadrando, em termos
macroeconómicos, a actividade das instituições fundamentais.
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No âmbito do Direito Privado assume um relevo particular o Direito Civil (também designado por Direito
Privado comum ou direito-regra). Trata-se do conjunto de regras jurídicas que regulam a condição normal
das pessoas. Certas relações entre particulares, por vezes, revestem se de determinadas especificidades que
exigem tratamento adequado. É o que acontece com os chamados direitos privados especiais,
designadamente o Direito Comercial e o Direito do Trabalho.
O Direito Civil
I. Noção
O Direito Civil constitui o ramo de Direito mais profundamente estudado de toda a ordem jurídica, sendo
como que o "banco de dados" dos princípios gerais de Direito. Daqui resulta que as normas que dele fazem
parte funcionem a título subsidiário quando, por exemplo, os direitos privados especiais se confrontam com
dificuldades na regulação de um caso concreto.
O Código Civil, diploma fundamental das relações civis, funciona como repositório de normas dos diversos
ramos de direito, público ou privado. Assim, o seu Título I, do Livro I, "Das leis, sua interpretação e
aplicação", diz respeito às leis em geral, independentemente do ramo de direito a que pertencem.
Como anteriormente se afirmou, o direito civil regula a relação jurídica na sua forma mais simples e
destituída de especificidades. As relações jurídicas laborais ou comerciais, por exemplo, revestem-se de um
cunho particular que exige tratamento especial. Quando tal se não verifica é o Direito Civil que regula o
caso concreto•
Sub-ramos
A actividade dos paniculares, mesmo que destituída de especificidades, é de tal modo vasta e complexa que
o direito que a regula, o Direito Civil, é necessariamente também vasto e complexo. A sua divisão por sub-
ramos é, pois, uma necessidade.
A divisão que mais apoios obteve foi a chamada classificação germânica do Direito:
Código Civil
Art. 397.0
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(Noção)
Obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de
uma prestação.
Vejam-se alguns exemplos de situações reguladas em particular pelo direito das obrigações.
Exemplos:
I —A empresta a B 1000$00 e este compromete-se a restituir-lhos decorrido algum tempo. A restituição é
uma prestação.
2 —C assume o compromisso perante D de lhe fazer uma "marquise" na varanda do seu apartamento. A
feitura da "marquise" é uma obrigação.
A obrigação pode resultar de um contracto (como acontece nos exemplos acabados de referir), mas também
de outras fontes, designadamente de um acto ilícito.
Exemplo:
3 — Assim, se E culposamente partir um vidro da janela da casa de F, cujo valor ascende a 5000kz, fica
adstrito a indemnizá-lo da referida quantia. Eis uma nova prestação.
O sujeito activo da relação obrigacional designa-se por credor e o sujeito passivo por devedor.
O "Direito das obrigações" vem regulado no Livro II do Código Civil, subdividindo-se em dois títulos:
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