Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(1ªparte)
O Homem desenvolve toda a sua vida em sociedade. No entanto, não existe consenso sobre a
origem da sociedade.
Conceção naturalista da sociedade: os autores clássicos (Aristóteles, Cícero, São Tomas de Aquino,
Sto. Agostinho) acreditavam na origem natural da sociedade.
De acordo com esta conceção, a origem da sociedade encontrava o seu fundamento na natural
sociabilidade do Homem.
De facto, o Homem tem uma tendência natural para conviver com os outros de modo a satisfazer as
suas necessidades, pois só em estreita colaboração com os outros desenvolve todas as suas
capacidades e consegue realizar-se como pessoa.
A vida em sociedade implica a existência de regras que imponham condutas aos membros da
sociedade, com vista a evitar conflitos ou minimizar as suas consequências. Ordem social designa a
realidade cultural que se caracteriza por um conjunto de normas de conduta de diversa índole que
regulam a vida do Homem em sociedade.
A ordem social é uma ordem de liberdade, dado que, apesar das normas exprimirem um «dever ser»
e se imporem ao Homem, este pode violá-las, indignar-se contra elas ou pode mesmo alterá-las,
sendo
certo que a violação dessas normas só as atinge na sua eficácia e não na sua validade. Ex: A regra
«não matar» - todos concordam que deve ser acatada, mas isso não significa que todos a cumpram.
No entanto, a validade da norma não é afetada, pelo facto de haver homicídios.
A ordem social distingue-se da ordem natural. A ordem natural é uma ordem de necessidade: as
suas leis não são substituíveis, aplicam-se de forma invariável e constante, independentemente da
vontade do Homem ou mesmo contra a sua vontade.
Ordem moral;
Ordem religiosa;
Ordem jurídica.
Ordem moral:
A ordem moral caracteriza-se por um conjunto de imperativos impostos ao Homem pela sua própria
consciência ética, de tal modo que o seu incumprimento é, primeiro de tudo, sancionado pela sua
própria consciência. Por exemplo, o remorso e o arrependimento são sanções que o indivíduo impõe
a ele próprio por não cumprir determinado preceito moral.
A violação da regra moral pode não implicar apenas a censura por parte da própria pessoa que a
violou, mas também a de toda a comunidade, levando inclusivamente à marginalização ou rejeição
dessa pessoa pelo círculo social onde está inserida.
Ordem religiosa:
A ordem religiosa regula as relações que se estabelecem entre o crente e a divindade. O fundamento
das normas religiosas é a própria divindade, considerada como um ente superior e perfeito. O crente
acredita que o não cumprimento das normas religiosas leva a sanções de carácter extraterreno.
A ordem de trato social destina-se a permitir uma convivência mais agradável entre as pessoas mas
não são necessárias à subsistência da vida em sociedade. É o caso das regras de etiquetas, de
cortesia e deontológicas.
A ordem jurídica é um conjunto de normas que visam regular a vida do Homem em sociedade
harmonizando os seus interesses e resolvendo os seus conflitos pelo recurso à coercibilidade.
A ordem jurídica é a ordem social regulada pelas normas jurídicas, ou seja, pelo Direito. O principal
critério que distingue a ordem jurídica das restantes ordens sociais é a coercibilidade, ou seja, as
normas jurídicas são suscetíveis de serem impostas pela força. Assim, aqueles que não respeitarem
as normas jurídicas sujeitam-se às sanções que as normas prescrevem.
Outro elemento de distinção é a exterioridade. Para o Direito a sanção só pode ser aplicada se a
ação ou omissão do indivíduo violar a norma.
Assim, enquanto que para a Moral, pensar em fazer mal ao outro, já é uma violação das normas
morais, para o Direito só quando o indivíduo exterioriza o seu comportamento (faz, de facto, mal aos
outros) é que pode ser punido. Há inúmeras normas que se aplicam aos diversos sistemas
normativos. Por exemplo, «não furtar» é uma norma simultaneamente jurídica, moral, de trato
social e religiosa.
Norma Jurídica
São regras de conduta impostas pelo Estado aos cidadãos; como tal são obrigatórias.
Direito
O Direito, é um conjunto de normas de conduta social emanadas pelo Estado e garantidas pelo seu
poder.
O Direito objetivo
É a norma ou conjunto de normas que regulam a vida em sociedade. Corresponde ao termo inglês
«law».
O Direito subjetivo
É o poder ou faculdade, conferidos pela lei ao titular de um direito objetivo, de agir ou não de
acordo com o conteúdo daquele. Corresponde ao termo inglês «right».
Exemplo: O artigo 874 do Código Civil prevê que a “compra e venda é o contrato pelo qual se
transmite
a propriedade de uma coisa, ou outros direitos, mediante um preço”.
Trata-se de uma norma do Direito objetivo. O Sr. Rodinhas adquiriu um automóvel ao Sr. Felizardo.
Logo, o Sr. Rodinhas tem direito a receber o automóvel e o Sr. Felizardo tem direito a receber o
preço combinado. Quando nos referimos aos direitos das partes estamos a falar de Direito subjetivo.
A ordem jurídica como forma de ordenação da vida social tem duas funções:
A ordem jurídica para subsistir precisa de se materializar. Assim, estabelece as suas instituições,
determina-lhes o estatuto funcional e organiza os processos jurídicos de atuação.
A ordem jurídica constitui o seu próprio sistema ou ordenamento jurídico, garantindo a sua coerência
pela instituição de órgãos (os tribunais) que impõem o cumprimento de sanções.
A cultura é tudo aquilo que os Homens criaram ao longo do tempo e em todos os domínios, numa
dada sociedade (idioma, usos, costumes, regras, convenções, preconceitos sociais, crenças, ciências,
arte, filosofia, monumentos, etc.) e que são partilhados pela geração atual.
O Direito faz parte do elemento espiritual (ou imaterial) da cultura, como tal, é sensível a valores, logo
varia no tempo e no espaço.
É o valor, a qualidade que as condutas humanas devem assumir no âmbito das relações sociais. No
entanto, definir justiça não é fácil.
Ulpiano refere-se à justiça como a vontade perpétua de dar a cada um o seu direito. No entanto, esta
definição é contestada, pois não se refere à justiça em si, mas à “vontade justa”.
Justiça comutativa: regula as relações dos membros da sociedade entre si, colocados num plano de
igualdade. (Ex: Se Adosinda vende um apartamento a Belarmino, este deve-lhe pagar o equivalente
ao apartamento).
Justiça geral ou legal: justiça que se pretende atingir no âmbito das relações jurídicas entre a
sociedade e os seus membros naquilo que aquela lhes exige como contraprestação dos bens e
serviços públicos e do bem-estar geral que lhes proporciona.
Justiça distributiva: diz respeito às relações jurídicas que o Estado estabelece com os seus cidadãos
para desempenhar as suas funções atendendo a critérios de igualdade, de mérito e de necessidade,
de modo a reduzir os desequilíbrios sociais e a proporcionar o bem-estar social.
A justiça é o valor ideal que constitui a razão de ser do Direito, sendo, pois, uma preocupação de
todos os sistemas jurídicos alcançar e integrar este valor nos seus ordenamentos de acordo com a
evolução de que as sociedades vão sendo alvo.
Segurança
É um valor de hierarquia inferior, mas indispensável na vida social, pois está diretamente ligada à
utilidade, às necessidades práticas e às exigências da vida.
Segurança com o sentido de paz social
O Direito tem que cumprir, primeiro que tudo, a missão pacificadora, que se estende às relações
internacionais.
Exprime à aspiração de regras certas, isto é, suscetíveis de serem conhecidas. Deste modo, pretende-
se salvaguardar a previsibilidade e a estabilidade na vida jurídica.
A formulação de leis de carácter geral e abstrato, em termos claros e precisos, que não deem
margem a ambiguidades, e a sua publicação oficial para que o Direito possa ser conhecido e
compreendido por todos.
O princípio do caso julgado, segundo o qual não há possibilidade de recurso ordinário contra
decisões transitadas em julgado.
A segurança é garantida pela nossa Ordem Jurídica, essencialmente nos seguintes artigos da
Constituição da República Portuguesa (CRP):
Art. 18º e 20º, possibilidade de recurso a um poder independente, o poder judicial, para defesa
dos direitos, liberdades e garantias;
Art. 266º, subordinação da Administração Pública à Constituição e à lei, devendo os seus órgãos e
agentes, na sua atuação, respeitar os princípios de igualdade, da proporcionalidade, da justiça e da
imparcialidade;
Art. 268º, possibilidade de recurso ao contencioso, dos cidadãos contra quaisquer atos
administrativos que lesem os seus direitos ou interesses legalmente protegidos.
A ordem jurídica distingue-se das demais ordens sociais, devido à coercibilidade das suas normas, ou
seja, a possibilidade de se recorrer ao uso da força para impedir ou reprimir a violação de uma
norma jurídica.
Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do
povo, cabendo-lhe assegurar a defesa dos direitos dos cidadãos, bem como reprimir a violação da lei
e resolver os conflitos de interesses públicos e privados, sendo as suas decisões obrigatórias para
todos (art. 202º e 205º CRP).
Tribunais de Comarca (de 1ª Instância): que são assim designados porque lhes cabe apreciar a
generalidade das causas pela primeira vez.
Tribunais da Relação (de 2ª Instância): os tribunais a que se recorre para uma segunda apreciação
da decisão final Tribunal de Comarca.
A todos é garantido o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos, não podendo a
justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos (art. 20º CRP)
Informação Jurídica
Todos têm direito à informação e consulta jurídica, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar
por advogado perante qualquer autoridade (art. 20º, nº 2).
Cabe ao Estado dar a conhecer o direito, através de publicação e de outras formas de comunicação,
com vista a proporcionar um melhor exercício dos direitos e o cumprimento dos deveres.
Proteção Jurídica
A insuficiência económica é condição necessária para a proteção jurídica, pois a todos é garantido o
acesso à justiça.
ou casos concretos nos quais estejam em causa interesses pessoais legítimos ou direitos próprios
lesados ou ameaçados de lesão.
Profissões Jurídicas
As profissões jurídicas são aquelas que executam as tarefas necessárias à boa interpretação e
aplicação da lei e asseguram o prosseguimento dos processos judiciais.
São Profissão Principais:
Juiz: Juízes-conselheiros; Juízes-desembargadores; Juízes de Direito.
Representam o Estado junto dos tribunais, defendem os interesses determinados na lei e participam
na execução da política criminal, exercendo a ação penal nos termos definidos pela Constituição e
concretizados na lei.
Solicitadores:
Exercem o mandato judicial e a consulta jurídica, dentro dos limites estabelecidos na lei.
Agentes de execução:
Notários:
Conferem forma legal a atos jurídicos extrajudiciais a que a lei reconhece fé pública.
Conservadores:
Oficiais de Justiça: