Você está na página 1de 2

2.

1 O surgimento do Estado
Quando pensamos em Legislação, em Direito, em Leis e normas jurídicas, somos levados a
pensar em quem teria o poder de executar e fazer cumprir esse Direito. E nesse papel podemos
perceber o Estado!

O Estado
Uma das melhores formas de compreender a convivência do homem em sociedade é observar as
crianças. Vamos então voltar um pouco no tempo:
Imagine você na infância. Um coleguinha vai pegar o seu brinquedo preferido. Sua reação
natural, instintiva, é reagir e tentar agarrar o brinquedo primeiro! É muito comum vermos
crianças reagindo de forma agressiva para reaver o que é seu! E parte da educação que
recebemos de nossos pais é justamente para não sermos violentos. Afinal, se não aprendermos a
respeitar as regras e os outros, torna-se muito difícil conviver em sociedade.
Ora, aceitar conviver em sociedade pressupõe abrir mão do uso da própria força. E aqui é que
entra o Estado! Como definiu o sociólogo Max Weber, o Estado é a estrutura social que detém o
monopólio do uso legítimo da força.
Assim, o uso da força por conta própria – como o de se envolver em embate físico com o
coleguinha para reaver a brinquedo – é desaconselhado e, em certa medida, considerado ilegal
em nossa sociedade. E isso tem relação direta com o surgimento e a função do Estado.

O Estado de Natureza
Conhecemos as dificuldades da vida em grupo. Como seria uma sala de aula que não obedece às
ordens da professora? Quando isso acontece, é terrível. É o estado de briga constante, guerra
generalizada de todos contra todos, assim dizia Thomas Hobbes.
No século XVII, o Rei era obedecido e temido, pois era tido como escolhido e iluminado por
Deus. Hobbes separou o poder em o poder da igreja e o poder de um estado civil. E aqui,
Hobbes inaugura um novo fundamento para o poder dos reis. Hobbes defendia o Estado
Absoluto, a partir da ideia de que o homem, vivendo em um estado natural, deveria ter como
elemento agregador um Estado com poderes superiores, para lhe garantir a convivência
organizada. Quando falamos em elemento agregador, nos referimos a um elemento que
acrescentará poderes ao Estado.
Para expor seu argumento, descreveu o que seria um mundo hipotético, ou seja, duvidoso em
que homens convivessem sem ter um deles como chefe, rei ou soberano. Nesse ambiente, que
chamou de estado de natureza, viveríamos com medo do outro, em uma ‘guerra generalizada’,
onde cada homem, egoísta e buscando benefício próprio, seria capaz de matar o outro para obter
vantagens.
Assim, para Hobbes era natural, lógico e racional que cada homem abrisse mão de parcela de
sua liberdade para se submeter às ordens de um soberano, de um homem que então teria força e
poder para impor a ordem. Em sua visão, o poder do Rei surgia por vontade dos súditos (e não
divina!), de tal forma que garantisse a paz.
O Estado seria assim como um grande ‘monstro’, que devia ser temido por tudo e por todos, e
assim exercer o poder para controlar as pessoas e impor a ordem.
Bem, se lhe parece um pouco exagerado concentrar todos os poderes nas mãos de um homem
só, vamos lembrar que, na época em que Hobbes escreveu o Leviatã (1651), já estava no poder,
na França o Rei Louis XIV, conhecido como “Rei-Sol”, um monarca absolutista que foi
símbolo de poder e desenvolvimento para o país, tendo reinado de 1643 a 1715.
Ao rei Luís XIV é atribuída a famosa frase: “L’État c’est moi” (em português: O Estado sou
eu), que define o monarca absolutista, aquele que tudo pode e decide, sem limites.
Ou seja, é todo poderoso e usa da força para impor a ordem – justamente à razão pela qual
abrimos mão de nossa liberdade para nos submetermos à vontade de nossos governantes,
segundo Hobbes.
Mas hoje você diria, atento leitor, que não nos submetemos mais à vontade de uma pessoa, mas
sim à Lei. Mas de onde vem a Lei? A Lei é algo abstrato, é como se fosse um ente etéreo, isto é,
que paira sobre nós como uma nuvem, sem ter origem definida.
A Lei como expressão da sua e da minha vontade
Jean-Jacques Rousseau apresenta duas fundamentações para a existência do Estado,
ainda de característica contratualista, porém com o enfoque social: a sociedade civil é
decorrente de um contrato social. Assim, os membros dessa sociedade aderem ao Estado
com a condição de manterem as características de liberdade e igualdade que lhe são
inerentes.
Ainda, Rousseau determina que a sociedade seja constituída através de um contrato
social, sendo ao povo atribuída a soberania e regida por Leis – e não pelo Rei com
origem no poder divino.
Assim, em oposição ao Estado Absolutista, nasce o Estado Liberal. Nele, há uma clara
separação entre o bem público e a propriedade privada. Para Rousseau, o Estado deve
ser um governo de Leis. E o que seriam as Leis? A separação dos poderes do Estado
para indivíduos ou grupos distintos, de forma a controlar o poder.

Você também pode gostar