Os Estados Unidos do Brasil e o federalismo importado Sob a influência norte-americana, o Brasil proclamou sua república em 1889 sob o nome de Estados Unidos do Brasil e adotou o modelo norte-americano de Estado Federal. Entretanto, nosso estado federal foi construído de forma inversa ao que havia ocorrido cem anos antes com as antigas colônias britânicas. Veja o primeiro decreto do governo de Marechal Deodoro da Fonseca: “Decreto no 1, de 15 de novembro de 1889. Art. 1º. Fica proclamada provisoriamente e decretada como a forma de governo da nação brasileira - a República Federativa. Art. 2º. As Províncias do Brasil, reunidas pelo laço da federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil. Art. 3º. Cada um desses Estados, no exercício de sua legitima soberania, decretará oportunamente a sua constituição definitiva, elegendo os seus corpos deliberantes e os seus governos locais. (...)” Diferentemente das 13 colônias norte-americanas que haviam sido cada uma delas estados verdadeiramente independentes, o Brasil partiu de um estado unitário, centralizado na figura do Imperador (Dom Pedro I e Dom Pedro II) que, com a proclamação da república, deu autonomia a estados que jamais tinham sido independentes. Por isso, nosso federalismo custou a sair do papel.
República Federativa do Brasil em 1988
Assim consta no primeiro artigo de nossa constituição de 1988: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito (...) A inclusão dos municípios como entes da federação teve como efeito garantir sua autonomia, isto é, garantir que prefeitos e câmaras de vereadores não sofram interferências indevidas dos governadores e que suas receitas tributárias estivessem também garantidas constitucionalmente. Assim, nossa Federação é composta por: União, Estados (são 26), Distrito Federal (com sede em Brasília) Municípios (são 5.564) Podemos resumir desta forma: todo brasileiro está sujeito a três esferas de poder, o federal, o estadual e o municipal. Cada um destes, por sua vez, terá suas funções de estado repartidas nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (à exceção dos municípios, que não têm poder judiciário próprio). Uma questão muito importante e é destacada no art. 18: a autonomia dos entes federativos: “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” Deste artigo da constituição, podemos extrair que não há quaisquer interferências entre os detentores dos poderes em cada esfera federativa. O Presidente da república não é superior ao governador de um estado-membro, assim como o governador não tem qualquer poder de nomeação ou destituição do prefeito. Isso é chamado de autonomia federativa. A Repartição dos poderes O art. 2º da Constituição Federal de 1988 afirma que “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Notem que a expressão “independentes e harmônicos entre si” serve para frisar que não há poder superior ao outro, assim como tampouco um poder deve usurpar competências do outro. Entretanto, um poder pode – e deve – intervir para evitar que haja abusos do poder por parte de outro poder. É a doutrina de Montesquieu e também dos artigos Federalistas, como vimos na aula anterior. Vamos agora identificar por imagens a sede de cada um dos poderes no nível federal: O poder executivo tem como função típica administrar (isto é, gerir os recursos e tomar decisões de gestão) e é o exercido pelo Presidente da República, eleito pelo voto popular para um mandato de 4 anos. Já o poder legislativo tem duas funções típicas, legislar (isto é, fazer as leis, a partir de procedimentos que veremos na próxima aula) e fiscalizar o poder executivo. É exercido pelo Congresso Nacional, composto de duas casas legislativas de parlamentares eleitos pelo voto popular: A Câmara de Deputados, com 513 deputados com mandato de 4 anos, e o Senado Federal, com 81 senadores e mandatos de 8 anos. Por fim, o poder judiciário tem como função típica julgar, aplicando as leis a casos específicos que foram levados a julgamento. É exercido por uma complexa rede de juízes e tribunais, tendo como órgão máximo o Supremo Tribunal Federal, composto por 11 ministros escolhidos pelo presidente da república e confirmados pelo Senado Federal que podem permanecer até completar 70 anos de idade.
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