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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Formas de Estado

a) Simples ou Unitário: Há uma única pessoa jurídica e um único centro de


comando político, do qual emanam todas as decisões políticas do Estado, isto
é, existe um Poder Político central do qual emanam as decisões políticas. Esse
Estado pode ou não ser subdividido em regiões com atribuições administrativas

Centralizado: Nesse caso, não há a subdivisão noutras regiões com


atribuições administrativas.

Descentralizado: Dividido em regiões com atribuições administrativas e


deliberativas ou políticas, que, no entanto, não configuram uma pessoa jurídica
de direito, mas comportam funções decisórias próprias. Logo, existe uma
descentralização administrativa e legislativa, que se dão por motivos históricos
e como forma de manter a unidade nacional e territorial. No Estado Regional, a
descentralização ocorre de cima para baixo, pois é o Governo Central que
permite determinadas regiões exercerem uma dessas atribuições.

b) Federação: Na Federação, há um único ente soberano, o qual, é dividido


em regiões que detêm autonomia política, chamados de Estados, no caso do
Brasil. Os Estados membros são dotados de Autonomia, e não Soberania,
razão pela qual não existe o Direito de Secessão, verificando-se autêntica
indissolubilidade do Pacto Federativo, conforme previsto no art. 1º, da
Constituição da República. Nesse sentido, o documento base para nascimento
da Federação é uma Constituição. Alguns autores defendem que nas
Federações há um órgão cúpula de todo o Poder Judiciário, que abranja toda a
Federação.

c) Confederação: Nesse caso, há vários Estados Soberanos, motivo pelo


qual podem sair da Confederação a qualquer momento, o que chamamos de
Direito de Secessão. O documento base da formação da Confederação é um
Tratado assinado por Estados Soberanos. Nas Confederações, ao invés da
existência de um órgão cúpula do Poder Judiciário comum para todas as
pessoas jurídicas, haveria um órgão cúpula dentro da lógica do Poder
Judiciário de cada entidade soberana.
Federalismo

Conceito

Federação é a forma de Estado composta pela união indissolúvel de


vários entes autônomos dotados de competências próprias, que perdem a
soberania em favor da União Federal.
A Federação é a forma de Estado singularizada pela existência de duas
espécies de ordens jurídicas, a Federal, imanente ao Poder Central, e as
Federadas, inerentes aos Poderes Regionais e Locais. O Estado Federal é um
fenômeno moderno que teve surgimento na Federação americana, a partir da
formação dos Estados Unidos da América.
Surgiu como resposta à necessidade de um governo eficiente em vasto
território, que, ao mesmo tempo, assegurasse os ideais republicanos que
vingaram com a revolução de 1776.

Características

Autonomia

Autonomia é a liberdade de atuação que a entidade federada possui


dentro do círculo de atribuições garantidas pela Constituição da República,
sendo esta liberdade restringida apenas por princípios da própria Constituição.
O art. 18, da Constituição é claro em expressar que as entidades
federadas são autônomas, nos termos do Texto Maior, sinalizando que não
obrigatoriamente essa autonomia se dará na mesma extensão. Essa
disparidade de tratamento é verificada especialmente no caso dos Municípios e
Distrito Federal, quando em comparação com a União e Estados.

Autoadministração: É a capacidade de prestação de serviços públicos


por órgãos próprios e realizar toda a função administrativa que lhes cabe, isto
é, a possibilidade de realizar por conta própria toda a atividade administrativa
como um todo.

Autogoverno: Trata-se da capacidade de estruturação dos Poderes, o


que é mitigado no caso dos Municípios, dada a ausência de Poder Judiciário
próprio.
Auto-Organização: Trata-se da estruturação política e legislativa, sendo
que a União tem sua organização no âmbito da Constituição de República,
podendo elaborar legislação específica para si. Por outro lado, Estados, DF e
Municípios nas respectivas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas, todos
com possibilidade de estabelecer suas legislações específicas.
Autolegislação: Capacidade de elaboração das próprias leis, que, para
muitos autores é compreendida dentro da auto-organização.

Bicameralismo

O Bicameralismo possibilita a participação da vontade regional na


formação da vontade nacional. O Poder Legislativo Federal, exercido pelo
Congresso Nacional, é dividido em duas Casa Legislativas, a Câmara dos
Deputados, composta por representantes do Povo, e o Senado Federal,
composto por representantes dos Estados. Logo, o Senado Federal significa a
possibilidade de os Estados participarem da formação da vontade nacional, por
isso, na composição do Senado Federal, independentemente de sua densidade
demográfica ou extensão territorial, todos os Estados contarão com 3
Senadores.

Repartição de Competências:

Competência é o limite do Poder Político na Federação. A Federação é


consubstanciada pela repartição constitucional de competências, de modo que,
no Direito Comparado é possível identificar três modelos distintos de
repartição. No Brasil, elencando-se as competências da União e Municípios,
restando as demais para os Estados, sempre de acordo com o Critério da
Preponderância de Interesses.
Preponderância de Interesses: Havendo conflitos federativos acerca da
determinação sobre qual ente federativo detém a competência para
determinada função, legislativa ou administrativa, se deve levar em conta o
critério da Preponderância de Interesses para fixar qual o ente realmente
competente. Mesmo não havendo hierarquia entre os entes que compõem a
Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses, em que os mais amplos
devem preferir aos mais restritos, sendo assim distribuídos: interesse nacional
é de responsabilidade da União, o interesse regional é de competência dos
Estados e o interesse local de atribuições dos Municípios.
Limites ao Poder Constituinte Derivado

No plano do Poder Constituinte Derivado Reformador, a Forma


Federativa de Estado é protegida pelo art. 60, §4º, I, da Constituição da
República, que a erige ao status de Cláusula Pétrea, vedando interferências
que atinjam o núcleo essencial da autonomia dos entes federados.
Com relação ao Poder Derivado Decorrente, o art. 25, é expresso ao
determinar que os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Nessa linha de
raciocínio, a Federação é continuada pelos limites do poder de instituição
estadual, divididos em princípios constitucionais sensíveis ou enumerados,
estabelecidos ou organizatórios e extensíveis.

a) Princípios Sensíveis ou Enumerados: Estão previstos no art. 34, VII, da


Constituição, sendo aqueles que, uma vez violados, ensejam a intervenção
federal para a manutenção da integridade da Federação

b) Princípios Estabelecidos ou Organizatórios: São aqueles que a Constituição


impôs diretamente aos Estados e demais entes federados, sendo encontrados
de modo esparso ao longo do texto constitucional, de modo explícito ou
implícito, não existindo uma posição tópica que os condense, ao contrário do
que ocorre com os Princípios Sensíveis. Essas limitações podem ser
recobertas de natureza mandatória ou vedatória, tendo em mira que aquelas
obrigam a absorção de certos princípios pelas Constituições dos Estados, ao
passo que estas proíbem a aceitação de determinados atos e procedimentos
pelos Estados

c) Princípios Extensíveis: São princípios impostos à União por conta da


Constituição da República, mas devem ser estendidos aos Estados e demais
entes federados por uma questão de simetria. Assim como os Princípios
Estabelecidos, são encontrados de modo esparso pelo texto constitucional.
Inexistência do Direito de Secessão
Impossibilidade de quebra do pacto federativo. Característica que veda a
separação dos entes federativos que compõem a República Federativa do
Brasil.
União

O Estado brasileiro é uma Federação quadripartida composta pela


União, Estados, Municípios e Distrito Federal, conforme é possível depreender
da combinação entre os arts. 1º e 18, da Constituição da República.
No art. 1º, a palavra “união” é no sentido literal, de unidade, não se
referido à União Federal, mencionada apenas no art. 18, que elenca a
organização político-administrativa do Estado brasileiro. A União ostenta a
natureza de pessoa jurídica de Direito Público Interno, com autonomia política,
na medida em que a unidade da Federação é dotada de autodeterminação no
círculo de competência traçado pela Constituição.
Possui natureza peculiar na Federação, uma vez que, ora atua como
pessoa jurídica de Direito Constitucional, ora como pessoa jurídica de Direito
Internacional.
Na primeira hipótese ela atua por si mesma, em nome próprio, como
entidade integrante da Federação. Na segunda hipótese, atua em nome da
Federação, quer no plano interno, quando edita leis nacionais, intervém nos
Estados-membros, quando decreta o estado de sítio e de defesa, quer no plano
internacional, quando mantém relações com Estados estrangeiros, declara a
guerra e celebra a paz.
Mas cumpre pontuar que a União, independentemente da competência
que exerça, não é titular de soberania. A União só goza de autonomia, nos
termos da Constituição, conforme previsto no art. 18, porém, titular de
soberania é a República Federativa do Brasil, definida no art. 1º, da
Constituição como a união indissolúvel dos Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Competências Administrativas

Previstas no art. 21e 23, da Constituição da República, tratam da


responsabilidade pelo exercício de determinados serviços públicos.
Regulamenta o campo do exercício das funções governamentais, podendo
tanto ser exclusiva da União, marcada pela particularidade da indelegabilidade,
como comum, exercida conjuntamente com os demais entes federativos
(Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios)
Exclusiva (art. 21)

1. Manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações


internacionais;
2. Declarar a guerra e celebrar a paz;
3. Assegurar a defesa nacional;
4. Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
5. Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
6. Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
7. Emitir moeda;
8. Administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e
capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
9. Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social;
10. Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
11. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;
12. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
13. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento
energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se
situam os potenciais hidroenergéticos;
14. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os serviços navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
aeroportuária;
15. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros
e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou
Território;
16. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros;
17. Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão
os portos marítimos, fluviais e lacustres;
18. Organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
19. Organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por
meio de fundo próprio;
20. Organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia,
geologia e cartografia de âmbito nacional;
21. Exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de
programas de rádio e televisão;
22. Conceder anistia;
23. Planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e as inundações;
24. Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;
25. Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
26. Estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
27. Executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
28. Explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares
e seus derivados;
29. Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
30. Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa.

Comum (art. 23)

1. Guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e


conservar o patrimônio público;
2. Saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
3. Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos;
4. Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
5. Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação;
6. Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
7. Preservar as florestas, a fauna e a flora;
8. Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar
9. Promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
10. Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
11. Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
12. Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.

Competência Legislativa

Prevista nos arts. 22 e 24, é a competência para a edição de normas. Os


entes federados não podem legislar sobre assuntos de competência uns dos
outros, evitando a superposição de atividade legislativa, mesmo na
competência legislativa comum.

Privativa (art. 22, CF)

A competência privativa por parte da União é delegável, que será feito


por meio de Lei Complementar veiculando autorização dada aos Estados para
legislar sobre matéria específica.
PRIVATIVA (art. 22)

1. Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;
2. Desapropriação;
3. Requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de
guerra;
4. Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
5. Serviço postal;
6. Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
7. Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
8. Comércio exterior e interestadual;
9. Diretrizes da política nacional de transportes;
10. Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial;
11. Trânsito e transporte;
12. Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
13. Nacionalidade, cidadania e naturalização;
14. Populações indígenas;
15. Emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros
16. Organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões;
17. Organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como
organização administrativa destes;
18. Sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
19. Poupança, captação e garantia da poupança popular;
20. Consórcios e sorteios;
21. Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros
militares;
22. Polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
23. Seguridade social;
24. Diretrizes e bases da educação nacional;
25. Registros públicos;
26. Atividades nucleares de qualquer natureza;
27. Normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
28. Defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e
mobilização nacional;
29. Propaganda comercial.

Concorrente (Art. 24, CF)

Nesse caso, a União editará normas gerais, cabendo aos Estados a


produção de normas suplementares, porém, isto não afasta sua competência
para legislar, no mesmo ou noutro diploma legal, sobre a regulação específica
de suas próprias ações administrativas.
Normas Gerais são aquelas que tratam dos aspectos do tema legislado
que comportem repercussão nacional, sobre todos os Estados da Federação.
Em princípio, a competência para a edição de Normas Gerais caberá à União,
restando aos Estado e Distrito Federal, a edição de legislação suplementar
para atender às suas particularidades e interesses locais, os Municípios
poderão suplementar a legislação nos assuntos de interesse local, a teor do
art. 30, I.

CONCORRENTE (art. 24)

1. Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico


2. Orçamento
3. Juntas comerciais
4. Custas dos serviços forenses
5. Produção e consumo
6. Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição
7. Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico
8. Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
9. Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação
10. Criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas
11. Procedimentos em matéria processual
12. Previdência social, proteção e defesa da saúde
13. Assistência jurídica e Defensoria pública
14. Proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência
15. Proteção à infância e à juventude
16. Organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis

Estados-Membros

O Estado é recoberto pela natureza de pessoa jurídica de Direito Público


Interno, com autonomia política, dado que a unidade da Federação detém a
autoadministração, exposta pela capacidade de exercício de suas
competências.
O Estado dispõe de Poder Constituinte Derivado Decorrente,
caracterizado pela derivação, limitação e condicionamento. Derivação porque a
Constituição do Estado é submetida ao modo de elaboração prescrito por
normas constitucionais federais, decomposto em órgão competente,
procedimento e matéria a ser veiculada pelas normas constitucionais
estaduais. Limitação,posto que a Constituição do Estado é sujeita a restrições,
desmembradas em princípios constitucionais sensíveis, extensíveis e
estabelecidos. Condicionamento, uma vez que a Constituição do Estado pôde
ser promulgada pela Assembléia Legislativa respectiva, investida em poder de
instituição estadual, no prazo de 1 ano, a partir da promulgação da Constituição
da República.

Formação de Estados

O art. 18, §3º, da Constituição da República prevê os requisitos para o


processo de criação dos Estados-Membros que deverão ser conjugados com
outro requisito, o do art. 48, VI.
De acordo com o preceito constitucional, os Estados podem incorporar-
se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar. Portanto, o dispositivo elenca uma série de
operações envolvendo Estados, a quais devem cumprir com os seguintes
requisitos:
a) Plebiscito: Por meio de plebiscito, a população interessada deverá
aprovar a formação do novo Estado. Não havendo aprovação, nem se passará
à próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição prévia, essencial e
prejudicial à fase seguinte.

b) Lei Complementar: A previsão do art. 18, §3º, deve ser lida em conjunto
com o art. 48, VI. Efetuando-se essa leitura conjunta, conclui-se que caberá ao
Congresso Nacional, por meio de Lei Complementar, aprovar a incorporação,
subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as
respectivas Assembleias Legislativas. Observe-se que o parecer das
Assembleias Legislativas dos Estados não é vinculativo, ou seja, mesmo que
desfavorável, poderá dar-se continuidade ao processo de formação de novos
Estados, diferentemente do que ocorre com o Plebiscito, este vinculativo para
que se deflagre o processo legislativo. Cabe alertar que o Congresso Nacional
não está obrigado a aprovar o projeto de lei, nem o Presidente da República
está obrigado a sancioná-lo. Ou seja, ambos têm discricionariedade, mesmo
diante de manifestação plebiscitária favorável, devendo avaliar a conveniência
política para a República Federativa do Brasil.

Operações Entre Estados-Membros

Fusão: Nesse caso, há uma multiplicidade de entidades federadas que


deixam de existir para formar uma terceira entidade federada que não existia
antes. É dizer: dois ou mais Estados se unem geograficamente, formando um
terceiro e novo Estado ou Território Federal, distinto dos Estados anteriores, os
quais, por sua vez, perderão a personalidade primitiva. Ou seja, os Estados
que se incorporarem entre si não mais existirão; o Estado ou Território Federal
que será formado considera-se inexistente antes do processo de fusão. Nesse
caso, por população diretamente interessada, a ser consultada mediante
plebiscito, deve-se entender a população de cada um dos Estados que
desejam fundir-se.
Cisão ou Subdivisão: Na cisão tem-se um Estado que deixa de existir
para dar origem a outros Estados novos, isto é, a entidade federada originária
some para dar origem a novas entidades federadas. Ocorre quando um Estado
que já existe subdivide-se, formando dois ou mais Estados-Membros novos
(que não existiam), com personalidades distintas, ou Territórios Federais. O
Estado originário que se subdividiu desaparece, deixando de existir
politicamente. Por população diretamente interessada a ser consultada,
mediante plebiscito, sobre a subdivisão do Estado deve-se entender a
população do referido Estado que vai partir-se.
Desmembramento: Há uma fração do Estado que se destaca para a
criação de um novo Estado ou Território Federal, ou anexação noutro já
existente. Como regra, o Estado originário não desaparece.
Incorporação: Nesse caso, há uma multiplicidade de entidades
federadas, de modo que uma deixa de existir para passar a fazer parte da
outra, ou seja, um Estado continua a existir, mas com o território alargado.

Bens
Segundo o art. 26, da Constituição da República, incluem-se entre os
bens dos Estados

a) Águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,


ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União
b) Áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros
c) Ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União: Pertencerão à União
caso situadas em rios e lagos limítrofes com outros países, ou quando
localizadas em rios e lagos que estiverem sob domínio da União.
d) Terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Competências Administrativas

a) Exclusiva:

Residual: O art. 25, §1º, da Constituição da República consagra a ideia


de que aos Estados-membros são concedidas competências administrativas
segundo um critério residual. De acordo com o preceito normativo, são
reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas pela
Constituição da República. Portanto, caberá aos Estados as competências que
não hajam sido conferidas, implícita ou explicitamente, à União e Municípios,
nem conflitem com as proibições à atuação das unidades da Federação.

Expressas: Serviços Locais de Gás, sendo que o art. 25, §2º, da


Constituição da República, traz consigo uma competência administrativa
expressa dos Estados. Segundo o dispositivo, cabe aos Estados explorar
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

b) Comum:

Residual: O art. 25, §1º, da Constituição da República, tanto vale para


fins de competências exclusivas, quanto para competências administrativas
comuns dos Estados. Assim, poderá o Estado tratar sobre matérias que não
forem especificamente destinados a outras entidades federadas ou diretamente
vedadas aos Estados.

Expressas: São previstas no art. 23, da Constituição da República, que


traz as competências administrativas comuns à União, Estados, Distrito Federal
e Municípios.

COMUM (art. 23)

1. Guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e


conservar o patrimônio público
2. Saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência
3. Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos
4. Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
5. Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação
6. Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas
7. Preservar as florestas, a fauna e a flora
8. Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar
9. Promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico
10. Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos
11. Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios
12. Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito

Competências Legislativas

a) Privativas

Residual: Toda competência que não for vedada está reservada


aos Estados-Membros, ou seja, o resíduo que sobrar, o que não for de
competência expressa dos outros entes e não houver vedação, caberá aos
Estados materializar, como previsto no art. 25, §1º.

Expressas: O art. 25, §3º, da Constituição da República,


estabelece que os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas
por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Até a
Constituição de 1988, a competência para criação dessas regiões era da
União. As regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões não
são dotadas de personalidade e não possuem governo ou administração
própria. São órgãos de planejamento, compostos por Municípios, dos quais
deriva da execução de funções públicas de interesse comum, mas cujas
decisões não são obrigatórias, tendo em vista a autonomia municipal. Segundo
interpretou o STF, o interesse comum inclui funções públicas e serviços que
atendam a mais de um município, assim como os que, restritos ao território de
um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes, confluentes ou
integrados de funções públicas, bem como serviços supramunicipais (ADIn nº
1.842/RJ).

b) Concorrente
Suplementar: Prevista no art. 24, §§2º, da Constituição da República, o
qual concede aos Estados a competência legislativa concorrente para legislar
sobre as matérias ali referidas de modo a suplementar a legislação geral da
União para atender às suas particularidades regionais. Normas Suplementares
são aquelas produzidas pelas demais entidades federadas que buscam
atender às peculiaridades de cada um desses entes. Por óbvio, essas normas
suplementares não podem contradizer a norma geral da União, sob pena de
invadir a competência federal. Contudo, não basta dizer que a norma
suplementar não viola ou se opõe à lei federal. Isso porque o traço
característico dessa norma é o atendimento das peculiaridades daquela
entidade federada que a editou. Eventualmente, se a norma suplementar tratar
de aspectos que não disserem respeito à particularidades daquela determinada
entidade federada, mas que repercutem sobre todo o território, ter-se-á, na
prática, uma norma geral, invadindo as competências da União Federal, o que
somente poderá acontecer de modo válido quando houver omissão da União
em editar norma geral.

Plena ou Concorrente Cumulativa: Segundo oart.24, §3º, inexistindo lei


federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades. Chama-se de Competência
Legislativa Concorrente Cumulativa pois o Estado acaba assumindo tanto as
matérias de seu próprio interesse, quanto aquelas que seriam dadas à União.

Suspensão da legislação: Caso seja elaborada uma norma estadual no


exercício da competência legislativa concorrente plena e, posteriormente,
sobrevenha uma norma geral da União, esta última implicará na suspensão da
eficácia da norma estadual, mas unicamente naquilo que for contrário (ADIn nº
3.098/SP), conforme previsto pelo art. 24, §4º, da Constituição da República.
Não se fala em revogação por motivos lógicos, uma vez que esse fenômeno
somente poderá ocorrer se a norma advier da mesma fonte normativa, isto é,
somente uma outra lei estadual poderia revogar a lei estadual existente.

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