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ADMINISTRATIVO
No regime federativo brasileiro, não existe relação de
1.1 CONCEITO DE ESTADO hierarquia ou subordinação entre os diversos entes
O Estado é uma pessoa jurídica territorial soberana, com políticos. É o que prescreve a Constituição Federal:
personalidade jurídica de direito público externo e interno, Art. 18. A organização político-administrativa da República
atuando tanto no ramo de direito público como de direito Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
privado, sendo composto de uma sociedade politicamente Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
organizada, formada por um povo, fixado em um nos termos desta Constituição.
determinado território, com um poder soberano e tendo Todos os componentes da federação materializam o
por finalidade o bem comum. Estado, cada um deles atuando dentro dos limites de
competência traçados pela Constituição, com autonomia
política, administrativa e financeira. Assim, por
1.2 ELEMENTOS DO ESTADO exemplo, o governo de determinado município não
precisa se submeter à vontade dos governos estadual ou
• Povo: conjunto de pessoas que possuem um federal para organizar serviços de interesse local, como a
vínculo jurídico-político com o Estado, ou seja, o coleta de lixo, pois a Constituição lhe outorga
povo é conjunto de nacionais. competência para decidir sobre o assunto (CF, art. 30).
• Território: é o espaço físico (geográfico) onde Carvalho Filho ensina que autonomia significa que cada
estado exerce sua Soberania e o povo exerce seu entidade integrante da federação passa a possuir a
vínculo jurídico -político. chamada trilogia jurídica que é a capacidade de: auto-
• Soberania ou Governo Soberano: é o elemento organização, autogoverno e autoadministração. No
que define que o estado possui supremacia na primeiro caso, a entidade pode criar seu diploma
ordem interna e independência na ordem externa. constitutivo (Constituição Federal, Constituições
• Finalidade: é sempre o interesse público. Estaduais e Leis Orgânicas Municipais); no segundo,
pode organizar seu governo e eleger seus dirigentes; no
1.3. DOS PRINCIPIOS ORGANIZADORES DO ESTADO terceiro, pode ela organizar seus próprios serviços.
FUNDAMENTO
O poder é um atributo do estado, ainda que emanado do
povo. O poder do estado tem caráter instrumental,
servindo como meio (instrumento) para alcançar os fins
estatais. O poder do estado se manifesta através de seus
órgãos, sempre no exercício de três funções básica: a
legislativa, as administrativas e judiciais, esses órgãos
são denominados “poderes” (Poder Legislativo, Poder
Executivo e Poder Judiciário). Importante ressaltar que a
Constituição Federal definiu no art. 2º que os poderes (na
verdade funções do estado) são independentes e
harmônicos em si. “são poderes independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”.
É importante registrar que segundo a Constituição Federal
que os Poderes Legislativo e Executivo estão presentes
1.3.1.1.2.2 - CONFEDERAÇÃO: é união de dois ou mais em todos os entes da federação (União, Estados, Distrito
estados, através de um pacto internacional e não por uma Federal e Município). Todavia o Poder Judiciário só está
constituição. Cada um deles conservando sua Soberania. presente na União, nos Estados e no Distrito Federal).
Nesta forma de estado admite-se o direito de secessão.
Ex.: União Europeia. TEORIA DOS FREIOS E CONTRAPESOS (CHECKS
AND BALANCE)
A ideia de distribuir a funções do Estado em três órgãos
ou poderes se fundamenta em dois objetivos básicos. O
primeiro se refere a garantir a eficiência mediante uma
divisão racional de competências. A segunda se refere a
garantia e proteção dos direitos individuais, uma vez que
o sistema de controles recíprocos entre os poderes,
denominados “freios e contrapesos” (checks and
balances), tende a reduzir a probidade de abusos ou até
de um regime ditatorial. Por sua vez podemos concluir que
cada poder não exerce sua atribuição de forma estanque,
ou seja, de forma absoluta. A própria teoria dos freios e
contrapesos, ao prover controles recíprocos entre os
poderes, mostra uma interdependência.
Nessa linha de pensamento, o Legislativo edita leis que
podem ser vetadas pelo Chefe do Poder Executivo, ou
serem declaradas inconstitucionais pelo Poder Judiciário.
Da mesma forma, os atos praticados pelo Poder
1.3.2 –DOS PODERES DO ESTADO: Executivo, também estão sujeitos ao controle pelo Poder
Judiciário e, em alguns casos, pelo Poder Legislativo, que
HISTÓRICO pode suspender contratos ou sustar atos que exorbitem
As primeiras bases teóricas para a “tripartição de do poder regulamentar (CF, arts 49 V e 71 §1º). por fim o
Poderes” foram lançadas na Antiguidade grega por Presidente da República pode conceder graça ou indulto,
Aristóteles, em sua obra Política, em que o pensador extinguindo a punibilidade de pessoas condenadas pelo
vislumbrava a existência de três funções distintas Poder Judiciário.
exercidas pelo poder soberano, quais sejam, a função de
editar normas gerais a serem observadas por todos FUNÇÃO TIPICA E ATIPICA DOS PODERES DO
(função legislativa), a de aplicar as referidas normas ao ESTADO
caso concreto (função administrativa) e a função de Cada poder exerce uma função predominante chamada
julgamento (função jurisdicional), dirimindo os conflitos também de função típica ou originária. O Poder Legislativo
tem como sua função típica, a função de legislar (função exerce função de chefe de estado e chefe de governo, ou
legiferante) e de fiscalizar. O poder executivo possui a seja, sua função é una. Nesse sistema o legislativo não
função típica de administrar (executar), também chamada pode abreviar o mandato do chefe do executivo por
de função administrativa e o Poder Judiciário possui como qualquer motivo.
função originária a função de Julgar ou função 1.3.3.1.1 - Parlamentarismo: Nesse sistema temos o
jurisdicional. Todavia pela harmonia entre os poderes deslocamento de uma parcela da função executiva do
estabelecida no art. 2º da Constituição Federal estabelece poder executivo para o parlamento, sendo que essa
que os Poderes do Estado podem exercerem duas parcela da função executiva é chefia de governo. Nesse
funções atípicas, ou seja, de forma secundaria eles sistema a função é dual, o chefe de estado, no
poderão praticar atos que são típicos dos outros poderes. parlamentarismo, será o monarca, se a forma de governo
Então o Poder Legislativo tem função típica de legislar e for monarquia parlamentar, e o chefe de governo será o
fiscalizar, porém atipicamente exerce a função do primeiro ministro. Porém se for a forma de governo uma
Executivo (que é administrar), quando, por exemplo, república parlamentar, o chefe de estado será o
pratica atos administrativos, e também exerce a função presidente e o chefe de governo será o primeiro ministro.
do Judiciário (julgar), quando, por exemplo, julga o
Presidente da República ou membros do STF por crime 1.3.3 – PRINCIPIO DEMOCRÁTICO: A democracia é a
de responsabilidade. O Poder Executivo possui função participação do povo nas decisões políticas do estado. Ela
típica administrar, mas atipicamente exerce a função de se divide em
legislar, quando, por exemplo, edita medida provisória ou ❖ Direta: quando o povo exerce diretamente o
através da lei delegada, e também atipicamente exerce a poder político e ocorre através do
função do poder judiciário, quando, por exemplo, julga ✓ Voto
servidor em um processo administrativo, porém é ✓ Plebiscito
importante ressaltar que na função atípica de julgar o ✓ Referendo
executivo não faz coisa julgada. Por fim o Poder judiciário ✓ Iniciativa Popular
tem função originaria de julgar, todavia exerce ✓ Ação popular
atipicamente a função do Executivo que é administrar, por ❖ Indireta: quando o povo exerce seu poder através
exemplo, quando concede uma licença a determinado de procuradores.
servidor, e também atipicamente exerce a função do ❖ Semi-direta ou semi-representativa: é o caso
Poder Legislativo, quando edita seu regimento interno. do regime democrático adotado pela RFDB, conforme
dispõe o art. 1º parágrafo único da Constituição Federal
1.3.2 – PRINCIPIO REPUBLICANO: de 1988.
1.3.2.1 FORMA DE GOVERNO: O conceito de forma
governo diz respeito ao conjunto de instituições políticas “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
pelas quais o Estado se organiza afim de exercer seu de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
poder sobre a sociedade. Tais instituições tem por objetivo desta Constituição”.
regular a disputa pelo poder político e seu respectivo
exercício e também a relação entre governantes CAIU EM PROVA!
(autoridades) e governados (administrados). As duas 1.(VUNESP - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA – 2018).
formas clássicas de governo são: República e a representa uma forma de Estado que possui um centro único
Monarquia dotado de capacidade legislativa, administrativa e política, que é
Características da República: direcionado às unidades locais e regionais.
2.(VUNESP- DPE-RO - DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
• Eletividades dos governantes – 2017). não existe Estado sem território.
• Temporalidade dos mandatos 3.(CESPE - TRE-TO - AJAAD – 2017). O Estado é formado pela
• Responsabilidade do chefe do estado (dever de união de três elementos originários e indissociáveis. Esses
prestar contas) elementos são: o território, o povo e o governo.
Características da Monarquia: 4.(NUCEPE - PC-PI - PERITO CRIMINAL – 2018). No
• Hereditariedade Presidencialismo, as funções de Chefe de Estado e Chefe de
Governo encontram-se nas mãos de uma única pessoa, qual
• Vitaliciedade seja, o Presidente da República; esta forma de governo é a
• Irresponsabilidade do chefe do estado prevista na Constituição Brasileira.
1.3.3 – PRINCIPIO PRESIDENCIALISTA: GABARITO: 1: ERRADA; 2: CERTA; 3: CERTA; 4: ERRADA
1.3.3.1 - SISTEMA DE GOVERNO: é marcada pelo grau
de relacionamento entre os Poderes Executivo e 2. DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Legislativo no desempenho das funções governamentais. 2.1. GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO
A maneira como se dá o relacionamento, de modo a A expressão governo e administração são
preponderar maior independência ou colaboração entre frequentemente confundidas, apesar de significarem
esses poderes, dá origem a dois sistemas distintos: o coisas absolutamente distintas. O Governo, como já dito
presidencialismo e o parlamentarismo. ao norte, tem natureza política, tendo atribuição de
1.3.3.1.1 - Presidencialismo: formular as políticas públicas, em quanto a Administração
Nesse sistema de governo a certa independência entre o é responsável pela execução de tais decisões. Por outro
poder legislativo e o executivo. Nesse sistema a uma lado, o Governo é exercido por agentes que tomam
concentração da função executiva no poder executivo. decisões políticas de maneira relativamente
O presidente da república como chefe do poder executivo, independente e discricionária. Já a administração age
de maneira técnica, neutra, normalmente vinculada à exercido.
lei ou a norma técnica, e exercida mediante conduta
hierarquizada.
CAIU EM PROVA!
Assim, Uso do poder é a utilização normal, pelos agentes 6.5. 2 PODER HIERÁRQUICO
públicos, das prerrogativas que a lei confere. Por outro lado, É o que dispõe a administração para organizar, distribuir
Abuso de poder é toda ação ou omissão que, violando dever e escalonar funções, ocorrendo uma relação de
ou proibição imposta ao agente, propicia, contra ele, coordenação e subordinação entre os vários órgãos,
medidas disciplinares, civis e criminais. cargos e funções etc., fixando assim a hierarquia, sempre
dentro de uma mesma entidade.
6.2 PODER VINCULADO OU REGRADO Através desse poder decorrem as seguintes faculdades
Importante ressaltar que alguns doutrinadores não veem atribuídas ao superior, com relação a seu subordinado:
neste um poder propriamente dito, mas apenas um • Dar ordens: as ordens devem ser cumpridas pelos
atributo dos outros poderes da administração. subordinados, exceto quando manifestamente ilegais.
Para o exercício desse “poder”, devem ser observados Situação na qual caberá o dever de representar contra
todos os contornos traçados pela lei, que não deixa tal ilegalidade (art. 116, IV e XII, Lei nº 8.112/90);
margem de escolha ou liberdade a autoridade • Fiscalizar: compete ao superior verificar e
responsável. acompanhar as tarefas executadas por seus
A lei estabelece todos os detalhes, como deve ser feito, subordinados, para eventuais correções, sempre que
quando, por que. Dessa forma, estando presentes os necessárias;
requisitos legais, à pessoa competente só resta praticá-lo, • Delegar (extensão de competência): corresponde ao
de forma com prevista. repasse de atribuições administrativas de
Para que seja possível a melhor compreensão do responsabilidade do superior para o subalterno;
assunto, trago a memória de você concursando que o ato • Avocar (tomar competência): representa o caminho
administrativo é composto de cinco elementos: contrário da delegação, é dizer, acontece a avocação
competência; finalidade; forma; motivo e objeto. quando o superior atrai para si a tarefa de
No exercício do poder vinculado esses cinco requisitos responsabilidade do subordinado, podendo tal
são previstos na lei e de observância obrigatória. atividade ter sido delegada para este ou ser de sua
Ressalte-se que os três primeiros (competência, competência originária;
finalidade e forma), são sempre vinculados, mesmo no • Rever: pode o superior, de ofício ou mediante pedido
âmbito do Poder Discricionário, visto a seguir. do interessado, realizar a revisão dos atos de seus
Exemplo; A lei 8.112-90 no seu art. 132 cc art. 138 subordinados, enquanto não for tal ato definitivo,
determina que o servidor que faltar mais de 30 dias mantendo-o ou modificando-o.
consecutivos sem justificativa, a autoridades deve abrir • Edição de atos normativos, como instruções,
um PAD sumário para que o servidor seja demitido. resoluções, portarias etc. Não se confunda com
regulamentos: esses atos têm aplicação apenas
6.3 PODER DISCRICIONÁRIO internas e, por isso mesmo, são produzidos com base
Da mesma forma que no caso anterior, não se trata de um na relação hierárquica.
poder autônomo, mas sim é apenas um atributo de outros
poderes. 6.3. PODER DISCIPLINAR
Nesse caso, a lei também estabelece uma série de regras Este poder autoriza à Administração Pública a apurar
para a prática de um ato, mas deixa certa margem de infrações e aplicar penalidades aos servidores
liberdade à autoridade, que poderá optar por um entre públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina
vários caminhos igualmente válidos. No entanto, não administrativa. Dessa forma somente está sujeito ao
existe poder discricionário absoluto, pois sempre a lei poder disciplinar aquele que possui algum vínculo
fixará os limites de atuação, dentro dos quais deve o especifico com a Administração, seja de natureza
agente atuar, sobe pena de prática desvio ou excesso de funcional ou contratual.
poder. Quando há vinculo funcional, o poder disciplinar é
Dentro dos elementos dos atos administrativos decorrência do poder hierárquico. Em virtude da
supracitados, somente estão na esfera da opção do existência de distribuição escalonada de órgãos e
administrador os dois últimos, ou seja, o motivo e o servidores de uma mesma pessoa jurídica, compete ao
objeto, quando diante de um ato discricionário, pois, superior hierárquico dar ordens e exigir de seus
como sobredito, os demais são sempre vinculados. A subordinados o cumprimento destas. Caso o subordinado
opção pode ser verificada no motivo, no objeto, ou em não atenda as determinações do seu superior ou
ambos. descumpra o dever funcional o seu chefe deve (poder-
Cabe, então, à Administração Pública a liberdade na dever) aplicar as sanções previstas no estatuto funcional.
escolha da conveniência e oportunidade para realização Como ressaltado ao norte o poder disciplinar também
do ato. A essa dupla (conveniência + oportunidade) alcança particulares que possuam vínculo contratual com
chama-se mérito administrativo. o Poder Público, como acontece com aqueles contratados
Exemplo: o art. 130 § 2º da lei 8.112-90, dispõe que para prestação de serviços à administração. Nesse caso
quando houver conveniência para o serviço, a penalidade como não há relação de hierarquia entre o particular e a
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base administração, a fundamentação para aplicação de
de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou sanções é o princípio da supremacia do interesse
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer público sobre o particular.
em serviço. Obs.: O poder disciplinar não se confunde com a punição
dos administrados que desobedecerem às limitações
impostas pelo interesse público, ocasião em que está O fenômeno da DESLEGALIZAÇÃO, também chamada de
presente a aplicação do Poder de Polícia.
DELEGIFICAÇÃO, significa a retirada, pelo próprio legislador,
de certas matérias do domínio da lei, passando-as para o do
mínio de regulamentos de hierarquia inferior.
6.5 - PODER DE POLÍCIA
CONCEITO LEGAL
“Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.” (ART. 78 CTN).
CONCEITO DOUTRINÁRIO
"Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar e restringir o
uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais,
em benefício da coletividade ou do próprio Estado".
6.4. PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO: MEIRELLES
Decorrente do poder hierárquico, o poder regulamentar
consiste na possibilidade de os Chefes do Poder FUNDAMENTO: O poder de polícia decorre do princípio
Executivo editarem atos administrativos gerais e da supremacia do interesse público sobre o privado
abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar (poder de império); e também poder de polícia decorre do
fiel execução à lei. poder extroverso (fora) do Estado, ou seja, só alcança o
O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria administrado.
mais ampla denominada poder normativo, que inclui Ademais, DI PIETRO explica que “o poder de polícia do
todas as diversas categorias de atos gerais, tais como: Estado pode agir em duas áreas de atuação estatal. São
regimentos, instruções, deliberações, resoluções. às áreas administrativa e judiciária”.
O fundamento constitucional da competência
regulamentar é o art. 84, IV, segundo o qual “compete POLÍCIA ADMINISTRATIVA. A polícia administrativa
privativamente ao Presidente da República: IV – possui caráter preventivo, seu objetivo será não permitir
sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como as ações anti-sociais. A polícia administrativa, no caráter
expedir decretos e regulamentos para sua fiel preventivo age tanto preventivamente como
execução”. Sua função específica é estabelecer repressivamente.
detalhamentos quanto ao modo de aplicação de • Preventivamente: Ex: proibindo porte de arma ou
dispositivos legais, dando maior concretude, no âmbito direção de veículo automotor
interno da Administração Pública, aos comandos gerais e • Repressivamente: multa, ou aprende a arma
abstratos presentes na legislação. usada indevidamente.
A) DI-DISCRICIONARIEDADE (REGRA):
Isto ocorre porque a lei, em seu caráter abstrato, não pode
prever todas as situações que irão exigir atuação do
administrador, restando à Administração a escolha sobre
qual o melhor momento de agir, qual a atuação mais
adequada em cada caso e qual a sanção mais adequada
(levando-se em conta o princípio da razoabilidade e da
proporcionalidade) a ser aplicada.
Logo, não se pode dizer que poder de polícia é sempre
EXEMPLOS DE PODER DE POLICIA discricionário, porque ele também pode se manifestar por
ADMINISTRATIVA. atos vinculados, como, por exemplo, licenças para
construção.
Todavia, para fins de provas objetivas, a
discricionariedade é característica geral do poder de
polícia.
B) C-COERCIBILIDADE: Está intimamente ligada à auto
executoriedade. O ato de polícia só é auto executório por
possuir força coercitiva de imperatividade que quer dizer
que o Poder Público poderá usar da força para tornar
efetivo um ato de polícia, independentemente da
concordância do administrado.
OBS.: É possível a delegação do poder de polícia?
Não. Porém, é possível somente a execução do poder de
polícia (Ex.: contratar empresa privada para fiscalizar e
expedir multas)
Através do poder de polícia, a autoridade pode restringir a
prática de determinadas atividades (construção de uma
casa; abertura de uma lanchonete, restaurante, bar,
discoteca; exercício de uma profissão, como médico ou
advogado, que precisam estar inscritos na OAB e no
CRM; porte de arma; dirigir um carro - precisa-se de
habilitação expedida pelo poder público, etc.), só
permitindo sua realização mediante ALVARÁ, que pode
PALAVRA-CHAVE: O PODER DE POLÍCIA condiciona conter: LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO:
e restringi o uso e gozo de bens, atividades e direitos * Licença: é o ato administrativo vinculado e definitivo
individuais, em benefício da coletividade. pelo qual a Administração reconhece que o particular
detentor de um direito subjetivo preenche as condições
6.5.1. ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS) DO para seu gozo. Dizem respeito a direitos individuais, como
PODER DE POLÍCIA: o exercício de uma profissão ou a construção de um
edifício em terreno do administrado.
* Autorização: é ato administrativo discricionário em que
predomina o interesse do particular. É, por isso, ato comportamento em razão do interesse público. Já o
precário, não existindo direito subjetivo para o consentimento de polícia é o ato administrativo de
administrado relativamente à obtenção ou manutenção da anuência do poder público que possibilita a utilização da
autorização, a qual pode ser simplesmente negada ou propriedade particular ou o exercício de alguma atividade
revogada, mesmo que o pretendente satisfaça as privada, em conformidade com a ordem de polícia. Por
exigências administrativas. Ex: o uso especial de bem sua vez a fiscalização de polícia consiste em verificar se
público, o trânsito por determinados locais etc. estão sendo cumpridas as normas relativas aos bens e
c) AUTO-EXECUTORIEDADE atividades que receberam consentimento de polícia.
Consiste na possibilidade de certos atos administrativos Finalmente, se forem verificadas infrações ás ordens de
serem executados pela própria Administração sem polícia, aplicam-se as sanções de polícia, que tem por
necessidade de intervenção do Poder Judiciário. A auto- objetivo de repreender o infrator e restabelecer o
executoriedade não existe em todos os atos atendimento do interesse público.
administrativos, apenas sendo possível quando:
• Expressamente previsto em lei. Ex: fechamento de
casas noturnas, apreensão de mercadorias.
• Mesmo não estando prevista expressamente em lei, se
houver situação de urgência que demande a execução
direta da medida. Ex: demolição de um prédio que
ameaça ruir.
É importante ressaltar que a Administração pode
autoexecutar as suas decisões, com meios coercitivos
próprios. Meios esses diferenciados, como a
exigibilidade, onde são utilizados meios indiretos de
coerção, definidos em lei, como as sanções punitivas, tipo
multas, em caso de descumprimento à obrigação
decorrente do ato; e como a executoriedade, onde há o
emprego de meios diretos de coerção, podendo se valer
até do uso da força pública, se houver a necessidade de
prevalência do interesse coletivo diante de situação
emergente, onde há o risco à saúde e à segurança, por
exemplo. Está pacificado que a Administração Pública
não pode se valer da auto-executoriedade (ou 6.5.3 CLASSIFICAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA
executoriedade) em relação à cobrança de multas não O poder de polícia é classificado em poder de polícia
quitadas espontaneamente pelo administrado. originário e delegado.
O poder de polícia originário é aquele exercido pelos
órgãos dos próprios entes federativos, ou seja, as
entidades da administração direta (união, estados, distrito
federal e municípios). Já o poder de polícia delegado é
aquele exercido pelas pessoas jurídicas de direito público
da administração indireta (autarquias e fundações criadas
por lei), excluída dessa classificação as empresas estatais
(empresas públicas e sociedade de economia mista).
8.5.3 IMPERATIVIDADE
Decorre do princípio da Supremacia do interesse público.
É o atributo através das quais os atos administrativos são
impostos aos administrados independentes de sua
vontade. Esse atributo é decorre da prerrogativa que tem
8.5.2 AUTO-EXECUTORIEDADE o Poder Público de impor unilateralmente obrigações a
Consiste na possibilidade de certos atos administrativos terceiros, chamado por Renato Alessi de Poder
serem executados pela própria Administração sem extroverso do Estado.
necessidade de autorização prévia do Poder Judiciário. A Para não cumprir o ato, o particular só poderá fazê-lo com
auto-executoriedade não existe em todos os atos autorização judicial. Esse atributo não existe em todos os
administrativos, apenas sendo possível quando: atos administrativos, somente naqueles que impõem
• Expressamente previsto em lei. Ex: fechamento de alguma obrigação.
casas noturnas, apreensão de mercadorias.
• Quando se trata de medida urgente que caso não
seja adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo
maior para o interesse público. Ex: demolição de um
prédio que ameaça ruir, ou um cidadão que está
enfartando e eu entro em sua casa pra salva-lo.
É importante ressaltar que a Administração pode auto
executar as suas decisões, com meios coercitivos
próprios. Meios esses diferenciados, como a
exigibilidade, onde são utilizados meios indiretos de
coerção, definidos em lei, como as sanções punitivas, tipo
multas, em caso de descumprimento à obrigação
decorrente do ato; e como a executoriedade, onde há o
emprego de meios diretos de coerção, podendo se valer
até do uso da força física, se houver a necessidade de
prevalência do interesse coletivo diante de situação
emergente, onde há o risco à saúde e à segurança.
Importante ressaltar que a administração só poderá usar
da executoriedade quando:
1 - a lei autorizar: no caso de apreensão de mercadorias
que estão sendo comercializadas sem autorização da
entidade competente.
8.5.4 TIPICIDADE QUANTO AO OBJETO
DI PIETRO foi a primeira doutrinadora a citar o referido atos de império: são aqueles praticados pela
atributo, e consequentemente, passou a ser muito Administração se valendo da Supremacia do interesse
cobrado em certames públicos. Desta forma, “tipicidade é público, impondo obrigações unilaterais. Ex:
o atributo pela qual o ato administrativo deve desapropriação.
corresponder a figuras definidas previamente pela lei, atos de gestão: são aqueles praticados pela
como aptas a produzir determinados resultados, ou seja, Administração em situação de igualdade com os
para cada finalidade que a administração pretende particulares. Ex: alienação de bens inservíveis.
alcançar existe um ato já definido em lei’. atos de expediente: são todos aqueles de rotina interna,
que se destinam a dar andamento aos processos
administrativos, geralmente praticados por servidores
subalternos sem competência decisória.