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Estado Unitário.
A idéia de Estado Unitário é ensinada por Paulo Bonavides nos seguintes termos:
Prós:
• Uma só ordem jurídica, política e administrativa no país inteiro
• Fortalecimento da autoridade que se impõe como se mantém com mais
facilidade
• Economia na manutenção de um corpo burocrático único
• Impessoalidade e imparcialidade no exercício das prerrogativas de governo
Contras:
• Ameaça sobre a autonomia das coletividades particulares, sufocadas ou
suprimidas; cava-se um fosso entre o indivíduo e o Estado e há sacrifício da
liberdade
• Diminuição do interesse dos grupos de interesse local pela matéria pública
porque não há autonomia destes grupos
• A legislação nacional cuidando de matéria local atrasa a resolução dos
problemas porque não há familiarização dos temas locais pelo poder central
Estado Federal:
O conceito de Estado federal é expresso como “(...) Estado soberano formado por uma
pluralidade de Estados, no qual o poder do Estado emana dos Estados-membros, ligados
numa unidade estatal” (Bonavides, p. 193)
E continua o autor:
Mas a experiência demonstrou que os laços criados com a confederação eram frágeis e a
união dele resultante era pouco eficaz. Em maio de 1787, os representantes dos treze
estados, com exceção de Rhode Island, se reuniram na cidade da Filadélfia (Convenção
da Filadélfia) a fim de fazer uma revisão nos artigos da confederação. Durante os
debates, no entanto, surgiu a ideia de se fazer uma Constituição comum a todos os
Estados, criando-se um Estado Federal. Essa proposta gerou acalorados debates, até
porque os representantes dos Estados não detinham autorização para tanto, apenas para
rever os artigos da confederação. Para resolver essa questão, ficou decidido que a nova
Constituição só entraria em vigor após ser ratificada pelo parlamento de pelo menos
nove das treze antigas colônias. O conjunto de 95 artigos publicados na imprensa de
Nova Iorque em 1787, que defendem a ratificação, da Constitução que surgiu da
Convenção da Filadélfia, ficou conhecido como “O Federalista”.
c) Na Federação não existe direito de secessão (se separar da Federação, como se tentou
na Guerra da Secessão (também conhecida como Guerra Civil) nos Estados Unidos,
entre 1861 e 1865.
Aplicando essas noções para o caso brasileiro, impõe-se examinar o Estado Federal por
três ângulos: o Estado federal como federação; o Estado federal frente aos estados-
membros e por fim os estados-membros como unidades constitutivas do sistema
federativo.
O Estado federal é composto por vários estados que se associam com vistas a uma
integração harmônica de seus destinos; não possui estes estados uma soberania externa
e a soberania interna encontra-se limitada pelo poder federal; movem-se os estados-
membros na esfera de competência prevista pela Constituição. Mas o traço
característico entre as duas formas de associação é posta por Bonavides nos seguintes
termos:
“(...) por traço verdadeiramente distintivo a inexistência nas Confederações, ao revés do
que se passa nas Federações, de legislação unitária ou comum, criando indiferentemente
direitos e obrigações imediatas para os cidadãos dos diversos Estados” (p. 195)
O art. 21 da Constituição diz quais são as competências da União, dentre elas pode-se
destacar: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações
internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o
estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a
produção e o comércio de material bélico; VII - emitir moeda; VIII - administrar as
reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente
as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; XIII
- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do
Distrito Federal e dos Territórios; XVII - conceder anistia;
O art. 22 da Constituição diz que à União cabe legislar privativamente sobre: I - direito
civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente
perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII -
comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X -
regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI -
trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII -
nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração
e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do
sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII -
organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito
Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII - sistema
estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XXVII - normas gerais de
licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);
A crise do federalismo:
Há autores que anunciam uma crise do federalismo tendo em vista que no Estado
contemporâneo cada vez mais a poder central anula as autonomias regionais e locais,
mal permitindo distinguir os Estados-membros de unidades integrantes do Estado
unitário descentralizado.
c) Terceira fase: é a fase atual, onde se assistiu a uma ruptura do equilíbrio entre os
dados fundamentais da autonomia e participação, com predomínio desta última em
detrimento da autonomia.
Confederação
Nos dias de hoje não existe nenhuma confederação, segundo opinião dominante. A
União Européia não pode se enquadrar nessa classificação (de resto em nenhuma outra),
tendo em vista que também não é federação e muito menos um Estado Unitário.
O que é federalismo? Há duas acepções para a palavra federalismo, uma significa uma
“forma de organização política que centraliza, em parte, o poder num Estado resultante
da união de unidades políticas preexistentes, que não aceitam ser dissolvidas num
Estado unitário; e a segunda, hoje predominante, vê no federalismo uma forma de
descentralizar o poder em estados centralizados (unitários), como a Alemanha, a
Argentina e o Brasil”. (Valeriano Costa, p. 211)
O federalismo nasceu com os “pais fundadores” dos Estados Unidos, James Madison,
Alexander Hamilton e John Jay, como a melhor saída para o impasse em que se
encontrava a confederação norte-americana, posto que se tratava de um arranjo político
instável e frágil para defender as 13 colônias dos antigos colonizadores.
Acontece que não se queria um Estado unitário com poder central forte, nem um Estado
confederado onde os estados-membros não possuíam força e poderiam romper a
qualquer momento com a confederação porque detinham soberania.
Constituição de 1988:
As relações intragovernamentais:
Apesar de haver autonomia dos entes da federação, entre os governos federais, estaduais
e municipais há cooperação em diversos programas ou políticas sociais. Exemplo disto:
SUS: o Ministério da Saúde transfere recursos para as redes municipais e
estaduais em vez de executar diretamente os serviços;
FUNDEB: O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB é um fundo de
natureza contábil, instituído pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de
dezembro de 2006 (Um fundo independente para cada Estado e para o Distrito
Federal).
Lei do período FHC que procura atacar um dos problemas centrais do federalismo que é
a tendência dos estados e municípios de transferirem os custos de suas atividades para a
União.
Federalismo clássico:
Federalismo cooperativo:
Municipalismo na mais correta definição dada por Pedro Calmon, “é uma instituição
mais social que política, mais histórica do que constitucional, mais cultural do que
jurídica, mais humana do que democrática."
Municipalismo é:
O municipalismo pode ainda ser enquadrado com objeto de estudo daqueles que vêem
no município – no poder local – a mais importante forma de fortalecimento da
democracia, da cidadania; a chance de melhorar a vida das pessoas. Já escrevera
Tocqueville que as instituições comunais (o poder local) são para a liberdade aquilo que
as escolas primárias são para a ciência.
O município, para fins do presente tópico, será estudado a partir de uma perspectiva
histórica: município e Brasil Colônia; poder local na monarquia; poder local na
República; poder local no autoritarismo e o município a partir da Constituição de 1988.
Nesse período o Estado era rarefeito e não tinha como chegar em todos os pontos de um
vasto território e a organização municipal esteve sempre a serviço dos interesses dos
senhores rurais (há quem acredite que houve feudalismo no Brasil nesse período, mas é
uma tese discutida e atacada), que utilizavam-se do poder local para resolver problemas
entre eles (senhores rurais) e não da população, dos homens do povo.
“(...) num país grande como o nosso, de características geográficas e econômicas tão
diversificadas, se as províncias forem dotadas de amplos poderes, poderia suceder que
em algum dela o trabalho livre pusesse termo à escravidão. E como não seria possível a
coexistência, no mesmo país, desses dois regimes de trabalho antagônicos, os
escravocratas, que dominavam o cenário político nacional, não podiam deixar de
recorrer à centralização para resguardar, em todo o império, a continuação da
escravatura. A centralização salvou a unidade nacional. Também salvou a unidade do
trabalho escravo, segundo a aguda interpretação de Hermes Lima” (texto do Luis
Aureliano, p. 245)
Para Luis Aureliano, “(...) os primeiros anos da República foram caracterizados por
instabilidade e turbulências. O exército, que assumiria o poder, não reunia as condições
de coesão e unidade para escorar a nova ordem. A estabilidade viria com a política dos
governadores, depois que os civis assumiram o poder”.
E arremata Luis Aureliano: “(...) é nesse quadro, descrito e analisado por Victor Nunes
Leal, que surge o coronelismo. O ´coronel´ comandava os votos das pequenas
localidades e era indispensável para o novo arranjo de poder. Em troca do apoio às
oligarquias estaduais, dava-lhes os votos que controlavam e que era necessários para a
sua legitimação no poder” (p. 247)
O coronel era o centro do microcosmo da política local, “seu poder era diretamente
proporcional à capacidade de garantir para o município os bens e serviços (e também
favores e empregos) de que careciam as populações das pequenas e isoladas comunas. A
autonomia municipal era precária e virtualmente inexistente, e do arranjo coronelista
escapavam apenas os médios e grandes centros urbanos” (p. 248)
Em 1964, da totalidade dos impostos coletados, 50,5% foram para a União; 44,6%
foram levantados pelos estados e apenas 8,0% couberam aos municípios.
Mas esse incremento não significou o fim da dependência do poder local em relação aos
poderes estaduais e central.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CAPÍTULO IV
Dos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição,
na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o
montante de cinco por cento da receita do Município; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do
mandato e na circunscrição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda
Constitucional nº 1, de 1992)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.
(Renumerado do inciso XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
II - sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos mil
habitantes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
III - seis por cento para Municípios com população entre trezentos mil e um e
quinhentos mil habitantes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
IV - cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil
habitantes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha
de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas,
sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos
fixados em lei;
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal, na forma da lei.
Para Dallari, “(...) a expressão forma de governo é mais precisa , quando se trata de
estudar os órgãos do governo, através de sua estrutura fundamental e da maneira como
estão relacionados”. E continua o professor: “(...) como se pode facilmente perceber,
mesmo pela observação superficial dos Estados, as formas de governo são
extremamente variáveis, não havendo um só Estado que não apresente em seu governo
uma peculiaridade exclusiva” (p. 224)
A classificação das formas de governo vão de Aristóteles - a mais antiga das formas de
governo - que se baseia no número de governantes, passando por Maquiavel e
Montesquieu, só para citar as mais importantes, mas diversas são essas classificações.
Nos limites destas notas de aula, seguem essas três citadas:
Aristóteles:
Maquiavel:
Montesquieu:
Monarquia e República.
Características da Monarquia:
“(...) eu era inimigo ferrenho de monarquias antes de minha vinda à Europa. Sou dez
mil vezes mais desde que vi o que elas são. Não há, dificilmente, um mal que se
conheça nestes países, cuja origem não possa ser atribuída aos reis, nem um bem que
não derive das pequenas fibras de republicanismo existente entre elas. Posso
acrescentar, com segurança, que não há, na Europa, cabeça coroada cujo talento ou
cujos méritos lhe dessem direito a ser eleito pelo povo conselheiro de qualquer paróquia
da América” (p. 229 do Dallari)
E ainda:
a) o governo tem legitimação indireta, pois surge não da votação popular, mas sim do
parlamento formado por um partido singular com maioria das cadeiras ou uma coalizão
de partidos que detenha essa maioria;
b) o governo sobrevive enquanto conta com a confiança da maioria do parlamento
perante o qual é responsável; faltando a confiança o governo cai;
c) a parlamento pode ser dissolvido antes do término da legislatura, convocando-se nova
eleição;
d) coexistem Chefia do Governo (Premier, Primeiro Ministro) e Chefia de Estado
(Presidente, Rainha etc)
b) Primeiro entre Desiguais: não tem tanto poder quanto o colega britânico, não
precisando ser o líder do partido, mas chegando ao governo tem poder de demitir os
outros ministros. É o exemplo da Alemanha, onde existem mais de dois partidos
principais (mas não existe a fragmentação em dezenas de partidos) e geralmente precisa
o primeiro ministro fazer alianças para governar.
c) Primeiro entre Iguais: nessa situação o gabinete resulta de uma coalizão de partidos,
onde cada um tem sua parcela de poder, não se podendo falar de superioridade de um
sobre o outro, nem muito menos hierarquia entre os partidos vencedores ou entre os
ministros e o primeiro ministro. Não tem o premier o poder de demitir um ministro, se
há voto de desconfiança caem todos os ministros. Um exemplo dessa configuração de
parlamentarismo tem-se em Israel, Itália e Dinamarca.