Você está na página 1de 17

DIREITO CONSTITUCIONAL I. UND. 3, AULA 2.

Direitos políticos positivos e negativos


D. Políticos Positivos: Capacidade Eleitoral
Cap. Eleitoral ativa: regras de alistamento (capacidade de votar)
Capacidade Eleitoral passiva: capacidade de ser votado.
Subscrição de projeto de iniciativa popular (art. 14 CF/88)
Ajuizamento de ação popular (art. 5º, 73)
Denúncia de irregularidades no tribunal de contas

D. Políticos Negativos: Inelegibilidades


Absolutas: Quando impedem a participação para qualquer cargo público
Relativa:

- > PARTIDOS POLÍTICOS: A constituição pontua regras principiológicas em seu texto.


Art. 17 c/c Art. 1º, V (Sem o pluripartidarismo não há democracia).
A constituição não elenca exaustivamente todas as disposições dos partidos políticos,
estes estão dispostos na Lei 9.096/95.
• Não se pode ter uma busca ideológica contrária aos princípios elencados na
constituição. Ex: Criação de um partido nazista violaria o princípio da dignidade da
pessoa humana.
Liberdade de escolha de criação, fusão, participação em partidos políticos (art. 17).
No Brasil não é possível pleitear um cargo público sem a vinculação a um partido
político (Filiação partidária, mas, nem sempre, ideológica).
“Um partido é um fio condutor de uma ideologia, e uma ideologia é uma
maneira parcial de concepção do mundo, eu coloco uma lente e enxergo
o mundo através daquela lente” – Carlos Augusto.

PARTIDOS POLÍTICOS: SISTEMAS ELEITORAIS


Trabalhamos com três sistemas eleitorais: 1. Majoritário; 2. Proporcional; 3. Distrital.
O Brasil adota o majoritário ou o proporcional, excluindo o distrital.
• O sistema majoritário é o que leva o “vencedor” através do número de votos
consideráveis. Adotados nos cargos do Executivo (com possibilidade de dois turnos) e
do Senado (turno único). Vota-se na “pessoa”, que, por sua vez, está vinculada a um
partido político.

• O sistema proporcional tem como “donos” das vagas os partidos políticos, não os
candidatos em si. Adotados nos cargos do legislativo. “Quociente eleitoral”, que é um
número de votos que se alcançam dividindo o número de votos por número de vagas a
serem preenchidas, ou seja:
Nº de votos / Nº de vagas a preencher.
O partido será o “veículo” que conduzirá a candidatura.

TÍTULO III: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO


CAPÍTULO I: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
“Toda definição é perigosa” – Brocardo. Conceito = Gênero próximo + característica
específica.

FORMAS DE ESTADO:
Quando fala-se em formas de Estado, existem duas: Estado Unitário e Estado Federal,
distinguindo-se pelo grau de descentralização do poder político.
O que é descentralização política? É a existência da convivência pacífica entre focos de
emanação legislativa diversos no país, ou seja, se a lei vem de um único foco de poder,
há centralização de poder político. CAPACIDADE NORMATIVA COMPARTILHADA.

ESTADO UNITÁRIO (PURO) ESTADO FEDERAL

Há uma descentralização de poderes em


Há um poder central que legisla para um que todas as unidades legislam
todo. juntamente com o poder central.

Pode-se delegar precariamente uma Descentralização constitucional e


descentralização. (ESTADO UNITÁRIO permanente.
DESCENTRALIZADO)

O modelo adotado pelo Estado, não necessariamente implica em uma menor ou


menor democracia. Ex: A França é um Estado Unitário e um país democrático.
CONFEDERAÇÃO X FEDERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO FEDERAÇÃO
União de Estados independentes Organização interna do Estado

Necessário mais de um Estado Só se tem um único Estado

Base jurídica é o tratado internacional A base da Federação é a Constituição


entre as nações participantes

EX: Estados Unidos, inicialmente, era uma confederação (13 Estados diferentes) e
passou a ser uma Federação. “Federalismo por agregação”.
*A soberania é ilimitada. A autonomia é limitada.
No Brasil a federação foi formada às avessas. Primeiro havia um todo, fez-se menção
de uma repartição fictícia para poder aglutinar.
Art. 1º CF/88: “A República Federativa do Brasil, formada pela União
indissolúvel dos Estados e Municípios e do distrito federal [...].
O Brasil, historicamente, sempre esteve unido. Trata-se tão somente de uma ficção
jurídica para normatizar a federação.
“No Brasil, há uma “hipertrofia” do poder central”.

Elementos Tipificadores/Identificadores de uma Federação


(voltado para o Brasil):
1. Descentralização política ou repartição constitucional de competências legislativas
de forma permanente e definida por uma constituição; Elemento fundamental!
A Federação materializa-se, principalmente, nos dois seguintes artigos da CF/88:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...]
O Brasil tem 4 entes que integram o pacto federativo: União, Estados-membros,
Distrito Federal e os Municípios, in litteris:
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
Exemplificativamente, competências dos entes autonomos:
União: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...]
Estados-membros: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e
leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
Municípios:
Art. 30. Compete aos Municípios:
Distrito Federal:
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios.

2. Elemento que possibilita a autoconstituição (jurídica) dos entes federais – maneiras


de expressar sua autonomia:
Estados membros:
Art. 25. CF/88: Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições
e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
Art. 11. ADCT: Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes,
elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da
promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Municípios:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Distrito Federal:
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á
por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

3. Participação da vontade das unidades federadas na formação da vontade da União.


 O pacto federativo tem que ser retroalimentado. Fora formada ficticiamente
quando as partes abriram mão da sua soberania em favor do todo. Desta forma,
o pacto depende da participação das vontades parciais. “A vontade federal
depende das vontades parciais das unidades federadas”.

*Não há subordinação hierárquica entre os entes


federados, do ponto de vista jurídico! Todos são
autônomos, mas limitados pela CF/88. O Presidente
não dá ordens aos governadores, nem estes dão
ordens aos prefeitos.

Elementos mantenedores da Federação


*Sanção: Consequência Jurídica
 Existência de um órgão responsável pela guarda da constituição: O Supremo
Tribunal Federal, nos termos do art. 102 da CF/88, verbis:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:

 Caso um pacto federativo seja violado, existem sanções, visando garantir a


autonomia como um todo do ente federativo. (instrumento excepcional pelo
descumprimento de prerrogativas): Art. 34 da CF/88
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,
exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
outra;

 Rigidez constitucional elevada ao grau máximo: Cláusula Pétrea. Art. 60, § 4º, I.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;

COMPETÊNCIAS ESTATAIS
Perguntar a Ester sobre o que ele falou que era relevante pra concurso*

O território não faz parte do pacto federativo, vez que não possui autonomia
(autonomia política, autonomia administrativa e autonomia financeira-tributária). Tal
disposição é materializada através da disposição constitucional que distribui as
competências.
O legislador constituinte, ao definir as competências para cada um dos entes, utilizou
os dois critérios:
1. Critério material da predominância do interesse (União (interesse geral), Estado
(interesse regional) e Município (interesse municipal) Ex: Matéria moeda, interesse
geral, competência da União;
2. Critério formal de competência residual/remanescente/reservada: Define-se
expressamente as competências da União, mas não definiu o que é do
Estado/Município/DF. Desta forma, tudo que não está definido, é do Estado.
TAXATIVIDADE!
* As competências da União serão sempre expressas!
As competências da União foram separadas em dois blocos: 1. Competências
materiais; 2. Competências legislativas.
1. Competências materiais: Aquelas que expressam as ações administrativas que
cabem à União. “Pra fazer, é só fazer”. Praticar um ato. Ex: p/ manter relações
internacionais, é necessário realizar atos administrativos.

 Podem ser exclusivas ou comuns.


Exclusiva: É quando a constituição diz que aquela ação administrativa é única
da União e de mais ninguém. Disposto no art. 21 da CF/88, verbis: Art. 21.
Compete à União: [...]
AS COMPETÊNCIAS MATERIAIS SÃO COMPETÊNCIAS INDELEGÁVEIS!
Não se pode “passar” para outros
 Comuns: Art. 23 da CF/88
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: [...]
• Leis complementares estabelecerão normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o DF e os Municípios. (Parágrafo único do art. 23)
2. Competências legislativas: Podem ser privativas ou concorrentes.

 Competências Privativas: Define a capacidade normativa conferida à União.


Art. 22 da CF/88: Compete privativamente à União legislar sobre: [Mnômico
CAPACETE PM]

• É permitida a delegação aos Estados-membros (por força do art. 32, §1º,


cabe, também, o Distrito Federal) das competências privativas, como disposto
no parágrafo único do art. 22: Lei complementar poderá autorizar os Estados
(+ DF) a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.
• A delegação não pode ser individualizada. Tem que ser geral. A União não
pode selecionar somente um Estado, sob pena de discriminação, a não ser que
seja uma particularidade daquele Estado. Ex: A União autorizou o Estado do
Amazonas a legislar a Flora de uma espécie de Vitória Régia, que só existe na
Amazônia.

 Competência Concorrente / Não cumulativa vertical:


Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: [...]
• A União faz uma norma genérica para todos, em que cada Estado fará sua
especificidade através da norma genérica.
Caso a União não elabore as normas genéricas, a Constituição autoriza a
competência legislativa plena aos Estados (Mas só na falta da competência
legislativa federal).
Se, após os Estados realizarem a norma especifica e a União, posteriormente,
elaborar uma norma genérica, os Estados devem obedecê-la, nos termos dos
parágrafos do art. 24:
§ 1º: No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário.

Suplementar (gênero):
> Complementar (espécie): deficiência da CF;
> Supletiva (espécie): falta da CF.

*Se houver conflito, prevalece a norma geral da União, vez que trata-se da
competência originária, ficando a norma especifica estatal com a eficácia
suspensa.

 O município tem competência concorrente originária, de forma


SUPLEMENTAR, nos termos do art. 30, II, verbis:
Art. 30. Compete aos Municípios:
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Ou seja, o município não pode elaborar, mas sim, SUPLEMENTAR!
(ASSUNTOS DE INTERESSE LOCAL)

• Hipóteses de vedação absoluta de competência: Art. 19 da CF/88:


Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

*Imposto está sempre EXPRESSAMENTE definido. União: Art. 154, I.


Também há residual, sob competência da união.

DIREITO CONSTITUCIONAL I. UND. 3, AULA 3

ESTADO-MEMBRO
(entidade federativa de 1º grau)

• A União (enquanto pessoa política estatal) nasce na própria CF, no sentido de que ela
existe a partir do pacto federativo. A federação é formada pelos estados membros, dos
municípios, do DF, que se aglutinam e dá origem à União. > A União é uma ficção
jurídica.
 O número de estados não é monoliticamente inalterado. A própria Constituição
traz em seu texto circunstâncias em que pode-se criar novos estados.
*Geografia constitucional: A CF/88 trouxe consigo a criação do Estado de Tocantins
(art. 13 ADCT). Art. 14 torna Roraima e Amapá em Estados.
O número dos entes aderentes ao pacto federativo é ilimitado, conforme extraí-se da
exegese da redação do § 3º do art. 18 da CF/88, verbis:
Art. 18. A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar.
* Território é um “rito de passagem” para a criação de um
estado.
Procedimento de criação do Estado:
Hipóteses materiais de criação dos estados
• 1ª figura: Incorporação entre si: fusão. Quando dois estados unem-se e criam uma
terceira figura. A+B=C. *Em que pese, alguns autores alegam que, na verdade, a
incorporação, no seu sentido estrito, quer dizer que um estado consome o outro, mas
aquele continua com sua natureza jurídica.
• 2ª figura: Subdivisão: Quando o Estado original deixa de existir e, dele, surgem 2 ou
mais estados novos.
• 3ª figura: Desmembramento: O desmembramento pode ser por emancipação ou
anexação.
 Emancipação: tenho um estado A e, um pedaço dele, “sai” da dimensão
geográfica daquele, tornando-se um novo estado autônomo.
 Anexação: Quando o pedaço une-se a outro estado.
Para criar um Estado, são necessários 3 passos:
1º passo: plebiscito (democracia semi-direta), onde o povo será chamado para
deliberar acerca da possibilidade da criação do novel Estado. Normalmente é
convocado pela justiça eleitoral. *Somente cidadãos podem votar. *Se envolver um
único estado, somente aquele estado será convocado para deliberar. *Antes do povo
deliberar, a assembleia legislativa do estado precisa concordar, nos termos do art. 48,
VI, in litteris:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
Presidente da República, não exigida esta para o especificado
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de
competência da União, especialmente sobre:
VI – incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias
Legislativas; (oitiva não-vinculante).
Caso os anseios da população forem positivos, a deliberação passará ao Congresso
Nacional (levando em consideração o interesse do brasil), que o definirá, caso
concorde, por intermédio de lei complementar.

Competências dos estados-membros


Diferentemente da União, os estados-membros terão uma competência de
organização institucional, que resulta do poder constituinte decorrente. Todos os
estados terão sua constituição estadual, nos termos do art. 25 da CF/88. /
aplicabilidade do Art. 11 do ADCT (regras temporárias / regra constitucional de
competência esvaída, nos ensinamentos do ilustre Min. Ayres Britto).
• Competência residual, remanescente ou reservada, nos termos do § 1º do art. 25.
Em, não foi pensado ao estado competência expressas, somente para união e para os
municípios.
 Competências expressas enumeradas § 2º e § 3º do art. 25; art. 155 (impostos):
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da
lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 5, de 1995)

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir


regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.

 Competências materiais comuns: art. 23 (é da união, mas também é do estado)


 Competências concorrentes: art. 24
 O Estado pode ter competências delegadas, nos termos do parágrafo único do
art. 22.
Municípios
(entidade federativa de 3º grau)
Os municípios, por razões de impossibilidade material (não pode ser comparados aos
estados), tem, propositalmente, um déficit em sua autonomia. Frente à União, é
necessário que o município manifeste-se através do seu Estado correspondente.
A Constituição também possibilita a criação de novos municípios, nos termos do § 4º
do art. 18.
Art. 18. A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de Municípios, far-se-ão por lei estadual (lei ordinária
estadual), dentro do período determinado por Lei
Complementar Federal (contendo critérios temporais de
criação), e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito,
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15, de 1996) Vide art. 96 – ADCT
Criação do município:
1º - hipóteses materiais de criação dos municípios;
2º criação de lei ordinária estadual;
3º período determinado por lei complementar federal (norma constitucional de
eficácia limitada);
4º consulta prévia, mediante plebiscito, após divulgação dos estudos de viabilidade
municipal.

Como não tinha lei complementar federal deliberando acerca da criação, não se podia
criar municípios. Os municípios criados indevidamente foram regulados nos termos do
Art. 96 ADCT, in verbis: Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e
desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de
2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época
de sua criação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 57, de 2008).

Competências municipais
Em regra, as competências municipais, assim como as da União, são expressas.
Assim como os estados-membros, os municípios tem ferramentas de organização
institucional, por meio da elaboração de uma lei orgânica, que seria um equivalente à
constituição estadual, nos termos do art. 29 da CF/88:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos: [...]
 Dupla limitação: tem que respeitar a CF e a CE.
 O município não tem poder judiciário, MP ou TC (limitação).
 Processo eleitoral estabelecido em turno único (nos casos em que o município
tenha menos de 200.000 eleitores);

• Competência expressa-genérica (competência expressa em que o legislador não diz


qual a competência, a não ser genericamente):
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; ex: recolhimento
de lixo urbano, arruamento, iluminação pública...
• Competência suplementar a legislação federal e a estadual no que couber
• Competências expressas especificadas: demais incisos do art. 30 e art. 156 (tributos
municipais).
• Em que pese o município esteja sempre vinculado a determinados estados, sua
autonomia é concedida pela constituição; não há subordinação aos estados.

DISTRITO FEDERAL
(município neutro da corte; quase um estado, mais que um município)
Art. 18. A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,


reger-se-á por lei orgânica (distrital), votada em dois turnos
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição.
 O Distrito Federal é governado/administrado por um governador eleito pelo
povo (poder executivo)
 O DF tem uma câmara distrital que assemelha-se à uma câmara legislativa
(câmara legislativa distrital) – poder legislativo
 Elege deputados federais e senadores
 Lembra um estado sem municípios.
 Por razões estratégicas, a organização do poder do DF é limitada: “O DF, em
determinados aspectos, é parcialmente tutelado pela União.”; é autônomo,
mas em determinados pontos, não.
 Poder judiciário, MP, Polícia e Justiça organizados diretamente pela União.
Art. 21. Compete à União:
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos
Territórios, bem como organização administrativa destes;

 Enquanto a lei orgânica municipal é duplamente limitada pela CF e pela CE, a lei
orgânica do DF está limitada tão somente a CF. O fato do DF estar dentro de
Goiás não altera nada.
• A competência do DF não é expressamente definida, nos termos do art. 32, §

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências


legislativas reservadas aos Estados e Municípios. José Afonso
da Silva diz que o DF, em alguns aspectos, é maior que os estados,
e, em outros, é menos (Poder judiciário, MP e Policias).

TERRITÓRIOS
• Estão previstos no texto constitucional, mas não se apresentam como entes
federados. Atualmente, eles não existem. São entes temporários
• Entidade político-administrativa não dotada de autonomia; fazem parte da União.
Alguns doutrinadores alegam que os territórios apresentam-se como uma
descentralização político-territorial da União. Único local geográfico que pode-se dizer
“aqui estou na União”, se não for parte de um Estado.
• Não dispõe de capacidade normativa
Art. 33. A lei (FEDERAL) disporá sobre a organização
administrativa e judiciária dos Territórios.

• O Governador do território não é eleito;


Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral
da República, o presidente e os diretores do banco central e
outros servidores, quando determinado em lei;
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição
pública, a escolha de:
c) Governador de Território;

 Não há hierarquia entre lei federal, estadual e municipal. O que existe é uma
relação de horizontalidade entre elas, designando diversas esferas de
competências, todas sob a égide da CF/88. Exceção: competências concorrentes
entre normas gerais federais e norma gerais estaduais, prevalece a federal,
suspendendo a estadual (naquilo que o dispositivo esteja em conflito;
contrário).
 Lei nacional vincula todos os entes (união, estados-membros, município)
 Lei federal vale tão somente para União.

INTERVENÇÃO
Intervenção: “Afastamento temporário das prerrogativas inerentes à autonomia dos
entes federados”.
A palavra de ordem no campo do pacto federativo é a autonomia. A autonomia é
incompatível com intervenção: Se um ente é autônomo, não se pode intervir. A
autonomia distingue-se da soberania pela limitação; Aquela é ilimitada, esta, limitada.
A intervenção se apresenta como uma medida sancionatória contra um ato
eventualmente desrespeitoso as regras constitucionais da federação. Todas as vezes
que os entes federados (exceto a união) praticam atos em linhas de colisão com aquilo
que a cf/88 preceitua como mais valioso, urge a intervenção para resolver o problema,
visando o retorno ao antecedente status quo.
A autonomia, em circunstâncias excepcionais, pode ser afastado (Princípio da
excepcionalidade). Aliado a excepcionalidade, urge o Princípio da temporariedade (a
intervenção não pode ser permanente).
Em tema de intervenção, é necessário a observância ao Princípio da Fundação da
Necessidade, pelo qual deve-se demonstrar a necessidade da intervenção.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto para:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a
União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
A CF/88 aborda a intervenção em dois aspectos: Federal ou Estadual.
 Será Federal, quando quem realiza a intervenção é a União.
 Será Estadual quando quem realiza a intervenção é o Estado-membro em seus
municípios.
Modalidades de Intervenção (art. 34 e 35)
Pressupostos materiais (quais os motivos que autorizam a intervenção?)
Quando normas de exceção, hermeneuticamente devem ser interpretados
restritivamente. Ou seja, não pode-se interpretar analogicamente.
• INTERVENÇÃO FEDERAL (ART. 34)
 Pressupostos materiais (quais os motivos que autorizam a intervenção? Incisos
do art. 34) Se o Estado descumpre algum dos requisitos previstos, urge a
necessidade de intervenção federal. Os princípios elencados no inciso VII são
chamados de Princípios Constitucionais Sensíveis ou Virgas mestras do direito
constitucional brasileiro:
a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.

 Quais são os pressupostos formais (Como a intervenção acontece?)


Presentes algumas das situações expostas acima, deve-se iniciar a intervenção,
através do Presidente da República.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
X - decretar e executar a intervenção federal;
Para decretar intervenção, o Presidente precisa consultar os órgãos superiores
(Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional)
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se
sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
Presidente da República nos assuntos relacionados com a
soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
participam como membros natos:
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção
federal;
• Em relação ao procedimento, doutrinariamente interpreta-se a intervenção
dicotomicamente: Ou a intervenção é espontânea, ou é provocada.
 Espontânea ocorre quando quem pode provar, espontaneamente a provoca.
 Provocada exige um pedido externo para a sua realização.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação (pedido, faculdade) do
Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido,
ou de requisição (ordem, obrigação) do Supremo Tribunal
Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
(intervenção provocada)
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
requisição (ordem, obrigação) do Supremo Tribunal Federal, do
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
(VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
(intervenção provocada)
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese
do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
(intervenção provocada)
 O ato formal de intervenção é o decreto do presidente da república.

Art. 36. § 1º O decreto de intervenção, que especificará a


amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se
couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no
prazo de vinte e quatro horas.

O decreto presidencial submete-se a um controle político do Congresso


Nacional.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
medidas;
 PGR – STF – PRESIDENTE DA REPUBLICA

• INTERVENÇÃO ESTADUAL (ART. 35)


 ADI INTERVENTIVA NO PGJ – TJ – G.E.

Você também pode gostar