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Profª.

Adriane Fauth DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL:
COMEÇANDO DO ZERO

INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL

CONCEITO
O Objeto de estudo do Direito Constitucional é a Constituição, que é a lei fundamental e suprema de um
Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a organização político-jurídica do
Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências destes e, finalmente, a
aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e
enumerar os direitos e garantias fundamentais.

ESTRUTURA
A Constituição Federal é dividida em 3 partes:
✓ PREÂMBULO
✓ PARTE DISPOSITIVA – ART. 1º - 250
✓ ADCT – ART. 1º - 123
No texto temos a divisão em artigos, incisos, parágrafos e alíneas.

PREÂMBULO

1Nós,
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

• Princípios, valores, ideologias que inspiraram o Poder Constituinte Originário.


• Norteiam a interpretação do texto constitucional.
• Não tem força normativa - sem relevância jurídica ou força cogente.
• Reflete posição política, ideológica, histórica.
• Não é norma de reprodução obrigatória pelos estados.
• Não limita o Poder Constituinte Derivado Reformador.
• Não serve de parâmetro de Constitucionalidade para as leis.

PARTE DOGMÁTICA

Corpo principal da Constituição, dividida em 9 títulos:

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LEITURA OBRIGATÓRIA.

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• Título I - Dos Princípios Fundamentais (arts. 1º a 4)


• Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais (arts. 5º a 17)
• Título III - Da Organização do Estado (arts. 18 a 43)
• Título IV - Da Organização dos Poderes (arts. 44 a 135)
• Título V - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (arts. 136 a 144)
• Título VI - Da Tributação e do Orçamento (arts. 145 a 169)
• Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira (arts. 170 a 192)
• Título VIII - Da Ordem Social (arts. 193 a 232)
• Título IX - Das Disposições Constitucionais Gerais (arts. 233 a 250)

ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS - ADCT

O ADCT tem dois tipos de normas:


A) regras de transição entre a Constituição anterior - 1969 e a de 1988
B) regras que têm caráter transitório.

FONTES
• A Constituição → site do planalto
• Doutrina
• Jurisprudência – STF e STJ
• Súmula vinculante e súmulas

A Súmula não interfere na livre convicção dos juízes e podem ser criadas por diversos Tribunais definindo
em um enunciado a jurisprudência daquele tribunal.
A Súmula Vinculante é de observância obrigatória por todos os juízes e tribunais (com exceção do STF) e
diferente da Súmula, ela só pode ser criada pelo STF.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A CF/88 em seus artigos 1O ao 4o apresenta os princípios fundamentais, esses princípios, também
chamados de estruturantes, estabelecem a forma, estrutura e os fundamentos do Estado Brasileiro, a
divisão dos Poderes, os objetivos a serem seguidos pelo Estado e as diretrizes a serem adotadas nas
relações internacionais.

Pela leitura dos artigos mencionados podemos extrair os seguintes princípios fundamentais:
1. Princípio Federativo: art. 1º caput;
2. Princípio Republicano: art. 1º caput;
3. Princípio Democrático: art. 1º caput e parágrafo único;
4. Princípio da Separação dos Poderes: art. 2º;
5. Fundamentos da República Federativa do Brasil: art. 1º, incisos;
6. Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: art. 3º;
7. Princípios que regem as relações internacionais do Brasil: art. 4º;

Vamos analisar de forma objetiva e pontual cada um desses princípios.

PRINCÍPIO FEDERATIVO
O princípio federativo define a nossa FORMA DE ESTADO.

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Por forma de Estado entende-se o modo de exercício do poder político em função do território de um dado
Estado, ou seja, a existência, ou não, de repartição de poderes autônomos, leva em consideração ainda a
composição geral do Estado, a estrutura do poder, sua unidade, distribuição e competências no território
do Estado.
Existem duas formas de Estado relevantes:
➢ Simples ou Unitário: nessa forma de Estado um Poder único e centralizado é exercido sobre todo o
território sem as limitações impostas por outra fonte de poder. De forma geral, Estados com menor
extensão t
➢ erritorial costumam adotar esse modelo de Estado, no qual existe uma unidade de poder político
interno, com exercício centralizado. Ex: França, Paraguai, Uruguai.

➢ Composto ou Federação: Essa forma de Estado é organizada por mais de um poder político, existe
uma pluralidade de poderes políticos internos, ou seja, ocorre uma repartição de poderes
autônomos. Ex: Brasil, EUA.

O BRASIL adota a forma de Estado Federativa!

O pacto federativo é CLÁUSULA PÉTREA, ou seja, não pode haver propostos de Emenda Constitucional
para extinguir, abolir a Federação.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;

O modelo federativo de Estado encontra-se previsto no art. 1o da CF/88:


Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Contudo, esse dispositivo deve ser analisado conjuntamente com o art. 18 da CF, que define a Organização
Político- administrativa do Estado brasileiro:
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Federalismo é uma aliança (união) entre estados-membros para a formação de um Estado Federal, em que
as unidades federadas (os estados) preservam autonomia política, enquanto a soberania é transferida para
o Estado Federal.

Para que exista uma Federação basta a existência de pelo menos dois tipos de entidades: a União e os
estados-membros. Em alguns Estados, como o Brasil, existem mais do que apenas duas entidades, no caso
brasileiro, além da União e dos estados, temos ainda o Distrito Federal e os Municípios.
❖ Destaca-se que os Municípios somente passaram a ser considerados como entes federados
autônomos a partir da CF de 1988.

O Federalismo nasceu com a Constituição norte-americana de 1787. No Brasil a forma federal de Estado
foi adotada provisoriamente em 1889, junto com a proclamação da República, mas foi consolidada com a
Constituição Republicana de 1891.

Observe que República Federativa do Brasil (RFB) é o nome do Estado Federal brasileiro, do país Brasil e
representa o todo, esse ente é dotado de soberania, que é o poder supremo atribuído aos estados

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consistente na capacidade de autodeterminação, e classifica-se como pessoa jurídica de direito público


internacional.
A RFB é formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do distrito federal, dizer isso é o
mesmo que afirmar que a RFB compreende a União, Estados, Distrito Federal e Municípios como
mencionado no art. 18, isso porque a união mencionada no art. 1o, mesmo com inicial minúscula é a mesma
União mencionada no art. 18.

Dessa forma, o Estado Federal Brasileiro – ente soberano, que é a República Federativa do Brasil é formado
pelos seguintes entes federativos: União, estados-membros, municípios e o Distrito Federal, todos dotados
de autonomia política e são classificados como pessoas jurídicas de direito público interno.

NÃO CONFUNDA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL COM UNIÃO!!

Justamente porque os entes que compõe a federação possuem autonomia não há hierarquia entre eles.

Uma vez formalizado o Estado federal, não mais é permitido a qualquer dos entes que fazem parte da
Federação separar-se dela, tendo em vista seu caráter permanente, é dizer: em uma Federação não há
direito de secessão, trata-se do Princípio da Indissolubilidade ou indissociabilidade do pacto federativo.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL UNIÃO, ESTADOS, DF e MUNICÍPIOS

• Soberania • Autonomia
• pessoa jurídica de direito público • pessoas jurídicas de direito público
internacional. interno.

As características do federalismo e seus tipos são aprofundados no tópico Organização do Estado.

PRINCÍPIO REPUBLICANO
O princípio fundamental republicano determina a nossa FORMA DE GOVERNO, ou seja, o modo como se
organiza a Chefia de Estado em um País, como se dá a relação entre Governantes e Governados, ou seja,
quem exerce o poder e como esse poder deve ser exercido.

São duas as formas de Governo mais conhecidas: a Monarquia e a República. Para a sua prova é importante
conhecer as principais características de uma e outra forma de governo.
A Monarquia tem como chefe de Estado um Monarca, que é chamado de Rei/rainha dentre outros nomes.
Essa forma de governo tem como característica a vitaliciedade do Chefe de Estado na medida em que o
monarca permanece exercendo a sua chefia até morrer, e após a sua morte o cargo é transmitido aos
herdeiros, ou seja, o cargo é adquirido de forma hereditária, além disso essa forma de governo não permite
a responsabilização do Monarca pelas suas atitudes, daí a ideia da irresponsabilidade.

A República é exatamente o contrário da Monarquia, a expressão República vem de res (coisa) public
(pública ou do povo), isso porque o Chefe de Estado é escolhido pelo povo, através de eleição, para um
mandato certo, ou seja, na República o Chefe de Estado se manterá no poder de forma temporária, a ideia
republicana é exatamente a de alternância do poder. Ademais, em uma república o Chefe é responsável
pelos seus atos, tendo o dever de prestar contas de seus atos e de suas gestões, podendo ser
responsabilizado pelo descumprimento de seus deveres. Podemos ainda afirmar que está intimamente

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ligada a ideia republicana a igualdade perante a lei, uma vez que nem ninguém está acima da lei, nem
mesmo o chefe eleito.
A República proclamada em 15 de novembro de 1889, foi efetivamente consagrada na Constituição de
1891.
A CF/88 não previu de forma expressa o princípio republicano como cláusula Pétrea expressa, contudo a
CF o definiu como princípio sensível, previsto no art. 34, VII, “a” da CF, dessa forma a violação do Princípio
Republicano é hipótese de Intervenção Federal.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

Apesar de não ser cláusula pétrea, por meio do plebiscito de 1993, o “povo” confirmou a forma republicana,
não podendo, portanto, emenda à Constituição instituir a Monarquia no país, sob pena de se violar a
soberania popular, a não ser que haja, necessariamente, uma nova consulta popular (art. 2o do ADCT), ou
seja, um novo plebiscito.
Em decorrência disso parte da doutrina entende que o princípio Republicano teria se tornado uma cláusula
pétrea implícita, outro argumento utilizado é o fato de que o voto periódico é cláusula pétrea expressa (art.
60, §4º, II) o que tornaria incompatível com a forma monárquica.

MONARQUIA REPÚBLICA

• VItaliciedade • Temporário
• Hereditariedade • Eleito
• Irresponsabilidade • Responsável
• Igualdade perante a lei.

SISTEMA PRESIDENCIALISTA
O Sistema presidencialista NÃO está elencado entre os princípios fundamentais previstos nos artigos 1o ao
4o da CF, entretanto, como o presidencialismo define o nosso SISTEMA DE GOVERNO, por questões
didáticas vamos analisá-lo nesse tópico.
Sistema de Governo é a relação que se dá entre o exercício das funções do Poder Legislativo e Poder
Executivo.
Há dois grandes sistemas de Governo: o presidencialismo e o parlamentarismo.

O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo, nesse modelo, as funções do Poder Executivo
ficam concentradas na figura do Presidente da República, que cumula as funções de Chefe de Estado e Chefe
de Governo, nessa última inserida a função de chefe da Administração Pública. Nesse modelo a Chefia do
Poder Executivo é monocrática ou unipessoal.
Outra importante característica do Presidencialismo é a legitimidade popular do Presidente da República,
que é direta, ou seja, o povo diretamente escolhe o seu Chefe de Estado e o seu Chefe de Governo. Lembra-
se que existe uma exceção à legitimidade popular direta prevista na CF, na hipótese de dupla vacância que
será posteriormente analisada.
Destacamos ainda que no Presidencialismo existe uma nítida independência entre o Poder Executivo e o
Poder Legislativo, na medida em que tanto o Presidente quanto os parlamentares são eleitos pelo povo

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para mandato certo, por prazo determinado, sem responsabilidades entre si, com exceção do
impeachment, que o Presidente responde perante o Senado.
Como visto, no sistema presidencialista de governo o Presidente da República cumula as funções de chefe
de Estado e chefe de governo. A função de chefia de estado se refere as atribuições do presidente que digam
respeito a representação da República Federativa do Brasil nas relações internacionais, enquanto a Chefia
de governo se refere a prática de atos de natureza política interna, bem como a prática de atos de
administração.
No Brasil, adotou-se o presidencialismo em todas as Constituições, com exceção da de 1824 – época do
Império), além disso tivemos um breve momento parlamentarista em 1961, mas em 1963 já se retornou
ao sistema presidencialista, quando Jango assumiu a Presidência.
Já no sistema parlamentarista a chefia de estado e a chefia de Governo são exercidas por pessoas distintas,
podendo ser um Rei ou Presidente, como Chefe de Estado, exercendo funções meramente simbólicas de
representação e o primeiro-Ministro como chefe de governo, a quem cabe de fato tomar as decisões
políticas do Estado. Considerando que o primeiro-Ministro é escolhido pelo parlamento (poder
legislativo), podemos dizer que a legitimação do poder exercido pelo chefe de governo é dada de forma
indireta pelo povo. Além disso o primeiro-ministro não possui mandato certo, permanecendo no governo
enquanto tiver a maioria do parlamento.
No parlamentarismo o governo é responsável perante o legislativo (parlamento), o que significa que o
governo depende de seu apoio e confiança para governar, daí que há uma interdependência entre o Poder
Executivo e o Legislativo.
O texto constitucional não previu de forma expressa o Presidencialismo como cláusula Pétrea, contudo
apesar de não ser cláusula pétrea, por meio do plebiscito de 1993, o “povo” confirmou o sistema de governo
presidencialista, não podendo, portanto, emenda à Constituição instituir o Parlamentarismo no país, sob
pena de se violar a soberania popular, a não ser que haja, necessariamente, uma nova consulta popular
(art. 2o do ADCT), ou seja, um novo plebiscito.
Em decorrência disso parte da doutrina entende que o Presidencialismo teria se tornado uma cláusula
pétrea implícita.

Presidencialismo Parlamentarismo

• Unipessoalidade da Chefia de Estado e • Separação entre Chefe de Estado e Chefe de


Governo; Governo
• Legitimidade popular DIRETA do Presidente • Legitimidade popular indireta do Poder
da República; Executivo
• Independência entre Executivo e Legislativo • Interdependência do Executivo e Legislativo
• mandato por prazo certo • mandato por prazo indeterminado.

PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO - REGIMES POLÍTICOS


O princípio democrático define o nosso regime político. Quanto ao regime político o caput do art. 1o da CF
afirma que o Estado brasileiro é um Estado Democrático de Direito, consagrando assim a adoção de um
regime político democrático.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

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Um regime político democrático é aquele que permite a participação do povo nas decisões políticas do
Estado (soberania popular)2, dependendo da forma como essa participação é realizada nós temos as
modalidades de democracia, que podem ser: (i) direta, (ii) indireta ou representativa e (iii) semidireta ou
participativa.

➢ A democracia direta é aquela que permite a participação do povo diretamente na tomada de


decisões políticas, exercendo a chamada soberania popular. A CF consagra algumas formas de
participação direta do povo no art. 14 da CF através do: referendo, do plebiscito e da iniciativa
popular; podemos acrescentar a esse rol de instrumentos de democracia direta a chamada Ação
popular.

➢ A democracia indireta ou representativa é aquela em que a vontade popular é exercida através de


representantes legitimamente eleitos, através de um processo eleitoral democrático, do voto,
modelo esse também encontrado na nossa CF. A eleição é o que caracteriza a democracia
representativa, segundo o qual o eleito pratica atos em nome do povo que o elegeu.

➢ Dessa forma, podemos observar que a nossa CF estabelece tanto elementos da democracia direta
quanto elementos da democracia indireta, de modo que quando isso ocorre temos a chamada
democracia semidireta ou participativa.

Assim, o modelo de democracia adotada no Brasil é a democracia SEMIDIRETA ou PARTICIPATIVA, que


conjuga elementos da democracia direta e da democracia indireta.
A escolha desse modelo pode ser visualizada no parágrafo único do art. 1o da CF
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Vale ressaltar aqui que o voto, direto, secreto, universal e periódico, enquanto expressão do modelo
representativo é cláusula pétrea, vejamos:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

Uma vez que entendemos o que é um regime democrático, podemos entender o que é efetivamente um
Estado Democrático de Direito.
O Estado Democrático de Direito é uma evolução do chamado Estado de Direito.
O Estado de Direito surgiu com o fim das monarquias absolutistas e foi concebido pelo liberalismo, esse
modelo submete o Estado ao “império da lei”, é regido pelo princípio da legalidade, ou seja, o Estado fica
limitado ao cumprimento das normas criadas, à força da lei, especialmente à força normativa da
Constituição, que estabelece uma série de direitos e garantias fundamentais que o Estado deve respeitar e
garantir.
O Estado é democrático quando essa ordem jurídica é legitimada pelo povo, consagrada no princípio da
soberania popular.
O efetivo equilíbrio entre o Estado de Direito e o Princípio democrático estudado é o que define o Estado
democrático de Direito.
Nesse Estado, a CF é a norma mais importante, tanto sob um aspecto formal quanto material.

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“Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo” – Abraham Lincoln.

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Podemos identificar ainda como elemento de um regime democrático o respeito ao princípio da maioria,
uma vez que as decisões são tomadas por uma maioria, contudo, sem excluir os direitos e interesses da
minoria.

RESUMO:

Forma de Estado Forma de Governo Sistema de Governo Regimes Políticos

•Unitário •Monarquia •Presidencialismo •Democráticos


•Federação •República •Parlamentarismo •Não democráticos

POEMA PARA MEMORIZAÇÃO:

“O Estado Fede, a República é Fogo, o Presidente é sistemático e o regime é democrático.”

PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES


O princípio da separação dos poderes ou princípio da divisão funcional do poder encontra-se previsto no
art. 2o da CF/88:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Primeiramente temos que destacar que a expressão separação dos poderes é um pouco equivocada, isso
porque o Poder Soberano do Estado é UNO E INDIVISÍVEL, o que se divide de fato são as funções estatais
básicas.
De forma didática podemos destacar as seguintes funções básicas de um Estado:
a) função representativa: através dessa função temos a representação do Estado, função essa inerente
ao chamado Chefe de Estado, que personifica e da legitimidade ao Estado.
b) função governativa: governar é tomar decisões e no âmbito estatal se refere as decisões políticas
que vão conduzir o país, atividade inerente a Chefia de Governo.
c) função administrativa: essa função visa colocar em prática as decisões tomadas pelo governo,
através de uma estrutura de agências, órgãos da administração pública.
d) função legislativa: é a função de criar de forma imperativa direitos e obrigações, tanto para os
indivíduos quanto para o próprio estado.
e) função jurisdicional: é a função de solucionar conflitos de interesses com definitividade, dessa
forma, em uma situação de conflito quem deverá decidir de quem é ou não o direito será o estado,
através da função jurisdicional.
A depender da forma como essas funções são distribuídas é que nós temos a chamada separação dos
Poderes.
Atualmente o sistema brasileiro divide as funções do Estado em uma estrutura TRÍPLICE ou TRIPARTIDA3,
agrupando as funções representativa, governativa e administrativa no que se chamou de Poder Executivo,
a função legislativa atribuída ao Poder Legislativo e a função jurisdicional atribuída ao Poder Judiciário.

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A teoria da tripartição dos poderes (executivo, legislativo e judiciário) é atribuída ao barão de Montesquieu (francês Charles-Louis
de Secondat), em sua obra “O espírito das leis” de 1748.

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O objetivo da separação dos poderes é preservar a liberdade individual, combatendo a concentração de


poder, isto é, a tendência absolutista de exercício de poder político pela mesma pessoa ou grupo de
pessoas, evitando-se o arbítrio e abuso dos Poderes.
Podemos afirmar que a divisão de “poderes” encontra fundamento em dois elementos, a especialização
funcional e a independência orgânica:
a) Especialização funcional, isso porque separando as funções cada estrutura poderá exercer com
melhor capacidade as suas atribuições.
b) Independência orgânica, para que haja efetivamente a separação dos poderes é necessário que cada
órgão seja independente em relação aos demais, ou seja, que não haja mecanismos de subordinação
de um poder pelo outro.

A separação dos poderes é norteada pelo princípio da indelegabilidade de atribuições, ou seja, os poderes
não podem ficar transferindo, delegando suas atribuições para outros poderes, salvo quando houver
previsão ou delegação direta por parte do constituinte originário. Ex: lei delegada.
Contudo, isso não significa que essa separação de funções do Estado é rígida, isso porque adotamos no
Brasil o sistema de freios e contrapesos, possibilitando que um poder possa exercer controle sobre o outro
poder, harmonizando essa estrutura. Por exemplo: O poder judiciário ao declarar a inconstitucionalidade
de uma lei está estabelecendo um controle, um limite ao poder legislativo.
A separação dos poderes, nesse modelo, estabelece um mecanismo de fiscalização e responsabilização
recíproca dos poderes estatais. Condicionam a competência de um poder à apreciação de outro poder de
forma a garantir o equilíbrio e harmonia entre os poderes.
Dessa forma, além do exercício de funções típicas – aquelas que lhe são inerentes, cada órgão exerce
também funções atípicas, ou seja, as funções dos demais órgãos.

A separação dos Poderes é Cláusula Pétrea, ou seja, não poderá ser abolida por emenda constitucional.

É cláusula Pétrea
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
III - a separação dos Poderes;

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