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Estrutura do Estado
Estado Unitário
Estado Regionalizado
1) SOBERANIA E AUTONOMIA
Soberania significa poder de autodeterminação plena, não condicionado a nenhum outro poder, externo ou interno. A soberania, no
federalismo, é atributo do Estado Federal como um todo. Os Estados-membros dispõem de outra característica -a característica da
autonomia, que não se confunde com o conceito de soberania. A autonomia de que gozam os Estados-membros significa capacidade de
auto-determinação dentro do círculo de competências traçado pelo poder soberano, que lhes garante a auto-organização, autogoverno,
autolegislação e auto-administração, tudo isso exercitável sem subordinação hierárquica aos poderes da União.
A Constituição Federal atua como fundamento de validade das ordens jurídicas parciais e central. Ela confere unidade à ordem jurídica
do Estado Federal, buscando traçar um compromisso entre as aspirações de cada região e os interesses comuns às esferas locais em
conjunto.
Para que os Estados-membros possam ter voz ativa na formação da vontade da União ⎯vontade que se expressa sobretudo por meio das
leis é que, historicamente, foi concebido o Senado Federal, com representação paritária, em homenagem ao princípio da igualdade
jurídica dos Estados-membros.
Na medida em que os Estados-membros não são soberanos e que o que os une não é um tratado de direito internacional, de que podem se
desligar, no exercício da soberania, mas uma Constituição Federal, é natural que se impeça aos Estados o direito de se desligarem da
União. Daí ser comum aos Estados Federais –no que se distinguem das confederações –a afirmativa, nos textos constitucionais, de ser
indissolúvel o laço federal ou mesmo a proibição expressa de desligamento dos entes federados.
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A evolução político-constitucional do Estado Brasileiro
1.Fase Colonial
a) Sistema de Capitanias Hereditárias: Divisão do território brasileiro em 12
áreas, governadas por donatários;
b) Os Governadores Gerais (1549): Regimento do Governador Geral, e início de
uma unificação político-institucional;
c) Esfacelamento do poder das capitanias e surgimento de poderes locais autônomos;
d) Criação e proliferação das Câmaras Municipais em áreas rurais onde havia poder
político
2. Fase Monárquica
a) Chegada de D. João VI ao Brasil (1808);
b) Elevação do Brasil do status de Colônia a Reino Unido de Portugal (1815);
c) Proclamação da independência (1822) e a transferência dos órgãos de
Governo para o Brasil;
d) Teoria Constitucional com o surgimento, no Brasil influenciado pelo
Liberalismo/Positivismo, da idéia do Parlamentarismo, Constitucionalismo,
Federalismo, Democracia e República;
e) Constituição imperial de 1824: Transformação das capitanias em províncias;
f) Senadores Vitalícios e Deputados eleitos censitariamente.
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3. A Fase Republicana
a) Liberalismo e ideal federalista;
b) Criação dos “Estados Unidos do Brasil”;
c) Fim da Monarquia e Instituição da República;
d) Constituição de 1891:
- Sistema Presidencialista;
- Separação de Poderes em três esferas apenas
- Política do “coronelismo”
- República do “Café com Leite”
e) Revolução de Trinta e a queda da República Velha
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O Federalismo Brasileiro
O poder constituinte do Estado-membro é, como o de revisão, derivado, por retirar a sua força
da Constituição Federal, e não de si próprios. A sua fonte de legitimidade éa Constituição
Federal.
O poder constituinte dos Estados está sujeito a regras dispostas pelo constituinte originário, às
quais deve obediência. Veja-se a propósito que o art. 25 da Carta Federal estatui que na
elaboração da Constituição Estadual, os Estados hão de observar os princípios da obra do
constituinte originário. Além disso, alguns princípios são discriminados, recebendo tanta
importância, que são previstos como causa de intervenção federal (art. 34, VII, CF). Estes
últimos ganham o nome de princípios constitucionais sensíveis –os demais são os princípios
constitucionais estabelecidos.
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O Federalismo Brasileiro
Em 1947, houve uma Representação de Inconstitucionalidade perante o STF (Rp 93) contra
dispositivos da Constituição do Cearáde feição nitidamente parlamentarista. O relator, Min.
Aníbal Freire, sustentou que, havendo a Constituição Federal adotado o regime presidencialista,
o método de tripartição de poderes deste regime, mais acendrado do que no do parlamentarismo,
deveria ser observado também nos Estados, pena de ofensa ao princípio constitucional sensível.
Caso há, porém, em que a norma federal não constitui modelo para os Estados, não podendo ser
para eles transposta.
Limitação que deve ser observada diz respeito aos temas objeto de competência legislativa
reservada da União. Em tais casos, a Constituição Estadual não pode dispor. Éo que se decidiu,
por exemplo, na ADIn 112-4/BA, rel. o Ministro Néri da Silveira, DJ 9.2.96. Ali, o constituinte
estadual concedia estabilidade aos empregados de empresas públicas e sociedades de economia
mista. Entre outras inconstitucionalidades, apontou-se que se tratava de assunto de legislação
trabalhista, da competência da União Federal, a teor do art. 22, I, da Constituição Federal. Da
mesma forma, a ADIn 1.302-5/RN (med. Lim.), rel. o Min. Marco Aurélio, DJ 20.10.95.
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O importante tema da repartição de competências entre nós foi resolvido com apelo a
uma repartição tanto horizontal como vertical de competências. E isso tanto no que
concerne às competências legislativas como às competências materiais
(competências de ordem administrativa).
É relevante observar que o art. 21 da Carta não esgota o elenco das competências
materiais privativas da União. Ao longo do texto constitucional, é possível encontrar
outras competências, como se vê, por exemplo, do art. 177 da CF, que dispõe sobre
atividades monopolizadas pela União.
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A União desenvolve:
1) Poderes de soberano(manter relações com Estados estrangeiros, emitir moedas, autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
material bélico, entre outros(art. 21, I a VII da CF).
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2) Poderes de defesa do Estado e da estrutura federal–art. 21, V –decretar o Estado de Sítio e a intervenção federal.
3) Poderes de administração e fiscalização econômico- financeira -art. 21, VIII –administração a reserva cambial, fiscalizar operações
financeiras e previdência privada.
4) Poderes de planejamento e desenvolvimento–art. 21, IX, XVIII, XIX e XX –elaborar e executar planos nacionais e regionais e
ordenação de território e de desenvolvimento econômico/social, planejar e promover a defesa permanente contra calamidades
publicas(secas, etc.), instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação e transportes urbanos, etc.
6) Poderes de polícia e segurança federais–art. 21, XIV e XXII -inclusive polícia e corpo de bombeiros militar do Distrito Federal e
Territórios.
7) Poderes de organização- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e a Defensoria do
Distrito Federal e Territórios, organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.
8) Poderes de explorar serviços nucleares e monopolizar minérios nucleares e seus derivados - art. 21, XXIII, a, b e c. –
A competência privativa da União está listada no art. 22 da CF. Esse rol, entretanto,
não deve ser tido como exaustivo. Há outras tantas competências referidas no art. 48
da CF. A legislação necessária para o desenvolvimento da competência material
privativa da União igualmente há de ser por esta pessoa de direito público editada.
Atribuiu-se aos Estados o duplo poder de auto-organização e os poderes reservados e não vedados pela
Constituição Federal (art. 25, CF).
Além desses poderes ditos remanescentes ou residuais, algumas competências foram expressamente
discriminadas pela CF, como se vê dos §§2ºe 3ºdo art. 25 –cuidando, o primeiro, da competência
estadual para a exploração de serviços de gás canalizado e, o segundo, da competência legislativa para
instituir regiões metropolitanas. Da mesma forma é explícita a competência dos Estados-membros
para, por meio de lei estadual, respeitado o período a ser fixado em lei complementar federal, criar,
fundir e desmembrar Municípios.
Vale observar que a Constituição, no que tange a matéria tributária, fixou competência enumerativa
dos Estados -art. 155 da CF. De modo que os Estados não possuem apenas competências residuais.
No aspecto tributário, éa União que detém competência, além de expressa, residual, permitindo-se-lhe
a instituição de outros tributos além dos enumerados para ela e para as outras pessoas jurídicas .
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Todos os entes federais têm deveres de ordem institucional: de “zelar pela guarda da Constituição, das
leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público”(art. 23, I). Além disso a eles
estão incumbidas competências comuns:
Em relação à segurança do trânsito -art. 23, XII (“estabelecer e implantar política de educação para a
segurança do trânsito”).
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A Constituição Federal abre a possibilidade de existir um ordenamento misto,composto por normas gerais da
União e de normas específicas dos Estados-membros. O art. 24 da Lei Maior enumera as matérias submetidas
a essa competência concorrente, incluindo uma boa variedade de matérias, como o direito tributário e
financeiro, previdenciário e urbanístico, conservação da natureza e do patrimônio histórico artístico turístico
e paisagístico, assistência jurídica e defensoria pública, etc.
A divisão de tarefas está contemplada nos parágrafos do art. 24, de onde se extrai que cabe à União editar
normas gerais ou seja, normas não-exaustivas, desenvolvendo-se a competência estadual n âmbito da
legislação suplementar.
Podem os Estados inclusive dispor sobre normas gerais, em caráter suplementar (§2ºdo art. 24). Essas normas
não podem, contudo, entrar em choque com as da União.
Suplementar significa “preencher claros, adicionar, esclarecer, aperfeiçoar. Portanto ao Estado cabe o
aperfeiçoamento regional das normas gerais estabelecidas pela União”. Esse seria o sentido do §2ºdo artigo
em tela.
O §3º admite que, na falta de legislação sobre normas gerais, o Estado possa legislar, amplamente, sobre
essas e sobre normas particulares.
Normas gerais são os lineamentos fundamentais da matéria, que conferem uma estrutura, um plano e uma
orientação, sem preocupação em descer a minúcias e a especificações. Referem-se, ademais, a questões
fundamentais, aplicáveis a todos os Estados-membros (se a regra geral é editada pela União).
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Aos Municípios reconhece-se o poder de auto-organização, o que significa reconhecer-lhes poder constituinte,
expresso nas suas leis orgânicas, limitadas tanto por princípios da Constituição Federal como da Constituição Estadual,
nos termos do art. 29 da CF.
Uma parte das competências reservadas dos Municípios foi explicitamente enumerada pela CF, como por exemplo, a
de criar distritos (art. 29, IV, CF) e a de instituir guardas municipais para a proteção de seus bens, serviços e
instalações (art. 144, §8º, CF) e outra é implícita.
As competências implícitas decorrem da cláusula do art. 30, I, da CF, que atribui aos Municípios "legislar sobre
assuntos de interesse local", que há de significar interesse predominantemente municipal, já que não há fato local que
não repercuta, de alguma forma, igualmente, sobre as demais esferas da Federação. Considera-se de interesse local as
atividades e a respectiva regulação legislativa, pertinente a transportes coletivos municipais (embora seja da
competência da União editar diretrizes para os transportes urbanos), coleta de lixo, ordenação do solo urbano,
fiscalização das condições de higiene de restaurantes e similares, polícia das edificações, entre outros.
É claro que a legislação municipal, mesmo que pretextando proteger interesse local, deve guardar respeito a princípios
constitucionais. O horário de funcionamento das farmácias, como do comércio em geral é matéria de cunho municipal,
conforme reconheceu o STF no RE 167.995 (DJ 12.9.97). O horário de funcionamento de instituições bancárias,
entretanto, já transcende o interesse predominante dos Municípios, recaindo sobre a esfera federal, conforme assentou
o STF no RE 130.683, DJ 9.10.92, em que se seguiu antigo precedente do plenário da Corte, o RE 77.254, julgado em
20.2.74.
Aos Municípios é dado legislar para suplementar a legislação estadual e federal, desde que isso seja necessário ao
interesse local. A normação municipal, no exercício dessa competência, há de respeitar as normas federais e estaduais
existentes. A superveniência de lei federal ou estadual contrária à municipal, suspende a eficácia desta.
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Os Estados têm governo próprio, desempenhando as funções dos três poderes estatais –Executivo, Legislativo e Judiciário.
A Constituição Federal também lhe adjudica bens próprios (art. 26, CF).
Os Estados-membros podem-se incorporar uns aos outros ou desmembrar-se, formando novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e por aprovação do Congresso Nacional, por
meio de lei complementar.
No âmbito da competência legislativa dos Estados, eles editam as normas e as executam com autonomia, isto.é, sem ingerência
de autoridades externas. Tanto é assim, que as decisões em torno apenas do direito estadual não podem ser reformadas pelo STJ
ou pelo STF (a não ser que envolvam tema constitucional ou de confronto com lei federal).
Os governadores são as autoridades executivas máximas e a Assembléia Legislativa éa sede do Poder Legislativo. A
Constituição Federal regula com alguma minúcia tanto as eleições para ambos os poderes como aspectos de remuneração dos
seus titulares (arts. 27 e 28 da CF) e de seu funcionamento. Diz que lei regulará a incitativa popular no processo legislativo local
e estende aos deputados estaduais as normas de inviolabilidade e imunidade atinentes aos parlamentares no Congresso Nacional.
Da forma como concebeu a Assembléia Legislativa, não se abre chance para que os Estados adotem um sistema bicameral no
Poder Legislativo.
A intervenção dos Estados nos Municípios segue o disposto no art. 35 da Constituição Federal, observando-se, ali, o propósito
de garantir a administração democrática nos Municípios.
É interessante notar que deve caber ao Procurador-Geral do Ministério Público estadual a proposta de intervenção no Município,
quando esta estiver subordinada a representação ao Tribunal de Justiça (art. 35, IV, CF), por simetria com o modelo federal.
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Embora seja essa a corrente predominante, há ponderosas razões em contrário, baseada no fato
de ser típico do Estado Federal a participação das entidades federadas na formação da vontade
federal, do que resulta a criação do Senado Federal, que, entre nós, não tem, na sua composição,
representantes de Municípios. Os Municípios tampouco mantêm um poder Judiciário, como
ocorre com os Estados e com a União.
Os Municípios podem ser criados fundidos ou desmembrados na forma do art.18, §4º, com a
redação da Emenda Constitucional n. 15/96. Exige-se, portanto, lei estadual para essas
ocorrências, plebiscito que escutará tanto a população do eventual novo Município como dos
demais envolvidos, estudos de viabilidade do novo ente e que se respeitem as limitações de
calendário dispostas em lei complementar federal.
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O Distrito Federal não se confunde quer com um Estado-membro, quer com um Município, acolhendo
características ora de um ora de outro, ora, ainda, de ambos. Rege-se, por exemplo, por uma lei orgânica, e
não tem poder de organização do Ministério Público e do Poder Judiciário que atua no seu território, da
mesma forma que os Municípios; mas é colocado ao lado dos Estados-membros quanto a várias
competências tipicamente estaduais, inclusive, como já visto, no que tange a competências legislativas
concorrentes com a União.
O Distrito Federal goza de autonomia, podendo se auto-organizar, por meio de lei orgânica própria. Dispõe
das atribuições também de auto-governo, autolegislação e auto-administração nas áreas de sua competência
exclusiva.
O seu desenho normativo constitucional oferece, porém, algumas limitações: não organiza e nem mantém o
Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, nem a policia civil ou militar ou corpo de bombeiros
-todos organizados e mantidos pela União, a quem cabe legislar sobre a matéria. Não tem, tampouco,
autonomia de utilização das polícias civil e militar. Só pode fazê-lo nos limites e na forma do que dispuser lei
federal.
O DF exerce competências dos Estados e dos Municípios. Mas não pode subdividir-se em municípios.
O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Distrital, composta por Deputados distritais em número
equivalente ao triplo da representação do Distrito Federal na Câmara dos Deputados, em que conta com 8
parlamentares.
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Territórios
Embora, hoje, não haja nenhum território, a Constituição Federal abre ensejo
a que eles sejam criados, por lei complementar federal (art. 18, §2º). Esses
territórios são descentralizações administrativas da União, carecendo de
autonomia.
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