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DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA FEDERAÇÃO

NOÇÕES PRELIMINARES
- A organização e estrutura do Estado pode ser: FORMA DE
GOVERNO, SISTEMA DE GOVERNO e FORMA DE ESTADO.
FORMA DE GOVERNO: República ou Monarquia;
SISTEMA DE GOVERNO: presidencialista ou parlamentarista;
FORMA DE ESTADO: Estado unitário ou Federação.
- Brasil adotou a forma republicana de governo, o sistema
presidencialista de governo e a forma federativa de Estado.
-Os artigos 18 e 19 da CF/88 trazem a organização político-
administrativa do Estado brasileiro, e consagram o princípio
FEDERATIVO, que está ligado à ideia de divisão espacial do
poder, que origina as formas de Estado.
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TERRITÓRIO: É o limite espacial dentro do qual o Estado exerce


de modo efetivo e exclusivo o poder de império sobre as
pessoas e bens.
FORMAS DE ESTADO: É determinada a partir da correlação entre
dois elementos do Estado: a Soberania (governo e poder) e o
Território.
I) UNITÁRIO (forma singular): Concentração de poder, que é
uno em função do território. Não possui senão um centro de
poder que se estende por todo o território e sobre toda a
população e controla todas as coletividades regionais e locais.
Ex: França, Chile, Uruguai.
II) FEDERAÇÃO: (forma plural): O poder repartido, dividido no
espaço territorial, gerando múltiplas organizações.
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ORIGEM: O termo “federação” vem de “foedus” ou “foederis”,


significa ALIANÇA, PACTO, UNIÃO, posto que da união entre
os estados que ela nasce.
A ideia de Federação nasce com a Constituição de 1787, na
convenção de Filadélfia, ocasião em que as 13 ex-colônias
inglesas resolveram abrir mão de parcela de suas soberanias,
tornando-se apenas autônomas, a fim de construir um novo
Estado, esta sim soberano. Assim, as colônias que eram todas
independentes, renunciaram este poder para criarem um
único Estado soberano (EUA). No Brasil a forma federativa de
estado nasce com a proclamação da República (1889) e
consolida-se com a Carta Magna de 1891.
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ESPÉCIES DE FEDERAÇÃO
I) CENTRÍPETA: (federação por agregação) - Há Nações
preexistentes, que se unem, formando um novo Estado. Ex:
EUA.
II) CENTRÍGUFA: (federação por desagregação) – Há uma Nação
preexistente que se divide em Estados-membros ainda não
existente. Ex: Brasil.
FEDERAÇÃO x CONFEDERAÇÃO
A Federação é a união de Estados-membros que unem,
formando um Estado soberano. A Confederação é a união de
Estados soberanos firmado-se através de Tratado. Ex:
MERCOSUL (Tratado de Assunção).
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CARACTERISTISCAS DA FEDERAÇÃO
a) Descentralização política: a própria constituição prevê
núcleos de poder político, concedendo autonomia para os
entes;
b) Repartição de competência: Há uma repartição de
competência entre União, Estados-membros, DF e
municípios;
c) Constituição rígida: visando estabilidade institucional;
d) Inexistência do direito de secessão: Não se permitindo que
seja retirado o direito de separação dos poderes;
e) Soberania do Estado federal: Os entes federados são
autônomos. Trata-se de autonomia recíproca entre os entes.
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f) Intervenção: diante de situação de crise, o processo


interventivo surge como instrumento para assegurar o
equilíbrio federativo;
g) Auto-organização dos Estados-membros: Através da
elaboração das constituições estaduais (art. 25 da CF/88);
h) Órgão representativo dos Estados-membros: Senado;
i) Órgão guardião da Constituição: STF;
j) Repartição de receitas: Assegura o equilíbrio entre os entes
federativos (art. 157 a 159).
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DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO
- Federalismo clássico (dual): Histórico, repartição rígida do
poder entre:
a) União – Poder central;
b) Os Estados - Poder regional.
- Federalismo brasileiro atual – Tricotômico (art. 1° e 18), pois
engloba:
a) a União - Poder central;
b) Os Estados-membros – Poder regional;
c) Distrito Federal (neutro)
d) Municípios – Poder local.
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UNIÃO FEDERAL
- A União possui “dupla personalidade”, pois assume um papel
interno e outro internamente.
Internamente: É uma pessoa jurídica de direito público interno,
componente da Federação brasileira e autônoma na medida
em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno,
autolegislação e autoadministração.
Internacionalmente: a União representa a República Federativa
do Brasil (art. 21, I e IV). Capital: Brasília (art. 18, §1°).
Bens da União (art. 20).
- Mar territorial: faixa de 12 milhas de largura a partir da baixa-
mar do litoral e insular brasileiro (art. 1° da Lei n° 8.617/93);
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- Zona contígua: faixa que se estende das 12 às 24 milhas


marítimas, contadas da linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial (art. 4° da Lei n° 8.617/93);
- Zona econômica exclusiva: faixa que se estende das 12 às 200
milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base servem
a largura do mar territorial (art. 6° da Lei n° 8.617/93);
- Plataforma continental: leito ou sobsolo das áreas marítimas
que se estendem além do seu mar territorial, em toda a
extensão da margem continental, ou até uma distância de
200 milhas marítimas das linhas de base, a partir do mar
territorial (art. 11 da Lei n° 8.617/93);
- Faixa de fronteira: faixa de até 150 quilômetros de largura, ao
longo das fronteiras terrestres (art. 20, §2° da CF/88).
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- As Terras devolutas: Bens públicos dominicais pertencentes à


União (art. 20, II, CF/88). As terras devolutas são
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental.
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO FEDERAL
Competência não legislativa (administrativa ou material). Não
diz respeito à atividade legiferante. São atos de gestão da
União.
- Regulamenta o exercício das funções governamentais, pode
ser EXCLUSIVA (indelegável) como COMUM (cumulativa,
concorrente administrativa ou paralela) aos entes federativos.
EXCLUSIVA: art. 21 da CF/88;
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COMUM (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela):


art. 23 da CF/88. Trata-se de competência comum a todos os
entes.
- O art. 23, parágrafo único, da CF/88, estabelece que LEIS
COMPLEMENTARES fixarão normas para COOPERAÇÃO entre
a União e os Estados, DF e os Municípios, visando o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
- O objetivo da Lei Complementar visa evitar não só os conflitos
como a dispersão de recursos, visando otimizar dos esforços
nacionais.
- O conflito de interesse será solucionado pelo princípio da
PREPODERÂNCIA DE INTERESSES.
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Competência Legislativa (elaborar leis). Foram assim definidas:


PRIVATIVA (art. 22 da CF/88): Permite-se a União, por meio de
lei complementar, autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias previstas no referido art.
22. Permite-se também que o DF possa elaborar leis,
mediante o art. 32, §1° da CF/88.
CONCORRENTE (art. 24) Define as matérias de competência
concorrente da União, Estados e DF. Neste caso, a União se
limita da estabelecer NORMAS GERAIS. Em caso de inércia da
União, inexistindo lei federal elaborada pela União sobre
norma geral, os Estados e o DF (art. 24 caput, c/c art. 32, §1°)
poderão suplementar a União e legislar, também, sobre
normas gerais, exercendo competência legislativa plena.
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Obs. Caso o Estado tenha elaborado norma geral, por


inexistência de norma federal, passando a União elaborar
norma geral, a norma elaborada pelo Estado terá sua eficácia
suspensa, se contrária à lei federal. Mas caso não seja
conflitante passam a conviver, perfeitamente, a norma geral
federal e estadual.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA EXPRESSA (art. 153 da CF/88):
tributos federais.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA RESIDUAL: (art. 154, I) – Institui
mediante lei complementar impostos não previstos no art.
153, desde que não sejam cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprio dos discriminados na CF.
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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA EXTRAORDINÁRIA (art. 154, II) A


União instituirá impostos extraordinários, em caso de guerra
externa ou calamidade pública, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

ESTADOS –MEMBROS
- São pessoas jurídicas de direito público interno. Advém do
poder constituinte derivado decorrente. São autônomos, em
decorrência da capacidade de auto-organização (art. 25),
autogoverno (arts. 27, 28 e 125), autoadministração e
autolegislação (18 e 25 a 28). Não possui soberania, mas
autonomia nos limites de sua competência.
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FORMAÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS - art. 18, §3° da CF/88.


“Os Estados podem incorporar-se entre si, subdivide-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de PLEBISCITO, e do CONGRESSO
NACIONAL, por LEI COMPLEMENTAR”
- Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios da Constituição
Federal (art. 25).
BENS DOS ESTADOS-MEMBROS
- Estão previstos no art. 26 da CF/88.
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COMPETÊNCIA NÃO LEGISLATIVA (administrativa ou material):


COMUM (cumulativa ou paralela) – art. 23 da CF/88. Comum a
todos os Entes da federação.
RESIDUAL (remanescente ou reservada): São reservada aos
Estados as competências administrativas que não lhe seja
vedada, ou que sobrar (resíduo) após a enumeração do ente
federativo (art. 25, §1°), ou seja, as competências que não
sejam da União (art. 21), do Distrito Federal (art. 23), dos
Municípios (art. 30, III a IX) e comum (art. 23).
C0MPETÊNCIA LEGISLATIVA (elaborar leis):
EXPRESSA (art. 25): Capacidade de auto-organização dos
Estados-membros, observados os princípios da CF/88;
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RESIDUAL (reservada) (art. 25, §1°): toda matéria reservada aos


Estados-membros, ou seja, o que não for de competência
expressa dos outros entes e não houver vedação, caberá aos
Estados materializar.
DELEGADA PELA UNIÃO (art. 22, parágrafo único): a União
poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias de sua competência privativa no art.
22 e incisos. A autorização se dá por meio de lei
complementar.
CONCORRENTE (art. 24): Os entes podem legislar entre a União,
Estados, DF e Município. Cabendo a União legislar sobre
normas gerais e aos Estados sobre normas específicas.
TRIBUTÁRIA EXPRESSA (art. 155): tributos dos estados.
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- Os serviços de gás canalizado serão explorados diretamente
pelos Estados, ou mediante concessão, na forma da lei,
vedando-se a regulamentação da referida matéria por medida
provisória .
- Trata-se da distribuição de gás canalizado, ou seja, de serviços
locais de comercialização de gás canalizado, junto aos
usuários finais, explorados com exclusividade pelos Estados
(art. 6°, XXII c/c art. 25, §2° da CF/88).
REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES URBANAS E
MICROREGIÕES
- O §3° do art. 25 da CF/88 estabelece que os Estados-membros
poderão instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, por meio de lei complementar
estadual, pelo agrupamento de municípios limítrofes (comum)
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Segundo o magistério de José Afonso da Silva


REGIÃO METROPOLITANA: Conjunto de municípios cujas sedes
se unem com certa continuidade urbana em torno de um
município-polo;
MICRORREGIÃO: Formam-se de grupos de municípios limítrofes
com certa homogeneidade e problemas administrativos
comuns, cujas sedes não sejam unidas por continuidade
urbana;
AGLOMERADOS URBANOS: Trata-se de áreas urbanas, sem um
polo de atração urbana, quer tais áreas sejam cidades sedes
dos municípios, como na baixada santista, em São Paulo, ou
não.

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