Você está na página 1de 13

Resumos- Direito Constitucional

Estado e poder político


O indivíduo tem uma tendência inata para se agrupar em células humanas mais vastas,
com o objetivo de solucionar mais eficazmente problemas com os quais pode vir a
lidar, de realizar tarefas de interesse comum, de reproduzir-se e socializar.
A sociabilidade começou por ser apenas um agrupamento por laços familiares,
posteriormente, passaram a haver agrupamentos em “gens” ou “clãs” e em tribos.
Mais tarde as aldeias e as cidades passaram a formar a componente territorial destas
sociedades primárias.
A existência destas sociedades humanas levou à necessidade da criação de meios de
resolução de conflitos e de organização coletiva, tendo em vista a salvaguarda da sua
existência e a prossecução de objetivos de interesse comum. O Homem em sociedade
exibe igualmente uma natureza conflitual, uma realidade até certo ponto fortificante e
positiva, mas este defeito leva á necessidade de o disciplinar, daí nasce o Direito para
garantir essa disciplina.
Para tal, deposita-se em certas entidades, a faculdade de poderem criar ou alterar
essas regras, de aplicar e de as fazer cumprir junto dos recalcitrantes, através do uso
da força. Emerge então a noção de poder, definido como a “possibilidade de
eficazmente impor aos outros o respeito da própria conduta ou de traçar a conduta
alheia”.

Estado  constitui o ente territorial mais eficiente ou perfeito no exercício de poderes


de autoridade sobre uma comunidade humana. O Estado é responsável, sem prejuízo
das suas obrigações externas, em dar preferência aos interesses nacionais já que foi
criado para servir as necessidades e aspirações do seu povo.
Estado contemporâneo  coletividade territorial integrada por um povo, que a ela se
encontra ligado pelo vínculo da nacionalidade e por um poder político soberano.

ELEMENTOS DO ESTADO
 Povo- conjunto de pessoas ligadas a um estado pelo vínculo jurídico da
nacionalidade e sem o qual o estado não existiria (estrangeiros fazem parte do
povo)
 Território- espaço onde residem e podem atuar a comunidade que habita o
solo de um estado, delimita o espaço onde podem atuar os órgãos de
soberania.
 Poder político- governo da coletividade de um estado em que a soberania é
considerada uma qualidade especial de um poder com uma identidade própria.
 Ordenamento jurídico-sistema composto por atos jurídicos e por autoridades
competentes para aplicar esses atos.

O Povo
 População- conjunto de pessoas que residem num Estado, nomeadamente
estrangeiros e apátridas. [...]
Não há obviamente coincidência entre povo e população, na medida em que nem
todos os residentes são cidadãos e nem todos os cidadãos de um Estado se podem
contar entre a população residente
 Nação- Conceito sociológico e cultural que abrange as pessoas unidas por
tradições, necessidades e objetivos comuns. [...]
Não há coincidência entre o conceito de nação e o conceito de povo, uma vez que, há
nações não organizadas em Estados ou que estão repartidas em mais do que um
Estado

Regime da nacionalidade
Artº 4ºC - “São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam considerados
por lei ou por convenção internacional”
- A noção jurídica e política de um povo tem assento constitucional, mas encontra-se
regida pela lei da nacionalidade. A constituição fala em cidadania e a lei fala em
nacionalidade, são sinónimos.

A nacionalidade pode ser de


 Aquisição originária- produz efeitos desde o nascimento do titular, seja por via
do “jus sanguinis” e da vontade, seja por força do “jus solis”, seja ainda por
critérios mistros dependentes da vontade do adquirente. Filhos de portugueses
têm nacionalidade portuguesa (art.1º-4º da Lei da Nacionalidade)
 Aquisição derivada- que produz efeitos em momento posterior ao nascimento,
englobando a adoção a naturalização e a atribuição graciosa pelo estado.
Portanto, emigrantes, em território nacional, podem a partir de um
determinado tempo com base em certos requisitos tornar-se portugueses. E
também há situações de graciosidade do país quando, por exemplo, um militar
faz um grande feito em combate e o Estado lhe atribui a nacionalidade. (art.5º
da Lei da Nacionalidade)
 Aquisição por naturalização- verificação dos pressupostos do art.6º e não
verificação dos pressupostos do art.9º da Lei da Nacionalidade

Cidadania Europeia
Todos os cidadãos dos estados membros da UE também são cidadãos europeus. A
cidadania europeia confere aos seus titulares uma pluralidade de direitos reconhecidos
nos tratados e no direito derivado da UE, como:
- Livre circulação do espaço europeu;
- Eleger e ser eleito em regiões locais;
- Eleger ou ser eleito para o parlamento europeu;
- Proteção diplomática das instituições europeias em caso de guerra civil ou ditadura,
no estado onde nos encontramos;

Estatuto de estrangeiro e apátridas em território português


Artigo 15º, número 1 C- “Os estrangeiros ou apátridas que residam em Portugal gozam
dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português”. Mas com algumas
exceções previstas nos outros números do mesmo artigo.

O Território
Espaço geográfico onde o Estado exerce os seus poderes de domínio, território onde
habitam e podem atuar os residentes de um determinado estado.
Delimitado por fonteiras:
 Terrestre- solo e subsolo, linhas de fronteira à superfície
 Aéreo- espaço suprajacente
 Marítimo- águas territoriais, zona contígua, ZEE, plataforma continental

O Poder Político soberano


O poder político do Estado diferencia-se das restantes formas de poder por possuir um
atributo próprio que é a soberania.
Soberania(art.3º) - faculdade do Estado de se poder livremente auto-organizar no
plano jurídico, de poder tomar decisões obrigatórias para os cidadãos e para outros
entes públicos e privados, e por ter capacidade de representar internacionalmente os
interesses externos da coletividade num quadro de igualdade formal com outros
Estados.
A soberania é exercida pelos órgãos políticos que exprimem a vontade da coletividade,
sendo este um atributo supremo do poder político.

Poder constituinte- faculdade de um povo ou de um órgão (atuando em representação


do povo) aprovar uma lei hierarquicamente superior designada por Constituição. Esta,
regula a ordem jurídica bem como o estatuto do poder político e da sociedade.

Existem três tipos de soberania


 A soberania constituinte- a possibilidade de o estado se auto-organizar política
e socialmente (aprovar uma constituição). É um atributo próprio do estado
soberano.
 Soberania interna –os governantes exprimem a vontade funcional do Estado,
em poderem fazer-se obedecer pelos governados, através de uma relação de
domínio que não consente interferências externas. É uma qualidade vertical do
poder e, no Estado de direito, encontra-se limitada pela constituição (o poder
de autoridade não é absoluto).
Exercício de um poder de autoridade de estado em se fazer obedecer pela
população. Trata de matéria tributária.
 Soberania Externa – ligada à ideia de independência, implica que o princípio de
igualdade jurídica-formal entre Estados, com base na Carta das Nações Unidas,
seja observado e que as autoridades de um Estado atuem como seus únicos
representantes na salvaguarda dos seus interesses na sociedade internacional.
O estado assume a representação externa da coletividade estadual face a
outros estados. Sofre várias limitações, há estados que limitam a sua soberania
ao criarem tratados

A soberania também qualifica os Estados que a detém. Isto porque permite


distinguir aqueles que são plenamente soberanos (como os EUA e a China), dos
estados com soberania limitada (membros de uma organização supranacional como a
UE), dos Estados semissoberanos (protetorados internacionais como o Kosovo), dos
Estados falhados como a Somália, e dos estados não soberanos (federados
autónomos).
Os órgãos de soberania exercem os seus poderes soberanos de acordo com as
ordens da constituição (lei fundamental que regula os direitos e deveres da
população), e não de forma arbitrária.
Soberania do povo- atos de eleição e atos referendários (referendas).

ÓRGÃOS DE SOBERANIA EM PT (ART.110º-CRP)


 Presidente da república
 Assembleia da república
 Governo
 Tribunais

Presidente da República
O presidente é o chefe de estado, é o órgão de soberania que representa a república
portuguesa, tem também uma função representativa da comunidade nacional como
um todo e assume simultaneamente a representação externa do Estado. Tem o dever
de defender, cumprir e fazer cumprir a constituição [...]

Assembleia da República (art.147º e seguintes)


É o órgão de soberania político representativo de todos os cidadãos portugueses. A AR
é um órgão colegial pois é composto por uma pluralidade de membros (parlamento
unicameral composto por um mínimo de 180 deputados e um máximo de 230). Tem o
dever de aprovar leis sobre todas as matérias exceto as reservadas ao governo [...]

Governo (art.182 e seguintes)


É o órgão de soberania de condução política geral do país e é também o órgão superior
de administração pública. Tem o dever de aprovar decretos-leis e responde
politicamente à AR. É composto por órgãos singulares ( o Primeiro Ministro, os
ministros e o vice PM, o secretário de estado e o sub-secretário de estado) e é um
órgão colegial pois tem um concelho de ministros [...]

Tribunais (art.202º e seguintes)


93 PJ

FORMAS TERRITORIAIS DE ESTADO


O poder político compreende uma relação hierárquica de supremacia entre o centro
de poder soberano e os territórios periféricos. Assim, as coletividades periféricas
(autarquias locais e regiões) passam a exercer funções de autoridade pública
atribuídas pelos órgãos de soberania dentro dos limites impostos pela lei e nos termos
da Constituição.
 Poder territorial- simbiose entre território e soberania, conceder autonomia a
um ente territorial (exº estados EUA; regiões autónomas; autonomias locais) -
forma de autogoverno, entidades jurídicas são titulares de direitos e têm
capacidade de exercício de leis, bens públicos.

Autonomia facultar direitos próprios e prosseguem interesses que não são do


Estado. Em várias doutrinas autonomia entende-se por autorregulação. Alguns entes
públicos podem organizar-se juridicamente e criar um direito próprio que, não só é
reconhecido pelo Estado como também, ao incorporar-se na ordem jurídica torna-se
obrigatório.
 Descentralização e autonomia
o Descentralização territorial- envolve um policentrismo de autoridades
públicas com personalidade jurídica e autonomia no exercício de
funções jurídico-públicas que partilham com o poder político soberano.
Transmitem um conjunto de competências exercidas autonomamente
para as suas populações. O centro não é responsável pelas necessidades
próprias dessas populações que elegem os seus representantes.

o Desconcentrações- técnica utilizada pelo poder político soberano para


descongestionar os seus serviços e responder mais rapidamente a
exigências locais ou regionais. Isto é feito através da atribuição de
poderes de autoridade a órgãos que lhe são hierarquicamente inferiores
e que são instalados nos territórios periféricos para agirem em nome do
Estado. O Estado detém as regiões que continua a orientar. Estruturas
territoriais criadas pelo Estado, seguem interesses do Estado e não
próprios.

Existem diferentes tipos de descentralização, sendo que estas divergem na dimensão e


no grau de autonomia que a Constituição e o poder político reconhecem às diversas
comunidades territoriais menores.
Importa destacar os 3 grandes tipos de descentralização em grau ascendente quanto
ao nível de autonomia reconhecida às comunidades territoriais:
 Descentralização administrativa- atribuição de autonomia administrativa,
financeira e patrimonial a coletividades territoriais organizadas sobre a forma
de autarquias locais.
 Descentralização político-administrativa- atribuição a municípios ou macro
parcelas territoriais de um tipo de autonomia não apenas administrativa,
financeira e patrimonial, mas também política (os órgãos de poder dessas
entidades dispõem de competência para aprovar leis e atos políticos)
 Descentralização constitucional- pressupõe que determinadas macro parcelas
territoriais (estados autónomos) gozem não só de autonomia político-
administrativa, financeira e patrimonial, mas também de autonomia
constitucional (aprovarem e reverem a respetiva Constituição, no respeito da
Constituição do Estado soberano que integram) e autonomia jurisdicional.

 Formas de Estado- forma como se estabelecem relações entre o poder político


estadual e o território. Existem duas formas de Estado:
o Estado Unitário(art.6º) -coletividade territorial soberana com um único
estado que é regido por uma única Constituição. A Constituição,
estando numa posição de supremacia perante as restantes leis, rege o
poder político e as coletividades territoriais, que podem gozar de
descentralização administrativa ou político-administrativa.

o Estado Federal- composto por diversos estados federados e regido por


um conjunto de várias Constituições em que cada federação tem a sua,
mas devem vincular-se à Constituição Federal que é hierarquicamente
superior. Coletividade territorial que forma um Estado Composto
(dividido em vários estados federados) com autonomia mais avançada.

Estado Unitário
A natureza unitária implica que exista apenas uma Constituição. Sendo assim, esta
rege tanto a organização e funcionamento do poder político central como a dos
poderes das coletividades territoriais.

Modalidades do estado unitário:


 Simples: a descentralização é administrativa, há uma decomposição do
território em municípios. Modalidade mais centralizada e ocorre em
estados de pequena dimensão (exº países Bálticos e Luxemburgo)
 Regional: para além da descentralização em municípios, há a criação de
regiões às quais são atribuídas poderes públicos de autoridade. São
parcelas territoriais extensas em que as povoações estão unidas por fatores
culturais económicos e geográficos que solidificam um sentimento comum
de pertença a uma comunidade.
o Estado unitário com regionalização administrativa:
têm poderes administrativos
têm autonomia financeira
têm autonomia patrimonial
sem autonomia política
as autoridades das regiões são eleitas democraticamente
exº França e Grécia
o Estado unitário com regionalização político-administrativa
são cometidos ás regiões aprovar atos políticos
aprovar atos legislativos (leis)- 226º/227º RA
têm competências administrativas, financeiras e patrimoniais
exº regiões autónomas ou Itália

Portugal é um Estado Unitário Regional Periférico (ou de carácter parcial) —art.6º


Os Estados Unitários podem ainda organizar-se com base na regionalização, que pode
ser:
 Homogénea- em que todas as regiões têm um estatuto igual
 Heterogénea- em que algumas regiões têm um estatuto especial que prevê
uma autonomia mais avançada em relação às características identitárias da
população e da especificidade do território.

Estado Federal
Identifica-se com a ideia de que uma dada coletividade territorial soberana é um
Estado composto por diversos outros Estados federados, cada qual servido por uma
Constituição e um poder constituinte próprio. Esta deve vincular-se à Constituição
federal, sob pena de invalidade, já́ que a Constituição federal é hierarquicamente
superior à dos Estados federados (exº suíça, Alemanha, EUA).

Modalidades de Federalismo:
 Federalismo Originário: (ou centrípeto) os Estados federais são constituídos
a partir da prévia existência de Estados autónomos (a sua junção). Estados
previamente independentes que acordam renunciar à sua soberania para
constituir uma federação.
Com este tipo de federalismo advém o reconhecimento e um maior grau de
autonomia constitucional, política, administrativa e financeira aos Estados
federados, já́ que estes possuíam originariamente as suas próprias ordens
políticas e constitucionais soberanas, que foram reformadas de forma a

 Federalismo Derivado: (ou centrífugo) o Estado nasce unitário por ter um


grande espaço territorial ou variação de culturas. Iniciaram um processo de
transferência de poderes constitucionais, políticos e administrativos para
regiões, de forma a transformá-las em estados federados. Poderes a partir
do centro, para a coletividade.
Se excetuarmos o caso alemão, por via de regra, o federalismo centrifugo
implica o reconhecimento aos Estados federados de uma autonomia menos
avançada que no federalismo centrípeto.

Estado Unitário ≠ Estado Federado


 Características do Estado Unitário:
 Os municípios e regiões não participam na alteração da Constituição
 Dispõe de uma única ordem judiciária
 As instituições parlamentares representam todo o povo do mesmo Estado,
independentemente da sua origem territorial
 O poder central designa comissários junto das coletividades territoriais
autónomas
 No Estado unitário regional, as regiões não dispõem da faculdade de
aprovar convenções internacionais

 Características dos Estados federais:


 Os órgãos representativos dos estados membros intervêm no processo de
alteração da constituição federal
 Integra uma ordem de tribunais da Federação e uma ordem de tribunais dos
entes federados, devendo os tribunais dos Estados federados acatar as
decisões do Supremo Tribunal ou do Tribunal Constitucional da Federação.
 Os parlamentos das federações são integrados por uma camara de
representação dos Estados Federados e dos seus interesses
 O poder central não se faz representar a esse nível, sem prejuízo de, em caso
de quebras graves da autoridade federal ou da ordem pública, poder utilizar
meios de intervenção excecional nos territórios (coação federal)
 Em algumas federações (exº: EUA e Alemanha), os estados federados podem
aprovar acordos internacionais com outros Estados, desde que sujeitos à
confirmação federal.
Regiões autónomas (art.225º e seguintes)
Segundo o art.6/2, a RAM e a RAA, são dotadas de estatutos político-administrativos e
de órgãos de Governo próprio, traduzindo-se isto na qualificação do Estado português
como um Estado unitário com uma regionalização político-administrativa periférica.
A restante parte do território encontra-se sujeita a um regime de autonomia
puramente administrativa atribuída às autarquias locais, cujo regime se encontra
previsto nos art.235.

LEGITIMIDADE E LEGITIMAÇÃO DO PODER


O Estado apresenta-se efetivamente como a única entidade pública dotada de
capacidade para garantir, com elevado grau de efetividade, a obediência às suas
normas, através de medidas coercivas. É o Estado o ente que detém, com maior
perfeição, o monopólio do uso da força para fazer cumprir, junto das pessoas
individuais e coletivas, as regras que dele promanam.
Vínculo de obediência que conduz à ideia de domínio baseado nas leis governantes
e governados

Legitimidade justificação substancial do poder. Fundamento material e político do


poder. Tem de haver um fundamento para o exercício de poderes de autoridade.
Valores de ordem:
 Política
 Tradicional- costumes/regras costumeiras para respeitar a autoridade (exº
respeitar os mais velhos, chefes de estados)
 Carismática- lideranças providenciais, qualidades políticas, capacidades de
influenciar (exº líderes populistas)
 Legal racional- obediência às leis e à Constituição, tem que ser densificada
com outro tipo de fundamento
o Legitimidade democrática- deriva do consentimento dos
cidadãos (eleições)
o Legitimidade revolucionária- aqueles que têm força rompem
com um regime existente e criam uma nova ordem jurídica
o Legitimidade legal burocrática- obediência às autoridades
instituídas pelo sistema legal vigente que atuam sobre um
aparelho administrativo, intrusivo e repressivo

OS REGIMES POLÍTICOS
Regimes políticos ≠ forma de Estado modelo doutrinal ou ideológico que justifica ou
fundamenta a legitimidade do poder de um Estado e a relação entre governantes e
governados.
 a ideologia consiste na simplificação de uma doutrina política com ideologias que
justificam o poder de autoridade através de uma ideia forçada de Direito- organização
do poder

Primórdios da democracia Europeia Inglaterra


Características de um regime democrático contemporâneo
regime de eleições livres e sem coação, regulares e periódicas
sufrágio tem de ter alternativa de opções, pluralismo
voto único- cada pessoa vota uma vez

Sufrágio (voto)
 Universal
 Secreto
 Direto
 Periódico (novas eleições depois de terminados os mandatos)

Direitos fundamentais dos cidadãos- a existência de governos implica a existência de


partidos que se opõem a eles:
 Direito de oposição
 Liberdade de expressão
 Direito de acesso a cargos públicos
 Liberdade de emprego
Para garantir a regularidade das eleições é preciso que haja controlo tribunal
constitucional

Pirâmide Hierárquica
CR
Um Decreto de Lei pode revogar uma lei porque são
P hierarquicamente igualitários. Norma mais recente é a que
Leis e decretos
de leis
prevalece devido à cronologia. Mas ambos dão
hierarquicamente inferiores à constituição (art. 112-2).
Regulamentos

Ato administrativo

Constituição Ato normativo hierárquico superior; base do ornamento jurídico


Decreto de Leis ato legislativo aprovado pelo Governo
Lei ato legislativo aprovado pela Assembleia da República
Decretos legislativos regionais decretos legislativos das regiões autónomas da
Madeira e dos Açores (art.3-3)

Tipos de inconstitucionalidade
 Orgânica- quando um órgão aprova um ato que não é da sua competência. -
violar normas de competência. Quando um órgão aprova um ato que não é da
sua competência
 Formal- quando a ordem de procedimento de um ato é violada. violar
exigências de forma ou de procedimento (não segue os passos necessários para
realizar um ato
 Material- quando uma norma de conteúdo é violada (descriminação). violar um
princípio material da constituição
[órgãos do estado só podem atuar se tiverem uma norma que os permita fazê-lo]

[...]

O Sistema Político da III República Portuguesa


(Um semipresidencialismo de geometria variável)
O sistema político entronizado pela Constituição de 1976 foi definido como
semipresidencialista por uma parte maioritária dos juspublicistas e politólogos
nacionais e, também, por um apreciável número de expoentes estrangeiros.

SISTEMA DE GOVERNO
Sistema político – modelo de estruturação e de relacionamento dos órgãos de
soberania
no exercício do poder político.
Os três sistemas de governo típicos dos regimes democráticos consistem nos sistemas
parlamentaristas, presidencialistas e semipresidencialistas. Como categoria isolada e
atípica cumpre, ainda, mencionar o sistema diretorial.

 Sistemas parlamentaristas – forma de poder em que a formação e a subsistência


do Governo em funções depende, exclusivamente, da vontade de um Parlamento
eleito pelos cidadãos, perante o qual o Executivo é politicamente responsável,
exercendo Chefe de Estado competências predominantemente cerimoniais,
honoríficas, certificatórias e limitadamente arbitrais.
Este sistema assenta, ainda, nos seguintes atributos:
 ▪  a coexistência entre 3 órgãos soberanos que exercessem a função política: o
chefe de Estado, o Parlamento e o Governo.
 ▪  relação fiduciária entre o Parlamento e o Governo, pautada por controlos
recíprocos, mas com dependência do segundo em relação ao primeiro, no
sentido em que o Governo carece de constante confirmação do Parlamento,
bem como responde politicamente, a título exclusivo, perante o Parlamento,
permanecendo em funções enquanto não merecer, aos olhos do Parlamento, a
sua reprovação política.
 ▪  existência de uma diarquia institucional e simbólica no poder Executivo – dois
polos de poder (Chefe de Estado e Governo) que partilham o exercício do poder
Executivo, sendo que a função do chefe de Estado é meramente simbólica e
certificatória.
 menor peso político do chefe de Estado na triangulação institucional, na
medida em que este exerce funções honoríficas de representação nacional,
bem como faculdades certificatórias e poderes limitadamente arbitrais ou
reguladores, como a dissolução do Parlamento, sobre solicitação do Governo
ou do Parlamento, e a mediação de certos conflitos.
Nos regimes republicanos, os PR dos sistemas parlamentares eram, por regra, eleitos
pelo Parlamento, o que levou a doutrina clássica a integrar esse atributo na própria
definição de parlamentarismo.

Contudo, o processo de designação do chefe de Estado deve ser colocado fora de uma
definição abrangente de parlamentarismo, já que a par de Monarcas e Presidentes
eleitos pelo Parlamento, surge um número significativo de Estados em que o
Presidente é eleito por sufrágio universal (e.g. Irlanda, Finlândia e Lituânia).

Podemos verificar a existência de uma bancada parlamentar maioritária ou a


existência de um Parlamento fragmentado.

 Parlamentarismo- o chefe de estado não tem legitimidade democrática e o


Governo responde politicamente perante o parlamento. A falta de legitimidade
leva a que seja necessário a intermediação de um outro órgão que tenha
legitimidade democrática (normalmente é o governo através do PM). A
formação, subsistência e demissão do Gov dependem politicamente da
vontade do Parlamento. Se o parlamento não quiser um governo, pode
encurtar o seu mandato através de moções de censura

 Sistemas presidencialistas
Caraterísticas:
▪ Legitimação popular do PR por via de uma eleição por sufrágio universal.
▪ Chefia direta do Governo ou administração pelo mesmo chefe de Estado.
▪ Independência política e funcional estabelecida entre o Chefe de Estado e o
Parlamento, sem prejuízo da existência de controlos recíprocos.
Este é o sistema, segundo BM, onde a separação de poderes teorizada por
Montesquieu se encontra mais presente.
 Presidencialismo- o chefe de estado tem legitimidade democrática (pode
exercer as suas competências com autonomia) e é o líder do governo ou
executivo. O parlamento também tem legitimidade democrática mas o governo
não responde politicamente perante o parlamento, o que significa que nem o
chefe de estado pode dissolver o parlamento e nem o parlamento pode
destituir o chefe de estado, os mandatos não podem ser encurtados

Semipresidencialismo – sistema híbrido ou misto em que o Governo encabeçado por


um PM é duplamente responsável, no plano institucional ou político, perante o
Parlamento e perante um Presidente eleito por sufrágio universal que dispõe da
faculdade de exercer poderes com alguma relevância a nível de controlo ou até de
direção interinstitucional, destacando-se nestes a competência livre ou autónoma para
dissolver o Parlamento.

Compreendendo no seu ceio subtipos: de maior pendor presidencial (França); de forte


pendor parlamentar (Áustria); ou de geometria variável que vacila entre o pendor
parlamentar e o pendor governamental (Portugal).
 Semipresidencialismo- o chefe de estado tem legitimidade democrática e tem
competências políticas de confirmação política significativa e pode por isso
inferir autonomamente no exercício do poder político. O Governo responde
politicamente perante o parlamento.

SISTEMAS ELEITORAIS
O sufrágio eleitoral pode ser:
→ Direto – englobando um colégio eleitoral geral e homogéneo, que consagre os
cidadãos eleitores, correspondentes aos círculos eleitorais ordenados
geograficamente.
→ Indireto – sucessão ordenada de colégios em que os eleitores de um colégio
eleitoral vão designar os eleitores de outro colégio de grau superior sendo,
eventualmente, estes que elegeram o titular ou os titulares do poder (e.g. eleição
presidencial norte-americana).

Em razão do modo como logram transformar os votos em mandatos e influir na


representação parlamentar dos partidos que se submetem a atos eleitorais, os
sistemas eleitorais podem ser:
▪ Sistemas maioritários – o Estado divide-se em círculos ou circunscrições
eleitorais de pequena dimensão e o partido vencedor ganha a totalidade dos
mandatos em disputa
▪ Sistemas proporcionais – o Estado divide-se num único círculo plurinominal ou
em círculos regionais plurinominais (Portugal), os partidos apresentam listas de
candidatos nas circunscrições em disputa e o número de mandatos atribuídos a cada
partido, por ciclo, tem uma correspondência mais ou menos acentuada, em relação ao
número de votos nulos obtidos, favorecendo-se, tendencialmente, uma distribuição
equitativa de lugares entre grandes, médias e pequenas formações partidárias
▪ Sistemas mistos – combina uma forma de escrutínio proporcional com outra
maioritária, onde o eleitor dispõe de 2 votos, um para eleger um mandatário num ciclo
uninominal e outro para eleger o mandatário, de entre aqueles constantes nas listas
partidárias, num círculo plurinominal, procurando sempre favorecer-se, por via de
regra, os maiores partidos, sem prejudicar a representação das minorias como a
expressão eleitoral minimamente relevante.

Os sistemas eleitorais têm um triplo efeito:


▪ sobre os eleitores – escrutínios maioritários podem: travar a dispersão de votos por
uma pluralidade de partidos correspondentes às preferências ideológicas imediatas do
eleitorado; ou, fomentar a respetiva dispersão favorecendo o voto sincero, nos
sistemas proporcionais simples.
▪ sobre os partidos – os sistemas eleitorais poderão sentir uma maior concentração ou
dispersão dos votos, favorecendo, respetivamente, uma redução do número de
partidos representados no Parlamento ou, inversamente, uma fragmentação
pluripartidária na instituição parlamentar.
▪ sobre o sistema político – sistemas bipartidários, sistemas multipartidários bipolares
com partidos interdependentes ou sistemas multipartidários mitigados com formações
charneira (pequenos partidos centristas aptos a coligar-se com grandes partidos à
esquerda ou à direita, que alternam o poder) tendem a concentrar o poder e fabricar
Governos estáveis e liderantes suportados por uma maioria parlamentar, já os
sistemas multipartidários dispersivos tendem à precariedade e debilitação do
Executivo e ao reforço do peso do Parlamento.

pp.76 e seguintes características do sistema político

CONSTITUIÇÃO
Com raras exceções, os Estados são regidos por Constituições, independentemente de
serem regimes democráticos ou ditatoriais. Assim, é de concluir que a Constituição é
um estatuto identitário do poder político estadual e o estatuto da sociedade nas
relações entre os governados e esse poder (detido pelos governantes).
É a Constituição também quem fundamenta o poder dos governantes e disciplina
juridicamente a sua organização.

Fim estruturante
A Constituição corporiza instrumentalmente um fim estruturante da ordem estadual
que é o de legitimar e regular o poder político, bem como o de traçar os princípios
ordenadores da sociedade.
A Constituição justifica o poder político de um Estado, já que, como ato soberano,
justifica a autoridade de uma forma de poder público em torno de um conjunto de
valores e princípios políticos, jurídicos, éticos, sociais e até religiosos, que erige a favor
de uma unidade coletivamente aceite, de forma expressa ou tácita. Trata-se de uma
legitimação com uma dimensão política e com uma componente “legal, racional”.
Por outro lado, a Constituição, como norma de organização, regula e imita o mesmo
poder político, disciplinando as suas instituições fundamentais no que respeita à
designação dos seus titulares, exercício de competências e relações de controlo
interorgânico.
Finalmente, a Constituição, toma posição sobre princípios de organização social,
definindo aspetos de relacionamento das pessoas com os órgãos de poder, em termos
de direitos, prerrogativas e deveres.
Note-se que são os direitos fundamentais das pessoas que constituem o núcleo da
organização social das Constituições modernas, já que estes direitos fazem- se valer
frente aos poderes públicos e constituem um limite à atuação destes.

Classificação de constituição- pp145

• Pinceladas fundamentais sobre os sistemas constitucionais comparados


pp. 50 e seguintes

Você também pode gostar