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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

É o ramo do direito que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais


do Estado. Tem por objeto o estudo do Poder, sua organização, estruturação, limitação. Sendo
a norma suprema que rege a organização de um Estado Nacional. Chamada de Carta Magna ou
Lei Maior ou Carta Política ou Constituição Cidadã. Já foi idealizada de 3 formas:

-Constituição Sociológica:
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela constituída pela sociedade em geral,
exemplo: só se torna constituição quando a nação apresenta cultura, economia, políticos, e
qualquer outra coisa que constitui uma sociedade, caso ao contrário não seria constituição.

-Constituição Política:
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, afirma que a constituição política é fundamental, ou
seja, ela é o resultado da vontade política, do poder constituinte originário se traduz na
estrutura do país e dos poderes, e na presença de uma relação com os direitos fundamentais,
caso contrário não passariam de meras leis constitucionais.

-Constituição Jurídica: (atual)


Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela formada com o conjunto de normas
jurídicas fundamentais para que o Estado se estruture, ou seja, a Constituição seria uma norma
jurídica pura(deve se constituir no conjunto de normas com mais alto grau de validade, deve
servir de pressuposto para a criação das demais normas que compõem o ordenamento
jurídico). Também criou a pirâmide normativa:

A atual Constituição foi promulgada em 5 de Outubro de 1988. Representou uma quebra de


paradigma com as constituições anteriores, pois colocou os direitos fundamentais como centro
do ordenamento jurídico. A dignidade humana como um dos fundamentos brasileiros.

-Características dos direitos fundamentais:


São universais pois se destinam à todos os seres humanos indistintamente. Eles são:
.Irrenunciáveis: pois uma pessoa não pode abrir mão de seus direitos.
.Relativos: pois não existem direitos absolutos. Caso haja uma colisão de direitos, deve ser
analisado caso a caso para ver qual deve prevalecer.
.Historicidade: onde os direitos humanos são fruto do processo histórico, resultam de uma
longa caminhada histórica marcada muitas vezes por lutas, sofrimento e violação da dignidade
humana. Os direitos foram reconhecidos, logo não são naturais, pois não são atemporais.
Existe a chamada proibição de retrocesso, ou seja, não pode suprimir nenhum direito já
existente com um novo reconhecido.
.Universalidade: Divide-se em dois sentidos: Um dizendo que se destinam a todas as pessoas
sem discriminação, e o segundo se referindo a abrangência territorial universal de validade em
todos os lugares do mundo, com surgimento de documentos internacionais protetores de
direitos humanos, havendo a existência de uma família humanidade ilustrada pela DUDH
(Declaração Universal dos Direitos Humanos).
.Essencialidade: significa dizer que os direitos humanos são inerentes (inseparável) ao ser
humano, tendo dois aspectos: o material que representa os valores supremos do homem e sua
dignidade e o aspecto formal, isto é, assume posição normativa de destaque.
.Imprescritibilidade: significa dizer que a pretensão de respeito e concretização de Direitos
Humanos (DH) não se esgotam pelo passar dos anos, podendo ser exigida a qualquer
momento.
.Inviolabilidade: impossibilidade de desrespeito ou descumprimento por determinações
infraconstitucionais.
.Efetividade: a atuação do Poder Público no sentido de garantir a realização dos DH e garantias
fundamentais previstas na CF (Constituição Federal).
.Interdependência: os direitos, apesar de autônomos, possuem diversas intervenções para
atingirem suas finalidades (dependência mútua), exemplo: o habeas corpus(garantir a
liberdade diante de prisão ilegal).
.Inalienabilidade: onde os DH não são objeto de comércio e, portanto, não podem ser
alienados(vendidos), transferidos.
.Concorrência: onde a pessoa exerce concorrentemente os seus direitos ao mesmo tempo, ou
seja, pode exercer o seu direito de vida juntamente com o direito de ser livre, ter moradia,
trabalhar, saúde, vestiário, etc.

OBS: existem dois tipos de constituição, a outorgada e a promulgada; a outorgada é aquela


imposta pelo governante(autoritarismo), a primeira constituição, exemplo a Constituição de
1824 – Dom Pedro I . A promulgada é aquela que é democrática, ou seja, votada (Assembleia
Nacional Constituinte, eleita pelo povo) exemplo a atual CF de 1988 que é promulgada porém
de origem outorgada. / nossa forma de organização estado é a federação; forma de governo é
republicana.
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Constituição da República Federativa do Brasil

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
  Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;        
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

  Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.

  Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
  Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

OBS: Fundamento é aquilo que sustenta a República Federativa do Brasil.

*Territórios não fazem parte da federação (autarquia territorial) fazem parte apenas estados,
municípios e Distrito Federal (autonomia)- não existe direito de secessão, ou seja, nenhum
estado, município e DF pode sair, pois existe uma união indissolúvel.

Art 1- SOCIDIVAPLU
SOberania- é a capacidade que o país tem de fazer valer seu próprio direito dentro de seu
território.
CIdadania- capacidade de agir enquanto cidadão em todas as esferas.
DIgnidade da pessoa humana- se refere a ter uma vida digna.
VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa- limites que se refere a proteção do trabalhador
PLUralismo político- liberdade ideológica com respeito à diversidade do pensamento político.

Art 2- Função típica e atípica dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.


Legislativo: tem como função típica legislar e fiscalizar os atos do Executivo, e função atípica
administrar e julgar.
Executivo: função típica de administrar, de executar os principais serviços públicos que são
prestados diretamente à população (segurança, educação, saúde) e atípica, a função de
legislar, como o poder que o presidente da república tem e expedir decretos e medidas
provisórias.
Judiciário: função típica de julgar, exercendo a jurisdição, ou seja, aplicar a lei ao caso concreto
para resolver qualquer conflito, e função atípica temos como exemplo a criação do regimento
interno do tribunal, que seria uma função de legislar.

Art 3- Traz metas, objetivos que a CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil) busca
atingir, são ações que o país deve buscar, construir uma sociedade livre, justa e solidária,
garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art 4- princípios pelos quais a CRFB deve reger nas suas relações internacionais, respeito a
dignidade da pessoa humana e a soberania dos outros estados. Nosso posicionamento é
diplomático não intervencionista e pela defesa da paz.
PODER CONSTITUINTE
É o poder de criar ou atualizar uma constituição, se divide em originário e derivado.

-Poder Constituinte Originário: É o poder de criar uma constituição seja a primeira ou nova
constituição. Em países democráticos quem faz a constituição é a Assembleia Nacional
Constituinte, essa assembleia é eleita pelo povo. Em países não democráticos, o governo que
faz ou dá a ordem para alguém fazer (Constituições democráticas são promulgadas e NÃO
democráticas são outorgadas). É inicial, ilimitado, incondicionado, permanente ou latente.
Pode ser de 2 espécies, histórico ou revolucionário; histórico quando se fala da primeira
constituição do país, e revolucionário se refere a todas as outras constituições que não sejam a
primeira, tem esse nome pois rompe com a ordem jurídica anterior.

-Poder Constituinte Derivado: Tem como característica de ser secundário, limitado,


condicionado e subordinado. Deve obedecer a ordem do originário. Se divide em decorrente,
reformador e revisor.
*Decorrente: É o poder conferido aos Estados-membros para se organizarem por meio de suas
constituições estaduais que devem sempre respeitar a Constituição Federal. Cada estado tem
sua própria Constituição Estadual criada pela Assembleia Legislativa. Os municípios NÃO tem
poder decorrente, não possuem constituição apenas uma lei orgânica que respeita a
Constituição Federal e do estado.
*Reformador: É o que possibilita mudanças na constituição por meio de emendas
constitucionais, as quais para ser aprovada precisam haver um quórum qualificado de
aprovação de 3/5 de membros em dois turnos de votação em cada casa do Congresso
Nacional, tanto a Câmara dos Deputados como o Senado Federal devem aprovar o conteúdo
da emenda por 3/5 em dois turnos nas duas casas. NÃO é possível fazer emendas
constitucionais com a vigência de intervenção Federal, estado de defesa ou de sítio, além disso
uma emenda não pode reduzir cláusula pétrea(que não pode ser alterado, é permanente), a
emenda pode ampliar direitos constantes em cláusula pétrea mas jamais reduzir.
*Revisor: É o poder para que o Congresso Nacional pudesse revisar o texto constitucional. Em
uma revisão realizada após cinco anos da promulgação da Constituição. Em 1994 foram feitas
seis emendas de revisão da atual CF.

-Poder Constituinte Difuso: É um processo informal de mudança da Constituição que decorre


da jurisprudência através daquilo conhecido como mutação constitucional, onde não se
mudam as palavras mas sim a interpretação de acordo com os fatores sociais, políticos e
econômicos do atual momento, exemplo disso foi o reconhecimento da união estável entre
pessoas do mesmo gênero; no art 226 da CF consta que é reconhecida a união estável entre
homem e mulher como entidade familiar, diante disso em 2011 o Supremo Tribunal Federal
(STF) entendeu que atualmente o conceito de união estável também abrange os casais
homoafetivos, por isso o STF promoveu uma mutação constitucional.

PRINCÍPIO DA CONTEMPORANEIDADE
Onde uma lei só é constitucional ou inconstitucional em relação ao período histórico ao qual
foi produzida, logo, se a lei é incompatível com a nova Constituição é correto dizer que não foi
recepcionada (no caso não entra na nova constituição), a consequência prática é que a
realização do controle não vai ser feito por Ação Direta de Inconstitucionalidade ou ADI outra
ação Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), responsável por revogar
ou recepcionar leis, acontece o que se chama repristinação, que é a volta de uma lei que já foi
revogada, porém só poderá retornar se estiver expressa que poderia entrar em vigor
novamente de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).

-O QUE ACONTECE COM A CONSTITUIÇÃO ANTERIOR?


Pode acontecer de a nova constituição autorizar que a constituição anterior permaneça em
vigor porém com status de lei infraconstitucional, esse fenômeno se chama
desconstitucionalização; não ocorre automaticamente só ocorre se a nova constituição
permitir expressamente.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DISPOSIÇÕES GERAIS


Art 37 ao Art 41 da CF.
Fala no Art 37 sobre o LIMPE. Art 37 caput: A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, Eficiência.
OBS: A “eficiência” foi inserida na Emenda Constitucional de número 19 de 1998, não estava
originalmente na constituição.
-Art 37 § 1- Princípio da Impessoalidade.
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizam promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.
-Art 37 § 4- Princípio da Moralidade.
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em leis, sem prejuízo da ação penal cabível.
-Art 39 § 6- Princípio da Publicidade.
Os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e
da renumeração dos cargos e empregos públicos.
- -Princípio da Legalidade.
Os administrativos somente poderão ser obrigados a fazer ou deixar de fazer algo caso uma lei
adequada assim o determine.
--Princípio da Eficiência.
Significa que o gestor público deve gerir a coisa pública com efetividade, economicidade,
transparência e moralidade visando cumprir as metas estabelecidas com qualidade de forma
mais eficiente possível.
Art 37 § 3- Princípios da Participação.
A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente: (Vai trazer instrumentos de participação do usuário do
serviço na vida do Poder Público)
Adm. Pública indireta–

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