Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
A Constituição simbólica (Marcelo Neves)
A legislação simbólica “aponta para o predomínio, no que se refere ao sistema jurídico, da função
simbólica da atividade legiferante e do seu produto, a lei, sobretudo em detrimento da função
jurídico-instrumental”.
a) norma: é a interpretação decorrente dos preceitos previstos na CF ou lei. Logo, não é o texto
constitucional ou legal!
6
PREÂMBULO
Demonstra a intenção do diploma, proclamação de princípios, apresentando
justificativa/objetivos/finalidades, serve como elemento de interpretação e integração dos
dispositivos constitucionais.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS:
I - a soberania;
II - a cidadania;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
7
República: res pública (coisa pública).
Características:
1. Autonomia financeira, administrativa e política (arts. 18, 25, 29 e 32, CF). Autonomia
(autodeterminação exercitável de modo independente dentro de limites traçados pela lei estatal
2. Repartição de competências para legislar e arrecadar impostos (arts. 22 e 153 e ss, CF) ;
6. Unidade de nacionalidade: CF/88 deve ser observada por todos cidadãos. (ñ é unitário)
Estado Democrático de Direito:
Nesse modelo de Estado (povo + território + governo), as leis são feitas por representantes do
povo (DEMOCRÁTICO) em observância ao interesse públicos (bem-estar da coletividade) e
todos devem respeitá-la, inclusive aqueles que as fazem (DE DIREITO).
• Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: revela a preferência da CF/88 pela economia
de mercado, mas respeitando o trabalho, que deve assegurar uma existência digna.
Baseada nas lições de Aristóteles, Locke e Montesquieu, o poder é uno, dividido em funções, cujo objetivo é evitar
a concentração de poder nas mãos de uma única pessoa, como ocorria na monarquia absolutista.
A noção de separação das funções tem por escopo também a especialização da atividade, gerando um melhor
desempenho.
Porém, independentes e harmônicos entre si, com controles recíprocos, denominados de freios e contrapesos
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
15
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
PRINCÍPIOS:
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
12
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
17
Poder Constituinte: é o poder titularizado pelo povo (art. 12, CF), cuja força e
autoridade política autorizam a criação, garantia ou eliminação de uma Constituição
(lei fundamental), classificado da seguinte forma:
3
Poder constituinte originário/inicial/inaugural/genuíno/de 1º grau: instaura nova ordem
jurídica, inaugura um novo Estado, rompendo com a estrutura então vigente Subdivide-se:
Características:
a) inicial: inaugura uma nova ordem jurídica, rompendo completamente com a anterior;
b) ilimitado: não precisa respeitar limites impostos pelo direito anterior.
c) autônomo: liberdade para instituir a nova Constituição.
d) incondicionado/soberano: elaboração não se submete processo predeterminado
e) permanente: não se esgota com exercício, podendo povo criar nova ordem jurídica
Obs.: há quem cite a obediência ao jusnaturalismo, eis que há direitos inerentes ao ser humano,
fruto de conquistas históricas. Outros alegam que não poderá ser arbitrário ou absoluto,
observando a moral, a razão, valores éticos, culturais, espirituais e sociais daquele povo.
Poder constituinte derivado/instituído/constituído/de 2º grau: criado pelo poder constituinte originário,
devendo observar seus preceitos, sendo limitado e condicionado aos parâmetros estabelecidos.
Subdivide-se:
a) revisão: competência de revisão, pois não seria poder por ser limitado. Conforme art. 3º, ADCT (norma
constitucional exaurida: única vez), seria realizado após 5 anos da CF/88. Serve para “atualizar” a CF nos primeiros
anos.
b) reformador: competência reformadora, pode ser utilizado a qualquer momento (menos estado de sítio, defesa,
intervenção federal), desde que obedeça quórum de 3/5, com 2 votações em cada Casa (art. 60, § 2º, CF), gera
Emenda Constitucional.
c) decorrente: conferido aos EM/DF (municípios, não!). Decorre de sua autonomia, auto-organização, autogoverno
e autoadministração. Os arts. 25 e 32, caput, CF tratam da auto-organização, mas fixam a observância dos
princípios da CF.
A norma é interpretação do texto constitucional/legal. Logo, entendimento sobre certa norma
pode ser alterado:
i) revisão formal: alteração do texto por EC (arts. 59, I e 60, CF) ou EC Reforma (art. 3º, ADCT)
DERROTABILIDADE: como legislador não consegue antever todos os fatos sociais, a exceção
(não prevista) derrota a previsão legal. Ex.: aborto feto anencefálico.
fosse lei, sem o intérprete avançar sobre seus preceitos: i) filológico, literal ou gramatical
(modo textual); ii) lógico (sistemático, em que se analisa a norma diante do conjunto); iii)
histórico (com a análise do projeto de lei, das discussões, da justificativa, da exposição de
motivos etc); iv) teleológico (analisa-se a finalidade da norma).
8
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Ex: art. 5°, caput, CF/88 (brasileiros e estrangeiros residentes; e os estrangeiros em trânsito?)
ii) não se pode falar em inconstitucionalidade das normas constitucionais, fruto do poder constituinte
originário. Somente as normas constitucionais, fruto do poder constituinte derivado, podem se submeter
ao controle de sua constitucionalidade;
9
Efeito integrador: é consequência lógica do princípio da unidade da Constituição e
determina que na interpretação constitucional, o intérprete confira primazia aos pontos de
vista que favoreçam a integração política a social e o reforço da unidade política.
Ex: “casa” (art. 5°, XI da CF). = hotel, casa de veraneio, garagem, escritório, consultório, etc.
Justeza: também chamado de princípio da conformidade, estabelece que a interpretação da CF/88
não poderá ensejar um resultado que subverta o esquema organizatório funcional estabelecido pelo
constituinte. Logo, os Poderes da República não podem adotar interpretação que um invada a
competência do outro.
Força normativa da Constituição (Konrad Hesse): o intérprete deve valorizar as soluções que
possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da CF/88. 10
Interpretação conforme a Constituição: no caso de se admitir mais de uma interpretação
para a mesma norma, deve-se dar preferência para aquela que seja compatível com o
norma.
Ex: interpretação do art. 1.723 do Código Civil (união estável – relação entre homem e mulher).
11
Bibliografia
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2019.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 35. ed. – São Paulo: Atlas, 2019.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
12