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DIREITO CONSTITUCIONAL 1 BIM

Constitucionalismo: é um movimento social, político e jurídico.

principal objetivo: limitar o poder do estado, bem como estabelecer direitos e garantias
fundamentais ao povo por meio de uma constituição.

NÃO É QUALQUER LEI, É A LEI!

 É um movimento social pois resultou na soma de uma série de episódios sociais


historicamente relevantes, buscando limitar o poder do estado e garantir os
direitos fundamentais.
 Movimento político, acordos e negociações políticas no intuito de limitar o poder
estatal e organizar o estado por meio de uma constituição.
 Movimento jurídico, construção de teorias desde a busca inicial pela força
normativa da constituição capaz de alterar a realidade e limitar o poder estatal. O
aspecto jurídico se revela pela pregação de um sistema dotado de um corpo
normativo máximo, que está acima dos governantes_ a constituição_.
 Bloco de constitucionalidade, quando a constituição é formada por mais de um
texto, como é o caso do Brasil (3 textos, constituição+ tratado de Marrakech+
tratado de Nova Iorque).

Fases do constitucionalismo

1. Constitucionalismo antigo (AC. Ao final do século XVIII)

Norteia as relações entre povos e governo, baseia-se em raízes culturais e em costumes


com textos não codificados em um único documento.

 Hebreus: com eles é encontrada a primeira ideia de constituição, através da igreja


limitando o poder do estado.
 Gregos: em Atenas (berço da democracia), havia um recurso em que o cidadão
podia recorrer da decisão do governante (graphe paranomon), mais antigo
dispositivo constitucional.

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 Romanos: lei das XII Tábuas, a tábua nona tratava do direito público. (que não se
estabeleçam privilégios em lei ou que não se façam leis contra indivíduos).
 Inglaterra:
 Magna Carta de 1215, não é uma constituição.

É o rascunho do que um dia será uma constituição, criada pela burguesia em parceria
com a igreja, obrigava ao rei João sem-terra a limitar seus poderes e reconhecer o direito
à liberdade e propriedade privada.

 Petição de direitos (petition of rights) 1628. Impedia que o rei criasse impostos
sem o aval dos homens livres.
 Declaração de direitos (bill of rights) 1689; coloca fim a revolução inglesa (da
burguesia) o rei admite se limitar perante o parlamento.
2. Constitucionalismo Moderno (a partir do final do século XVIII):

Estrutura o estado com divisão dos poderes, limita o poder com os direitos fundamentais
e possuí textos escritos e codificados.

 Estados Unidos Da América:


 Declaração dos Direitos Da Virginia 1776
 Constituição 1787; única constituição dos EUA, e a primeira com preceitos
iluministas.
 França: declaração dos direitos do homem e do cidadão 1789, estabelece direitos
naturais, inalienáveis, imprescritíveis e sagrados do homem.
Direitos de 1ª dimensão.

Dimensões de direitos

1ª Dimensão de direitos; liberdade, direito de resistência ou oposição ao Estado.


(abstenção do estado)

2ª Dimensão de direitos; igualdade, direitos sociais, culturais (estado auxiliando).

3ª Dimensão de direitos; fraternidade, o ser humano é inserido numa sociedade e passa


a ter direitos de solidariedade. (respeito entre os povos).

4ª Dimensão de direitos: trans individualidade, globalização.

5ª Dimensão de direitos; direito a paz.

Evolução do constitucionalismo - constituições sociais:

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Mudança de uma postura de proteção para a promoção dos direitos, introdução de
direitos sociais como proteção ao trabalho, educação e saúde.

 Constituição mexicana-1917
 Constituição de Weimar (Alemanha)- 1919
Direitos de 2ª dimensão.

Neoconstitucionalismo:

 Surgido após a segunda guerra mundial.


 Fruto do pós-positivismo.
 Objetivo: assegurar uma maior eficácia da constituição, principalmente dos direitos
fundamentais
Direitos de 3ª dimensão.
 Características:
 Preocupação com a efetividade dos direitos fundamentais.
 Controle da inconstitucionalidade por omissão;
 Ativismo judicial. (postura ativa do judiciário);
 Ideologia dinâmica da interpretação. (hermenêutica).

Constitucionalismo do futuro ou vindouro:

Segundo José Roberto Dromí, as constituições serão guiadas por determinados valores
fundamentais.

 Verdade
 Solidariedade
 Consenso
 Continuidade
 Participação
 Integridade
 Universalização
Direitos de 4ª dimensão.

Poder constituinte

Constituição é uma lei fundamental.

 Conceitos de constituição:

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 José Afonso da Silva; constituição é o conjunto de normas que organiza os
elementos constitutivos do Estado.
 Sentido sociológico-Ferdinand Lassale: a soma dos fatores reais de poder que
emanam da população, os fatores reais de poder são os grupos de poder
(religioso, econômico, militar etc.), caso não representasse esses grupos, seria
apenas uma folha de papel em branco. Todo estado tem uma constituição, não
precisando estar escrita para existir, bastando representar os fatores reais de
poder.
 Sentido político- Carl Schmitt (idealizador do nazismo): constituição é uma
decisão política fundamental tomada pelo povo. (corrente decisionista)

Constituição sendo diferente de lei constitucional (constituição= decisões políticas


fundamentais; lei constitucional= todas as leis da constituição, ex: caso do colégio dom
Pedro)

 Sentido jurídico de Hans Kelsen: subdividido em 2;


o Sentido jurídico positivo; constituição é a lei mais importante de todo o
ordenamento jurídico, é pressuposto de validade de todo o ordenamento
jurídico.
o Sentido lógico jurídico: acima da constituição há uma norma fundamental
hipotética, não escrita e cujo mandamento é “obedeça a constituição”
 Sentindo culturalista- josé Afonso da Silva e Meirelles Teixeira. A constituição
é fruto da cultura de um país, sendo também uma norma jurídica. Visa conciliar os
conceitos anteriores.
 Estrutura da constituição

É dividida em 4 partes; preâmbulo, parte permanente-art.1º a 250, Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias-ADCT (mais os dois textos de tratados internacionais).

 Preâmbulo: espécie de introdução, não obrigatório (mas presente em todas as


constituições Brasileiras), apenas define a intenção do constituinte, segundo STF,
o preâmbulo não é norma constitucional.
 Parte permanente: não é imutável, pode ser alvo de emendas, exceto cláusulas
pétreas art. 60 § 4, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir: I- a forma federativa de estado; II- o voto direto, secreto, universal e
periódico. III- a separação dos poderes. IV- Os direitos e garantias individuais.
( podem ser alteradas, mas não extintas).

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 ADCT: é norma constitucional, pode ser objeto de emenda constitucional; é um
conjunto de normas temporárias ou excepcionais; ex: art. 2 do ADCT é uma norma
exaurida.

Poder constituinte

1. Conceito: é poder de elaborar uma constituição e reformar a vigente. Expressão


da suprema vontade política de um povo.
 Na maior parte do tempo esse poder não é exercido, ele fica hibernando até que
seja necessário exercitá-lo, em casos de convulsões sociais, crises econômicas ou
políticas. (teoria do poder constituinte de Sieyés).
 O titular do poder é o povo: art. 1º da CF, parágrafo único.
 Emmanuel Sieyés: desenvolveu o pensamento jurídico sobre a distinção entre
poder constituinte e poder constituído.
 poder constituinte é o poder de elaborar, ou atualizar uma constituição.
 Conceito de Pontes de Miranda: é o poder de elaborar uma constituição. É a
expressão da vontade suprema do povo social e juridicamente organizado. É o
poder de construir e reconstruir o estado.
2. Experiencia Brasileira: poder constituinte de 1987

Sobre a presidência do constituinte Dep. Ulisses Guimarães, 24 comissões elaboraram a


CF/88, concluída em 25/05/1988, com 551 artigos. O projeto recebeu 5.615 emendas.

 Promulgada em 05/10/1988.
3. Espécies de poder constituinte
 Originário: é o poder de criar uma constituição, rompendo por completo a ordem
jurídica anterior.
 Histórico: apenas a primeira constituição daquele Estado;
 Revolucionário: toda nova constituição é.
 Características: inicial (pois instaura uma nova ordem jurídica), autônoma, de
primeiro grau (cria um estado novo), ilimitado (não está limitado pela anterior),
incondicionado (não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua
vontade).
 Derivado: reforma a constituição existente.
 Revisor: caso a CF preveja, tem poder de revisá-la. Na CF/88 este poder já
foi utilizado (norma de eficácia exaurida);

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 Decorrente: concede poder aos estados para poderem criar suas próprias
constituições, sempre espelhando a constituição do país.
 Reformador: reformar a CF, através de emendas constitucionais.
 Características: derivado (pois é criado e instituído pelo poder constituinte
originário), subordinado, condicionado, de segundo grau
 Limitações ao poder reformador:
a) Limitações expressas:
I. Materiais: cláusulas pétreas (não será objeto de deliberação emenda
tendente a abolir, I- forma federativa do Estado. II- O voto direito, secreto,
universal e periódico. III- separação dos poderes. IV- Direitos e garantias
individuais) art. 60, §4º;
II. Circunstanciais: art. 60, §1º (a constituição não poderá ser emendada
durante intervenção federal, estado de sítio ou estado de defesa).
III. Formais: art. 60, I, II, III, §2º, 3º e 5º (quanto a forma que deve ser)
b) Limitações implícitas:
I. Alterações do titular do poder constituinte reformador
II. Supressão do disposto no art. 60
III. Alterações do titular do poder constituinte originário.
 Autonomia dos Estados-membros; capacidade de auto-organização,
autogoverno e autoadministração.

Devem obedecer aos princípios da CF, a união em regra não interferirá.

iniciativa de apresentação de uma PEC:

Fase introdutória

 Presidente da república;
 Um terço no mínimo e separadamente, dos membros do senado ou da câmara de
deputados;
 Mais da metade das assembleias legislativas dos Estados, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Fase constitutiva

 Deliberação parlamentar: a PEC será discutida e votada em cada casa do


congresso nacional, em dois turnos, sendo aprovada com três quintos dos votos
dos respectivos membros.

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 Deliberação executiva: NÃO EXISTE INTERFERENCIA DO EXECUTIVO.
inexistente participação do poder executivo na fase constitutiva de uma emenda
constitucional, posto que, por definição do poder constituinte originário, o exercício
pleno do poder constituinte derivado é do poder legislativo.

Fase complementar

A promulgação da emenda será realizada pela mesa da câmara e do senado federal, com
o respectivo número de ordem.

Princípio da simetria: exige uma relação simétrica entre os institutos jurídicos da CF e


as constituições dos estados-membros.

Classificação das constituições:

1. Quanto à origem:
 Outorgadas: constituição imposta, sem receber do povo a legitimidade para em
nome dele agir.
 Promulgada: democrática, votada ou popular. Fruto do trabalho de uma
Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo (Brasil-CF/88)
 Cesarista: ou bonapartista, formada por plebiscito popular sobre um projeto
elaborado por um imperador ou ditador. A participação não é democrática,
apenas visa ratificar a vontade do detentor de poder. (elaborada a constituição
sem participação do povo e mandada para aprovação ou não, não se discute
artigos, ou aprova tudo ou nada).
 Pactuadas ou dualistas: surgem através de um pacto, são aquelas em que o
poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. (dois
grupos de poder, o único exemplar é a magna carta de João sem-terra)

Diferença entre constituição e carta:

Carta é imposto de maneira unilateral pelo agente revolucionário sem o aval do povo.
Enquanto constituição é algo democrático.

2. Quanto à forma:
 Escrita/instrumental: formada por um conjunto de regras sistematizadas e
organizadas em um ou vários documentos. (Brasil)

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 Costumeira/consuetudinária: baseia-se nos costumes, usos, jurisprudências
e convenções. (Inglaterra).
3. Quanto a extensão:
 Sintéticas: enxutas, falam apenas o principal e tem longa duração. (EUA)
 Analíticas: longas/extensas, tem menor duração. (Brasil)
4. Quanto ao conteúdo:
 Material: contém as normas fundamentais e estruturais do Estado, toda
constituição material será sintética.
 Formal: contém tudo e mais um pouco, sempre será analítica. (Brasil)
5. Quanto ao modo de elaboração:
 Dogmáticas: sempre escritas, fruto de um corte histórico, quando se pode
cravar o ano de seu surgimento. (EUA-Brasil)
 Históricas: lento e contínuo processo de formação, aproxima-se da costumeira.
(Inglaterra)
6. Quanto a alterabilidade: mutabilidade, estabilidade e consistência.
 Rígidas: aquelas que para serem alteradas, necessita de um processo mais
difícil/árduo. (Brasil é considerado rígido por grande parte da doutrina)
 Flexíveis: aquelas que o processo para alterar uma lei é o mesmo para alterar a
constituição
 Semirrígidas: tanto rígidas, quanto flexíveis. Algumas matérias são de simples
alteração outras exigem um processo mais rígido.
 Fixas: somente podem ser alteradas por um poder de competência igual aquele
que as criou. (poder constituinte originário, única forma de se alterar é criando uma
nova)
 Imutáveis: inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas que se pretendem eternas.
(não existe exemplos, acredita-se na possibilidade da constituição dos EUA ser
imutável “por enquanto”)
 Super-rígidas: aquelas que além de serem rígidas, possuem matérias imutáveis
“cláusulas pétreas” (no caso do Brasil, as cláusulas pétreas podem ser mudadas
apenas não podem ser extintas, parte da doutrina afirma sermos super-rigidos,
porém, são minoria)
7. Quanto a sistemática:
 Reduzidas/unitárias: aquelas que se materializariam em um só código básico e
sistemático. (EUA)

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 Variadas: distribuíram em vários textos e documentos esparsos, sendo formada de
várias leis constitucionais. (Brasil)
8. Quanto a dogmática:
 Ortodoxa: formada por uma só ideologia. (normalmente fruto de ditaduras)
 Eclética: seria aquela formada por ideologias conciliatórias ou divergentes. (Brasil)

Elementos constitucionais (normas constitucionais)

Por possuir diversas faces nossa constituição é considerada Polifacética.

 Elementos orgânicos: Normas que regulam a estrutura do Estado e do poder


(organizar). Ex: o título III (da organização do Estado);
 Elementos limitativos: manifestam-se nas normas que compõe o elenco dos
direitos e garantias fundamentais limitando a atuação dos poderes estatais. Ex:
título II dos direitos e garantias fundamentais.
 Elementos socioideológicos: revelam o compromisso entre o Estado
individualista e o estado social intervencionista;
Ex: a- capítulo II do título II (dos direitos sociais). B- Título VII (da ordem
econômica e financeira), e- título VIII da ordem social.
 Elementos de estabilização constitucional: tem função de assegurar a solução
de conflitos constitucionais, defesa da constituição, do estado e da democracia. ex:
Art. 34 a 36 da intervenção nos estados e municípios, b- título V (da defesa do
Estado e das instituições);
 Elementos formais de aplicabilidade: encontram-se nas normas que
estabelecem regras de aplicação das constituições. Ex: a- preambulo, b-
disposições constitucionais transitórias.

A constituição não traz crime algum, apenas deixa claro aquilo que deseja criminalizar
através do mandamento constitucional de criminalidade.

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