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Nos últimos séculos da Idade Média, a cidade tornou-se no centro mundano. Ao contrário do
campo, esta tornou-se um uma porta aberta para o futuro, com inovações, um mundo de
negócios que fazem com que a organização social, a vivência da religião, a cultura e arte
sofram profundas reformas. Desta forma, são alterados valores e vivências quotidianas, que
afectaram, claramente, o declínio da época medieval.
As universidades
Durante o século XII, algumas escolas catedralícias obtiveram fama internacional, o que atraía
estudantes de Teologia, Medicina ou Direito. Porque era necessária uma organização mais
rígida devido ao ensino ter-se tornado mais complexo, criaram-se as universidades[7], que
definiam objectivamente as matérias a estudar, os graus académicos e defendiam os seus
membros. Duas das primeiras escolas catedrais a assumir este sistema de organização foram
a Bolonha (1088) e a de Notre-Dame (1158). Em 1231, Gregório IX determinou que as
universidades estabeleceriam as suas próprias leis e regras, no que dizia respeito a cursos,
estados e graus (existiam os graus de bacharel, licenciado e doutor), desta forma, ficaram sob
influência do Papa.
A universidade de Bolonha centralizou-se no ensino de Direito e a de Notre-Dame, em Paris,
em Teologia.
Os estudos organizavam-se em faculdades, cada uma correspondente a um ramo de ensino;
todas tinham a de Artes que era a base dos estudos universitários. Depois de um curso de seis
anos em Artes, iniciado entre os 14 e os 16 anos, atingia-se o grau de licenciado. Depois, era
possível a especialização em Teologia (que poderia durar até mais quinze anos), Medicina ou
Direito (estes dois últimos exigiam mais seis anos de estudos). O ensino era baseado em leitura
e comentário, pelo mestre, dos escritos das autoridades no assunto frequentado.
O ideal de cavalaria
Nasce o ideal do perfeito cavaleiro, com que toda a nobreza se identificava.
Para atingir esse estatuto, era necessário ser filho de um nobre e ser honrado, corajoso e leal
para com o seu senhor; piedoso e justo. O cavaleiro tem como fundador o arcanjo S. Miguel
e por isso lutam por Cristo. Seguiam, portanto, modelos espirituais, mas também humanos,
como grandes figuras da Antiguidade ou o lendário Rei Artur.
Os serões das cortes eram ocupados com a leitura de narrativas de cavalaria. As novelas
arturianas foram as mais importantes na formação de narrativas deste género.
Antes de ser armado cavaleiro, um jovem tinha de ter uma educação rigorosa, prestar provas
da sua coragem e destreza e só depois possuía a honra de um cavaleiro, pertencendo, então,
a uma das muitas ordens de cavalaria que cresciam na Europa.
A educação cavaleiresca
Nos primeiros anos de vida, o rapaz era cuidado pela mãe e depois seguia para uma “casa
grande”, a casa de um senhor, onde servia, durante sete anos, como pajem, iniciando-se na
equitação e no manuseamento de armas; na adolescência, já conhecia a arte de cavalgar e
tornava-se escudeiro, ou seja, durante mais sete anos, servia um cavaleiro nas suas
expedições, tratava do seu cavalo e das armas. Durante estes anos, o jovem treinava para, no
futuro, se tornar cavaleiro.
Como treino físico eram praticados desportos como a caça, os torneios e as justas. A caça,
sobretudo a montaria, em que perseguiam grandes animais, obrigava a cavalgadas nos
bosques; no entanto os torneios eram bastante mais apreciados, simulando combates
amigáveis entre dois grupos de cavaleiros.
Após cerca de 14 anos de aprendizagem o jovem proferia os votos de cavalaria: sagrados e
de grande valor espiritual. O jovem passava por um ritual solene que incluía uma noite de
vigília na igreja, uma missa e comunhão, para que pudesse purificar a alma. Para purificar o
corpo, tomava um banho simbólico. Após este ritual, recebia as esporas de cavaleiro e a
espada, símbolo de direito e dever de combater, ingressando, assim, numa ordem de cavalaria.
O amor cortês
O código da cavalaria integrava também um código de amor: conjunto de normas que explica
como deve ser o amor e define-o como uma parte importante na vida de um cavaleiro que é
um herói que serve por amor.
O conceito do amor cortês foi desenvolvido entre os aristocratas franceses durante o ano
1100. No amor cortês, um homem devota uma grande paixão a dama. Por causa do costume
medieval, onde quase todos os casamentos eram feitos por interesse, o amor cortês
funcionava como o único e verdadeiro sentimento na vida da maioria das pessoas. Conforme
mostra no Doc.9, autores medievais, artistas, e trovadores inspiravam-se no amor cortês
como tema principal na maior parte de seus trabalhos. É um amor essencialmente espiritual.
O homem mantém uma atitude de veneração perante a Dama; é educado e requintado. A
mulher, por sua vez, corresponde aos ideais de perfeição a nível físico e espiritual.
A influência da literatura
Nas cortes, assistiam-se a espectáculos de jograis que recitavam e cantavam poemas dos
trovadores que pertenciam, na maioria, à nobreza. Este tipo de poesia amorosa chamava-se
poesia trovadoresca (de influência provençal, francesa, espalhou-se pela Europa), foi a
primeira manifestação literária portuguesa.
O Romance da Rosa, alegoria ao amor, é também um documento sobre o tema do amor; nele,
a rosa simboliza a mulher, que só pode ser «colhida» depois de duas provas prestadas pelo
cavaleiro. Este romance foi popular durante dois séculos e serviu de culto (apesar de muita
polémica) entre os homens mais enobrecidos da época.
Na Península Ibérica, D. Afonso X, o Sábio (1221-1284), rei de Castela e avô de D. Dinis,
iniciou a literatura galaico-portuguesa com as cantigas de amigos e as cantigas de amor [ver
Doc.10].
É possível concluir que o amor foi, portanto, um elemento fundamental na cultura erudita da
Idade Média: foi, para muitos, um código de vida e, até um ideal de vida.