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Arquitetura Gótica

Arquitetura gótica é um estilo arquitetônico que segundo pesquisas, é evolução da arquitetura românica e que
precede a arquitetura renascentista. Foi desenvolvida no Norte da França durante a Alta Idade Média (900 - 1300)
entre os anos 1050 e 1100, originalmente se chamava "Obra Francesa" (Opus Francigenum), embora a Catedral de
Dublin na Irlanda fundada no ano 1030 já se pode ser classificado como preá-gótico. O termo 'gótico' só apareceu na
época do Renascimento como um insulto estilístico, já que para os Renascentistas a arte gótica é bárbara, sendo
tipicamente Medieval. A palavra gótico é em referência aos godos, povo bárbaro-germânico. 
Com o gótico, a arquitetura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura pura. As abóbadas cada vez
mais elevadas e maiores, não se apoiavam em muros e paredes compactas e sim sobre pilastras ou feixes de colunas.
Uma série de suportes que eram constituídos por arcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo
externo o peso excessivo das abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios de
género gótico e foram substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno. 
O estilo gótico ficou marcado em muitas catedrais europeias, entre elas a de Notre-Dame, Chartres, Colônia e Amiens,
a maioria classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO, todas construídas no século XII. Muitas catedrais
góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade, denominando-se durante a Idade Média, como supremacia e
influência para a população.

Contexto histórico
Por volta do século X o continente europeu estava em crise e o poder real estava enfraquecido, consequentemente
sucedido pelo feudalismo. A França estava ameaçada de invasão e o povo buscou refúgio nas poucas e precárias
fortalezas que no país se encontravam.
Durante este período foram criadas esculturas, pinturas e outros meios artísticos exibindo o pânico pressentido pela
população. Século depois, como a profecia católica não se realizou, ocorreu uma série de fatos históricos como a
construção das primeiras universidades na década de 1080, as Cruzadas e o enfraquecimento do feudalismo que
embora não tenha sido extinto a princípio. Neste período surge um novo estilo artístico, arquitetônico e cultural,
baseado nos estilos romanos, mas que eram combinados com as novas tendências e necessidades: o Opus
Francigenum ("Estilo francês"). A partir do ano de 1127, já era possível encontrar catedrais portando este género
arquitetônico e anos após, o Estilo francês já se espalhava por toda a Europa Medieval. Na França, a primeira catedral
construída com o novo estilo foi a Basílica de Saint-Denis, localizado na região de Île-de-France, onde hoje fica Paris.
Alguns anos após, o poder feudal é derrotado e o poder real toma a Europa novamente graças à burguesia e
proletários. Com o retorno da monarquia a população adquire mais influência e para comemorar a série de fatos e
acontecimentos, buscavam cada vez, mas as igrejas e catedrais para cumprir com suas responsabilidades religiosas e
agradecerem. Como o estilo arquitetônico românico era formado por pouca iluminação, os europeus buscaram o estilo
francês (que é uma evolução arquitetônica da romana) para construir as novas catedrais e igrejas.

Elementos arquitetônicos de estruturas góticas:

Desenho esquemático que representa as estruturas do estilo gótico.


Até a atualidade, a arquitetura gótica ficou conhecida por ser encontrada com mais frequência nas grandes catedrais e
em outros estabelecimentos eclesiásticos construídos ainda no início do período medieval, período em que exerciam
grande influência em toda Europa. Durante o período gótico – século XII ao século XV – o poder religioso buscava
converter sua "importância" para as estruturas de igrejas, catedrais e abadias através da grandiosidade dimensional
presente na arquitetura gótica. 

Corte esquemático das estruturas do estilo gótico

Como a arquitetura gótica foi uma evolução da arquitetura românica, foram desenvolvidos alguns
elementos que ajudaram nas construções góticas, como o arco de ogiva e a abóbada de cruzaria, que se tornaram as
principais características do estilo arquitetônico. Geralmente, a fachada das estruturas góticas busca seguir a
verticalidade e a leveza e no interior, busca um ambiente iluminado. 

Planta esquemática de uma catedral Gótica

A planta de uma catedral com arquitetura gótica é pouco diferente de uma catedral encontrada antes do
surgimento do estilo gótico. Geralmente, as catedrais possuem a aparência semelhante a uma cruz latina (crucifixo),
onde se situa a nave, os transeptos e o coro; na parte inferior da "cruz" fica localizada a nave central circundada por
naves laterais; na faixa horizontal havia os transeptos e o cruzeiro; na base da nave tinha-se uma fachada principal.
Existem também torres, porém localizadas em partes

variadas. 

Arcos de ogiva ou ogivais


 Pessoas avistando uma das entradas do oeste da Catedral de Amiens, França. Os portais possuem traços
ogivais góticos e foram construídos durante meados do século XIII.
Os arcos de meia circunferência que haviam sido usados em igrejas e catedrais de arquitetura românica
faziam com que todo o peso da construção fosse descarregado sobre as paredes, obrigando um apoio lateral resistente
como pilares maciços, paredes mais espessas, poucas aberturas para fora tornando, consequentemente, o interior das
estruturas eclesiásticas mais escuras e cada vez menos agradáveis. 
Este arco foi substituído pelos arcos ogivais (também chamados de arcos cruzados). Isso dividiu o peso
da abóbada central, consequentemente, descarregando-a sobre vários pontos, ao invés de um e também, podendo usar
material mais leve para a abóbada ou mesmo para as bases de sustentação. No lugar dos sólidos pilares, foram usadas
colunas ligeiramente afinadas que passaram a receber o peso da abóbada. Deste modo, as paredes foram perdendo a
importância como base de sustentação, passando a serem feitas com materiais frágeis como o vidro. Passaram a ser
usados então, belos vitrais coloridos, dando origem a tão necessitada luminosidade no interior de igrejas e catedrais. 
Abóbadas em cruzaria
   
As catedrais românicas possuíam um sistema estrutural baseado em espessas paredes e abóbadas
semicirculares localizadas logo abaixo do telhado.
Estes sistemas estruturais deveriam ser espessos e com poucas aberturas, pois resistiam a esforços
verticais e esforços horizontais, gerados pelo telhado, abóbada e por fortes ventos. Como o estilo arquitetônico gótico
seguia as doutrinas religiosas da época, era necessário que as catedrais fossem exuberantemente altas, grande
luminosidade e uma plena continuidade entre o início de seus pilares e o cume de suas abóbadas. Durante o auge da
arquitetura gótica uma das principais características deste estilo arquitetônico foram as abóbadas ogivais, ou seja, com
formato pontiagudo.

Iluminação
Considerada uma arquitetura 'de paredes transparentes, luminosas e coloridas', a arquitetura gótica
considera o vitral um importante elemento, pois cria uma atmosfera mística que deveria sugerir, na visão do povo
medieval, as visões do Paraíso, a sensação de purificação. Os raios solares são filtrados pelos vitrais e rosáceas,
criando no interior da estrutura gótica, um ambiente iluminado e colorido e também, transmitindo aos fiéis religiosos
uma sensação de êxtase. Os vitrais apresentavam simples formas geométricas ou mesmo imagens de santos ou
passagens bíblicas. Para obter-se um vitral na época, era necessário que um artesão realizasse um processo de
coloração da peça de vidro. Durante este processo, o vidro cru era misturado a outros componentes químicos que
determinavam a respectiva tonalidade, durante a fase de derretimento. Este processo mantinha o vidro com um tom de
cor sem que bloqueasse os raios solares. Após este procedimento o vidro era aquecido e moldado. 
Assim como os vitrais, as rosáceas visam estabelecer um ambiente iluminado no interior das estruturas
góticas, porém possuem algumas características diferentes. Estão localizadas, geralmente, em um local alto nos
estabelecimentos eclesiásticos, geralmente em regiões próximas ao portal da fachada principal a Oeste ou mesmo no
transepto, em pelo menos um de seus extremos. Assim como a arquitetura gótica no geral possui uma relação com a
religiosidade, as rosáceas fazem alusão à personagens cristãos como Jesus Cristo (que é representado pelo sol) e Maria
(representada pela rosa). 
Suportes exteriores
   
Ao contrário das espessas paredes da arquitetura românica, a arquitetura gótica é constituída por paredes
finas e geralmente possuidoras de enormes vitrais e rosáceas. Para que a estrutura eclesiástica fique elevada é
necessário usar dois elementos que servem como suporte: o contraforte e o arcobotante. O contraforte fica posicionado
em um ângulo reto em relação à estrutura gótica contra a parede lateral e eleva-se a uma altitude considerada alta, em
um enorme grau de perfeição. O peso do contraforte neutraliza a pressão causada pelas abóbadas. O arcobotante
possui uma caixilharia diagonal de pedra, escorado ao lado pelo contraforte posicionado próximo à parede e por outro
lado pela claraboia da nave. Deste modo, o arcobotante dirige o peso lateral das abóbadas e associado aos contrafortes
possui uma força enorme. Graças à estes dois suportes, foi possível construir catedrais, basílicas, igrejas e capelas
exuberantemente altas, com muitos vitrais e rosáceas.

Verticalismo e majestade

   
Outra característica importante das estruturas eclesiásticas góticas é o verticalismo, ou seja, sua elevada
altitude. No interior e exterior das construções góticas, os elementos arquitetônicos apontam para o céu. Um exemplo
conhecido são os arcos ogivais, que são pontiagudos e possuem a impressão de uma seta apontada para cima. Este
verticalismo da arquitetura gótica tenta exibir-se cada vez mais próxima de Deus e destacar sua magnificência dentro
de sua respectiva cidade como uma clara referência religiosa. Em uma visão geral, as catedrais sofreram rivalidade
entre vários centros urbanos que possuem edifícios com proporções superiores. 
  
Fachada principal da Catedral de Amiens, França. A religião buscava elevar suas construções ao maior nível
de altitude, para transmitir sua majestade.

Gárgulas e esculturas santas

Embora sua temática seja diferenciada da arquitetura, as esculturas góticas e as gárgulas estão muito
presente nas catedrais e outros estabelecimentos eclesiásticos.
Como elemento arquitetônico, as gárgulas possuem a função de escoar as águas pluviais da cobertura e
telhado dos edifícios góticos, impossibilitando-a de escorrer pelas paredes exteriores, degradando o local. Existem
também opiniões diferentes sobre o elemento. Uma delas é que as gárgulas não servem para esta função de escoar a
água e sim apenas para decorar o ambiente. A opinião mais controversa é de que as gárgulas sirvam para proteger os
templos e durante o período da noite criam vida. Este obscuro boato colaborou para que as pessoas passassem a
acreditar que as gárgulas serviam também para afastar os maus espíritos, imagem que se consagrou e é recitada pelos
guias de turismo em toda a Europa. As esculturas de gárgulas representam seres conhecidos como

quimeras. 
  
Além das gárgulas e esculturas grotescas, existem outras esculturas religiosas presentes na arquitetura
gótica. Através destas, eram expressas a fé e religiosidade que o povo europeu sentia. Os caracteres esculturais
seguem o fundamento gótico do verticalismo e são, majoritariamente, encontrados em portais e colunas. As esculturas,
muitas vezes, representam personagens bíblicos como a Virgem Maria e alguns

santos. 

Outros elementos arquitetônicos

Além dos elementos citados anteriormente podemos citar vários outros geralmente de cunho apenas
decorativo.

A arcada, por exemplo, não possui uma função específica, serve apenas como elemento arquitetônico
decorativo. As arcadas, como o próprio nome revela, são arcos ogivais (na arquitetura gótica) posicionados em
sequência, geralmente próximo aos claustros. Não possuem vitrais, rosáceas e nem qualquer outro tipo de elemento à
base de vidro, o que possibilita a penetração dos raios solares como em qualquer outro local aberto. 
O florão está situado em uma extremidade exterior e elevado dos edifícios góticos. Como o próprio nome
revela, o elemento representa uma flor e possui apenas utilidades decorativas.

O capitel é a extremidade superior de uma coluna, pilar ou pilastra e possui utilidades decorativas e
técnicas, como o sustento e a transmissão de força para o fuste.

Exemplos de Construções Góticas

Notre Dame de Paris séc. XII - França


Sant Denis de Paris séc. VII - Berço do Gótico Francês - França
Notre Dame de Chartres Séc. XII - França
Palácio de Doge - Veneza Séc XV- Itália
Catedral de Ulm - Séc. XIV/XIX - Alemanha
Catedral de Bourges - Séc. XIII - França
Catedral de Catedral de Amiens - Séc. XIII - França
Catedral de Catedral de Beauvais - Séc. XIII - França
Bibliografia consultada:
BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade.São Paulo: Perspectiva, 2007.
GOITIA, Fernando Chueca; ANTÓN, Pedro;  PASCUAL, Anna; Pascual; RÓDEAS, Dolores Maria;
AZCARATE, José Maria. História Geral da Arte: Arquitetura volume I: Edições Del Prado,Espanha, 1995.
GUIMARÃES, Pedro Paulino. Configuração urbana: evolução, avaliação, planejamento e
urbanização. São Paulo: ProLivros, 2004.
STRICKLAND, Carol. Arquitetura Comentada. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. [tradução Maria Isabel Gaspar, Gaëtan Martins de Oliveira]. 5ª.
Edição. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 
GLANCEY, Jonathan. A história da Arquitetura. Edições Loyola, São Paulo, 2001.

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