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INSTITUTO POLITÉCNICO DE ENSINO

APOSTILA DE PSICOLOGIA APLICADA A


ENFERMAGEM E RELAÇÕES HUMANAS
NO PROCESSO DE TRABALHO
INSTITUTO POLITÉCNICO DE ENSINO
TÉCNICO EM ENFERMAGEM
FORMANDO PESSOAS, MUDANDO O FUTURO!

SUMÁRIO:

1. Introdução a Psicologia...........................................................................................4
2. Noções de Psicologia .............................................................................................5
3. Principais Teorias....................................................................................................7
3.1 A Psicologia da Gestão............................................................................................7
3.2 A Psicanalize............................................................................................................8
3.3 Behaviorismo...........................................................................................................9
3.4 Ivan Pavlov - A psicologia cognitiva.........................................................................9
3.5 Jean Piaget............................................................................................................10
3.6 Lev Vygotski...........................................................................................................10
3.7 Humanismo............................................................................................................11
4. Relação da Psicologia com a Enfermagem.........................................................12
5. Conceitos Fundamentais de Psicologia..............................................................13
6. Psicólogo e Psiquiatra...........................................................................................17
7. Aparelho psíquico ou psiquismo humano..........................................................20
8. Estágios do Desenvolvimento Humano...............................................................29
9. O Técnico de Enfermagem e o Paciente..............................................................34
9.1 Relacionamento Técnico de Enfermagem, Paciente e Família.............................36
9.2 O Ser – Técnico em Enfermagem, o Ser Cliente ou Paciente e o Ser-
Enfermagem.................................................................................................................38
10. Humanização na Saúde.......................................................................................39
11. Referências Bibliográficas..................................................................................55

1º MÓDULO - APOSTILA DE PSICOLOGIA

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FORMANDO PESSOAS, MUDANDO O FUTURO!

PSICOLOGIA APLICADA A ENFERMAGEM E RELAÇÕES HUMANAS NO PROCESSO


DE TRABALHO

A Psicologia é derivada de palavras gregas que significam "estudo da mente ou da


alma". Hoje em dia é comumente definida como a ciência que estuda o comportamento
humano.
Os psicólogos estudam os mais variados assuntos entre eles: o desenvolvimento,
as bases fisiológicas do comportamento, a aprendizagem, a percepção, a consciência, a
memória, o pensamento, a linguagem, a motivação, a emoção, a inteligência, a
personalidade, o ajustamento, o comportamento anormal, o tratamento do comportamento
anormal, as influências sociais, o comportamento social, etc.
A psicologia é frequentemente aplicada na indústria, na educação, na engenharia,
na saúde, em assuntos de consumo e em muitas outras áreas.
Você será um profissional da área da saúde e, portanto, lidará com pessoas e irá
se interagir com o ser humano.
O profissional de saúde deve sentir-se bem consigo mesmo se pretende fazer
alguém sentir-se bem. Ele não é um robô, são pessoas com quem trabalham: pacientes,
médicos, supervisores, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e familiares dos pacientes,
cada um é um ser humano, semelhante e ao mesmo tempo diferente dos demais seres
humanos.
Qualquer pessoa que queira ingressar na área da saúde precisa conhecer as
pessoas e antes de tudo, a si próprio. Você não está ingressando nesta carreira porque se
interessa pelas pessoas e deseja auxiliá-las quando estão doentes?

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1. Introdução a Psicologia

Usamos o termo psicologia no nosso cotidiano com vários sentidos. Por exemplo,
quando falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de “psicologia”
para vender seu produto; e quando procuramos aquele amigo que está sempre disposto a
ouvir nossos problemas, dizemos que ele tem “psicologia” para entender as pessoas.
Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no
cotidiano pelas pessoas em geral é denominada psicologia do senso comum.

O Senso Comum

O senso comum é visto como a compreensão de todas as coisas por meio do saber
social, ou seja, é o saber que se adquire através de experiências vividas ou ouvidas do
cotidiano. Engloba costumes, hábitos, tradições, normas, éticas e tudo aquilo que se
necessita para viver bem.
Quando alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de boldo, que
é uma planta medicinal já usada por nossas bisavós, sem, no entanto, conhecer o princípio
ativo de suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. E o
tempo todo, quando precisamos atravessar uma avenida movimentada, sabemos
perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem em nossa direção.
Até hoje não vimos ninguém que usasse uma máquina de calcular e uma fita métrica para
essa tarefa.
No âmbito da psicologia podemos citar mais alguns exemplos:
 a professora sabe que se recompensar a boa disciplina do aluno do curso primário
com uma estrelinha no caderno, pode aumentar o comportamento desse aluno ser
obediente na sala de aula.
 a mesma recompensa da letra “b” pode servir de exemplo para os outros alunos.
 a namorada sabe que se marcou um encontro com o namorado para as 20h e ele
chegou às 21h, pode ficar de cara fechada com intenção de puní-lo por tê-la feito
esperar.

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Nesses exemplos, as pessoas agiram com intenção de modificar o comportamento


de alguém, mas sem saber de leis ou teorias da psicologia. O conhecimento do senso
comum é intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. É um conhecimento importante
porque sem ele a nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. O senso comum
percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração.
Integra de um modo o conhecimento humano.
A utilização de termos como
“rapaz complexado”, “mulher louca”, “menino hiperativo”, “ficar neurótico” expressa a
comunicação do senso comum acerca do comportamento humano, que muitas vezes não
ocorre de maneira científica. Os termos podem até ser da psicologia científica, mas são
usados sem a preocupação de definir as palavras.
Esses são exemplos da apropriação que o senso comum faz da ciência.

2. Noções de Psicologia

“Psicologia é a ciência da alma, ou da psique, ou da mente, ou do comportamento. Refere-


se, na verdade, a um conjunto de funções que se distinguem em três grandes vias: a via
ativa (movimentos, instintos, hábitos, vontade, liberdade, tendências, e inconsciente); a via
afetiva (prazer e dor, emoção, sentimento, paixão, amor); e a via intelectiva (sensação,
percepção, imaginação, memória, idéias, associação de idéias). Estas três vias articulam-
se em grandes sínteses mentais, tais como: atenção, linguagem e pensamento,
inteligência, julgamento, raciocínio e personalidade (Meynard, 1958). Estas funções
também são conhecidas como cognitivas, afetivas e conativas. As cognições são as
capacidades do intelecto, as afeições são os sentimentos e emoções, e a conação refere-
se as nossas atividades, que são as respostas expressivas ou comportamentais.”

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 A psicologia é a ciência que estuda os processos mentais


(sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano.
Deriva-se das palavras gregas: psiquê que significa “alma” e
logia que significa “estudo de”. ... Estuda os processos psíquicos
que originam os comportamentos.
 A Psicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos e do
comportamento do ser humano por intermédio de análise de
suas emoções, suas ideias e seus valores.
 A psicologia estuda nossa mente, nossas emoções, ações,
sentimentos, relacionamentos, etc. Como e por que agimos de
determinada forma nas diferentes situações. O que nos
influencia; nada se perde e nada é por acaso. Tudo se
transforma em dados para entendermos o indivíduo.

Há muito tempo a enfermagem traz a marca da psicologia, pelo fato de ser uma área
que visa essencialmente o cuidado, do ser humano, em condições mais frágeis de sua
vida. A simples execução de técnicas como: banho, curativos, alimentação, trocar, entre
outras ações não teriam o mesmo resultado se não houvesse o tocar, ouvir, sorrir,
aconselhar, orientar e esclarecer quanto necessário, entre outros.
Os profissionais da saúde, principalmente o técnico em enfermagem, deveram ter
uma relação de respeito e confiança, o que facilitará o seu trabalho e, consequentemente,
produzirá uma recuperação mais satisfatória para o doente. Poderemos então afirmar que
o bom técnico em enfermagem é aquele que sabe cultiva o relacionamento com o paciente
por meio de troca de experiência, humor, amizade e confiança.
Uma pessoa não pode ou não deve perder sua dignidade e direito como pessoa
porque está doente. É preciso considerar a pessoa e seu ambiente como uma unidade
composta de fatores interdependentes; é preciso compreender a maneira de pensar, sentir
e fazer que o próprio homem desenvolveu como parte de seu ambiente e ainda ter

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consciência de que o bem-estar sé é alcançado quando as necessidades estão sendo


supridas satisfatoriamente.
A base da profissão de um profissional da saúde deve ser a crença no valor da
pessoa através do respeito ao atendimento das necessidades básicas do paciente e, para
tanto, é imprescindível identificar seus problemas tendo amplas e atualizados
conhecimentos fisiopatológicos e psicossociais, sem os quais sua atuação será
desnecessária e muitas vezes, prejudicada.
Dessa forma, iremos conhecer e compreender as teorias na qual, embasam a
psicologia, na qual influenciou todas as áreas das profissões:

3. Principais Teorias

3.1 A Psicologia da Gestalt


Foi uma das primeiras correntes científicas que surgiram na psicologia. Atualmente o seu
conhecimento já está assimilado, porém a sua abordagem no estudo da percepção foi,
sem dúvida, revolucionário. Além disso, embora os psicólogos da Gestalt sejam menos
conhecidos no estudo do desenvolvimento, a verdade é que eles também se destacaram
neste campo.

A Gestalt defende que, para aprender, usamos uma série de estruturas. Estruturas
que teriam uma base física e impõem as suas qualidades no que diz respeito ao nosso
desenvolvimento. Por outro lado, poderíamos defini-las como totalidades complexas,
produto da decomposição das unidades complexas. Complexo? Talvez possamos explicar
um pouco melhor.
De acordo com a Gestalt, o desenvolvimento está baseado em estruturas de
origem biológica que aprendemos a usar à medida que crescemos. Portanto, não haveria
um “desenvolvimento” no aspecto da gênesis e estágios evolutivos, apenas a descoberta

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progressiva das capacidades do cérebro. As pesquisas atuais mostram que isso não é
verdade e realmente há gênesis e evolução nos processos cognitivos.

3.2 A Psicanálise
A psicanálise é uma corrente de pensamento com
um pai muito conhecido: Sigmund Freud. A sua abordagem
enfatiza os impulsos inconscientes e os seus efeitos sobre
o nosso comportamento. Embora não tenha utilizado um
método científico e os seus postulados careçam do
princípio da parcimônia, teve um grande impacto no estudo
do desenvolvimento e suas teorias causaram uma
revolução em relação à concepção que a psicologia tinha a
respeito da infância e da adolescência.
Em relação ao desenvolvimento humano, ela
considera que isso acontece porque a criança precisa
satisfazer uma série de necessidades em cada estágio
evolutivo. Portanto, classifica o desenvolvimento em uma
série de etapas de acordo com a forma como a satisfação
dessa série de necessidades é estabelecida. A psicanálise
também colocou grande ênfase na importância da
sexualidade em todas as etapas do nosso
desenvolvimento, incluindo as primeiras fases.

Freud adotou a hipnose para ajudar as pessoas a reviverem as experiências


traumáticas do passado que pareciam associadas com seus sintomas atuais. Entretanto,
nem todos podiam atingir um estado de transe e a hipnose parecia resultar em curas
temporárias, com o aparecimento posterior de novos sintomas. Freud então desenvolveu o
método da associação livre no qual os pacientes deitavam num divã e eram encorajados a
dizer o que quer que lhes viesse à mente (desejos, conflitos, temores, pensamentos e
lembranças), sendo também convidados a relatar seus sonhos.

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Freud tratava dos seus pacientes tentando trazer à consciência aquilo que estava
inconsciente. Insistia que todos os detalhes se ajustam perfeitamente entre si. A
personalidade é formada durante a primeira infância. A exploração das lembranças dos
primeiros cinco anos de vida é essencial ao tratamento.

3.3 Behaviorismo
O behaviorismo nasceu em resposta à reduzida atitude
científica da psicanálise. Ele é extremamente positivista,
tudo o que não pode ser medido diretamente está fora do
estudo da psicologia. Portanto, eles apenas estudavam a
relação entre os estímulos percebidos e os
comportamentos que provocavam, ignorando qualquer
variável intermediária que não pudesse ser medida.
Para os behavioristas, o desenvolvimento somente é
entendido com os diferentes tipos de aprendizagem que
são considerados neste contexto. A criança nasce com
uma série de respostas incondicionais e inatas, que
através da experiência vão associando a outros estímulos.
Através de processos muito simples, geram uma
multiplicidade de comportamentos complexos. O problema
desta teoria do desenvolvimento é que ela pode ser
considerada demasiado reducionista.

3.4 Ivan Pavlov - A psicologia cognitiva


Ela surgiu como uma reação ao behaviorismo, e se preocupa
com o estudo dos processos internos que podem acontecer entre um
certo estímulo e um determinado comportamento. Estuda os
processos mentais que estão por trás do comportamento. É aí que
nascem as perspectivas computacionais e conexionistas do cérebro

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humano. Hoje, a psicologia cognitiva é a perspectiva com maior


apoio, especialmente na Europa.
Quanto ao estudo do desenvolvimento, a psicologia cognitiva
sugere que o indivíduo é um produtor de informação que constrói
representações internas de como é o mundo. A sua postura se
aproxima de Piaget e Vygotsky devido a esse princípio construtivista.
No entanto, ao definir os processos como associativos, se afasta
deles para se aproximar mais do behaviorismo.

3.5 Jean Piaget

Piaget é uma das grandes referências nas teorias sobre


o desenvolvimento humano. Ele é considerado um dos pais do
construtivismo. Parte da ideia de que a criança constrói o seu
mundo e a sua maneira de construí-lo é baseada nos problemas
que surgem. A sua teoria sobre o desenvolvimento se concentra
na formação dos conhecimentos.
Através da sua perspectiva construtivista, elaborou uma
teoria que dividiu o desenvolvimento em uma série de etapas.
Essas etapas são universais e todos os indivíduos passariam
por elas em idades semelhantes.

3.6 Lev Vygotski

Lev Vygotski foi outra das grandes referências nas teorias


sobre o desenvolvimento humano. Como Piaget, ele
propôs o desenvolvimento de uma perspectiva
construtivista. No entanto, apesar de concordar com essa
perspectiva, se concentrou em diferentes pontos: enquanto

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Piaget se concentrava em como o indivíduo interagia com


o seu ambiente, Vygotsky se concentrou nos efeitos
culturais e sociais que influenciavam o desenvolvimento.
Para Vygotsky, o desenvolvimento era inseparável
do ambiente social, uma vez que a cultura e a sociedade
transmitem formas de comportamento e de organização do
conhecimento. Claro, não é um processo de copiar e colar,
a criança constrói a sua realidade através do que a
sociedade lhe mostra. Este postulado teórico é conhecido
como socio-construtivismo.
É um paradigma interessante com muitas
possibilidades. Embora muitas pessoas considerem o
pensamento de Vygotsky oposto ao de Piaget, na
realidade estas duas teorias podem ser facilmente
conciliadas. Mas para isso temos que ter uma perspectiva
mais ampla, que atue a partir de diferentes níveis e formas
de investigar.

3.7 HUMANISMO

É um movimento mais recente em psicologia. Enfatiza a necessidade


de estudar o homem e não os animais, os indivíduos normais
psicologicamente e não os perturbados. Está relacionada com os
diferentes fatores de natureza política, social, cultural e científica, pois
para compreender o ser humano é necessário conhecer o meio em
que ele está inserido, sua problemática, valores, tradições e história.
Não devemos esquecer o fato de que o ser humano está em
permanente movimento e transformação.

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4. Relação da Psicologia com a Enfermagem

A psicologia, por se tratar de uma ciência que lida justamente com


as questões afetivas do ser humano e suas relações sociais, está
diretamente ligada a área de enfermagem e também intimamente
relacionada a seus profissionais.
É necessário aplicar a psicologia na área de enfermagem para que os futuros
profissionais possam aprender e compreender um novo olhar ao estabelecer seu
relacionamento com o paciente e também com seus familiares, e não deixar essas práticas
somente com o profissional da área de assistência social.

O cuidado com o ser humano através da enfermagem se mostra necessário ao se


associar à outra área, neste caso a área de psicologia, pois é esse conhecimento que vai
ajudar na forma de tratar esse paciente, não apenas nos cuidados básicos como dar
banho, realizar a troca de uma roupa, mas sim no contato que o profissional passa a ter
com o outro indivíduo, como por exemplo, dar um conselho, orientar, ou simplesmente lhe
proporcionar um sorriso.

Quando o profissional de enfermagem estabelece essa comunicação com o


paciente, usando todo o conhecimento de psicologia que foi introduzido em seu curso, é
então criado um vínculo de confiança com esse paciente. E muitas vezes através desse
relacionamento o tratamento pode apresentar melhores resultados e uma recuperação
mais satisfatória.

Há duas correntes na área da saúde que se deve conhecer:

 A primeira que trata o doente como um paciente passivo e vê a doença como um


fator único que pode ser retirada com medicamentos e procedimentos;
 E a segunda corrente que percebe que além de apresentar sintomas da doença, o
paciente possui problemas sociais, econômicos, pessoais, psicológicos que se
influenciam e que contribui para o surgimento de novas doenças. Para melhor
compreender a forma de agir, pensar e sentir humano o aparelho psíquico foi

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dividido por Freud em sistemas e o conteúdo mental em níveis de consciência,


assim como procurou entender o papel dos sonhos em nossas vidas.

5. Conceitos Fundamentais de Psicologia

Antes de aplicarmos a psicologia na atividade de enfermagem, é necessário


conheceremos alguns conceitos fundamentais do ser humano, que nos irá ajudar a lidar
com o “outro” no dia a dia. São eles:

IDENTIDADE
É a denominação dada às representações e sentimentos que o indivíduo desenvolve a
respeito de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências. A identidade é a síntese
pessoal sobre o si - mesmo, incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia
(trajetória pessoal), atributos que os outros lhe conferem, permitindo uma representação a
respeito de si. Este conceito supera a compreensão do homem enquanto conjunto de
papéis, de valores, de habilidades, de atitudes etc., pois compreendem todos estes
aspectos integrados — o homem como totalidade — e busca captar a singularidade do
indivíduo, produzida no confronto com o outro.
A mudança nas situações sociais, a mudança na história de vida e nas relações
sociais determinam um processar contínuo na definição de si mesmo. Neste sentido, a
identidade do indivíduo deixa de ser algo estático e acabado, para ser um processo
contínuo de representações de seu “estar sendo” no mundo.

OS SENTIMENTOS
Os afetos básicos (amor e ódio), além de manifestarem-se como emoções, podem
expressar-se como sentimentos. Os sentimentos diferem das emoções por serem mais
duradouros, menos “explosivos” e por não virem acompanhados de reações orgânicas
intensas. Assim, consideramos a paixão uma emoção, e o enamoramento, a ternura, a

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amizade, consideramos sentimentos, isto é, manifestações do mesmo afeto básico — o


amor.
O importante é compreender que a vida afetiva — emoções e sentimentos —
compõe o homem e constitui um aspecto de fundamental importância na vida psíquica. As
emoções e os sentimentos são como alimentos de nosso psiquismo e estão presentes em
todas as manifestações de nossa vida. Necessitamos deles porque dão cor e sabor à
nossa vida, orientam-nos e nos ajudam nas decisões. Enfim, são elementos importantes
para nós, que não podemos nos compreender sem os sentimentos e as emoções. Saber e
compreender o mundo que nos rodeia é fundamental para que possamos estar nele. A
apreensão do real é feita de modo sensível e reflexivo e, portanto, realizada pelo pensar,
sentir, sonhar, imaginar.
EMOÇÕES

Outras reações orgânicas que acompanham as emoções e


revelam vivências os estados emocionais do indivíduo: tremor, riso,
choro, lágrimas, expressões faciais etc. As reações orgânicas fogem
ao nosso controle. Podemos “segurar o choro”, mas não
conseguimos deixar de “chorar por dentro”, sentindo aquele nó na
garganta e, às vezes, tentamos, mas não conseguimos segurar duas
ou três lágrimas que escorrem, traindo-nos, demonstrando nossa
emoção. Todas essas reações de que vimos falando são importantes
descargas de tensão do organismo emocionado, pois as emoções
são momentos de tensão em um organismo, e as reações orgânicas
são descargas emocionais.
Nossa cultura estimula algumas reações emocionais e reprimem outras. Os
homens sabem bem disso. “Homem não chora” é uma das frases mais comuns na
educação de nossos jovens. Infelizmente, o senso comum não foi sensível para aprender
com os poetas que se chora, sim, e que choro é expressão de vida afetiva, de amor e de
ódio; de força de um organismo que se adapta a uma situação de tensão — nunca sinal de
fraqueza!

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AUTO-ESTIMA
É o conjunto de atividades que cada pessoa tem sobre si mesma, uma percepção
avaliativa sobre si própria, que podem ser positivas ou negativas. Apresentam altos e
baixos, revelando-se nos acontecimentos sociais, emocionais e psicofisiológicos
(psicossomáticos), emitindo sinais detectáveis em vários graus. Ninguém deixa de pensar
em si mesmo, todos temos a tendência a nos avaliar, porém o fazemos de um modo
diferente, distinto, cada um à sua maneira, levando em conta o mundo ao redor.

MEMÓRIA
É uma faculdade cognitiva extremamente importante porque ela forma a base para a
aprendizagem. Se não houvesse uma forma de armazenamento mental de representações
do passado, não teríamos uma solução para tirar proveito da experiência. Assim, a
memória
envolve um complexo mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências,
portanto, está intimamente associada à aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o
nosso comportamento através das experiências que foram armazenadas na memória; em
outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos e a memória é a
retenção daqueles conhecimentos aprendidos.
Tipos e Características da Memória
Pense na diferença entre memorizar a data de aniversário de alguns amigos versus
aprender a andar de bicicleta. As diversas coisas que aprendemos e lembramos não são
processadas sempre pelo mesmo mecanismo neural.
Existem diferentes categorias de memórias, entre elas estão:
A memória ultra-rápida cuja retenção não dura mais que alguns segundos.
A memória de curto prazo (ou curta duração), que dura minutos ou horas e serve para
proporcionar a continuidade do nosso sentido do presente
A memória de longo prazo (ou de longa duração), que estabelece engramas (ou traços
duradouros (dura dias, semanas ou mesmo anos).

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SAÚDE MENTAL
 É o equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências
externas. É a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções dentro
de um amplo espectro de variações sem, contudo, perder o valor do real e do
precioso. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias ações sem perder a noção de
tempo e espaço. É buscar viver a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal
e o outro. (Dr. Lorusso);
 Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Aceitar as exigências da
vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis:
alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio; serenidade/raiva; ciúmes; culpa;
frustrações. Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário.

Os seguintes itens foram identificados como critérios de saúde mental:


 Atitudes positivas em relação a si próprio.
 Crescimento, desenvolvimento e auto-realização.
 Integração e resposta emocional.
 Autonomia e autodeterminação.
 Percepção apurada da realidade.
 Domínio ambiental e competência social;

DOENÇA MENTAL

Os termos transtorno, distúrbio e doença combinam-se aos


termos mental, psíquico e psiquiátrico para descrever qualquer
anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica
e ou mental.
São condições de anormalidade ou comprometimento de ordem
psicológica, mental ou cognitiva. Há diversos fatores que explicam os
transtornos psiquiátricos, como genética, problemas bioquímicos,

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como hormônios ou substâncias tóxicas, e até mesmo o estilo de


vida.
PSICOSE

É uma perturbação da mente que causa dificuldades em determinar o que é ou não


real. Os sintomas mais comuns são delírios (convicção em falsas crenças)
e alucinações (ver ou ouvir coisas que outras pessoas não vêem ou ouvem). Entre outros
possíveis sintomas estão entre o discurso incoerente e comportamento inapropriado para a
situação. Podem também ocorrer perturbações do sono, reclusão social, falta de motivação e
dificuldades em desempenhar tarefas do quotidiano.

NEUROSE

Ela é uma enfermidade de natureza emocional, também ligada à personalidade do


indivíduo e ao seu universo afetivo. Diante de determinadas situações, todos nós temos
reações emocionais, mas o neurótico as expressa de uma forma exagerada; assim
passam a temer os contextos que lhe desencadeiam estes sentimentos, deixam de realizar
algumas atividades, fogem dos eventos sociais, tem uma incidência maior de depressão,
preocupam-se mais com tudo e com todos, sofrendo sempre por antecedência.
Normalmente a pessoa tem consciência do seu estado alterado, mas não consegue
encontrar uma saída para este problema.
A neurose está intrinsecamente ligada à personalidade do indivíduo, ele não se
encontra temporariamente neurótico, ele costuma ser neurótico, é um traço de seu caráter.
Ele apresenta, diante da vida, reações existenciais consideradas anormais, desiguais,
desprovidas de uma causa visível.

6. PSICÓLOGO E PSIQUIATRA

Psicólogo Psiquiatra
O psicólogo é o profissional que O psiquiatra é o profissional com

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possui formação na área de formação em medicina, com


psicologia, e utiliza da terapia para especialização em psiquiatria. Esse
lidar com problemas de ordem profissional é habilitado para lidar com
comportamental e psicológica. variados transtornos mentais, como
depressão ou psicoses.
Transtornos psicológicos. Apesar de também tratar transtornos
psicológicos, sua especialidade é em
transtornos psiquiátricos.

CARÁTER
De acordo com Reich (1995), o caráter é o conjunto de reações e hábitos de
comportamento que vão sendo adquiridos ao longo da vida e que especificam o modo
individual de cada pessoa. Portanto, o caráter é composto das atitudes habituais de uma
pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Incluem aqui as
atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim
por diante) e as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do
corpo). É a forma com que a pessoa se mostra ao mundo, com seu temperamento e sua
personalidade.
É por meio do caráter que a personalidade do indivíduo se manifesta. Portanto,
conhecer o caráter de uma pessoa significa conhecer os traços essenciais que determinam
o conjunto de seus atos.
Desde o momento da fecundação, todas as informações genéticas do pai e da mãe
passam ao novo bebê, constituindo o seu temperamento. Ainda na gestação, o bebê
apreende todos os estímulos provindos do meio. Sente e sofre com qualquer alteração
sofrida pela mãe durante a gestação e gradativamente, vai incorporando esses estímulos e
organizando-os em seu mundo interno, que já estão contribuindo para a formação de sua
personalidade. Os possíveis comprometimentos que por ventura irá ter ao longo das
etapas de desenvolvimento, irão determinar as suas forma de agir e reagir perante a vida,
constituindo assim, o seu caráter.

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Então, cada pessoa assumirá uma forma definida de funcionamento, padrão típico
de agir frente às mais inusitadas situações. Como exemplo, podemos pensar numa sala de
aula cheia de alunos, onde, sem ninguém esperar, entra um bandido armado. É provável
que todos se assustem, porém, cada qual irá reagir com base em sua estrutura de caráter.
Alguns desmaiam de medo; outros têm diarreia, sono, taquicardia, sudorese; encontramos
também aqueles que querem persuadir o bandido; os que tentam seduzi-lo; os que
procuram enfrentá-lo, mesmo ele estando armado. E assim, uma sucessão de
comportamentos irá aparecer perante a mesma situação.

TEMPERAMENTO
Há cerca de 2500 anos, Hipócrates, considerado o pai da Medicina, classificou o
temperamento da espécie humana em quatro tipos básicos:

 Sangüíneo, típico de pessoas de humor variado;


 Melancólico, característico de pessoas tristes e sonhadoras;
 Colérico, peculiar de pessoas cujo humor se caracteriza por um desejo forte e
sentimentos impulsivos, com predominância da bile;
 Fleumático, encontrado em pessoas lentas e apáticas, de sangue frio.
A palavra temperamento tem sua origem do latim. Representa a peculiaridade e
intensidade individual dos afetos psíquicos e da estrutura dominante de humor e
motivação.

Atualmente, o que mais se aceita a respeito do temperamento é que certas


características são decorrentes de processos fisiológicos do sistema linfático, bem como a
ação endócrina de certos hormônios. Assim, pode-se explicar a genética e a interferência
do meio sobre o temperamento de cada pessoa. Então, poderíamos definir temperamento
como sendo uma disposição inata e particular de cada pessoa, pronta a reagir aos
estímulos ambientais; é a maneira de ser e agir da pessoa, geneticamente determinada; é
o aspecto somático da personalidade. O temperamento pode ser transmitido de pais para

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filhos, porém, não é aprendido, nem pode ser educado; apenas pode ser abrandado em
sua maneira de ser, o que é feito pelo caráter.

7. Aparelho psíquico ou psiquismo humano

Psiquismo é definido como o conjunto de características psicológicas de um indivíduo, ou o


conjunto de fenômenos psíquicos e processos mentais. É uma energia inteligente, gerada
pelo cérebro, consciente ou inconscientemente, emanada em determinadas frequências,
de alcance ilimitado e direcionadas de forma aleatória ou objetiva.

Em 1900, Freud apresenta a concepção sobre a estrutura e o funcionamento mental. Essa


teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, pré-
consciente e consciente.

 INCONSCIENTE exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual


da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos
sistemas pré-consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes
conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos,
isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. Será
inacessível á consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho. O
tempo não altera tudo o que está guardado no inconsciente.

 PRÉ-CONSCIENCIA (ou subconsciente): se constitui nas memórias que podem se


tornar acessíveis a qualquer momento para o perfeito funcionamento da mente. É
aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento seguinte pode
estar.

 CONSCIENTE: é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as


informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se
o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a

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atenção, o raciocínio. Diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos,


pensamentos, lembranças e fantasias do momento;

Personalidade
A personalidade é formada durante as etapas do desenvolvimento psico-afetivo
pelas quais passa a criança desde a gestação. Para a sua formação incluem tanto os
elementos geneticamente herdados
(temperamento) como também o adquirido do meio ambiente no qual a criança está
inserido.
São várias as teorias que versam sobre personalidade tanto quanto as controvérsias,
temas de discussões presentes em toda história da filosofia, psicologia, sociologia,
antropologia e medicina geral.

“Compreender os aspectos e a dinâmica da personalidade humana


também não é tarefa simples, visto à complexidade e variedade de
elementos que a circunda, gerados por diversos fatores biológicos,
psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto mais
complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a
pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada ela será. Do ponto
de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes

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tendências, interesses e aptidões que também são formados pela


combinação dinâmica entre diversos fatores hereditários e uma infinidade
de influências sócio psicológicas que ela recebe do meio ambiente.
(Fernandes Filho, 1992)”.

Então, podemos dizer que a personalidade é formada por dois fatores básicos:
 Hereditários: são os fatores que estão determinados desde a concepção do bebê.
É a estatura, cor dos olhos, da pele, temperamento, reflexos musculares e vários
outros. É aquilo que o bebê recebe de herança genética de seus pais.
 Ambientais: São aqueles que também exercem uma grande influência porque
dizem respeito à cultura, hábitos familiares, grupos sociais, escola,
responsabilidade, moral e ética, etc. São experiências vividas pela criança que irão
lhe dar suporte e contribuir para a formação de sua personalidade.

Estrutura da Personalidade

É formada por três instâncias, o id, o ego e o superego, Segundo FREUD, descritas a
seguir.
 O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões:
a de vida e a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na
primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer.
 O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as
exigências da realidade e as “ordens” do superego. Procura “dar conta” dos
interesses da pessoa. É regido pelo princípio da realidade, que, com o princípio do
prazer, rege o funcionamento psíquico. É um regulador, na medida em que altera o
princípio do prazer para buscar a satisfação considerando as condições objetivas
da realidade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo evitamento
do desprazer. As funções básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos,
pensamento.

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 O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das


proibições, dos limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções do superego.
O conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais.

A pulsão refere-se a um estado de tensão que busca, através de um objeto, a supressão


deste estado. Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e as de auto
conservação. Tanatosé a pulsão de morte, pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para
fora e se manifestar como pulsão agressiva ou destrutiva.

ANSIEDADE: UMA AMEAÇA AO EGO


A ansiedade funciona como um alerta das ameaças contra o ego. Segundo Schultz, Freud
descreveu a ansiedade como temor sem razão e que geralmente não podemos identificar
a fonte do objeto especifico que a tenha provocado. Freud sugeriu o trauma do parto como
o protótipo da ansiedade, pois o recém-nascido é bombardeado com estímulos do mundo
exterior para os quais ele não está preparado e que ele não consegue se adaptar. Para
isso, ocorre uma série de movimentos motores, a respiração fica acelerada e há o aumento

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dos batimentos cardíacos, ou seja, nossa primeira experiência com a ansiedade. Esta
tendência de reação a estímulos excessivos, de acordo com Freud, persiste por toda a
vida e não somente na infância.

A ansiedade provoca tensão, motivando o indivíduo a tomar alguma atitude para reduzi-la.
De acordo com a teoria freudiana, o ego desenvolve um sistema de proteção - os
chamados mecanismos de defesa - que consistem nas negações inconscientes ou
distorções da realidade.

Três tipos de ansiedade


Sigmund Freud propôs três tipos de ansiedade: a ansiedade objetiva, a neurótica e a moral
ou sentimento de culpa. O tipo básico de ansiedade objetiva se relaciona aos medos e
perigos iminentes do mundo real e tem por finalidade orientar o comportamento no sentido
de proteção.
 Ansiedade neurótica é o medo de que os instintos saiam do controle e levem a
pessoa a tomar alguma atitude em que possa ser punida. “A ansiedade neurótica
tem uma base na realidade, porque o mundo, conforme representado pelos pais e
outras autoridades, realmente pune a criança por ações impulsivas” (HALL,
LINDZEY, 1970, p.44), tornando-se um conflito entre o id e o ego.
 Ansiedade moral é resultado do confronto id e superego, ou seja, é o medo da
própria consciência. Dependendo do grau de desenvolvimento do superego, a
pessoa tende a se sentir culpada quando faz ou pensa algo que contraria o código
moral o qual ela foi criada. É o que chamamos popularmente de “consciência
pesada”. De qualquer forma, esse tipo de ansiedade também tem uma base realista,
pois o indivíduo foi punido no passado por violar o código moral e teme ser punido
novamente.
 Ansiedade alerta, o indivíduo de que o ego está sendo ameaçado e de que, se não
se tomar uma atitude, este poderá ser subvertido” (SCHULTZ, SCHULTZ, 2002,
p.53). Quando o ego não pode lidar com a ansiedade por métodos racionais ele
recorre a estratégias não racionais, o que Freud chamou de mecanismos de defesa.

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DEFESAS CONTRA A ANSIEDADE - são formas que a mente busca para se proteger.
Os mecanismos de defesa são diferentes tipos de manifestações que as defesas do ego
podem apresentar, já que este não se defronta só com as pressões e solicitações do id e
do superego, pois aos dois se juntam o mundo exterior e as lembranças do passado.
Quando se desencadeiam situações que possam vir a provocar sentimento de culpa ou
ansiedade, de forma inconsciente, ativa-se uma série de mecanismos de defesa, a fim de
proteger o ego contra uma dor psíquica iminente. Um conflito cria em nós uma certa
angústia. Essa angústia é o que nos motiva a resolver esse problema. Porém, nem sempre
o indivíduo é capaz de resolver um problema de forma imediata e direta através da
razão. Isso se dá pelo fato de que os problemas pessoais têm um certo envolvimento
emocional que diminui nossa objetividade, o que nos leva a um processo de ajuste às
exigências que a sociedade nos impõe.

Tais processos adaptativos são o que chamamos de mecanismos de defesa:

 Recalque ou Repressão
Sua essência consiste em afastar uma determinada coisa seja ela um evento, idéia ou
percepção do consciente, mantendo-a à distância, no inconsciente, por ser algo
potencialmente provocador de ansiedade. Estando no inconsciente não traz ameaças.
Porém, o material reprimido continua fazendo parte da psique, apesar de inconsciente, e
continua causando problemas (sintomas).
Segundo Freud, os sintomas histéricos com frequência têm sua origem em alguma antiga
repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite, impotência,
frigidez, úlcera, etc, também poderiam estar relacionadas com esse mecanismo de defesa.
Projeção
O ato de atribuir a outra pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou intenções
que a pessoa recusa em reconhecer em si próprio, como sendo seu e, portanto, atribui
(projeta) ao outro. É um mecanismo de defesa através do qual os aspectos da
personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro deste para o meio externo.
Alguém que afirma textualmente que "todos nós somos algo desonestos" está, na

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realidade, tentando projetar nos demais suas próprias características. Ou então, dizer que
"todos os homens e mulheres querem apenas sexo", pode refletir sua própria projeção.
Sempre que caracterizamos algo de fora de nós como sendo mau, perigoso, pervertido,
imoral e assim por diante, sem reconhecermos que essas características podem também
ser verdadeiras para nós, é provável que estejamos projetando.
 Dissociação
Lidar com um conflito emocional por meio de uma alteração temporária na consciência ou
identidade. Adultos que não se lembram de abusos sexuais na infância.
Introjeção
Significa incorporar para dentro de nós mesmos normas, atitudes, modos de agir e pensar
que são dos outros e não verdadeiramente nossos. É o oposto da projeção.

 Regressão
Regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de
expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a ansiedade escapando do
pensamento realístico para comportamentos que, em anos anteriores, reduziram a
ansiedade. Algumas pessoas quando se sentem inseguras, agarram-se a seu cobertor tal
como faziam quando bebês. É um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza a
tensão, frequentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade original.
Deslocamento
É o mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa substitui a finalidade inicial de uma
pulsão por outra diferente e socialmente mais aceita. Durante uma discussão, por exemplo,
a pessoa tem um forte impulso em socar o outro, entretanto, acaba deslocando tal impulso
para um copo, o qual atira ao chão.

 Negação
É a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego. Os adultos têm
a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou
que na verdade nunca aconteceram.
Conversão

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Numa linguagem simples seria a transformação de uma coisa em outra. No caso da psique
x corpo, significa a manifestação orgânica de um sintoma neurótico.
 Identificação
Copiar o modelo de ações e opiniões de pessoas influentes, em busca de identidade ou
por aspirar a concretização de um objetivo pessoal ou coletivo. Um estudante de
enfermagem segue uma especialidade, por ser esta a especialidade de um professor.

 Intelectualização
Separar as emoções e os fatos envolvidos em eventos ou situações dolorosas; aceitar os
fatos; mas não as emoções. A pessoa não demonstra expressão emocional alguma
quando discute um acidente grave de carro.

 Racionalização
É o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações
inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é
logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, idéia ou
sentimento que causa angústia. Usa-se a Racionalização para justificar comportamentos
quando, na realidade, as razões para esses atos não são recomendáveis.

 Anulação ou ato de desfazer


Significa ter ações que contestam ou desfazem um dano que o indivíduo imagina que pode
ser causado por seus desejos. Fazer o inverso do ato ou do pensamento precedente.
Pessoa que engana a esposa leva um buquê de rosas para ela.

 Formação Reativa
Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos
ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro
desejo. Através da Formação Reativa, alguns pais são incapazes de admitir um certo
ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo exageradamente em suas vidas,
sob o pretexto de estarem preocupados com seu bem-estar e segurança (superproteção),

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que nesse caso é uma forma de punição. O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode
manifestar sua Formação Reativa tratando-a com formalidade exagerada ou ser super bem
tratado na casa da namorada pela mãe dela, mas sentir que a futura "sogra" detestou a
visita.

 Fantasia
O indivíduo concebe em sua mente uma situação que satisfaz uma necessidade ou desejo,
que na vida real não pode por algum motivo ser satisfeito.

 Sublimação
Na impossibilidade de realização de um desejo, encontra um substituto aceitável por meio
do qual pode se contentar. É uma forma de deslocamento e um recalque bem sucedido. A
frustração de um relacionamento afetivo e sexual mal resolvido, por exemplo, é sublimado
na paixão pela leitura ou pela arte. O chupar o dedo ou a chupeta para o bebê o faz se
sentir como se estivesse mamando no seio da mãe.

 Resistência
Antagonizar, de modo aberto ou encoberto, a lembrança ou o processamento de
informações que produzem ansiedade. Uma pessoa que frequenta sessões de tratamento
de alcoolismo, segundo determinação do tribunal, mas se recusa a participar.

 Fixação
Imobilizar uma porção da personalidade resultante da não conclusão de tarefas em certo
estágio do desenvolvimento. Não aprender e adiar a gratificação.

 Substituição
Substituição de gratificação desejada por outra mas rapidamente disponível.
Mulher que gostaria de ter filhos próprios inaugura um centro de caridade.

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 Supressão
Exclusão consciente de pensamento e sentimentos inaceitáveis resultantes de percepção
consciente. O estudante que decide não pensar na doença dos pais para estudar para uma
prova.

8. Estágios do Desenvolvimento Humano

1º estágio oral:
Vai desde o nascimento aos 12/18 meses de idade e as fontes de prazer são os lábios, a
boca e a língua. Estas se manifestam ao mamar, comer e morder.

2º estágio anal:
Quanto ao estádio anal, podemos dizer que este vai dos 12/18 meses aos 3 anos de idade.
As fontes de prazer são o ânus, no que diz respeito a reter ou expulsar, a controlar e
constata-se no asseio. Neste estádio o conflito pode ser no treino e consequentemente
provoca na personalidade a avareza, a obstinação, a ordem compulsiva e a
meticulosidade, isto no caso do retentivo anal, visto que, se verificar expulsivo-anal,
constata-se a crueldade, a destruição, a desordem e a desarrumação.

3º estágio falido:
No que diz respeito ao estádio fálico, que vai dos 3 aos 5/6 anos de idade, podemos referir
que é muito importante, sendo que é neste estádio que se forma o superego. As suas
fontes de prazer são os órgãos genitais, sendo que a criança explora o próprio corpo e o
dos outros, tocando-os.

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4º período de latência:
Vai dos 5/6 anos aos 12/13 anos de idade, caracteriza-se por uma diminuição das
atividades sexuais, isto é, há um “intervalo” na evolução da sexualidade. Processam a
ausência de interesses sexuais, presentes no estádio anterior, passando a verificarem-se a
curiosidade intelectual e o relacionamento social da criança. Neste estádio, as
características da personalidade consistem na aprendizagem social e no desenvolvimento
da consciência moral.

5º estágio genital:
Verifica-se depois da puberdade, podemos referir que começam a existir contatos sexuais
com outras pessoas, não existindo conflito, como também acontece no estádio anterior.
Objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas era um objeto
externo ao indivíduo o outro (11-13 anos).

 Complexo de Édipo acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase fálica. No complexo


de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai é o rival que impede seu
acesso ao objeto desejado. Ele procura então ser o pai para “ter” a mãe,
escolhendo-o como modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e
as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna.
Posteriormente, por medo da perda do amor do pai, “desiste” da mãe, isto é, a mãe
é “trocada” pela riqueza do mundo social e cultural, e o garoto pode, então,
participar do mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas através da
identificação com o pai. Este processo também ocorre cora as meninas, sendo
invertidas as figuras de desejo e de identificação. Freud fala em Édipo feminino.
Estes complexos são muito importantes na formação da personalidade.

Mediante aos conceitos fundamentais da psicologia, veremos a seguir as habilidades de


ser relacionar com o próximo a parti de si.

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Habilidade Pessoal

É a habilidade de se relacionar consigo mesmo. Reconhecer um sentimento enquanto


ele ocorre é a chave da inteligência emocional. A falta de habilidade de reconhecer nossos
verdadeiros
sentimentos deixa-nos a mercê de nossas próprias emoções (resultado de como vemos e
julgamos determinados fatos). Cada emoção prepara o corpo para um determinado tipo de
resposta.
O autoconhecimento emocional é saber reconhecer um sentimento enquanto ele
ocorre, conseguindo assim maior controle de nossas emoções (seremos melhores pilotos
de nossas vidas). Dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se
caminhando sempre em busca, para manter-se sempre no controle e para manter a mente
criativa na busca de soluções. As pessoas bem-sucedidas pessoal e profissionalmente
agem usando as emoções de forma inteligente, elas conseguem aliar inteligência
emocional a inteligência racional. Sabem colocar em pratica os conhecimentos que
adquirem e se relacionam bem com todos.

HABILIDADE INTERPESSOAL

Reconhecimento de emoções em outras pessoas. A empatia permite que


reconheçamos as necessidades e desejos dos outros, permitindo-lhe relacionamentos
mais eficazes. A arte de relacionamento é a arte de gerenciar sentimentos em outros. Esta
habilidade é base de sustentação de popularidade, liderança e eficiência pessoal.

“O homem vale-se de comunicação em todas as experiências de vida, de modo


interpessoal ou dual, em pequenos ou grandes grupos, até quando não está em uma
dessas situações, se refletir um pouco percebera que se encontra sob o impacto ou
influência da comunicação”. Assim, acreditamos que em todos os momentos de encontro
entre dois ou mais seres há um momento de interação e percepção. Nesse aspecto, o
enfermeiro não pode fugir da comunicação, pois ele já comunica algo com sua presença.

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O profissional de enfermagem, precisa saber que é um elemento nuclear da equipe


de saúde, na qual o paciente se apoia na busca de informação, suporte emocional,
satisfação de suas necessidades básicas, tais como: segurança, higiene, conforto, etc.
Diante disso, o profissional auxiliar técnico de enfermagem deve trabalhar melhor as
questões do conhecimento interpessoal e intrapessoal a fim de desenvolver habilidades de
comunicação que possa contribuir para o bem-estar dele e do paciente.
“A imagem é o sinal característico de nossa individualidade, e a impressão extrema do
nosso eu. É através dela que provocamos sentimentos diversos nas pessoas, é ela que
determina a causa principal de nosso sucesso ou e nosso insucesso”.

EMPATIA – COMPREENDENDO A SI PRÓPRIO E AOS OUTROS


Cultivar a habilidade de compreender as pessoas é uma das tarefas mais difíceis
que um homem jamais poderia se propor. Mesmo fazendo o maior esforço, somente é
possível compreender em parte as necessidades sentidas pelo homem; e, menos ainda, os
sentimentos da vida interior. Isto porque a habilidade de compreender abrange mais do
que ser capaz de perceber, entender, identificar e interpretar as comunicações ou
expressões captadas pelos sentidos.
Especificamente no contexto de relacionamento interpessoal, "compreender" é
análogo a "empatizar", termo este que significa:

 A capacidade de identificação com a disposição ou estrutura psicológica de outra


pessoa;
 Procurar sentir como se estivesse na situação da outra pessoa;
 Tentar entender as razões e o significado da comunicação verbal e não verbal mais
do que a maneira como está transparece;
 Compartilhar mutuamente desejos e ideias, mesmo que não se concorde com o
comportamento exibido;
 Ter a habilidade de perceber e acompanhar os sentimentos de outra pessoa,
mesmo que sejam intensos, profundos, destrutivos ou anormais.

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O real significado de empatia está em compreender os outros, apesar de não se


concordar, muitas vezes, com o comportamento destes.
Procurar ser compreensivo e sentir como a outra pessoa estaria sentindo não significa
que se deva ser sempre permissivo e tolerante frente a certos comportamentos agressivos
e destrutivos. Após analisar tais situações, o técnico deve julgar, muitas vezes, ser preciso
estabelecer limites ou restrições para garantir a segurança do paciente ou das pessoas
adjacentes.
Compreender implica simultaneamente ser capaz de estabelecer limites, quando
necessário. O ato de impor limites poderá gerar ira momentânea no paciente, mas com o
tempo o fato será percebido como uma atitude de ajuda.
Neste pensamento está intrínseco que o cultivo da habilidade de compreender não
é obra do acaso. É a combinação ativa de qualidades e habilidades pessoais de
ajustamento emocional, de amor ao próximo, de possuir senso equilibrado de autoestima e
autocrítica, e de avaliar inteligentemente as necessidades das outras pessoas.
Entretanto, assim como há fatores que influenciam a disposição para ser mais
compreensivo, por outro lado há outros que dificultam igualmente. Um destes é o
egocentrismo ou egoísmo pessoal do profissional, o excesso de preocupação consigo
próprio, ou a dificuldade de discernimento do conceito de que é "certo " ou "errado" que
pode bloquear as tentativas de empatizar-se com os outros

O PACIENTE COMO SER BIOPSICOSSOCIAL


Uma pessoa não pode ou não deve perder sua dignidade e direitos como pessoa
porque está doente. Para May (1977), em Beland e Joyce, o fundamental da Psicologia
humanística é compreender o homem como um ser, ou seja, atingir o aspecto mais íntimo
de cada pessoa. E para que possamos atingir esse aspecto é preciso considerar a pessoa
e seu ambiente como uma unidade composta de fatores interdependentes; é preciso
compreender a maneira de pensar, sentir e fazer que o próprio homem desenvolveu como
parte de seu ambiente e ainda ter consciência de que o bem-estar só é alcançado quando
as necessidades estão sendo supridas satisfatoriamente.

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Qualquer doença altera a atuação interpessoal e social do indivíduo e tanto maior


será essa alteração conforme for o valor físico, emocional e intelectual que a doença
representa para o paciente e seus familiares, sem esquecer que o hospital poderá
minimizar ou exacerbar tal alteração.
A base da profissão de um profissional da saúde deve ser a crença no valor da pessoa
através do respeito ao atendimento das necessidades básicas do paciente e, para tanto, é
imprescindível identificar seus problemas tendo amplas e atualizados conhecimentos
fisiopatológicos e psicossociais, sem os quais sua atuação será desnecessária e, muitas
vezes, prejudicial.
9. O TÉCNICO DE ENFERMAGEM E O PACIENTE

De toda a equipe de saúde envolvida, é o técnico de enfermagem quem executa a


maior parte das tarefas com o paciente. O corpo do paciente é o objeto de atenção, a
quem cabe a tarefa de cuidado diária. A enfermagem detém a permissão social e cultural
para tocar o corpo do outro, podendo desnudar, limpar, amarrar, banhar, secar, alimentar,
injetar, raspar, vestir e nesse momento, mesmo que não se aperceba disso, expressa seu
sistema de valores, consequência de sua cultura, da realidade do mundo ao qual faz parte.
Assim, também é o corpo. A ideia
que temos de corpo também foi sendo construída a partir dos valores a ele
atribuídos. Ele não é experimentado, entendido de modo igual para todos os indivíduos. A
percepção que temos do corpo é resultado da nossa cultura especifica. Ele é na verdade
uma simbolização, ou seja, o corpo é uma representação dos nossos conceitos de pessoa,
sexualidade, dentre outros. A experiência corporal não é universal. O corpo não fala por si
próprio, a cultura vai deixando marcas e atribuindo significados que não são eternos.
O cuidado do corpo por parte do pessoal de enfermagem inclui uma manipulação do
outro mediante procedimentos e técnicas do ato de cuidar. Além dos sentidos usa-se
também a intuição, a percepção, a sensibilidade criando uma linguagem corporal própria,
na qual pela forma de tocar, olhar, cuidar, são expressos valores, conceitos, receios,
preconceitos, temores, etc. Tomar consciência dos próprios temores, preconceitos, dúvidas
e limites em relação ao seu próprio corpo e ao do paciente e fundamental para que se

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estabeleça uma relação na qual esse corpo se personifique, ganhe uma identidade, deixe
de ser apenas um objeto que precisa de cuidados para pertencer a uma pessoa que tem
também seus próprios preconceitos, duvidas, timidez e vergonha, principalmente no
memento de um contato mais íntimo. Devemos tentar naturalizar a situação hospitalar. Do
mesmo modo que um bebe é amamentado, a alimentação não é a única necessidade que
se está sendo atendida, mas também através desse contato, o bebe sente-se acariciado,
protegido, desenvolvendo, a partir daí um sentimento de confiança, etc.
Desse modo, no ato de prover as necessidades físicas do indivíduo, promovendo o
cuidado com o corpo, algo além do próprio cuidado está em jogo. É possível estabelecer
uma relação de solidariedade, percebendo as dificuldades, dúvidas e temores do paciente.
Há muita insegurança por parte do paciente, no mento da hospitalização e na própria
experiência da doença. Muitas vezes a pessoa não sabe ao certo o que vai lhe acontecer.
A ansiedade faz-se presente, principalmente em procedimentos cirúrgicos que
representam ameaça á integridade corporal ou que comprometam a autonomia da pessoa,
como nos casos de colostomia, mastectomia e amputações. É importante compreender
que não e simplesmente um simples membro que vai ser extirpado em troca de melhor
prognostico, mas sim uma parte da pessoa que tem uma função e significados específicos.
Tal medida requeira um aprendizado para se conviver com a nova situação. Assim, é
mais aconselhável tentar entender a sua tristeza e estar disposto a escutá-lo, ao invés de
tentar reanimá-lo. É compreensível certo desconforto, certa estranheza e, muitas vezes,
para negar essas sensações, se mantém uma distância emocional em relação aos
pacientes, por meio de uma padronização dos mesmos, que são vistos como iguais, no
pior sentido que isso possa ter, no que se refere a perda da identidade.
Todos nos sentimos medo, vergonha, culpa, tristeza, alegria, amor, etc. Nem tudo
pode ser explicado pela razão. Sentimentos são para ser sentidos, experimentados,
respeitados, para aprendermos a lidar com eles e deforma que possamos nos conhecer e
viver melhor. Um técnico de enfermagem sensível, bom observador, conhecedor de suas
próprias emoções, limites e possibilidades tem maior chance de maior atuação junto aos
clientes. É importante perceber que cada paciente é único, apesar das tarefas executas
serem as mesmas. Isso entendido pode ser um facilitador para ambas as partes,

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propiciando ao paciente um tratamento mais humanizado e ao profissional um melhor


desempenho.

9.1 RELACIONAMENTO TÉCNICO EM ENFERMAGEM, PACIENTE E FAMÍLIA

A essência do trabalho da enfermagem é o cuidar. Necessário que seja eficiente e


prestado de forma humanizada. Olhar o paciente holisticamente (como um todo) e não
esta atenta apenas às técnicas básicas do cuidar.
A necessidade de sensibilidade dos profissionais para executarem os cuidados,
observando as manifestações verbais e não verbais do cliente, podendo indicar a
enfermagem suas necessidades individuais.
Deste modo, a comunicação essencial para uma melhor assistência ao cliente e à
família que estão vivenciando o processo de hospitalização, podendo resultar em estresse
e sofrimento. Para tanto, o técnico em enfermeiro é capacitado a reconhecer a interação
enfermagem – cliente – família, estabelecendo atitudes de sensibilidade e empatia entre
todos, contribuindo com a assistência humanizada.
Assim, acredita-se que o cuidado de enfermagem extrapola a técnica (procedimento),
sendo expresso pelas atitudes, além de ser relacional. Então, quando o cuidado se dá em
um ambiente que exige alta tecnicidade, tal como ocorre em uma unidade de terapia
intensiva (UTI), o cuidar pode tornar-se mecânico devido à alta complexidade de
equipamentos e tecnologia. Estes fatores, portanto, podem favorecer um comportamento
da equipe pouco comprometido com os sentimentos dos doentes e seus familiares,
resultando na desvalorização da assistência humanizada.

MANEJO DE FAMILIARES DIFÍCEIS


Outra questão que necessita de um olhar cuidadoso é a relação do profissional com
os familiares do paciente. A dinâmica dessa relação requer cuidado, pois assim como o
paciente, a família se apresenta com os sentimentos abalados, levando em conta a
situação-limite que todos envolvidos no processo se encontram. Quando nos referimos ao
manejo falamos de controle, de como conduzir a relação em um momento de dor e
sofrimento. É importante para o profissional reconhecer o lugar do outro e entender que

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todos atravessam um momento de intensa fragilidade. Saber assumir responsabilidade


com o paciente e com seus familiares é papel fundamental na relação.

Quanto ao familiar deve-se entender que existem alguns tipos de famílias incluídas na
relação:

1)As famílias bem adaptadas - são aquelas que entendem e aderem bem ao tratamento do
familiar. Conseguem contribuir de forma efetiva para o tratamento agindo como
facilitadores do processo;
2) As famílias difíceis – são aquelas que devido à situação de crise se tornam difíceis, a
situação de adoecimento do familiar afeta a relação, os tornados difíceis de relacionar,
principalmente com o profissional de saúde, responsável pelo cuidado.
3) As famílias sempre difíceis – são aquelas famílias que se apresentam difíceis em
qualquer relação social, independente da doença. Esses familiares muitas vezes se
sentem prejudicados e atribuem ao profissional o não-cuidado ao familiar, e toda relação
sempre se apresenta conflituosa.

No período em que essas famílias se deparam com essa situação nova, como uma
internação, por exemplo, ou até cuidados em casa (home care), a família manifesta sua
dinâmica interferindo diretamente nos cuidados ao paciente. Essa situação pode provocar
alterações nos papéis familiares, bem como desencadear crises e alteração de papéis. A
situação requer uma adaptação tanto o paciente como os familiares. Frequentemente o
profissional de saúde é colocado em um papel complementar ao contexto familiar
anteriormente estabelecido. Muitas vezes a emoção supera a razão, as manifestações
emocionais (nem sempre percebidas) podem levar a atitudes disfuncionais nas relações
interpessoais com o objetivo de livrar-se de um desconforto ou de provocar uma situação,
isso se nomeia Atuação.
O profissional de saúde muitas vezes se sente frustrado na relação com os
familiares, desacreditando da própria capacidade de ajudar o paciente. Pode se sentir
desprezado e com isso estabelecer uma distância do paciente. E muitos outros

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sentimentos podem acometer o profissional como: incômodo, mal-estar receia de estarem


sendo manipulada, raiva, encontros rápidos e distantes.

Como o Profissional deve Agir?

 Compreenda as inseguranças do familiar;


 Compreenda a necessidade da família de estar perto da equipe de estar próxima a
equipe de saúde;
 Identifique as incertezas, culpas e ressentimentos da família, que surgem durante a
internação;
 Argumente compreensiva e calmamente sobre as consequências da atitude da
família para o paciente;
 Reconheça junto a família a dificuldade de ter uma pessoa próxima gravemente
doente, mas evite “sentimentalismos”.
 Compartilhe sua preocupação com outros profissionais e procurem juntos
estabelecer uma estratégia para resolver e lidar com a situação;
 Converse com os familiares sobre as dificuldades encontradas;
 Mantenha contato frequente, mas nunca firme compromisso que não poderá
cumprir;
 O reconhecimento dos sentimentos presentes nesta relação é que permite o agir de
forma consciente e planejada, manejando assim, as situações difíceis;

9.2 O SER- TÉCNICO EM ENFERMERMAGEM, O SER-CLIENTE OU PACIENTE E O


SER-ENFERMAGEM

 Ser técnico em enfermagem: o ser humano, compromisso levou-o a receber


conhecimentos, habilidades. Ser gente que cuida de gente.
 Ser cliente ou paciente: ser um indivíduo, uma família ou uma comunidade; em
última análise, são seres humanos que necessitam de cuidados.
 Ser enfermagem: a união do ser técnico em enfermagem e o ser cliente.

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10. HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE

O contato direto com seres humanos coloca o profissional de saúde diante de sua própria
vida, saúde ou doença, dos próprios conflitos e frustrações. Se ele não tomar contato com
esses fenômenos, correrá o risco de desenvolver mecanismos rígidos de defesa que possa
prejudicá-lo tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, como também este profissional
da saúde, ao entrar em contato com os seres humanos, pode utilizar o distanciamento
como mecanismo de defesa. Muitos profissionais de saúde submetem-se, em sua
atividade, a tensões provenientes de várias fontes: contato freqüente com a dor e o
sofrimento e com pacientes sem possibilidade terapêutica receio de cometer erros,
relações com pacientes difíceis. Sendo assim, cuidar de quem cuida é condição suficiente
para desenvolver projetos de ações em prol da humanização da assistência.
Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e
complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve mudanças de comportamento,
que sempre despertam insegurança. Os padrões conhecidos parecem mais seguros; além
disso, os novos não estão prontos nem em decretos nem em livros, não tendo
características generalizáveis, pois cada profissional, cada equipe, cada instituição terá
seu processo singular de humanização. Com o passar dos anos, devido à necessidade de
mudança nas políticas de saúde, muitos projetos de humanização vêm sendo
desenvolvidos, há vários anos, em áreas específicas da assistência - por exemplo, na
saúde da mulher, na humanização do parto e na saúde da criança com o projeto mãe-
canguru, para recém nascidos de baixo peso.
Atualmente têm sido propostas diversas ações visando à implantação de programas
de humanização na assistência pediátrica, vários projetos e ações desenvolvem atividades
ligadas a artes plásticas, música, teatro, lazer, recreação. Acredita-se que a humanização
deva caminhar cada vez mais, para se constituir como vertente orgânica do sistema clínico
de saúde. Como política ela deve traduzir princípios e modos de operar no conjunto das
relações entre profissionais e usuários, entre os diferentes profissionais e entre as diversas
unidades e serviços de saúde.

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Então, o que é humanizar? Entendido assim, humanizar é garantir à palavra a sua


dignidade ética; ou seja, para que o sofrimento humano e as percepções de dor ou de
prazer no corpo sejam humanizados, é preciso tanto que as palavras expressas pelo
sujeito sejam entendidas pelo outro quanto que este ouça do outro, palavras de seu
conhecimento. Pela linguagem, fazemos as descobertas de meios pessoais de
comunicação com o outro, sem o que nos desumanizamos reciprocamente (Buss, 2000).
Sem comunicação não há humanização. A humanização depende de nossa capacidade de
falar e ouvir, do diálogo com nossos semelhantes.

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

As condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão


relacionadas com sua situação de saúde. São os fatores sociais, econômicos, culturais,
étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas
de saúde e seus fatores de risco na população.
É muito difícil mudar comportamentos de risco sem mudar as normas culturais que os
influenciam. Aqui se incluem políticas que busquem estabelecer redes de apoio e fortalecer
a organização e participação das pessoas e das comunidades, especialmente dos grupos
vulneráveis, em ações coletivas para a melhoria de suas condições de saúde e bem-estar,
e para que se constituam em atores sociais e participantes ativos das decisões da vida
social.

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PACIENTE EM ESTADO DE COMA

 Coma é um estado clinico de inconsciência, no qual o paciente não está ciente de si


mesmo ou do ambiente, por períodos prolongados. Constitui-se ainda um grande
desafio para a equipe de enfermagem realizar o cuidado ao paciente em coma.
Este contexto possibilita alguns questionamentos acerca das estratégias a serem
utilizadas pelo enfermeiro na identificação das necessidades e no planejamento da
assistência ao paciente impedido de comunicar-se.

A equipe de enfermagem deverá estabelecer uma relação que ultrapasse o cuidado


físico, por meio de ações humanizadas, favorecendo a sua recuperação com qualidade.É
certo que o diálogo entre os profissionais de saúde, pacientes e familiares favorece um
relacionamento de confiança e a obtenção de bons resultados para assistência com
qualidade.
O ser cuidador, precisa saber ouvir, estar presente e ter empatia com o outro ser.
Desta forma, ambos se fortalecerão e poderão encontrar a solução para o problema de
saúde. Isto remete a um significado de humanização da assistência de enfermagem, com
interação entre os cuidadores /familiares.

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É importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem a


pacientes em coma e a atenção ao seu familiar.

PACIENTE TERMINAL

Durante a sucessão de estágios, entre o adoecer até o morrer, a esperança é o único


elemento que persiste desde o início do diagnóstico. Mesmo entre aqueles pacientes que
estão conformados, ou entre aqueles que são mais realistas, sempre existe a expectativa
de possibilidade de uma cura. O que sustenta o viver em meio ao sofrimento é, muitas
vezes, apenas um fio de esperança. A equipe se preocupa apenas com a técnica,
esquecendo o lado emocional do paciente que já se encontra completamente abalado,
tornando cada vez mais doloroso seu estado de maneira geral.
O paciente terminal não é um cadáver e sim alguém que está vivendo intensamente a
sua vida possível. O profissional deve reconhecer que sua presença é tão importante
quanto o procedimento técnico. Se não mais.
O comportamento do técnico em enfermagem pode influenciar o comportamento do
paciente positiva ou negativamente. Os incentivos positivos incluem passar algum tempo
com o paciente, dar-lhe atenção e sorrir para ele, mostrar interesse em conversar certos
assuntos, servir-lhe a alimentação, garantir-lhe privilégios como o de ver televisão, ficar
acordado até tarde, dar uma saidinha, fazer-lhe massagens nas costas, mantê-lo em
contato com o médico, e dar-lhe medicação. O comportamento negativo pode ser
provocado por um olhar carrancudo, não respondendo ao paciente ou esquecendo-o.

MORTE

As pessoas parecem temer a morte por uma série de razões: elas se preocupam com
o sofrimento físico e a humilhação; receiam a interrupção de objetivos; ficam pensando
naqueles que vão sobreviver a elas; e ficam pensando também naquilo que as esperam. O
medo da morte parece atingir o auge durante a meia-idade. Os idosos relatam pensar mais
na morte do que as pessoas de outras faixas etárias, porém negam temê-la.

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ESTÁGIOS DA MORTE

Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra suíça, foi pioneira no tratamento dos pacientes sem
possibilidade terapêutica e na preparação para a morte. O maior trabalho científico e
prático de Kübler Ross representou há quatro décadas uma inovação para a medicina
ocidental e uma quebra do tabu sobre a morte: o uso de técnicas para que o fim da vida
seja mais ameno para os doentes, os médicos que os atendem e os familiares que os
cercam.
A publicação em 1969 de seu livro mais bem-sucedido "OnDeathandDying" (Sobre a
morte e o morrer) marcou o rumo de seu trabalho, que depois foi enriquecido com
contribuições de vários especialistas a uma área específica da profissão médica, a
tanatologia.

Segundo Kübler-Ross um paciente pode atravessar cinco estágios:

1.Negação: ajuda a aliviar o impacto da notícia, servindo como uma defesa


necessária a seu equilíbrio. Geralmente em pacientes informados abruptamente e
prematuramente. O profissional deve respeitar, porém ter o cuidado de não
estimular, compactuar ou reforçar a negação.
2. Raiva: o paciente já assimilou seu diagnóstico e prognóstico, mas se revolta por
ter sido escolhido. Tenta arranjar um culpado por sua condenação. Geralmente se
mostra muito queixoso e exigente, procurando ter certeza de não estar sendo
esquecido, reclamando atenção, talvez como último brado: Não esqueçam que
ainda estou vivo! Nesta fase deve-se tentar compreender o momento emocional do
paciente, dando espaço para que ele expresse seus sentimentos, não tomando as
explosões de humor como agressões pessoais.
3. Barganha: tentativa de negociar a morte, através de promessas e orações. A
pessoa já aceita o fato, mas tenta adiá-lo. Deve-se respeitar e ajudar o paciente.
4. Depressão: aceita o fim próximo, fazendo uma revisão da vida, mostrando-se
quieto e pensativo. É um instrumento na preparação da perda iminente, facilitando

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o estado de aceitação. Neste momento, as pessoas que o acompanham devem


procurar ficar próximas e em silêncio. Cabe ressaltar que o termo "depressão" não
está sendo utilizado aqui para designar a doença depressiva, conforme descrita na
Classificação Internacional de Doenças (CID).
5. Aceitação: a pessoa espera a evolução natural de sua doença. Poderá ter
alguma esperança de sobreviver, mas não há angústia e sim paz e tranquilidade.
Procura terminar o que deixou pela metade, fazer suas despedidas e se preparar
para morrer.

São fatores que dificultam a aceitação da morte:

 Desequilíbrio financeiro que o tratamento da doença ou a falta daquela pessoa


podem acarretar à família;
 Dificuldade da pessoa em aceitar cuidados, quando esta estiver acostumada com o
cuidar;
 História e elaboração de perdas anteriores e crenças com relação à morte;
 Momento em que a morte ocorre no ciclo da vida, quanto mais jovem for o paciente,
mais difícil será a aceitação de sua morte;
 A morte súbita impede os familiares de elaborarem gradativamente o luto, ao
contrário da morte prolongada.

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A fim de ajudar o paciente e seus familiares o profissional pode:


 Ajudar a pessoa a enfrentar a crise, auxiliando-a a expressar seus
sentimentos;
 Ajudar a pessoa a descobrir os fatos, desmistificando fantasias e
esclarecendo suas dúvidas, evitando especulações sobre a doença;
 Não dar a pessoa uma falsa confiança, oferecendo ajuda e reconhecendo a
validade de seus temores;
 Não encorajar a pessoa a culpar as outras;
 Ajudá-la a aceitar ajuda;
 Incentivar e sugerir uma reorganização das tarefas cotidianas, para que a
pessoa receba assistência.

CUIDADOS PALIATIVOS E RELIGIOSIDADE


O termo Paliativo (Palliative), do inglês, aliviar, suavizar, refere-se à care (cuidado) e
não a cure (curar). Os cuidados paliativos não se iniciam apenas quando o tratamento
“falhou”, mas é parte de uma abordagem altamente especializada para ajudar as pessoas
a viver e enfrentar o morrer da melhor forma possível (McCoughlan, 2004).
O cuidado ativo total dos pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento
curativo. O controle da dor e de outros sintomas, o cuidado dos problemas de ordem
psicológica, social e espiritual são o mais importante. O objetivo do cuidado paliativo é
conseguir a melhor qualidade de vida possível para os pacientes e suas famílias. (OMS,
1990)
A atenção ao aspecto da espiritualidade se torna cada vez mais necessária na
prática de assistência à saúde. Cada vez mais a ciência se curva diante da grandeza e da
importância da espiritualidade na dimensão do ser humano. Ser humano é buscar
significado em tudo que está em nós e em nossa volta, pois somos seres inacabados por
natureza e estamos sempre em busca de nos completar.
A transcendência de nossa existência torna-se a essência de nossa vida à medida
que está se aproxima do seu fim. Em cuidados paliativos, perguntamos ao paciente o que
ele considera importante realizar nesse momento de sua vida e trabalhamos com o

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controle dos sintomas. Buscamos conferir ao paciente todas as condições necessárias


para as suas realizações nesse momento singular. E a dimensão da espiritualidade torna-
se realmente de grande importância. O cuidado paliativo é a modalidade de assistência
que abrange as dimensões do ser humano além das dimensões física e emocional como
prioridades dos cuidados oferecidos, reconhecendo a espiritualidade como fonte de grande
bem-estar e de qualidade de vida ao se aproximar a morte (Wachholtz e Keefe, 2006).
Acolher esse movimento de transcendência neste momento da existência humana é
um dos alicerces dos cuidados paliativos. Transcender é buscar significado, e a
espiritualidade é o caminho.
Espiritualidade pode ser definida como aquilo que traz significado e propósito à vida
das pessoas. Essa definição é utilizada como base em cursos médicos sobre
espiritualidade e saúde. A espiritualidade é reconhecida como um fator que contribui para a
saúde e a qualidade de vida de muitas pessoas.
Esse conceito é encontrado em todas as culturas e sociedades. É expressa como
uma busca individual mediante a participação de grupos religiosos que possuem algo em
comum, como fé em Deus, naturalismo, humanismo, família e arte (Puchalski, 1999). Um
dos primeiros estudos em pacientes com dor por crises de falcização na anemia falciforme
mostrou que os pacientes com níveis mais altos de religiosidade apresentaram um senso
de controle maior da dor, mas não de sua intensidade.
Entretanto, é preciso compreender que, antes de o paciente em fase final de vida se
ajustar às suas necessidades espirituais, ele precisa ter seus desconfortos físicos bem
aliviados e controlados. Uma pessoa com dor intensa jamais terá condições de refletir
sobre o significado de sua existência, pois o sofrimento físico não aliviado é um fator de
ameaça constante à sensação de plenitude desejada pelos pacientes que estão morrendo.
Experimentar um processo de morte serena é, antes de tudo, ter a oportunidade de viver
em plenitude seu último momento. Proporcionar o alcance dessa plenitude é o objetivo
primordial dos cuidados paliativos. É muito importante para a melhora na qualidade de vida
de pacientes com dor crônica integrar aspectos da espiritualidade, fé e religiosidade com
seu atendimento em diversos aspectos.

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 COMUNICAÇÃO
A organização de todo o grupo de trabalho envolve também o estabelecimento de
canais de comunicação entre seus membros. Esses canais dizem respeito a maneira
como as pessoas se comunicam dentro da equipe, ou seja, o modo como manifestam
suas opiniões e são ouvidas pela equipe. Devemos lembrar-nos que a comunicação não
se limita a palavras faladas ou escritas, mas sim através da comunicação não-verbal.
Além destas existe também a comunicação formal e não formal. Muitas vezes colhemos
informações fundamentais informalmente, através de uma conversa durante o banho, o
curativo, com o familiar na sala de espera, etc.

Todos os membros da equipe devem ter assegurado o direito de participar do processo de


divulgação da informação. Em um hospital, por exemplo, cada profissional deve ser
incentivado a escrever no prontuário do paciente e a ler o que os outros companheiros
escrevem, compartilhando com a equipe a sua experiência e tomando conhecimento das
impressões dos colegas. Um grupo de profissionais integrado, no qual todos se sintam
igualmente importantes, produzindo e recebendo informação, fazendo parte da rede de
comunicação, traz maior satisfação e em consequência, melhor participação no cotidiano
de trabalho.

 Linguagem Verbal – as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras


têm graus distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das palavras
não está nelas mesmas, mas nas pessoas que as ouvem.

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 Linguagem Não Verbal – as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os


movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação da voz também
são importantes elementos de comunicação. Os significados de gestos e
comportamentos variam muito de uma cultura para outro e de época para época.

A comunicação verbal e plenamente voluntária; o comportamento não verbal pode


ser uma reação involuntária ou um ato comunicativo propositado. Podemos observar o que
uma pessoa está sentindo ou pensando através de diversas expressões, como: expressão
facial; movimento dos olhos; movimento da cabeça; postura e movimentos do corpo;
entoação da voz; aparência, etc.

Para que a comunicação ocorra, é preciso que haja:


 EMISSOR x MENSAGEM x RECEPTOR

A boa comunicação depende da harmonia destes elementos. POR QUE


FALHAM AS COMUNICAÇÕES?
QUEM FALA (EMISSOR – QUEM ESCUTA (RECEPTOR –
PROFISSIONAL) PACIENTE)
Dicção falha Falta de atenção
Fala demais Falta de interesse
Usa palavras desconhecidas para o Falta de conhecimentos
interlocutor
Inespecífico Cansaço, ansiedade
Autoritário Estresse
Preconceituoso Ressentimento
Voz monótona Ideias preconcebidas (estereótipos)
Dificuldade de expressão Medo e insegurança
Timidez ou medo de expressar suas Preocupação
opiniões

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Falta de carisma Hostilidade


Escolha inadequada do momento e Comportamento defensivo (o paciente
local para dialogar com a pessoa pode encarar cada fala como uma
acusação ou crítica pessoal)

TÉCNICAS BÁSICAS PARA UM BOM ATENDIMENTO AO PACIENTE:

1. Escolha de vocabulário: escolher palavras condizentes com o momento, evitar gírias ou


palavras evasivas.
2. Facilidade de expressão: emitir as palavras de uma forma correta, demonstrando
segurança naquilo que fala.
3. Compreensão: empatia, saber entender o que muitas vezes não é dito de forma
explícita.
4. Cortesia: tato nas relações humanas, ou seja, não ser ofensivo, descortês. Há um ditado
popular que afirma: "A primeira imagem é a que conta" e há grande verdade nisso. Se o
primeiro contato for cordial, alegre, expansivo, este será a imagem que cada um fará do
outro. Mas, mesmo isso sucedendo, se, no futuro, passarmos a adotar um comportamento
hostil, grosseiro, mal-educado, com certeza aquela imagem que havíamos construído será
destruída.
5. Entusiasmo: irradiar entusiasmo natural, estimulante e contagiante.
6. Imparcialidade: evitar tomar partido, não debater com o paciente, mesmo que certos
comentários não sejam simpáticos a quem quer que seja. Não discutir sexo, política,
religião.
7. Paciência: jamais apressar o paciente ou cortá-lo no meio de um desabafo.
8. Humildade: não ser o "dono da verdade". Por mais que soubermos e estudarmos sobre
um dado assunto, qualquer que seja, se vivermos 100 anos, ainda haverá uma enormidade
de aspectos que desconhecemos. Ora, como pode o técnico pensar que ele é o mais
competente, capaz e dono da verdade, sem reconhecer os outros colegas de trabalho ou

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mesmo as informações dos pacientes. Cada dia pode-se aprender com os diferentes
pacientes que passarão pelas mãos de vocês.
9. Atualização e Desenvolvimento: buscar sempre se manter com um bom nível de
conhecimentos técnicos em raios-X e outros ramos que você possa aprender. Se valorize
enquanto técnico. Se aprimore também a cada dia mais no relacionamento com os seus
pacientes, os familiares dos seus pacientes e com a equipe multiprofissional a qual irá
lidar.

O TRABALHO DE EQUIPE

Uma equipe de trabalho constitui-se de vários profissionais, cada um com o seu saber
especifico, que muitas vezes atendem individualmente sem a necessidade de obter
informações de outros profissionais e em outras situações há profissionais que trabalham
em conjunto para a melhor solução de um problema.

Na área da saúde é de comprovada importância a utilização dessa segunda equipe para


melhor entender o paciente, sua doença e a forma mais eficiente de tratamento.

 Equipes Pluridisciplinares: estudo do mesmo objeto por diferentes disciplinas sem


que haja convergência de conceitos e métodos. Na área da saúde, o paciente é
atendido por deferentes especialistas havendo pouco ou nenhuma troca de
informação.

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 Equipes Transdisciplinares: trabalho coletivo que compartilha conceitos, teorias e


abordagens para tratar problemas em comum. A disciplina em si perde seu sentido
e não há limites precisos na identidade disciplinar. Esta equipe segundo os
especialistas deverá ser a disciplina do futuro.
 Equipes Interdisciplinares: há um nível de associação entre as disciplinas onde a
cooperação entre elas provoca intercâmbios reais, trazendo enriquecimentos
mútuos. Ocorre um aprofundamento entre as disciplinas que acaba ou criando uma
outra disciplina ou transferindo o método de uma disciplina para outra.
 Equipes Multidisciplinares: nesse caso as várias disciplinas, os diversos
profissionais trocam ideias e informações sobre sua pratica. debatem pontos de
vista e complementam os entendimentos sobre o problema em questão.

É extremamente difícil o trabalho em equipe. Trabalhar em harmonia


e de forma integrada com profissionais de formações diferentes, mesmo quando exige um
objetivo em comum, é muito complicado. Nem sempre conseguimos abrir mão de nossas
vaidades profissionais ou encarar as inseguranças que temos ao compartilhar com o grupo
a nossa forma de atuar.
É preciso ter habilidade inter e intrapessoal para que o trabalho tenha bons
resultados. Se todos nos profissionais conseguíssemos superar suas limitações, teríamos
um cotidiano criativo e interessante, contribuindo assim para vencer as grandes
dificuldades que a área da saúde enfrenta hoje no Brasil. Podemos dizer que trabalho em
equipe é um conjunto de pessoas com habilidade complementares, comprometidas umas
com as outras pela missão em comum e com um plano de trabalho bem definido.
Reconhece-se a diversidade de conhecimentos e a importância de cada um, já que o
paciente é visto como um todo. É importante que se defina com clareza para todos do
grupo, os objetivos individuais e do grupo a ser alcançados, a importância de se construir
em conjunto um plano de trabalho e definir as responsabilidades de cada membro; a
avaliação constante dos processos e resultados; percepção de que o sucesso e o fracasso
de um é de todos; trabalhar as diferenças e conflitos e não eliminá-las; ouvir e considerar

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as experiências de cada um. Os objetivos devem ser desafios para o grupo além de
estímulos para seus integrantes.

CONCEITO DE MOTIVAÇÃO
Conjunto de forças internas que mobilizará o indivíduo para atingir um dado objetivo
como resposta a um estado de necessidade, carência ou desequilíbrio.
A palavra motivação vem do latim movere, que significa "mover". A motivação é,
então, aquilo que é susceptível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo (o
objetivo), e de lhe produzir um comportamento orientado.

Ciclo motivacional:

1. Necessidade. É o motivo, a razão de ser da ação. É provocada por um estado de


desequilíbrio devido a uma carência ou privação (ex.falta de alimento no organismo).
2. Impulso ou pulsão. É a atividade desenvolvida pela necessidade ou motivo, isto é, a
energia interna que impele o indivíduo a agir num dado sentido. (Ex.força que move o
indivíduo para obter comida).
3. Resposta. É a atividade desenvolvida e desencadeada pela pulsão para atingir algo.
(ex.procurar comida).
4. Incentivo. É o objetivo para o qual se orienta a ação. (Ex. ingerir o alimento).
5. Saciedade. É a satisfação decorrente de se ter atingido o objetivo pretendido (depois de
se ter ingerido o alimento, a fome desaparece).

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Este comportamento sequencial volta a repetir-se sempre que se repete a


necessidade que o provoca.

Tipos de Motivação

Não existe uma classificação para as motivações, mas várias. As motivações podem
classificar-se em dois grandes grupos:

1. Motivações fisiológicas (primárias, básicas, biológicas, orgânicas): as que estão ligadas


à sobrevivência do organismo e não resultam de uma aprendizagem. Elas provocam no
organismo certos impulsos para o restabelecimento do seu equilíbrio. Estas motivações
encontram-se estreitamente ligadas com determinado estado interno do organismo.
Exemplos: respiração, fome, sede, sexo, evitar o frio e o calor, sono, etc. A homeostasia
designa o mecanismo que regulação o equilíbrio interno do organismo.
2. Motivações sociais (secundárias, culturais): as que dependem essencialmente de
aprendizagens, isto é, foram adquiridas no processo de socialização. Exemplos:
Necessidade de convivência (afiliação), de reconhecimento, de êxito social, de segurança,
etc. Este grupo pode ser subdividido, por exemplo, entre motivações sociais centradas no
indivíduo e ou centradas na sociedade.
a) Centradas no indivíduo (autoafirmação): desejo de segurança, de ser aceito, de
pertencer a um grupo, de alcançar um estatuto social elevado, de enriquecer, etc.
b) Centradas na sociedade (independentes dos nossos interesses particulares): respeito
pelo próximo, de solidariedade, de amizade, de amor, etc.
Há que questione esta divisão das motivações, afirmando que todas elas têm um
fundo comum: a busca do prazer, o único e verdadeiro motivo de todas as ações
humanas.
Frustração mediante a motivação
Quando o indivíduo está motivado para atingir um dado objetivo, e por um obstáculo
qualquer não o consegue atingir, vive um estado de frustração. Este sentimento depende

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de muitos fatores: personalidade do sujeito, idade, natureza da motivação, tipo de


obstáculo, etc.
Reações à frustração. Não existe uma reação tipo para determinada frustração, as
respostas às frustrações dependem de muitos fatores como acima aludimos.
Comportamentos resultantes da frustração:
1. Agressão (direta ou deslocada). Esta agressão denomina-se direta quando é dirigida
contra a fonte que provocou a frustração, e deslocada se dirige para outras pessoas ou
objetos. Ex. A criança agride o pai que a impede de brincar (agressão direta); A criança
proibida de brincar, destrói os brinquedos com que o pai a impede de brincar (agressão
deslocada);
Ao longo do processo de socialização, o indivíduo aprende a lidar com as
frustrações, inibindo, deslocando, dissimulando, ou compensando as suas manifestações
de agressividade. Em situações extremas, o indivíduo pode dirigir as suas manifestações
de agressividade deslocada para ele próprio (auto-agressão).
2. Apatia (indiferença ou inatividade). Face a contínuas frustrações o indivíduo pode cair na
reação apática (indiferença perante a fonte da frustração). A pulsão motivadora do
comportamento é reduzida ou eliminada.
Conflito
Estado de tensão que resulta de uma tensão interior vivida pelo sujeito quando se
debate com motivações inconciliáveis.

Kurt Lewin classificou os conflitos em três grupos:


 Conflito aproximação/ aproximação. Decisão sobre duas coisas desejáveis, mas
incompatíveis. Ex.: Escolher entre uma festa e uma viagem;
 Conflito afastamento/ aproximação. Decisão sobre algo que comporta aspectos
positivos, mas também negativos. Ex. Fazer uma viagem, mas ficar sem dinheiro.
 Conflito afastamento/ afastamento. Decisão sobre duas coisas igualmente
desagradáveis, mas inevitáveis. Ex.: Para uma criança - comer a sopa ou ir para a
cama;

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11. Referências Bibliográficas

Videbeck, Sheila L. Enfermagem em saúde mental e psiquiatria / Sheila L. Videbeck;


tradução: Denise Regina de Sales, Regina Machado Garcez; revisão técnica: Agnes
Olschowsky. – 5. Ed. – Porto alegre: Artmed, 2012.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia: terceira edição. Tradução: Lenke Perez;


revista técnica: José Fernando Bittencourt Lômaco. São Paulo: Makron Books, 2001.

Barros, Célia Silva Guimarães (1995). Pontos de Psicologia do desenvolvimento. Editora


Ática: São Paulo.

White, Dorothy T., Rubino, Edith & DeLorey, Philip E. Fundamentos de Enfermagem.
E.P.U: São Paulo.

FOSSI, Luciana Barcellos; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima. A psicologia hospitalar e


as equipes multidisciplinares.Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, jun. 2004 .

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