Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Arquitetura
Introdução
No início do século V, chega ao fim o Império Romano, iniciando-se,
então, a Idade Média. Neste contexto, as mudanças sociais e políticas
são muito fortes. À medida que o feudalismo se consolida, as cidades
se dissolvem. Por volta do século XI, a burguesia emergente impulsiona
mudanças sociais, e as cidades começam a se desenvolver. A arquitetura
acompanha essas transformações e estabelece diversas mudanças, e a
arquitetura gótica, especificamente, desenvolve suas particularidades e
novos elementos, consolidando-se como estilo.
Neste capítulo, você entenderá o contexto em que a arquitetura gótica
se desenvolveu, bem como conhecerá suas principais características e
as principais obras do estilo gótico.
A Idade Média
A Idade média foi o período em que se desenvolveu a arquitetura gótica.
Considera-se que teve início com a queda do Império Romano, no século V, e
terminou com o Renascimento, no século XV. É um período conhecido como
“Idade das Trevas”, pois foi considerado que houve um retrocesso artístico,
intelectual, filosófico e institucional em relação aos períodos anteriores. Pode
ser dividida entre Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
A Alta Idade Média se estende até o século IX. É um período de bastante
instabilidade, marcado pela presença de invasões bárbaras. Os povos bárbaros
eram assim chamados pelos romanos porque não falavam latim, a língua oficial
2 Arquitetura gótica
O culto à Virgem Maria cresce muito durante a Baixa Idade Média. A maioria das
catedrais francesas foi construída em homenagem à Virgem Maria. Um exemplo muito
conhecido é a Catedral de Notre-Dame de Paris.
A arquitetura gótica
O aumento da população e o crescimento das cidades fez surgir a necessidade
de novas variedades de edificações. Surgem, então, novas ordens religiosas nos
séculos XII e XIII, como os cistercienses, os franciscanos e os dominicanos, que
formaram grandes organizações internacionais e unificaram seus métodos. Dessa
forma, a exigência para a unificação de um repertório arquitetônico passa a surgir.
O movimento gótico estabelece uma homogeneidade para a cultura arquitetônica
europeia da época. O gótico não questiona ou vai contra o românico, mas fornece
uma padronização da extensão e da rapidez das transformações (BENEVOLO,
1972). Sobre nascimento do gótico, Gozzoli (1984, p. 6) afirma que:
Arquitetura gótica 5
Não existem, na história europeia dos séculos XI e XII, uma data ou aconteci-
mento determinantes para o nascimento do gótico, mas podemos considera-lo,
sem dúvida, produto de uma sociedade dinâmica, em evolução, que despeda-
çara as grilhetas do feudalismo.
Figura 2. Planta da Catedral de Aimens, na França. Possui uma nave central, duas naves
laterais, coro, abside, deambulatório, transepto com naves central e lateral.
Fonte: Viollet-le-Duc (1853, documento on-line).
O alçado interno (ou elevação das paredes da nave central) conta com gran-
des arcadas no térreo, dividindo a nave central da lateral (Figura 3). Acima das
naves laterais, existem as tribunas, galerias que se abrem para a nave central
por meio de arcadas menores, acima das arcadas do térreo. Acima das tribunas
fica o trifório, galeria da espessura da parede que se abre para a nave central.
Com o desenvolvimento do gótico, o trifório tende a substituir a tribuna, um
elemento de herança românica. Acima do trifório fica o clerestório, janelas
altas que iluminam a nave central através de vitrais coloridos. Na terminação
ocidental e nas terminações do transepto, existem janelas em arcos ogivais
e, acima destas, uma rosácea. As rosáceas são janelas de composições radial
montadas com vitrais coloridos que tendem a representar Cristo — quando
fazem referência ao Sol — ou Maria — quando fazem referência à rosa.
8 Arquitetura gótica
Em meados do século XIII toda a Europa fala, com diversas inflexões, uma
mesma linguagem arquitetônica. Isto não significa que as diferenças de uma
localidade para outra sejam abolidas, mas que, desde este momento, não
existe mais uma cultura exclusivamente francesa, alemã ou lombarda; ao
lado e acima destas tradições existe uma cultura europeia, com relação a qual
deverá novamente ser qualificada cada experiência local.
Pode-se dizer que uma das primeiras catedrais construídas em estilo gótico
foi a de Notre-Dame, em Chartres, na França (Figura 4). Sua construção teve
início em 1145 e terminou em 1221. A obra é atribuída ao Bispo Fulberto de
Chartres. A catedral possui todas as características do gótico: é verticalizada,
possui arcos e abobadas ogivais, possui contrafortes e arcobotantes, tem be-
líssimos vitrais e rosáceas, tanto na entrada principal quanto nas do transepto.
Sua planta é tradicional, com uma nave central de 37 m de altura, duas naves
laterais, transepto e deambulatório. Entretanto, sofreu um grande incêndio, em
1194, o que fez algumas partes precisarem ser reconstruídas. Nesse momento,
houve o acréscimo da torre noroeste, chamada Clocher Neuf, que é diferente
da outra. Esta acaba sendo uma característica marcante, já que sua fachada
tem duas torres diferentes. A igreja também possui uma vasta coleção de
vitrais, que representam muitas histórias bíblicas. No total, são 175 janelas,
que correspondem a 2.600 m 2 de vitrais. Sua coleção de esculturas também é
muito ampla, com aproximadamente 3.500 estátuas. Apesar de algumas terem
sido destruídas ao longo do tempo e em eventos como a Revolução Francesa,
boa parte ainda está conservada. As fachadas dos transeptos são dedicadas
ao Novo e ao Velho testamento (GOZZOLI, 1984).
10 Arquitetura gótica
Leitura recomendada
FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MONTANER, J. M. Arquitetura e crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 2007.