Você está na página 1de 5

PROVA TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO

1. A Cidade na Antiguidade

Surgida no Oriente por volta de 3000 AC, na Mesopotâmia, no vale do Nilo, a cidade
significou uma oposição entre cidade e campo: excedente suficiente de produtos agrícolas e
animais para abastecer a cidade; submissão do campo ao poder local centralizado na
cidade; e valoração da artesania sob os produtos agrícolas.

→ As necrópoles egípcias eram planejadas e pré-concebidas, em contraste com o


crescimento orgânico, espontâneo e desordenado da cidade dos vivos.

→ O palácio era elemento central da cidade.

1.1. A Polis e a Democracia

A pólis é uma invenção grega que usa a palavra como poder. Substitui-se a palavra-lei do
déspota egípcio pelo debate e pela argumentação em defesa da democracia em sua forma
mais pura. O sistema educacional grego valorizava a retórica e tinha a política como a mais
alta atividade do cidadão.

CIDADÃO GREGO: homem, maior de 18 anos, nascido na pólis.

→ O grego valorizava o espaço público sobre o privado e era neste primeiro em que a vida
tomava toda a sua plenitude: liberdade, realização, honra e heroísmo; mesmo que fosse um
espaço predominantemente feminino.
> espaço público = extensão do espaço privado.

→ O grego não concebia que a democracia pudesse ser exercida em cidades muito
grandes, pois isso impossibilitaria a participação direta através de assembléias. O ideal
populacional portanto era entre dez a vinte mil habitantes, a partir de então a tendência era
fracionar a cidade com parte dos cidadãos migrando para formar uma colônia.

1.2. A Cidade Romana

As cidades romanas fundadas ao longo do Império tinham traçado regular e ortogonal,


direcionado de acordo com os pontos cardeais. O decumanus maximus no eixo norte sul, e
o cardus no eixo leste oeste, eram os eixos principais. Estes dois eixos definiram as quatro
portas principais da cidade e em geral, o local onde se cruzavam era o escolhido para a
construção do fórum romano. Estes eixos principais funcionavam com geratrizes das
demais ruas que corriam de forma a criar uma malha quadriculada.

→ Fórum romano = local de culto às divindades e reunião dos cidadãos.

→ Casa-Pátio: tipo comum de moradia entre os povos que habitavam a Mesopotâmia.


Consiste em construções totalmente fechadas de uma só entrada, mas que se abria, em
seu interior, para um pátio interno que conecta todos os ambientes e é a fonte de luz e
circulação do ar no local.
1.3. A Cidade Vernácula

São aquelas diretamente relacionadas às tradições regionais e culturais de uma


determinada comunidade. Trata-se de uma arquitetura sem arquitetos, ou, mais
precisamente, de arquitetura feita sem especialistas. Cidades muitas vezes que cresceram
sem ordem, orgânicas. Está sempre vinculada a tradições culturais de uma determinada
comunidade que estão intrinsecamente relacionadas às condições regionais materiais e
ambientais.

→ Ela é fundamentalmente feita com materiais recicláveis fornecidos pela natureza e sem
grandes incrementos de beneficiamento. Se adequa mimicamente à região.

→ Incorpora padrões comunitários de organização do espaço tais como: traçado urbano


irregular; praça central com poço de abastecimento de água; ruas porticadas e/ou cobertas;
residências similares em escala, volumetria e tratamento de fachadas.

2. A Cidade Medieval

Europa estava na Era Feudal, constituída de três bases principais: Clero, Nobreza e
Servos. É o retorno ao campo e o abandono do comércio e das cidades por conta da
invasão dos bárbaros e das guerras. No início do século XI, começa o renascimento
econômico da Europa, devido à estabilização das invasões bárbaras, as inovações técnicas
na agricultura, a uma diminuição na mortalidade infantil, a população européia aumenta
consideravelmente possibilitando que uma parcela significativa abandone as atividades
rurais para se dedicar às atividades urbanas. Porém com um menor quantitativo de pessoas
após a dizimação de ⅓ da população pela Peste Negra – um dos fatores que levou à Queda
do Feudalismo.

A cidade-estado é fruto desse crescimento populacional, aliada à volta do comércio nas


cidades e entre cidades. A nova organização surge como associação privada, com o
embate com bispos e príncipes feudais, torna-se um poder público: a comuna. Os cidadãos
se organizam através das corporações de ofícios e através das companhias do povo
armado, que nomeiam um magistrado, o capitão do povo.

→ A cidade medieval se implanta como uma área de liberdade no meio do mundo rural que
a circunda, submetido ainda a uma vassalagem quase absoluta. O servo que fugia para a
cidade e nela conseguia ficar ininterruptamente por um ano e um dia, conquistava sua
liberdade frente ao senhor feudal e passava a ser um cidadão.

→ As cidades medievais têm todas as formas possíveis, se adaptam livremente a todas as


circunstâncias geográficas e históricas, em especial às topográficas. Seu crescimento é
‘orgânico’ e ‘natural’. Irregulares, mas geralmente de forma radiocêntrica, linear, axial e por
fim regular com o passar dos anos. Era possível orientar-se através de artérias principais ou
secundárias.

→ As funções comercial, residencial e administrativa se sobrepunham. As cidades não


passavam de 200 mil habitantes (Paris em seu auge), e tinham geralmente 10 mil. A cidade
tem sempre mais de um centro: religioso, civil e comercial. As classes mais abastadas
moram no centro e as mais pobres na periferia em um tipo de segregação social onde o
centro reunia as famílias de maior riqueza.

→ A cidade relaciona-se em torno do muro, que define o “fora” e o “dentro”. O muro é a


obra comunal mais cara e importante da cidade, para a construção e a manutenção do
muro todos os cidadãos devem colaborar.

3. Arquitetura Românica e as Peregrinações

A importância da religião na vida cotidiana e consequentemente a proeminência da igreja


enquanto instituição fez com que esta se cristalizasse como a mais poderosa instituição
medieval, precedendo inclusive a monarquia. A vida monástica é importada do oriente e
inicia-se na Europa, no começo do séc. V, alcançando depois a Irlanda.

É no interior do mosteiro onde a cultura sobrevive, seja a cultura clássica literária e


filosófica, seja a cultura prática. A construção dos grandes conjuntos monacais e abaciais é
a oportunidade de reviver as técnicas construtivas que estavam em decadência desde o
final do Império Romano. A Idade Média foi toda marcada por pequenas revivescências da
cultura clássica.

→ O estilo românico surgiu por volta da segunda metade do século X. A arquitetura


românica é predominantemente monástica e rural, enquanto na gótica predominam as
catedrais urbanas. Nas igrejas de peregrinação da Idade Média os dois tipos antigos de
templos – o longitudinal e o centrado - foram combinados num só, com o uso das
cabeceiras irradiantes.

→ As técnicas construtivas se desenvolveram consideravelmente durante o início e o final


do século do românico (séc. XI). Construir abóbadas de pedra sobre as naves das igrejas
basilicais era a ambição destes construtores, tanto por uma questão estética como por uma
questão de segurança contra incêndios. Surgiram com as abóbadas e com um dos mais
importantes processos construtivos: as cúpulas.

4. Arquitetura Gótica Religiosa

Aproximadamente 150 anos depois das primeiras grandes construções românicas, quase
todas apresentavam problemas de estabilidade estrutural, ocasionadas fundamentalmente
pelos empuxos na base das grandes abóbadas de berço ou de aresta. As soluções
encontradas pelos construtores da época a diminuição destas cargas com a ajuda de três
novos elementos:
1) arcobotantes, que iam dos contrafortes até a base das abóbadas da nave central;
2) arcos ogivais (ou quebrados) que por serem verticalizados ocasionaram menores
empuxos que os arcos plenos;
3) abóbadas nervuradas onde as arestas eram reforçadas (função estrutural) e as
regiões intermédias construídas com material mais leve ou mais delgado.

Sobre o ponto de vista tecnológico, o gótico foi uma continuidade ou um aperfeiçoamento


do românico. Nenhuma grande inovação tecnológica foi introduzida; as três principais
características estruturais do gótico – o arco ogival, o arcobotante e a abóbada nervurada –
já existiam no período anterior, embora não usadas conjuntamente.

→ O desenvolvimento posterior permitiu que as paredes fossem sendo retiradas e


substituídas por imensos vitrais – vitrais e rosáceas passaram a ser símbolo do Estilo
Gótico, com imagens imponentes que coloriam o interior das Igrejas com a luz exterior;
→ Abóbadas ogivais passam a cobrir vãos de diversos tamanhos;
→ O impulso vertical é tão irresistível quanto o era o impulso horizontal das igrejas
paleocristãs e românicas, ou seja, as igrejas góticas possuíam elementos arquitetônicos
(como torres) e tamanho vertical consideravelmente maior, com o intuito de parecer
intimidadora à seus observantes e “chegar mais perto do Sol”.

→ As catedrais se tornam núcleos do saber, e o final da Idade Média é marcado pela


substituição da arte estilizada do românico pelo naturalismo gótico.

5. O Renascimento

1420-1500: Primeiro Renascimento;


1500-1520: Alto Renascimento;
1520-1600: Maneirismo.

→ Florença: República comerciante, que manteve os vínculos - através de Veneza e de


Gênova – com os portos do oriente como Constantinopla. Presença de grandes famílias
cuja riqueza têm a sua base no comércio e no capital bancário (Peruzzi, Médici, Pitti,
Rucellai, Strozzi) e dispostas a investir em artes.

→ O desenvolvimento da filosofia e das ciências através do contato com outras culturas e


em especial com as tradições orientais e clássicas: cultura árabe proveniente do contato
comercial; cultura bizantina proveniente da migração de sábios e artistas após a queda de
Constantinopla; cultura judaica proveniente da migração de sábios judeus.

→ Características:
a) Nascimento da ciência no início da Idade moderna, baseada na observação e no
empirismo;
b) A concepção de um mundo em que o saber é aberto, apto a sofrer sempre
acréscimos (Renascimento) em oposição a um mundo em que o saber era fechado,
onde acreditava-se que tudo que havia para ser sabido já o era (Idade Média);
c) A consciência do ser histórico, a busca por uma nova relação com a antiguidade;
d) Teísmo medieval (tudo girando em torno do Cristo-Mártir) versus Antropocentrismo
do Renascimento (o homem no centro do mundo como obra suprema de Deus);
e) A matematização das relações espaciais; matemática presente na estrutura do
Universo refletindo-se na estrutura da cidade e do templo;
f) Descoberta da Perspectiva (1425).

→ Primeiras igrejas tinham plano longitudinal em cruz latina, coroadas por cúpula. Um
modelo impressionante para os arquitetos florentinos foi a cúpula de Santa Sofia, em
Constantinopla. Trata-se de uma igreja que marcou todo o desenvolvimento das igrejas de
plano centrado pela sua magnificência.
→ A Cúpula de Santa Maria Del Fiori (Brunelleschi) - primeira grande obra do
Renascimento, uma enorme cúpula construída por sobre o cruzeiro de uma igreja medieval,
que foi objeto de admiração de todos os seus contemporâneos.

Você também pode gostar