Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
18 de Fevereiro de 2013
Testes são constituídos por imagens para identificar o tipo de construção, datação do
românico. Análise formal
20 de Fevereiro
Trabalho de investigação
-igreja, portal, estrutura militar, pintura, iluminura
Cultural: herança do mundo antigo que a idade Média vai retirar. Em cada região existe
uma cultura própria. Bem como combinações culturais após a queda do Império do
Ocidente.
Povos bárbaros trazem bagagem cultural própria que vai difundir com as tradições regionais.
• Crescimento económico
Aparecimento dos 1º sinais de uma arte
românica.
Península Ibérica
Cluny: Regra (conjunto de princípios pelos quais uma ordem se deve reger) de S. Bento
de Nurcia, figura do século VI, é responsável pela redação da Regra de S. Bento com a
qual o monaquismo ocidental ganha contornos definitivos a partir do ano de 529.
Ligada com a ordem dos Beneditinos. Vai ser a base de muitas outras ordens.
-980 depende directamente da Igreja de Roma, significa que não está sujeita à
autoridade de reis ou bispos. Responde directamente ao papado.
-Fundada na Borgonha.
Novas condições vividas na PI, século XI (outro aspecto para compreender o sucesso
inicial do processo, o território muçulmano está dividido. Maior fragilidade politica e
militar. Realidade de alguns reinos pagarem ao governo cristão pela paz. Transferência
de valores) nomeadamente a abertura às influencias francesas que se verifica com o
inicio da dinastia Navarra, através de clérigos e cavaleiros (para território cristão), mas
também mercadores activando algumas cidades do norte de Espanha.
Século XI, foi também um século inovador em matéria religiosa sobretudo o ponto de
vista da regulação da religião oficial e da disciplinação e das práticas e hábitos dos
membros das instituições, ofícios de Roma.
Preocupação com o ortodoxial, que o culto siga o modelo de Roma e preocupação com
o comportamento do clero pois participava e alimentava os ritos censurados pela
Igreja.
25 de Fevereiro
O novo culto dos mortos constitui também uma importante marca do universo
cluniacense. Pressupunha que os vivos podiam interceder pelos mortos através de
lOMoARcPSD|12871746
ofícios divinos realizados nas exéquias do defunto e depois delas. (há uma
preocupação com os ritos aquando da morte e após, contribuindo para a salvação do
individuo. Doações feitas associadas à sepultação, vai contribuir para a riqueza do
mosteiro).
Do ponto de vista militar, o ano de 1086 marca uma inversão no quadro de forças
presentes na península através da entrada em território peninsular dos Almorávidas
que vêm em auxílio dos reinos Taifa a pedido dos reis mouros de Granada e Badajoz. A
partir de 1090 os Almorávidas instalam-se duradouramente na península, começando
por conquista os reinos Taifa e unificando sob o seu domínio o Al-andaluz (todo o
domínio muçulmano ganha uma nova força. Cidade vão ser recuperadas, outras
ameaçadas. Nova capacidade dos muçulmanos levam o rei Leão a toma medida). A
contraofensiva almorávida e o receio de voltar a perder territórios. Nomeadamente
Toledo, levaram Afonso VI as lanças um pedido de ajuda nas regiões do Sul de França e
foi sobretudo dessas paragens que acorreram à península cavaleiros movidos pelos
desejo de combater os muçulmanos, de buscar fortuna e conquistar novas terras.
Apesar da sua audácia familiar privilegiada, podemos incluir neste processo a vinda
para a península dos jovens cavaleiros Raimundo e Henrique da Borgonha. Por outro
lado, esta mobilização de cavaleiros cristãos para a luta que se estava a definir, o
conceito da igreja como cristandade, ou seja, como uma instituição social e religiosa
coesa e consciente da sua diferença para com o outro (muçulmanos).
Planta: esta constitui um dos aspectos que melhor reflete as necessidades a que a
igreja românica veio responder. Um exemplo muito claro disso, são as igrejas de
peregrinação que se dotam de dimensões apropriadas a acolher vastas multidões e
cuja planta quase parece desenhada pelo próprio movimento dos peregrinos no
interior da igreja.
Corpos desenvolvidos, largos transeptos, cabeceira com deambulatório com
capelas radiantes.
lOMoARcPSD|12871746
27 de Fevereiro
Braga
São Pedro de Rates
Fachada românica clássica definida por duas grandes torres ladeando um corpo central
mais baixo.,
4 de Março de 2013
Sé de Braga
Portal sul fazia parte do transepto. Foi deslocado no século XIV para meio da fachada
sul e, finalmente, no século XVIII para o sítio onde
se encontra actualmente. Andar que permite iluminar: Clerestório
Interior:
Final Idade Média,
-Alçado muito simples estruturado de dois tardo-gótico.
andares. Manuelino:
-Densidade mural potenciada pelas arcadas nervuras curvas e
suportadas pelos arcos diafragma construídos abóbodas muito
transversalmente, sobrepujados para superfície adornadas.
mural que faz a ligação entre o arco e o
abóbodamento.
Pode ser de volta perfeita, quebrada, etc…
-A Sé de Braga não comporta abóbodamento. Provavelmente estava projectado.
6 de Março de 2013
O segundo comporta o trifório, um corredor ego e estreito que abre para a nave
central por uma série de arcadas assentes em colunelos decorados. Função estrutural
e decorativa. Estrutural pois alivia e distribui o abóbodamento da nave central.
Ornamental pois aligeira e decora a superfície mural.
O corpo é escuro e, e contrapartida, a capela muito iluminada. Denota os
tempos e estéticas.
O cruzeiro é um ponto simbólico que funciona como um foco de luz. Neste
caso, o cruzeiro surge ainda encimado por uma cúpula octogonal. A transição
octogonal para quadrado é possível graças às trompas. A cúpula octogonal de nervuras
assenta em mísulas. No tambor abrem-se os óculos de
seguir modelo
normandos tal como a Sé Velha de Coimbra. 11 de
Março de 2013
O Românico Episcopal
A Sé Velha de Coimbra
intervenções sofreu e que, portanto, mais próxima da igreja original se encontra. A sua
construção está muito ligada ao nome D.Miguel Salomão, bispo da Dioceses entre
1158 e 1176, tendo existido no local um edifício anterior cristão, que terá sido no
episcopado de D.João de Anaia (1148-1155) que se iniciou a obra da catedral românica.
Seguindo-se um período de sede vancant (1155-1158) certamente pouco
favorável à continuidade das obras. Dai se conclui que as obras da Sé Velha de Coimbra
terão decorrido a par das da Sé de Lisboa, terminando contudo, antes do fim o século
XII. (1172 o rei lega casas aos cónegos com marcação diante da fachada ocidental;
1176 D. Miguel Salomão resigna o cargo, o que pode indicar que a Sé estivesse
terminada; D.Bernardo que segue D.Miguel é enterrado na igreja).
No que se refere aos mestres que trabalharam nas obras da Sé, dispomos de
referência a três nomes. Mestre Roberto, o mestre da Sé de Lisboa que se dirigiu várias
vezes a Coimbra para ajudar na resolução de problemas a que a construção levantava;
Mestre Bernardo, (o mais determinante) sabemos que está activo na realização das
obras entre 1162.1171; Mestre Soeiro que sucedeu a Bernardo. Tem-se conjecturado
que tal como mestre Roberto, também o mestre Bernardo fosse de origem
estrangeira, concretamente francesa.
Corpo central
• Fachada tripartida, avanço do corpo central permite tornar o portal mais
profundo
• Portal, por cima um grande janelão que é tratada da mesma
forma/enquadramento do portais com arquivoltas de volta inteira apoiadas em
colunelos de capitéis decorados. A mesma composição do portal.
• Entre os dois existe um friso, com uma arcada cega assente numa cachorrada
decorada.
• Conjunto de arcadas cegas entre as quais se abrem vão geminados para
decoração interior (gémeos e partilham o mesmo suporte)
Decoração
Portal Ocidental
• Características próprias da oficina de composição escultórica de Coimbra: decoração
vegetalista, um trabalho estilizado; fustes ornamentados. Também os plintos são
decorados.
• Capitel decorado com função secundária. O tipo de trabalho é evidentemente
Plinto aplanado. Soco
lOMoARcPSD|12871746
Em síntese
1. No portal da Sé Velha de Coimbra, os vários elementos iconográficos
desempenham uma função eminentemente ornamental (preencher)
compreendendo motivos vegetalistas e geométricos, maioritariamente.
(podem surgir animais afrontados)
2. Estes motivos geométricos, bem como a clara evidência para a estilização das
figuras vegetalistas, resultam de uma persistência de tradições pré-românicas,
nomeadamente moçárabes.
3. A super abundância de motivos sobre os fustes das colunas, as suas diversas
variações e combinações manifestam, segundo alguns autores, uma influência
de Santiago de Compostela.
4. Os capitéis, aos contrário do habitual, assumem um papel secundário na
decoração do portal, mas denotam grande mestria e uma familiaridade com
temas já trabalhos no resto da europa ocidental.
5. Ausência de tímpano esculpido constitui um traço que será frequente na
arquitectura românica tardia penínsular.
6. Finalmente, é preciso registar que muitos dos elementos do partal
encontrando-se degradados ou mesmo perdidos, foram repostos por acção de
restauros. Nos casos em que dispinha de fragmentos, foi dada continuidade a
estes mesmo motivos, nos casos em que os motivos originais eram conhecidos,
os restauradores inspiraram-se em elementos do interior da igreja e da igreja
de Santiago, edificada na mesma cidade, sensivelmente na mesma altura da Sé.
Pedra de Ançã: explica o facto das oficinas de Coimbra serem as mais produtivas de
toda a idade média (contexto português)
Braça do transepto com uma composição renascentista; arcadas cegas com colunelos e
capitéis decorados; seteira no terceiro nível.
Interior
• Luminosidade controlada (ver planta)
• Três naves, nave central mais alta do que as laterais.
• Alçado organizado em dois pisos. O primeiro em arcos de volta inteira. O
segundo com a tribuna
• Capitéis ao nível da tribuna são decorados. Tribuna é iluminada conferindo uma
iluminação indirecta o corpo.
• Pilar compósito, elemento composto por colunas. Núcleo quadrangular com
quatro colunas adossadas.
lOMoARcPSD|12871746
Capela-mor
• O primeiro tramo é recto, o segundo tramo m abóbodamento e terminação
arredondada.
• Capiteis da tribuna: temática vegetalista; tipo de trabalho aplanado; obcessão
descritiva.
13 de Março de 13
Paço de Sousa
Muito próximo do ponto de vista, forma, mas também do contexto de fundação
e integrada na mesma região que a igreja de Travanco, esta igreja do mosteiro de Paço
de Sousa pertencia a um antigo mosteiro beneditino. Segundo Manuel Monteiro na
monografia que realiza sobre o mosteiro, terá sido aqui que Tructesindo e Amilia terão
fundado um mosteiro familiar, ricamente datado na segunda metade do século X,
cerca de um século depois, o mosteiro foi transformado numa casa dupla de monges e
monjas, reconstruindo-se então o edifício segundo uma estética condal.
A consagração da igreja está registada em 1088 e é realizada pelo bispo de
Braga, D.Pedro.
Um dos benfeitores desta casa, Egas Moniz que a ela legou, em 1106, metade
da sua fortuna, pedindo para ali ser sepultado, juntamente, com a sua mulher.
O mosteiro adopta os costumes beneditinos cluniacenses da década de 90’ do
século XI.
A julgar pelas características formais, o edifício que ali vemos, não deverá ser
consagrada em 1088, mas sim o resultado de uma terceira campanha de obas,
provavelmente, motivado pela instalação dos monges de Cluny, bem como pelo
crescento da comunidade monástica, a mais importante da região da Bacia de Sousa e
que atraía numerosas doações de piedosos benfeitores.
As datas precisas do início e de avanço das obras estão ainda por esclarecer,
segundo a maior partes dos autores, esta igreja que reza ter alargado a proposta da
igreja primitiva e edificada já no românico tardio, entrando pelo seculo XIII.
Segundo a interpretação do professor Carlos Almeida, esta obra ter-se-á
iniciado na fachada ocidental, de forma a manter o culto ao longo do processo da obra.
De qualquer forma, o plano que veio a concretizar-se não se afasta muito da tipologia
do templo beneditino que três naves, seguida em Portugal nos séculos XII e XIII.
A igreja do paço de Sousa pode ser considerada o exemplo perfeito de um
grupo de igrejas inseridas entre os rios Ave e Tâmega, ligadas ao românico beneditino,
que recebem já influencias da arte arquitectura gótica, mas que no essencial
permanecem fiéis aos princípios do românico tardio. Fazem a síntese de fontes de
influência de origens diversas com elementos (?). É aquilo a que Manuel Monteiro
chama “Românico Nacionalizado” e que Manuel Real, “A Escola de paço de Sousa”, o
que remete para um momento em que a arquitectura românica portuguesa, restos
seus exemplares, procede de uma consolidação e, nalguns casos, manifesta uma
predilecção por motivos de uma decoração de raiz pré-românica e de natureza local.
Características:
• Gosto pelas rosáceas
• Arcaduras sob cornijas
• Nos portais: adossamento de colunas facetadas; modinaturas
compiladas nas arquivoltas com baleados e escócias onde aparece
decoração com ameias espetadas; uso sistemático de bases bolbiformes
com plintos decorados.
• Na adopção de longos frisos, tanto no interior como no exterior.
• Tipo particular de modelado, teoricamente aplanado
lOMoARcPSD|12871746
18 de Março de 13
Aos lados, diáculos. Presença de uma ave, sereia, o Sol e a Lua. Escultura “ingénua”, o
escultor tem outros interesses se não a representação naturalista. Marcação
axedrezada. Marçação hierárquica das figuras conseguida pelos tamanhos das figuras e
pelo espaço porestas ocupado.
Pode acontecer os tímpanos serem decorados no interior da igreja. Acontece em
S.Cristóvão com a representação do Agnus Dei, o cordeiro mistico. O cordeiro imolado
é Cristo.
• Portal norte: tímpano com animais alados, fastásticos. Animais híbridos
pois combinam duas forma:
Metade ave, metade seprnete: dragão
Metade ave, metade leão: Grifo
Interpretação: lado norte é o mal e por isso são representadas figuras apotropaicas.
Cristo, pois é metade divino, metade humano. O dragão é símbolo do mal.
• Fachada Sul (lateral): cachorros com representação figurativa, que
zoomórficas, que antropomórfica.
• Cabeceira: capitéis com figuração que parece se combinar para criar
narrativa. Cabeceira contrafortada com dois contrafortes.
Abóbodamento no interior. Ao nível do exterior é ornamentado com um
vão (arco exterior, colunelos que ladeiam a entrada de luz. Nos
respectivos, figuras de um eclesiástico e um cavaleiro, ordens
responsáveis pelo enriquecimento das casas monásticas.) terminação
recta.
• Interior: simplicidade, densidade, obscuridade, destacando-se do ponto
de vista de iluminação a cabeceira. Arco triunfal de grande densidade
relacionada com o facto de a cabeceira ter uma abóboda de pedra, de
berço em dois tramos, com terminação recta.
A cabeceira da igreja, estruturalmente modesta mas excepcional pela cobertura que
apresenta, conta-se entre as mais importantes do românico português, não só pela sua
datação precisa, como pela qualidade da construção e pelas características de
decoração escultórica. A igreja apresenta assim um contraste evidente entre a nave
mais tardia e a cabeceira mais precoce, mas de qualidade superior. Essas diferenças
verificam-se:
1. Na desigualdade da qualidade da pedra
2. Na desproporção do portal no contexto da fachada ocidental.
3. No despojamento dos muros laterais da igreja, por contraponto à riqueza da
cabeceira. Outros aspectos a ter encontram-se na leitura deste edifício são a
largura excepcional da parte central da fachada ocidental que pode ser lida
como uma tentativa de seguir o modelo das torres fachada, muito apreciado
pelos agostinhos em Portugal. A escultura da cabeceira representa um
momento alto da influência grega, enquanto que, os portais representam a
influência do românico beneditino da linha Braga-Rates.
lOMoARcPSD|12871746
3 de Abril
Borgonha
Caminho de peregrinação por onde entram ideias e soldados. Cristãos lutam para
reconquistar territórios dos seus antepassados visigóticos.
Modelo:
Cabeceira desenvolvida, deambulatório em torno do presbitério para escoar os
peregrinos sem perturbar a cerimónia.
• Extremo sul da Borgonha
• Associada a Cluny por causa de algumas semelhanças ao plano de Cluny III
• A construção é muito anterior. 971 – 973 doação deste pequeno território para
a construção de uma igreja por Lambert Chalon, o filho é o tio de Hugo ?
• Estreita ligação entre a nobreza regional e cargos religiosos da congregação.
• 977, primeiro mosteiro dedicado a S. Salvador, Virgem Maria e S. João Baptista.
Foi abandonado até ao ano mil. Relacionado com os cultos praticados pelos
carolíngios e otonianos.
• Particularidade curiosa: religioso romaria muito intensa por causa da existência
de uma beata. À la Cocue, culto que começou a ser praticado após a sua morte
no século XIX. São hoje raros e um culto sobretudo local e regional. Levava a
Santiago de Compostela. Muitos peregrinos dirigiram-se apenas a este ponto,
bem como Toulouse e outras igrehas desta matriz.
Sentido de penitência. Fazem pelo menos uma vez na vida um grande caminho
de peregrinação. Após isto, os peregrinos veneram as relíquias das igrejas
regionais.
lOMoARcPSD|12871746
11 de Abril
Catedral de Laon
Notre-Dame de Paris
Substituindo o edifício de culto cristão anterior – Catedral de St. Etienne que
devia datar na sua forma última do século VIII – foi iniciada a reconstrução da catedral
em 1163 em presença do Papa Alexandre III e por iniciativa do bispo Mourice de Sully
eleito em 1160 e consagrada em 1182. Esta nova igreja bem mais ambicionada do que
a anterior (conquistas técnicas que o Gótico agora permite) seria apenas terminada em
1250.
Maurice de Sully é um dos bispos empenhados numa renovação teológica e
espiritual da respectiva diocese. Acção que se traduz materialmente na reconstrução
da igreja e na dedicação da mesma, de acordo com a moda a Nossa Senhora. (marca
da espiritualidade mariana)
Afirmaram politicamente como capital do reino (desde Felipe I). e também um
importante centro económico e de cultura. Podemos falar em quatro fases de
construção:
1. A primeira que se estende de 1163 a 1182 (período de construção e finalização
da cabeceira)
2. Segundo de 1182 a 1190 e corresponde à construção de grande parte do corpo
da igreja.
lOMoARcPSD|12871746
15 de Abril
Cabeceira
• Simplicidade estrutural; terminação semi-circular; única capela; dois tramos.
Sucessão de meias colunas que reforçam a estrutura do muro; friso ao longo da
cabeceira com motivo de dupla cereja.
• Arcaria cega sob a cornija e sob a cachorrada
Interior:
• Cobertura de madeira.
• O abobodamento é reservado à cabeceira.
• Arcarias cegas têm função decorativa.
• Nichis
• Vãos na cabeceira conferem luminosidade.
decoração original do tímpano principal, bem como nos capitéis do portal norte
e nas impostas do portal ocidental.
4. Compostelana (Compostela) e traduz-se nos leões do portal principal, nas aves
de pescoços enlaçados e mesmo nos motivos de laçarias que aqui aparecem
filtrados por Coimbra.
Esta igreja constitui por isso o exemplo mais notável da influência do românico
catedralítico no meio rural reunindo elementos arquitectónicos e ornamentais
provenientes de diversas fontes de influência da arte românica portuguesa. Ao mesmo
que retoma o temas antigos, alguns de origem autóctone bem à maneira do românico
nacionalizado.
Um facto importante que distingue esta igreja de outras é a repetição de
motivos saídos da região baixa de Leão e de Zamora, tudo isto reunido numa obra
harmoniosa que remete para a intervenção de artistas, não só de origem diversa mas
também de grande qualidade.
Edificado nos finais do século XII e no processo único de construção, S. Pedro
de Ferreira viria a funcionar como um importante centro da renovação estilística da
arte do Douro Litoral.
Fonte Arcada
Esta fonte arcada pertencia a um mosteiro beneditino. A datação da igreja não será
seguramente anterior aos finais do século XII ou à 1ª metade do século XIII, reflecte-se
num conjunto de propostas que dão a este edifício uma elegância e uma especialidade
até, proto-gótica. Estes carácter tardio de edificação é-nos apontada, nomeadamente,
pela integração da linguagem decorativa que aqui é aplicada no chamado Românico
Nacionalizado.
Cabeceira
• Semelhante a S. Pedro de Ferreira, única capela de terminação semi-circular,
pontuada por meia coluna e contraforte (sugere abobodamento no interior)
• Friso horizontal
• Vão decorado com uma arquivolta
• Arcaria cega assente em cachorrada
• Meias esferas abaixo das telhas
• Verticalidade plenamente assumida no entanto não é suficiente para assumir
uma qualidade gótica pela falta de luz.
• Despojamento do ponto de vista de escultura com excepção a cabeceira, sendo
esta decorada.
• Três tramos. Os dois primeiros com abóbada de berço quebrado.
• Espaço robusto
• Decoração a dois níveis – inferior de arcadas cegas peraltadas (alargado). Dois
andares divididos com um friso horizontal. Nível alto tratado de forma nobre
com colunelos decorados.
Sanfis de Friestas
Fundado provavelmente no final do século XI, este mosteiro tem sido
considerado como parte da rede beneditina. Teve carta de couto confirmada por D.
Afonso Henriques e recebeu alguns privilégios entre 1172-1190, numa altura em que a
igreja actual poderia esta a ser iniciada.
A atribuição do mosteiro á ordem de S. Bento não é completamente pacifica,
pois a existência original de um nártex adossado à fachada ocidental de igreja (…). De
carácter presumivelmente funerário, levou Manuel Real a colocar a hipóteses de este
mosteiro ter pertencido aos cónegos regrantes de S: Agostinho, ordem á qual se
associa na maioria dos casos este tipo especifico de estrutura ao longo do século XI.
Neste espaço do nártex foi encontrada uma inscrição com a data de 1221 que
tem sido considerada como referente à conclusão das obras, remetendo, portanto, a
igreja para uma fase tardia embora a mesma obedeça integralmente aos princípios
estruturais do românico.
No caso concreto de Sanfins de Friestas prolongam-se algumas características
do românico do alto Minho muito marcado pelas influências galegas e,
particularmente, da diocese de Tui à qual de resto, este mosteiro pertencia.
• Nave única, transepto não saliente, cabeceira tem a mesma largura da nave.
• Grande caixa; despojamento total; grande densidade; marca do nártex.
• Cabeceira abaixo do corpo. Muito decorada. Vãos de iluminação enobrecidos
por colunelos. Capitéis de meias colunas adossados ao muro permitem
suportar o peso.
• Cachorrada: motivos zoomórficos e antropomórficos. Figuração (excepção do
românico português). Escultura de grande volume. Enxadrezado sob a
cachorrada.
lOMoARcPSD|12871746
Portal
• Alguns autores apontam a simplicidade do portal por estes estar protegido pelo
nártex, contudo não é certo.
• Decoração contida; duas colunas de cada lado; uma arquivolta; decoração ao
nível dos capiteis com relevo pronunciado, coerentes ao que se passa na
cabeceira.
Tímpano
• Com formas geométricas e figuras de uma serpente incisas, função
apotropaica.
• Friso de enxaquetado em pautando a forma semi-circular do tímpano.
Interior
Cobertura em madeira, cabeceira com abóbada de berço.
S. Salvador de Bravães
feminina (?) pois tem toda a cabeça coberta por um tocado, tem um gesto (usado
para identificar), uma mão colocada sobre o véu. Lado oposto, supostamente uma
figura masculina pois é uma figura barbada com as duas mãos viradas para o exterior.
Quis-se ver aqui representados os fundadores do mosteiro, uma cena de anunciação
– anjo e virgem – contudo anjos barbados não existem. Outra leitura avançada foi a
de identificação das mesmas como tratando-se de duas figuras bíblicas isoladas
Virgem e S. João Baptista. Outra leitura avança dois religiosos representando dois
ramos de uma mesma ordem, masculino e feminino. Na respectiva arquivolta
figuram figuras humanas, membros da comunidade monástica.
As duas colunas seguintes anteriores segue aves afrontada debitando uma
fonte.
Capiteis maioritariamente vegetalistas e remetem paa a zona de influencia da
catedral de Tui – trabalho de grande volume.
Tímpano: iconografia de Cristo em majestade inserido na mandorla que revela as
dificuldade que o escultor tem em adequar a composição ao espaço.
Interior
• Arco ligeiramente.
• Rosácea sob o arco triunfal.
Manuel Real propõe que a rosácea
terá sido colocada na segunda fase
de construção.
• Horizontalidade (característica do
românico rural) pautada por
longos motivos decorativos com
enxaquetado.
• Um andar de iluminação com
frestas que se abrem para iluminar a nave que, apesar de reduzida na sua
dimensão, conhecem um tratamento de enobrecimento através de pares de
colunelos com capitéis decorados. Não são harmoniosos entre si. Tem levado
os autores a considerar que se trate de reaproveitamentos da estrutura
anterior.
• Arco triunfal: ponto de investimento decorativo. Ladeado por duas pesadas
colunas (expressão maciça das bases) de capitéis de grande desenvolvimento
com trabalho escultórico. Escultura muito presa ao suporte arquitectónico.
(característica do românico internacional)
• Sob os capitéis corre um friso decorativo pontuado pelo motivo da dupla
cereja. Estes capitéis revelam semelhanças com algumas propostas de Braga
mas também, e sobretudo com capitéis existentes e S. Cláudio de Nogreira.
Iconografia com animais híbridos, ser quadrúpede com cabeça de ave. Também
encontramos na arquivolta do arco triunfal.
• Pinturas murais primitivas, ocultadas por esculturas do século XVI. Martírio de
S. Sebastião e a Virgem.
24 de Abril de 2013
S. Martinho de Cedofeita
escaparia a qualquer homem medieval, caso essas mesmas representações não lhe
fosse devidamente explicadas por outras vias que não as da imagem pura.
Escultura como função pedagógica?
Não podemos confundir a afirmação de que a arte medieval é sempre um
discurso cristão com a igreja de que toda ela se desenvolve no espaço das igrejas e por
acção de artistas profundamente religiosos. (o próprio artista tem um nível de
preparação variável aspecto este que se percebe no trabalho final).
Nem com a ideia de que a missão desta arte é sempre e somente transmitir
qualquer verdade sobre Deus, de que ela é a crítica e não reflecte sobre o mundo em
que se afirma.
A escultura românica desempenha para além de tudo isto, um papel
fundamental na ornamentação dos edifícios que, contrariamente à concepção
maioritariamente interiorizada da arquitectura românica é também para ser vista e
admirada no exterior. De facto, mesmo as representações de carácter figurativo ou se
sentido narrativo evidente, exercem um papel fundamental na definição da estética do
edifício e são pensadas em função disso.
Contrariamente ao panorama artístico da antiguidade clássica, a escultura de
vulto do românico (um grande domínio; perde-se no período da alta idade média) e a
pouca que existe é maioritariamente de contexto devocional. A prática escultórica
tendia antes a realizar-se sobre suporte arquitectónico. Concentrando-se em capitéis,
tímpanos, impostas, e muitas vezes reduzida ao desenho inciso. É uma escultura “na” e
“pela” arquitectura. (na pois recorre à arquitectura como suporte, pela arquitectura
pois sublinha e entra em dialogo com a arquitectura) que a torna falante, por um lado,
e lhe sublinha as forças por outro. Uma marca da escultura arquitectónica românica é a
sua perfeita adequação (física) ao monumento em que se insere. Nesta sujeição
contínua a espaço diferenciados, o românico ensaia por vezes com surpreendentes
resultados, as possibilidades de movimentação das figuras, sob as mais diversas
formas, cobrindo a imóvel arquitectura de uma mobilidade contínua e permanente.
Nesta escultura os temas multiplicam-se entre o antropomórfico, o zoomórfico,
o vegetalista e o geométrico, representando o mundo físico dos homens em associação
ao sagrado que o mesmo reflecte de forma imperfeita e, muitas vezes, prolongando-o
(o mundo físico) para lá desses limites reais dando expressão a toda uma panóplia de
sonhos e fantasias verdadeiramente delirantes.
Dai que Henri Focillon classifique a iconografia deste período como épica e
teratológica, épica porque concede às figuras humanas proporções imaginárias que a
afastam da humanidade comum e lhe conferem um sentido inalcançável. Épica
também porque se trata quase sempre de uma iconografia que apela fortemente aos
sentidos. Teratológica porque envolve os referidos seres de caracter humano, de um
numero vastíssimo de figuras monstruosas das quais, por vezes, os próprios seres
humanos se aproximam mediante um processo eloquente de metamorfoses.´
A figura de Jesus não aparece como um irmão misericordioso, não é o Bom
Pastor paleocristão, nem o sofredor do período gótico. as suas imagem é muitas vezes
terrível pelo poder que transmite impondo-se como verdadeiro senhor feudal. Num
mundo de cavaleiros ele é associado a um grade chefe, cabeça de uma hierarquia de
que os anciãos das visões apocalípticas e os arcanjos são os primeiros representantes.
A sua imagem mais frequente é a de um Todo Poderoso, colocado no trono de
um grande juíz, de onde preside à pesagem das almas salvando quem merece e
lOMoARcPSD|12871746
29 de Abril de 2013
Península Ibérica
Tímpano de Sepins
• Cristo ladeado por dois dos animais apocalípticos. Seguram rolos
representando o seu papel no registo no novo testamento.
• Cristo entronizado não inserido na mandorla mas sim numa arcada assente em
colunas decoradas.
• Existência de microarquitectura.
lOMoARcPSD|12871746
Motivo da Cruz
Normalmente a cruz grega de 4 braços iguais inserida num círculo. A cruz velho
símbolo cristão venceu na iconografia religiosa mesmo nos momentos de mais
rigoroso combate às imagens. (a utilização da imagem num contexto religioso não é
dado adquirido; imagem como veiculo para conduzir a alma à contemplação).
Associando-se a Cristo e ao amor de Deus pela humanidade e portanto à necessidade
de redenção. Temos notícia de 35 tímpanos portugueses decorados com o tema da
cruz.
Estes dois temas, cordeiro místico e a cruz, respondiam para a tendência para o
sintetismo e abstração que marca a escultura arquitectónica do românico português.
Ambos permitiam representar Cristo e o seu sacrifício sem recorrer à figuração
humana.
Portal lateral de Braga marca o primeiro momento da decoração da cruz em Portugal.
Figuração humana
Também se associam aos seguintes contextos iconográficos.
• Representações sociais: cavaleiros, damas e membros da hierarquia religiosa.
Ex.: S. Cristóvão de Rio Mau.
• Figuras associadas a “profissões” específicas: bailadeiras, músicos, jograis. Ex.:
cachorradas é onde aparecem mais frequentemente. Vilar de Frades é uma
excepção pelas figuras integrarem arquivoltas.
Figuração zoomórfica: animais ligados ao quotidiano das populações, representações
de leões de função apotropaica e protectora conhecida (entrada do espaço sagrado),
aves – pescoços enlaçados de influência da escultura galega, aves afrontadas
debicando um cálice ou uma folhagem.
• Animais fantásticos. Não são uma invenção do mundo medieval. A idade média
herdou-os do mundo antigo. De qualquer forma, confere-lhes uma presença e
lOMoARcPSD|12871746
uma expressividade que têm a ver com o facto de estes animais responderam
na perfeição à apetência da escultura medieval para a representação do
sobrenatural e de cena e figuras que se afastam da realidade do homem
comum.
Animais híbridos: integra-se a figura da sereia – metade ave, metade humana – quase
sempre usada como símbolo das tentações do mundo, portanto símbolo mal.
Ver: moodle
6 de Maio
O Gótico em Portugal
abremse para o exterior através de volta inteira e com óculos das bandeiras de
definição geométrica.
Fusão de arcas em angulo através de um grande mainel único. Galerias cobertas com
arco de cruzaria de ogivas (densidade comum no 1º gótico).
Sé de Évora
(momento da inauguração da estética gótica. É também um momento de tradição). É
a mais grandiosa sé medieval edificada em Portugal. Corresponde a uma segunda
edificação feita sobre uma anterior, mais pequena e certamente de feição
inteiramente românica.
Essa primeira igreja teria sido começada, segundo Pedro Dias em 1186, sendo o
bispo da diocese D. Paio Mendes e consagrada em 1204 já no tempo de D. Soeiro.
A edificação gótica (2º edifício) foi começada entre 1267 e 1283, datas limites de D.
Durando Pais. Conhecem-se os nomes dos dois principais mestres de obras:
Domingues Pires que a dirigiu nos finais do século XIII e Martim Domingues,
responsável por ela no início do século XIV. Os trabalhos arrastar-se-iam por várias
décadas, terminando, apesar, depois de 1325 (D. Afonso IV) o braço sul do transepto, a
sacristia, a porta axial e o claustro.
A sé de Évora concretiza uma ambiguidade em sim mesma associando duas
linguagens estéticas. Um com profundas raízes e outra que começava a ganhar espaços
no território português. Assim, se por um lado apresenta uma inegável ligação ao
românico, tendo por referente a Sé de Lisboa (românica), por outro revela já, nalgumas
das suas propostas e originalidades, o início de um novo formulário, o Gótico.
A relação com o modelo da Sé de Lisboa não equivale a dizer que se trata de
uma cópia, mas sim que se realiza a partir desse protótipo românico, sem deixar de
apresentar elementos construtivos esteticamente mais avançados.
As ideias são adaptadas ao novo gosto, à educação dos mestres e às necessidades da
nova construção.
Definição da fachada clássica com duas torres encimadas por um corpo sólido, ligadas
entre si com um elemento que funciona como um varandim.
Fachada com estética românica: modelo. Densidade, composto por pedra aparelhada e
2 contrafortes na torre sul (inexistentes na torre norte). Mostra de momentos
diferentes de construção e intervenções.
Maior verticalidade. Vãos a marcas a fachada são já em arco quebrado. O arco axial é
totalmente quebrado. Espécie de natex acolhe um portal escavado. Sucessão de
arquivoltas com colunas-estátua representando o Apostolado. Tipo de trabalho
orientado para o humanismo, permitindo identificar as figuras.
Capitéis com linhas de folhagem que se soltam do suporte arquitectónico.
lOMoARcPSD|12871746
Igreja organizada em três naves com 7 tramos. Pautado no exterior com a utilização de
contrafortes que apontam para um abóbodamento no interior da igreja. Transepto
saliente pautando por uma rosácea que leva Pedro Dias a considerar ter sido este um
dos últimos elementos colocados na igreja.
Torre lanterna – elementos que faz sentir a transição da estética pois o modelo é
valorizado no gótico, de inspiração em modelos peninsulares da estética românica. Ex.:
Zamora, Salamanca, Toro. Corpo central a definir a forma que vai ser multiplicado com
mini torres em todos os eus vértices.
Évora: a torre é octogonal que incorpora replicas miniaturas de si próprio nos vários
ângulos. O que Évora tem um lançamento de um pináculo cónico sob o tambor. Vão de
arco quebrado com janela de dupla lanceta.
Alçado: grandes arcadas. 2º andar constituído por trifório que nos aponta para o
alçado da Sé de Lisboa, tipicamente românica.
Conclusão:
Nesta articulação apenas de tudo equilibrada, entre os dois modos estéticos,
aqui como em Alcobaça, manifesta-se uma notável capacidade de adaptação às
realidades locais, para a lado de que a resistência de certas soluções, visível em muitos
edifícios deste período, revela os particularismos do nosso país: limitações financeiras,
dificuldades técnicas, forte enraizamento de um românico muito ligado à fundação da
nacionalidade, etc…
Esta Sé emerge num momento histórico particular, marcada por uma aposta do Rei D.
Afonso III na dinamização do Sul do reino, depois da conquista definitiva do Algarve.
Neste sentido, devemos entender a construção da catedral eborense como o resultado
de um esforço considerável por um reino recente e de uma aposta clara do reino na
criação de uma imagem de forma, indissociável da sua política de fixação das
populações nas zonas limítrofes do reino.
Ainda assim, no tradicionalismo do programa e as dificuldades se manifestam
na adopção de certas soluções arquitectónicas do Gótico, revelam as características
próprias do quadro socio político, militar e religioso do Portugal de então. Ainda
profundamente empenhado e debilitado pela tu contra o poder muçulmano e pela
estabilização do poder régio.
Com Afonso III o território ganha os contornos. Com D. Dinis os mecenas irão
estar presentes na realidade histórica do reino de Portugal.
lOMoARcPSD|12871746
O Gótico Mendicante
Igrejas de S. Francisco de Santarém e S. Clara-a-Velha
S. Francisco de Assis
Francisco de Assis nasceu em 1181 e faleceu em 1226. A origem da ordem por
ele fundada está num pequeno número de irmãos constituído por Francisco e onze
jovens que, desejando vivem o mesmo ideal de pobreza, se retiraram em 1208 para
junto de uma capela nos arredores de Assis, onde com a devida autorização do bispo
iniciaram a primeira pregação exortando à penitência. Por depois em 1209, Francisco
escrevia a fórmula vitae (Fórmula de Vida), o grande texto que serviu de base à
definição do modo de vida da futura ordem. Nesse mesmo ano, o grupo apresenta-se
ao papa Inocêncio III, que aceita verbalmente a sua obra de vida, marcando a fundação
canónica da ordem. A confirmação ocorre no IV Concílio de Latrão em 1215. Francisco
não pretendia fundar uma ordem e muito menos viver num mosteiro. Esta recursa de
casa física, integrava-se na recusa total de posse que era um dos postulados
fundamentais da proposta de vida de S. Francisco, dai que se intitulava a si e aos seus
companheiros, “Frandes Menores” a fim de se distanciarem das ordens religiosas
maiores tradicionalmente instituídas. Os franciscanos queriam ser apenas pobres
irmãos. Ou seja, objectivo de deambular nos centros urbanos, vivendo em
mendicância.
S. Domingos de Gusmão
Nasceu em 1170 e faleceu a 1221. Criou à partida uma organização que lutava
contra a heresia e particularmente, contra os cátaros. A primeira casa masculina foi
fundada em Toulose em 1215 e foi esta comunidade que veio a dar origem à ordem
dos pregadores (pregar contra a heresia) aprovada neste mesmo ano e confirmada no
ano seguinte por Honório III.
Esta organização era integrada por sacerdotes livres e pobres que nada deviam possuir
de seu, particularmente direito e temas. Apenas se tolerava a aceitação de rendas que
lhes permitem dedicar às suas missões científicas e pedagógicas, isto porque nas
igrejas do subúrbio.
Deste modo, S. Domingos exigia uma sólida formação teológica aos sacerdotes para
que pudessem mais eficazmente lutar contra as heresias. A pobreza e a mendicância
lOMoARcPSD|12871746
8 de Maio
O Gó tico Mendicante
“Modelo Mendicante”
• a planta, em geral (não varia ao género) em cruz latina, com 3 naves que
sempre de 5 tramos e um transepto desenvolvido
• cabeceira, sendo a zona de maior densidade arquitectónica, compõe-se de 3 a 5
capelas escalonadas em altura e em profundidade (progressão decrescente) e
intercomunicantes. A capela-mor é geralmente terminada em vários murais
(terminação poligonal). As capelas laterais são rectangulares ou semelhantes à
capela principal.
• As coberturas interiores reflectem o princípio de simplicidade que rege estas
igrejas. Apenas a cabeceira é abobadada, as naves e o transepto cobrem-se de
madeira, o que permite adoptar suportes mais esguios e torna desnecessária a
utilização de arcobotantes no exterior.
lOMoARcPSD|12871746
Interior:
Simplicidade nos materiais que utiliza, de uma grande clareza no modo como se
estrutura, porque é parca na escultura reduzida aos capiteis de folhagem muito
simples e presa ao capitel e introdução de elementos laicos, nomeadamente
heráldicos.
Naves laterais têm ainda abóboda de berço.
Clara por toda uma luz difusa e discreta que invade o interior destas igrejas
penetrando quer através da grande rosácea que quase sempre se rasga na fachada
ocidental, quer pela fiada de janelas dispostas ao longo das 3 naves.
Esta luminosidade contribui para um sentido de espaço unificado potenciado pela
fila espessura dos elementos de suporte e pelo amplo rasgamento das arcadas de
comunicação entre as naves.
A cabeceira como espaço de maior significado que é, concentra em si a mais
forte luminosidade proporcionada pelo rasgamento progressivamente alargado
dos seus muros de fundo.
O “modelo mendicante” conhecerá grande fortuna no panorama
arquitectónico português, na medida em que pelo sentido de despojamento e
clareza forma “adequeado a um sensibilidade portuguesa que marca toda a
arquitectura medieval”, por outro lado e pela economia de meios, por outro,
favorável num contexto de instabilidade, este “modelo” se adequava na perfeição
ao panorama artístico e aos condicionalismos políticos do território português.
S. Francisco de Estremoz
Comunidade já existia em 1239 e o mosteiro em si desde, pelo menos, 1255. A igreja
hoje vemos deverá datar já do reinado de D. Dinis (1279-1325). O mesmo modelo com
as mesmas características de S. Clara.
S. Domingos de Elvas
Fundado antes de 1266 e construído com o patrocínio de D. Afonso III. Depois da
fundação do espaço actual, a comunidade criou uma albergaria e um hospício. Da
proposta do “modelo” resta o transepto e a cabeceira. Os vãos que se abrem com
dupla lanceta e óculo, mas com grande verticalidade. Segunda capelas têm uma
terminação recta e um pano. Caminho para a planta poligonal também nas capelas
secundárias. Nelas abrem vão de dupla lanceta e óculo na bandeira.
S. Francisco do Porto
Fnal do século XIV no reinado de D. Fernando I que morre em 1385.
lOMoARcPSD|12871746
13 de Maio
O ponto de vista estruturante é igual. Estas igrejas diferem, por tanto, desse
outro grupo definido pelo mesmo autor como “igrejas-fortaleza”. Estas sim
marcadas por um influência definitiva da arquitectura militar, não apenas
patente na inclusão de alguns apontamentos estruturais ou decorativos, como
também, na própria concepção espacial das igrejas.
Fortificadas são tradicionais do ponto de vista estrutural. Seguem a estrutura comum.
Igrejas-fortaleza têm uma solução espacial muito militar e particular. Conceito mendicante
pode tocar no conceito da igreja fortificada. Adquire uma linguagem românica aplicando a
estruturas góticas.
S. Clara de Vila do Conde
Fazia parte de uma casa
monástica de clarissas fundada
pelo filho ilegítimo de D. Dinis,
D. Afonso Sanches e sua
esposa D. Teresa Martins de
Meneses.
A carta de doação está datada
de 1319, embora a autorização
papal já tivesse sido dada no
ano anterior, o que nos leva a
situar nesse mesmo ano o
inicio das obras.
Este é um processo fundamental para a história dos mendicantes no
norte do país dadas as dificuldades que sentiam em cidade como o Porto
(Cabido da Sé= ou Guimarães (Nª Sª Algibeira). Os fundadores estabeleceram
lOMoARcPSD|12871746
Análise Formal
Fachada Ocidental: rosácea, contrafortes, não têm portal, uma abertura
abaixo da rosácea, terminação em pena de duas aguas, fachada em granito
aparelhado (mostra a riqueza dos que financiavam as obras)
Igreja de nave única, 3 capelas totalmente abobadadas de cruzaria de ogivas e
de nervuras, o que contrasta com o “modelo mendicante”. Capela mor de 3
panos com vãos de único lume/lanceta. Uso sistemático do arco quebrado com
arco diafragma.
Abóbodamento da cabeceira mostra o domínio da técnica plenamente gótico.
ambiência românica, verifica-se através das massas densas que dividem a
capela mor das capelas laterais.
Exterior: pautado por vãos de duplo lume e pequeno óculo na zona da
bandeira.
Análise Formal
Corpo central com uma rosácea, portal principal e muros laterais mais
baixos em terminação recta, cobertos por modilhões com terraços onde se
pode circular. Tecto em duas águas, um transepto não saliente, um falso
transepto, uma cabeceira organizada em 3 capelas escalonadas pontuadas
também de marelões separados por arcadas quebradas apoiadas em pilares
compósitos, formados por um núcleo central ao qual se adossam colunas.
lOMoARcPSD|12871746
Colocação de uma mísula para densificar o pilar criando uma transição entre o
pilar e a arcaria.
Nave lateral com arco toral/diafragma.
Capitéis apresentam temáticas simples e vegetalistas (tipicamente
góticas) e também figurativa – reminiscências do imaginário românico.
Compõem um universo já totalmente gótico.
Cabeceira com abóbodamento; 3 capelas cobertas por abóbodas de
cruzaria de ogivas e abobada de nervuras no tramo terminal, elegantemente,
lançadas. A par do rasgamento de amplas janelas de duplo lume, contribuem
para lhes definir uma espacialidade perfeitamente gótica. Vão de dupla
lanceta com quadrifólio na bandeira.
Este edifício apresenta uma qualidade técnica e estética notáveis
sobretudo tendo em conta o seu local de implantação, quer pelo acentuado
sentido de verticalidade, quer pela iluminação homogénea que o define, quer
ainda pela qualidade da mesma e, no geral, de todo o abóbodamento da
cabeceira.
Exterior
Portal coerente com esta formulação do edifício e também com uma
transição românica/gótica. Portal gótico pelas arquivoltas em arco quebrado.
Os elementos restantes respiram ainda uma linguagem românica.
A linguagem gótica vai persistir em edifícios totalmente góticos.
Grande torre que se adossa à igreja com balcões de matacães abertos nas
faces e os ângulos superiores.
Este carácter de fortaleza da igreja prende-se mais com funções
heráldicas de afirmação de um poder defensivo do que guerreiro. Transparece
um mundo de guerra mas de guerra simbólica, de luta do bem contra o mal.
Justifica-se esse carácter militar que a igreja apresenta, articulando com um
modelo planimétrico perfeitamente mendicante pelo objectivo de representação
rectórica das forças tão próprias, a uma ordem militar e tão eficaz numa zona
em que os senhores do poder eram ainda as velhas famílias de infanções.
Infanção
Antigo título de nobreza, inferior a fidalgo ou a rico-homem. In Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa.
15 de Maio
Igrejas-Fortaleza
Análise:
Igreja m cruz grega muito irregular, de nave única, transepto saliente e uma cabeceira
constituída por uma capela em terminação recta, pouco profunda. Identifica-se pelo
campanário. Estreitas e poucas frestas para iluminação marca da
arquitectura militar.
Característica original remete para a função original. Albergou o túmulo de D.
Álvaro que marca a presença; arcossólios para colocar arcas sepulcrais dos
eclesiásticos.
lOMoARcPSD|12871746
20 de Maio
Claustro da Sé de Lisboa
Sé Românica Claustro Gótico
Claustro da Sé de Évora
Bispado de D. Pedro II que morre em 1340, logo sabemos que foi iniciado, pelo menos
antes dessa data. O de maior qualidade dos três claustros, apontando a possível
presença de um mestre estrangeiro. Muitas das soluções são aqui já dominadas.
Claustro gótico que reúne características maduras.
Planta quadrangular adossada à fachada sul, cujas galerias se cobrem se cruzaria de
ogivas; molduras elegantes ao nível das ogivas e arcos torais quebrados e com
presença de lierne continuo longitudinal que se chama de cadeira: vai unindo as
principais chaves do centro de cada arco toral.
Chaves tendem a ser cada vez mais desenvolvidas, preponderantes e de
folhagem mais recortada. Progressiva evolução.
Qualidade passa não só pelas soluções arquitecturais, mas também pela
escultura que se verifica ao novel dos capiteis e das esculturas que se colocam em cada
ângulo: 4 evangelistas identificados através dos atributos, bem como pelo texto
talhado no livro que cada um carrega.
Escultura Gótica: figuração arcaizante (em relação ao panorama ocidental) mas
representada com mais cuidado em variar a expressão; sentido de humanismo
crescente (característica do mundo gótico), veias marcadas nas mãos; definição da
lOMoARcPSD|12871746