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Apontamentos História da Arte do Românico e Gótico em


Portugal
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18 de Fevereiro de 2013

Clero Regular (regra); ordens religiosas


Clero Secular (vive no interior das comunidades). Envolve todo o restante bolo de
bispos, etc…

Episcopal: Catedral; meio urbano


Rural: Mosteiro; isolado do mundo

Testes são constituídos por imagens para identificar o tipo de construção, datação do
românico. Análise formal

Ver: Ordem Religiosa

Ordem Cister: século XII-XIII em toda a Europa


Associada à arquitectura.

Ordem Mendicante: Franciscanos


Dominicanos

Em Portugal, o românico começa nos séculos X-XI. Século X vive-se a reconquista do


território aos muçulmanos e formação do reino. Catedrais marcam fisicamente os
núcleos urbanos.

Românico português caracterizado pela simplicidade; nave única.


Padrões geométricos: inspiração islâmica; artistas muçulmanos. O geométrico ganha
um sentido simbólico.

Românico desenvolve-se mais no Norte de Portugal.


O Gótico centra-se naqueles que são os novos territórios: Centro e Sul do país.

Finais século XII: início da arquitectura gótica em Portugal.


1178 – Alcobaça

Cabeceira da Sé de Lisboa é gótica, construída sob o reinado de D. Afonso IV


Crise Dinástica
1383/5: Vitória batalha de Aljubarrota Data
coincide com a criação do Mosteiro.

Manuelino é um braço do tardio-gótico, iniciado na Batalha.


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20 de Fevereiro

Trabalho de investigação
-igreja, portal, estrutura militar, pintura, iluminura

Objectivos: a partir da análie, procurar conhecer a arte medieval portuguesa. Plano de


trabalho com o aluno, tema, estrutura de base – ordem, o responsável de que forma a
peça reflexe a ordem, - bibliografia como ponto de partida.
Entregar da 11 de Março

Frequência: 5/6 questões desenvolvimento variável. Toda a matéria, sem consulta.

O contexto românico Internacional

O que é a arte românica?


Período século XI-XII. Portugal século XIII (em outras regiões também). Estética que vai
difundir em todo o território europeu com divergência e unidade.

Os excertos contam os contextos.


• Mundo em crise demográfica: população sujeita às alterações climáticas.
• Antigas redes de comunicação tinham sido quebradas. Definhamento urbano,
eco das cidades urbanas.
• Mundo em regressão.

Cultural: herança do mundo antigo que a idade Média vai retirar. Em cada região existe
uma cultura própria. Bem como combinações culturais após a queda do Império do
Ocidente.

Povos bárbaros trazem bagagem cultural própria que vai difundir com as tradições regionais.

Arte românica: Unidade e Diversidade

Contributo de diversas culturas


A base clássica e a ascendência
carolíngia dotam esta artecom origens próprias que se
de uma
grande homogeneidade que manifestam nas várias regiões do
atravessa toda a Europa. antigo império datando de cada
região de particularidades que
serão associadas na Arquitectura
Românica.

Há um conjunto de características que se vão repetir na Europa, que vai sofrer na


variações que se adaptam a cada região.
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A partir do século XI, arranque da cristandade ocidental.


Ano mil é uma marcação simbólica porque este arranque vem a ser preparado desde a
2ªmetade do século X.

• Pacificação e estabilização em vários territórios

• Crescimento económico
Aparecimento dos 1º sinais de uma arte
românica.

Aumento da arte arquitectónica, ligada à construção de igrejas.

“agentes” – mosteiros (papel particularmente importante)


1º: Conjunto de indivíduos que vivem em isolamento dedicando-se à oração. Entra na
lógica da cidade tripartida. Monges têm o dever de orar. Missão.
Doações eram feitas em agradecimento. Aproximação às elites. Patrono – prestígio no
conjunto social.
2º: guardiões de relíquias e ordenadores do culto. Geram-se movimentos de
peregrinação. Criam-se vias fundamentais de circulação de peças, pessoas e ideias. 3º:
guardiães das tradições e conhecimento da antiguidade. Grandes centros da
produção cultural ao longo de todo o período de vigência da arte românica. Oásis de
cultura. O domínio da leitura é uma minoria do clero.

Autossuficientes e reguladores da vida das comunidades rurais que se vão instalando


nas suas imediações.

Península Ibérica

Ordenamento do território e na organização social dos respectivos domínios na difusão


do regime senhorial (os mosteiros funcional como senhores) e ligação às elites, sobre
as quais exercia particular fascínio o fascínio de Cluny.

Cluny: Regra (conjunto de princípios pelos quais uma ordem se deve reger) de S. Bento
de Nurcia, figura do século VI, é responsável pela redação da Regra de S. Bento com a
qual o monaquismo ocidental ganha contornos definitivos a partir do ano de 529.
Ligada com a ordem dos Beneditinos. Vai ser a base de muitas outras ordens.

Propostas da Regra de São Bento


1. Promover o equilíbrio e a moderação na adopção dos valores do monaquismo
oriental (mais radical) Origem no alto Egipto e em ermidas.
2. Facto de esta regra impor a autoridade absoluta do abade no sei da
comunidade.
3. Valorizar o trabalho espiritual e intelectual em associação ao trabalho manual.

-Congregação de Cluny retoma a regra de S. Bento


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-980 depende directamente da Igreja de Roma, significa que não está sujeita à
autoridade de reis ou bispos. Responde directamente ao papado.
-Fundada na Borgonha.

Portugal, Séc. XI, Transformações


Marca na PI o inicio efectivo da reconquista. Com D. Fernando I de Leão e Castela
(1037-1065) que a fronteira cristã se desloca definitivamente para lá do Vale do Douro.
(ultima cidade da PI a ser conquista foi Granada)

Iniciando-se um conjunto de expedições de grande envergadura com o propósito de


ocupar definitivamente as principais cidades do território Andaluz.

Também na PI se nota um aumento demográfico, factor que contribui bastante no


processo d reconquista.

Novas condições vividas na PI, século XI (outro aspecto para compreender o sucesso
inicial do processo, o território muçulmano está dividido. Maior fragilidade politica e
militar. Realidade de alguns reinos pagarem ao governo cristão pela paz. Transferência
de valores) nomeadamente a abertura às influencias francesas que se verifica com o
inicio da dinastia Navarra, através de clérigos e cavaleiros (para território cristão), mas
também mercadores activando algumas cidades do norte de Espanha.

Esta realidade, e esta circulação de gentes, são indissociáveis de peregrinação a


Santiago de Compostela que traçava importantes vias de circulação entre o norte
Peninsular e uma série de Burgos Franceses.

Século XI, foi também um século inovador em matéria religiosa sobretudo o ponto de
vista da regulação da religião oficial e da disciplinação e das práticas e hábitos dos
membros das instituições, ofícios de Roma.

Preocupação com o ortodoxial, que o culto siga o modelo de Roma e preocupação com
o comportamento do clero pois participava e alimentava os ritos censurados pela
Igreja.

Dois movimentos/fenómeno fundamentais


-a reforma cluniacense e a reforma gregoriana

Cluniacense diz respeito às mudanças verificadas num conjunto de mosteiros ibérico


influenciados pelo movimento de renovação religiosa com origem e Cluny. Mosteiros
pré-existentes que vão sofrer reformas internas. Este processo desenvolve-se sob a
orientação e Hugo de Cluny, abade do mosteiro de Cluny, tio materno de Constança,
mulher de Afonso VI, sucessor de Fernando I na coroa de Leão e Castela. Ligações
familiares que facilitam a entrada de Cluny em território.
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25 de Fevereiro

Reforma cluniacense: conjunto de mudanças, levadas a cabo por Hugo de Cluny.


Traços familiares.

Presença de cluniacenses no território peninsular, faz-se não só através da reforma


interna de casas monásticas, como também através da ocupação de importantes
cargos eclesiásticos por figuras ligadas a esta ordem. Por outro lado, a presença de
monges cluniacenses na península levou constantemente a que os monarcas
transferissem além Pirenéus somas consideráveis do ouro conseguido através dos
sistemas das párias. Sendo que uma parte significativa do ouro foi doada por Afonso VI
para obras da própria abadia de Cluny. Perceber que para além do
interesse religioso, luta contra o infiel. Há também um interesse pessoal em apoiar o
cristão. Ouro doado para Cluny. Contribui para a reconstrução de Cluny.

Reforma gregoriana diz respeito ao movimento de restruturação e regeneração do


clero, uma reforma com origem papal, promovida em grande medida pelo Papa
Gregório VII (o processo é anterior à proclamação do papa. 1073-1085) que intervinha
por intermédio dos delegados, também no território peninsular. Aqui o papado
orientou a sua acção sobretudo para a supressão da liturgia hispânica-moçárabe que
era suspeita de heregia, e para a adopção em seu lugar de liturgia romana. Esta liturgia
não era completamente desconhecida na península, o que facilitou o processo de
reforma, mas não impediu que, quando foi determinada a substituição oficial, pelo
concilio de Burgos em 1080, a mudança não fosse brutal e difícil de aceitar. (haviam já
igrejas que praticavam a liturgia romana)

Os rituais, os textos, a celebração litúrgica, tudo é diferente e as resistências


tornaramse mais que naturais, tendo em conta que se pedia às comunidades fiéis e as
oficiantes
(responsáveis pelo oficio litúrgico) que abandonassem práticas colectivas
profundamente enrizadas. Às quais atribuíam um valor sagrado e intocável. (a
substituição de ritos sagrados nunca é fácil) Estes fenómenos de resistência foram
decerto determinantes na política empreendida por Afonso VI para a difusão da
reforma. Confiando a sua aplicação (reforma) a bispos franceses (aprelado) que foram
sendo nomeados para ocupar a cátedra das dioceses onde provavelmente se sentia
maior resistência à mudança. Em suma, ambos os movimentos de reforma têm como
características comuns, a grande importância dada às solenidades litúrgicas,
nomeadamente através de uma concepção da liturgia como um espectáculo,
envolvendo uma maior participação dos fiéis no rito (maior participação=acesso visual
que antes estavam privados, participação visual) e implicando alterações na
arquitectura dos espaços sagrados. Tipo de arquitectura – menos compartimentação
dos espaços, elevação do altar, maiores dimensões com sentido de encenação.

O novo culto dos mortos constitui também uma importante marca do universo
cluniacense. Pressupunha que os vivos podiam interceder pelos mortos através de
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ofícios divinos realizados nas exéquias do defunto e depois delas. (há uma
preocupação com os ritos aquando da morte e após, contribuindo para a salvação do
individuo. Doações feitas associadas à sepultação, vai contribuir para a riqueza do
mosteiro).

Do ponto de vista militar, o ano de 1086 marca uma inversão no quadro de forças
presentes na península através da entrada em território peninsular dos Almorávidas
que vêm em auxílio dos reinos Taifa a pedido dos reis mouros de Granada e Badajoz. A
partir de 1090 os Almorávidas instalam-se duradouramente na península, começando
por conquista os reinos Taifa e unificando sob o seu domínio o Al-andaluz (todo o
domínio muçulmano ganha uma nova força. Cidade vão ser recuperadas, outras
ameaçadas. Nova capacidade dos muçulmanos levam o rei Leão a toma medida). A
contraofensiva almorávida e o receio de voltar a perder territórios. Nomeadamente
Toledo, levaram Afonso VI as lanças um pedido de ajuda nas regiões do Sul de França e
foi sobretudo dessas paragens que acorreram à península cavaleiros movidos pelos
desejo de combater os muçulmanos, de buscar fortuna e conquistar novas terras.
Apesar da sua audácia familiar privilegiada, podemos incluir neste processo a vinda
para a península dos jovens cavaleiros Raimundo e Henrique da Borgonha. Por outro
lado, esta mobilização de cavaleiros cristãos para a luta que se estava a definir, o
conceito da igreja como cristandade, ou seja, como uma instituição social e religiosa
coesa e consciente da sua diferença para com o outro (muçulmanos).

A ligação de Raimundo e Henrique a Cluny (Borgonha) terá favorecido também a vinda


destes cavaleiros e o trajecto que aqui conheceram. Em 1091-1092, Afonso VI entrega
o território do reino da Galiza a Raimundo, descendente dos condes da Borgonha e
casado com a filha legítima do rei, D. Urraca. (conde da Galiza) Em 1096 Afonso VI
entrega os antigos condados de Portucale e Coimbra a Henrique, descendente dos
duques da Borgonha e sobrinho da rainha, já falecida, Constança. Socialmente superior
a Raimundo.
A eminência de um ataque almorávide a esta região terá pesado nesta concessão, que
teria resultado do reconhecimento das capacidades militares de Henrique.

Quatro perspectivas de ver o Românico


• Planta
• Estrutura É a combinação destes vários
• Combinação das massas elementos que define o edifício
• Efeitos como românico.

Planta: esta constitui um dos aspectos que melhor reflete as necessidades a que a
igreja românica veio responder. Um exemplo muito claro disso, são as igrejas de
peregrinação que se dotam de dimensões apropriadas a acolher vastas multidões e
cuja planta quase parece desenhada pelo próprio movimento dos peregrinos no
interior da igreja.
Corpos desenvolvidos, largos transeptos, cabeceira com deambulatório com
capelas radiantes.
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Problemas estrutura e equilíbrio ligam-se na arquitectura românica sobretudo ao


emprego de abóbada de pedra. O século XI realiza algumas experiência neste
campo, e o século XII aprofundo-os lacando abóbadas sob naves cada vez mais
largas. Normalmente a nave central aparece coberta por uma abóbada de berço ou
de canhão e as naves laterais por abóbadas de aresta (arco de volta inteiro). Para
suportar estas abóbadas vemos contrafortes nas paredes exteriores e poderosos
pilares no interior.

Arquitectura românica do século XII corresponde ao que Focillon chama de “arte


de belas massas”. As igrejas românicas apresentam-se como uma autêntica
colecção de sólidos de efeito estético (cada elemento é definido por um sólido)
este papel plástico é sobretudo desempenhado pela cabeceira e pela fachada
ocidental que podia limitar por uma terminação em pena, ostentar um pórtico ou
torres. A presença de torres num edifício românico pode ter várias leituras. São
importantes em primeiro lugar como sineiras, marcando o lugar dos templos
religiosos, mas também o quotidiano das comunidades. A torre transmite uma
ideia de protecção física e espiritual, o que significa que para além de uma função
prática, ela exerce também uma simbólica. (símbolo máximo do poder régio em
tempos bem avançados)

Nos efeitos na observação de uma igreja românica devemos também considerar


os efeitos plásticos gerados pela manipulação da luz e pelos contrastes entre
cheios e vazios, entre paredes nuas e pontos especialmente decoradas. De
qualquer modo, as várias experiências realizadas no âmbito da arquitectura
românicas, jamais conseguiram libertar as igrejas do peso da massa moral que os
define.

Concluindo, é na variação das relações entre estes quatro elementos que se


estabelecem as diferenças regionais, que são características do modo românico. De
resto, à que ter a noção de que para além dos aspectos propriamente estruturais, a
igreja medieval lida com questões de simbologia funcionado como uma
prefiguração da própria Jerusalém Celeste. Estes aspectos são fundamentais na
compreensão desta arquitectura, na forma como se organiza, na decoração que
apresenta e no modo como esta se distribui.
De qualquer forma, há aspectos de ordem prática que não podem ser esquecidos,
pois a igreja românica sem também para acolher um número crescente de fiéis e
para se adequar às dinâmicas da liturgia romana.
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27 de Fevereiro

A arquitectura românica em Portugal


-primeiras experiências

Braga
São Pedro de Rates

-REAL, Manuel Luis, O românico condal e S. Pedro de Rates e as transformações


beneditinas do século XII. Boletim cultural da Póvoa do Varzim. Vol. XXI, nº 1, 1982 -
O projecto da catedral de Braga nos finais do século XI e as origens do
românico português. IX centenário da dedicação da Sé de Braga. Atas do Congresso
Internacional, Vol. I, Braga: UCP, 1990
-MONTEIRO, Manuel, São Pedro de Rates: com uma introdução acerca da arquitectura
românica em Portugal, Porto, Imprensa Portuguesa, 1908

Estes edifícios constituem dois importantes testemunhos pois representa,


aspectos definitivos do românico inicial português, testemunhando nomeadamente a
importância do núcleo de Braga, de forte caracter regional e que opõe, em grade
medida, às influências da Galiza, bem como a importância do que podemos denominar
como uma corrente beneditina. Que mesmo não sendo responsável, como durante
muito tempo se defendeu, pela introdução de formas e iconografias que tenderam a
perdurar.
Por outro lado, a precocidade de algumas intervenções que nestes dois edifícios
podemos encontrar, demonstra que o panorama artístico no território português
acompanha de perto evoluções que se fazem noutros lugares da Europa, mesmo que
tendendo para as incorporar numa linguagem própria e por vezes sincretista: reunião
de elementos de culturas visuais e estéticas diferentes. (visigótica, moçárabe) releitura
mostra que não há manifestações de caracter românico precoce a Braga.
A sé de Braga representa um das mais importantes edificações do românico
português. Para além disso, trata-se de um edifício com um valor histórico para a
época que estamos a estudar.

História: além de primeiro arcebispado (acima do bispo) de Portugal, pós árabe, a Sé


de Braga é do ponto de vista artístico inspiradora de um conjunto de edificações
posteriores especialmente localizado na região entre os rios Cávado e Ave.
Instrumento usado pelos condes de Portugal, de afirmação do condado
Portucale para a inovação da cidade. Intenção é fazer de Braga um centro religioso e
de peregrinação rivalizando com Santiago de Compostela e com as influências artísticas
respectivas.
A primeira sé românica de Braga terá sido construída pela iniciática do bispo D.
Pedro que ocupa a cátedra Bracarense a partir de 1071. (data anterior à entrega de
Portucale e Coimbra a D. Henrique)
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Mesmo enfrentando algumas dificuldades, D. Pedro toma em mão a


reorganização da diocese acompanhada da reconstrução da igreja (D. Pedro é uma
figura bastante activa. Associado a outras igrejas). Face a estes, Manuel Luís Real
propõe que as obras da sé românica de Braga se tenham iniciado entre 1071-1080.
Esta precocidade levou a que muitos autores negligenciassem a história deste edifício
primitivo, considerando que ele tinha de ser modesto e que nada dele restaria na
edificação actual (acontece tomar um conceito à priori e querer encaixar a obra no
conceito; ausência de documentação sobre a sé de Braga completamente
desorganizada em termos artísticos e religiosos aquando a chegada de D. Pedro.
Porém tinha o trabalho preparado anteriormente. Não era um caos total).
Contudo vários elementos apontam para esta fundação precoce. Por outro lado, as
datas colocam (inicio da construção) a arte condal portucalense a par das primeiras
grandes experiências do românico internacional. (fundações da capela foram
encontradas. Dimensões semelhantes à actual).
Este projecto para a sé de Braga foi possível graça, também, à capacidade de D.
Pedro para atrair as doações da alta nobreza, o que lhe permitiu desenvolver um
projecto de considerável envergadura. A primeira catedral românica de Braga teve o
altar sagrado em 1089, numa cerimónia presidida por D. Bernardo, arcebispo de
Toledo. Segundo MLR, que se baseou na interpretação das descobertas arqueológicas
e num olhar muito atento sobre a edificação, (tipos de pedra, hesitações, praticas
escultóricas do nível de capiteis) o projecto levado a cabo sob a administração de
D.Pedro teria como intenção colocar a edificação desta catedral a par dos projectos
executados no resto da Europa, nomeadamente, grandes igrejas de peregrinação.
(pressupõe a existência de um deambulatório, proposta
por MLR) Um dos aspectos de maior destaque desta
proposta de leitura, de Braga como grande igreja de
peregrinação, é a constatação de que a cabeceira de
Braga estaria destinada a receber uma estrutura de
deambulatório. De cada lado desta estrutura, deveriam
ainda existir duas capelas abertas para um transepto de
três naves prolongado num de reforçar o poder de
Bragacorpo de três naves.
Face a estas características, salta à vista as
semelhanças que podemos reconhecer entre este
projecto primitivo e do que outras igrejas de peregrinação,
nomeadamente Saint Foy de Conques.
Estes contactos são, portanto, precoces, iniciando-se ainda no tempo de D. Pedro,
fosse através de um conhecimento directo de um bispo dessa obra, fosse através da
vinda de um mestre estrangeiro, fosse através da planta de desenhos, o que parece ser
a via mais possível de conhecimento desses protótipos. (vestígios pré-românicos).
Após a destituição de D.Pedro em 1091, os trabalhos sofreram uma paragem ou foram
continuados muito lentamente. Depois de um período vacância, seguiu-se a D.Pedro,
D.Geraldo, originário de Cahors, ligado ao mundo monásquico cluniacense e que em
1099 é nomeado bispo de Braga (prelados franceses são enviados ao território
português para combater resistência relativamente à substituição do culto moçárabe).
Esta escolha de D.Geraldo não será alheia à intenção de reforçar o poder de Braga face
a Compostela, o que tem de ser entendido, dentro de uma política entre as duas
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dioceses pela preponderância religiosa na península ibérica. Em 1107, Braga torna-se a


sede do arcebispado do qual dependiam os bispados do Porto, Viseu, Coimbra e
Lamego. Mas também de Astorga, Lugo, Tui e Mogeñego e Ourense. Em 1120 o bispo
de Santiago consegue obter os antigos direitos de Mérida passando a ter autoridade
sobre dioceses que incluíam Coimbra, Viseu e Lamego. Estavam reunidas as condições
para que se estabelecessem rivalidades entre os dois polos religiosos, rivalidade que
teve consequências na prática arquitectónica de Braga, entretanto, a catedral de Braga
não tinha ainda sido terminada. D.Geraldo, homem empreendedor e conhecedor do
programa que Braga estaria a seguir, impulsionou de imediato as obras.
D.Geraldo morre em dezembro de 1108, mas a igreja não estava ainda
concluída. Em 1110, é confirmada à sé de Braga a carta de Couto que lhe tinha sido
concedida por Afonso VI, dizendo que se pretendia recompensar a igreja dos maus
tratos que o edifício tinha sofrido por parte dos apoiantes de D.Henrique e D.Teresa.
DE FACTO, A Sé de Braga sofreu com a perseguição a D.Maurício que sucedeu a D.
Geraldo e que apoiava D.Urraca no conflito gerado depois da morte de D.Afonso VI.
Coube a D.Paio Mendes, bispo de Braga a partir de 1118, das continuidades à
reconstrução da igreja. A cabeceira teve de ser reconstruida (danos) e D.Paio viu-se
forçado a optar por um programa mais modesto composto por cinco capelas, abrindo
para um transepto de uma só nave. É muito provável que a planta da cabeceira tenha
seguido o desenho da abside pré-românica. Em 1173, um documento régio obrigava os
cónegos a consagrar um terço dos seus rendimentos à conclusão da catedral, já no
bispado de D.João Peculiar, que foi também responsável pela encomenda de um
grande sino de bronze, o que significa que a obra estava lá em estado adiantado nesta
altura.
Resultou de um comprimisso entre um projecto mais ambicioso de D.Pedro,
continuado por D.Geraldo e a planta mais modesta a que D.Paio Mendes recorreu
numa altura de reconstrução num tempo de circunstâncias políticas e económicas.
Do projecto primitivo resta hoje, como sinal mais visível, um dos absidíolos
laterais de cabeceira.

Cabeceira em terminação recta é um uso simultâneo ao uso da terminação


arredondada.

Fachada românica clássica definida por duas grandes torres ladeando um corpo central
mais baixo.,

Duas arquivoltas com elementos de suporte.


-alternância de motivos fitomórficos (vegetalistas), geométricos e zoomórficos
trabalhados com considerável qualidade.
Função moralizante: lutar, confronto entre o bem e o mal| vícios, defeitos, qualidades
Função apotrópaica: afastar o mal.
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4 de Março de 2013

Sé de Braga
Portal sul fazia parte do transepto. Foi deslocado no século XIV para meio da fachada
sul e, finalmente, no século XVIII para o sítio onde
se encontra actualmente. Andar que permite iluminar: Clerestório
Interior:
Final Idade Média,
-Alçado muito simples estruturado de dois tardo-gótico.
andares. Manuelino:
-Densidade mural potenciada pelas arcadas nervuras curvas e
suportadas pelos arcos diafragma construídos abóbodas muito
transversalmente, sobrepujados para superfície adornadas.
mural que faz a ligação entre o arco e o
abóbodamento.
Pode ser de volta perfeita, quebrada, etc…
-A Sé de Braga não comporta abóbodamento. Provavelmente estava projectado.

São Pedro de Rates


Ligada à congregação de Cluny, e acção do bispo D.Pedro está a igreja de
S.Pedro de Rates que Manuel Luís Real classificou como um verdadeiro laboratório, ou
seja, campo de experimentação do românico inicial. Isto porque, assistimos aqui a uma
combinação das formas do românico primitivo com outras que lhes são anteriores,
nomeadamente, de inspiração moçárabe. (sincretismo)
Esta igreja teve como mecenas os próprios condes de Portucale D.Henrique e
D.Teresa. os condes doaram a igreja à ordem de Cluny em 1100, nomeadamente, ao
priorado de La-Charité-sur-Loire, com vista a facilitar a instalação da ordem em
Portugal e a chamar atenção de Cluny para a sua política de repovoamento. (marca da
política de D.Henrique, pela ligação familiar aos mosteiro, acção ligada para ter apoio
de Cluny para metropolizar a região.) De resto não se tratou somente e empregar a
casa monástica a Cluny, como a comunidade foi beneficiada pela doação do dízimo do
pão, do vinho, das terras Reguengas entre o Douro e o Mondego, o que devia
constituir uma soma apreciável.
Posteriormente, em 1146-1147 D. Afonso Henriques confirmaria a doação feita
ao mosteiro, concedendo-lhe novos privilégios, numa época em que a igreja
certamente sofria remodelações.
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S.Pedro de Rates apresenta-se como um dos mais importantes e mais ricos


monumentos do românico português. Importante devido ao facto de, apesar de rudeza
e das hesitações que manifesta, conjugar exemplarmente influências do românico
internacional (sobretudo borgonhesa), mas também de alguns exemplares
arquitectónicos do norte da Península, (circulação de formas artísticas e artistas dá-se
a longo dos caminhos de Santiago) situados no caminho de Santiago, com tradições
locais diversas, quer da zona de Braga, quer o circuito de Coimbra.
Rates funciona como uma verdadeira casa-mãe da “escola artística beneditina”,
em território português. É aqui que se consolida (não nasce, mas sim é aqui que se
combina, daqui que parte) um vocabulário artístico, nomeadamente, iconográfico, que
é próprio dos ambientes beneditinos. Esta corrente beneditina é, em grande medida,
responsável pela introdução no nosso território, da figuração como temática
decorativa que tende a desenvolver-se a partir da primeira metade do século XII, (até
este momento a decoração é geométrica, vegetalista e estilizada; desaparece a partir
do século XIII) ou seja, podemos identificar a “escola beneditina” como uma “escola”
de forte cunho nacional, (em território português) sem uma delimitação geográfica
precisa, mas que congregou um elevado número de artificies, formados nas oficinas
cluniacenses e que transportaram essa linguagem estética para outras obras cujo
patrocínio transcendeu a dialéctica beneditina (motivos não aparecer em edifícios não
cluniacenses).
Os problemas de construção por que a igreja de Rates veio a passar, impediram
contudo que o programa se concretizasse em toda a sua riqueza. Rico devido
essencialmente ao programa escultórico que apresenta, exemplar e raro sob muitos
aspectos. (o lugar onde se constrói uma igreja cristã, raramente, é abandonado. O
mosteiro já existia aquando do bispado de D.Pedro. inicialmente existia um edifício
paleocristão, acredita-se)
Partindo de vestígios materiais, da observação das irregularidades que a
estrutura apresenta, da edificação de diferentes siglas=marcas de canteiro (oficinas) e
diferentes tipos de pedra, bem como do tipo de escultura que a igreja apresenta, e que
aponta para momentos diferenciados, e ainda, da comparação com edifícios
construídos na mesma época e que podem estar relacionados com S.Pedro de Rates,
Manuel Luís Real procurou identificar os vários momentos de construção do edifício.
Esses momentos são:
1. Existiu um edifício anterior à entrega do mosteiro priorado cluniacense e que
deverá remontar, pelo menos, no reinado de Fernando I, o Magno 1037-1065,
senão mesmo ao século anterior, século X.
2. Essa construção terá sido reconstruida entre 1096-1100 por iniciativa de
D.Henrique e D.Teresa. Manuel Luís Real enquadra a reconstrução desta igreja
no movimento mais amplo de renovação pastoral levado a cabo na Diocese de
Braga, por D.Pedro e que teve como consequência o aumento das fundações e
restauro de uma série de Igrejas. Mas também num contexto em que era
frequente a fundação real (condal) de grandes mosteiros. Considera por isso,
que a reconstrução da igreja pode mesmo ter sido iniciada antes da intenção da
entrega a Cluny em 1096-1100. Parte desta construção condal foi mantida, ou
reaproveitada no edifício condal. A partir desses vestígios podemos identificar o
programa da igreja condal: igreja de três naves, cinco tramos, um transepto e
uma abertura, no geral, com uma volumetria semelhante à que hoje a igreja
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apresenta, com edificações como S.Martinho de Fromista da segunda metade


do século XI, ou a catedral de Jaca do último quartel do século XI.
3. É provável que o plano inicial da igreja não tenha chegado a concretizar-se e
pleno. Terá sofrido um primeiro reajuste (há diferenças no aparelho entre a
capela mor, absidíolos sul e norte) seguido de um maior com a tentativa de
adaptação da igreja, o modelo comumente utilizado nas igrejas beneditinas de
três naves, três tramos, falso transepto. Também este plano não foi totalmente
concretizado e, a dada altura, procurou-se conjugar as duas plantas: a do
edifício condal que estava a ser substituído e a da nova igreja que então se
edificava. Estas vicissitudes determinaram um conjunto de hesitações que o
edifício apresentava e que são visíveis, desde logo em planta.
As transformações impostas num segundo momento ao plano inicial, estas já Afonsinas
(D.Afonso Henriques 1143-1185) poderão ter estado relacionadas com o desabamento
da abóbada da capela-mor que terá motivado uma reconstrução da mesma
aproveitando-se as estruturas que se mantinham de pé. Começaram também a
refazer.se os pilares do coro da igreja, até que se pensou na conciliação dos dois
planos, cujos suportes se mantinham de pé. Nesta altura, ter-se-á abandonado a ideia
de abobadar o edifício, aproveitando-se tudo o que restava da obra condal (corpo e
transepto são de cobertura de madeira). Essa solidez de S.Pedro de Rates está patente
na fachada ocidental: os poderosíssimos contrafortes adossados, a redução do
tamanho e número de vãos/seteira/abertura (janelas pequeninas), forma primitiva
mas reajustada no século XX, após restauros, utilização de granito em todo o edifício
(comum no norte do país), forte sentido horizontal. Denúncia da estruturação interna
do corpo; rosácea como símbolo da transição do românico tardio para gótico ou,
finalização da igreja no século XIII, já tardo-românico. Pedra de coloração diferente da
rosácea resulta do restauro do século XX.
Cabeceira é a zona mais elaborada da igreja, não só pela combinação de
diferentes volumes, três correspondentes às capelas da cabeceira, mas também pelo
trabalho ornamental que apresenta. Arcadas cegas em toda a superfície mural, em
cujo interior integra arcos cegos de menores dimensões e estreitos vão para iluminar.
Decoração a nível da cornija através de um friso de enxaquetado – axadrezado –
cachorros/modilhões.
Interior da igreja: colunas suportam arcos torais para suportar a abóbada.
Diferentes tipos de arcadas. Arco quebrado – influências da borgonha – mas também
marca da finalização tardia das obras. Decoração das aduelas das arcadas para o lado
norte, resulto do reaproveitamento da pedra em oficinas.
Capelas mor comporta dois tramos. No primeiro tramo existe um arco toral
quebrado – abóbada de berço quebrada. O segundo tramo comporta uma abóbada de
quarto de círculo. Recurso ao uso de arcadas cegas.
Diferentes tipos de decoração nos capitéis ao nível do primeiro andar e capitéis
ao nível do andar superior.
Arco ferradura (ultrapassado) é o símbolo do românico primitivo. Portal
ocidental: arco ligeiramente quebrado. Dez colunas de fuste liso. Capitéis
figurativos. Primeiras arquivoltas com decoração.
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6 de Março de 2013

O românico episcopal- A Sé de Lisboa

O processo que está n origem da edificação da Sé de Lisboa envolve aspectos


de ordem simbólica ligados à afirmação da fé Cristã, numa cidade que penas em
medos do século XII é definitivamente conquistada aos muçulmanos. (em 1147)
Em 1147, num processo de conquistas de territórios a Sul, empreendido por
D.Afonso Henriques (do lado muçulmano se assistia a uma nova fase dos novos reinos
Taifa. Período de instabilidade) é conquistada Lisboa, depois d conquista de Santarém,
iniciando-se o processo pelo cerco da cidade no mês de Julho e terminando em
Outubro, a favor dos cristãos. Para esta vitória, contribuiu decisivamente o apoio que o
exército de D.Afonso Henriques teve de uma série de Cruzados, vindos numa cruzada a
Jerusalém. Para o conhecimento do episódio da conquista de Lisboa, dispomos,
justamente, de um relato de um desses cruzados, a chamada Carta a Osberno.
É construída uma nova igreja. (construída para marcar de forma simbólica da Fé
Cristã. É possível que tenha sido construída sob uma mesquita. Não existem vestígios
arqueológicos)
Parece que se o início foi bastante precoce, provavelmente logo registado em 1148, já
o processo de construção foi bastante lento. (circunstâncias histórias podem justificar
esta lentidão) em 1180, grande parte da igreja estaria ainda por construir, já que
D.Afonso Henriques no seu testamento destina o dobro da soma que deixa às
restantes catedrais. O mesmo fará D.Sancho I. Só com D.Dinis, 1274-1325, o claustro
será terminado.
O edifício primitivo foi construído segundo os princípios estruturais e estéticos
do românico, tendo acolhido influências da arquitectura francesa, nomeadamente
normanda, e depois das correntes divulgadas em Portugal
nos meados do século XII. (ponto de vista iconográfico) é por
esta razão que o ultimo restaurador da catedral, António do
Combo Abreu, propôs que o arquitecto que aqui trabalho
seria de origem normanda. Mas na verdade, apenas sabemos
que aqui trabalho, um mestre Roberto que foi chamado
quatro vezes a Coimbra para a resolução de questões ligadas
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à construção da respectiva Sé e, dai algumas proximidades existentes entre as duas


igrejas.
Alterações dão de por razões naturais e por intervenções intencionais.

• Razões naturais: terramotos ao longo da idad média. No século XV a torre


lanterna ruiu após os aabalos do terramoto; o terramoto de 1755 voltou a
vitimar a Sé.
• Intervenções intencionais: relacionadas com adaptações ao longo do século
XVII e XVIII onde foi construída a sacristia, construídas dependências e
colocados ornamentos. Foram removidos aquando dos restauros no século XX.

Fachada românica: densidade mural, compactação, vãos muito pequenos,


mealhões, utilização do arco de volta perfeita.
Andar superior comporta a rosácea de dimensões apreciáveis cujo interior foi
muito trabalhado. Restauros começaram no século XIX, com a tentativa de manter
tudo o que fosse até ao século XV.
Friso assente em cachorros, separa os dois níveis. O elemento é original na Sé
Velha de Coimbra.
Torres: vãos repostos em restauros. Os originais são os dos sinos da igreja.
Lançamento de arquivoltas com colunelos decorados. Vamos encontrar repetidos na
Sé Velha de Coimbra.
Portal: fustes e bases são reposições. Os capitéis, as arquivoltas com meias
esferas e o friso fazem parte da composição original. Decoração é maioritariamente
vegetalista. Os apiteis servem para representar cenas do apocalipse, segundo a última
leitura. (ver artigo no moodle).
Portal lateral norte: medieval mas já com sintomas do gótico. Abrigando um nártex. A
decoração é mais simples. Os capitéis são vegetalistas. As arquivoltas com superfícies
côncavas com meias esferas.
Planta românica: segue o modelo basilical, corpo de três naves, seis tramos,
transepto saliente, cabeceira mor e capelas laterais, absidíolos em terminação
arredondada.
Arcos torais de volta perfeita ou volta inteira.
A nave central é de
iluminação. abóbada de berço,
A torre lanterna deverá em cantaria.
As naves laterais são
de abóbada de aresta
(não são nervuras)
com arcos torais de
volta inteira. Em
planta são
representados com
mesma configuração
da cruzaria de ogivas.
Construída em
alvenaria de tijolo.
O primeiro piso
comporta as arcadas.
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O segundo comporta o trifório, um corredor ego e estreito que abre para a nave
central por uma série de arcadas assentes em colunelos decorados. Função estrutural
e decorativa. Estrutural pois alivia e distribui o abóbodamento da nave central.
Ornamental pois aligeira e decora a superfície mural.
O corpo é escuro e, e contrapartida, a capela muito iluminada. Denota os
tempos e estéticas.
O cruzeiro é um ponto simbólico que funciona como um foco de luz. Neste
caso, o cruzeiro surge ainda encimado por uma cúpula octogonal. A transição
octogonal para quadrado é possível graças às trompas. A cúpula octogonal de nervuras
assenta em mísulas. No tambor abrem-se os óculos de

seguir modelo
normandos tal como a Sé Velha de Coimbra. 11 de
Março de 2013

O Românico Episcopal
A Sé Velha de Coimbra

Principal centro de território em Portugal

Coimbra foi um importante centro do ponto de vista cultura e intelectual: Mosteiro de


Cónegos de Santa Cruz de Coimbra, ordem de S. Agostinho.
Importante ponto de chegada de influências.
Coimbra fora conquistada definitivamente em 1064. O governo da cidade foi
entregue ao moçárabe Sesnando Davidiz, que se preocupou com a reconstrução das
igrejas cristãs, com a reorganização da diocese (articulando-se com o bispo Paterno) e
acolhimento de moçárabes vindos do Sul da península. Desta forma, pôde nascer uma
simbiose de cultura que deixou marcas na produção artística de Coimbra. Assim se
compreende que Coimbra tenha constituído entre 1080-1116, um importante foco de
resistência à cultura dos clérigos e guerreiros religiosos vindos do Norte. Ou seja,
“colonização francesa” (importação de elementos religiosos e culturais) que se operou
desde o governo de D.Henrique. A partir de 1131, aproximadamente, D.Afonso
Henriques fixa residência em Coimbra, numa deslocação para Sul, para um local mais
próximo da fronteira com o território de dominação muçulmana, com vários sentidos e
múltiplas consequências.
Ao fixar-se em Coimbra, D.Afonso Henriques torna-se num fiel protector de
Santa Cruz, o que contribuirá de forma decisiva para fazer do mosteiro, o pólo mais
activo de um síntese cultura e de uma produção historiográfica com influência sobre
todo o território. Simultaneamente, o poder central que o mosteiro desempenhou na
construção de uma imagem apologética de D.Afonso Henriques, contribui de forma
decisiva para a afirmação da futura monarquia portuguesa. De tal modo que Santa
Cruz de Coimbra viria a ser o seu primeiro panteão. (Sepultados D.Afonso Henriques e
D.Sancho)
Face a este contexto não será de estranhar que em Coimbra se concentrem
alguns dos mais significativos exemplares remanescentes em Portugal, de arquitectura
românica.
A sé Velha de Coimbra pode mesmo ser considerada a mais importante Sé
portuguesa para o estudo do românico, uma vez que foi aquela que menos
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intervenções sofreu e que, portanto, mais próxima da igreja original se encontra. A sua
construção está muito ligada ao nome D.Miguel Salomão, bispo da Dioceses entre
1158 e 1176, tendo existido no local um edifício anterior cristão, que terá sido no
episcopado de D.João de Anaia (1148-1155) que se iniciou a obra da catedral românica.
Seguindo-se um período de sede vancant (1155-1158) certamente pouco
favorável à continuidade das obras. Dai se conclui que as obras da Sé Velha de Coimbra
terão decorrido a par das da Sé de Lisboa, terminando contudo, antes do fim o século
XII. (1172 o rei lega casas aos cónegos com marcação diante da fachada ocidental;
1176 D. Miguel Salomão resigna o cargo, o que pode indicar que a Sé estivesse
terminada; D.Bernardo que segue D.Miguel é enterrado na igreja).
No que se refere aos mestres que trabalharam nas obras da Sé, dispomos de
referência a três nomes. Mestre Roberto, o mestre da Sé de Lisboa que se dirigiu várias
vezes a Coimbra para ajudar na resolução de problemas a que a construção levantava;
Mestre Bernardo, (o mais determinante) sabemos que está activo na realização das
obras entre 1162.1171; Mestre Soeiro que sucedeu a Bernardo. Tem-se conjecturado
que tal como mestre Roberto, também o mestre Bernardo fosse de origem
estrangeira, concretamente francesa.

Aspectos sobre o edifício


• Densidade mural e fortificação conferidas pela forte implementação urbana,
edificação sob uma plataforma  Ampla escadaria  Existência de torres.
• Ideia de grande “caixa densa” Desníveis de
profundidade da fachada.
Vãos próximos do solo são mais fechados, marca que
advém da arquitectura militar. As seteiras são
incorporadas num vidro. Estrutura coroada por morilhões.

Corpo central
• Fachada tripartida, avanço do corpo central permite tornar o portal mais
profundo
• Portal, por cima um grande janelão que é tratada da mesma
forma/enquadramento do portais com arquivoltas de volta inteira apoiadas em
colunelos de capitéis decorados. A mesma composição do portal.
• Entre os dois existe um friso, com uma arcada cega assente numa cachorrada
decorada.
• Conjunto de arcadas cegas entre as quais se abrem vão geminados para
decoração interior (gémeos e partilham o mesmo suporte)

Decoração
Portal Ocidental
• Características próprias da oficina de composição escultórica de Coimbra: decoração
vegetalista, um trabalho estilizado; fustes ornamentados. Também os plintos são
decorados.
• Capitel decorado com função secundária. O tipo de trabalho é evidentemente
Plinto aplanado. Soco
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Em síntese
1. No portal da Sé Velha de Coimbra, os vários elementos iconográficos
desempenham uma função eminentemente ornamental (preencher)
compreendendo motivos vegetalistas e geométricos, maioritariamente.
(podem surgir animais afrontados)
2. Estes motivos geométricos, bem como a clara evidência para a estilização das
figuras vegetalistas, resultam de uma persistência de tradições pré-românicas,
nomeadamente moçárabes.
3. A super abundância de motivos sobre os fustes das colunas, as suas diversas
variações e combinações manifestam, segundo alguns autores, uma influência
de Santiago de Compostela.
4. Os capitéis, aos contrário do habitual, assumem um papel secundário na
decoração do portal, mas denotam grande mestria e uma familiaridade com
temas já trabalhos no resto da europa ocidental.
5. Ausência de tímpano esculpido constitui um traço que será frequente na
arquitectura românica tardia penínsular.
6. Finalmente, é preciso registar que muitos dos elementos do partal
encontrando-se degradados ou mesmo perdidos, foram repostos por acção de
restauros. Nos casos em que dispinha de fragmentos, foi dada continuidade a
estes mesmo motivos, nos casos em que os motivos originais eram conhecidos,
os restauradores inspiraram-se em elementos do interior da igreja e da igreja
de Santiago, edificada na mesma cidade, sensivelmente na mesma altura da Sé.

Pedra de Ançã: explica o facto das oficinas de Coimbra serem as mais produtivas de
toda a idade média (contexto português)

• Três capelas em terminação arredondada.


• Apontamentos decorativos: frisos que correm ao longo das capelas. Em cima
das capelas, uma galeria com seis arcos cegos.
• Lançamento de torre lanterna. A cobertura é moderna

Braça do transepto com uma composição renascentista; arcadas cegas com colunelos e
capitéis decorados; seteira no terceiro nível.

Interior
• Luminosidade controlada (ver planta)
• Três naves, nave central mais alta do que as laterais.
• Alçado organizado em dois pisos. O primeiro em arcos de volta inteira. O
segundo com a tribuna
• Capitéis ao nível da tribuna são decorados. Tribuna é iluminada conferindo uma
iluminação indirecta o corpo.
• Pilar compósito, elemento composto por colunas. Núcleo quadrangular com
quatro colunas adossadas.
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• Na transição para a o transepto, no cruzeiro, forma a forma de cruz.  Na


central com abóbada de berço e laterais de abóbada de aresta.

Capela-mor
• O primeiro tramo é recto, o segundo tramo m abóbodamento e terminação
arredondada.
• Capiteis da tribuna: temática vegetalista; tipo de trabalho aplanado; obcessão
descritiva.

13 de Março de 13

Românico Rural (igrejas monásticas/pertencentes aos mosteiros)

São Salvador de Travanca

Segundo podemos depreender, a igreja de Travanca conta-se, pelo menos, em parte


da sua estrutura, entre as mais antigas edificações medievais em Portugal. Assim, o
mosteiro terá sido fundado no século XI, processando-se a vida monástica de acordo
com os costumes peninsulares. Deverá ter adoptado a rega de S.Bento por volta de
1080-1115. As doações de vários benfeitores contribuíram para o enriquecimento do
mosteiro, assim como para a construção da igreja. Segundo os documentos existentes,
terá sido Gascão Moniz, um rico homem da região mandar edificar a igreja nas últimas
décadas do século XI. Como podemos observar através da análise formal da igreja, o
edifício procedeu transformações posteriores que terão sido levadas a cabo pelo neto
de Gascão Moniz que terá promovido uma continuidade de obras, ou mesmo, uma
reconstrução que dá aos mosteiro um cunho do românico da segunda metade do
século XUU e início do século XIII. De facto, os meados do século XII correspondiam a
um período áureo na vida deste mosteiro, o que pode ajudar a explicar as
informações.
Outras intervenções posteriores seriam levadas a cabo na cabeceira e nas
dependências monásticas, a maior parte delas, contudo, seria apagadas por acção de
restauro dos Monumentos Nacionais.
É em Rates, Travanca e em alguns mosteiros de Coimbra que se desenvolve
quer em simultâneo as obras chave da corrente beneditina em Portugal.
A torre terá sido objecto de diferentes datações, provavelmente datada da
segunda metade do século II e início do século XIII, altura em que a igreja sofreu
intervenções. O professor Carlos Almeida considera que a torre devera datas já do
século XIV, entendendo que as esculturas que ali se encontram, apesar de se verem
temáticas próprias do século XII, constituem um revivalismo tardio. O professor
Rodrigues considera que a torre foi transformada e não construída de raiz no século
XIV, altura em que para ali teria sido deslocado o portal sul da igreja, hoje incorporado
na fachada oriental da torre.
Trata-se de uma torre que não é sineira nem é habitacional, mas que tem a
função de afirmar o domínio senhorial da casa monástica.
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Os vários autores baseiam a discussão em torno da datação, sobretudo


na leitura do portal.

Paço de Sousa
Muito próximo do ponto de vista, forma, mas também do contexto de fundação
e integrada na mesma região que a igreja de Travanco, esta igreja do mosteiro de Paço
de Sousa pertencia a um antigo mosteiro beneditino. Segundo Manuel Monteiro na
monografia que realiza sobre o mosteiro, terá sido aqui que Tructesindo e Amilia terão
fundado um mosteiro familiar, ricamente datado na segunda metade do século X,
cerca de um século depois, o mosteiro foi transformado numa casa dupla de monges e
monjas, reconstruindo-se então o edifício segundo uma estética condal.
A consagração da igreja está registada em 1088 e é realizada pelo bispo de
Braga, D.Pedro.
Um dos benfeitores desta casa, Egas Moniz que a ela legou, em 1106, metade
da sua fortuna, pedindo para ali ser sepultado, juntamente, com a sua mulher.
O mosteiro adopta os costumes beneditinos cluniacenses da década de 90’ do
século XI.
A julgar pelas características formais, o edifício que ali vemos, não deverá ser
consagrada em 1088, mas sim o resultado de uma terceira campanha de obas,
provavelmente, motivado pela instalação dos monges de Cluny, bem como pelo
crescento da comunidade monástica, a mais importante da região da Bacia de Sousa e
que atraía numerosas doações de piedosos benfeitores.
As datas precisas do início e de avanço das obras estão ainda por esclarecer,
segundo a maior partes dos autores, esta igreja que reza ter alargado a proposta da
igreja primitiva e edificada já no românico tardio, entrando pelo seculo XIII.
Segundo a interpretação do professor Carlos Almeida, esta obra ter-se-á
iniciado na fachada ocidental, de forma a manter o culto ao longo do processo da obra.
De qualquer forma, o plano que veio a concretizar-se não se afasta muito da tipologia
do templo beneditino que três naves, seguida em Portugal nos séculos XII e XIII.
A igreja do paço de Sousa pode ser considerada o exemplo perfeito de um
grupo de igrejas inseridas entre os rios Ave e Tâmega, ligadas ao românico beneditino,
que recebem já influencias da arte arquitectura gótica, mas que no essencial
permanecem fiéis aos princípios do românico tardio. Fazem a síntese de fontes de
influência de origens diversas com elementos (?). É aquilo a que Manuel Monteiro
chama “Românico Nacionalizado” e que Manuel Real, “A Escola de paço de Sousa”, o
que remete para um momento em que a arquitectura românica portuguesa, restos
seus exemplares, procede de uma consolidação e, nalguns casos, manifesta uma
predilecção por motivos de uma decoração de raiz pré-românica e de natureza local.
Características:
• Gosto pelas rosáceas
• Arcaduras sob cornijas
• Nos portais: adossamento de colunas facetadas; modinaturas
compiladas nas arquivoltas com baleados e escócias onde aparece
decoração com ameias espetadas; uso sistemático de bases bolbiformes
com plintos decorados.
• Na adopção de longos frisos, tanto no interior como no exterior.
• Tipo particular de modelado, teoricamente aplanado
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• Reticencia quanto à figuração


• Na reutilização de certos motivos que a de Coimbra e Porto haviam
conquistado o Norte do país e são agora reutilizados.
O românico nacionalizado padroniza-se no paço de Sousa, partindo de tradições
regionais (influências galegas), conjugações com influências de Coimbra e da Sé do
Porto. (esta corrente não surgiu em Paço de Sousa)

18 de Março de 13

“Românico nacionalizado” ou “Escola de Paço de Sousa”~


• Desenvolvimente numa fase tardia do românico (analisando o edifício
posterior)
• Densidade mural: composição integral em pedra aparelhada, contrafortes lisos
sem decoração a pontual o corpo do edifício, reduzida fenestração (vãos,
janelas) dos edifícios.
• Forte marcação da horizontalidade pelo friso de coroa de cachorros e pelos
frisos decorativos quese desenvolvem ao longo dos corpos laterais da fachada,
prolongando-se pelas fachadas laterais, marco do românico nacionalizado com
desenho de enlaçados, tipicamente portugurs. Motivos mais quadrados na
fachadas sul
• Portal: plintos decorados, alternância de base bolbiforme, fustes lisos e
decorados bem como a sua forma alternando entre cilíndricos e facetados.
Capiteis com decoração vegetalista e geométrica, estelizada e aplanada.
Alternância de molduras cônavas e convexas, com meis esferas em escócias.
Utilização do arco quebrado. Teimpanho com decoração controvérsia. Figuras
sefurando Sol e a Lua, em medalhões. Medalhão com inscrição totalmente
ilegível.
Crucifixão: Cristo na cruz Crucificação: Cristo a ser crucificado.
Conolas de suporte são elementos de leitura do portal. Mundo rural entre as
representações. Representaç~es antropomórficas são mais usadas em cachorros.
• Rosácea: tardo românico, orla da definião da rosácea. Interior completamente
refeito.
• Fachada lateral: vãos repostos, arcarias cegas sob cachorros, sob cornijas. Frisos
que se perlonga pelo edifício.
• Transepto pouco saliente com rosáceas nos seus braços
• Existência de torre lanterna
• Absidíolo com decoração exterior pautada por meias colunas e vãos.
• Planta de três naves com três tramos, transepto pouco ou nada saliente
• Pilares compósitos com núcleo cruciforme a qe se adossam colunas com
capitéis decorados com um trabalho semelhante ao encontrado no portal da
igreja.
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• Arcos diafragma em arco quebrado à semelhança das arcas que faze,


comunicação para a nave central. Cobertura de madeira.
• Alçado de dois andaes com nave lateral e clerestório.
• Capela-mor: abóbodamento em quarto de abóbada.

Românico Rural – Igrejas de nave única

Igreja de S.Cristóvão de Rio mau, Vila do Conde

Esta igreja ocupa um lugar privilegiado no românico português,


fundamentalmente, devido à escultura que apresenta, tanto no portal principal, como
na cabeceira. Esta igreja, tal como hoje apresenta, foi iniciada em 1151. O professor
Carlos Alberto Ferreira da Almeida considera que a igreja apenas terá sido terminada já
no século XIII. Esta igreja esteve ligada à ordem dos Cónegos Regrantes de S. Agostinho
(Agostinho ≠ Beneditino. Beneditinos: Cister e Cluny) que, juntamente, com os
beneditinos desempenhara um papel preponderante na marcação cristã do território e
na expansão da rede monástica durante o processo de reconquista e de formação do
reino. Não dispomos de documentos que nos permitam datar com exactidão a
fundação primitiva desta igreja (a sua origem mais remota).
Eventualmente, aqui terá existido num santuário anterior à ocupação muçulmana do
território. O certo é que em 1151 se inicia a construção desta igreja e que nessa
segunda metade do século XII existia já, aqui, um mosteiro de Agostinho, uma vez que
em 1161 Ousenda Soares lhe lega, em testamento, parte da sua fortuna.
Mesmo tendo em conta todas as alterações que a igreja sofreu, o edifício
chegou até nós com um aspecto bastante autêntico. A sai importância no estudo do
românico português é potenciado pelo facto de, pelo menos parte da construção estar
vigorosamente datada. De facto, a referência ao ano 1151 aparece numa inscrição
encontrada numa cabeceira da igreja que atribui o início das obras à responsabilidade
do padre Pedro. (inscrição de 1189, era de César para era de Cristo. Subtrair 38 anos.
Conversão feita em Portugal em 1422)
Concluída a cabeceira, as obras alteram a sua rumo marcando o edifício co
diferenças apreciáveis entre a capela-mor, mais cuidada e de maior qualidade, e o
corpo mais rude. (mosteiro secundário é por isso que as doações vão para S.Pedro de
Rates)
• Fachada: vãos muito reduzidos, contrafortes, muro para dar densidade
mural, friso lateral e marcar a horizontalidade. O que determina é o
portal. Fachada avançada. Estrutura muito simples.
• Planta de S.Cristóvão de Rio Mau é a configuração do românico
português.
• Simplicidade e despojamento. Conjugação de duas estruturas – o corpo
e a cabeceira.
• Portal: arco quebrado, três arquivoltas de fuste simples com capitel
decorado com motivos vegetalistas com fitas pedradas enroladas.
• Tímpano: figurado e com carácter excepcional. Báculo – cajado.
Bispo caracterizado pelo báculo, o anel e a mitra.
Atributo: simbolo que identifica uma figura. Ex.: S.Pedro – chave; S.Paul – espada.
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Aos lados, diáculos. Presença de uma ave, sereia, o Sol e a Lua. Escultura “ingénua”, o
escultor tem outros interesses se não a representação naturalista. Marcação
axedrezada. Marçação hierárquica das figuras conseguida pelos tamanhos das figuras e
pelo espaço porestas ocupado.
Pode acontecer os tímpanos serem decorados no interior da igreja. Acontece em
S.Cristóvão com a representação do Agnus Dei, o cordeiro mistico. O cordeiro imolado
é Cristo.
• Portal norte: tímpano com animais alados, fastásticos. Animais híbridos
pois combinam duas forma:
Metade ave, metade seprnete: dragão
Metade ave, metade leão: Grifo
Interpretação: lado norte é o mal e por isso são representadas figuras apotropaicas.
Cristo, pois é metade divino, metade humano. O dragão é símbolo do mal.
• Fachada Sul (lateral): cachorros com representação figurativa, que
zoomórficas, que antropomórfica.
• Cabeceira: capitéis com figuração que parece se combinar para criar
narrativa. Cabeceira contrafortada com dois contrafortes.
Abóbodamento no interior. Ao nível do exterior é ornamentado com um
vão (arco exterior, colunelos que ladeiam a entrada de luz. Nos
respectivos, figuras de um eclesiástico e um cavaleiro, ordens
responsáveis pelo enriquecimento das casas monásticas.) terminação
recta.
• Interior: simplicidade, densidade, obscuridade, destacando-se do ponto
de vista de iluminação a cabeceira. Arco triunfal de grande densidade
relacionada com o facto de a cabeceira ter uma abóboda de pedra, de
berço em dois tramos, com terminação recta.
A cabeceira da igreja, estruturalmente modesta mas excepcional pela cobertura que
apresenta, conta-se entre as mais importantes do românico português, não só pela sua
datação precisa, como pela qualidade da construção e pelas características de
decoração escultórica. A igreja apresenta assim um contraste evidente entre a nave
mais tardia e a cabeceira mais precoce, mas de qualidade superior. Essas diferenças
verificam-se:
1. Na desigualdade da qualidade da pedra
2. Na desproporção do portal no contexto da fachada ocidental.
3. No despojamento dos muros laterais da igreja, por contraponto à riqueza da
cabeceira. Outros aspectos a ter encontram-se na leitura deste edifício são a
largura excepcional da parte central da fachada ocidental que pode ser lida
como uma tentativa de seguir o modelo das torres fachada, muito apreciado
pelos agostinhos em Portugal. A escultura da cabeceira representa um
momento alto da influência grega, enquanto que, os portais representam a
influência do românico beneditino da linha Braga-Rates.
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3 de Abril

Dia 8 não há aula

Borgonha

Sacre Coeur (Notre Dame) de Paray le Monial

Caminho de peregrinação por onde entram ideias e soldados. Cristãos lutam para
reconquistar territórios dos seus antepassados visigóticos.

Modelo:
Cabeceira desenvolvida, deambulatório em torno do presbitério para escoar os
peregrinos sem perturbar a cerimónia.
• Extremo sul da Borgonha
• Associada a Cluny por causa de algumas semelhanças ao plano de Cluny III
• A construção é muito anterior. 971 – 973 doação deste pequeno território para
a construção de uma igreja por Lambert Chalon, o filho é o tio de Hugo ?
• Estreita ligação entre a nobreza regional e cargos religiosos da congregação.
• 977, primeiro mosteiro dedicado a S. Salvador, Virgem Maria e S. João Baptista.
Foi abandonado até ao ano mil. Relacionado com os cultos praticados pelos
carolíngios e otonianos.
• Particularidade curiosa: religioso romaria muito intensa por causa da existência
de uma beata. À la Cocue, culto que começou a ser praticado após a sua morte
no século XIX. São hoje raros e um culto sobretudo local e regional. Levava a
Santiago de Compostela. Muitos peregrinos dirigiram-se apenas a este ponto,
bem como Toulouse e outras igrehas desta matriz.
Sentido de penitência. Fazem pelo menos uma vez na vida um grande caminho
de peregrinação. Após isto, os peregrinos veneram as relíquias das igrejas
regionais.

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11 de Abril

Catedral de Laon

2ª metade do século XII. Tardo gótico: multiplicação da nervuras das cruzarias


formando “abóbadas estreladas” com vários panos e fechos. Também encontrada na
Batalha.
O abóbodamento é do século XVI.
Organização sexpartida dos abóbodamentos.
Alternância dos suportes: colunas baquetas nos feixes de colunas. Terminada no abaco
das colunas monolíticas. Abóbodamento da nave central lançado a cada dois tramos.
Aspecto de conquista do Gótico: a luz. Abertura das tribunas, janelas das naves
laterais, torre lanterna (maior foco de luz), clerestório, vãos da parede de fundo da
cabeceira deixam entrar uma luz abundante que invade todo o edifício e dota de uma
clareza muito gótica e límpida.
Fachada: segue o modelo clássico de St. Denis (e desde o românico) de duas torres
colocadas sob um corpo rectangular embora algumas soluções deem ao modelo um
carácter mais evoluído e elegante (de complexificar o modelo). A forma como o
arquitecto disfarça os contrafortes transformando-os em espaço de representação e
decoração (pináculo) mas também como as torres se fundem no conjunto e ganham
dinamismo através da adopção de uma forma octogonal, são um exemplo claro
dessa evolução formal (3 glabletes muito aprofundado onde se escavam os portais).
Esta igreja de Laon causou impacto no seu próprio tempo de tal forma que, a sua
fachada seria tomada como exemplo para outras construções. Villard de
Honnecourt (século XIII): desenhos de arquitectura onde os construtores iam
apontando e circulavam pela Europa. Forma de transmissão de conhecimento.
Particularidade: 16 Bois espreitam nas torres. Marca medieval.

Notre-Dame de Paris
Substituindo o edifício de culto cristão anterior – Catedral de St. Etienne que
devia datar na sua forma última do século VIII – foi iniciada a reconstrução da catedral
em 1163 em presença do Papa Alexandre III e por iniciativa do bispo Mourice de Sully
eleito em 1160 e consagrada em 1182. Esta nova igreja bem mais ambicionada do que
a anterior (conquistas técnicas que o Gótico agora permite) seria apenas terminada em
1250.
Maurice de Sully é um dos bispos empenhados numa renovação teológica e
espiritual da respectiva diocese. Acção que se traduz materialmente na reconstrução
da igreja e na dedicação da mesma, de acordo com a moda a Nossa Senhora. (marca
da espiritualidade mariana)
Afirmaram politicamente como capital do reino (desde Felipe I). e também um
importante centro económico e de cultura. Podemos falar em quatro fases de
construção:
1. A primeira que se estende de 1163 a 1182 (período de construção e finalização
da cabeceira)
2. Segundo de 1182 a 1190 e corresponde à construção de grande parte do corpo
da igreja.
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3. Terceira fase 1190 a 1225 e correspinde à conclusão do corpo e à composição


da fachada ocidental até à galeria dos reis (acima dos pórticos)
4. Quatro fase 1225 a 1250: trabalhos de conclusão concretamente à galeria alta
da fachada e suas duas torres, alargamento das janelas altas da nave central e
ao arranjo das capelas laterais entre os contrafortes abrindo-se para as naves
laterais.
Os trabalhos continuaram depois ao longo da segunda metade do século XIII e
enytrando no século XIV. Entre as obras então realizadas, destacam-se o alargamento
dos braços, do transepto e a composição dos recpectivos portais, criação de capelas
entre contrafortes na cabeceira, o lançamento de arcobotantes e no interior a
composição de um amplo jubeu e toda uma estrutura em pedra historiada que
encerrava o coro do cabido e o santuário.
1854 – ordenada a obra de restauro por Violet le Duc, obras até 1864
Flecha: figura dos 12 apóstolos e símbolos dos evangelistas. Boi S. Lucas.
Vitrais também do século XIX. Procura por recompor os vitrais originais após
estes terem sido substituídos por vidro brancos. Reposição de várias esculturas ao
nível da fachada principal, libertando a fachada de algumas figuras do século XVIII.
A nova igreja do século XII idealizada pelo primeiro mestre da obra gótica concretiza-
se num edifício se cinco naves desenvolvido em contínuo porque o transepto não se
saliente. O sentido de unidade assim conferido à igreja e confirmado pela inexistência
de capelas radiantes salientes na cabeceira.
A cabeceira é muito desenvolvida de forma semicircular e com um duplo
deambulatório (base de St. Denis). É o primeiro projecto gótico monumental. A
procura de homogeneidade.
Interior: nave central com colunas iguais e cruzaria de ogivas sexpartidas.
Homogeneidade na eliminação da alternância de suportes, o que é surpreendente pelo
facto de se manter aqui a aplicação de abóboda sexpartida.
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15 de Abril

Portal lateral Sul


• Bases bolbiformes (RN); alternância de fustes
• Mais simples
• Qualidade escultórica – capitéis de evolução clássica; laçarias  Arquivoltas em
arco quebrado (influência da Sé do Porto)

Cabeceira
• Simplicidade estrutural; terminação semi-circular; única capela; dois tramos.
Sucessão de meias colunas que reforçam a estrutura do muro; friso ao longo da
cabeceira com motivo de dupla cereja.
• Arcaria cega sob a cornija e sob a cachorrada

Interior:
• Cobertura de madeira.
• O abobodamento é reservado à cabeceira.
• Arcarias cegas têm função decorativa.
• Nichis
• Vãos na cabeceira conferem luminosidade.

Em conclusão, podemos verificar a presença neste edifício de vertentes provavelmente


resultantes do trabalho simultâneo de diferentes mestres e oficinas.
1. Ligada a Zamora que se pode detectar no portal ocidental, mas também na
concepção da cabeceira. Organização em dois níveis com arcarias cegas e
nichos sucessivos.
2. Ligada a Coimbra com marcas no trabalho dos motivos vegetalistas
tendencialmente aplanados.
3. Ligada à igreja de Unhão, influenciada por Braga. Esta influência traduz-se nos
frisos com dupla cereja. Nas decorações à base de pérolas ou óvulos e na
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decoração original do tímpano principal, bem como nos capitéis do portal norte
e nas impostas do portal ocidental.
4. Compostelana (Compostela) e traduz-se nos leões do portal principal, nas aves
de pescoços enlaçados e mesmo nos motivos de laçarias que aqui aparecem
filtrados por Coimbra.
Esta igreja constitui por isso o exemplo mais notável da influência do românico
catedralítico no meio rural reunindo elementos arquitectónicos e ornamentais
provenientes de diversas fontes de influência da arte românica portuguesa. Ao mesmo
que retoma o temas antigos, alguns de origem autóctone bem à maneira do românico
nacionalizado.
Um facto importante que distingue esta igreja de outras é a repetição de
motivos saídos da região baixa de Leão e de Zamora, tudo isto reunido numa obra
harmoniosa que remete para a intervenção de artistas, não só de origem diversa mas
também de grande qualidade.
Edificado nos finais do século XII e no processo único de construção, S. Pedro
de Ferreira viria a funcionar como um importante centro da renovação estilística da
arte do Douro Litoral.

Fonte Arcada
Esta fonte arcada pertencia a um mosteiro beneditino. A datação da igreja não será
seguramente anterior aos finais do século XII ou à 1ª metade do século XIII, reflecte-se
num conjunto de propostas que dão a este edifício uma elegância e uma especialidade
até, proto-gótica. Estes carácter tardio de edificação é-nos apontada, nomeadamente,
pela integração da linguagem decorativa que aqui é aplicada no chamado Românico
Nacionalizado.

Portal Principal. – Românico Nacionalizado - .


• Bases bolbiformes, assentam em plintos decorados. Soco estriado (base da
base).
• Colunas: fustes de formas diversas. Facetado e decorado – estrelas, também
podem ser vieiras - , e cilíndrico (repostos por ordem dos restauros). Capiteis
decorados com motivos vegetalistas e zoomórficos e aplanado (preso á forma
do capitel)
• Consolas decoradas com peixes.
• Arquivoltas – alternância de toros lisos com meias esferas aplicadas em
escócias (molduras concavas/vai surgir no tardo-gótico)
• Friso exterior enxaquetado
• Tímpano decorado com agnus dei. O pelo da figura tem incisão de linhas.
Pretexto para tratar toda a natureza e abordar a realidade que envolve o
escultor.

Portal Lateral Sul


• Cruz de quatro braços (influência de Braga) acompanhada pelo Sol e a Lua.
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Cabeceira
• Semelhante a S. Pedro de Ferreira, única capela de terminação semi-circular,
pontuada por meia coluna e contraforte (sugere abobodamento no interior)
• Friso horizontal
• Vão decorado com uma arquivolta
• Arcaria cega assente em cachorrada
• Meias esferas abaixo das telhas
• Verticalidade plenamente assumida no entanto não é suficiente para assumir
uma qualidade gótica pela falta de luz.
• Despojamento do ponto de vista de escultura com excepção a cabeceira, sendo
esta decorada.
• Três tramos. Os dois primeiros com abóbada de berço quebrado.
• Espaço robusto
• Decoração a dois níveis – inferior de arcadas cegas peraltadas (alargado). Dois
andares divididos com um friso horizontal. Nível alto tratado de forma nobre
com colunelos decorados.

Sanfis de Friestas
Fundado provavelmente no final do século XI, este mosteiro tem sido
considerado como parte da rede beneditina. Teve carta de couto confirmada por D.
Afonso Henriques e recebeu alguns privilégios entre 1172-1190, numa altura em que a
igreja actual poderia esta a ser iniciada.
A atribuição do mosteiro á ordem de S. Bento não é completamente pacifica,
pois a existência original de um nártex adossado à fachada ocidental de igreja (…). De
carácter presumivelmente funerário, levou Manuel Real a colocar a hipóteses de este
mosteiro ter pertencido aos cónegos regrantes de S: Agostinho, ordem á qual se
associa na maioria dos casos este tipo especifico de estrutura ao longo do século XI.
Neste espaço do nártex foi encontrada uma inscrição com a data de 1221 que
tem sido considerada como referente à conclusão das obras, remetendo, portanto, a
igreja para uma fase tardia embora a mesma obedeça integralmente aos princípios
estruturais do românico.
No caso concreto de Sanfins de Friestas prolongam-se algumas características
do românico do alto Minho muito marcado pelas influências galegas e,
particularmente, da diocese de Tui à qual de resto, este mosteiro pertencia.
• Nave única, transepto não saliente, cabeceira tem a mesma largura da nave.
• Grande caixa; despojamento total; grande densidade; marca do nártex.
• Cabeceira abaixo do corpo. Muito decorada. Vãos de iluminação enobrecidos
por colunelos. Capitéis de meias colunas adossados ao muro permitem
suportar o peso.
• Cachorrada: motivos zoomórficos e antropomórficos. Figuração (excepção do
românico português). Escultura de grande volume. Enxadrezado sob a
cachorrada.
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Portal
• Alguns autores apontam a simplicidade do portal por estes estar protegido pelo
nártex, contudo não é certo.
• Decoração contida; duas colunas de cada lado; uma arquivolta; decoração ao
nível dos capiteis com relevo pronunciado, coerentes ao que se passa na
cabeceira.

Tímpano
• Com formas geométricas e figuras de uma serpente incisas, função
apotropaica.
• Friso de enxaquetado em pautando a forma semi-circular do tímpano.

Interior
 Cobertura em madeira, cabeceira com abóbada de berço.

O Românico Rural – Igrejas de Nave Única –

S. João de Longos Vales (mesma geografia de Serafins de Friestas)

Construída praticamente em simultâneo com a igreja de Serafins de Friestas, e


localizada na mesma região, a igreja de Longos Vales pertencia a um antigo mosteiro
de agostinhos (S. Cruz de Coimbra é o grande mosteiro de S. Agostinho em Portugal) e
apresenta com aquela uma série de semelhanças que ao nível da composição da
cabeceira, quer da escultura que ali se pratica, tendendo a de Longos Vales a soltar-se
ainda mais do suporte.
Segundo uma inscrição descoberta no coro da igreja, a primeira construção
poderá ter sido terminada em 1151. Carlos Alberto Ferreira de Almeida baseia-se na
carta de couto que D. Sancho I concede ao abade do mosteiro em 1199 para associar a
esta data um outro momento de intervenção da igreja. (século XVII é entrega à
Companhia de Jesus e muitas esculturas são destruídas ou ocultadas. Determinou que
todo o corpo da igreja fosse alterada logo o que nos interessa é a cabeceira Foi objecto
de restauro por acção de DGEMN; semelhanças a Serafins de Friestas: forma como se
organiza e divida a cabeceira; motivos figurativos, zoomórficos e antropomórficos,
capitéis salientes, influência da arquitectura galega; meias colunas a pontuar a
cabeceira; um único vão de iluminação que merece tratamento particular com
colunelos com apontamentos figurativos e gosto pela decoração geométrica) Pela
construção e pelos ornamentos assemelha-se a Serafins de Friestas denotando
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igualmente uma filiação em Santiago de Compostela e em edifícios por ela


influenciados.

S. Salvador de Bravães

Bravães constitui um dos mais importantes testemunhos do românico


português devido à variedade iconográfica e à qualidade estética da sua escultura. A
história deste mosteiro está ainda envolta em grande especulação uma vez que os
dados de que dispomos são bastante dispersos e pouco consistentes para se traçar
uma história segura acerca da fundação e das obras deste mosteiro. Segundo
Nobeliário atribuído ao conde D. Pedro de Barcelos, foi D. Vasco Nunes quem fundou
aqui um mosteiro de monges beneditinos por volta de 1080. C.A.F. Almeida avança que
terá sido D. Egas Mendes (prior do mosteiro) o grande impulsionador das obras de
Bravães terminadas já no século XIII sob o comando de D. Pedro Mendes. Pouco depois
da fundação do mosteiro, os beneditinos teriam abdicado do mesmo a favor dos
agostinhos. A propósito desta igreja, escreve C.A.F. Almeida “Não haverá entre nós
edifício onde se evidenciem mais vibrantemente as características do nosso Românico
Rural, nem onde se mostre mais eloquentemente como e quanto este estilo foi
assumido e regionalizado pelos nossos mestres e canteiros.”
Edifícios construído num momento de transição denotam sensibilidades dos dois
géneros.

A construção de Bravães ter-se-á processado em dois momentos fundamentais e


sequenciais: Iniciado no 2º quartel do século XII e um segundo concluído já no século
XIII.

• Planta constituída com dois elementos


rectangulares – corpo e cabeceira - .
• Despojamento e simplicidade
• Portal escava num maciço rectangular que
avança sobre a fachada
• Bases bolbiformes, 5 arquivoltas, fustes
ricamente decorados.
• Profusão decorativa que passa pela insistência
na figuração e que abrange todos os elementos
constituintes do portal
Por outro lado, o alto relevo que define estas
esculturas confere-lhes um caracter próprio muito
apelativo.
Correspondência entre o tema do fuste e da arquivolta.
A coluna e a respectiva arquivolta são decorados com
uma sucessão de símios uns colocados sobre os outros
e que literalmente trepam pelas colunas. Na arquivolta
mais exterior figuram aves de asas cruzadas. Nas
segundas colunas são duas figuras que praticamente
substituem o fuste. De um lado deverá ser uma figura
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feminina (?) pois tem toda a cabeça coberta por um tocado, tem um gesto (usado
para identificar), uma mão colocada sobre o véu. Lado oposto, supostamente uma
figura masculina pois é uma figura barbada com as duas mãos viradas para o exterior.
Quis-se ver aqui representados os fundadores do mosteiro, uma cena de anunciação
– anjo e virgem – contudo anjos barbados não existem. Outra leitura avançada foi a
de identificação das mesmas como tratando-se de duas figuras bíblicas isoladas
Virgem e S. João Baptista. Outra leitura avança dois religiosos representando dois
ramos de uma mesma ordem, masculino e feminino. Na respectiva arquivolta
figuram figuras humanas, membros da comunidade monástica.
As duas colunas seguintes anteriores segue aves afrontada debitando uma
fonte.
Capiteis maioritariamente vegetalistas e remetem paa a zona de influencia da
catedral de Tui – trabalho de grande volume.
Tímpano: iconografia de Cristo em majestade inserido na mandorla que revela as
dificuldade que o escultor tem em adequar a composição ao espaço.

Interior
• Arco ligeiramente.
• Rosácea sob o arco triunfal.
Manuel Real propõe que a rosácea
terá sido colocada na segunda fase
de construção.
• Horizontalidade (característica do
românico rural) pautada por
longos motivos decorativos com
enxaquetado.
• Um andar de iluminação com
frestas que se abrem para iluminar a nave que, apesar de reduzida na sua
dimensão, conhecem um tratamento de enobrecimento através de pares de
colunelos com capitéis decorados. Não são harmoniosos entre si. Tem levado
os autores a considerar que se trate de reaproveitamentos da estrutura
anterior.
• Arco triunfal: ponto de investimento decorativo. Ladeado por duas pesadas
colunas (expressão maciça das bases) de capitéis de grande desenvolvimento
com trabalho escultórico. Escultura muito presa ao suporte arquitectónico.
(característica do românico internacional)
• Sob os capitéis corre um friso decorativo pontuado pelo motivo da dupla
cereja. Estes capitéis revelam semelhanças com algumas propostas de Braga
mas também, e sobretudo com capitéis existentes e S. Cláudio de Nogreira.
Iconografia com animais híbridos, ser quadrúpede com cabeça de ave. Também
encontramos na arquivolta do arco triunfal.
• Pinturas murais primitivas, ocultadas por esculturas do século XVI. Martírio de
S. Sebastião e a Virgem.

Luis Urbano Afonso – S. Salvador de Bravães e a cronologia da pintura mural


portuguesa da Idade Média”, in Monumentos (nº19)
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Portal lateral sul


Trabalho de motivos geométricos remetendo para a linha de Braga. Tímpano muito
simplificado. Agnus dei
Tímpano assenta em cabeças de leões com funções apotropaicas.

O edificio reúne influencias de Braga de cujo arcebispo dependia e da escultura


praticada dentro da área de irradiação da catedral de Tui (onde se incluem Longos
Vales, Serafins de)

Duas oficinas de origem e inspiração diversas terão assim trabalhado em Bravães


atuando a tudense (influencia de Tui) apenas a partir de certo momento e sobretudo
no portal Ocidental onde a influencia bracarense é muito reduzida.

24 de Abril de 2013

S. Martinho de Cedofeita

Data cerca de 1180, vindo substituir uma igreja


pré-existente. Lugar particular no românico
português por uma razão muito simples: se trata
da única igreja de nave única inteiramente
abobadada.
Esta diferença relativamente aos restantes
edifícios do românico nacional dá-se por um sinal
de riqueza e maior apoio para a sua execução. A
construção foi patrocinada pelo
próprio D. Afonso Henriques. Carta de doação de D. Afonso II ao mosteiro datada de
1218 diz-se que “D. Afonso nosso senhor e avô repaira o dito mosteiro e
anovadamente o dotara”. (Significa que é pré-existente; primeiro reis têm uma forte
ligação a S. Agostinho)
O abóbodamento percebe-se pelo exterior através da existência de contrafortes que
visam reforçar.
Planta: planta rectangular, cabeceira com terminação recta.
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• Despojamento da decoração, reduzindo-se ao portal da entrada. Simplicidade e


despojamento. Confere um aspecto fortificado.
• Densidade mural.
• Fraca iluminação conferida através dos vãos reduzidos.
• Composição das igrejas em pedra aparelhada.
Aspectos tardios:
• Rosácea sobre o arco triunfal.
Fachada
• Portal escavado
• Vão original que encima o portal ganha nobreza com os colunelos ai colocados.
Portal
• Decoração conferida apenas ao nível dos capiteis representativo do românico
nacionalizado devido escultura aplanada, simplificada e estilizada.
Portais laterais:
• Portal norte com tema agnus dei. Tema chega a Portugal através das vias de
Santiago de Compostela.
Interior:
• Nobreza inegável. Abóbodamento em berço ou canhãi.
• Arcos torais de volta inteira de grande densidade que mostram a necessidade
de criar elementos que reforcem estas estruturas num momento em que
constituíam a ser experimentadas. Descarregam as suas formas em colunas
adossadas no interior. Fazem a divisam entre os vários tramos.
• Iluminação reduzida
Cabeceira
• Arcarias cegas em todo o redor.
Escultura românica
O Homem medieval parece entender o mundo como uma coleção ordenada de
criaturas e a arte nas suas representações parece traduzir justamente essa visão
fortemente hierarquizada transmitindo uma imagem do mundo segundo uma
estrutura ordenada e harmoniosa. Numa sociedade impregnada pelos valores cristãos
e crente na natureza divina de todas as coisas, a arte compõe sempre de alguma forma
um discurso cristão seja de modo mais directo, por exemplo representando passagens
das sagradas escrituras, seja, indirectamente, através da representação de realidades
aparentemente laicas que não deixam de participar dessa visão do universo, em que a
presença de Deus é pacífica e inteiramente tomada como base da existência.
Este discurso desenvolvido pela arte faz-se quer através de formas mais simples
e facilmente legíveis, (Cristo se tem cruciforme, trata-se do sina objectivo e directo da
figura) quer mediante a utilização de sinais e representações de simbolismo mais
densamente codificado. Tem-se falado, por isso, muitas vezes da função pedagógica
destes conjuntos decorativos que funcionariam numa leitura mais radical e hoje
sistematicamente ultrapassada como formas únicas de ensinamento dos mais
humildes incapazes de aceder às verdades da igreja através do texto escrito. No
entanto aquilo com que nos deparamos ao contemplarmos as representações patentes
nas igrejas, é com um conjunto de cenas e símbolos cujo significado mais profundo
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escaparia a qualquer homem medieval, caso essas mesmas representações não lhe
fosse devidamente explicadas por outras vias que não as da imagem pura.
Escultura como função pedagógica?
Não podemos confundir a afirmação de que a arte medieval é sempre um
discurso cristão com a igreja de que toda ela se desenvolve no espaço das igrejas e por
acção de artistas profundamente religiosos. (o próprio artista tem um nível de
preparação variável aspecto este que se percebe no trabalho final).
Nem com a ideia de que a missão desta arte é sempre e somente transmitir
qualquer verdade sobre Deus, de que ela é a crítica e não reflecte sobre o mundo em
que se afirma.
A escultura românica desempenha para além de tudo isto, um papel
fundamental na ornamentação dos edifícios que, contrariamente à concepção
maioritariamente interiorizada da arquitectura românica é também para ser vista e
admirada no exterior. De facto, mesmo as representações de carácter figurativo ou se
sentido narrativo evidente, exercem um papel fundamental na definição da estética do
edifício e são pensadas em função disso.
Contrariamente ao panorama artístico da antiguidade clássica, a escultura de
vulto do românico (um grande domínio; perde-se no período da alta idade média) e a
pouca que existe é maioritariamente de contexto devocional. A prática escultórica
tendia antes a realizar-se sobre suporte arquitectónico. Concentrando-se em capitéis,
tímpanos, impostas, e muitas vezes reduzida ao desenho inciso. É uma escultura “na” e
“pela” arquitectura. (na pois recorre à arquitectura como suporte, pela arquitectura
pois sublinha e entra em dialogo com a arquitectura) que a torna falante, por um lado,
e lhe sublinha as forças por outro. Uma marca da escultura arquitectónica românica é a
sua perfeita adequação (física) ao monumento em que se insere. Nesta sujeição
contínua a espaço diferenciados, o românico ensaia por vezes com surpreendentes
resultados, as possibilidades de movimentação das figuras, sob as mais diversas
formas, cobrindo a imóvel arquitectura de uma mobilidade contínua e permanente.
Nesta escultura os temas multiplicam-se entre o antropomórfico, o zoomórfico,
o vegetalista e o geométrico, representando o mundo físico dos homens em associação
ao sagrado que o mesmo reflecte de forma imperfeita e, muitas vezes, prolongando-o
(o mundo físico) para lá desses limites reais dando expressão a toda uma panóplia de
sonhos e fantasias verdadeiramente delirantes.
Dai que Henri Focillon classifique a iconografia deste período como épica e
teratológica, épica porque concede às figuras humanas proporções imaginárias que a
afastam da humanidade comum e lhe conferem um sentido inalcançável. Épica
também porque se trata quase sempre de uma iconografia que apela fortemente aos
sentidos. Teratológica porque envolve os referidos seres de caracter humano, de um
numero vastíssimo de figuras monstruosas das quais, por vezes, os próprios seres
humanos se aproximam mediante um processo eloquente de metamorfoses.´
A figura de Jesus não aparece como um irmão misericordioso, não é o Bom
Pastor paleocristão, nem o sofredor do período gótico. as suas imagem é muitas vezes
terrível pelo poder que transmite impondo-se como verdadeiro senhor feudal. Num
mundo de cavaleiros ele é associado a um grade chefe, cabeça de uma hierarquia de
que os anciãos das visões apocalípticas e os arcanjos são os primeiros representantes.
A sua imagem mais frequente é a de um Todo Poderoso, colocado no trono de
um grande juíz, de onde preside à pesagem das almas salvando quem merece e
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castigando sem precisa. Mesmo os apóstolos quando são representados não se


apresentam na sua condição real de pobres pescadores mas sim na condição simbólica
de grandes figuras de poder. Na verdade a iconografia medieval não se interessa tanto
com uma aproximação à realidade histórica dos acontecimentos, quanto com uma
interpretação simbólica das figuras e das cenas e com a sua representação em função
desses valores que se pretendem transmitir. Outra marca da prática escultórica deste
período é a tendência para uma certa abstração ou, noutros casos, para um desapego
a qualquer intenção naturalista que leva o escultor a não se coibir de sujeitar qualquer
figura humana ou animal, às mais desconcertantes poses e metamorfoses.

29 de Abril de 2013

Escultura arquitectó nica

Dentro na arquitectura românica, a escultura concentra-se no portal mais exactamente


nos capitéis. É nos capitéis que se começa a combinar a figuração humana em
contraposição com motivos geométricos e vegetalistas originando composições
complexas. Normalmente deparamo-nos com representações que se adequam
sabiamente e rigorosamente aos limites definidos pela arquitectura. (adequação ao
espaço arquitectónico é das características gerais).

É no portal principal que se concentram as representações que mais incitam à reflexão,


que mais remetem para a possibilidade de conquista da felicidade eterna. Assim, ao
entrar na igreja o cristão desfila frequentemente sob a representação do Juízo Final,
como se ele próprio ai esse julgamento viesse a ser submetido.
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O principal elemento do portal é o tímpano. Ocupa-o geralmente, no românico


internacional a imagem de Cristo em Majestade, acompanhado pelos anciãos do
Apocalipse e rodeado pelos instrumentos da paixão. (paizão é ainda sobretudo uma
evocação de vitória e não de sofrimento).

A arte românica não é completamente alheia a influências. Ou seja, não se abstrai


totalmente das tradições estéticas que a envolvem e que a precedem. As ligações às
cristandades orientais são inegáveis. Assim como aos Islão, à Irlanda e à arte
Carolíngia. No velho oriente recebeu a tendência para a redução da flora à
regularidade geométrica, a esquematização da figura humana, a representação dos
animais por afrontamento. Esse mesmo geometrismo é reforçado pela influência da
arte islâmica transmissora também do tratamento filigranado da pedra. Da Irlanda
chegam ao românico o gosto por composições complexas à base de espirais e motivos
cordiformes com os quais se confundem representações figuradas numa confusão
abstrada de entrançados sem começo nem fim.

No que se refere á evolução do românico observamos que às primeiras experiencias,


realizadas no seculo XII se segue um período de afirmação plena e de consolidação do
princípios estéticos do românico que se desenvolve no século XII. Muitos destes
princípios serão transmitidos à arte gótica compondo a sua própria identidade. Como
diz Focillon trata-se “de uma sintaxe que criou o seu vocabulário e o vacabulário
sobreviviu à sintaxe” (mesmo princípios são aplicáveis á arte gótica, valores da
escultura medieval geral)

Península Ibérica

Existem particularidades no que respeita aos programas iconográficos.


Desde logo e em coerência com o que se passa ao nível da arquitectura, verifica-se a
ausência de grandes programas de grande desenvolvimento o que deve ser entendido
como reflexo da sobrevivência de tendências pré-românicas maioritariamente anti
figurativas.
A contenção verificada ao nível da representação da figura (antropomórfica ou
zoomórfica) sobretudo da figura humana é acompanhada por uma igual contenção no
que respeita ao exercício da narratividade. (figuração figurada vs. Representação
narrativa).
Por outro lado, a tradição do ornato, quer de natureza vegetal, quer geométrica,
nomeadamente trabalhado em baixo revelo, constitui o elemento dominante no
trabalho escultórico presente em arquitectura românica portuguesa. Os próprios
elementos vegetalistas são geralmente tratados com uma tendência para o
esquematismo que os leva a tornarem-se eles próprios muitas vezes pura geometria.

Baixo-relevo domina a escultura arquitectónica portuguesa.

São Pedro de Rates – tímpano


• Cristo na mandorla. O nimbo é cruciforme. Trata-se da figura de Cristo.
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• Restantes figuras: duas cabeças nimbadas colocadas na parte superior da


mandorla. Duas figuras de pé. Duas figuras rastejantes colocadas aos pés das
figuras laterais. Interpretação: figuras rastejantes estariam aqui como que
vencidas aos pés dos representantes da Fé. Tipo de iconografia que remete
para uma tradição do império romano. Alguns investigadores apontam as duas
figuras em pé como dois apóstolos – S. Pedro e S. Paulo -, ou dois dos
evangelistas. Em iconografia do oriente surge S. João Baptista e (?). também há
quem aponte para Ario e Judas, simbolizando a luta contra o arianismos e
judaísmo.

São Cristóvão de Rio Mau


• Possibilidade de figura de bispo representar santo Agostinho, pois este edifício
pertencia à ordem dos Agostinhos.
• Sol e Lua: S. Agostinho surge associado a estes elementos. Outras
representações possíveis: Sol símbolo de Cristo. Surgem associados à cruxifição.
Surge também como símbolo do poder universal de Cristo.
• Figuras que suportam o sol e a luz. Ave suporta o Sol. Ave = águia como símbolo
de Cristo. Figura que segura a lua poderá ser uma figura com pernas aberta
apenas por uma questão de colocação no espaço.
• Duas figuras laterais, sem nenhum elemento que as distinga ou permita
interpretar de forma inequívoca, apenas túnica e livro aberto. Leitura
interpreta-os como diáconos com um papel evangelizador.
• Esquematização das figuras. Os corpos não procuram naturalismo.
Investimento em motivos geométricos.

Igreja de São Salvador de Bravães


• Cristo dentro da mandorla ladeado por duas figuras. Possivelmente S. Pedro e
S: Paulo. Se assim for, choca pela questão de não existir o livro.

São Salvador de Ansiães


• Cristo inserido na mandorla com nimbo cruciforme. Imberbe - numa altura em
que a iconografia com barba já está estabelecida - . surge ladeado pelos
animais do apocalipse.
• Toda a cena está rodeada numa cercadura vegetalista. Surge quase como um
“horror ao vazio”.
• Esquematização das figuras. Os corpos não procuram naturalismo.
Investimento em motivos geométricos.

Tímpano de Sepins
• Cristo ladeado por dois dos animais apocalípticos. Seguram rolos
representando o seu papel no registo no novo testamento.
• Cristo entronizado não inserido na mandorla mas sim numa arcada assente em
colunas decoradas.
• Existência de microarquitectura.
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• Pinha: símbolo de imortalidade.


• Próximo de Coimbra, um dos maiores centros de produção escultórica.
Agnus dei, figurado nos tímpanos portugueses de acordo com a forma apocalíptica
patente numa visão de S. João. O cordeiro constitui um dos principais símbolos do
Cristianismo, constituindo uma forma preferencial na arte paleocristã para representar
cristo, de tal forma que, em 692, no concilio de Constantinopla se determinou a
substituição da figuração alegórica pela forma humana.
O profecta Isaias foi o primeiro a associar Cristo à figura do cordeiro “foi
maltratado mas humilhou-se e nem abriu a boca, como o cordeiro que é levado ao
matadouro, ou como a ovelha emudecida nas mãos do tosqueador.”
No novo testamento João Baptista apresenta Cristo à multidão “heis o cordeiro de
Deus”.
Finalmente, no apocalipse é utilizada 28 vezes a palavra cordeiro para designar Cristo.
Nas representações aqui inspiradas o cordeiro preserva o seu sentido sacrificial mas, o
simbolo reenvia para Cristo ressuscitado e glorificado. Animal segurando a cruz,
simbolo de afirmação da vitória.
Em Portugal existem doze representações do tema e temos testemunhos
documentais de outras desaparecidas.

Motivo da Cruz
Normalmente a cruz grega de 4 braços iguais inserida num círculo. A cruz velho
símbolo cristão venceu na iconografia religiosa mesmo nos momentos de mais
rigoroso combate às imagens. (a utilização da imagem num contexto religioso não é
dado adquirido; imagem como veiculo para conduzir a alma à contemplação).
Associando-se a Cristo e ao amor de Deus pela humanidade e portanto à necessidade
de redenção. Temos notícia de 35 tímpanos portugueses decorados com o tema da
cruz.
Estes dois temas, cordeiro místico e a cruz, respondiam para a tendência para o
sintetismo e abstração que marca a escultura arquitectónica do românico português.
Ambos permitiam representar Cristo e o seu sacrifício sem recorrer à figuração
humana.
Portal lateral de Braga marca o primeiro momento da decoração da cruz em Portugal.

Figuração humana
Também se associam aos seguintes contextos iconográficos.
• Representações sociais: cavaleiros, damas e membros da hierarquia religiosa.
Ex.: S. Cristóvão de Rio Mau.
• Figuras associadas a “profissões” específicas: bailadeiras, músicos, jograis. Ex.:
cachorradas é onde aparecem mais frequentemente. Vilar de Frades é uma
excepção pelas figuras integrarem arquivoltas.
Figuração zoomórfica: animais ligados ao quotidiano das populações, representações
de leões de função apotropaica e protectora conhecida (entrada do espaço sagrado),
aves – pescoços enlaçados de influência da escultura galega, aves afrontadas
debicando um cálice ou uma folhagem.
• Animais fantásticos. Não são uma invenção do mundo medieval. A idade média
herdou-os do mundo antigo. De qualquer forma, confere-lhes uma presença e
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uma expressividade que têm a ver com o facto de estes animais responderam
na perfeição à apetência da escultura medieval para a representação do
sobrenatural e de cena e figuras que se afastam da realidade do homem
comum.
Animais híbridos: integra-se a figura da sereia – metade ave, metade humana – quase
sempre usada como símbolo das tentações do mundo, portanto símbolo mal.

Em suma, a escultura arquitectónica românica portuguesa caracteriza-se pelos


seguintes aspectos:
• Ausência de grandes programas iconográficos a que se associa a contenção do
recurso à figura humana, sobretudo em contexto narrativo.
• Mestria no trabalho do ornato, tanto no vegetalista como no geométrico.
• Persistência no léxico decorativo português de tradições visigóticas e islâmicas,
que vai para além do domínio da própria arquitectura românica. (duram mais
do que a própria estética românica)

Ver: moodle

6 de Maio

O Gótico em Portugal

Claustro da Sé Velha de Coimbra foi inaugurado em 1218 com a patrocinio de D.


Afonso II. Esta edificação foi dificultada por uma vertente de declive acentuado o que
não impediu que viesse a assumir proporções grandiosas.

Formalmente trata-se de um claustro de um só piso abobadado (2 pisos em Portugal só


no tardo gótico. o que é corrente é ser acrescentado já no século XV/XVI) pontuado
por contrafortes simples que marcam cada um dos tramos (galerias que compõem os
claustros são também marcadas por tramos), planta quadrangular e as galerias
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abremse para o exterior através de volta inteira e com óculos das bandeiras de
definição geométrica.

Fusão de arcas em angulo através de um grande mainel único. Galerias cobertas com
arco de cruzaria de ogivas (densidade comum no 1º gótico).

Ogivas e arcos torais assentam em feixes de colunelos com altíssimas bases


(densidade). Capitéis com temas do universo românico, trabalhado de forma mais
solta do suporte arquitectónico. Escultura refinada – boa qualidade das oficinas de
Coimbra.

Sé de Évora
(momento da inauguração da estética gótica. É também um momento de tradição). É
a mais grandiosa sé medieval edificada em Portugal. Corresponde a uma segunda
edificação feita sobre uma anterior, mais pequena e certamente de feição
inteiramente românica.
Essa primeira igreja teria sido começada, segundo Pedro Dias em 1186, sendo o
bispo da diocese D. Paio Mendes e consagrada em 1204 já no tempo de D. Soeiro.
A edificação gótica (2º edifício) foi começada entre 1267 e 1283, datas limites de D.
Durando Pais. Conhecem-se os nomes dos dois principais mestres de obras:
Domingues Pires que a dirigiu nos finais do século XIII e Martim Domingues,
responsável por ela no início do século XIV. Os trabalhos arrastar-se-iam por várias
décadas, terminando, apesar, depois de 1325 (D. Afonso IV) o braço sul do transepto, a
sacristia, a porta axial e o claustro.
A sé de Évora concretiza uma ambiguidade em sim mesma associando duas
linguagens estéticas. Um com profundas raízes e outra que começava a ganhar espaços
no território português. Assim, se por um lado apresenta uma inegável ligação ao
românico, tendo por referente a Sé de Lisboa (românica), por outro revela já, nalgumas
das suas propostas e originalidades, o início de um novo formulário, o Gótico.
A relação com o modelo da Sé de Lisboa não equivale a dizer que se trata de
uma cópia, mas sim que se realiza a partir desse protótipo românico, sem deixar de
apresentar elementos construtivos esteticamente mais avançados.
As ideias são adaptadas ao novo gosto, à educação dos mestres e às necessidades da
nova construção.

Definição da fachada clássica com duas torres encimadas por um corpo sólido, ligadas
entre si com um elemento que funciona como um varandim.

Fachada com estética românica: modelo. Densidade, composto por pedra aparelhada e
2 contrafortes na torre sul (inexistentes na torre norte). Mostra de momentos
diferentes de construção e intervenções.
Maior verticalidade. Vãos a marcas a fachada são já em arco quebrado. O arco axial é
totalmente quebrado. Espécie de natex acolhe um portal escavado. Sucessão de
arquivoltas com colunas-estátua representando o Apostolado. Tipo de trabalho
orientado para o humanismo, permitindo identificar as figuras.
Capitéis com linhas de folhagem que se soltam do suporte arquitectónico.
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Igreja organizada em três naves com 7 tramos. Pautado no exterior com a utilização de
contrafortes que apontam para um abóbodamento no interior da igreja. Transepto
saliente pautando por uma rosácea que leva Pedro Dias a considerar ter sido este um
dos últimos elementos colocados na igreja.

Torre lanterna – elementos que faz sentir a transição da estética pois o modelo é
valorizado no gótico, de inspiração em modelos peninsulares da estética românica. Ex.:
Zamora, Salamanca, Toro. Corpo central a definir a forma que vai ser multiplicado com
mini torres em todos os eus vértices.

Évora: a torre é octogonal que incorpora replicas miniaturas de si próprio nos vários
ângulos. O que Évora tem um lançamento de um pináculo cónico sob o tambor. Vão de
arco quebrado com janela de dupla lanceta.

Interior: lançamento de verticalidade de nave central totalmente cega que contribui


para quebrar a verticalidade. Leitura longitudinal.

Alçado: grandes arcadas. 2º andar constituído por trifório que nos aponta para o
alçado da Sé de Lisboa, tipicamente românica.

Abóboda de berço ligeiramente quebrado e naves laterais com abóboda de aresta.

Transepto: abobada de berça quebrado de corredor cego. Rosácea.


Capela mor totalmente alterados. Seria de poligonal. 5 capelas com duas de planta
recta com as restantes com planta poligonal.

Conclusão:
Nesta articulação apenas de tudo equilibrada, entre os dois modos estéticos,
aqui como em Alcobaça, manifesta-se uma notável capacidade de adaptação às
realidades locais, para a lado de que a resistência de certas soluções, visível em muitos
edifícios deste período, revela os particularismos do nosso país: limitações financeiras,
dificuldades técnicas, forte enraizamento de um românico muito ligado à fundação da
nacionalidade, etc…
Esta Sé emerge num momento histórico particular, marcada por uma aposta do Rei D.
Afonso III na dinamização do Sul do reino, depois da conquista definitiva do Algarve.
Neste sentido, devemos entender a construção da catedral eborense como o resultado
de um esforço considerável por um reino recente e de uma aposta clara do reino na
criação de uma imagem de forma, indissociável da sua política de fixação das
populações nas zonas limítrofes do reino.
Ainda assim, no tradicionalismo do programa e as dificuldades se manifestam
na adopção de certas soluções arquitectónicas do Gótico, revelam as características
próprias do quadro socio político, militar e religioso do Portugal de então. Ainda
profundamente empenhado e debilitado pela tu contra o poder muçulmano e pela
estabilização do poder régio.
Com Afonso III o território ganha os contornos. Com D. Dinis os mecenas irão
estar presentes na realidade histórica do reino de Portugal.
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O Gótico Mendicante
Igrejas de S. Francisco de Santarém e S. Clara-a-Velha

É o grande modelo do gótico português. Simples e despojado. Irá passar para o


contexto paroquial.

O desenvolvimento progressivo das cidades (renascimento urbano do século XIII) levari


a Igreja a apoiar novas formas de monaquismo associadas aos senhores urbanos,
sobretudo instalando-se as periferias e nos novos bairros e promotoras de uma intensa
pregação desenvolvida no interior das próprias cidades, onde a difusão da palavra
cristã se impunha, agora, de forma particular.

S. Francisco de Assis
Francisco de Assis nasceu em 1181 e faleceu em 1226. A origem da ordem por
ele fundada está num pequeno número de irmãos constituído por Francisco e onze
jovens que, desejando vivem o mesmo ideal de pobreza, se retiraram em 1208 para
junto de uma capela nos arredores de Assis, onde com a devida autorização do bispo
iniciaram a primeira pregação exortando à penitência. Por depois em 1209, Francisco
escrevia a fórmula vitae (Fórmula de Vida), o grande texto que serviu de base à
definição do modo de vida da futura ordem. Nesse mesmo ano, o grupo apresenta-se
ao papa Inocêncio III, que aceita verbalmente a sua obra de vida, marcando a fundação
canónica da ordem. A confirmação ocorre no IV Concílio de Latrão em 1215. Francisco
não pretendia fundar uma ordem e muito menos viver num mosteiro. Esta recursa de
casa física, integrava-se na recusa total de posse que era um dos postulados
fundamentais da proposta de vida de S. Francisco, dai que se intitulava a si e aos seus
companheiros, “Frandes Menores” a fim de se distanciarem das ordens religiosas
maiores tradicionalmente instituídas. Os franciscanos queriam ser apenas pobres
irmãos. Ou seja, objectivo de deambular nos centros urbanos, vivendo em
mendicância.

S. Domingos de Gusmão

Nasceu em 1170 e faleceu a 1221. Criou à partida uma organização que lutava
contra a heresia e particularmente, contra os cátaros. A primeira casa masculina foi
fundada em Toulose em 1215 e foi esta comunidade que veio a dar origem à ordem
dos pregadores (pregar contra a heresia) aprovada neste mesmo ano e confirmada no
ano seguinte por Honório III.
Esta organização era integrada por sacerdotes livres e pobres que nada deviam possuir
de seu, particularmente direito e temas. Apenas se tolerava a aceitação de rendas que
lhes permitem dedicar às suas missões científicas e pedagógicas, isto porque nas
igrejas do subúrbio.
Deste modo, S. Domingos exigia uma sólida formação teológica aos sacerdotes para
que pudessem mais eficazmente lutar contra as heresias. A pobreza e a mendicância
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faziam igualmente parte da vivência desta ordem. (aspecto de diferenciação entre os


Franciscanos e Dominicanos).
Quer os dominicanos quer os franciscanos acabaram por se submeter a uma
obediência rígida ao papado, tornando-se seus instrumentos políticos. Estas ordens
cresceram rapidamente acompanhando o crescimento demográfico e p
desenvolvimento das cidades do século XIII, cidades em cujo seio se instalam numa
actividade bem diferente da dos beneditinos e dos cistercienses. Mesmo seguindo
regras diferenciadas, as ordens mendicantes unem-se por um ideal comum de pobreza
comum ou seja, por se basearem numa recusa de riqueza, não apenas a título
individual como colectivo.
A comunidade deveria viver em pobreza absoluta, numa actitude radical de
seguimento de uma pureza primitiva.
Esta era a chave da existência destas ordens, e do seu sucesso, já que se revelaria
adequada às novas exigências dos fiéis, numa sociedade económica mercantilista de
tipo monetário e urbano, fomentadora de desigualdades e novas crises sociais.
Continuando e abrindo caminho a um novo regime de vida regular, neste caso são os
frades que se deslocam junto das populações para lhes pregar nas ruas, nos caminhos,
nos bairros, praças públicas, etc… muitas vezes são as próprias populações que
desejavam e solicitavam o seu regresso, chegando a aguardando pela instalação dessas
comunidades na cidade pelo que lhes constroem conventos e contribuem para o seu
sustento e manutenção. Chegou-se ao ponto de se poder dizer o que para um
determinado período histórico, a riqueza e a importância social de uma cidade, podiam
ser avaliadas em função da sua capacidade de manter um, dois, três ou quatro
conventos masculinos e/ou femininos.

8 de Maio

O Gó tico Mendicante

Igreja de S. Francisco de Santarém


1216/1217, possivelmente na sequência do Capítulo geral desse ano que
enviou para fora da Itália um grupo de Frades colocados na dependência de um
ministro (aquele que administra uma província). Os primeiros conventos franciscanos
deverão ter sido S. Francisco de Alenquer e S. Francisco de Lisboa seguidos de S.
Francisco de Ponte de Coimbra.
Clarissas: os primeiros conventos (comunidades conventuais) datam de cerca
de 1258. (ramo feminino associado a S. Clara). A primeira comunidade instalou-se em
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Lamego e em Entre-ambos-os-Rios. Lamego foi depois transferida para Santarém e a


segunda transferiu-se para o Porto em 1416.
No século XIV fundaram-se ainda conventos em Coimbra e Lisboa (femininos).
Associadas a esta espiritualidade estavam mulheres leigas que vivam na orbita dos
mosteiros sem nunca verdadeiramente professarem (mantendo activa a participação
na sociedade) ou que constituem grupos de terceiras seculares. A ordem terceira é
ordem dos leigos, grupos que fazem parte da sociedade que vivem conforme os
princípios,
Estes mosteiros femininos eram extremamente dependentes, quer do apoio
dos franciscanos, que de familiares e procuradores que lhes geriam os bens.

Dominicanos: subsistem algumas dúvidas quanto à data exacta da sua


instalação em território português. Assim, se o cronista da ordem Frei Luís de Sousa
atribui ao ano de 1217 (implantação dos Dominicanos) associando-a ao convento de
Montejunto, perto de Alenquer, depois transferido para Santarém, outros autores,
apontam para uma periodização entre 1220-1320. Entre a data da sua chegada em
1286, a ordem dominicana alcançou quase todo o território português, tendo um
papel fundamental na expansão, nomeadamente em Gôa (séculos XVI e XVII). A
formação das primeiras comunidades femininas dominicanas remota também ao
século XIII e é igualmente mal conhecida. Segundo Frei Luís de sousa, foi o de S. Félix
e de S. Adrião em Chelas, doado aos pregadores por D: Afonso III em 1224. Depois
desta primeira tentativa não douradora, a primeira comunidade que vingará em
Portugal será a do convento das Donas em Santarém, admitido à ordem em 1287. Só
no final do século XIII se começam a construir em Portugal as grandes igrejas
franciscanas e domínicas que, pela obediência a um programa bem definido nos
permitem integrá-las no que chamamos “modelo mendicante”.
Este modelo é marcado pelo ideal de simplicidade e pobreza sobre o qual
foram fundadas as próprias ordens. Mesmo a grandeza que alguns destes edifícios
acabam por conhecer mais do que uma degeneração do seu princípio de base,
testemunha a importância que os patrocínios régio e aristocráticos foram tento no
apoio destas ordens que se tornam as grandes ordens que se tornariam as grandes
ordens do final da idade média. (não quebra a pobreza dos materiais ao longo do
século XIII e XIV; simples na escultura e pobreza nas soluções arquitectónicos;
cobertura em madeira e construção em alvenaria).

“Modelo Mendicante”
• a planta, em geral (não varia ao género) em cruz latina, com 3 naves que
sempre de 5 tramos e um transepto desenvolvido
• cabeceira, sendo a zona de maior densidade arquitectónica, compõe-se de 3 a 5
capelas escalonadas em altura e em profundidade (progressão decrescente) e
intercomunicantes. A capela-mor é geralmente terminada em vários murais
(terminação poligonal). As capelas laterais são rectangulares ou semelhantes à
capela principal.
• As coberturas interiores reflectem o princípio de simplicidade que rege estas
igrejas. Apenas a cabeceira é abobadada, as naves e o transepto cobrem-se de
madeira, o que permite adoptar suportes mais esguios e torna desnecessária a
utilização de arcobotantes no exterior.
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Trata-se em geral de uma arquitectura que cumpre com o princípio da simplicidade


de vários níveis.

Santa Clara de Santarém


Mosteiro do mongas não tem portal ocidental. A entrada faz-se lateralmente.
Clareza formal absoluta. Três naves; vãos de duplo lume mais desenvolvido;
cabeceira constituída por 5 capelas.
Capela mor com cobertura poligonal.
Vãos prolongados verticalmente de dupla lanceta e óculo na bandeira.
Contrafortes no exterior aponta para a existência de abóbodamento.

Interior:
Simplicidade nos materiais que utiliza, de uma grande clareza no modo como se
estrutura, porque é parca na escultura reduzida aos capiteis de folhagem muito
simples e presa ao capitel e introdução de elementos laicos, nomeadamente
heráldicos.
Naves laterais têm ainda abóboda de berço.
Clara por toda uma luz difusa e discreta que invade o interior destas igrejas
penetrando quer através da grande rosácea que quase sempre se rasga na fachada
ocidental, quer pela fiada de janelas dispostas ao longo das 3 naves.
Esta luminosidade contribui para um sentido de espaço unificado potenciado pela
fila espessura dos elementos de suporte e pelo amplo rasgamento das arcadas de
comunicação entre as naves.
A cabeceira como espaço de maior significado que é, concentra em si a mais
forte luminosidade proporcionada pelo rasgamento progressivamente alargado
dos seus muros de fundo.
O “modelo mendicante” conhecerá grande fortuna no panorama
arquitectónico português, na medida em que pelo sentido de despojamento e
clareza forma “adequeado a um sensibilidade portuguesa que marca toda a
arquitectura medieval”, por outro lado e pela economia de meios, por outro,
favorável num contexto de instabilidade, este “modelo” se adequava na perfeição
ao panorama artístico e aos condicionalismos políticos do território português.

S. Francisco de Estremoz
Comunidade já existia em 1239 e o mosteiro em si desde, pelo menos, 1255. A igreja
hoje vemos deverá datar já do reinado de D. Dinis (1279-1325). O mesmo modelo com
as mesmas características de S. Clara.
S. Domingos de Elvas
Fundado antes de 1266 e construído com o patrocínio de D. Afonso III. Depois da
fundação do espaço actual, a comunidade criou uma albergaria e um hospício. Da
proposta do “modelo” resta o transepto e a cabeceira. Os vãos que se abrem com
dupla lanceta e óculo, mas com grande verticalidade. Segunda capelas têm uma
terminação recta e um pano. Caminho para a planta poligonal também nas capelas
secundárias. Nelas abrem vão de dupla lanceta e óculo na bandeira.

S. Francisco do Porto
Fnal do século XIV no reinado de D. Fernando I que morre em 1385.
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13 de Maio

O experimentalismo do século XIV – As Igrejas Fortificadas –


Século XIV período de experimentalismos do formulário gótico, mostrando
características românicas. Logo, algumas edificações mostram um carácter
muito românico.
A prosperidade do panorama político, económico e social durante o reinado de
D.Dinis: erudição e mecenato presentes ao longo deste período.

Igrejas fortificadas: conceito definido por Mário Tavares Chicó. Nestes


contextos das igrejas fortificadas, o coroamento com muros com marelões e o
aspecto compacto das edificações constituem duas das principais
características que nos permitem identificar esses edifícios do século XIV.
Conceito operativo. Podemos encontrar várias ordens religiosas associadas às
igrejas fortificadas.
O próprio Mário Tavares Chicó define estas igrejas nos seguintes
termos: “As igrejas fortificadas portuguesas diferem pouco das igrejas
monarcais. Mesmo quando a fachada é mais sólida, as aberturas ficam mais
longe do solo e as paredes são mais espessas (conferem sentido militarizante),
a planta e a estrutura têm as mesmas características e só o aspecto exterior é
diferente, devido às linhas de ameias e à robustez das torres.” A Arte Gótica
em Portugal

O ponto de vista estruturante é igual. Estas igrejas diferem, por tanto, desse
outro grupo definido pelo mesmo autor como “igrejas-fortaleza”. Estas sim
marcadas por um influência definitiva da arquitectura militar, não apenas
patente na inclusão de alguns apontamentos estruturais ou decorativos, como
também, na própria concepção espacial das igrejas.
Fortificadas são tradicionais do ponto de vista estrutural. Seguem a estrutura comum.
Igrejas-fortaleza têm uma solução espacial muito militar e particular. Conceito mendicante
pode tocar no conceito da igreja fortificada. Adquire uma linguagem românica aplicando a
estruturas góticas.
S. Clara de Vila do Conde
Fazia parte de uma casa
monástica de clarissas fundada
pelo filho ilegítimo de D. Dinis,
D. Afonso Sanches e sua
esposa D. Teresa Martins de
Meneses.
A carta de doação está datada
de 1319, embora a autorização
papal já tivesse sido dada no
ano anterior, o que nos leva a
situar nesse mesmo ano o
inicio das obras.
Este é um processo fundamental para a história dos mendicantes no
norte do país dadas as dificuldades que sentiam em cidade como o Porto
(Cabido da Sé= ou Guimarães (Nª Sª Algibeira). Os fundadores estabeleceram
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que ali seriam sepultados, reservando o direito para si a permanecerem na


galilé, o que veio a acontecer.
Em 1526 foram construídos novos sepulcros, assim como uma capela
adossada ao plano esquerdo da igreja, para onde foram transladados D.
Afonso e D. Teresa. Em 1354 as obras não estavam ainda concluídas, a nível
geral de um mosteiro, visto que D. Afonso tem o cuidado de pedir em
testamento aos descendentes que lhes deem continuidade (obras do mosteiro).

Análise Formal
Fachada Ocidental: rosácea, contrafortes, não têm portal, uma abertura
abaixo da rosácea, terminação em pena de duas aguas, fachada em granito
aparelhado (mostra a riqueza dos que financiavam as obras)
Igreja de nave única, 3 capelas totalmente abobadadas de cruzaria de ogivas e
de nervuras, o que contrasta com o “modelo mendicante”. Capela mor de 3
panos com vãos de único lume/lanceta. Uso sistemático do arco quebrado com
arco diafragma.
Abóbodamento da cabeceira mostra o domínio da técnica plenamente gótico.
ambiência românica, verifica-se através das massas densas que dividem a
capela mor das capelas laterais.
Exterior: pautado por vãos de duplo lume e pequeno óculo na zona da
bandeira.

Igreja de Santa Maria da Leça do Balio


Fez parte do mosteiro que foi durante longo tempo sede da ordem dos
hospitalários em Portugal
(1120/1130 – 1356).
Substituindo uma anterior igreja
românica, a construção que hoje
vemos foi levada a cabo no priorado
do Frei Estevão Vasques Pimentel,
eleito em 1306 e falecido em 1336. É
portanto entre as suas datas que
temos de situar o inicio desta
construção, desconhecendo-se
contudo a data da sua conclusão.
Segundo uma antiga tradição, aqui
terá mesmo existido um primeiro edifício religioso pré-românico datado do
século X mas que nenhum elemento sobreviveu deste edifício que seria
anterior á igreja, do século XII, aqui edificada já sob a responsabilidade dos
hospitalários a que D. Afonso Henriques doará este centro.

Análise Formal
Corpo central com uma rosácea, portal principal e muros laterais mais
baixos em terminação recta, cobertos por modilhões com terraços onde se
pode circular. Tecto em duas águas, um transepto não saliente, um falso
transepto, uma cabeceira organizada em 3 capelas escalonadas pontuadas
também de marelões separados por arcadas quebradas apoiadas em pilares
compósitos, formados por um núcleo central ao qual se adossam colunas.
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Colocação de uma mísula para densificar o pilar criando uma transição entre o
pilar e a arcaria.
Nave lateral com arco toral/diafragma.
Capitéis apresentam temáticas simples e vegetalistas (tipicamente
góticas) e também figurativa – reminiscências do imaginário românico.
Compõem um universo já totalmente gótico.
Cabeceira com abóbodamento; 3 capelas cobertas por abóbodas de
cruzaria de ogivas e abobada de nervuras no tramo terminal, elegantemente,
lançadas. A par do rasgamento de amplas janelas de duplo lume, contribuem
para lhes definir uma espacialidade perfeitamente gótica. Vão de dupla
lanceta com quadrifólio na bandeira.
Este edifício apresenta uma qualidade técnica e estética notáveis
sobretudo tendo em conta o seu local de implantação, quer pelo acentuado
sentido de verticalidade, quer pela iluminação homogénea que o define, quer
ainda pela qualidade da mesma e, no geral, de todo o abóbodamento da
cabeceira.

Exterior
Portal coerente com esta formulação do edifício e também com uma
transição românica/gótica. Portal gótico pelas arquivoltas em arco quebrado.
Os elementos restantes respiram ainda uma linguagem românica.
A linguagem gótica vai persistir em edifícios totalmente góticos.
Grande torre que se adossa à igreja com balcões de matacães abertos nas
faces e os ângulos superiores.
Este carácter de fortaleza da igreja prende-se mais com funções
heráldicas de afirmação de um poder defensivo do que guerreiro. Transparece
um mundo de guerra mas de guerra simbólica, de luta do bem contra o mal.
Justifica-se esse carácter militar que a igreja apresenta, articulando com um
modelo planimétrico perfeitamente mendicante pelo objectivo de representação
rectórica das forças tão próprias, a uma ordem militar e tão eficaz numa zona
em que os senhores do poder eram ainda as velhas famílias de infanções.

Infanção
Antigo título de nobreza, inferior a fidalgo ou a rico-homem. In Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa.

15 de Maio

Igrejas-Fortaleza

Igreja da Flor da Rosa (Crato)


Igreja da Flor da Rosa (Crato) faz parte de um conjunto vasto de edifícios
identificado por muitos autores como um mosteiro a que Fernão Lopes designa de
“Forte-Casa” remetendo para a dimensão militar do conjunto.
Construído no século XIV, este complexo sofreu várias intervenções posterior,
destacando-se aquela que foi levada a cabo no século XIV, quando D. Luis, Grão Prior
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do Crato, filho de D. Manuel I, procurou adaptar melhor o espaço à formulação de um


mosteiro, obras que nunca seriam terminadas.
A primeira década do século XIV marca uma importante fase na vida do
mosteiro. Para além da reformulação e conclusão do claustro, realizam-se numerosas
obras no paço e algumas também na igreja, que resultaram do cruzamento de
elementos góticos, manuelinos, mudéjar (arte de influencia árabe realizada em
território cristão; característica recuperada no tardo gótico; marca única da península
ibérica) existente ao longo do período medieval e mais intenso no século XIV e época
renascentista.
Em 1615, já o conjunto se encontrava desabitado e em elevado estado de
degradação, conforme nos descreve o arquitecto Pedro Nunes Tinoco (faz um
levantamento das igrejas no século XVII). Parte da estrutura, nomeadamente a
cabeceira, acabaria mesmo por desabar na sequencia de um dia de mau tempo em
1897. Entre a década de 40/69, foi objecto de restauros, levado a cabo pelos DNMN, o
que dificulta a leitura arquitectónica e arqueológica.
O Crato foi doado em 1232 pelo rei D. Sancho II à ordem do hospital. O
fundador primeiro desta igreja terá sido D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem,
que p fez por volta de 1355, ordenando a construção de um conjunto verdadeiramente
militar de aspecto fortificado. Paulo Pereira e Jorge Rodrigues estabeleceram a
cronologia das ordens e fizeram a reconstrução conjuntural do monumento. Para eles,
corresponde à primeira fase das obras, decorrendo entre meados do século XIV e a
década de 30 do século XV com configuração geral do conjunto arquitectónico com o
tempo cruciforme, as 3, depois 4 torres do paço acastelado e as dependências
conjunturais propriamente ditas.
Souberam assim que a Flor da Rosa, mais do que um mosteiro ou um Paço,
constituía um autentico castelo com altas torres ameadas, coroadas por adarve
(caminho de ronda na parte de cima da muralha) e provida de dispositivos de
protecção militar. Tudo isto articulado com uma unidade, uma coerência, uma força e
uma primazia dada aos aspectos militaes que fazem desta obra um caso excepcional
no panorama nacional.
D. Álvaro da acção destacada na luta contra os muçulmanos (até ao século XVI,
a PI é uma unidade politica e cultural. Granada é o ultimo território a ser conquistado
pelos reis católicos no século XVI) ao criar este paço/fortaleza/mosteiro, não muito
longe da Fronteira com o Islão, com características como as que aqui observamos, ao
mesmo tempo que criava um garante simbólico e real do poder terratenente da ordem
do Sul (possuir terra, autoridade associada) e um centro de “colonização” territorial,
dava dignidade à sede dos Hospitalários e reforçava o caracter funcional da ordem e a
importância do seu papel no território português.

Análise:
Igreja m cruz grega muito irregular, de nave única, transepto saliente e uma cabeceira
constituída por uma capela em terminação recta, pouco profunda. Identifica-se pelo
campanário. Estreitas e poucas frestas para iluminação marca da
arquitectura militar.
Característica original remete para a função original. Albergou o túmulo de D.
Álvaro que marca a presença; arcossólios para colocar arcas sepulcrais dos
eclesiásticos.
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Verticalidade perfeitamente assumida, abóbodamentos em berço quebrado com arcos


torais quebrados e cruzaria de ogivas na zona do cruzeiro.

Hugêt: dá continuação ao Ogiva


trabalho do mestre Afonso
Domingues, introduzindo
algumas nota de mudança: Lierne
Abóbada estreladas
(indicação do tardo gótico)
Abóbada de cruzaria de terceletes
ogivas onde se adicionam
nervuras secundárias ao
qual se juntam liernes

Século XV/XVI – tardo gótico em


Portugal.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção da Boa Nova da Terena


Évora
Meados do seculo XIV. Rodrigues e Pereira consideram que Carto e esta igreja tiveram
o mesmo estaleiro.
Santuário de Peregrinações, convertido em espaço de devoção à Virgem. A
origem desta igreja está envolta em lendas e problemas.
Existe uma lena, segunda a qual, essa origem estaria associada a D. Maria, filha
de D. Afonso IV, casada com Alfonso XI de Castela, que tendo vindo a Portugal pedir o
auxilio ao pai para a Batalha do Batalha do Salado teria, depois de uma resposta
negativa, recebido a boa nova do auxilio português naquele local, onde para celebrar a
vitória Cristã teria mandado construir uma igreja. É difícil saber qual o funfdo de
verdade desta tradição, mas sabemos que a mudança toponímica para Boa Noba da
Terena e a difusão da lenda, não são anteriores aos século XVIII. De resto aqui já existia
um templo anterior. A construção dessa primeira igreja teria sido da responsabilidade
de D: Gil Martins de Riba Vizela e de sua mulher D: Maria Anes da Maia, o que tem de
ser entendido no contexto da dinamização da zona que estes nobres procuravam levar
a cabo a partir do momento em que entraram na sua posse. Em 1262 já a Igreja devia
estar em construção.
Este templo foi sujeito a uma ampla reforma no século XIV, provavelmente no
2º quartel. Não se sabe, seguramente, de quem foi a iniciativa. A teoria que a liga a D.
Maria esbarra com a presença de dois escudos da coroa real portuguesa, colocados
sobre as entradas ocidentais e norte (por estar casada D. Maria com o rei de Castela).
Não há qualquer referência a esta iniciativa, nem na Chancelaria de D. Afonso IV nem
na de Pedro. Contudo, sabemos que em 1312 os bens dos antigos condes passaram
para a coroa e depois, para o então Infante D. Afonso numa altura em que este
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constituía a sua casa senhorial (bens do próprio D. Afonso). D. Afonso deve,


provavelmente, ter sido o responsável pela reconstrução num território a que estava
pessoalmente ligado e por que certamente a igreja anterior, se tornava demasiado
pequena.

20 de Maio

(cont. aula anterior) Análise


Formal
• Planta em cruz grega mais perfeita; utilização de módulos quadrangulares,
mesmo para a fachada.
• Coroamento de modilhões de remate piramidal toda à volta
• Densidade mural que advém da abertura de raras e estreias frestas
• Pedra aparelhada em contrafortes; alvenaria nas fachadas
• Muro corta os ângulos mortos da edificação = tipicamente militar
• Balcões de matacães nas fachadas
• Definição de elementos nos vãos. Entrada da igreja definie-se através de um
vão sem arquivoltas, capitéis ou bases.
Interior
• Despojado, simples, com abóbadas de berços nos quatro braços da planta.
• Uso de cobertura de cruzaria de ogiva no cruzeiro.
• Molduras que definem as ogivas são muito simples de ângulos chanfrados

O experimentalismo do século XIV


- Os claustros do Mosteiro de Alcobaça, (iniciado 1308-1311); da Sé de Lisboa (a ser
construído em 1332), e da Sé de Évora (iniciado antes de 1340)

Evolução formal e conquistas progressiva das técnicas góticas

O claustro do Mosteiro de Alcobaça


Construído com o patrocínio de D: Dinis e sob a orientação do mestre Domingo
Domingues. Construído a norte da Igreja, todas as dependências se constroem em
redor.
Dimensões colossais. Manifesta hesitações:
• Planta quadrangular, definido por 4 galerias que se abrem para o exterior
através de uma alternância em cada tramo das galerias. Arcada tripla e arcadas
duplas, podendo ser, alternadamente, em arco quebrado e arco tribolado.
• No piso superior (só a partir do século XV em PT), do século XVI, construído sob
a orientação de João de Castilho (trabalha em Tomar e Jerónimos).
Soube manter a irregularidade da alternância do piso inferior. Arcadas de volta inteira
ou arco abatido (marca do tardo gótico).
Este claustro denuncia uma influência evidente do claustro da Sé Velha de
Coimbra (ogivas e Arcos torais) tendo uma linha arcaizante pois o abóbodamento é
mias baixo, pois o arco não é quebrado, mas sim de volta inteira e, por outro lado,
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todas as molduras repousa, ou partem em mísulas e não em faixas de colunelos


prolongados até ao solo. Cria uma quebra da verticalidade e dinamismo e elegância.
A influência manifesta-se na definição dos óculos nas bandeiras, da definição
geométrica, enraizada na estética portuguesa ligada à cultura muçulmana. Influência
de Coimbra ao nível dos capitéis de temática vegetalista e geométrica. Ambiente
cisterciense, consequentemente as temáticas não devem ser figurativas. Em contra
posição, figuram também seres fantásticos que não desaparecem totalmente: dragões
repetidos em perfeita simetria. O trabalho é mais gótico: os elementos libertem-se do
suporte arquitectónico, tratamento de progressivo naturalismo (marca da evolução da
escultura gótica em relação à românica).

Claustro da Sé de Lisboa
Sé Românica Claustro Gótico

Exemplo que a função quadrangular pode ser alterada em função do declive da


colina. Situação rara: por detrás da cabeceira e planta trapezoidal.
Em algumas soluções aproxima-se de Alcobaça.
Tramos com pares de arcadas duplas com óculos de formulação geométrica na
bandeira.
Abóbodamento em cruzaria de ogiva com arcos torais quebrados; as nervuras
descarregam em mísulas com motivos vegetalistas de tratamento muito aplanado.
(igual a Alcobaça).
Arcos quebrados conferem outra elegância superior.
Escultura: temática vegetalista combinando-se com outros temas figurativos que
remetem para óptica românica, tratado já com uma talha gótica.
Indicação documental de um mestre João Anes.

Claustro da Sé de Évora
Bispado de D. Pedro II que morre em 1340, logo sabemos que foi iniciado, pelo menos
antes dessa data. O de maior qualidade dos três claustros, apontando a possível
presença de um mestre estrangeiro. Muitas das soluções são aqui já dominadas.
Claustro gótico que reúne características maduras.
Planta quadrangular adossada à fachada sul, cujas galerias se cobrem se cruzaria de
ogivas; molduras elegantes ao nível das ogivas e arcos torais quebrados e com
presença de lierne continuo longitudinal que se chama de cadeira: vai unindo as
principais chaves do centro de cada arco toral.
Chaves tendem a ser cada vez mais desenvolvidas, preponderantes e de
folhagem mais recortada. Progressiva evolução.
Qualidade passa não só pelas soluções arquitecturais, mas também pela
escultura que se verifica ao novel dos capiteis e das esculturas que se colocam em cada
ângulo: 4 evangelistas identificados através dos atributos, bem como pelo texto
talhado no livro que cada um carrega.
Escultura Gótica: figuração arcaizante (em relação ao panorama ocidental) mas
representada com mais cuidado em variar a expressão; sentido de humanismo
crescente (característica do mundo gótico), veias marcadas nas mãos; definição da
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anatomia; o trabalho dos panejamentos permitem compreender a cronologia;


folhagem recortada e destacada no suporte vai se encontrar na Batalha.
Comunicação com o exterior através de grandes arcos únicos em arco quebrado
apoiado em colunelos, óculo geométrico alinhado com o ponto quebrado do arco;
contrafortes que indicam abóbodamento.
Marca do Sul da Europa: terminação em telhado, por sua vez rodeado por
modilhões em remate piramidal.

Alcobaça Lisboa Sé de Évora Sé Velha Coimbra

Igreja de Santa Clara a Velha de Coimbra


Mosteiro de Clarissas que foi fundado no 1º momento por D. Mor Dias (alta linhagem).
1283: autorização para fundar o mosteiro. Essa comunidade seria dedicada ao
Salvador, à Virgem Maria, à Beata Isabel da Hungria e à Beata Virgem Clara. (estas
ultimas davam conta do processo de beatificação recente, mas também demonstra
que Dª Mor Dias pretendeu associar esta comunidade às clarissas e, por outro, chamar
à atenção de D: Isabel de Aragão, mulher de D. Dinis, familiar de Isabel da Hungria.)
1286: 1ª pedra lançada, tendo-se iniciado de imediato as obras. Terreno de Dª Mor
Dias possuía, mas margem escavada do rio Mondego e na proximidade ao Mosteiro de
Stª Ana (regrante de S. Agostinho) e S. Francisco.
1ª Fase: algumas dependências modestas pois logo surgiram problemas graves
relacionados, nomeadamente, com a posição que lhe faziam os monges de St. Cruz.
Resolvido em 1311 quando D. João Martins de Soalhães, bispo de Lisboa e
testamenteiro de Dª Mor Dias estabelece um acordo entre os crúzios e St. Clara. Esse
acordo passava por:
• O mosteiro de clarissas era extinto, devendo as religiosas dirigir-se para outras
comunidades monásticas;
• O mosteiro de St. Cruz recebia quase a totalidade dos bens pertencentes a Dª
Mor Dias;
• As estruturas do convento, igreja e campo próximo deviam ser concedidos aos
franciscanos do convento vizinho.
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Ao ultrapassar esta situação de abandono só seria possível graças à intervenção de


D. Isabel de Aragão (mulher de D. Dinis) que em 1314 consegue uma autorização papal
da reformulação do mosteiro. Em 1316 já decorriam as obras dirigidas por Domingos
Domingues (claustro de Alcobaça) substituído depois por Estevão Domingues. Em 1317
chegam aqui as primeiras monjas vindas de Zamora e que certamente ocuparam as
dependências do mosteiro.
O programa da reconstrução patrocinado por D. Isabel, visava uma ampliação
do mosteiro anterior pelo que terá contribuído o próprio D. Dinis qu a 1318 coloca o
mosteiro sob a sua protecção.
A ligação da Rainha à casa monástica intensifica-se a partir de 1325 que fica
viúva e decide recolher-se ao Paço que havia mandado construir na associação ao
mosteiro e com a ligação a ele. A importância desta casa para D. Isabel ainda cresceria
ao optar por se fazer sepultar no seu interior como referencia no 2º testamento de
1327, momento a partir do qual (…)

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