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História

A geografia cultural europeia de quatrocentos a quinhentos


As condições da expansão cultural
A Época Moderna inicia-se por volta de 1450 e coincide com um notável
dinamismo civilizacional do ocidente. E o que marca, o fim da segunda metade da
Idade Média foi:

 Renascimento das cidades;


 Afirmação da burguesia;
 Outras mentalidades;
 O conhecimento deixa de ser exclusivo ao Clero;
 O intercâmbio cultural devido às trocas comerciais;
 Desenvolvimento da ciência;
 Faculdades/ universidades;
 Experimentação;
 Espirito critico;

Praticamente recuperados da fome, pestes e guerras, as cidades europeias


reanimaram-se e, nelas, as elites burguesas, fazem fortunas.
Existe uma abertura ao mundo com descobertas de rotas.
Revolucionaram- se técnicas e conhecimentos. A náutica e a cartografia, e
acompanhando o domínio do espaço planetário.
A pólvora e as armas de fogo ditam a supremacia. A imprensa permite a expansão
cultural, o intercâmbio de ideias e de notícias.

O Renascimento – eclosão e difusão (séc. XIV a XVI)


Com o que aconteceu atrás, surgiu o Renascimento que eclode e se expande,
havendo uma renovação cultural.
(A europa começa a ser pequena para as transações económicas – precisa de expandir
as trocas comerciais)
A Itália (séc. XIV – Tercento)
O berço do Renascimento, foi Itália, Florença assumiu- se, na segunda metade
de quatrocentos, como o “farol” da nova cultura renascentista.
Roma emergiu como um grande centro cultural renascentista que se deu
devido ao mecenato dos papas que contrataram prestigiados artistas que deram
beleza e monumentalidade á capital.
A República de Veneza também se afirmou, o seu brilho derivou tanto da
pintura colorida e exuberante que faziam grandes obras do renascimento
(Séc. XV) Quatrocentos – Resto da Península Itálica

O reto da Europa (Séc. XVI) – Cinquescentos


O Renascimento italiano contagiou a Europa, as pessoas que iam a Itália
traziam as suas ideias e assim germinou o Renascimento Europeu que fundiu as lições
italianas com as tradições ideais, dando origem a reinterpretações.
(Em Portugal e Espanha apesar da mentalidade da Idade Média permanecer, tiveram
um papel fundamental nos descobrimentos e no renascimento.)
Os Países Baixos rivalizavam com Itália, já a França brilhava no panorama
cultural renascentista. O Imperio Germânico tornou se um importante polo de estudos
matemáticos, astronómicos e cartográficos. Inglaterra deslocou- se pelas suas
Universidades. A Península Ibérica partilhou, o movimento de recuperação de
clássicos.
Importância de Lisboa e Sevilha
A participação da Península Ibérica na europa renascentista deve se ao fluxo de
mercadorias, conhecimentos geográficos e pelo saber técnico forjado na experiencia
nos mares.
Para Lisboa e Sevilha, cabeças dos dois Impérios coloniais da Europa Moderna,
tornam- se centros de atenção, por serem cidades que fascinavam pela sua riqueza e
que acolhiam variadas gentes.
Lisboa
Lisboa transformou- se, nos primeiros anos de quinhentos, a metrópole
comercial do mundo. O porto de Lisboa espantava pela concentração de navios que o
avistavam. Muitos reparavam que os portugueses percorreram os mares do globo,
onde iam buscar especiarias, marfim e ouro, sedas e porcelanas, tapetes, pérolas,
rubis, diamantes, madeiras exóticas, açúcar, plantas tintureiras do Brasil, prata e
cobre, tecidos e trigo dos Açores.
Lisboa era a metrópole comercial e politica.
Sevilha
Cristóvão Colombo, conduziu a Espanha á glória da descoberta de um
continente por todo ignorado: a América, lugar onde a Espanha concentrou os seus
projetos coloniais.
A Sevilha coube o papel de capital económica de Espanha, disputando
juntamente com Lisboa, o domínio mundial das rotas oceânicas.
Tal como Lisboa, Sevilha acolheu os representantes das grandes firmas
comerciais estrangeiras: genovenses, flamengos, franceses e portugueses. Com a
chegada de ouro e prata, Espanha, impulsionava também o capitalismo comercial
europeu.
Sevilha era uma cidade de contrastes de miséria e riqueza.

O alargamento do conhecimento do mundo


O contributo Português
Os descobrimentos marítimos (XV e XVI) proporcionam a Portugal avultados
saberes técnicos e científicos, contribuindo então para o alargamento do
conhecimento do mundo e para o processo da civilização renascentista.

A inovação técnica
A náutica
Quando os portugueses começaram a expansão, beneficiavam de uma herança
de invenções nas técnicas de navegação, que foram evoluindo.
Progressos:

 Navegação contra ventos contrários;


 Existência de caravelas, naus e galeões;
 Instrumentos como a bússola, astrolábio, balestilha; (navegação astronómica)*
 Utilização de velas triangulares;
 Cartas- portulano;
 Leme de cadastre (centro)
* Isto permitiu que se deixasse de navegar apenas perto da costa e de dia.
Também descobriram a Latitude e a Longitude, através de matemáticos e
astrónomos.
A Cartografia
A cartografia medieval era primitiva, por exemplo. Nos planisférios, a Terra era
apresentada como um disco plano constituído por 3 continentes e rodeados de
oceano.
Um outro planisfério despunha a Terra em zonas, considerando como
inabitáveis a zona equatorial e polares, e não havia critérios nas dimensões ou na
disposição relativa das terras, mares e rios.
Fruto da expansão marítima, a cartografia europeia registava um
aperfeiçoamento notável, feito com exatidão.
Foram havendo outros planisférios, que mesmo contendo erros, serviam de
exemplo para os outros, sendo que os Portugueses eramos mais aptos, mas em toda a
Europa estavam a evoluir.
Observação e descrição da natureza
A expansão marítima também proporcionou aos portugueses uma atenta
observação da natureza.
Adquiriu- se uma correta perceção dos continentes e mares, explicou- se o
funcionamento dos ventos e correntes marítimas, tal como se calculou distancias e
latitudes. Provou- se que as zonas equatoriais são habitáveis, que a Terra é esférica,
alargou- se o leque de conhecimentos em vários temas. Os portugueses observavam
com objetividade, o que se evidenciava nas descrições da fauna e da flora. Pela
primeira vez foram dados ao seu conhecimento animais como: a girafa, o elefante, o
rinoceronte, frutos, alimentos e plantas como o ananás, a manga, o milho...
Começou a existir o espirito crítico renascentista. Ao negar ou corrigir os
Antigos, os portugueses ajudaram a construir um novo saber, através do
experiencialismo, apoiado observação da natureza, abateram mitos antigos.
Mas se o saber português ainda não foi ciência na verdadeira acessão da
palavra, a verdade é que ele contribuiu para o espirito critico e ao mesmo tempo
alastrou o sentido da curiosidade pelo mundo.

O conhecimento científico da natureza


A matematização do real
O verdadeiro conhecimento científico apenas surgiu quando as observações e
descrições da natureza desencadearão hipóteses que vieram a ser demonstradas
matematicamente, que levou a progressos matemáticos.
Desde o Renascimento que a matemática influenciou a vivência humanada
realidade. Revelou uma mentalidade quantitativa, ao recorrer á utilização de números.
A revolução das concessões cosmológicas
Combinando o cálculo matemático com a observação da natureza e o saber
experimental, sucedeu a chamada Revolução das Concessões Cosmológicas.
Tudo começou com Copérnico, que se atreveu a contrariar a teoria
geocêntrica, que dizia que a Terra era imóvel e formada por terra, ar, fogo e água,
ocupava o centro do universo infinito, á sua volta movia- se os corpos celestes.
De modo algum se admitia movimento na Terra, até porque era o que a igreja
dizia. Contra esta teoria, Copérnico, dizia que a Terra não era o centro do universo,
mas o sol (teoria heliocêntrica). Todas as esferas celestes, incluindo a Terra, giram em
volta do Sol.
As repercussões culturais das conclusões de Copérnico, não foram de imediato
sentidas. Depois, outros sábios, continuaram a teoria de Copérnico e, por isso, a
revolução das concessões cosmológicas recebeu um grande impulso.

A produção cultural
Distinção social e mecenato
O Renascimento despertou atitudes socioculturais, que testemunham a
superioridade do homem e o poder do individuo. Assiste- se á ostentação das elites
cortesãs e burguesas, á pratica do mecenato e o estatuto prestigiado dos intelectuais e
dos artistas.
A ostentação das elites cortesãs e burguesas
A imagem torna- se importante, tal como a maneira de agir, ao contrário da
Idade Média. As elites sociais, era onde se encontravam os nobres e burgueses em
busca de ascensão.
Trata- se de uma situação notória de Itália, mercê da próspera situação
económica das cidades e da bem-sucedida burguesia nos negócios.
Rodeados de luxo, conforto, beleza, sabedoria as elites vestiam – se a rigor,
possuíam ricos palácios, consumiam requintadas iguarias, investiam na aquisição de
obras de arte e no reforço das suas bibliotecas.
As elites deram origem a famosas cortes, que eram constituídas por um círculo
privilegiado de cultura e da sociedade renascentista. Fomentaram a erudição
humanista e os talentos artísticos, que se converteram em mecenato foram palco de
animadas festas, onde se destacava o cortesão, que era considerado a imagem
perfeita do homem do Renascimento.
O cortesão apresentava- se como modelo de talentos físicos e intelectuais, de
qualidades morais e boas maneiras. Era reconhecido pelo seu porte e pela linguagem
do seu corpo, vistas na forma como cavalgava, andava, gesticulava e dançava. Era
como uma obra de arte.
A vida quotidiana das elites cortesãs era condicionada por exigentes regras de
comportamento, civilidade, que instruíam sobre o modo de vestir, comer,
cumprimentar, falar, estar, higiene... A par doo esclarecimento intelectual, da
superioridade moral, da beleza tinha de haver também boas maneiras.
(era necessário conhecimento)
O estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas
(os artistas ganham estatuto e pegaram nas técnicas antigas e adaptaram- nas)
Os burgueses e nobres ao realizarem encomendas aos artistas e intelectuais,
concediam- lhe prestigio. Encarregavam os artistas de grandiosos projetos de
arquitetura, estátuas, túmulos, retratos. Eram mecenas, procurando obras que os
patrocinavam, deixando os seus nomes imortalizados. Os mecenas expressavam, o
prestígio e a consideração que o Renascimento sentia pelos seus intelectuais e artistas.
O astuto do artista aumenta, passando então, a assinar as suas obras.
(técnicas: perspetiva, sfumato, entre outras)
Portugal: o ambiente cultural da corte régia
Em Portugal, não se passava o mesmo, eram pessoas rudes, sem maneiras
comparadamente com os outros.
Tentaram obter o prestigio, através de: festas realizadas, mecenato, acolhendo
humanistas estrangeiros, custeando bolsas a estudantes portugueses em Itália, França
e Países Baixos, fundaram o Colégio das Artes, mas faltava educação.
Os caminhos abertos pelos humanistas
Os humanistas sobressaíram em diferentes ramos da produção literária e eles
defendiam a excelência do ser humano, que consideravam ser bom e responsável,
inclinando para o bem e perfeição. Transmitia o ideal do antropocentrismo. (Homem
no centro do Universo)
Achavam ser o único ser da criação dotado de razão, o Homem era, também, o
único completamente livre, que já possuía a capacidade de construir o seu destino e
de escolher a sua missão. O livre-arbítrio superiorizava o Homem.
Valorização da Antiguidade Clássica
(tenta-se fazer uma época inspirada na Antiguidade Clássica)
Os humanistas tinham uma paixão pela Antiguidade, cujas obras consideravam
estarem contidas as verdadeiras sabedorias e beleza. Eles procuravam manuscritos
antigos para os compreenderem e traduzirem, estudarem o grego e aperfeiçoarem a
língua latina. Também sabiam latim, que expressava a dignidade do ser Humano.
Ao mesmo tempo que divulgam os clássicos, recuperaram obras sagradas.
O ensino, fomentou o conhecimento da Antiguidade, sendo que as
humanidades era a área fundamental para a formação moral de um ser humano.
Afirmação das línguas nacionais e consciência da modernidade
Os humanistas também criavam obras onde imitavam os autores greco-latinos.
Deixaram-se influenciar, praticaram os mesmos géneros literários, temas e recorreram
á mitologia.
Em Portugal, e pela Europa, verificou- se um movimento de afirmação das
línguas nacionais, que adquiriram regras gramaticais, uniformidade ortográfica e maior
vocabulário.
Luís de Camões, Shakespeare, são alguns dos humanistas que promoveram a glória das
línguas e literaturas nacionais durante o Renascimento. Esta consciência da
modernidade levou os humanistas a entendermos estudos dos clássicos: não como um
fim, mas como um instrumento que leva o individuo a desenvolver as suas
capacidades, e o leva a conhecer a si mesmo e ao Mundo.
Individualismo, Racionalidade, espirito crítico e utopia
Os humanistas consideravam que o individualismo se distinguia e afirmava no
mundo pelo uso da razão. A racionalidade deveria de ser, desde sempre, exercitada
pelos jovens. Eles defendiam que deveriam de ter espírito crítico e assim, denunciarem
comportamentos indignos e imaginaram sociedades ideais: Utopias.
A crítica social conduziu, frequentemente, a construção de utopias, inclusive,
diversas obras literárias de renascimento perspetivavam esses mundos de perfeição.

A reinvenção das formas artísticas- Imitação e superação dos modelos da Antiguidade


No Renascimento, assistiu-se a uma revolução artística.
A nova estética irradiou Itália, marcada pelo classicismo, (considera os valores
clássicos latinos e gregos), viam na arte greco- romana, o exemplo, de harmonia,
proporção e suprema beleza.
História
A arte renascentista
A pintura
A pintura renascentista mostrou uma paixão pelos clássicos e assim, refletia a
redescoberta do Homem (imagem da cultura renascentista)
O que mais se destaca na sua pintura é a sua criatividade e originalidade, tal
como diversas inovações.
A pintura a óleo

 Permitiu que as obras tivessem mais durabilidade e possibilidade de retoque e


existência de outras técnicas que permitiam representações pormenorizadas,
com sombras.
A terceira dimensão

 Esta descoberta proveio dos estudos matemáticos, esses dizem que o campo de
visão do observador é a estrutura por linhas que se unem no horizonte
(pirâmide visual)
 Espaço tridimensional marcado pela profundidade, relevo e volume das formas.
 Perspetiva aéreas e técnicas como o sfumato, gradação ou esbatimento, que
permitia maior nitidez.
 Desmontagem do conceito medieval de espaço, tal como o novo olhar da
Humanidade.
A geometrização

 Adoção de Formas geométricas, com preferência na piramidal.


A proporção

 Procuraram a proporção e o equilíbrio nas obras, com rigor matemático.


As representações naturalistas ´

 Devido à descoberta e observação da natureza nasceram as representações


naturalistas;
 A expressividade dos rostos, sendo possível a perceção de sentimentos e
estados de alma, traços de personalidade.
 Espontaneidade dos gostos;
 Rigor anatómico, que resultou da dessecação de cadáveres
 A paisagem torna- se um elemento essencial da composição pictórica.
A escultura

 Inspirada na Antiguidade Clássica, e na estatuária greco- romana.


 A escultura ganhou autonomia e naturalidade;
 O corpo nu adquiriu a dignidade perdida e a estátua equestre voltou a triunfar.
 Inspirada na bíblia, mitologia e nos eus contemporâneos, interessando- se pela
figura humana e pelo rigor anatómico e expressão fisionómica;
 Espontaneidade e ondulação das linhas;
 Equilíbrio e racionalidade;
 Composição geométrica;
 Aperfeiçoamento técnico;
 Domínio dos materiais utilizados. (mármore, pedra, bronze)
 Estudos da perspetiva baseada em desenhos prévios que permitiam a proporção
e o naturalismo da escultura, quer nos baixos relevos, quer na estatuária.
A Arquitetura

 Inspirada em Grécia e Roma;


 Procurou- se simetria absoluta, onde as portas têm dimensões próximas umas
das outras, tal como intervalos entre elas, com a mesma distância. O mesmo
com as janelas. A planta circular, também, pretende dar simetria (era a figura
geométrica, mais perfeita e natural)
 Verifica- se uma matematização rigorosa do espaço arquitetónico, para haver
proporção, e assim cubos e paralelepípedos estão presentes em várias
construções.
 Perspetiva linear (pirâmide visual) cuja base se encontra no observador e no
vértice é o ponto para que se deve olhar, ao qual se convergem as linhas.
 O espaço surge concebido em função do observador que ocupa o lugar central;
 Linhas e ângulos retos, tal como o predomínio da horizontalidade.
 Abobadas de berço e de arestas e a cúpula (presente em quase todas as igrejas
renascentistas. Exemplo: Catedral de Santa Maria das Flores).
 Arco de volta perfeita (ligado ás relações geométricas)
Arte Manuelina

 Inspirado na época dos descobrimentos;


 Manifesta- se a partir de uma decoração exuberante (com a folhagem
fantasista, medalhões e os arabescos) preenchem as superfícies
arquitetónicas;
 Tem presente o naturalismo na decoração, com ramagens, flores, conchas,
esferas armilares, cruz de cristo.
 O exotismo das colunas;
 Simbólica cristã. (instrumentos da paixão de cristo)
 Do ponto de vista cultural, o gótico foi mantido.

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