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Período em que o estilo arquitetônico surgiu

O “Maneirismo” representa um estilo artístico que surgiu na Itália no século


XVI, no período entre a Renascença e o Barroco (1520 a 1600). Nesse período a
Europa passava por diversas transformações políticas, econômicas e culturais, tal
qual o Renascimento e a Contrarreforma, o que fez surgir uma nova estética que
fugia dos moldes tradicionais e que se espalhou rapidamente por toda a Europa.

Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, por volta


de 1520 até meados de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do
modelo da Antiguidade Clássica: o Maneirismo (a palavra ​maniera​, em italiano,
significa maneira).

O que significa

Durante muito tempo, historiadores da arte entenderam que este movimento


nada mais era do que a fase decadente do Renascimento (período final). Porém,
atualmente o maneirismo é identificado como um estilo artístico original e autônomo,
embora apresente muitas características semelhantes ao Renascimento. Vale
destacar também que o maneirismo é considerado, por muitos especialistas de artes
plásticas, a fase germinal do Barroco.

O maneirismo é uma consequência de um renascimento clássico que entra


em decadência. Os artistas se veem obrigados a partir em busca de elementos que
lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas
durante o renascimento.

Esse movimento artístico utilizou da arquitetura, escultura, artes plásticas,


música e literatura, para apresentar uma arte mais perturbadora, exagerada e
sofisticada. Além disso, os artistas do maneirismo buscavam se afastar dos moldes
renascentistas (cânones clássicos), inaugurados por figuras da alta renascença
como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael Sanzio.

O nome “Maneirismo” foi utilizado por Giorgio Vasari para denominar a


maneira de cada artista trabalhar. Este movimento valorizava o trabalho individual do
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artista, incentivando a complexidade das formas e seus detalhes, evitando o


formalismo do período Renascentista - que utilizava especialmente valores
clássicos.

Contextualização com a história

Do ponto de vista histórico estamos em plena Reforma Católica, movimento


liderado por Martin Lutero, que condenava a venda de indulgências pela Igreja,
defendendo que a relação entre o homem e Deus não precisa de intermediários. A
Reforma é comparada a uma revolução copernicana na religião, em que o indivíduo
orbita em torno de sua fé e não da Igreja como instituição.

Há uma nova luz sobre a religiosidade e isto se expressa na obra Maneirista.


O corpo e a natureza perdem seu lugar como centro para dar espaço a uma nova
vivência espiritual, abre-se uma distância entre a natureza e a arte. O Maneirismo vê
na imitação dos modelos clássicos uma fuga do temor da angústia humana e que
esta representação demasiado harmônica se reflita em uma forma sem conteúdo. O
Renascimento ainda trazia muito da religiosidade medieval, da ideia de um Deus que
salva, com a mudança do status da Igreja, o indivíduo se vê só e a arte reflete esta
desconfiguração (HAUSER, 1976).

O homem do século XVI passou por profundas mudanças que se deram no


campo social, político-econômico e religioso. No campo religioso, era a época da
Reforma e da Contrarreforma. Após a Igreja ser questionada em suas práticas pela
Reforma Protestante, a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento, realizado
entre 1545 e 1563, em uma tentativa de conter o avanço dos Protestantes. A
Contrarreforma determinava a volta da Inquisição, a criação de um índice de livros
proibidos e a criação da Companhia de Jesus, formada pelos jesuítas que tinham
por objetivo a catequização de povos não católicos (ARRUDA; PILETTI, 1995). A
arte sofreu restrições com o Concílio que restringia corpos nus em obras que fossem
para as Igrejas. O Papa Clemente VIII quis destruir o afresco de Michelangelo, O
juízo final, mas a Academia de São Lucas conseguiu impedir. Antes disso, Daniele
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da Volterra já havia, a pedido do Papa Paulo IV, coberto as figuras nuas do mesmo
afresco (HAUSER, 1976).

Maneirismo no Brasil

No século XVI, o Brasil foi bastante negligenciado pelos portugueses, pois sua
madeira e açúcar não se equiparavam às especiarias do oriente e nem mesmo ao
ouro e escravos da África. A guerra contra os holandeses pelo o Oriente, e a perda o
tráfico de especiarias, além da ruína dos seus centros comerciais (como Goa –
Índia), obrigaram Portugal a voltar sua atenção às suas possessões no continente
americano. Assim, no século XVI e XVII as principais obras coloniais portuguesas
estavam em Goa e ao final do século XVII e no século XVIII já estavam em
Salvador-BA.

O que surgiu em termos de arte e arquitetura neste período foi em geral


acanhado e despojado. Porém, como a defesa do território contra índios hostis e
aventureiros e piratas de outras nações era uma preocupação principal, foram
erguidas diversas fortificações pelo litoral, algumas de tamanho avantajado. Ao
mesmo tempo, como era preciso atender às necessidades espirituais dos novos
colonos, a Igreja participou do processo de instalação enviando muitos missionários,
entre os quais estavam jesuítas, dominicanos, carmelitas, beneditinos e
franciscanos, que em geral tinham um sólido preparo cultural, sendo muitos deles
também artistas de grande talento, os fundadores da arte brasileira de descendência
europeia. Aos missionários, junto com os engenheiros militares, cuja atividade
envolvia muito mais do que a construção apenas de fortificações e quartéis, se
devem os projetos das primeiras igrejas, capelas, escolas e hospitais, participando
igualmente de sua ereção. Não obstante, os índios deram alguma contribuição na
forma de algumas técnicas decorativas e construtivas. Por outro lado, os
missionários não eram todos portugueses, muitos vinham da Itália, da Espanha,
França ou Alemanha, e traziam variadas referências estéticas. A heterogeneidade
das influências recebidas, junto com as dificuldades de comunicação com a
Metrópole, criou um descompasso em relação à cronologia estética da Europa e
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fizeram com que a evolução da arte brasileira fosse marcada por grandes doses de
ecletismo e que arcaísmos persistem longamente. Ao mesmo tempo, esses fatores
muitas vezes dificultam a identificação exata da tendência predominante em cada
obra individual, produzindo intermináveis controvérsias entre a crítica.

Dessa forma, esses missionários, os jesuítas em maior grau, foram ativos


representantes da conformação do Maneirismo no Brasil. O primeiro núcleo de
atividade importante foi o Nordeste, destacando-se as cidades de Olinda, Recife e
Salvador. Um pouco mais tarde se formaram núcleos no Rio de Janeiro e São Paulo.

Suas edificações adotaram como modelo básico a vertente maneirista


portuguesa conhecida como Arquitetura Chã, caracterizada pela funcionalidade e
adaptabilidade a usos múltiplos, pela facilidade de construção e pelos seus custos
relativamente reduzidos, podendo ser praticada nos mais variados contextos. A
planta básica do estilo Chão se definia por uma nave única retangular, sem
transepto e sem cúpula, e com uma capela-mor ao fundo, onde ficava o altar
principal, delimitada por um grande arco de cruzeiro, em cujas extremidades podiam
ser instalados dois altares secundários ou nenhum. Edifícios especialmente
importantes podiam ter três naves ou outros altares secundários instalados em
nichos ao longo da nave única. Nestes altares, principalmente, foi aplicada a riqueza
decorativa que as condições de cada local podiam permitir. As fachadas eram por
regra extremamente simples, derivadas do modelo do templo clássico, com um
quadrado ou retângulo como corpo principal, perfurado por uma linha de janelas de
verga reta no nível superior, e coroado por um frontão triangular. A superfície das
fachadas era pouco movimentada tridimensionalmente e tinha uma ornamentação
despojada, ocasionalmente adornando os frontões com volutas e pináculos, e os
portais com colunas e discretos relevos no frontispício, enfatizando a sobriedade, o
equilíbrio e a ordem apreciados pelos classicistas. Este modelo de igreja seria a
mais influente e duradoura contribuição do Maneirismo à arte brasileira, sendo
adotado em larga escala até o século XIX.
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Catedral da Sé, em Olinda.

Igrejas dos Santos Cosme e Damião, em Igarassu, e interior da Igreja da Graça, em


Olinda.

Para John Bury - historiador britânico considerado um dos pioneiros e grande


referência no estudo colonial brasileiro - os jesuítas foram então expostos a duas
influências principais, a tradição inaugurada pela Igreja de Jesus em Roma, a matriz
de todas as igrejas jesuítas do mundo, e a tradição de São Vicente de Fora, a matriz
das igrejas portuguesas, e as construções brasileiras revelariam ora um predomínio
de uma vertente, ora de outra, ou fariam sínteses originais de ambas, que exibem
estilos bastante diferentes: a primeira derivado do modelo do retângulo encimado
por um frontão triangular, e sem torres, e a outra com um bloco retangular ladeado
de duas torres, e sem frontão.
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Enquanto isso, os franciscanos também se empenhavam em uma intensa


atividade construtiva. Entretanto, suas únicas obras sobreviventes são o Convento
de São Francisco, em Olinda, parcialmente destruído pelos holandeses e cuja igreja
foi restaurada em um estilo Barroco, e o Convento de Santo Antônio no Rio de
Janeiro, também com a igreja modificada mais tarde. Outros trabalhos seus se
perderam inteiramente, mas relatos da época referem que ele e seus colaboradores
eram donos de um estilo original. Essas novidades provavelmente estão refletidas
em outras igrejas franciscanas da época, expressas em um frontão mais baixo, na
presença de um alpendre ou uma galilé diante da entrada, em fachadas mais
ornamentais e dinâmicas, no campanário recuado em relação à fachada, numa nave
mais estreita frequentemente ladeada de deambulatórios com altares laterais
instalados em nichos e numa sacristia colocada nos fundos da igreja, em geral
ocupando toda a largura do edifício. Também se distinguiram dos jesuítas pelo seu
amor ao luxo decorativo e pela maior variedade de soluções arquiteturais, e pela
maior rapidez com que adotaram fórmulas decorativas típicas do Barroco.

A Capela de Nossa Senhora da Cabeça, no Rio de Janeiro, incorpora algumas


características mais típicas do estilo franciscano.

Depois de superadas as dificuldades iniciais, quando o território já tinha uma


significativa vida própria, enriquecia e iniciava a desenvolver uma cultura autóctone
diferenciada da metrópole, já com muitos artesãos e artistas nativos em atividade
com o Estado Português, que ainda tinha como interesse primário a exploração
econômica da colônia, e pouco investia em benfeitorias, em assistência social, em
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arte e em educação, continuando a depositar sobre a Igreja as principais


responsabilidades de instruir o povo, prover-lhe cuidados médicos, amparar os
órfãos, as viúvas e os velhos, registrar os nascidos e sepultar os defuntos,
continuando a virtualmente dominar grande parte da vida brasileira e, além de tudo,
sendo ainda, como fora desde o início, o grande mecenas cultural, uma vez que a
maciça maioria dos projetos artísticos, grandes ou pequenos, permanecia no campo
sagrado. Nesta fase as distinções entre os estilos jesuíta e o franciscano, e os das
outras ordens, se tornam mais difíceis de determinar, havendo uma grande
superposição de tendências.

John Bury destaca duas igrejas como as mais representativas desta nova
fase: a Igreja de Santo Alexandre de Belém do Pará e a Catedral de Salvador, que
Bury a descreve como: "Edifício excepcionalmente vasto e imponente, que, sem
dúvida, exerceu considerável influência em igrejas construídas depois, não só pelos
jesuítas, na Bahia e outros pontos da colônia". Sua fachada tem uma grande
severidade, com torres pequenas integradas ao corpo principal. O interior também é
austero em sua concepção básica, com uma nave única, capela-mor ladeada de
duas capelas subsidiárias, e outras dispostas ao longo da nave. Por outro lado, a
decoração dos altares é luxuosa e refinada, alguns deles ainda preservando traços
maneiristas, e outros já em estilo Barroco. Já a Igreja de Santo Alexandre,
inaugurada em 1719, é mais arcaizante, tem afinidades com o Estilo Chão, a
despeito de seu frontão voluptuoso. O interior é semelhante ao exemplo de
Salvador, embora menos suntuoso.

Igreja de Santo Alexandre


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Catedral de Salvador.

A derradeira fase do Maneirismo arquitetural desenvolveu-se principalmente


em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, quando ocorre o ciclo do ouro
e a região se torna um grande centro econômico, político e cultural. Área de
povoação mais recente, seus primeiros monumentos edificados ainda seguem o
modelo da Arquitetura Chã em sua austeridade e adesão às linhas retas, embora os
interiores já sejam decorados barrocamente. São bons representantes a Catedral de
Mariana e a Matriz de Sabará.

Mais tarde, ainda depois de uma grande sobrevida no Brasil, as influências


Maneiristas passaram por um derradeiro declínio, dando lugar ao Barroco e Rococó.

Outras obras de destaque no Brasil foram:


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Igreja e Mosteiro de São Bento, Rio de janeiro.

Igreja do Convento da Misericórdia, Salvador.

Catedral da Sé, Mariana.


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Características gerais

São várias as suas características, mas a principal é o questionamento dos


valores clássicos, passando a valorizar a originalidade, a complexidade das formas e
o detalhamento. No geral as obras deste movimento têm um equilíbrio frágil e a
sensação é de tensão​.​ É uma arte subjetiva e marcada pelo emocional.

Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos


detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones
clássicos.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na


Europa nesse momento.

Características da Arquitetura

As principais características do maneirismo são:

● Sofisticação da arte
● Estilização exagerada, oblíqua e assimétrica
● Uso de Espirais, proporções, volumes e perspectivas intrigantes
● Capricho nos detalhes (arte de labirintos)
● Contrastes de sombra e luz
● Figuras alongadas, deformadas e/ou distorcidas
● Fortes combinações de cores
● Composições ambíguas, tensas, dramáticas, bizarras, perturbadoras
● Aproximação com o Barroco e o Realismo
● Ruptura com modelos clássicos (Estilo anti-renascentista)

As principais características maneiristas encontradas na arquitetura são as


ilusões de perspectiva, a alteração nos ritmos estruturais, a desvirtuação da
funcionalidade de certos elementos e a sensível flexibilização nas proporções da
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volumetria. A arquitetura deixa de ter formas retangulares e passa a ter formas


convexas, permitindo o contraste de luz e sombra.

O conflito entre linhas horizontais e verticais evitavam a centralidade,


apresenta desenho urbano mais flexível e colunas duplas apenas com função
estética. Na maioria das vezes o exterior era mais simples, enquanto que o interior
era ricamente adornado, com detalhes. As composições são confusas e transmitem
angústia, o contraste de cores é maior, as figuras aparecem alongadas e distorcidas.

A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano


longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o
transepto, onde as naves ficam mais escuras e deixando de lado as de plano
centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as
verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na
construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração​.

Nos ricos palácios e casas de campo, encontramos formas convexas que


permitem o contraste entre luz e sombra prevalecer sobre o quadrado disciplinado
do Renascimento.

Nas igrejas

● As naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes;


● Os coros com escadas em espiral;
● A decoração de interiores exibindo guirlandas de frutas e flores, balaústres
com figuras, muros e altares com caracóis, conchas e espiralados.

Nos ricos palácios e casas de campo:

● Uso de formas convexas que permitiam o contraste entre luz e sombra;


● A decoração de interiores exibindo um estilo refinado e ricamente adornado,
com afrescos nas abóbadas

Os arquitetos maneiristas serviram a famílias poderosas, projetando palácios


e mansões. A rigidez dos planos renascentistas deu lugar a maior atenção aos jogos
de luzes e sombras. Os interiores foram enriquecidos com abóbadas e afrescos. Por
sua vez, as igrejas passaram a ter iluminações de ângulos diversos, que valorizavam
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a penumbra das naves, com escadarias caprichosas. Os altares ganharam


decorações com abundância de motivos, que iam das conchas às guirlandas,
prenunciando o gosto barroco.

A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas


coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre
duas épocas, expressa a
necessidade de renovação.

Decoração
Ambientes alongados, uso de guirlandas de frutas e flores, balaustradas
povoadas de figuras caprichosas, caracóis, conchas e volutas sobre muros e altares,
lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista. As naves são
escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes.

Detalhe estético: ​coros com escadas em espiral, que na maior parte das
vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade

Este é a posição do transepto. No Renascimento as plantas das igrejas


costumavam ter uma planta central e a cúpula no centro. Já no Maneirismo, o
ambiente foi alongado, como mostrado acima, e a cúpula posicionada sobre o
transepto, o que deixa o ambiente com pontos de pouca iluminação.
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Técnicas e materiais

O programa de construções era relativamente simples.


ele podia ser dividido em três partes, correspondendo cada uma destas a uma
determinada utilização: para o culto, a igreja com couro e a sacristia; para o trabalho,
as aulas e oficinas; para residência, os "cubículos" a enfermaria e mais
dependências de serviço, além da "cerca" com horta e pomar.
Outro traço característico imposto pela técnica são os grandes beirais,
precaução indispensável - já que não havia calhas - para evitar que a água
despejada dos telhados fosse aos poucos desagregando o barro das paredes e
comprometendo assim, com o tempo a estabilidade do edifício.
Uma desvantagens para os padres, em consequência da vida ativa de
atividades do "espírito" faltam quase sempre nesses pátios - nos colégios brasileiros,
aquela atmosfera de sossego e de recolhimento, peculiar aos claustros dos
Conventos das demais ordens religiosas. Não se tinha ajardinamento.

Depois da fase inicial caracterizada por construções simples de utilização


transitória, podemos descrever dois sistemas construtivos principais utilizados nas
igrejas missioneiras: o das estruturas Independentes de madeira e o das paredes
portantes em pedra.
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No primeiro caso o processo construtivo consistia em montar uma estrutura de


madeira, composta por quatro carreiras paralelas de pilares alinhados entre si, que
sustentam caibros nas duas laterais e tesouras de linhas altas, na cobertura da nave
central.

No segundo caso, a edificação se apoiava em paredes portantes (estruturas


onde as paredes são responsáveis por suportar as cargas da edificação e sua
cobertura) .
A maior parte das igrejas missioneiras possuía apenas uma torre ou
campanário, que se localizava independentemente no lado oposto ao batistério.
Os materiais mais utilizados eram:
● Pedra;
● Barro;
● Cerâmica.

Arquitetos que se destacaram e suas obras

No maneirismo, surge uma geração de arquitetos fortemente individualista,


que se permitem grandes liberdades formais e foram responsáveis pela transição
entre Renascimento e Barroco.
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Os maneiristas acreditavam que a arquitetura devia ser feita através de uma


união entre regras pré-definidas e a liberdade do próprio criador, o que os abriu
espaço para a livre experimentação.

Dentre os arquitetos maneiristas, pode-se destacar Andrea Palladio, Giulio


Romano, Antonio da Sangallo, Giacomo della Porta e Jacopo Vignola.

Michelangelo Buonarotti​: ​ foi o primeiro a jogar com o estilo antigo, dando a


seus projetos um toque de subversão. Ele que sempre insistiu em ser um escultor,
provou ser igualmente versado em arquitetura, Ele tratava um edifício ou um
conjunto de edifícios como uma massa de sólidos e vãos esculturais a serem
moldados. Na Capela dos Médici em San Lorenzo, Florença, Michelangelo citou o
vocabulário clássico apenas como blasfêmia. Ele rejeitou as ordens usuais, projetos
janelas lisas que se afilavam mais do que inscreviam retângulos perfeitos, excluiu os
capitéis das pilastras e, em geral, zombou de todos os preceitos sagrados.

A Biblioteca Laurentiana (projetada em 1524) joga fora os ideais


renascentistas de proporção equilibrada e estabilidade, pondo o interior em
turbulento movimento. Michelangelo comprimiu colunas, como estátuas, dentro de
nichos, mas – contra toda a evidência visual e intuitiva – elas sustentavam o peso do
telhado.

Sua imensa escadaria tripla obstinadamente ocupa a maior parte do espaço


na área. Na arte inferior, cai como uma cascata. Tal desafio à tradição fez Vasari
descrever Michelangelo como tendo “feito quebras tão bizarras no contorno dos
degraus, distanciando-se tanto do uso comum, que todos ficaram admirados”.
Michelangelo tratou todo interior da biblioteca como um apela de escultura, dando às
paredes e escadas uma composição dinâmica.

Seu novo projeto da Pizza Campidoglio, em Roma, é um triunfo da


composição orgânica. Essa praça, no Monte Capitolino, perto do Fórum Romano,
onde Rômulo supostamente fundou a cidade era pobre e deselegante. Michelangelo
criou um projeto público imponente, no qual todos os elementos interagem.
Inscreveu o espaço central ao redor de uma antiga estátua do imperador Marco
Aurélio com um desenho oval no piso que, visto de cima, parece uma abóboda.
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Projetou escadarias imponentes e novas fachadas para as duas edificações já


existentes, e acrescentou outra construção para criar um espaço trapezoidal. Nos
edifícios que ficavam de frente, ele usou primeiro a ordem gigantesca (pilastras
coríntias de 14m de altura que se estendiam por dois pavimentos) para sugerir uma
unidade monumental.

Andrea Palladio (1518-1580​): o interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio


se reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente
clássico e no qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções preponderam
sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente dez anos depois
iria se dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San
Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio tenha sido um
arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais importantes desse
período. A obra de Palladio foi uma referência obrigatória para os arquitetos ingleses
e franceses do barroco. A Villa Rotonda ou Casa Redonda, perto de Vinceza
também foi um capricho do artista, pois têm quatro lados idênticos, cada um deles
com um pórtico em forma de fachada de templo, agrupados em torno de um corpo
central que recorda o Panteão romano. Por mais bela que seja a combinação,
dificilmente se pode considerar um edifício em que se gostaria de viver. A busca de
novidade e de efeitos insólitos interferiu na finalidade essencial da arquitetura.

Bartolomeo Ammanatti​ (1511-1592): realizou trabalhos em várias cidades


italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade.
Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e juntos se mudaram para
Roma a pedido do papa Júlio II, que o incumbiu da construção de sua vila na Porta
del Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto. No ano de
1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um concurso para a
construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou
a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma
cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras
de arte, legou a eles todos os seus bens.

Giorgio Vasari​ (1511-1574): é conhecido por sua obra literária Le Vite (As
Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato
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às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os grandes artistas da época, sem
deixar de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob a
proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os
afrescos do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em colaboração com
Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias, publicadas em 1550,
fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de
sua vida em Florença, dedicado à arquitetura.

Outras obras maneiristas

Vestíbulo​ e Sala de Leitura da


Biblioteca Medicea Laurenziana, de
Michelangelo. ​Itália​.

Palácio de Fontainebleau,​ França


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Este palácio introduziu na França o Maneirismo italiano. Por causa disso, o


Maneirismo francês na decoração de interiores do século XVI é conhecido
como ​Estilo Fontainebleau​, que combina escultura, trabalhos em metal, pintura,
estuque e trabalhos em madeira.

O Estilo Fontainebleau combinou pinturas alegóricas em trabalhos de


rebocador moldados, onde o enquadramento era tratado como se fosse couro ou
papel, cortado enrolado em pergaminhos com arabescos e grotescos.

Os ideais da beleza feminina em Fontainbleau também são maneiristas:


mulheres eram vistas com uma pequena e graciosa cabeça em um pescoço
comprido, torso e braços exageradamente longos, peitos pequenos e altos, etc.

Chiesa del Santissimo Redentore, Palladio. Itália


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Palacete Villa Rotonda, Palladio, Palladio. Itália.

Palácio dos Uffizzi, Giorgio Vassari. Itália.

Arquitetura maneirista, construção entre 1517-1520, jardins e loggia de Raphael

(italiano) Villa Madama (o nome se refere a Margarida de Parma, 1522-1583).

Arquitetura maneirista. Giulio Romano (italiano) Pallazo Té, Mântua, Itália,


construído entre 1526 e 1534.
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Arquitetura maneirista. Piazza del Campidoglio, Roma, projeto de Michelângelo


(italiano) de 1536. Ao centro, a estátua equestre de do imperador romano Marco Aurélio

Arquitetura maneirista. A escada real, Villa Farnèse, em Caprarola


(muito semelhante ao Palazzo Farnèse, de Roma).
Projeto de Antonio da Sangallo e Baldassare Peruzzi (italianos).
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Referências

https://taamonitoria.wordpress.com/2016/08/28/maneirismo-arquitetura/
https://prezi.com/3l9m3edjmnwj/arquitetura-alto-renascentista-e-arquitetura-maneirist
a/?webgl=0#
https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-renascentista/maneirismo/
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=232
http://www.cliquearquitetura.com.br/artigo/maneirismo.html

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