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Arte Bizantina

Arte Bizantina: Aspectos Gerais


• No final da Idade Antiga, a cidade de Constantinopla, atual
Istambul (Turquia), constituía-se no mais importante centro
econômico-comercial e político do decadente Império
Romano;
• Localizada na região da antiga colônia grega denominada
Bizâncio, a cidade foi edificada a mando do imperador
Constantino, impulsionado por sua posição estratégica e
favorável e tendo como objetivo maior transformá-la na
nova capital do Império Romano;
• Por estar localizada entre o Ocidente e o Oriente,
Constantinopla praticava um intenso comércio com as
regiões próximas tornando-se um centro rico e a mais
importante cidade do Mediterrâneo Oriental.
Arte Bizantina: Aspectos Gerais

Divisão do Império Romano


Arte Bizantina: Aspectos Gerais
• Com a divisão do Império Romano por Teodósio, em 395,
Constantinopla passou a ser a capital da porção oriental,
consolidando-se a plena autonomia e soberania do que
restara do grandioso império em decadência;
• A arte bizantina recebe, assim, influência de Roma, da
Grécia e do Oriente. O amálgama dos elementos dessas
culturas é refletido na grandiosidade do novo estilo de sua
arte, que a vincula muito mais vigorosamente ao futuro do
que à arte dos séculos passados;
• A arte bizantina, que teve suas raízes na arte primitiva
cristã, permanece profundamente ligada à religião,
apresentando-se contrária ao caráter simples e popular
expresso anteriormente.
Arte Bizantina: Aspectos Gerais

Constantinopla
Arte Bizantina: Aspectos Gerais
• A arte bizantina passa a se apresentar suntuosamente,
exibindo uma natureza de riqueza e poder. Isso ocorre em
função da necessidade de alcançar o objetivo de exprimir a
absoluta autoridade do imperador, considerado
representante de Deus na Terra, senhor de poderes
espirituais e seculares, inclusive cabendo a ele próprio o
estabelecimento e a organização das artes, colocando, dessa
forma, o artista numa relegada posição, meramente de
executor do fazer artístico.
Arte Bizantina: Aspectos Gerais

Exemplo de Arte Sacra Bizantina


Arte Bizantina: Pintura
• Assim como na arte egípcia, a arte bizantina estabeleceu um
conjunto de regras ordenadas, com o intuito de melhor
atingir seus objetivos;
• Na pintura, encontramos a técnica da representação da
figura através da frontalidade, que, por sua aparência
inflexível e rígida, transmite ao observador a impressão de
reverência e acatamento à personalidade retratada;
• Desse modo, ao apresentar frontalmente a figura que está
retratando, o artista passa a sensação de respeito para
aqueles que observam a obra e crêem ver, nas figuras
sagradas e em seus soberanos, seus protetores e defensores.
Arte Bizantina: Pintura

Igreja de Santa Sofia – Cristo Pantocrátor (Detalhe)


Arte Bizantina: Pintura
• Foram formas estudadas pelos sacerdotes com rigor prévio,
para que os artistas conseguissem, através de seus pincéis, a
intenção de comover e tocar os fiéis da nova religião;
• Encontramos a determinação dos exatos lugares onde cada
personagem sagrada a ser retratada deveria estar e qual seria
a postura de suas mãos, pés, gestos, vestes, mantos e suas
dobras e símbolos;
• Outro artifício preestabelecido com a mesma finalidade foi
o de retratar as personagens soberanas e as personagens
sagradas com uma certa simbiose entre seus objetos
caracterizadores, pois, dessa forma, se intensificaria o laço
entre aquilo que é sagrado e o que é soberano.
Arte Bizantina: Pintura

Igreja de São Vital – Justiniano e Seu Séquito


Arte Bizantina: Pintura
• Um claro exemplo disso encontramos na igreja de São
Vital, em que as figuras do imperador Justiniano e de sua
esposa, a imperatriz Teodora, foram representadas com suas
cabeças “aureoladas”, símbolo de uso peculiar a Cristo, aos
santos e apóstolos. Em contrapartida, Cristo foi retratado
como rei e Maria como rainha;
• Por meio dessa simbiose entre autoridades imperiais e
espirituais encontramos a exatidão com que os imperadores
bizantinos personificavam as “divindades do poder real”.
Arte Bizantina: Pintura

Igreja de São Vital – Teodora e Seu Séquito


Arte Bizantina: Escultura
• Na escultura bizantina se fez presente o modelo naturalista
grego, em que, mesmo sem o total amparo da Igreja, melhor
se apurou o culto à imagem do imperador;
• Contrariamente à tradição romana, dá pouca atenção ao
semblante e apresenta essas figuras de frente, solenes e
formais; os olhos são grandes e olham para o alto,
pretendendo transmitir inquietudes transcendentais;
• Encontraremos dois modelos: a muito grande ou a pequena,
ambas escassas. As estátuas grandes são de pedra, mármore
geralmente; as pequenas são relevos organizados em
dípticos portáteis, feitos em marfim.
Arte Bizantina: Escultura

Modelo Escultura Bizantina


Arte Bizantina: Escultura
• Também manifestaram grande valor os relevos, nos quais os
soberanos perpetuaram histórias de suas vitórias. Do pouco
que foi preservado, conclui-se que, apesar de sua aparência
clássica, a representação ideal superou a real, priorizando a
postura frontal, mais austera;
• Não menos importante foi a escultura em marfim. As peças
de maior circulação eram chamadas dípticos consulares
(pintura ou relevo executado sobre duas pranchas de
madeira ou outro material, unidas por dobradiças), de
virtude e mestria incomparáveis. Serviam como emissários
enviados através de funcionários aos altos designatários
com a finalidade de informar-lhes sua nomeação.
Arte Bizantina: Escultura

Modelo Escultura Bizantina


Arte Bizantina: Escultura
• Cabe lembrar que houve uma ruptura no progresso da
escultura, devido à questão iconocrata, que, em 726,
seguindo um decreto imperial, proibiu, por mais de cem
anos, o uso das imagens religiosas, além de destruir os
ícones (imagens). A decisão assentava-se em questões
profundamente conflituosas, que abrangiam a relação do
divino com o humano na figura de Cristo, no tocante à
condição teológica da questão, enquanto o político e o
social revelavam a luta pelo poder entre a Igreja e o Estado.
Arte Bizantina: Escultura

Modelo Escultura Bizantina


Arte Bizantina: Mosaicos
• É com o mosaico que a arte bizantina atinge sua mais alta
expressão artística, não se destinando somente ao
ornamento das paredes e abóbadas das igrejas. Seguindo a
concepção desenvolvida por seus governantes, a arte
bizantina tinha também uma outra razão de ser, a de
doutrinar os cristãos, apresentando cenas da Sagrada
Escritura que traziam os ensinamentos de Cristo, dos
profetas e dos imperadores;
• Não foi a arte bizantina a única a lançar mão do uso do
mosaico, pois gregos e romanos já o fizeram anteriormente;
• Os romanos o utilizaram na decoração e demonstravam
grande habilidade no arranjo das figuras, para tratar temas
seculares, geralmente utilizando paisagens ao fundo.
Arte Bizantina: Mosaicos

Exemplo de Mosaico Bizantino


Arte Bizantina: Mosaicos
• No chão, empregavam cores mais limitadas ao tom das
pedras, que eram de mármore, e, por terem superfície lisa,
lhe conferiam um tom opaco;
• No mosaico bizantino, as peças eram feitas de vidro
brilhante, lançava-se mão de farta matiz de cores que
ajudava a realçar o brilho, devido à irregularidade
apresentada em sua superfície;
• Era usado em paredes e tetos, principalmente em domos e
absides das igrejas, sempre retratando temas espirituais,
tendo, num fundo abstrato, a cor ouro (usado com
exorbitância, pois julgava-se o ouro o maior bem existente
na Terra) sobre azul.
Arte Bizantina: Mosaicos

Exemplo de Mosaico Bizantino


Arte Bizantina: Arquitetura
• A arquitetura também foi iluminada e conduzida pela
religião, atingindo sua representação mais completa na
edificação de igrejas. É justamente nas construções
religiosas que se revelam as distintas influências absorvidas
pela arte bizantina;
• A confirmação do cristianismo acontece paralelamente ao
momento de esplendor da capital do Império Bizantino.
Constantino inicia a renovação arquitetônica de
Constantinopla, construindo teatros, termas, palácios e,
sobretudo, igrejas; uma vez oficializado o cristianismo, isso
era indispensável para tornar visível sua natureza
decisivamente pública em edificações abertas ao culto
religioso.
Arte Bizantina: Arquitetura

Igreja de Santa Sofia


Arte Bizantina: Arquitetura
• As primeiras igrejas acompanharam o modelo das salas da
basílica grega: uma galeria, às vezes ladeada por torres,
permitia a entrada à nave principal, separada por fileiras de
colunas de uma ou duas naves laterais;
• Na parte oeste, a nave principal se comunicava com a
abside (terminação em forma de abóbada semicircular de
uma construção arquitetônica, muito utilizada em igrejas); o
teto era feito de alvenaria e madeira. A representação dessas
igrejas era bastante exata: o espaço central alongado,
simbolizando o caminho percorrido pelo fiel rumo ao
consubstancial, expresso na abside. Posteriormente, esse
padrão foi substituído pelas plantas centralizadas circulares,
como a dos panteões, e as plantas octogonais.
Arte Bizantina: Arquitetura

Igreja de São Vital


Arte Bizantina: Arquitetura
• Foi nesse momento que se iniciou a construção das igrejas
de planta de cruz grega, coberta por cúpulas em forma de
pendentes, obtendo-se assim a possibilidade de fechar
espaços quadrados com teto de base circular. As
características predominantes seriam a cúpula (parte
superior e côncava dos edifícios) e a planta de eixo central,
também chamada de planta de cruz grega (quatro braços
iguais);
• A cúpula buscava retratar a abóbada celeste. Esse processo,
que parece já ter sido utilizado em séculos anteriores e
inclusive na Roma Antiga, se transformou na representação
do poderio bizantino.
Arte Bizantina: Arquitetura

Igreja de Santa Sofia


Arte Bizantina: Arquitetura
• Os arquitetos bizantinos conservaram o feitio arredondado
das cúpulas, não empregando o tambor (grande arco
circular sobre o qual se assenta a cúpula) diretamente sobre
a base quadrada: em cada um de seus lados ergueram um
arco, sobre os quatro arcos colocaram um tambor e, por
último, sobre este, com simplicidade e segurança, aplicaram
a cúpula. Desse modo, os arquitetos bizantinos conseguiram
sobrepor a uma edificação quadrada uma cúpula
arredondada, utilizando o sistema de pendentes,
“triângulos” curvilíneos configurados pelos intervalos entre
os arcos, que formavam a base sobre a qual era colocado o
tambor.
Arte Bizantina: Arquitetura

Igreja de Santa Sofia


Arte Bizantina: Ravena
• Com o declínio do Império Romano do ocidente e a
conseqüente perda do poder de Roma, tomada pelos
bárbaros, Ravena, cidade da região centro-sul da Itália,
adquire enorme importância política e militar, tornando-se
residência dos imperadores a partir de 584;
• O surgimento de edificações religiosas em Ravena
corresponde ao domínio de Justiniano, que vai de 527 a
565. É inegável que este foi o período em que a arte mais se
aperfeiçoou. Tem como principais edificações: a igreja de
São Vital, a igreja de Santo Apolinário in Classe, a igreja de
Santo Apolinário Novo e o mausoléu de Gala Placídia.
Arte Bizantina: Ravena

Igreja de São Vital


Arte Bizantina: Ravena
• A igreja de São Vital, considerada a mais importante
construída em Ravena na época de Justiniano, apresenta
uma planta octogonal, com um núcleo central abobadado.
Em virtude da planta octogonal, o espaço interno exibe
perspectivas diferentes das outras igrejas. A fusão esmerada
de arcos, colunas e capitéis proporciona os componentes
arquitetônicos apropriados para assentar-se mármores e
mosaicos que, com seu rico colorido, sugerem a arte do
Oriente.
• Nessa igreja de planta central quadrada, não acharemos
quase nada que faça lembrar o eixo longitudinal da basílica
primitiva cristã. O intrincado do exterior equipara-se à
riqueza do espaço interior, com sua magnânima decoração.
Arte Bizantina: Ravena

Igreja de São Vital – Interior


Arte Bizantina: Ravena
• Nos mosaicos de seu interior, encontraremos nas figuras do
imperador Justiniano e de sua esposa, a imperatriz Teodora,
a exata simbologia do compromisso da arte bizantina com o
Império e a religião;
• Em 565, após a morte do imperador Justiniano, as
dificuldades políticas de união entre o Ocidente e o Oriente
se agravam. O Império Bizantino, mesmo tendo sofrido
períodos de declínio político e cultural, consegue sobreviver
até o final da Idade Média, momento em que
Constantinopla é invadida pelos turcos.
Arte Bizantina: Ravena

Igreja de São Vital – Interior


Arte Bizantina: Vídeo
Fim

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