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Inês Miranda | Universidade dos Açores

Trabalho realizado no âmbito da


disciplina de História Antiga, do
1º ano, Licenciatura em História,
no ano letivo 2021/2022

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Inês Miranda | Universidade dos Açores

Índice

Introdução .......................................................................................................................................... 3

1. A Origem ..................................................................................................................................... 3

2. Estrutura da sociedade romana arcaica .................................................................................... 4

Conclusão............................................................................................................................................ 5

Anexos ................................................................................................................................................ 6

Bibliografia.......................................................................................................................................... 8

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Inês Miranda | Universidade dos Açores

Introdução

O presente trabalho é sobre a sociedade romana arcaica, mais concretamente como esta
surgiu, a estrutura desta sociedade.

O objetivo deste trabalho é aprender mais sobre a Roma Antiga, aprofundando, obviamente,
a vertente social desta, no período arcaico. Ao todo está organizado em dois capítulos: O
primeiro faz uma pequena referência à fundação de Roma, tanto a lenda como o que se pensa
o que realmente aconteceu, e o surgimento da organização social arcaica em Roma, E, por
fim, no segundo capítulo, é abordado a estrutura da sociedade romana antiga~

1. A Origem

Não é surpreendente que se diga que aquilo que conhecemos da história dos primórdios do
Estado romano, desde a Monarquia até à República, são apenas aspetos gerais. Em relação à
fundação de Roma, existem duas versões, por assim dizer, pois não há certezas de como
realmente se deu a origem, então certeza que existe muito mais que uma versão, mas
consideremos que exista a versão “real” e a lenda.

Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C., por Rómulo, primeiro rei desta cidade e um
dos gémeos da sacerdotisa Reia Sílvia, descendente de Eneias, e o deus da guerra, deus Marte.
Rómulo e Remo foram abandonados num cesto nas águas do rio Tibre, a mando de Amúlio,
rei da Alba Longa e tio de Reia. O cesto é encontrado por uma loba que os amamenta1. Anos
depois, há uma disputa entre os gémeos, que resulta na morte de Remo e a fundação de
Roma no dia 21 de abril de 753 a.C.

Obviamente, não há como saber com precisão o que de facto aconteceu, do quanto da lenda
é mentira e quanto é verídico. Considerado o maior histográfico da época romana, Quintus
Fabius Pictor, foi um político da gens2 Fabia3 da República Romana, tenta explicar aquilo que

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Representação do momento está presente na figura 1, nos anexos (pág. 6)
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Gens – é aproximado a um clã, “[…] constituíam uma associação de carácter religioso responsável pela
celebração dos seus próprios ritos (sacra gentilícia) […]” vide LFÖLDY, Géza, A História Social Roma, 1ª edição
[tradução de Maria do Carmo Cary], Lisboa, Editorial presença, 1988, pág. 21
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Fabia - eram uma gens, cujo membros eram chamados de Fabius, era uma das mais antigas gens patrícias da
Roma Antiga. Vide LFÖLDY, Géza, A História Social Roma, 1ª edição [tradução de Maria do Carmo Cary], Lisboa,
Editorial presença, 1988, pág. 21

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foi conversado pelas tradições orais. No entanto, essa versão foi influenciada pela lenda,
como seria de esperar. O que conhecemos foi alterado por Lívio e Dionísio de Halicarnasso,
influenciados pela perspetiva ideológica da época de Augusto.

Assim, sendo, grande parte do que conhecemos sobre a Roma primitiva, como, por exemplo,
a sua base e relacionamento sociais, não devem ser tida como verdade absoluta.

2. Estrutura da sociedade romana arcaica

Durante a época monárquica da Roma, o povo romano encontrava-se divido em três tribos,
a Tities (também podendo ser chamada de Titienses), Ramnes (Ramnenses) e Luceres, isto
permitia um melhor controlo da população urbana rural. O surgimento de diversas
organizações políticas, como a Gens e o Tribuno4, está associada a estas tribos5

Algo que não deve de forma alguma ser esquecido quando falamos sobre a estrutura da
sociedade romana arcaica, são as famílias primitivas, que eram tidas como unidades
económicas, sociais e religiosas. Em todas as famílias havia um chefe de família (em latim,
pater familias), o mais elevado estatuto familiar (status familiae) na Roma Antiga. Como o
nome sugere (pater familias significa, literalmente, “Pai de família”), quem ocupa este título
tem que ser obrigatoriamente uma figura masculina. Este administrava os bens da família6 e
orientava a atividade económica da mesma, em especial, à propriedade agrícola familiar.
Também tomava decisões de cariz jurídico, relacionados à família, como por exemplo, o
casamento, ou a aplicação de castigos caso algum membro da família cometesse uma
infração, e era o responsável pelo cultos dos antepassados, assim sendo: “O pater familias
era, ao mesmo tempo, chefe político, sacerdote e juiz […]”7

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Existem diversos tipos de Tribunos, como por exemplo “tribunus celerum, que durante a monarquia era o chefe
do corpo de cavalaria; o tribunus aerarii, que, no seio de cada uma das tribos, se encarregava da gestão
financeira e recrutava os soldados; o tribunus militum” vide tribuno na Infopédia, Porto Editora [consult. 2022-
01-17]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$tribuno
5
Informação retirada de CENTENO, Rui Manuel Sobral (coord.), As civilizações clássicas II – Roma, Lisboa,
Universidade Aberta, 2014
6
A administração dos bens da família em latim é “bonorum administrativo”, enquanto os próprios “bens de
família” em latim são “res familiaris” vide ALFÖLDY, Géza, A História Social Roma, 1ª edição [tradução de Maria
do Carmo Cary], Lisboa, Editorial presença, 1988, pág. 21
7
Vide WOLKER, António Carlos, Fundamentos da História do Direito, 3ª edição, Belo Horizonte, 2005, pág. 75

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A nível superior, temos as Gens, que já foram mencionadas e explicadas no capítulo anterior.
Um facto curioso sobre as Gens é que as pessoas que as constituíam, além do seu nome
individual, também utilizava um nome comum (nomen gentile), o Quintus Fabius Pictor é um
exemplo perfeito disto. Inicialmente, estes títulos eram só reservados à nobreza, mas logo
depois foram adotados pela plebe8.

Por fim, é impossível falar sobre a estrutura da sociedade romana sem aprofundar os termos
patrício9 e a plebe. Sobre as suas origens, nada é muito certo. Em relação aos patrícios, há
autores que devem que os estes seriam os descendentes das pessoas, designados por patres,
que integravam o conselho de anciãos (senatus), no entanto, aquela que é considerada a
melhor explicação para a origem de patriciado, está na aristocracia equestre, do período da
monarquia etrusca.

A plebe teve as suas origens na Monarquia, constituída por homens livres, tinham direitos de
cidadania, mas não tinhas os privilégios dos patrícios. As características deste grupo social
são só marcadas após um conflito, um pouco depois de 500 a.C., que se oponha aos patrícios.
Assim, em padrões das tradições antigas posteriores, a plebe faz-nos lembrar dos
camponeses.

Conclusão

Muito do que sabemos sobre a origem da Roma é baseada na lenda, não é possível ter
certezas em concreto do que aconteceu. Todavia, se formos analisar melhor esta questão,
qualquer parte da História está sujeita a mudanças, as certezas que temos hoje, com um
achado arqueológico, por exemplo, podem mudar, afinal a História é um ciência em constante
mudança, nada é definitivo.

Assim, devido a este trabalho, foi-me permitido conhecer de forma mais detalhada o período
arcaico na Roma Antiga.

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O termo vem de plebs, que significa multidão, que por sua vez tem origem de plere, que significa encher,
informação vide ALFÖLDY, Géza, A História Social Roma, 1ª edição [tradução de Maria do Carmo Cary], Lisboa,
Editorial presença, 1988, pág. 21
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Nos anexos, na página 6, há uma representação do que seria uma patrício

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Anexos

Fig. 1 – Loba Capitolina, autor desconhecido, bronze, século VI a.C, 75cm, atualmente
encontra-se nos Museus Capitolinos, Roma, Itália [vista de frente]. Possivelmente é uma
escultura etrusca, com a exceção dos gémeos, que foram adicionados durante o
renascimento, século XV. Disponível em: https://shortest.link/2kW- (consultado em
31/12/2021)

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Fig. 2 – Togatus Barberinia ou Patrício a segurar dois imagines maiorum, autor desconhecido,
mármore, século I d.C, 165m, atualmente encontra-se em Centrale Montemartini, em Roma,
Itália [vista de lado]. É a representação de um patrício a segurar dois imagines maiorum. Durante
o período republicano, faziam-se máscaras de cera dos familiares falecidos para os honrarem e
a partir dessas máscaras faziam-se bustos dos antepassados (imagines maiorum). Disponível
em: https://digital.lib.buffalo.edu/items/show/34659 (Consultado em 10/01/2021)

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Bibliografia

• ALFÖLDY, Géza, A História Social Roma, 1ª edição [tradução de Maria do Carmo Cary], Lisboa,
Editorial presença, 1988
• CENTENO, Rui Manuel Sobral (coord.), As civilizações clássicas II – Roma, Lisboa, Universidade
Aberta, 2014
• GRIMAL, Pierre, A Civilização Romana [tradução de Isabel St. Aubyn], Lisboa, Edições 70, 1984
• PEREIRA, Maria Helena da Rocha, Estudos de História da Cultura Clássica, Vol. 2, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian, 1998
• WOLKER, António Carlos, Fundamentos da História do Direito, 3ª edição, Belo Horizonte, 2005

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