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TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO
Nº 2021111508
PONTA DELGADA
21 DE NOVEMBRO DE 2022
Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Índice
Introdução ............................................................................................................................. 3
4. O Anonimato e subjetividade..................................................................................... 11
5. Os Artistas....................................................................................................................... 12
Conclusão ............................................................................................................................ 15
Bibliografia ......................................................................................................................... 16
Anexos ................................................................................................................................. 17
1
Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Resumo
Além disso, também será mencionado como este movimento se relaciona com o consumismo
e a produção de produtos em massa. Será feito uma análise sobre a linha ténue entre a produção
em abundância, que faz com que a arte perca o seu significado, e a importância de a arte ser
acessível às massas, não ficando restringida às elites.
Também são mencionados os artistas Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Keith Haring e Rosalyn
Drexler, quatro grandes artistas americanos deste movimento, assim como algumas das suas
obras.
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Introdução
O presente trabalho tem por tema o estilo artístico Pop-Art. Foi realizado no âmbito da
disciplina da História dos Estados Unidos da América, no ano letivo de 2022/2023, no primeiro
semestre do 2º ano da licenciatura em História na Universidade dos Açores.
O trabalho tem como o objetivo aprofundar o conhecimento neste estilo de arte, entendendo
de que forma é importante para o entendimento daquilo a que chamamos o “estilo de vida
americano” e de que forma ela se relaciona com o consumismo.
O motivo pelo qual a arte tem importância é simplesmente porque ela retrata a mentalidade
daqueles que viveram na época em que esta foi feita está, e o Pop-Art não é exceção à regra,
pois por mais que pareça apenas algo extremamente industrializado e “fácil” de ser feito, este
movimento nos ajuda a entender qual foi o impacto da produção em massa e da acessibilidade
da arte.
O trabalho ao todo está organizado em cinco capítulos, além da introdução do tema, como é
óbvio. O primeiro diz respeito à definição de arte e como ela é complexa. No segundo, será
abordado o que é de facto o que é o Pop-Art e qual é o seu contexto, características gerais e os
seus temas mais frequentes. Também temos o terceiro capítulo, onde ficará explícito como este
movimento artístico se relaciona com o consumismo e a produção em massa. Já no quarto
estará presente como os artistas da altura encaravam o autorretrato e como eles viam a se
própria identidade. No quinto capítulo, será mencionado um pouco sobre quatro artistas
relevantes para este movimento, sendo estes Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Keith Haring e
Rosalyn Drexler. Por fim, no final deste trabalho, após a conclusão e a bibliografia, estarão
presentes nos anexos algumas das obras mencionadas ao longo do trabalho.
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
1. O que é a Arte?
“My work isn't about form. It's about seeing. I'm excited about seeing things, and I'm
interested in the way I think other people see things.”
— Roy Lichtenstein
Não é admiração nenhuma quando se diz que a arte é algo que muito dificilmente pode ser
definido. Ao longo dos anos, a forma como a humanidade vê a arte mudou, regras que foram
criadas em épocas anteriores foram rompidas com novas perspetivas do que deveria ser a arte.
Os nossos ideais e o nosso senso de “correto” ao longo dos anos, aquilo que era considerado
mais importante para nós como humanidade, o que poderia ou não ser exposto também, afinal,
não nos podemos esquecer que por mais liberdade que um artista tenha quando pega em, por
exemplo, num pincel ou num cinzel, há quem não aprove e considere moralmente incorreto.
Para não falar que a arte que era comum na Europa podia, com quase toda a certeza, ser
diferente nos outros cantos do mundo, como no continente asiático ou africano, além das
diferenças artísticas entre as nações entre si, afinal, nem todos temos a mesma cultura e
tradições. A nossa própria evolução tecnológica contribuiu para isso, uma vez que ao longo
dos anos, foram inventados novos utensílios e descobertos novos materiais.
A arte é um termo complexo e apesar de inúmeros filósofos ao longo dos anos terem tentado
definir, a conclusão a que se chegou é que até à data não é possível definir com exatidão a
mesma: “Os críticos de arte e historiadores dedicaram um notável esforço engenho para separar
as várias características destas diferentes características estilísticas definidas”1 No entanto,
entre os artistas a definição de arte mais aceite é que é uma forma de expressão feita pela mão
do Homem. Arte deve fazer o público sentir algo, incluindo emoções negativas.
Também é interessante mencionar que aquilo que consideramos ser a primeira forma de
expressão de arte, a dita “arte rupestre”, nunca teve intenção de ser arte, pelo menos da forma
como vemos esta hoje em dia, mas ainda a consideramos como tal.
A arte surge em diferentes formas e feitios, com cores mais claras, outras mais fortes. Há temas
infinitos e há sensações diferentes para cada um dela, pelo que é uma área vasta. É quase
impossível disser que não se gosta de arte quando ela existe em praticamente tudo o que existe.
1
Vide HONNEF, 2005, pág. 8
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Pintura, escultura, fotografia, cinema, até mesmo a própria escrita. Há tudo para todos os gostos
e se há uma pessoa que afirma não gostar dessa área é porque quase de certeza ainda não
conseguiu encontrar algo que se encaixe no seu gosto.
Apesar de ter surgido na década de 1950 no Reino Unido, o movimento artístico Pop-Art
chegou ao seu ápice na década de 1960 nos Estados Unidos. Pop-Art é diminutivo de Popular
Art e este nome foi atribuído pelo crítico de arte britânico Laurence Alloway, que trabalhou
nos Estados Unidos na altura do dito “boom” do Pop-Art. O termo “popular” inicialmente
tinha o significado de “produção em massa e acessível, pelo menos nas mentes de Laurence
Alloway do Independent Group”2
A primeira imagem relacionada a esse movimento foi feita por Richard Hamilton, cujo título
é: “O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?”3, uma colagem
que tem presentes diversos elementos do quotidiano, que refletem o avanço tecnológico da
altura em que foi feito, como, por exemplo, “um aspirador de pó, enlatados e produtos com
embalagens vistosas”4, tem por tema o mundo Pós-Guerra, um mundo em que tudo se torna
mais acessível para todos através das redes de comunicação, da produção industrial e do
consumo em massa. Segundo Lívia Barbosa, era uma sociedade que celebrava a cultura de
consumo, a sociedade de mercado e a nova “concepção das fontes de prazer”5
2
Vide MCCARTHY, 2002, pág. 15
3
Imagem presente nos anexos, página 12
4
Vide SANTOS, 2007, pág. 213
5
Vide BARBOSA, 2004, pág. 50
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Apesar de estarem no mesmo movimento, a verdade é que a forma como ambos os países o
encaram é diferente, como foi mencionado no capítulo anterior, consoante o lugar onde estamos
e a nossa cultura, a interpretação do ambiente que está à nossa volta é diferente. Assim, uma
das grandes diferenças entre o Pop-Art americano e a Pop-Art britânica é que este último tinha
um tom mais leve e incorporava o humor na arte, numa forma satírica criticava a sociedade.
Por sua vez, a Pop-Art americana era quase como um “produto do marketing”, a publicidade é
algo extremamente importante nos Estados Unidos na década de 60, ainda que muitas das
vezes, na arte, essa publicidade não fosse proposital: o objetivo era criticar, mas acabava por
incentivar ainda mais a venda e o consumo, um assunto que será mais abordado no capítulo
“Produção e Consumo” deste mesmo trabalho.
2.1 Contexto
É uma arte que surge após a Segunda Guerra Mundial, no qual os Estados Unidos da América
eram considerados os grandes vencedores, tendo em conta que como o palco da guerra foi na
Europa, o território não foi alvo de massivos bombardeamentos. Os Estados Unidos da América
encontravam-se num período de grandes transformações ao nível da economia, cultura, arte,
política. Os norte-americanos encontravam-se num período de crescimento económico. Tudo
isto era uma vantagem para a criação de um novo movimento, já que arte procura sempre, de
certa forma, registar a mudança.
Em termos estatístico, entre 1939 e 1945, “os EUA entraram num período de desenvolvimento
resultante do aumento do produto nacional bruto, do incremento da produtividade agrícola e
industrial e da descida das taxas de desemprego. Para dar um exemplo, as importações
aumentaram aproximadamente 75%, enquanto as exportações atingiram os 340%”
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
estudado, com uma apurada consciência dos seus precedentes históricos.”6 Pop-Art é um
movimento relacionado com o Dadaísmo e o Surrealismo.
São utilizados novos materiais como tinta acrílica, poliéster, látex, entre outros. É uma arte
muito experimentalista, ou seja, quantos mais materiais forem misturados melhor. A
diversidade era importante. Os artistas utilizam cores fortes, que cativam a nossa atenção,
sendo exemplo o vermelho, o azul e o amarelo.
Há uma representação de objetos do quotidiano numa escala maior do que aquela que
corresponde à realidade, sendo exemplo disto Claes Oldenburg que entre suas obras tem uma
“Pasta de Dentes” e um “Lipstick” gigantes.
A serigrafia é uma técnica artística da gravura chinesa que foi criada durante a Dinastia Sung,
ou seja, entre os anos de 960 a 1279. Em poucas palavras, serigrafia é um tipo de impressão de
texto ou figura em uma superfície usando uma tela preparada. Apesar desta técnica ser tão
antiga, ela era fortemente crítica até utilização por Andy Warhol, onde passou a ser aclamada.
Ela constitui muitas das obras do movimento. Muito provavelmente o motivo pelo qual ser
uma técnica tão mal vista é porque era uma forma mais rápida de fazer gravuras: era muito
mais valorizado se as peças fossem todas feitas com o seu devido tempo uma a uma, não
importando o quão trabalhoso isso poderia ser. Esta discussão pode ser trazida para os dias
presentes. Neste caso, a discussão seria entre artistas tradicionais e digitais, pois estes segundos
têm acesso a uma variedade de “pincéis” dentro dos programas que são capazes de gerar
imagens pré-desenhadas pelo artista, que podem ser repetidas quantas vezes este quiser. Os
artistas tradicionais consideram então que arte digital não é uma verdadeira arte, uma vez que
“tem o seu trabalho facilitado”, o que é mentira, já que se tivermos em consideração o mangá,
uma espécie de banda desenha japonesa, na altura em que começou a ser publicado, era tudo
desenhado à mão, fazendo sentir a urgência de criar modelos de papel de padrão já existente,
em que teriam que somente recortar nas formas desejadas, para que não tenham que perder
demasiado tempo nelas, acelerando assim o processo.
6
Vide MCCARTHY, 2002, pág. 15
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Durante a pesquisa deste trabalho, também foi encontrado um site que apontava a oposição do
abstracionismo como uma das características gerais deste movimento, o que depois de uma
pequena pesquisa, é provado mentira: há diversos quadros que são abstratos neste movimento.
Quem tinha esse pensamento anti abstracionista eram Jasper Johns e Robert Rauschenberg, que
acreditavam que o facto de não haver formas nas obras fazia com que as pessoas se afastassem
da arte, acreditavam que a arte tinha de ser algo que pudesse ser compreendido. Pelo que, tendo
em conta que esta opinião se reserva apenas um pequeno grupo de artistas e não dos artistas
como um todo, não pode ser considerado uma característica geral. Isto também serve como
exemplo para termos atenção às fontes que utilizamos nos trabalhos, uma vez que podem nem
sempre estar corretas. A vantagem de fazer um trabalho sobre um estilo de arte é que podemos
comprovar os pontos com imagens. Sendo assim, um exemplo de obras que são abstratas e
fazem parte do movimento são obras de Jasper Johns, como “Between the clock and the bed”
e “Decoy”.
O movimento tem como característica geral a crítica ao consumismo, mas isto só será
desenvolvido no capítulo “Produção e Consumo” deste trabalho, uma vez que é a base do Pop-
Art americano e pede um capítulo exclusivo somente para esta questão.
2.2. Temas
Acerca dos temas que estão presentes e que são o grande foco da maioria dos artistas, temos:
Exemplos de grandes celebridades que eram representadas nos trabalhos são Marilyn Monroe,
John F. Kennedy, Elvis Presley. Esta primeira, foi uma atriz, modelo e cantora norte-americana
que foi representada incontáveis vezes neste movimento, cada uma delas única. O seu rosto é
quase como a cara de marca do Pop-Art, embora nunca se pode resumir um movimento apenas
a uma obra.
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Concretamente sobre o estilo de vida americano, a forma como este movimento a aborda tem
a ver com aquilo que falei inicialmente no trabalho: a arte é uma reflexão do tempo em que
está é feita. Assim, em muitas das obras podemos ver a reflexão da sociedade americana dos
anos 60. Quais os produtos que todos consumiam, quais as roupas que eram usadas e como é
que esta sociedade se tornou tão consumista após a segunda guerra mundial.
Em muitas das publicidades também são representadas qual seria o papel da mulher nessa
sociedade, incentivando-as a comprar produtos que a ajudariam a ser uma “melhor dona de
casa”, ou então “uma melhor esposa e mãe”. Obviamente, não eram todas as que tinham esse
pensamento e queria testar os seus limites, como Rosalyn Drexler que chegou a ser uma
lutadora de wrestling profissional.
É importante também mencionar que apesar de serem as principais temáticas, nem todas as
obras tinham somente estes temas, além destes existem muitos mais, que são representados de
diversas formas.
3. Produção e o consumo
A relação entre a Pop-Art e o consumismo é um tanto irónica, porque aquilo que é criticado é
a razão pela qual este movimento foi tão difundido. Como dizia Richard Hamilton no seu ensaio
de 19617 “o artista da vida urbana do século XX é, inevitavelmente, um consumidor da cultura
de massas e, potencialmente alguém que contribui para a mesma”8, ainda que tentassem criticar
e ir contra o sistema, acabavam por ser imersos nessa cultura de consumo.
A mensagem inicial do movimento é completamente perdida assim que está chega ao público,
que ao ver, por exemplo, as latas de sopa de Campbell de Andy Warhol, cuja mensagem inicial
era fazer uma crítica ao consumismo, as vendas do produto aumentaram após a exposição do
mesmo, fazendo assim uma publicidade não intencional.
Há uma linha ténue entre a elitização da arte e o consumo excessivo a que leva à criação de
obras com um significado vazio que só é feito para consumo rápido e depois descartamos por
completo após consumida, como é exemplo de muitas das séries produzidas atualmente.
7
O ensaio que é referido é o “For the Finest Art Try Pop”
8
Vide HARRISON e WOOD, 1992, pág. 727
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Embora seja importante todos terem acesso à arte e não somente os ricos, é difícil definir até
onde se pode ir sem que esta seja completamente banalizada. Além da questão quanto
realmente se torna um exagero o preço que um artista atribui à sua própria obra.
O que se pode fazer para manter a arte acessível as pessoas é que a arte mantenha a
individualidade da expressão como a sua essência. O que é algo extremamente ameaçado, nos
dias de hoje, por conta da inteligência artificial: programadores conseguiram criar sistemas em
que é possível gerar imagens com palavras. Parece ser algo incrível em princípio, só que isto
tem um grande senão: as imagens geradas pelos computadores têm os seus exemplos roubados
de artes já existentes por artistas que nunca permitiram a sua utilização. Neste preciso
momento, em dezembro de 2022, há um movimento contra a tudo isto e em especial chamar
imagens feitas por inteligência artificial de “arte” e os programadores de “artistas”. Há quem
defenda que ambos devem coexistir, que pode ser algo extremamente útil, isto, obviamente, da
visão das pessoas que não criam, mas a grande maioria dos artistas parecem concordar que isso
nunca será possível, já que o que programa faz é praticamente o mesmo que plágio. Apesar de
haver alguns erros que nos permite distinguir quem fez o quê: obras feitas por inteligência
artificial parecem ter uma certa dificuldade em gerar mãos, há mãos com mais de cinco dedos
ou a fazer movimentos que certamente não seriam possíveis.
A questão é que cada dia que passa fica mais complicado distinguir quais obras são feitas por
mão humana e quais são as obras geradas por um computador. Aquilo que afetava a arte na
idade moderna, também está a afetar na arte contemporânea (ainda que de uma forma um pouco
diferente): a obsessão pelo dinheiro, pelo sentimento de posse e querer sempre consumir mais
e mais faz com que tudo fique igual, cada vez mais se perde a essência do que é realmente uma
obra artística. Na idade moderna, as pessoas compravam e não se importavam com o
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
significado das obras, apenas queriam algo para exibir em suas casas, já na era digital nem
fisicamente esse consumismo é feito, o que nos faz questionar: é isto o futuro da arte? Um link
de uma imagem exatamente igual com a outras milhares com a mera diferença de um acessório
ou outro? Sem qualquer tipo de sentimento ou além da ganância e a vontade de fazer dinheiro
fácil?
A Pop-Art também traz à tona a questão do padrão e senso de estética: Nós realmente
desgostamos/gostamos de algo ou fomos educados a isso? Ou estamos condicionados a
comprar um produto só porque todos os outros o consomem? Se apresentarmos uma obra de
Jean-Michel Basquiat ao lado de uma pintura do renascimento e perguntamos a alguém qual
gosta mais, o mais certo é que a resposta deve ser a segunda.
Mas será porque é que as pessoas realmente gostam de ou é só porque fomos ensinados a tal?
Provavelmente, será uma questão que nunca teremos uma resposta, já que é de um âmbito
abstrato e, dependente da resposta, seria difícil para a humanidade, aceitar que os nossos gostos
são condicionados pela sociedade, não importa o quanto tentemos fugir disso.
4. O Anonimato e subjetividade
Muitos dos autorretratos que são feitos pelos artistas da altura, não tem cara, sendo substituídos
por objetos ou nem aparecendo de todo na imagem. Isso não significa que os artistas eram
anónimos, era mais uma forma de mostrar como eles mesmos se veem e uma forma de reagir
à despersonalização que surgiu após a sociedade de massas9. É seguido o conceito de que “se
todos temos as mesmas coisas e os mesmos gostos, quem somos nós enquanto indivíduos?”
Assim, assim como a sociedade de uma forma geral não tem uma individualidade, os artistas
também adotam essa “não-individualidade”, tanto nas representações de si mesmo, como as
suas obras. Roy Lichtenstein é um grande exemplo disso, já que ele adota essa característica
em todas as obras de arte, sendo completamente fiel a essa ideologia. As suas obras são
propositalmente superficiais, ao mesmo tempo que tem um enorme significado. As pessoas
superficiais ficaram apenas com imagens que não tem contexto nenhum além de ser uma
“imitação” de outras já existentes, podendo no máximo admirar a sua técnica.
9
Vide OSTERWOLD, 1994, pág. 53
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Também nos mostra autorretrato não precisa necessariamente ser a representação realista da
nossa pessoa, mas sim um conceito, a forma como nós nos visualizamos, como resposta à
questão “como é que eu me vejo?” e “quem é que eu sou?” apesar disso não ser algo exclusivo
somente deste movimento artístico.
5. Os Artistas
Claro que é possível escrever um trabalho sobre um movimento artístico sem mencionar os
precursores do mesmo, afinal, são eles que fazem com que este existia. São incontáveis os
artistas deste movimento, cada um deles com a sua própria interpretação do mesmo. Apesar
dos artistas adotarem uma “despersonalização” e a tentativa de representar a perca da
individualização, a verdade é que inegável a sua criatividade para como os temas e a forma
como eles os trabalham.
Assim, tendo em consideração, selecionei quatro artistas que considero importantes para o
movimento e que têm as suas próprias formas de ver o mundo, diferentes um dos outros.
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Imagens disponíveis nos anexos, página 12
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Retirado de declaração de Roy Lichtenstein numa conversa com Raphael Sorin, em 1967, ao falar sobre os
objetivos principais da sua arte
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Roy Lichtenstein baseou sua carreira profundamente na imitação, começando por representar
imagens de banda desenhada e anúncios no início dos anos 1960 no seu próprio estilo, como é
o caso das obras “Drowning Girl” e “Look, Mickey”13. Este segundo quadro foi feito a pedido
do seu filho, que após apontar uma ilustração, o desafiou, afirmando que não conseguiria
desenhar tão quanto esta.
Também é criador da frase sobre “No futuro, todo mundo será famoso durante quinze minutos”,
o que no contexto dos dias de hoje ainda faz total sentido e realmente é exatamente o que
acontece. Com as redes sociais, após a publicação de um vídeo engraçado e curto, este pode
ser falado e partilhado durante um curto espaço de tempo, dando imensa fama à pessoa, ou ao
grupo de pessoas, que são protagonistas do mesmo e depois ser totalmente esquecido pelas
pessoas que partilharam em primeiro lugar. É necessário ter especial atenção à expressão
“curto”, pois cada vez mais as pessoas se recusam a assistir vídeos demasiado longos. Isso até
mesmo se reflete nas músicas, que também sofreram grandes alterações nos últimos tempos.
Isto transmite a ideia de que mesmo na década de 60/70 já se tinha ideia de como o mundo iria
evoluir e que na verdade a humanidade não é completamente imprevisível.
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Vide OSTERWOLD, 1994, pág. 183
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Imagens disponíveis nos anexos, página 13 e 14
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
As formas do seu trabalho são extremamente simples, as figuras não têm rosto e são
extremamente parecidas aquilo que se chama “bonecos de palitinhos”, o desenho comum feito
por uma criança. As cores que utilizam são fortes, estão muito presentes o amarelo, o rosa,
azul, que tem um forte contraste juntas.
Apesar das suas figuras serem extremamente simples, a verdade é que criar linhas perfeitas e
com formas tão definidas não é tarefa fácil, muitas vezes acabamos por esquecer que o produto
final das obras, ainda que nos pareça aleatório, ele foi calculado para ser assim e requer uma
enorme técnica.
Até à data deste trabalho, ainda está viva com os seus noventa e seis anos. Os seus temas
incluem o sexismo e a objetificação da mulher e o racismo que ela viu no sul dos Estados
Unidos durante uma turnê durante sua carreira no wrestling. Um exemplo do tema
“objetificação” é o seu quadro “Love and Violence”, em que apesar de, numa forma inicial, a
mulher parece estar a ser delicadamente a ser tocada no pescoço, a verdade é que o homem
presente no quarto está a apertá-lo, fazendo jus assim ao nome do quadro.
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Conclusão
Durante a realização deste trabalho, tive a oportunidade de aprender mais sobre a minha área
de interesse, a História das Artes, e me aventurar um pouco mais neste mundo cheio de imagens
e com críticas sociais em forma de pintura, escultura, fotos, entre outras áreas artísticas.
Foi possível aprender com mais detalhe como este movimento surgiu, as pessoas que estavam
por detrás dele e toda a questão de como a produção em massa mudou o mundo. Também me
foi possível ver obras de todos os tipos, tamanhos e cores e me aperceber da diferença entre
estes, passando a reconhecer quais obras são de cada artista sem necessariamente precisar de
ler as legendas das imagens.
As questões que são trazidas no Pop-Art continuam a ser discutidas ainda nos dias de hoje, o
que cumpre um dos fatores daquilo que as pessoas comumente associam à arte: prevalece ao
longo do tempo, ou seja, apesar de já terem algumas décadas de diferença entre o período do
estilo artístico e o tempo atual, este continua a ser relevante.
Dito isso, tenho noção que tinha a oportunidade de me alongar um pouco mais no tópico, afinal,
considero que o que foi escrito aqui somente a ponta do iceberg deste vasto movimento e que
muito mais poderia ter sido mencionado, como por exemplo, aprofundar mais na escultura ou
até mesmo mencionar mais artistas, no entanto, considero que para a proposta do trabalho, o
que foi mencionado é mais do que adequado para entender a importância do movimento
artístico e como as questões abordadas não são completamente diferentes daquelas que temos
hoje em dia, sendo a maior diferença a evolução tecnologia, o que nos faz questionar: como é
que estes artistas, ou pelo menos aqueles que, infelizmente, já faleceram, iriam encarar estas
mudanças?
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Bibliografia
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Anexos
Drowning Girl, Roy Lichtenstein, óleo e acrílico Look Mickey, Roy Lichtenstein, óleo sobre tela,
sobre tela, 171.6 cm × 169.5 cm, 1963, Museum 121.9 cm × 175.3 cm, 1961 retirado de
of Modern Art, Nova Iorque, retirado de https://www.imageduplicator.com/main.php?decad
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Roy_Lichten e=60&year=61&work_id=57 (consultado em
stein_Drowning_Girl.jpg ( consultado em 5/12/2022)
5/12/2022)
Latas de Sopa Campbell, Andy Warhol, Tinta de polímero sintético sobre tela, 50,8 cm ×
40,6 cm, 1962 localizado no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque retirado de
https://www.wikiart.org/pt/andy-warhol/latas-de-sopa-campbell-1962 (consultado em
5/12/2022)
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Inês Miranda | Universidade dos Açores | Licenciatura em História
Love and Violence, Rosalyn Drexler, Marilyn Pursued by Death, Rosalyn Drexler,
óleo, colagens de papel sobre tela, 172.1 acrílico, processo de prata colloidal sobre
x 154.3 cm, New York and Garth tela, 126.7 × 101.6 cm, 1963 retirado de
Greenan Gallery, Nova Iorque retirado https://whitney.org/collection/works/47595
de https://www.wikiart.org/en/rosalyn- (consultado em 5/12/2022) 19
drexler/love-and-violence-1963
(consultado em 5/12/2022)