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ARTE CONTEMPORÂNEA

ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GOMPERTZ, Will. Isso é Arte? 150 anos de Arte Moderna do Impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

- Profusão de estilos, formas, práticas e programas.


- Nenhum material desfruta o privilégio de ser o material da arte
(o que vale para técnica e método de trabalho).
- Ao lado da pintura, há o uso da fotografia, do vídeo, mas também de atividades variadas
como caminhadas, apertos de mão, cultivo de plantas... Imaterialidade.
- Gestos da vanguarda modernista são reinterpretados e
desenvolvidos: desafio à narrativa moderna.
- Grande inflexão do contemporâneo em arte – anos 60 na Europa e EUA –
Art Pop em diante, com o Minimalismo, Conceitualismo, Land Art,
Performance, Body Art, Instalação, etc.
- Apreciação renovada entre arte e vida; ideia de que o significado da obra não estava
necessariamente contido nela, mas no contexto em que ela existia: político, social, formal,
cultural, pessoal ( com questões de identidade, gênero, etc.)
Em 1961, Theodor Adorno, em sua Teoria Estética, afirma:

“Hoje aceitamos sem discussão que, em arte, nada pode ser entendido sem
discutir e, muito menos, sem pensar.”
ARTE MODERNA ARTE CONTEMPORÂNEA

- Objeto enquanto expressão material da - A obra é, em si mesma, objeto: arte-


cor e da forma. objeto.
- Propõe uma revolução no universo das - Propõe uma revolução no campo das
Formas. ideias, abrangendo esferas não
artísticas: política, corpo, sexualidade,
religião, ética, etc.
- Ressalta a autonomia da obra de arte. - Aproxima a obra da vida, e de seu
contexto social

- Nega a arte do passado. - Pretende que o passado esteja


disponível para qualquer uso que os
artistas queiram lhe dar.
- Via o Dadaísmo (movimento precursor - A Arte, como atitude (imaterialidade
da Arte Contemporânea), investiga presente); o artista, como inteligente
uma nova proposição da arte, do propositor de ideias; o espectador, como
artista e do espectador. agente, é participativo.
- Operação decisiva para a Arte Moderna e para a Arte Contemporânea -
apropriação dos objetos do cotidiano como dispositivo emblemático do processo
de rompimento com o espaço herdado do Renascimento.
Outras características da Arte Contemporânea:

- o efêmero – o momento, a passagem do tempo marcam boa parte das produções.

- a obra deixa de ser um objeto autônomo, resultado de um trabalho terminado,


para se tornar um processo em desenvolvimento, inacabado por sua própria
natureza (work in progress).

Radicalização:
- a apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de originalidade.
- a terceirização de etapas de construção da obra questiona o conceito de autoria.
- a repetição/reprodução da imagem, questiona ambos.

- Instalações, performances, happenings firmam-se enquanto expressões específicas


da arte; incorporação de novas tecnologias (vídeo arte, arte eletrônica).
- (Body Art, Land Art ou Arte Ambiental, etc.)
Após a Segunda Guerra Mundial, o centro financeiro do mundo se desloca para
os Estados Unidos, o mesmo aconteceu com a arte.

Artistas de vanguarda, filósofos, intelectuais europeus migraram para os EUA


fugindo da guerra e continuaram por lá...

Primeira grande inflexão:


A POP ART surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas foi nos EUA, no
início dos anos 60 que o movimento se popularizou, tendo como assunto os
objetos de consumo da sociedade.
POP ART
1956-70
Pop Art
Neodadaísmo
Novo Realismo
Surge como reação às obras de arte abstratas, tanto as vinculadas ao
abstracionismo geométrico, quanto as representativas do expressionismo abstrato.

Pop Art: busca a figuração, inspirada pelos produtos industriais da


sociedade da época.

(vestiário, alimentação, eletrodomésticos, automotivos, mas também,


produtos culturais: do cinema, história em quadrinhos, informação, etc.)

A Arte Pop quer trazer, para dentro das galerias, o popular.


Eduardo Paolozzi (1924-2005)

- influências: Dadaísmo, Surrealismo, Cubismo, Expressionismo.

Obra: Eu era o brinquedo de um ricaço, 1947.

- de dentro da bolha de fumaça branca que sai da pistola está


a palavra “Pop” - primeira vez em que tal palavra foi usada no contexto da arte.
Tal trabalho, dado o contexto em que se apresenta – o da natureza da cultura de
consumo – é tido como o primeiro exemplo, precursor da art pop, que se consumaria
uma década depois.
- colagem ao estilo das revistas em quadrinhos, público jovem,
cultura popular, sexo casual, meios de comunicação de massa, associação do
comercial ao político, poder das celebridades, mercadorias de massa, publicidade:
as “drogas” do capitalismo.
Eduardo Paolozzi, Eu era o brinquedo de um ricaço, 1947.
Fascínio da colagem – garrafa de coca-cola é tomada como
“promessa de gratificação instantânea do mercado de massas.”

Espírito fundamental da Pop Art:

- a crença de que imagens de revista eram tão válidas quanto pinturas ou esculturas para
criticar a sociedade – a intenção era borrar o limite entre ambas FORMAS DE ARTE.

O FASCÍNIO PELA CULTURA DE CONSUMO aparece como ideal


compartilhado por um grupo que ficou conhecido como GRUPO INDEPENDENTES-
artistas, arquitetos, professores radicados em Londres.

Entre os mesmos, Richard Hamilton.


Richard Hamilton (1922-2011)

- fundamental para a Pop Art em seus primórdios, na Grã-Bretanha.

Exposição This is Tomorrow, em 1956, em Londres.

Uma colagem feita para funcionar como cartaz desta exposição, torna-se obra –
obra definidora da pop art no final dos anos 50.

Obra: O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes (1956)
O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes (1956)
Segundo o artista, tal obra foi baseada em Adão e Eva no Jardim do Éden.
O novo lugar seria, no entanto, muito melhor que o paraíso, onde nada podia ser
tocado. Os artistas pop captam um mundo em que tudo há de ser provado,
evidenciando a modificação de uma vida que passaria do esforço árduo para a ideia
de um leve entretenimento – filmes, música pop, carros velozes, moralidade frágil,
aparelhos eletroeletrônicos, jovialidade, comida enlatada e aparelhos de TV...

American Way of life...

Richard Hamilton define a cultura popular como: destinada à massa, transitória,


descartável, jovem, espirituosa, sexy, atraente, glamurosa e muito lucrativa.

A POP ART aparece, assim, como um movimento extremamente político que, ao


captar um novo modo de vida que nascia, objetiva trazer à tona sua “cara”, e, nisso,
as armadilhas que o compõem.
Expoentes da Pop Art no EUA

- Jasper Johns e Robert Rauschenberg (1925-2008) foram amigos e amantes, decididos


a libertar a arte americana dos desígnios do expressionismo abstrato.

Enquanto Hamilton e Paolozzi reagiam à austeridade da Grã-Bretanha no pós-guerra, estes


dois artistas americanos reagiam ao que viam como o exagero do expressionismo abstrato
(de Rothko e De Kooning, por exemplo).

Johns e Rauschenberg se colocavam como menos preocupados consigo mesmos


e, por isso, atentos à realidade da vida que se descortinava no momento (anos 50, EUA).

A arte feita por ambos (ainda conhecidos como Neodadaístas)


abriu caminhos para os dois grandes expoentes da
Pop Art americana: Andy Warhol e Roy Lichtenstein
Jasper Johns

- Escolhe, na maioria das vezes, temas comuns – mapas, números, letras.


- Suas pinturas – meticulosas, com camadas sobre camadas/ com encáustica –
nos obrigam a reexaminar o trivial.
- Põe em primeiro plano o que nos escapa.
- Arte voltada para fora, em franca antítese ao expressionismo abstrato.
White Flag, 1955 – Jasper Johns
Flag (1954-1955), Jasper Johns
“As variações de cor e os modos de impressão
combinados a partir de cada conjunto de
matrizes deixam claro que o que vemos ao
final são figuras e, também, são camadas de
material pictórico manipulável como parte de
uma experiência artística”. – Jasper Johns
Para Michael Crichton, em seu livro sobre Jasper Johns “The functions of The Observer”,
o trabalho do artista “questiona o nosso entendimento sobre o papel do observador de
determinar a natureza da realidade”.

A obra de Johns poderia ser contextualizada a partir da frase de Duchamp:


“É o espectador que faz a obra.”

Johns encontraria o objeto e a abstração construída entre Duchamp e Pollock.


- Duchamp apropria-se do secador de garrafas e Johns com muito esforço técnico reproduz
as latas Ale.
- A última pintura de Pollock “Scent” (1955) é uma abstração livre espontânea e uma imagem
de Johns de 73/74 de mesmo título mostra igualmente uma abstração, mas elaborada a
partir de uma simetria matemática.
Ale Latas de cerveja, 1960. Jasper Johns
Scent, Jasper Johns
À la Manet, Jasper Johns também conta com o impacto do plano e trabalho
com imagens prontas.

Para Chrichton, Johns assimila as mudanças da arte ao longo do tempo, e resgata


o papel de observador do artista, devolvendo-o novamente, ainda que sob outras
bases, ao público.

A arte de Jasper Johns envolve o inconsciente do observador através de paradoxos,


ambiguidades e autorreferências em imagens comuns. Há a repetição como nas
pinturas de números, que faz com que a imagem oscile entre um significado
objetivo e um significado flutuante.
Alvo com quatro faces, 1955 - Jasper Johns
Segundo Barbara Rose, crítica de arte, nas obras de Jasper Johns, as expectativas
de causa e efeito não são preenchidas, e um sentimento de frustação as acompanha –
gavetas que não podem ser abertas, jornais e livros que não podem ser lidos, um
piano que não pode ser tocado...

Há em Johns um talento natural para recriar o olhar – ele propõe um novo sentido
para o objeto a medida em que ignora qualquer sentido anterior.

Johns transforma a maneira de Duchamp de “não” fazer arte em uma maneira de


fazer arte.
Map, 1961, Jasper Johns
Robert Rauschenberg

-dizia ter pena de pessoas que acham feias “saboneteiras” ou “garrafas de coca-cola”, por
exemplo, uma vez que passariam suas vidas rodeadas por esses objetos.

-obra Monograma (1955-59) - faz parte de uma série produzida entre 1953 e 64.
Trata-se de uma espécie de mistura entre pintura, escultura e colagem, ao que intitula
como COMBINAÇÃO, as famosas Combine Paintings.
A figura central dessa obra é uma cabra empalhada.

- O artista declara querer trabalhar em prol da fusão entre a arte e a vida.

- Suas principais influências foram os ready-mades, de Duchamp e o conceito de


Merz de Schwitters – arte elevada feita a partir da cultura vulgar.

- Procedimento – objetos “achados”.

- Outras obras: Pinturas Brancas; Canyon; Desenho de De Kooning apagado.


rauschenberg-monogram-1955-9
Robert Rauschenberg, Canyon, 1959
Rauschenberg teria se inspirado na obra El rapto de Ganímedes, de Rembrandt (séc. XVII).
Robert Rauschenberg, Bed, 1955
O Desenho de De Kooning apagado foi visto como uma das primeiras peças de arte
performática (a qual o artista dizer querer incorporar à sua série toda branca).

Suas Pinturas Brancas são tidas como precursoras do Minimalismo e influenciaram


John Cage na composição de sua famosa obra 4’33’’.

Rauschenberg foi convidado pelos Beatles para criar a capa para seu Álbum Branco,
de 1968 – branca, lisa, como o nome da banda estampado em relevo, levemente
visível.

Com Monograma (e as outras Combinações) – a cabra empalhada levaria a tubarões


em conserva, camas por fazer e, antes de tudo isso, ao movimento artístico FLUXUS,
de meados da década de 60, ou seja, diz-se de sua influência na arte conceitual.
Rauschenberg e suas Pinturas Brancas
Robert Rauschenberg, Buffalo II, 1964
A partir de meados dos anos 50, o trabalho de Jasper Johns e Rauschenberg foi
denominado de Neodadá (NEODADAÍSMO)
devido ao seu uso particular de temas derivados do
cotidiano, com especial vínculo com o trabalho de Duchamp.
Andy Warhol (1928-87)

- De início, trabalhou como designer, vitrinista, ilustrador, com publicidade...


- Influência: Jasper Johns e Rauschenberg
- Em 1960 realiza Coca-cola, pela qual toma o objeto como único motivo da obra.
Andy Warhol
Coca-cola, 1960, Andy Warhol
Andy Warhol, Coca-Cola, 1960, oil on canvas
Após essas primeiras experiências, em que via-se, ainda, por demais representado, passa
a interpretar os ícones do boom consumista de distintas maneiras:

- Imagens idealizadas de pessoas perfeitas e produtos impecáveis podiam ser vistas


como clichês (imagens grosseiras e exploradoras) ou classicismo (celebrações de um
ideal de perfeição, tal como os gregos).

Obra:
32 pinturas de Latas de sopa Campbell, em 1962.
Essas pinturas foram apresentadas em 32 telas distintas, cada uma representando um
sabor de sopa diferente, oferecido pela Campbell. Ao ser exposta em uma galeria em LA,
as telas forma apoiadas sobre um prateleira branca, como se estivessem em um
armazém.

Essa obra não só consagra Warhol como artista, como também confirma a obsessão
primordial do movimento POR ART pela produção em massa e pela cultura de consumo.
Latas de Sopa Campbell, Andy Warhol
Warhol consegue eliminar da pintura todo e qualquer toque pessoal, estilístico.
O poder da obra reside na ideia da ausência da mão do artista.
A natureza repetitiva da obra das latas de sopa (unificadas) parodia os métodos da
publicidade moderna que pretende persuadir o público bombardeando-o com uma
mesma imagem, ao mesmo tempo contesta a convenção da originalidade de uma obra.

“Era um censura duchampiana ao mundo das artes por elevar artistas ao papel de
gênios onividentes, além de ser um comentário sobre o status diminuído dos
trabalhadores individuais no mundo homogeneizado da produção em massa
(preocupação que já havia sido suscitada por John Ruskin e William Morris no século XIX)

Por outro lado, Warhol afirma que, se observadas de perto, nenhuma lata é idêntica
à outra. Se, por trás de uma aparente repetição está a mão do artista, por trás das
latas de sopa estão os esforços de indivíduos desconhecidos que as executaram.
Com o Díptico de Marilyn, de 1962, ano de morte da atriz e ano em que a carreira de
Warhol deslancha, o artista encontra um efeito de “linha de montagem” via a
impressão por serigrafia que permitia, inclusive, o uso de cores berrantes usadas
na esfera comercial.

O Díptico de Marilyn nasceu com uma fotografia publicitária tirada da atriz durante a
filmagem de Torrentes e paixão (1953). A obra é composta por dois paineis, cada um com
uma versão em serigrafia da imagem original que Warhol repetiu 25 vezes e arranjou em
fileiras de cinco de um lado a outro, como uma folha de selos postais.
O painel da esquerda traz uma Marylin colorida, a imagem da beleza e felicidade
fundidas, sob um ideal de perfeição e brilho. O da direita, a contrasta, com uma
impressão em preto e branco. As Marilyns da direita também são ligeiramente
borradas, apagadas... Este painel faz franca alusão à sua morte, que havia ocorrido
semanas antes, e é também uma provocação à ideia de fama.
Andy Warhol, Marilyn Diptych, 1962,
(Marylin Monroe, Liza Minnelli, Jacqueline Kennedy Onassis, Liz Taylor, etc.).
Ídolos como fruto da indústria cultural, assim como os bens de consumo –
objetos
utilitários produzidos em grande escala.
A palavra díptico associa a obra ao altar de igrejas, como se a atriz assumisse
um lugar de adoração.

Por outro lado, a peça assume a conotação do oportunismo do artista, que chega a
declarar: “ Um bom negócio é a melhor arte.”

O artista chega a se transformar em uma marca, tornando-se a personificação do que


tentava dizer sobre o mundo do consumo.

A obra de arte como um produto de marca (“comprar um Warhol”), com selo de


qualidade social e valor financeiro.

O artista chamava seu ateliê de The Factory, tendo 18 trabalhadores-


Repensa a questão da autoria, da aura artística, da originalidade, do trabalho artesanal...
É de Warhol a frase “todo mundo deveria ter o direito de ficar famoso por 15
minutos”.

De acordo com a ideologia americana “self-made man” (aquele que se faz sozinho),
ele se autodenominava um “business artist” (artista de negócios).

Para Osterwold “a ideia de Warhol não era apenas fazer do banal e do vulgar a substância
da arte, mas de tornar a própria arte banal e vulgar. Não se contenta em transpor
para a arte dados midiáticos ou industriais, a arte em si torna-se
um produto midiático e industrial. Warhol inverte as noções de elevação e ‘baixeza’”.
(promove a banda de rock experimental Velvet
Underground e o cantor Lou Reed)
Andy Warhol, Caixas de Brillo, 1964.
Antes de decidir usar imagens tornadas onipresentes pela mídia, em seus
trabalhos,
Warhol passou por uma fase em que se dedicava a pinturas de personagens de
quadrinhos, como o super-man. Mas quem tornou-se famoso por isso foi
Roy Lichtenstein.
Roy Lichtenstein (1923-97)

- Sua abordagem era procurar uma cena dramática em uma História em Quadrinhos,
recortá-la, fazer um desenho colorido exato da mesma, ampliá-la, projetá-la numa tela,
desenhá-la em tamanho muito maior fazendo alguns ajustes composicionais e, colori-la.

Além do estilo gráfico, das letras e falas do balões, Lichtenstein copiava também o processo
de impressão pelo qual as HQ eram feitas. Na época, se usava uma técnica de impressão
chamada Ben-Day Dots, baseada nos mesmos princípios do pontilhismo.

Tal procedimento trouxe a definição de seu estilo – uma maneira própria de comentar
seu mundo ao exagerar o ideal moderno de perfeição. Suas pinturas eram como:
- uma ironia do modo de vida irrefletido e blasé;
- um retrato do drama e dos atos heróicos, mas não de suas consequências
- cópias de um objeto sem valor, produzido em massa, que atingem alto preço;

Como uma paródia ao Expressionismo Abstrato, chega a fazer a pintura


“Pincelada” (1965), produzindo uma grande pincelada gestual em um objeto solto
e impessoal, produzido em massa.
“Pincelada” (1965), Lichtenstein
Pequena Grande Pintura, 1965, Lichtenstein
Lichtenstein: Imagens extraídas das histórias em quadrinhos são ampliadas e delineadas
com traço manual forte e preciso, sugerindo a precisão técnica exigida na
produção industrial em larga escala; o volume da imagem é dado pelo emprego
da técnica do pontilhismo, em referência aos pixels reticulados das imagens impressas
Look Mickey, Roy Lichtenstein, óleo sobre tela, 121x 175 cm, 1961
Roy Lichtenstein “Sei como você deve estar se sentindo, Brad”, 1963.
Whaam!, 1963 – Roy Lichtenstein
Peter Blake (artista britânico)

- Recebe encomenda dos Beatles para a produção do design da capa do álbum


Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, e torna-se um ícone instantâneo da época.
Retratava astros de cinema, romancistas, filósofos, poetas, esportistas e exploradores,
com o grupo dos Beatles ao centro, via uso de cores vivas.
- Humor irônico.

Claes Oldenburg (artista norte-americano, nascido na Suécia)

Em 1961, quando instala A Loja (O Armazém), e mistura o comércio real de produtos


reais em uma rua real com uma arte real, leva a filosofia do movimento à sua conclusão lógica.
Essa obra, um “ambiente” ou “instalação” que faz do público o jogador principal, remonta à
participação do artista em um grupo experimental dos anos 50, pelo qual Allan Kaprow
(1927-2006) lança o conceito de happening.

Em 1962, faz uma escultura chamada Dois cheeseburgers com tudo (Hamburguer dual).
Como comida, é uma ilusão (feita de estuque e esmalte) - satisfação é garantida, mas
inalcansável...
"Floor Cake," a 1962 soft sculpture by Claes Oldenburg.
Soft Viola, 2002 Claes Oldenburg and Coosje van Bruggen
Soft bathtub, 1966
Tom Wesselman

- Transforma a expansividade ambiental dos happenings em objetos artísticos.


"Great American Nude No.98"
Tom Wesselman
Grande nu americano nº 54, Tom Wesselman, 1964. Inclui sons gravados – rádio, tele
-fone de parede chama interminentemente.
Tom Wesselman, Boca.
George Segal (1924)

- Realiza cenas triviais habitadas por figuras de gesso branco em


tamanho real.

Ed Kienholz (1927-94)

- Também realiza cenas, com uso de manequins robóticos montados com


trastes, sucata e refugo.
Espelunca (1965); Casa de Roxy (1961), Dodge 38 – banco de trás (1964)
George Segal
Casa de Roxy (1961),
Nos anos 60, outro grupo de artistas, muitos deles ligados ao Royal College of
Art de Londres, apresenta trabalhos em conexão com os apresentados.

- destaque a Richard Smith (1931) e David Hockney (1937)

As pinturas de Hockney mostram uma mistura de elementos abstratos e figurativos,


usam marcas de grafite e linguagem das paixões adolescentes, na expressão
da sexualidade e do desejo.

Obras: Nós dois garotos juntos e O Garoto mais bonito do mundo, ambos de 1961.

Mais tarde, tal tema persiste em sua série de piscinas californianas.


"Nós dois meninos juntos agarrados" , por David Hockney
David Hockney: Peter Getting out of Nicks Pool, 1967
David Hockney - Piscine Avec Trois Bleus, 1978 pressed paper pulp, 72x85
ARTE CINÉTICA

- desenvolve-se a partir de um interesse geral pelo Construtivismo e de um interesse


mais particular pelas primeiras peças cinéticas de Naum Gabo (1890-1977).

- Centrada em Paris, reuniu um grupo de artistas culturalmente diverso:


- Pol Bury (1922), francês; Agam (1928), Israel; Julio Le Parc (1928) e
Jesus Räfael Soto (1923), Venezuela; Jean Tinguely, Suíça, etc.

- Produzem obras com partes que se movem por meio de motores ou outros recursos.

- Ideia de uma produção que se altera no tempo.


Jesus-Rafael-Soto: Penetrável , 1990.
OPTICAL ART (Op Art)

- Estreitamente ligada à arte cinética, caracterizou-se pela exploração do quanto a


a forma e a cor poderiam ser usadas para criar a ilusão de movimento.

- Preocupação de superfície; arte obcecada pela sensação retiniana; produção


de um efeito desordenador que leva o observador a basear as ilusões de movimento
na realidade de seus próprios corpos.

Referências:

- Bridget Riley (1931); Victor Vasarely (1908-1997); François Morellet (1926);


Richard Anuszkiewicz (1930)
Vasarely
Bridget Riley, Stretch 1964
Cinetismo e Iluminismo

- Grupo Nul, de Amsterdam; Grupo Zero de Düsseldorf

- Ex: paineis eriçados de pregos captam e disseminam a luz em suas ondulações.


Günther Uecker
Espacialismo

Lucio Fontana (1899-1968) – italiano

- expressão definida, pelo próprio artista, como uma arte do espaço e da luz.
Lucio Fontana, Spatial Concept 'Waiting' 1960
Fontana Concetto spaziale, Attesa (1965
Tais acontecimentos influenciam Michelangelo Pistoletto e Mario Merz que seriam, mais
tarde, conhecidos na Arte Povera.

Em meados da década, Pistoletto estava fazendo colagens de feição por de pessoas


sobre superfícieis espelhadas, o que associava, inescapavalmente, o observador às obras.

Ex. Duas Pessoas (1962); Homem lendo (1967)


Em 1962 que Michelangelo Pistoletto
apresenta a obra Uomo seduto (homem
sentado), em que no mesmo plano/suporte
obtém fotografia, pintura e a imagem do
visitante. Este trabalho culmina numa série de
instalações onde coloca no mesmo plano o
visitante e fotografia, recorrendo ao uso de um
jogo de espelhos e colagens fotográficas.
(fotoinstalação)
A concentração de banalidades ou lugares-comuns da existência é marcante no
Pop, e permitem uma identificação com um novo realismo da arte.

O termo é usado como geral, e diz sobre o afastamento da abstração e da


expressividade individual da arte do começo do pós-guerra
(ou seja, do Expressionismo Abstrato).
Na França:

- Arman (1928); Daniel Spoerri (1930); Yves Klein, Jean Tinguely e outros, tiveram

seus trabalhos chamados em 1960 de Novo Realismo pelo crítico Pierre Restany,
em lugar do rótulo inglês Pop.

• referir-se às coisas como Nouveua Réalisme, uma categoria abrangente que incluía
o Pop, pode ser visto como uma maneira de assegurar ao mundo que pouco havia
mudado em relação à balança do poder cultural (disputa entre Paris e Nova York).
O termo Nouveau Réalisme foi inventado em 1960 por ocasião de uma exposição
em Milão que incluía o trabalho de Tinguely, Arman e Yves Klein, assim como o
de Raymond Hain (1926) e de Jacques de La Villeglé (1926), dois artistas que
trabalhavam com colagens feitas de fragmentos de cartazes rasgados.
John Chamberlain, Srta. Lucy Pink, 1963.
Comparações:

César (França) – automóveis compridos de 61 - uso da força de um triturador de


ferro-velho para transformar o carro em sua própria lápide;
John Chamberlain (EUA) – apropria-se das seções curvas e dobradas de
automóveis por funcionarem como o material ideal para fazer escultura abstrata;
superfícies eram coloridas de um jeito que sugeria a pintura,
mas não se assemelhava a ela.

Klein (França) – Le Vide – confronta visitantes de uma galeria francesa, em 1958,


com um espaço completamente vazio.
Arman (EUA) - dois anos mais tarde, faz Le Plein, esvaziando dentro de um espaço o
conteúdo de várias carroças de refugo.
Assemblagem - Arman, Arterioesclerose, 1961.
Yves Klein: Celebração de uma nova era antropométrica, 1960.
Enquanto o happening nos EUA sinaliza a ampliação dos gestos do Expressionismo
Abstrato para o ambiente, há no Nouveau Réalisme um elemento de espetacularidade
pessoal que, apesar de ter sido influenciado por Pollock, envolve mais significativamente
as ações do artista na obra final.

Destaque a Yves Klein, com:


- a denominação de um determinado pigmento azul como sendo seu –
International Klein Blue – e sua subsequente utilização de modelos femininas nuas
para lambuzar tal pigmento sobre superfícies preparadas a fim de fazer suas
Antropometrias.
Dentre outros, é possível citar como associados ao Nouveau Réalisme
(Novo Realismo): Martial Raysse (1936), o italiano Mimmo Rotella (1918)
e Christo e Jeanne-Claude (ambos 1935), com seus objetos embrulhados.
A million feet of wrapped coast at Little bay,
Australia 1968 -69
wrapped trees christo
Christo and Jeanne Claude have completed 20
projects, 39 proposals have been turned
down. Some of these projects have taken
many years. The Wrapped trees took 32 years
for permission but were finally wrapped in
the Fondation Beyeler and Berower Park,
Riehen, Switzerland 1997-98. These are
amazing! Trees as you have never seen them
before!
Outros exemplos:

Arman – As Cóleras – tentava capturar o instante em que era destruído um objeto –


com frequência um instrumento – por meio da fixação dos fragmentos resultantes
em suas posições relativas precisas.

Tinguely – esculturas motorizadas com efeitos espetaculares

Niki de Santi Phelle – usava uma pistola para disparar tinta em suas telas.

Klein – pintava com fogo.

Todas essas atividades traziam para o primeiro plano a persona do artista.


Piero Manzoni (1933-63) – italiano

- Assinou uma modelo, fazendo dela obra de arte – “escultura viva”.

- Enlatou suas próprias fezes, colocou-as à venda, com o preço estipulado pelo
valor de peso delas em ouro.

- Inflou um balão – O Fôlego do Artista (1961) – como um reflexo perecível do


pequeno frasco de vidro de Duchamp (1919).
Piero Manzoni: Flato d'artista, 1960
John Latham (1921) – britânico

- Faz os “desenhos de um segundo” ao aplicar a mais ínfima pressão ao gatilho


de uma pistola de spray – desenhos vistos como imagens de um evento mínimo.

- Começa a usar livros em construções esculturais e assemblagens – várias destas


tinham partes móveis e podiam ser exibidas numa quantidade de configurações.

Öyvind Fahlström (1928-76) – sueco

- Pinturas variáveis – uma quantidade de peças imantadas ou articuladas podia


ser movida pela superfície para produzir várias pinturas diferentes. Semelhantes a
jogos – “maquinário de fazer pinturas”.
John Latham
John Latham
John Latham
John Latan – sua “casa-escultura”
Öyvind Fahlström
Em referência à Guerra Fria entre EUA e União Soviética:

Se o que acontecia atrás da Cortina de Ferro – a realidade política do pós-guerra,


tornada concreta em 1961 pelo Muro de Berlim – era o Realismo Socialista,
havia boas razões para descrever o Pop como Realismo Capitalista.

Este rótulo foi usado em associação com a exposição organizada por René Block
em sua galeria de Berlim em meados dos anos 60.

Também foi usado e 1963 por Gerhard Richter e Konrad Lueg, conhecido como
o influente negociante Konrad Fischer por organizarem Uma Demonstração de
Realismo Capitalista, ocupando um espaço de uma loja de móveis – utilização
de imagens mediáticas como material-fonte para suas pinturas (paralelo ao
Pop dos EUA).
Konrad Lueg e Gerhard Richter: Uma demonstração de realismo capitalista, 1963.
Gerhard Richter
Olympia, 1967
- Outras obras do artista...
Lucian Freud
Martha Rosler
Ballons, 1967-72
Fotomontagem da série “Bringing the War Home: House Beautiful”
Josephine Meckseper
Sem título, 2005.
A preocupação de Warhol com o glamour e com a cobertura dos tablóides da morte e
dos desastres é espelhada nas obras de Richter, tais como Olympia (1967), e sua pintura
das estudantes de enfermagem vítimas de um assassino em série Oito estudantes de
Enfermagem (1966).
Wolf Vostell (1932)

- Dá efeito enevoado a páginas de revistas ilustradas desde 1961.

- A obra Lajes concretas é uma referência direta à divisão política da Alemanha


e ao Muro de Berlim, erguido naquele ano.
Sigmar Polke

- Faz Modern Kunst, 1968

- Composição abstrata pintada com uma margem branca e seu título escrito na
borda inferior aparece como se ela não fosse uma pintura abstrata, mas a reprodução fiel
da página de um livro.

... Obra como “guia inestimável da arte moderna”.


- Outras obras do artista...
Marilyn Monroe, Wolf Vostell
Wolf Vostell, Elektronischer dé-coll/age
Happening Raum, 1968
E.D.H.R. Elektronischer Happening Raum,
1968. Wolf Vostel
Wolf Vostell, B 52, Lippenstift Bomber, 1968
Wolf Vostell, "Goethe Heute", 1967
Wolf Vostell liga-se ao grupo FLUXUS.

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