Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Arte contemporânea
PREFÁCIO
Hoje existem poucas técnicas ou métodos, se é que existem, que podem garantir ao
objeto acabado a sua aceitação como arte. Inversamente, parece que pouco se pode
fazer para impedir que mesmo o resultado das atividades mais mundanas seja
erroneamente compreendido como arte.
Theodor Adorno: Hoje aceitamos sem discussão que, em arte, nada pode ser
entendido sem discutir e, muito menos, sem pensar.
A riqueza e a diversidade da prática artística contemporânea não são sintomáticas de
um estado de coisa caótico; certos temas revelam-se por meio de um estudo da arte
dos últimos anos. Os artistas reexaminaram a vanguarda modernista, reinterpretando-
a e desenvolvendo-a.
Pop arte e Minimalismo trazem uma apreciação renovada entre arte e vida cotidiana.
São realizações pós-minimalistas: o Conceitualismo, a Land Art, a Performance, a Body
Art e os começos da Instalação.
Toda essa obra dos anos 1960 desafiou a narrativa modernista, identificada ao crítico
Clement Greenberg.
Uma consequência desse desafio foi reconhecer que o significado de uma obra de
arte não está necessariamente contido nela, mas às vezes emerge do seu contexto.
Dentro deste contexto estão questões políticas e sociais, formais, culturais e pessoais.
Teorias psicanalíticas, filosóficas, feminismo...tornaram-se importantes no final da
década de 70.
Ao lado de tudo isso, houve o ressurgimento de uma pintura amplamente tradicional,
que veio como uma reação bastante conservadora às novas experiências.
No início dos anos 1960 ainda era possível pensar em um “duopólio”: pintura e
escultura e a noção de que a arte compreendia aquilo que era produto do esforço
criativo humano. As colagens cubistas, a performance futurista e os eventos dadaístas
já haviam começado a desafiar estas categorias tradicionais e a fotografia reivindicava,
cada vez, mais seu reconhecimento como expressão artística.
Existem duas ideias-chave amalgamadas à palavra “assemblage”:
1. por mais que a união de certas imagens e objetos possa produzir arte, tais objetos e
imagens jamais perdem totalmente sua identificação com o mundo comum, cotidiano,
de onde foram tirados.
2. essa conexão com o cotidiano, desde que não nos envergonhemos dela, deixa o
caminho livre para o uso de uma vasta gama de materiais e técnicas até agora não
associados com o fazer artístico.
Eram impulsos das obras nos anos 50: o corriqueiro, o acaso e um novo senso do
visual.
Todos os impulsos evidentes nas obras do final dos anos 50 levaram a arte a duas
direções: o POP e o MINIMALISMO.
No que diz respeito aos temas da POP ART, sua própria banalidade era uma afronta a
seus críticos. Sem uma evidência mais clara de que o material havia passado por algum
tipo de transformação ao ser incorporado à arte, não se podia dizer que a própria arte
ofereceria qualquer coisa que a vida já não proporcionasse.
Contrário a isso, Lichtenstein achava que a transformação não era, de nenhum modo,
a função da arte: “Transformação é uma palavra estranha de usar. Implica que a arte
transforma. Ela não transforma; apenas forma.”
A POP ART, como descrita até aqui, foi um fenômeno norte-americano, em termos dos
envolvidos, na medida em que tratava de uma espécie de realidade social.
O nome POP, no entanto, era mais antigo, tendo sido primeiramente usado em por
artistas britânicos como Richard Hamilton, Eduardo Paolozzi, Nigel Henderson e outros
nos anos 50.
Em Paris, a Galerie Denis René, reuniu que desenvolveram obras que se moviam por
meio de motores ou outros recursos. A arte desse tipo, mudando com o tempo, era
estritamente ligada à OP ART (que explorava o quanto a forma e a cor podiam ser
usadas para criar ilusão de movimento)
ESPACIALISMO de Lucio Fontana – definido por ele com uma arte do espaço e da luz.
A questão que a análise sobre se a pintura teria atingido suas qualidades essenciais
(segundo Greenberg) é: o que acontece depois? O que resta para fazer? Uma solução
era a pintura estender-se para a terceira dimensão, algo que até então fora
propriedade exclusiva da escultura.
O artista CARO, possuía como característica digna de nota, o fato de apoiar suas
esculturas diretamente no chão, ocupando assim o mesmo espaço dos que a viam, em
vez de um ambiente separado e estético.
Para Judd, o aspecto vazio desta arte era sintomático do que ele via como a crescente
irrelevância das atitudes estéticas tradicionais. Seu trabalho era simples e
formalmente aplainado por um desejo de não empregar efeitos composicionais. A
composição enfatiza relações internas entre as partes da obra e minimiza o impacto da
obra como um todo.
2. O CAMPO EXPANDIDO
ARTE POVERA: arte pobre, foi uma expressão cunhada pelo crítico italiano Germano
Celant para descrever o trabalho de seus patrícios Michelangelo Pistoletto, Alighiero e
Boetti....entre muitos outros.
O passado da Itália tem enorme peso na maior parte do trabalho da Arte Povera.
A Arte Povera desafiava a ordem estabelecida das coisas e valorizava mais os
processos da vida do artista que buscavam poesia na presença de materiais, do que os
objetos que ofereciam apenas significado.
O observador devia sentir-se igualmente livre para explorar a informação que elas
ofereciam.
A lógica pré-planejada de muitas destas obras aproximava-se da sensibilidade do
Conceitualismo.
A ausência de um objeto da galeria claramente identificável como “obra de arte”
incentiva a noção de que o que nós, observadores, deveríamos fazer é decidir olhar os
fenômenos do mundo de um modo artístico. “Suponhamos que eu olhe para isto
como se fosse arte. O que, então, isso pode significar para mim?”
Robert Smithson estava ocupado em desenvolver uma teoria da relação entre um
local particular no meio ambiente (que chamava de SÍTIO) e os espaços anônimos,
essencialmente intercambiáveis, nas galerias em que ele poderia expor (NÃO-SÍTIOS)
SÍTIOS tinham limites abertos, informação dispersa e eram algum lugar;
NÃO-SÍTIOS tinham limites fechados, continham informação e não eram lugar
nenhum, eram uma abstração.
No conceito físico de ENTROPIA (decomposição da ordem em caos) Smithson
encontrou um modelo para uma prática que iria resultar em algumas intervenções
bastante grandes na paisagem.
Krauss propôs uma fundamentação lógica para a proliferação de formas de arte que,
por falta de palavra melhor, continuavam sendo agrupadas como “ESCULTURA”.
CAMPO EXPANDIDO: Krauss argumentava que LAND ART não era nem arquitetura
nem paisagem.
Uma das influências mais importantes sobre parte da arte e sua crítica nos anos 70 foi
o impacto do feminismo.
1971 Conselho de Artistas Mulheres de Los Angeles, lançou declaração de que nos
últimos dez anos: 713 artistas haviam exposto em mostras, apenas 29 eram mulheres.
53 mostras uma dedicada a uma mulher.
Em 1971, a historiadora de arte Linda Nochlin publicou ensaio “Por que nunca
existiram grandes artistas mulheres?” Apontou como causa as práticas dos curadores
e diretores de museus e galerias, bem como valores inculcados e reforçados pela
história da arte.
Um grande artista era um “velho mestre”, e uma grande obra de arte era uma “obra
prima”. O gênio,, seja lá o que for, torna-se uma reserva exclusivamente masculina.
Helen Chadwick 1953-1996, começou a trabalhar usando como material seu próprio
corpo, bem como experiências, memórias e o potencial desse corpo, além do fato
inevitável de sua mortalidade.
Usando locais alternativos como lojas, hospitais, bibliotecas e a própria rua como
espaço para exposição e os meios de comunicação como caminho mais direto para
um público mais amplo e igualitário, a arte pública deu as costas para as galerias.
Não bastava mudar o julgamento com relação à obra das mulheres, o método de
trabalho também tinha que ser reavaliado.
Não era mais aceitável que artistas contratados para realizar obras destinadas a locais
públicos impusessem suas soluções a um público passivo.
Arte russa revolucionária e os grandes murais de Siqueiros e Rivera foram vistos como
influência precursora pelos artistas públicos dos anos 70.
A PINTURA MURAL tinha dois objetivos: representar eventos que celebravam o poder
político da classe trabalhadora e propiciar um certo incentivo visual no que era uma
área decadente.
A arte com base na comunidade não estava mais livre das limitações econômicas que
a arte da qual ela tentava se distanciar. A dificuldade de consumir a Performance, a
Instalação e a arte pública da maneira formal (adquirir a obra e leva-la para casa)
significava que ela exigia um fundo subsidiário para poder existir.
Embora alguns artistas houvessem optado por uma arte social, virando as costas para
as galerias, esta não foi uma conclusão universal. A Land Art e a Arte Ambiental
continuou a permitir que os artistas trabalhassem em vários lugares e de várias
maneiras.
A pintura não se fez ausente, de nenhuma forma, nos anos 70, porém, o novo quadro
teórico em que a arte estava inserida forçou-a a uma total reavaliação crítica.
A arte política ou social, com seu interesse pelo campo da estética e o da política,
ampliou a perspectiva dessa dicotomia.
PÓS-MODERNISMOS
Kenny Scharf
ASSIMILAÇÕES
Andy Warhol faleceu no início de 1987. Sua presença exercera profunda influência
durante um quarto de século. Warhol foi capaz de remover da arte o toque do artista.
O apogeu da generalizada prática criativa pós-moderna que buscava traçar paralelos
entre as várias formas de arte foi a Documenta VIII de 1987.
Quando Warhol expôs suas caixas de sabão Brillo e de sopa Campbell em 1964, elas
eram, apesar de toda a chocante banalidade de sua verossimilhança, cópias
minimalistas, nas quais foram impressos logotipos em silkscreen para fazê-las parecer
reais.
“A finitude da liberdade” era sintomática da maneira pela qual a arte pública, quando
não era apenas um apêndice ou um aspecto do planejamento urbano, chegara a ser
surpreendentemente concebida como uma série de intervenções temporárias.
Lixo e um irrepreensível senso de fracasso estavam presentes em todas as
performances, vídeos, objetos e instalações de Mike Kelley.
“Eu sou um inútil para a cultura, mas Deus me ama”, “Cagão e orgulhoso. P.S.
Punheteiro também (e uso óculos)".
Com frequência Kelley usava objetos feitos em casa, brinquedos investidos de um
amor desmedido por quem se dispusesse a possuí-los, e que , em sua sujeira
acumulada pelo tempo e em seu abandono, falam de um abandono e de uma perda
insuportáveis.
O mundo artístico americano, durante o verão de 1989, estava ocupado com um
debate referente à censura. A discussão referia-se a Robert Mapplethorpe (1946-89) e
Andres Serrano (1950-).
Durante 15 anos os estudos, flores, retratos e fotoconstruções de Mapplethorpe
haviam explorado a beleza masculina, o desejo homossexual e o sadomasoquismo.
Serrano havia feito e também estava exibindo uma série de estudos fotográficos que
envolviam diversos fluidos do corpo humano.
As obras haviam sido parcialmente financiadas por dinheiro público, o que foi
deplorado com estardalhaço pelos membros moralmente ultrajados do Senado e do
público em geral. O debate envolveu as questões do racismo e do machismo, bem
como blasfêmia e homofobia. Como resultado, cortes nos repasses financeiros à arte
e cancelamento de eventos e mostras.
CONCLUSÕES