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§Ê1.5PJí2
ÊÊÊÉPJQ
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UIUENDÚ UM GFIISTIÀNISMU
VIVENDO GHISTIÊNISMU ÚUERENTE
UUERENTE
UHIII. SDGIEDÀIJE
EM UMÀ SDBIEIJÀDE EM
MUDÀNÇÀ FIÃPIDÀ
MUDANÇA
Shedd Publicaçücs
© Shcdd Publicações Ltda
1“ Edição - Dcacmbro
1” Dezembro dc
de 2005
1” Rcimprcssão
Reimpressão - Abril dc
de 2013
Vcndas (011)
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Brasil
l¬Í.Ev|s.fi.o
REVISÃO - Rcgina
Regina Aranha
D|D|.=\‹}1¿z\J\-1.›\ÇÃO
.z*~.‹; 1‹i.-.r~.-1.~*~.‹:_¬..5.+;¬:› - Edmilson A. da Silva
Cz\|*r~. - Edmilson Frazão Biacrril
Cs.|='r~. Bizerra
À minha csposa,
esposa, ivíaria
Mar1'a Ccicstc,
Ceiesre,
com gratidao
gratidão
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por 25 .anos
anos cfc
de vida cm
em comum,
iii I'
“Grandes
Grancics coisas fifa:
fez o Scniror
Senhor por nos
e, por isso, c.-rtamos
c, estamos aicgrcs”,
alegres”,
Sêiirnos
Salmos 126.3.
Sumário
Ds
Os outros “Sábados” ............................................. ._
.........................................................._ _ 9?
I I I I I I I I I II
Ds
Os *Sábados
'Sábados' da sociedade moderna _ 98
Notas
NOÍEIS ____________________________________________________________________________________._
.................................................................................... _. 104
Capítulo 5
5. Pais e filhos 1U5
105
Abordagens históricas ....................................................__
....................................................._ 106
Pais e filhos no ensino do Antigo Tesamento 116
Pais e filhos no ensino do Novo Tesamento 119
O cuidado dos idosos 122
Patróes
Patrões e empregados 123
Conclusão ________________________________________________________________________
................................................... .. __ 125
Notas ............................................................................. __ _. 126
....................................................................................
Capítulo 6
6. Questoes
Questões de vida e morte 127
12?
lei} na história
Questões de morte (requerida pela lei) 128
Questões de morte (requerida pela lei)
lei] na Bíblia 136
Questões de morte (eutanásia e aborto) 141
_____________________________________________________._
A eutanásia na Bíblia .....................................................__ 146
_______________________________________________ __
O aborto na história ......................................................... _. 147
14?
D
0 aborto na Bíblia 151
Conclusões sobre o aborto 153
Questões de vida 155
Uma perspectiva bíblica 158
Notas _...........................................................................
__________________________________________________________________________ __._ 165
Capítulo T7
7. Questões de ótica
T. ética sexual 167
0
O casamento na Bíblia e na história 168
O sexo pró-matrimonial
Q pré-matrimonial _________________________________________________
................................................. ___. 17 5
............................................... ._
Homossexualidade _________________________________________________________ 1? 7T
17
A poligamia 181
................................................... _.
Divórcio __________________________________________________________________._ 184
Celibato e vida solitária 190
........................................................................... __
Notas ___________________________________________________________________________ 195
Capítulo 8
8. Questões de propriedade e trabalhos 19?
O furto no Antigo Testamento
0 198
Penalidades no Antigo Testamento 202
Q
O furto no Novo Testamento 205
A propriedade na Bíblia 205
A propriedade na história
do cristianismo e na atualidade 211
............................................ ........._
Salários .................................................................. ._ 216
A posição social do cristão 220
A relação entre a Igreja e o Estado 225
0 furto dos recursos naturais
O 231
___________________________________________________________________________ ._
Notas ........................................................................... 235
Capitulo 9
Questoes de verdade e mentira
9. Questões
lu-
23?
237
A verdade e a mentira no Antigo Testamento 238
A verdade e a mentira no Novo Testamento 243
A verdade e a mentira na história do cristianismo 245
“piedosas' ........................................................._.
Mentiras *piedosas' ___________________________________________________________ 249
Dizer a verdade ao doente terminla? 251
Publicidade e marketing 252
Notas ____________________________________________________________________________________
.................................................................................... __ 25?
257
Capítulo 10
10. Questões de desejo e ambição 259
A cobiça que visa objetos materiais III IIIIIIII 260
A cobiça que visa bens materiais ÍÍIÚÍÚIIIIIIIII 262
A cobiça que visa pessoas (Antigo Testamento) IIIIIIIIIIIIII 265
A cobiça que visa pessoas (Novo Testamento) IIÍIIIIIIII 26?
267
Perspectivas históricas sobre a cobiça III IIIIIHII 269
Quando a cobiça visa outros *bens* 'bens' 272
2?2
Conclusão ___________________________________________________________
............................................. _. __I Ú l I Q Ú ! ! I I I II 277
2??
_______________________________________________________________________________ __ ..
Notas .................................................................................... 2?8
278
Introdução
Honrar o Deus
que nos salva
Abordagens históricas
ética pode ser definida como ““um
A ótica “um conjunto de normas que
sociedade”. Desde os
orientam o comportamento e vivência em sociedade””.
tempos pró-filosóficos
pré-filosóficos existe o discurso ótico
ético que, por exemplo, faz
Hamurabi (Babilóiiia),
parte dos códigos de leis de I-lamurabi (Babilônia), do Egito, da
Mesopotãmia
Mesopotâmia e da lei de Moisós.
Moisés. Esse discurso não analisava atos,
mas sim pessoas. Os atos eram avaliados de acordo com o efeito
que tii1h:.u'ri
tinham em Deus ou nos deuses: um ato “impróprio”
'impróprio' chocava
análise da aplicação
a divindade da cultura em questão. A casuística, smálise
de princípios a casos concretos, não existia nessa fase.
20j
A tolerãncia
tolerância se estende ao campo da ótica.
ética. E
É verdade, a Bíblia
poderá ser aceita por aquele que se intitula cristão evangólico_
evangélico.
Mas há muitas “leituras”
'leituras' da Bíblia: a hermenêutica óé feita em
função do indivíduo e seu mundo. A Bíblia óé uma autoridade
na medida em que fala para cada um, em sua situação indivi-
dual. Contudo, como a situação de cada um óé diferente, se a
Bíblia traz mensagens diferentes para um e outro, cada uma
dessas interpretações terá que ser respeitada, mesmo que sejam
contraditórias. Antes, todos os cristãos evangólicos,
evangélicos, por exemplo,
entendiam que Romanos 1 assume posição contra a homosse-
xualidade. No entanto, agora, nos movimentos gays há “cristãos 'cristãos
evangélicos” que defendem outra interpretação da mesma passa-
gem, dizendo que, na verdade, ela não se opõe ao estilo de vida
que eles praticam. Reclamam, acima de tudo, a compreensão e
o “respeito”
`respeito' _ que fazem com que tanto uma como outra
interpretação sejam válidas. Dentro desse pluralismo, o único
pecado óé dizer que uma das leituras óé a certa e a outra a errada.
A redescoberta do mundo sobrenatural, que poderia ter levado
ãà redescoberta do fundamento transcendental e deontológico
da ótica,
ética, de fato, leva a uma ótica
ética quase totalmente imaiiente,
imanente,
subjectiva e teleológica.
Esse artifício para evitar o mundo dos absolutos e'ó muito
diferente daquele usado na ópoca epoca do liberalismo. Mas a nível
ético, representa um perigo ainda muito maior. Em um mundo
ótico,
em que não há pontos de referência fixos, não há um legislador
divino e a Bíblia óé uma revelação teoricamente divina, mas na
prática sujeita a mil interpretações pessoais e contraditórias,
ninguóm
ninguem tem autoridade para se pronunciar categoricamente a
favor de um tipo de ação e contra outro. Imanuellmanuel Kant julgava
que era possível, independente de qualquer revelação, ter certezas
contundentes no ciunpocampo ótico.
ético. Mas agora podemos ver que ele
contribuiu para que, mais de 150 anos depois, a ótica ética se tornasse
permitinclo que cada um se centrasse em si mesmo.
subjetivista, permitindo
A longo prazo, esse subjetivismo contribuiu para a ótica ética pós-
j29
|29
moderna, da
maderna, do pluralisma
pluralismo e da do pragmatisma,
pragmatismo, a ética em que ao
única
único `pecada*
'pecado' eÍé a intalerância.
intolerância. Cam
Com certeza, teria sida
sido difícil
para Kant se situar eticamente em nassanosso munda
mundo pas-maderna
pós-moderno
_,
--, apesar de, em certo sentido,
certa sentida, há muito tempo,
muita tempa, ele mesmo
mesma ter
contribuído para que este mesma
cantribuída mesmo murida
mundo viesse a eitistir.
existir.
Perspectivas bíblicas
Antigo Testamenta
Antiga Testamento
Com certeza, aaa
Cam não té-É benéfica a tendência de alguns cristãas
cristãos
evangélicos, aa
evangélicas, ao caracterizar ao Deus bíblica,
bíblico, de salientar, cam
com
exclusividade, ao canceita
conceito de legisladar.
legislador. ÀA deantalagia
deontologia de um
legalista se reduz a afirmar friamente nassa nossa abrigaçãa
obrigação funda-
mentada na ardemordem divina: "Ele“Ele disse _ nas nós devemas
devemos Fazer".
fazer”.
Seguir a lógica
ltigica dessa posição,
pasiçãa, equivale a dizer que quem cumpre
melhor Éé quem merece mais apravaçãa
melhar aprovação divina - _ e quem tem
mais direita
direito de julgar seu prditima.
próximo. CamCom 'baa
'boa cansciënciaí,
consciênciai, ao
congratula e agradece a Deus porque
legalista se cangratula não É cama
parque naa como asos
autras
outros (“[...] nem mesma
mesmo camacomo este publicana",
publicano”, Lc 18.11).
Cantuda,
Contudo, a genuína etica ética bíblica, na verdade, nunca as-
sume essa Farma.
forma. Os Dez Mandamentas,
Mandamentos, par por eitempla,
exemplo, nãanão
cameçam
começam cam com uma ardem
ordem friamente entregue aa ao hamem.
homem. As
primeiras palavras, narmalmente
normalmente cansideradas
consideradas ao preämbula
preâmbulo (Ê:-t
(Êx
20.2), saa
são de fundamental impartííncia.
importância. Nelas, Deus afirma sua
identidade e seus atas,
atos, cam
com. a intençãa
intenção de sensibilizar ao pava
povo e
de evacar
evocar nele uma respasta
resposta de gratidãa.
gratidão. Da mesma maneira
que a graça divina antecede as eitigëncias,
exigências, quanda
quando J'-'tbraãa
Abraão É
chamada
chamado para sair de sua terra, lhe Éé Feita
feita a pramessa
promessa de ser uma
bênção para tadas
bënçãa todas as famílias da terra (Gn 12.15; 12.1-5; 15.1-6), a
graça também antecede as exigências da épaca época em que a lei e'éÍ
dada a Maises.
Moisés. A revelaçãa
revelação divina deiita
deixa clara
claro que a lei sasó pade
pode
ser campreendida
compreendida carretamcnte
corretamente na medida em que ao pava povo se
aproxima dela cam
aprazima com ao caraçãa
coração cheia
cheio de gratidãa.
gratidão.
Pta
Ao dizer: “Eu sausou ao Senhar,
Senhor, teu Deus",
Deus”, ao Senhar
Senhor simulta-
neamente se manifesta cama como Deus eitclusiva
exclusivo (contra
(cantra ao paliteís-
politeís-
30j
3U|
ma) e cama
mo) como Deus pessaalpessoal (cantra
(contra ao panteísma).
panreísmo). Seu name, nome, ljavel,
']avé',
evaca sua revelaçãa
evoca revelação a Maisës
Moisés na no deserta,
deserto, na sarça ardente (Êa (Ex
5.1-22),
3.1-22), e eé significativa
significativo ao fara
fato de que a: o: *Eu
'Eu sau”,
sou', também pade pode
ter ao valar
valor de: 'Eu estau'
estou' (senda
(sendo que nãa não ei-tistem
existem em hebraica
hebraico
dais
dois verbas
verbos diferentes, carrespandentes
correspondentes aa ao “ser”
'ser' e aaao lestar',
'estar', em
partuguês).
português). Dessa maneira, ele afirma simultaneamente sua
existência e sua presença. Em Salmos, Salinas, oa valor
valar dessa presença éÉ
evocado
evacada em termostermas bem comoventes:
camaventes: “Deus ée oa nosso nassa refúgio
refúgia e
nassa fortaleza,
a nossa fartaleza, auxílio
auitília sempre presente na adversidade” (Sl
46.1). E É uma presença prometida
prametida para todo tada tipo
tipa de situação,
situaçãa,
garantindo
gatantinda vitória
vittiria contra
cantra os as inimigos:
inimigas: “Ninguém
“1\linguem conseguirá
canseguirsi
resistir a você
vacë todos
tadas os as dias da sua vida. Assim como cama estive com cam
Maisés, estarei com
Moisés, cam você;
vacêg nunca oa deixarei, nunca oa abandonarei”
abandanarei”
Us 1.5). A imutabilidade de Deus éÉ a garantia de sua presença,
(_1s
seu amor
amar e sua protecção
pratecçãa ao aa lado
lada de seu povo,
pava, seja qual for far sua
necessidade (“De fato, fara, eu, oa SENHOR, não nãa mudo”,
muda”, Ml 3.6).
fara do
O fato da povo
pava nãonãa se encontrar
encantrar ainda na escravidão
escravidi-ia do
da
Egita se deve única e exclusivamente 51ii ação
Egito açãa libertadora
libertadara de Deus.
Apesar, do da povo
pava algumas vezes ter tido tida saudades do da Egito,
Egita,
louvando de farma
lauvanda forma eaagerada
exagerada a alimentaçãa
alimentação que aí desfrutara
(Nm 1 1.4-7), na realidade, sua situaçãa situação nesse país tinha sida sido de
tatal
total escravidãa.
escravidão. D O futura
futuro de independência e liberdade nacia- nacio-
nais, que Deus prametera,
prometera, na terra que ele prepararia, sti só se
tarnau
tornou realidade par por que Deus interveia
interveio saberana
soberana e milagre-
milagro-
samente a favarfavor de seu filha
filho amada.
amado. Oseias
Oséias 1 1.1 evacaevoca a ternura
ato: “Quanda
desse ata: “Quando Israel era menina, menino, eu ao amei, e da do Egita
Egito
chamei ao meu filha".filho”. A linguagem da graça divina permeia tadas todos
as
os livras
livros da Antiga Testamento,
do Antigo Testamenta, e a atuação
atuaçãa de Deus, pela sua
graça nas grandes obras abras da salvação,
salvaçãa, anula toda tada contribuição
cantribuiçãa
humana (Sl 115.1). Contudo, Cantuda, como cama oa Antigo
Antiga Testamento
Testamenta não nãa
demanstrar, a obediência
hesita em demonstrar, abediëncia também
tambem tem suas conse- canse-
quíincias positivas:
quências pasitivas: Provérbios
Praverhias 19.4;
19.4, 20.7, etc.
Por
Par todas
tadas essas razões, oa povo pava nãonãa deve ter qualquer outro autra
deus, alémalem doda Senhor!
Senharl Um coraçãocaraçãa que arde corn cam gratidão
gratidãa
não reclama a passibilidade
nãa possibilidade de dividir sua atençãa
atenção entre seu
1..1,
Deus e autras
outras divindades. A deantalagia
deontologia da gratidãa
gratidão eé bem
diferente da deantalagia
deontologia fria da
do legalisma.
legalismo.
Nave
Novo Testamento
Desde ao princípio,
princípia, a respasta
resposta de gratidãa
gratidão perante as os atas
atos
saberanas
soberanos de Deus e
é uma nata predaminante.
nota predominante. Maria, cam
com
gratidãa pela privilegia
gratidão pelo privilégio de ser mãe do da Salvador,
Salvadar, disse: “Minha
alma engrandece ao aa Senhor
Senhar e oa meu espírito
espírita se alegra em Deus,
Salvadar, pois
meu Salvador, pais atentou
atentau para a humildade da sua serva“ serva” (Lc
1.46-4S)._la:-'ia
1.46-48)._Ioão Baptista, gratagrato pela
pelo privilegia
privilégio de anunciar a missãamissão
messiânica de Jesus, falou:falau: “Todos
“Tadas recebemos
recebemas da sua plenitude,
graça sabre
sobre graça“
graça” (Ja
(Jo 1.16). Jesus, camcom gratidãa
gratidão parpor tuda
tudo aquila
aquilo
que Deus fazia par por intermedia
intermédio dele, disse: “Eu te lauvti, louvo, Pai,
Senhor dos
Senhar das ceus céus e da terra, porque escondeste
parque escandeste estas coisas
caisas dos
das
sábias
sábios e cultas,
cultos, e as revelaste aasaos pequeninas"
pequeninos" (lvlt(Mt 11.25).
O apeistala
apóstolo Paula
Paulo anuncia a mensagem da salvaçäa salvação pela
graça de Deus, recebida mediante a fé fe (Ef2.8-10), sendosenda nossa
nassa
respasta a entrega de nós
resposta nes mesmos
mesmas em oferta aferta de gratidão
gratidiia (Rm
12.1). Na perspectiva de Paulo, Paula, existem
eitistem questões éticas eticas que
envalvem oa fato
envolvem fara de que nem todos tadas osas cristãos
cristíias terão
terãa a mesma
pasiçãa (Rm
posição (Rin 14.1-12). Nesse tipo tipa de questão,
questizia, todavia,
tadavia, a pessoa
pessaa
deve se encarar, em primeiroprimeira lugar, como cama vivendo
vivenda em relaçãorelaçãa
vital com
cain oa Senhor,
Senhar, para quem vive e para quem morrerá. marrersi.
O
D resultado
resultada dessa entrega de gratidãogratidãa ée uma opçãoapçãa decidi-
favar do
da a favor da Senhor
Senhar Javé
Jave e contra
cantra qualquer outro autra 'deus'
ldeusl rival:
“Vaces nãa
“Vocês não podempadem servir a Deus e aa Dinheira“
ao Dinheiro” (Mt 6.24). Da
mesma maneira que uma pessoa pessaa encontra
encantra uma pérolaperala de grande
valar e alegremente vende todas
valor tadas suas possessões
passessties para a comprar,
cainptar,
pessaa que encontra
a pessoa encantra a salvação
salvaçãa em jesus alegremente se coloca calaca
a sua disposição
dispasiçäa para lhe obedecer
abedecer em ein tudo
tuda (Mt 13.45.46).
13.45,-46). A
etica neofgestamentãria
ética iieafgestanieiiteria ée uma resposta
respasta de agradecimento
agradecimenta àii obra abra
anterior
anteriar do da Salvador.
Salvadar. Se, por par um lado,
lada, ée extremamente
eittremamente exigente,
eitigente,
por
par outro,
autra, aquele que a pratica sente que está esta apenas cumprindo
cumpriiida
uma dívida de gratidão.
gratidíiia. A ética
etica ée firmemente transcendente e
rzl
flzl
deantalõgica,
deontológica, embara
embora esse fata
fato nãa
não eitclua
exclua criterias
critérios imanentes
(a hamem
(o homem natural tem a lei escrita em seu caraçãa
coração _ Rm 2.15)
e telealõgicas
teleológicos (a
(o hamem
homem ganha benefícias
benefícios tangíveis em
cansequencia
consequência das
dos padrões eticas
éticos que assume (Ef 62,5).
*deuses' na Bíblia
Deus e *deuse-s'
A afirmaçãa
afirmação deantalõgica
deontológica de que Deus eé sõ só um e requer
abediencia tatal
obediência total deve, assim, ser entendida sempre iià luz desse
princípio de respasta
princípia resposta agradecida iia abraobra salvadara
salvadora divina. Os
mandamentas,
mandamentos, aparentemente severas, severos, que determinam a des-
truiçäa
truição de lugares de culta
culto a autras
outros ldeusesl
'deuses' sõ
só pedem
podem ser campre-
compre-
endidos, de maneira carreta,
endidas, correta, nesse canteitta
contexto (Dt 12.1-7). A
praibiçãa
proibição categõrica
categórica de tada
todo tipa
tipo de adivinhaçãa,
adivinhação, cansulta
consulta aas
aos
martas
mortos e feitiçaria (Dt 13.9-14)
18.9-14) tambem
também parte desse tipa tipo de
motivação. Na epaca
mativaçãa. época das
dos reis de Israel, Deus reage cantra contra ao
culto pagãa
culta pagão camcom a indignaçãa
indignação de uni um pai, cuja
cujo filhp mal-¡agrade-
mal-_agrade-
cido ao repudia (IRS
cida (1Rs 16.29-34). \
Na
No Nava
Novo Testamenta
Testamento ao leque de `deuses'
'deuses' rivais eé ampliada
ampliado
para incluir, par
por eiiempla,
exemplo, ao dinheira
dinheiro _ chamada
chamado lMai¬nõnl
'Mamón'
em algumas versões bíblicas de Mateus 6.24. Paula Paulo cansiderava
considerava
a avareza uma farma
forma de idalatria
idolatria (Cl 3.5). Na õricaótica de Paula,
Paulo,
para algumas pessaas
pessoas ao ldeusl
'deus' eé a caiiiida
comida e a bebida (Fp (Ep 3.19).
Em alguns teittas
textos he
há sugestãa
sugestão de narcisismo,
narcisisma, tão
täa característico
característica
nassa época,
da nossa epaca, em que oa homem
liamem se contempla
cantempla a si mesmo
mesma e
vê
ve um 'deus'.
ldeusl. Depois,
Depais, passa a honrar
hanrar e servir mais a esse 'deus'
ldeusl
da que ao
do aa Senhor
Senhar (Rm(Rai 1.24).
Pertencer a Deus e cultivar relações com cam deuses ée comparável
campartivel
com
cam oa envolvimento
envalvimenta com cam prostitutas.
pras titutas. Aei partir de Êxodo
Ei-tada 54.15-
34.15-
17, Deus desenvolve
desenvalve essa comparação
camparaçãa que passa a ser uma das
principais ilustrações usadas para oa tema da apostasia.
apastasia.
Casamentos mistos
mistas
Existem
Eiiistem várias
varias passagens da lei que avisam oa povo
pava do
da grave
risco
risca envolvido
eiivalvida no
na relacionamento
relacianamenta conjugal
canjugal com
cam pessoas
pessaas que
têm autras
tem outros ldeusesl.
'deuses'. Em Eitada
Êxodo 34.1116,
3415,16, par
1..
por eitempla,
exemplo, fica
clara
claro que a prastituiçãa
prostituição espiritual cameça
começa na no nível afetiva:
afétivo: as
os
laças
laços caiijugais
conjugais criam campramissas
compromissos que tarnamtornam quase inevitti-
inevita-
vel a taleríincia
tolerância de autras
outras divindades e ao envalvimenta
envolvimento cam com
eles (cf. Dt 2.1-4).
7.1-4). NaNo relata
relato de Númeras
Números 25 vemas vemos que a
desabediencia
desobediência nessa tirea área praduziu
produziu imediatamente ao efeita efeito
prevista
previsto _ a relaçãa
relação cam
com as filhas das
dos maabitas
moabitas levau
levou aa
ao culta
culto
idõlatra
idólatra cam
com as os ldeusesl
'deuses' das
dos . . O primeiro
primeira casamenta
casamento
lmistal
'misto' d Salamãa
Salomão (1 Rs 3.1) caincidiu
coincidiu cam
com um afrauitarnenta
afrouxamento
d ' a devaçãa
devoção aa ao Senhar.
Senhor. DO teitta
texto afirma: “Salaiiiiia
“Salomão amava ao
Siiivfi-Lia,
SENHOR, ao que demanstrava
demonstrava andanda
andando de acarda
acordo camcom asos decre-
tas
tos da
do seu pai Davi; mas aferecia
oferecia sactifícias
sacrifícios e queimava incensa
incenso
nos lugares sagradas“
nas sagrados” (v. 3). Embara,
Embora, nessa fase, passa possa nãa
não ter
havida
havido influencia
influência direta da mulher egípcia na prtitica prática religiasa
religiosa
de Salamãa,
Salomão, em 1Reis 11 fica patente a relaçãa relação entre seu
casamenta
casamento cam com mulheres estrangeiras e ao envalvimenta
envolvimento cam com
autras
outros deuses. Esse capítula
capítulo descreve ao pracessa
processo e seus resultadas
resultados
de maneira bastante parmenarizada.
pormenorizada.
sdras, aa ao descabrir
descobrir que ao pava
povo tinha pecada
pecado cantra
contra ao
enhar
enhor dessa maneira, rasgau rasgou suas vestes e arraiicau
arrancou as os cabelps
cabelos
e a barba (Ed 9.3). Depais,Depois, quanda
quando ao pava
povo se arrepqi,1de'u,“as
arrepgldeu, as
mulheres estrangeiras faram foram despachadas. Neemiašfque
Neemiafque natu-
ralmente terii
terá sida
sido um haniein
homem de temperamenta
temperamento mais farte, forte,
aa
ao receber natícia
notícia semelliante,
semelhante, espancau
espancou as pessaas
pessoas e ai-tancau
arrancou _/
cabelas (Ne l3.25)! Muitos
seus cabelos Muitas anos
anas depois,
depais, ao prafeta
profeta Malf-“
Malaf
quias ainda teve acasiãa
ocasião de denunciar a infidelidade da do pava
povo
de judti
Judá nessa área: “Jude“Judá desanrau
desonrou ao santuária
santuário que ao SEMI--Iria
SENHOR
homens casararn-se
ama; hamens casaram-se camcom mulheres que adaram adoram deuses
estrangeiros" (Ml 2.11).
estrangeiras“
Em cada uma dessas passagens fica clara claro que a questãa
questão
näa
não eé essencialmente
essencialmente _r_z¿_çi¿a1, mas sim¿gLgiqs_a_.
sim¿ç_l_igios_a_. As tearias
teorias de
*pureza
'pureza de sangue' enc.antram
encontram pauca
pouco apaiciiina
apoio"no teitta
texto bíblica.
bíblico. A
questäa
questão eé ao fara
fato da
do laça
laço afetiva
afetivo criar campramissa
compromisso cam com autra
outro
deus.
34j
34|
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tz*
- |- ' I.
boa intenções?
baa intenções, muitas
rriuitos crentes sãa são depais
depois pragressivamente
progressivamente
afasta asos de sua camunháa
comunhão caiu com ao Senhar
Senhor e camcom a igreja, pela
influencia
influência que exercem sabre sobre eles seus cõnjuges
cônjuges descrenres
descrentes e
pelas pasições
posições divergentes que tem têm sabre
sobre tada
todo tipa
tipo de questáa.
questão.
Nas
Nos casas
casos em que a parte descrente depais depois se canverte,
converte, muitas
vezes, acantece
acontece que primeira
primeiro ao casal safre
sofre uma langa
longa experien-
experiên-
cia de canflita,
conflito, angústia e quase ruptura, antes da do Senhar
Senhor gra-
ciasamente
ciosamente ao canduzir
conduzir a esse fim.
Aa
Ao cansiderar
considerar essa prablemática
problemática fica evidente que náa não se
trata de tentar impedir ao casamenta
casamento de crentes da nassa nossa igreja
au
ou denaminaçáa
denominação cam com crentes de autras outras igrejas evangelicas!
evangélicas!
Alem
Além dissa,
disso, a questáa
questão que se calaca coloca náa
não eé tanta
tanto de filiaçáa
filiação
eclesiástica, mas de fe fé na
no Senhar.
Senhor. Se, parpor exempla,
exemplo, eé prapasta
proposto
ao casamenta
casamento de um membra membro de nassa nossa igreja cam
com um catõlica
católico
extremamente camprametida,
comprometido, eé evidente que temas temos a abriga-
obriga-
çáa
ção de avisar sabre
sobre as
os muitas
muitos incanvenieii
inconvenientestes passíveis
possíveis inerentes
a essa situaçãa.
situação. Nesse casa,caso, tarnar-se-á
tornar-se-á difícil a arientaçáa
orientação dasdos
filhas,
filhos, pela
pelo fara
fato de cada um das dos pais asos querer educar na no seia
seio de
uma igreja distinta. A criança, desde a infáncia, infância, será expasta
exposta a
pasições
posições dautrinárias
doutrinárias divergentes e em muitas muitos aspecras
aspectos incam-
incom-
patíveis, antes de chegar ii51 idade em que paderá poderá taniar
tomar uma
decisáa
decisão respansável.
responsável.
O Catecisma
Catecismo da lgrejaigreja Catõlica
Católica encara ao casamenta
casamento de seus
fieis cam
fiéis com batizadas
batizados iiáa-catõlicas
iião-católicos da seguinte farma:
forma: náa não praíbe
proíbe
ao casamenta
casamento _ que cansidera considera mista
misto par
por ser entre cristáas
cristãos de
distintas canfissões
confissões (a(o evangelica,
evangélico, em ein geral, nãa
não usa a expressiia
expressão
nesse sentida)
sentido) _, mas avisa sabre sobre asos cuidadas
cuidados pastarais
pastorais especiais
que seráa
serão necessárias
necessários nesse casa.
caso. Cagita
Cogita sabre
sobre a passibilidade
possibilidade de
realizar uma pastaral
pastoral camum,
comum, envalvenda
envolvendo ministras
ministros de ambas
confissões. Cantada,
as canfissões. Contudo, põe as seguintes reservas que qualquer
catõlica
católico camprametida
comprometido terá que enciuar encarar cam
com tada
toda seriedade:
,.
ai -_ -_ -. -. -. -. ,,,
De acarda
acordo cam
com ao direita
direito ein
em vigar
vigor na lgreja
Igreja Latina, um matrinia-
matrimo-
nia
nio mista
misto precisa da permissáa
permissão expressa da autaridade
autoridade eclesiástica
para ganhar a respectiva licitude. Ein casacaso de dispgridade
dis?ridade de
/ _.
. ,rir-_
;zI`¿"- J
?_.-_.-' `r'
36
Conclusoes
lí
Conclusaes
Qualquer análise seria
séria do cristianismo leva ãà conclusão de
que há uma profunda ligação entre aquilo que cremos e nossas
ações. Separar a lagendal
`agenda` (ações resultantes) da fe fé de sua
credenda (princípios que a nutrem) eé o mesmo que inutilizar
ambas. Jesus compara “quem ouve estas minhas palavras e as
pratica eé como um homem prudente que construiu a sua casa
sobre a rocha” (Mt 7.24; grifo do autor). Aquele que separa as
palavras que ouve de seus atos eé um insensato.
Paulo, em sua epísrola
epístola aos Romanos, expõe a doutrina da
fé e, a seguir, apresenta o desafio de uma vida consagrada:
fe
“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericõrdias
misericórdias de Deus que
se ofereçam em sacrifício vivo, [...]“
[...]” (Rm 12.1). Essa pequena
palavra “portanto”
'portantoi eé ao mesmo tempo uma referencia
referência a tudo
aquilo que foi exposto dos capítulos 1 a 1 1, a credenda da fe, fé, e
uma introdução a sua agenda”,
'agenda`, capítulos 12 a I6. l6.
Tiago combate os que tentam separar fe fé e obras (Tg 2.14-
26), mostrando sua inseparabilidade (v. 26). Da mesma maneira
que eé impossível o corpo subsistir sem a alma, eé impossível
impossivel haver
fé no Senhor sem obras.
fe
Ao mesmo tempo, nosso resumo do ensino bíblico deixa
claro que não devemos conceber nosso compromisso etico ético como
o0 de uma deontologia fria e legalista. Se, nas palavras de Tiago,
fé sem obras está morta, as obras sem fe
a fe fé tambem
também não podem
ter vida. Paulo, em Efésios, repudia o caminho de obras legalistas
sem fe fé e assinala o caininho
caminho de obras de obediencia
obediência que são o
fruto da fe fé (Ef 2.8-10). As obras que agradam a Deus são o
fruto de corações calorosos e entusiastas. A consciencia
consciência daquilo
que ele primeiro fez por nõs
1..ls
nós eé a fonte de nossa motivação para
viver uma vida que corresponda a isso. Por isso, frisamos que,
desde o princípio, os dez mandamentos ensinam que devemos
reconhecer a obra libertadora da graça de Deus e que devemos
viver de uma forma que expresse gratidão por essa obra.
E
É dificil
difícil que um politeísta tenha fundamentos firmes para
uma vida etica.
ética. Embora não duvidemos que alguns politeístas
tenham sido coerentes em defender e praticar princípios eticas, éticos,
não podemos evitar a impressão de que uma fe fé politeísta, se for
coerente, levará necessariamente a contradições no campo etico. ético.
'impróprio` outra pode não achar:
O que uma divindade acha 'imprõprio`
aquilo que oferecemos a um ldeus“ ‹deus° e eé aceito com
corn agrado pode
ser repudiado por outro `deus'.'deus”. O homem se torna vítima de
exigências contraditõrias
exigencias contraditórias e sõ só consegue se libertar desse dilema
ao procurar em otitra
outra fonte, que não a dos `deuses“
`deuses, _, por exem-
plo, em normas sociais ou em sua consciencia
consciência _ - a inspiração
para seus padrões morais.
Muitos eticistas foram ateístas e muitos que não o foram
tentaram desenvolver
desenvolver' princípios
principios eticas
éticos sem relação com a
divindade. Temos a impressão de que o “imperativo categõricol categórico'
`verdadeiros interesses próprios*
de Kant ou os “verdadeiros próprios' da etica
ética legoístal
iegoísta'
aparência de ser fundamentos eticos
de Hobbes podem ter tido aparencia éticos
objetivos para quem os defendia, mas, na realidade, levam neces-
sariamente iià abertura de intermináveis interpretações particu-
lares e subjetivas. O grande rigor com que Kant defendia algumas
de suas convicções era fruto inconsciente de sua herança cristã.
E
É ein
em grande parte frustrante, toda tentativa de extrair, sem
referência a mandamentos divinos, aquilo que devemos .fazer
referencia Erzer
daquilo que e. é. A aparente objetividade de um Hobbes ou de
um Kant desaparece no espaço de uma geração, e a subjetividade
ilimitada toma seu lugar.
'racionalista” ou “liberal”
Da mesma maneira, o cristianismo 'racionalistal °liberal”
tende a se perder em subjetivismos. Em relação à filosofia secu-
lar, parece que esta tem a vantagem de ainda guardar padrões
.sl
..l
éticos objetivos. Ela conserva imenso respeito pela vida de Jesus,
eticas
por seu ensino ético e seu exemplo. Ela deduz do fato de jesus Jesus se
ter dado em amor aos outros, que nõs nós tambem
também devemos fazer o
mesmo. Chega ao ponto de considerar que o homem etico, ético, inspi-
rado pelo exemplo de jesus, ]esus, inaugurará o reino de Deus na terra.
Todavia, sua postura relativizante em relação ao texto bíblico
torna problemática a definição do que eé exatainente
exatamente esse exemplo
Corno padrão etica,
de jesus. Como ético, o Jesus que expulsou os vendilhões
do templo terá o mesmo valor que aquele Jesus que chamou a si
as crianças? Como padrão etico, ético, o Jesus que chamou os fariseus
'sepulcros caiadosl
lsepulcros caiados' terá o mesmo valor que aquele Jesus que nos
mandou amm' amar aos inimigos? Se tem têm o mesmo valor, qual qua] eé a
aplicação atual de seus atos severos, por um lado, e carinhosos,
por outro? Como podemos evitar a impressão de que, se Jesus
foi apenas homem, algumas de suas afirmações são insustentáveis
do ponto de vista etico ético (a afirmação de poder perdoar pecados,
de que ele eé o único caminho para a salvação, o fato de chamar
'Pai”, ao assumir a posição de juíz de todos os homens)?
Deus de *Pai”,
liberalismo teolõgico
O liberalisino teológico eé seletivo quando toma algumas
passagens bíblicas como genuínas e não aceita outras. Rejeita o
Jesus divino e sua vinda futura e eé a favor do Jesus ]esus humano e da
transformação gradual da sociedade humana. Mas cada estudio-
so acaba por dar peso àquilo que corresponde a sua imagem de
virtude e bondade e encontra razões “de `de ordem crítica“
crítica” para não
aceitar outras passagens que podem coritrabalançar
contrabalançar essa iinagein.
imagem.
teológico age como Narciso (o mito) quando ve
O liberalismo teolõgico vê
'lagoa das Escrituras e erroiieamente
sua face refletida no llagol erroneamente a toina
toma
por umaurna auteiitica
autêntica imagem de jesus.Jesus.
`ética de situação*
A `etica situação' encontra eco em algumas afirmações
do apõstolo
apóstolo Paulo. Ele afirma diante de questões referentes iià
alimentação, bebida, dias de descanso e de festividades a
possibilidade de se optar por diferentes formas de agir, cada
um
uni agindo como se o fizesse para o Senhor (Rm 14.1-12).
critério eé o ainor:
Muitas vezes, o criterio amor: o que conta não eé o ato ein em si,
mas sim o efeito que o ato pode provocar ein em um irmão mais
já-1
jfill
fraco. Se este não for firme e seguir seguir- nosso exemplo, pode cair
_ e isso como resultado de uma ação que não nos traz qualquer
prejuízo. Se for um alcoõlico
alcoólico recem
recém convertido, por exemplo,
pode seguir nosso exemplo de beber uma pequena quantidade
de vinho e essa quantidade pode ser suficiente para o levar a
mergulhar novamente no vício.
Contudo, a eticaética de situação defendida no séculoseculo XXxx não se
limita a exemplos desse tipo. Na verdade, tenta reduzir toda ética etica
neo-testameiitária àii ética
bíblica ou neo-testamentária etica de situação. Poderia-mos, por
iinaginar o apóstolo
exemplo, imaginar apõstolo Paulo afirmar: “Uma pessoa pratica
casamento", ou:
o ato sexual antes de casar, mas outra aguarda o casamento”,
“Um marido se julga livre para interromper a gravidez de sua
esposa e outro não o faz“? faz"? E evidente que Paulo não se refere a
essas questões quarido
quando afirma que cada um eé livre e dará contas
apenas a Deus. Qual ée a fronteira entre princípios éticos eticas absolutos,
que não admitem diversidade de interpretações, e questões de
costumes, relativas iià cultura, que normalmente será decidida por
meio de criterios
critérios tais como o efeito que terá no irmão mais fraco?
Se a própria
prepria Bíblia não nos ensinar, ée difícil que encontremos
eiiconrremos
algum criterio
critério de consenso para definir essa fronteira. Os exem-
plos apreseiitados
apresentados mostram que eé extremamente desonesto da
parte da etica
ética de situação ensinar que o único absoluto eé a lei do
*amor“.
“amor'. E muito fácil que o *amorl “amor` entendido subjetivamente
nos conduza iià pratica do sexo pre-matrimoiiial
pré-matrimonial ou do aborto,
no entanto, existem outros princípios bíblicos para iios nos orientar
nessas questões. A etica ética do mandamento divino não contraria a
*lei
'lei do amor”, mas tem seus criterios
critérios que, muitas vezes, a ultra-
passa. Se nos empenharmos
empenha rmos ein em cumprir os mandamentos divinos,
forçosamente agiremos em amor, mas se agirmos apenas de
acordo com aquilo que nos parece ainor, amor, eé difícil que obedeçamos
todos os mandamentos divinos.
O pús-modernisino
pós-modernismo recente aproxiina-se
aproxima-se do velho politeísmo.
O relativismo etico
ético se torna uma norma, ãà medida que o homem
põs-moderno
pós-moderno afirma que há imii¬neráveis
inumeráveis caininhos
caminhos que levani
levam iià
42l
-filííšj
,_-
Notas
l. lnsritutas
1. l\-*' _ HK
lflstilutiis llvl XX _ 12 12,i de __]oãn Calvino,i~ tratltizlda
tiiiri Éialvlriii traduzida da vcrsáti
versão es espanlmla,
anhiila,
“Instituciõn
“lnsLi1ución de la Religiõn
Religión Crisiiaiia”,
Cristiarla”, ed. Funtlaciún
Fundación F.tliro1-ia!
F.tlirorial tle
de lireramra
Í.ireramra
Refonnada, l-ltilaiitla,
1i.eft'ii'ii'iatla, Holanda. 11263.
1968.
2._|.B.1.ll-"`ebster,
2.ç|. B. Webster, em ein “Gutl",
“iÍzotl", artigo
ariigzi nu
rio "l\le\f.'
“l\lc¬~.v Dicliunarfç
Dictionariç of (Íl1risti:m
Christian lflrliics
!¬`.thics and
TlieiiIi.igi"`, l.\-".l{
Pastoral Tlreolngr”, 1.1.-'Íl*". 1995).
19515).
Ífiatecislnii da
3. (Âatecismu tla Igreja
lgreja Católica,
IÍÍiiti'ilica. ed.
ctl. Gráfica
(ii*iilicii de
tlc (Í:›imb1~.1,
{*Íiiii1'|lJi*a, l9fJ.°›,pa1':igraf|;›
lflllfl, priivigriifo l635.
1635.
caeiiuto
CAPÍTULO 22
Não fãrãs
Íaraš' para ri nenlium
nenhum idolo,
Ídolo, nenhuma
nenliuma imagem de qualquer coisa
no ceu.
iio céu, na terra. ou nas .águas
aguas debaixo da terra. Não rete prosrraréís
prostrarãs
iieiii lhes
diante deles nem llies presraraís
prestarás culto, porque eu.
eu, o S`ENHoR.
SEivHtiit, o teu Deus,
sou Deus zeloso, que castigo os filhospelos
Hihos pelos pecados de seuspais area
atea
terceira e quarta geração daqueles que me nie desprezam, mas rraro
trato com
bondade are rnƒlgcraçõcs
milgerações aos que me nie :unam
amam e obedecem
obedeceiii aos meus
mandamentos
iiiaiidariientos (Êx(Ex 20.4-6
2.0.4-6 e Dt 5.8-10).
5.3-10).
Abordagens históricas
Os símbolos da fe fé cristã, mesmo quando são visuais, não nao
são necessariamente *imagensl
“imagens” no sentido entendido pelo texto
do Decálogo. Desde tempos imemoriais a cruz, a Bíblia e os
elementos da ceia do Senhor tem têm servido para despertar a fe fé e
a devoção dos cristãos. E É evidente que esses objetos são obra de
mãos humanas e que tem têm a intenção de despertar nas pessoas a
reverência a um Deus imaterial. Mas existe uma tradição muito
reverencia
antiga
an cristianismo qtie
tiga no cristiaiiisnio que reprova qualquer uso de objetos alemaiém
desses. Existe, por exemplo, uma carta de Eusebio
Eusébio de Cesareia
Cesaréia (c.
263-339
263-539 A. D.) para a imperatriz Constança em que, apoiando-
se em C__)__rígenes,
Qrígenes, ele questiona a validade teoltigica
teológica de qualquer
imagem visual de Cristo.
imƒageifii
O cristianismo, ao sofrer influencia
influência cada vez maior do
platonismo, permitiu que fosse aberto campo para a criação de
todo tipo de imagem visual, uma vez. vez que, de acordo com Platão,
na verdade, tudo aquilo que sentimos e vemos no mundo eé uma
imitação da forma eterna original que sõ só pode ser conhecida
pela alma no mundo não-material. Assim, joão João Damasceno,
`monge
monge do seculo
século viii,
\/111, argumentou que uma imagem nunca e
substância que seu original e serve apenas para o imitar.
da mesma substãncia
Se, por exemplo, negarmos que qualquer ícone verdadeiro pode
retratar Jesus, estamos iiegando
negando a possibilidade da encarnação.
Embora seja errado adorar um ícone, icone, a presença da imagem
pode instruir e ajudar o crente em sua adoração do verdadeiro
Cristo. Como resultado, inuitos muitos adotaram imagens de Maria,
apóstolos, de santos e mesmo de anjos.
dos apõstolos,
O argumento de muitos defensores das imagens era que,
para o cristão comum, podiam servir como *sermões 'sermões si1enciosos`,
silenciosos,
*livros
“livros para os incultosl
incultos” (frase de Gregõrio)
Gregório) e *memõrias
“memórias dos
misterios
mistérios de Deus`. Hoje, nas grandes catedrais, ainda podemos
contemplar antigos retábtilos
rerábulos que narram a vida de Cristo (em
alguns casos, incluein
incluem elementos de tradição como, por exemplo,
a Assunção da Virgem Maria e, em outros casos, mantem mantêm um
quase absoluto rigor bíblico). Contudo, convem
|..y..
convém frisar que joão
João
Damasceno não usou apenas esse tipa tipo de argu-mento para
justificar o uso de imagens: para ele as imagens eram sinais
santificação da materia,
visíveis da saiitificação matéria, possibilitada pela Encar-
nação.
No seculo
século viii,
VIII, a lgreja
Igreja Oriental sofreu uma forte crise com
a eclosão do movimento iconoclasta (movimento dedicado à
destruição das imagens). No ano 726, o imperador Leão 111 III
declarou oposição ãà veneração de imagens e ordenou a destrui-
ção de um ícone muito venerado de Cristo. Ein Em 731),
730, ele transfor-
mou esse movimento em lei por meio de um Edito que proibia
as imagens e que mandava destruí-las. Os ícones foram retirados
das igrejas e as pinturas murais apagadas. Foram queimadas
muitas relíquias de santos. Muitos dos que reverenciavam imagens
forain
foram perseguidos e mortos. Em 754, um Concílio, considerado
*acefalo“
`acéfalo` (por ter sido realizado sem a presença de qualquer
patriarca), deu todo seu apoio a esse movimento e, ate até mesmo,
excomungou João Damasceno. Mas o herdeiro de Leãoal-11 Leão~I-II não
seguiu a mesma linha radical e sua esposa, Irene, era fervorosa
veneradora de imagens. Reuniu-se um Concílio em Niceia Nicéia
(Sétimo Concílio Ecumênico),
(Setimo Ecumenico), com a presença de tim um patriarca,
que declarou lieretieo
herético o movimento iconoclasta e restaurou na
íntegra o pensamento de joão João Damasceno. O Concílio argumen-
tou: “Quarito
“Quanto maior a frequencia
frequência com que olhem para essas
representações e imagens, os que as contemplam mais se lembra-
rão dos modelos originais“.
originais”. Contudo, ao mesmo teinpo,
tempo, fez uma
urna
distinção entre veneração e adoração, a qual conveiii
convém ser prestada
apenas a Deus. Contudo, o movimento iconoclasta não desapare-
ceu e, ate
até meados do seculo
século seguinte, novas ondas menos radicais
persistirain.
persistiram. A lgreja
Igreja Oriental, alem
além de promover a veneração
de pinturas, permitiu a proliferação da veneração de relíquias
sagradas. Constantinopla, por exemplo, dizia possuir *o “o corpo
do protomártir São Estevão,Estêvão, a cabeça de São João Batista e a
imagem de Cristo não feita por mão humana (!)1. (!)°. As pessoas
46j
-'ílõj
em Deuteronõmio
Deuteronômio 16.21. Associada a essa proibição há tambem também
a de levaiitar
levantar estátua tendencia
estatua (v. 22). Parece ter havido uma tendência
qume automática de transformar em um deus a imagem que,
quase
em teoria, podia ser um 'apoio *apoio visual'
visual* para focar algum aspecto
Oseias denuncia o fato do povo, influenciado pela
de Deus. Oséias
religião de Baal, em Canaã, queimar incenso para esculturas
(11.2). Na épocaepoca de Gênesis,
Genesis, Labão, sogro de Jacó, teve seus
ídolos em casa, e Raquel, sua filha, os furtou (5 (3l.1":)).
l . 19). Mais tarde,
esse mesmo tipo de ídolo foi usado pelo rei de Babilônia Babilenia como
forma de adivinhação, usada paralelamente com flechas (atiradas
para o ar, a fim de se poder ler mensagens conforme a posição
em que caíam _ rabdomancia) e com o estudo das entranhas
de animais (hepatoscopia) (veja Ez 21.21). A necromancia
(consulta aos mortos por meio de médiuns,inediuns, Dt 18.11) e a astrolo-
gia (previsão do futuro a partir do estudo da posição dos astros,
ls 47.13) também
tambem foram amplamente utilizados e, clarzunente claramente
proibidos. A hidromancia (adivinhação por meio da água) está
relacionada com a prática mais conhecida de adivinhar o futuro
por meio de um copo de cristal (prática atribuída, com ou sem
razão, a José,
Jose, no Egito, Gn Cn 445,15). Os sonhos também tambem eram
reconhecidos como co nio formas
hirmas de prever o futuro, mas o povo nunca
a__glepositar sua confiança neles; Jeremias fundamen-
era exortado a/depositar
sii_a_coflÍ1enação
tou sua condenação a essa prática ao dizer que os sonhos seriam
um`*e1emento usado por falsos profetas, pois os profetas genuínos
umielemento genuíiios
guiar-se-iafm muito mais pela Palavra do Senhor (Ir
guiar-se-iam (Jr 25.25-28).
23.25-28).
/Essfi
_ práticas mencionadas no texto bíblico também tambem estão
registradas na cultura universal dos povos e, por exemplo, são
-registradas
Dicionário da Adivinhação,
reconhecidas pelo Dicionario Adivinhaçã'o, disponível ein
internet. Para dar uma idéia
páginas da Internet. ideia do persistente fascínio
tecnicas, basta citar as palavras desse dicionário a respeito
dessas técnicas,
de sonhos: “Desde há muito tempo que se considera que os
sonhos contêm
contem fragmentos de nosso futuro. Milhares de livros e
anos
aiios de estudo têm teni sido dedicados E1ã tentativa de compreender
coinpreender
ce desenvolver um dicionário universalmente coerente de simbo-
j53
l53
Antigo Testamento
O termo usado em Ezodo
Êxodo 20.4 e'é peseí
pesei Úimagem
('imagem gravadrf)
gravada)
e ezistem
existem mais quatro termos de uso comum no Antigo Testa-
mento com significados quase idênticos (gíííuí,
(gilíul, `cavacoi
'cavacol ou
5.1
al
°bloco'; masselta, *imagem
iblocoig. rnasseíta, `imagem fundidai;
fundida'; rnasseba,
masseba, “imagem
`imagem erguida
em pedra*
pedraf e asab, “objeto
'objeto lamenttíveli).
lament-ável°). Depois de pouco tempo
após a proibição de imagens no Decãlogo,
apos Decálogo, e enquanto Moisés
ainda estava no monte Sinai, o povo se envolveu no tipo e:-tato exato
de idolatria que tinha sido proibida. O povo se impacientou
com a demora de Moisés na montanha e entendeu esse fato
como ausência de Deus. Eles. Eles quiseram que o Deus atísente
aiisente
fosse substituído por deuses presentes (Êz (Ex 52.1).
32.1). Ao fazer um
bezerro fundido, eles seguiam prãticaspráticas religiosas antigas, que
depois também se manifestaram em culturas tão distantes como
Canaã, com seu baalismo, e Índia, com sua veneração ãà vaca.
`força`; queriam ideusesi
Queriam obter a idéia de iforçai: 'deuses' visíveis para
unir e entusiasmar o povo em sua difícil peregrinação.
No princípio, Éé possível que Aarão tenha desejado conter
esse alarmante impulso paganizante. Sua reação de fazer um al-
tar e apregoar uma festa ao Senhor, pode ter se derivado da
intenção de não entrar em choque direto com o povo e de dar
um cunho iteologicarnente
`teologicamente respeitável*
respeitável' ao ato de fabricar uma
imagem. A imagem podia representar força, vigor e beleza - _
atributos.-do
atributos,zd'o verdadeiro Deus. No entanto, depois, quando
Moisés voltou e reagiu horrorizado diante da idolatria do povo,
Aarão não se sentiu capaz de manter esse tipo de defesa sofisticada
e admitiu que, pura e simplesmente, tinha sido pressionado pelo
povo: "Eles
“Eles me disseram: “Faça para nos nós deuses que nos
conduzam, pois não sabemos o que aconteceu com esse Moises, Moisés,
o homem que nos tirou do Egito'. Então eu lhes disse: Quem
tiver enfeites de ouro, traga-os para mim. O povo trouze-me
trouxe-me o
ouro, eu o joguei no fogo e surgiu esse bezerrol” (Ez (Êx 3225,24).
32.255,24).
O segundo mandamento, ao proibir as imagens, apela para
izeloso' que não tolera esse tipo de
o fato de Deus ser um Deus °zeloso'
“zelosoi em português não faz justiça
atitude religiosa. O termo Ízeloso'
àã palavra hebraica, que tem sido traduzida para o inglês, com corn
alguma propriedade, pelo termo °jealous` ('ciumento”).
ficiumentoil. Confor-
me R. Alan Cole,“ a palavra se refere a uma atividade mais do
1..
intolerância como
que a uma emoção e não se trata tanto de intolerãncia
de
çile ezclusividade:
exclusividade: “lvlarido
“Marido algum que tenha realmente amado
iua
sua esposa toleraria reparti-la com outro homem. Da mesma
forma, Deus jamais repartiria Israel com um rival”. O fato do
pecado ter efeitos durante várias geraçoes gerações também é um
fenomeno,
fenômeno, observado mesmo por pessoas que limitam sua
compreensão das situaçoes
situações aos chamados `resultados naturais'
naturais”
dos atos. “Escravidão, ezploração,
exploração, imperialismo, poluição e
imoralidade são todos exemplos
ezemplos desse princípio”.'*l
princípio".'4
O rnandamento
mandamento de Deus não visa apenas o fazer ídolos,
deuses estranhos copiados de outras religioes,
religiões, mas tambérn
também a
tentativa, aparentemente mais aceitável, de dar ezpressão
expressão visível
e tangível a elementos ou atributos que fazem parte do carácter
do verdadeiro Deus. Esse segundo tipo de tentativa tem uma
tendência irresistível de se desvirtuar e degenerar, levando as
pessoas a se envolver em pura idolatria. J. I.1. Packet, em seu livro
O Corrhecínrento
Conhecimento de Deus, ezplica explica por que isso acontece: as
imagens desonrarn
desonram Deus, obscurecendo sua gloria. glória. Deus é tão
grande e majestoso que é inevitável que as imagens ocul tem muita,
ocultem
se não toda, verdade acerca de seu caráter. As imagens também
enga-nam os homens, porque, além de focar qualidades como
força e beleza, também podem fazer surgir outros conceitos
completa-mente errados como, por ezemplo, exemplo, o conceito de que
Deus é alguém a quem se pode honrar medirmte mediante um deboche
desenfreado. As pressoespressões sociais e a tentação maligna são
demasiado fortes, a pessoa não se mantém na atitude de adoração
'\
-._
'À genuína a Deus quando se dirige a ele por meio de imagens. Pts As
[ff]
Jrfi
Novo Testamento
Para os aapostolos,
P óstolos, converter-se
_ a Cristo, P
por
or defini
definição,
Ç ão, era
eta
abandonar os ídolos (1 (lifs
fs 1.9). Jesus é entendido como uma
imagem perfeita de de. Deus. Deus se reserva o direito de fazer
581
al
imagens _ não compete a nenhum homem usurpat usurpar esse privi-
légio (I-lb
(Hb 1.3).
1.5). O termo usado pelo autor da carta aos Hebreus
é ccaráteti,
°caráter', este termo se refere ao trabalho de gravar em relevo,
em pedra, madeira ou metal. A palavra mais comum é eííton eikon
que se refere em Mateus 22.20, por ezemplo, exemplo, ãà imagem do
imperador gravada nas moedas em circulação, algo comum
no Império Romano. Os judeus detestavam esse símbolo do
poder estrangeiro e se dissociavam por completo da idolatria
envolvida no fato de retratar um imperador dessa forma.
Romanos 1 fornece uma profunda ezplicação explicação psicologica
psicológica
fenômeno da idolatria. Mostra a maneira como o
em relação ao fenomeno
homem, que por natureza tem um conhecimento parcial de
Deus, de seu poder e divindade, se recusa a prestar a devida
honra ãquilo
àquilo que conhece sobre essa divindade (L13-23).
(1.18-23). Como
resultado disso, sua mente se torna mais obcecada consigo mesma
e menos capaz de discernir a verdade sobre Deus. Como o
homem não é capaz de viver sem ter uma divindade, faz uma
para si, representando bem alguns atributos do verdadeiro Deus,
mas obscurecendo e falseando outros. Retrata Deus como se
fosse um homem cottuptível
corruptível _ ou como urna uma ave, quadrúpede
ou téptil.
réptil. Naturalmente, estas Liltimas
últimas representaçoes
representações nunca são
espúrias. Deus como Criador inculcou em todas
inteiramente esptitias.
suas criaturas algumas marcas de sua divindade, no entanto, ao
representarem-no fielmente em alguns aspectos, falsificam-no
completamente em outros _ como o bezerro de ouro. Não é
de forma arbitrária que o apostolo
apóstolo Paulo segue com seu argumen-
to, relacionando a idolatria com o lesbianismo e a homosse-
zualidade
xualidade masculina. A obsessão com a criatura e o desrespeito
pelas normas estabelecidas pela divindade, fazem com que o
homem se ocupe de uma forma doentia com aspectos da criação
e, em especial, com o corpo daqueles que são mais parecidos
consigo mesmo. Paulo relaciona- os pecados sezuais sexuais e o materia-
lismo
lisrno com a..idolatria
a,-idolatria (Ef 5.5, Cl 5.5).
3-5). Para ele, uma conversão
genuína é uma transformação mediante a qual a pessoa retira
sua atenção de todo o tipo de imagem ou ídolo e, ao mesmo
J..i..
tempo, se torna semelhante ãà imagem de Cristo (2Co 5.18).
3.18).
eo jl ,f,.-f'
j/
já
Qzfesulta-
mais ou menos, nos mesmos termos que São Nicolau. O/fesulta
do disso, é que todos que saíram da infância abandonam a fé
em ”Deus”.
'Deus'.
E obvio
óbvio que as imagens mentais precisam de ser identifica-
dgzcféjeitadas com a mesma energia e vigor que os iconoclastas
rdedicavam a destruir imagens materiais.
/dedicavam
Notas
to .ar.1_ai_s.
1. ()p.cir.
P 1- XI - 5.
A-:.|uino, .S`fm,wzz.f
2. Tomás de Aquino, .Yrrrrrrrrrr ”lilira:”rír§rra. B1, 3, ad 3, citado em “Catecismo da
'1 iflifo/rigƒra. 2-2, 81,
Catolica””, par. 2132.
Igreja Católica”,
R-::Iíquia””, Eça de
3. “A Relíquía", dc Queirós.
Queiros, ed. Livros do Brasil, Lisboa.
“A Religião Popular Porniguesa”,
4. “.‹'\ Portuguesa”, Moises Moisés do Espírito Santo, ed. Regra do
Jogo, Lisboa ,. p. 124.
5. Op. cit. p. 124.
cit.,p. 42.
6. Op. eir.,p.
T. Citado em “Madonna
7. “llvladonna _ Ícone da Pfâs-Modernidade”,
Pos-llvlotlernidatle””, dt-:jockde_joc1~: McGregor,
lvícíšregrir, ed.
GBU,1.isboa 1999.
GBU,1.i:4boa
8.
3. “r\
“A Crise da Integridade”, Warren 'Warren Wiersbe,
`\.`1i-íiersbc, ed.
cd. Vida,
”'¬.-lida, 1989.
9. Op.
Cip. cir.,p.61.
cit.,p.o'1.
líl. Op. cit. p.51.
10.
11. Op. cit., p.51.
12. “Dicionário de iüdivinliação”, Adivinhação””, disponível orrfƒfrrf arrrírrrr no fire:
rita: http://
littpzƒg'
21lbuscar.hpg.cpm.br,f'dicionario.htm
2l1buscar.l¬.pg.cpm.br/djcionariohrm
13.
lo. "lLxm1o
””E”a~:ot1o _1nrrodução
_1r|trodi_1çáo e Comenrzirio”,Cofl¬renttirio””, R. Alan Cole, ed. Vida Vitla Nova, 1963,
19153, p.
150.
151.).
Op. cit. 11.150.
14. ()p. p.15l_l.
“Conhecendo Deus",
15. “(Íonheccmlo Deus””, _|. I. 1. Packer,
Packet, ed. Núcleo, 1981, pp. 43-49 (ver O U
(.”arrlerr`rrrr'rrra de
(.`n›¡z"Jú›r:'m‹'::!¿› rr”r: Dffmr,
l2rrr.r, ed. Mundo
ívlundo Cristão).
1o.IÉ)p.cit.pr-iginas 43-49.
1(1.()p.eir.paginas
17'. “Voices
1?. “`v'oiccs at the Watering `\.`*§-*atering Places",
Places”, ed. Kathleen
lúittlileen Nicholls, New Delhi, 1991.
cAP|'TuLo 3
caviruto
»9 “Dat
“Dar valor ao
nome de Deus”
Abordagens históricas
Um assunto bem mais complicado do parece â51 primeira
vista, é o fato de nos referirmos ãà divindade, usando seu nome.
Por exemplo, o estoicismo aplicava muitos nomes âà divindade,
mas tinha relutância em abranger todas com um nome, ezata- exata-
mente por que não pode haver nenhum nome que envolva a
plenitude da divindade. Outro problema é o uso mágico do
nome. Conforme 1-I. H. Bietenhard: ””Virtualmer1te,
“\/irtualmente, na féfe e no
nações, o nome está ineittricavelmente
pensamento de todas as naçoes, inextricavelmente
vinculado âà pessoa, seja homem, deus, ou demonio.
demônio. Qualquer
pessoa que conhece o nome de um ser pode ezercer exercer poder
al
64j
Deus quiset””,
quiser”, sem qualquer apelo consciente ao fato do futuro
estar nas mãos do Senhor soberano. As frases: “Meu Deus””,
Deus”, e:
“Deus me livre””
livre” são repetidas
re etidas com tanta frequência
fre q uência flque
ue nor-
malmente não provocam qualquer tipo de reação, mesmo no
crente que deseja guardar o terceiro mandamento.
Antigo Testamento
eitpressão hebraica Iashshaw,
A expressão laslisliavif, usada nesse mandamento,
significa “em vão”,vão””, “para nada”
nada”” ou “sem nenhum propósito”;
proposito”; a
Í I ' ' ' T)
palavra sliaw,
sliavv”, na qual esta
está baseada, significa “nada”
“nada”” ou “o vazio
vazio””..
Várias vezes, o livro de Jeremias eremias usa a mesma Ppalavra alavra e, em
Jeremias 46.1 1, encontramos a palavra usada da forma mais clara
e compreensível: “Suba a Gileade em busca de bálsamo, Óo virgem,
filha do Egito! Você multiplica remédios em vão; não há cura
para você”” ((grifo
ara você” rifo do autor). O mandamento poderia oderia ser traduzi-
g I I
Novo Testamento
O Novo Testamento não ensina que não se deve usar o
nome de Deus, mas sim que esse nome deve ser usado com
todo o respeito e santidade (Mt 6.9). E verdade, algumas vezes
vemos que Jesus evita pronunciar o nome divino por respeito
exemplo, em Mt. 26.64,
aos seus ouvintes judaicos (como, por eitemplo, 26.64.
onde diz: “Mas eu digo a todos vos: vós: Chegará o dia em que
vereis o Filho do homem assentado âà direita do Poderoso e vindo
sobre as nuvens do céu””
céu” [grifo do autor]). E natural, que aqui
o evangelista
evaiigelista Mateus tenha redigido as palavras de Jesus dessa
maneira, usando uma citcunlocução
circunlocução para não pronunciar
diretamente o nome de Deus. No Evangelho de Lucas, em
uma passagem paralela, a frase é “o poder de Deus” (Lc 22.69),
J..
la
uma vez que esse Evangelho não foi escrito para leitores
judaicos. Disso deduzimos claramente que Jesus não dava a
mesma importância que seus contemporâneos âà questão do
uso direto do nome, sentindo-se livre para, de acordo com a
situação, o usar ou não.
Depois, vemos um dos nomes de Deus, ”o “o Senhor”, aplicado
não so
só a Deus Pai, mas também âquele àquele que foi declarado
”Senhor”
`Senhor° mediante sua ressurreição dos mortos, Jesus. A salvação
vem pela invocação desse nome e pela convicção real de sua
ressurreição (Rm 10.9). Esse nome não so só não precisa ser
evitado, mas deve ser mesmo pronunciado _ para que aquele
que crê em Jesus seja salvo!
Quando Jesus afirma que “no dia do juízo, os homens
haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado”” falado”
12.36), é evidente que palavras impensadas, invocando o
(Mt 12.56),
nome de Deus estarão incluídas. O termo traduzido por ”ocioso” `ocioso'
é argon, que é uma contração de ”a 'a + ergon”
ergon, e significa ”sem *sem
Áividade”
fifividacle' ou ”sem proveito”
“sem proveito' (o equivalente a falar ”em
`em vão, na
vão”
linguagem do Antigo Testamento). Quantas vezes, em conver-
sas diárias, o nome de Deus e de Jesus é citado dessa forma
ociosa?
Jesus, no sermão da montanha faz referência a esse manda-
mento e âà aplicação específica que Levítico 19.12 faz dele, ao
proibir todo juramento (Mt 5.55-56).
5.33-36). Parece que seus opositores
tinham o costume de argumentar que o não-cumprimento de
um juramento ou promessa feitos ao Senhor Seiilior era mais grave do
que o não-cumprimento de um juramento ou promessa feitos
em outros termos (pela terra, por Jerusalém ou pela cabeça da
propria
própria pessoa). Torna-se ridículo uma pessoa ter tanto cuidado
com as palavras que usa para depois cair no pecado de dar sua
palavra e não a cumprir. E um caso claro de ”coar `coar o mosquito”
mosquito' e
`engolir o camelo”. Parece que se refere a um contezto
”engolir contexto muito
mais amplo que o dos tribunais: “Seja o seu ”sim”, 'sim`, ”sim”,
`sim`, e o seu
'não', ”não””
”não”, 'não'” (v. 57).
37). O hábito de seu tempo era parecido com o
mlhábito de nosso tempo. Quem não costumava respeitar muito
a palavra dada tentava dar-lhe mais força em certas situaçoes,
situações,
acrescentando um juramento (como quem dia diz hoje, por
fiíëinplo: "Juro
,eiíéfnploz “Juro pela alma do meu pai e da minha mãefll. mãe”). Se
nossa palavra eé seria,
séria, não Éé necessario
necessário ll1e
lhe dar esse tipo de
`não° tera
reforço: o `não` terá o valor de `nãoi
`não' e o *sim`,
`sim', o valor de "sim`.
`sim`. O
Fato
fato de sentirmos a necessidade de acrescentar juramentos
reflete a seriedade de nosso carater.
caráter.
Nesse caso, se estivermos em uma situação em que a necessi-
dade de acrescentar o nome de Deus às nossas palavras não for
imposta por nos nós mesmos, mas sim pela autoridade de uma
instituição, não haverá inconveniente em respeitar essa exigên-
cia e jurar. Concordamos com Calvino, quando ele afirma que
os juramentos públicos são os mais seguros, porque encontrarn
encontram
maior aprovação em numerosos testemunhos das Escrituras.” Escrituras?
Cita como evidência Hebreus 6.16,1Í",6.16,17, onde eé dito que os
homens juram por alguem
alguém superior a eles e que o proprio
próprio Deus
jura; dessa maneira, fica provado que, pelo menos, os juramentos
públicos não são condenados. Mas Calvino argumenta também tambeím
que pode haver juramentos privados que não são condenados
(como, conforme vimos, houve no Antigo Testamento). Por
exemplo, podemos invocar Deus por testemunha quando
alguem
alguém poe
põe em causa nossa integridade e não se da dá por satisfeito
com os argumentos que invocamos. Aqui, éÉ difícil encontrar
apoio específico no Novo Testamento. Se seguirmos o metodo método
de Calvino de apoiar suas posições indistintamente em ambos
testamentos, poderemos chegar a essa mesma conclusão. Se
método dos Purabatistas,
seguirmos o metodo Anabatistas, dando mais peso ao teste-
munho do Novo Testamento e admitindo a possibilidade de
mudanças de perspectiva de um testamento para outro, será
mais difícil aceitar essa posiçao.
posição. Contudo, parece que os
públicos. em
juramentos públicos, ein algumas situaçoes,
situações, são admitidos
mesmo pelo Novo Testamento, assim, não poderemos aceitar a
posição anabatista de proibir que o cristão osígçaos faça em tribunal.
/'
_,--""
//
.ff
Tiago 5.12 repete a advertência de Jesus contra os juramen-
liz
la
tos em termos quase idênticos aos do sermão da montanha. Nossa
conclusão sobre o alcance dessa recomendação, portanto, será a
mesma: Deus se opõe ao juramento a nível de conversa diária diaria
- não necessariamente a nível de tribunal e, possivelmente,
_
também não a nível do tipo de juramento particular que Calvino
admite.
O Novo Testamento reforça a idéia ideia do Antigo Testamento
de que a palavra que damos deve ser cumprida. O apóstolo apostolo
Paulo, em certo momento, raspou a cabeça “devido "devido a um voto
que havia feito” (At 18.18); aqui parece claro que se trata da
conclusão do voto de nazireu, de acordo com as estipulações
de Números 6. O costume claramente ée' um dos que fazem
parte da antiga aliança e não há evidência de qualquer manifes-
tação desse tipo de voto nas igrejas cristãs. Mas a questão éÉ que
se trata de uma promessa: o fato da vida de Paulo se ter modifi-
cado profundamente devido àã aceitação do Evangelho, de
acordo com os costumes judaicos, não anula uma promessa
que ele fizera anteriormente.
O mesmo Paulo tem o cuidado de mostrar àii igreja em
Corinto
Çorinto que a mudança de plano que levou ao adiamento da
sua visita àã igreja não teve naclanada a ver com a 'leviandadel
`leviandadei de
quem dá da sua palavra e depois não a cumpre: “Todavia, como
Deus éei fiel, nossa mensagem a vocês não éef “sim” e `não”`
“não” (2Co
{2Co
1.13). Mudou por que não queria fazer a visita 'em
1.18). :em tristeza”,
tristezai,
causando àã igreja também
tambem mais tristeza do que era necessário.
necessario.
Para poder beneficia-los julgou que devia mudar o plano que
tinha feito: se fosse sóso questão de conveniência própria
propria não se
sentiria livre para o fazer.
Fazer. E, se baseou na fidelidade de Deus
para afirmar a importância
importãncia da palavra dada.
dei:-tai' aberta a questão da maneira como Paulo
Aqui, cabe deixar
teria avaliado o caso dramático da promessa de Jefté. Se Paulo,
para beneficiar alguém,
alguem, se sentiu livre para mudar um plano
com o qual se tinha comprometido, não poderia admitir a
741
`."'-'ij
hipotese
hipótese de alguom,
alguém, posto na situação de jefto,
Jefté, obrigado a matar
a propria
própria filha, mudasse de plano ao ver as consequências trãgicas
trágicas
que adviriam da fidelidade ãà palavra dada? Ou Paulo terá consi-
derado que jefto
jefté agiu corretamente em seu conteitto
contexto historico,
histórico,
mas que o Evangelho confere mais liberdade as às pessoas? Aqui so só
podemos especular; Paulo não se pronuncia diretamente sobre
a questão. lvlas,
Mas, pelo menos, podemos concluir que não temos
que tomar necessariamente o ei-tem
exemploplo de jefto,
]efte', ao tornar absoluta
a importãncia
importância da palavra dada, como um ei-templo
exemplo a ser seguido
ao popé da letra em qualquer situação comparãvel
comparável que possa surgir
hoje.
Sobre a questão do uso magico
mágico do nome de Deus ou de
Jesus, um espírito m maligno
aligno nos ajuda a esclarecer nossa posição!
Quando os eirorcistas
exorcistas judeus, citados em AtosAros 19.13, tentaram
ezpulsar
expulsar demonios
demônios *em'em nome de jesus,
Jesus, a quem Paulo prega” prega`
(isto o,é, sem ser preciso que eles se relacionareiii
relacionarem diretamente
com jesus) o espírito respondeu: “]esus, eu conheço, Paulo, eu
sei quem o; é; mas vocês, quem sãoi”
são?” O nome não pode ser usado
de uma forma mágica, pois, dessa maneira, não tem qualquer
efgieiív
efgieiílr
“T
/ Conclusão: Em resumo, podemos concluir que tomar o
nome de Deus em vão equivale a usar de uma forma leviana
oii
ou impensada seu nome, ou qualquer outro nome equivalente,
ou tentar reforçar nossa palavra (que ein em si pode não merecer
muita confiança) por meio do apelo a uma Autoridade supe-
rior com a qual não estamos devidamente relacionados. Nor-
malmente, não serã
'If
í
será necessario
necessário recusarmo-nos a jurar quando
um ilfiial'rbfital o ei-tigir
exigir e, na opinião de alguns, pode haver
ituaçoes
ltuações sorias,
sérias, mesmo na vida particular, quando podemos
invocar o nome de Deus para confirmar nossas palavras. lsso Isso
só sera
so será possível se não for uma palavra `ociosa' proferida *em 'em
vão°, mas, ao contrario,
vãoi, contrário, envolver um apelo sorio sério e consciente
, , , . __ _
àquele
aquele que conhece nosso coração.
coraçao. A Bíblia
Biblia não
nao admite o uso
magico de um nome e repudia a blasfêmia. Ela afirma a grande
j 75
?5
Notas
1. IÍI11
17.111 “Diciririário
“Diciriniitio lntetnaciolml
lnteriiacirinal de
tlc Te‹_›1ogi:1
Te-:_ilngi:i do Novo 'l`estar11ento”,
Testaniento", ed. Vida
1.-litlii
l\1ova,
l`-lriva, 1985.
1935.
2.
Ê. Àgtistinhu,
Figtistinliii, Serrn.
Serm. Dom. 2,45. 19, em
cni “CatcCÍ:‹n1n
“Catccisinii da 1greja(Íat‹':lica",
Igreja íiatolica", par.
.El-1ll"l.
2148.
Íi. {'Ír|¬i. cit., 11 - \-llll
3.()p.Cir.,l1- É-ílll - ÊT.
ET.
“fiatecisiiiri da lgreja Catolicâl",
4. “C!Lt::Cisn1o Í Íatti:-lic:i"¬ par. 2142
É l4Ê a 2167.
21 oil.
Priivorliiris citatlorë
5. l)ro\'érl1ios citados em “l°ro\'erbios
“Prrr-:orlii‹:is lJurL1.lgLIc5cS",
11‹_irtiigticscs", de
tlc :'\ntó|1io
Fuitiiiiiiti 1\-'{oreir:1,
l`¬.-'lrii'eir:i¬ lidi-
litli-
tori:1l1\I‹›ríciz1s,
t=:_iI'Í:il l'\lr_itícias, 1996.
19516.
6.
Ú. (Í]p.cit.,
l1Í1p.cit., 11-
ll- fãil - 27'.
ET.
carítutoa
cAP|'TuL0 4
Trabalhar e descansar
tifica'-io. Íli"al:›aiíiara“s
Lembra-te do dia de sabado, para san rifict-í-in. Yiabalilarás seis dias e
neles Eiras todos os teus trabaiiios,
trabalhos, nias
mas o se“timo
sétimo dia e“é o stííiado
sábado dedicado
ao SEM-fria,
SENHOR, o teu Deus. Nesse dia não raras fàrzís trabalho
rrabaiho algurn,
algum, nem tn tu,
1'
fiihos ou ƒiihas,
nem teus filhos fiihas, nem tens
teus servos ou servas, nem teus anim.ais
animais,
Í
2) O
Ú teitto
texto de De “
Deuteronômio
uteronomio menciona mais especifi-
camente os animais que também precisam se beneficiar
proprie-
do dia de descanso e que estão presentes na pro P rie-
dade hebraica _ os bois e os juiiieiitos.
jumentos.
texto de Deuteron“
3) O tezto Deuteronômio
` ddatl mais ênfase ao fato dos
omio
servos precisarem de descanso, sendo este o objetivo
ml
vl do descanso que abrange toda a propriedade. Aqui, é
interessante notar que os servos não são encarados como
meras ferramentas, eles têm o privilégio de serem tratados
como pessoas visadas pela lei do __descanso,
descanso, não menos do
que seus patroes.
patrões. _
.z"“
.
_."
Abordagens historicas
históricas
Ao dar ao homem o mandato para trabalhar (Gn 1.28) é
natural que Deus tenha querido abranger todo tipo de
atividade humana legítima. Embora o conteittocontexto do mandato
seja o da agricultura, não hã há nenhuma razão para ezcluir excluir
atividades tecnologicas,
tecnológicas, científicas, sociais, artísticas e pedago-
pedagó-
gicas. Por eitemplo,
exemplo, em Gênesis ¿i.21,22
4.21,22 a música e o fabrico
de ferramentas também são trabalhos encarados como legítimos
e a atividade intelectual de dar nomes aos animais e aves é uma
ordem eitplícita
explícita de Deus, em Gênesis 2.19. A queda do homem `*-,
apostolo
apóstolo Paulo, algumas vezes, ganhava seu sustento (At 18.1-3;
1Co 4.12), como o trabalho apostolico
apostólico de anunciar o Evangelho
(1Co
(ICQ 15.10) são atividades validasválidas que Deus lhe conferiu.
A lei do sabado
sábado é ensinada com insistência em toda a Bíblia, Bíblia.
com a finalidade de manter o trabalho em seu devido lugar,
sem o tornar motivo de escravidão ou de afastamento É
de Deus.
O saiba,
sabâí, dia de descanso obrigatorio,
obrigatório, tem uma dupla função:
providenciar descanso e ser uma maneira das fainílias famílias se concen-
trareni
trarem na adoração ao Senhor. O sabado sábado era considerado uma
das festas do Senhor (Lv 23.1-3),23.1-5), nas quais o0 povo refletia sobre
diferentes aspectos de sua boa mão sobre a nação. Os períodos
mais arduos,
árduos, da aradura ec da sega (Ea (Êx 34.21), não eram conside-
rados eitceçoes
exceções e a desobediência aà lei do sabadosábado era considerada
uma ofensa que devia ser punida com a morte (Ê:-t (Êx 31.14:
51.14; Nm
15.32-56).
15.32-36).
Posteriormente, se observou uma tendência de diversos
grupos no judaísmo de darem diferente ênfase a distintos
.tr .rr in
A .If
I
aspectos da pratica do sabado. Os judeus de tendencia helenista
ensinavam a importancia
importância de não desperdiçar o dia na ociosi-
aproveitá-lo para o estudo das coisas de Deus.'
dade, mas em aproveita-lo
Os judeus palestinos retiraram
tentaram controlar e estabelecer limites
ao trabalho que se podia desenvolver, deiitando-nos
deixando-nos a impressão
que, para eles, era mais importante o elemeiito elemento de proibição
do que a orientação para o boni bom aproveitamento do dia. Por
eitemplo,
exemplo, o Documento de Damasco niostra mostra que era proibido
livrar um animal da morte no sabado. sábado. Shabbath 7.2 proíbe
no sabado
sábado o desempenho de "quarenta
“quarenta nienos
menos uma” dos princi-
trabalho. No sabado,
pais tipos de traballio. sábado, as atividades permitidas eram
especialmente os serviços dos sacerdotes no tem templo,
plo, o salvamento
de uma vida humana em uma emergência e a circuncisão, se
este fosse o oitavo dia. jesus
Jesus reagiu fortemente contra o rigor
que grupos, como os fariseus, tentavam impor a todo o povo,
ensinando que o sabado tinha sido feito para o homem e não o
homem para o sabado sábado (Mc 2.27). Sobre sua postura debruçar-
j81
duas praticas
práticas lado a lado, mas sem aplicar a nenhuma delas o
rigor eitcessivo
excessivo recomendado pelos fariseus.
Em Justino (c. 167 d. C.), ei-tiste
existe evidéiicia
evidência substancial de
que no século 11 o costume dos cristãos eta era se reunir tio
no primeiro
dia da semana: ““No“No dia chamado domingo, todos os que vivem. vivem
em cidades ou no campo se reúnem em um lugar, e as memorias memórias
dos apostolos
apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos durante todo
o tempo possível”.i
possível”.2 Em 521 321 A. D., o imperador Constantino
oficializou o domingo como dia de descanso em todo o Império
Romano, proibindo ei-tpressamente
expressamente a pratica
prática dominical da
maioria dos trabalhos que ei-tistiam
existiam na época.
Pesquisas realizadas por Adventistas do Sétimo Dia tendem
a sugerir“que,
sugeririque, nos primeiros séculos, eitistiam
existiam grandes grupos de
cristãos que guardavatn
guardavam o sétimo dia da semana. O falecido ]ames
Arrabito, em um teittotexto intitulado Our Sabbath Heritage [Nossa
herança do sabado]
sábado] ,il
,3 apela para a evidência de eruditos britanicos
britânicos
que provaram a eitistência
existência de comunidades celtas que, na Grã-
Bretanha, no tempo da ocupação romana, guardavani guardavam o sétimo
dia. Arrabito também afirma que Patrício (c. 389-461), famoso
missionario
missionário irlandês, guardava o sétimo dia. Cita também uma
inscrição, escrita em chinês, na Pedra iiestoriana
nestoriana de Changan,
Changán,
que data de 781 d. C., e que foi descoberta mais de oitocentos
anos mais tarde. Na pedra esta está escrito: ““No
“No Sétimo Dia oferece-
mos sacrifícios depois de ter piirificado
purificado nossos coraçoes,
corações, e de ter
recebido absolvição de nossos pecados. Essa religião, tão perfeita
e ei-tcelente,
excelente, é difícil de nomear, mm mas ilumina as trevas por meio
de seus preceitos brilhantes”. Arrabito afirma que os jesuítas
arqueológica da pratica
destruíram muita evidência arqueologica prática do sétimo
dia, devido aos dogmas de sua lgreja: Igreja: o quanto isso é verdade,
naturalmente, é muito discutívell Mais tarde refletiremos sobre
a relevãncia
relevância de dados dessa natureza para a resolução da questão
do dia do Senhor ser o primeiro ou o sétimo da semana.
Quando o protestantismo surgiu no século XVI, represen-
tou uma redescoberta do valor positivo de todo tipo de trabalho.
j83
|83
Novo Testamento
jesus designa seu Pai como um trabalhador, da mesma
Jesus
maneira que o Filho também o oé (Jo (jo 5.17). Mas trabalhar não
é apenas se ocupar incessantemente no esforço de ganhar o
pão espiritual ou inaterial.
material. Em questoes
questões materiais é tão impor-
“Obseivem as aves
tante aprender a confiar como trabalhar: ““Observem
do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeitos;celeiros;
contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais
valor do que elas?” (Mt 6.26). Em relação a nossa salvação eterna
temos que fazer a obra que Deus requer, que é ““crer
"crer naquele
que ele enviou” (Jo
(jo 6.29).
j91
jišll
é urna
uma questão de iinportãncia
importância tão fundamental que seraserá decisiva
na questão do julgamento do fim dos tempos. Essa é a posição
que a lgreja
Igreja Adventista do Sétimo Dia defende acerca do
sábado. Esse movimento, devido iia sua expansão missionária,
ao rigor de suas posiçoes
posições sabaticas
sabáticas e aà natureza exemplar de
seu serviço ãà humanidade, merece uma consideração especial
ein um capítulo como este que trata do Quarto Mandamento.
Todo adventista instruído sabe que sua igreja data de um
período, meados do século XIX, xix, em que o pregador “profético“
'profético'
William
Williani Miller tinha anunciado que a Segunda Vinda do
Senhor seria durante o ano de 1844. Quando essa previsão
não se concretizou, alguns de seus seguidores, e de maiieira maneira
especial a jovem Ellen White, argumentaram que o Espírito
de profecia tinha de fato inspirado o moviiiieiito
movimento de Miller,
mas que este se tinha enganado sobre o tipo de vinda em
questão: ““Acompanhado
“Acompanhado pelos santos anjos o Sumo Sacerdote
penetrou no santo dos santos, para comparecer ante a presença
de Deus e empreender sua última obra sacerdotal a favor do
homem, isto é, para proceder ao juízo de investigação e fazer
expiação para todos os que houvessem feito jus a esse beneficio”.“
benefício".“
Tanto Miller como White eram rigorosamente sabatistas em
sua convicção e pratica,
prática, argumentando que o Novo Testamento
não tinha mudado a Lei do Sábado, mas sim o imperador
Constantino (cumprindo a profecia de Dri Dn 7.25), e que a
obediência aà lei moral de Deus, em sua totalidade, requeria a
abolição total da observãncia
observância do domingo. Em 1844, Jesus
não voltou, mas entrou no santuário celeste para iniciar o juízo
de investigação. Quem não observa obseiva o sábado no sétimo dia
será reprovado no “juízo
sera 'juízo de investigação“
investigação' de uma forma tão
contundente como quem adultera ou mata.
A lgreja
Igreja Adventista, ao mesmo tempo que sustenta essa
posição, se considera herdeira da Reforma, chamada para
anunciar profeticamente no nosso tempo os princípios de “so 'só
Cristo, so
só fé e so
só escritura“.
escritura'. Teologicamente,
Teologicarnente, é difícil reconciliar
j95
para a Observãncia
Observância do Dia do Senhor“)
Senhor') de que o domingo
deve ser seguido com o mesmo rigor com que era, o sábado?
Em primeiro lugar, eles têm ein comum com os adventistas a
convicção de que não se trata de uma continuação da lei
cerimonial judaica, mas sim de uma questão de lei moral. Tanto
para os adventistas como para eles é evidente que esse fato, em
si, introduz algumas inodificaçoes
modificações em relação ãà lei tal como era
seguida no Antigo Testamento (neni (nem uns nem outros ensinam
que o culto é no templo ou que, na nossa dispensação, devemos
oferecer sacrifícios de animais).
segundo lugar, tanto uns como outros ficam insatisfeitos
Em seguiido
com a posição de Calvino de que a lei do sábado tem uma
aplicação essencialmente
essencialniente típica ou tipológica.
tipologica. Os outros nove
mandarnen tos são claramente morais e de aplicação permanente:
por que é que uma lei que não tem esse peso deve aparecer no
meio de uma lista de outras leis que claramente o têm? Por isso,
os puritanos não hesitavam em proibir as atividades laborais e
recreativas no domingo. O Parlamento Longo, na Inglaterra,
durante o período em que teve poder, conseguiu impor leis em
concordancia com essas convicções.
concordância coiivicçoes. E óbvio
obvio que o deleite que
eles, pessoalmente e em família, tinham no dia do Senhor dificil-
mente podia ser transmitido a elementos não-puritanos da
sociedade inglesa por meio de legislação! Aqui, consideramos
que, sendo o contexto atual tão diferente, poucas medidas a fa-
vor da observãncia
observância do domingo podem ser implementadas a
nível de legislação. Não obstante, simpatizamos
simpatizainos com medidas
tais como a obrigatoriedade de fechar os centros comerciais aos
mínimo, pelo motivo humanitário de dar
domingos _ no míniino, dat
Êscanso
descanso semanal aos empregados.
ff
'“ Consideramos que os cristãos devem assumir por completo
a cessação de seu trabalho diário no dia do Senhor. As atividades
recreativas também devem ser limitadas de maneira a não
interferir com horários de culto (profissionais da área de espor-
tes convertidos têm que considerar cuidadosamente sua situação
Qõj
Éloj
Os outros 'Sábados'
O Ano Sabátioo
Sabático
em quo
O ano om que a torta
terra doscansa,
descansa, apos
após sois
seis anos do
de ot-tploração
exploração
(Lv
[Lv 25.1-7), é roconhocidamonto
reconhecidamente fnndamontado
fundamentado om em saudavois
saudáveis
princípios dode oconomia,
economia, ooologia
ecologia oe hnmanitarismo.
humanitarismo. Quando
Levítico 26.2 Fala
Lovítico fala om
em `sabados*,
`sábados', não so se roforo
refere aponas
apenas ao dosoanso
descanso
somanal,
semanal, mas também a osso esse ano sabatico
sabático ooncoclido
concedido aà torta
terra oe
jubileu quo
ao ano do jubilon que é um tipo do de “sabatico
'sabático dos sabaticos'
sabáticos' (Lv
25.8-55). O ano sabatico,
25.3-55). sabático, além do de sor
ser bonéfico
benéfico para a torra,
terra.
quo
que dopois
depois do doscanso
descanso prodnairti
produzirá molbot,
melhor, sorvo
serve ao proposito
propósito
de, na monto
do, mente dos propriotarios,
proprietários, rolativizar
relativizar souseu sontido
sentido do
de posso
posse
da torta.
terra. Duranto
Durante um ano, cics eles ficam limitados a procurar sou seu
alimonto
alimento nas mosmas
mesmas cor1diçños
condições quo que os sorvos,
servos, os omprcgados
empregados
contratados. os ostrangoiros
contratados, estrangeiros o, e, mosmo,
mesmo, os animais. Esso Esse ano
oferece a oportunidado
oforoco oportunidade do de roflottão
reflexão sobro
sobre a travossia
travessia do dosorto
deserto oe
da total dopondéncia
dependência do de Dons
Deus para tudo. Além disso, não têm tém
oportunidado
oportunidade dode so
se son tirom superiores
sentirem suporioros àqueles
aqnolos que,
quo, por qualquer
qnalquor
motivo, não têm
tém direito
diroito às
as terras
tortas durante
dnranto o restorosto do tempo.
tompo.
Jnbilon
O Ano do Jubileu
O ano do jubileu
jnbilou deve
dovo ser
sor celebrado
colobrado dedo 50 emom 50SU anos,
sendo
sondo também um ano em om que
quo não se so pode
podo semear
somoar nem
nom ceifar.
coifar.
Do fato, nessa
De nossa altura, há dois anos seguidos
sognidos emom que
quo o povo é
obrigado a viver
vivor assim _ o sábado da sétima 'semana
“st-:mana de
do anos'
anos* e,
o,
imediatamente
irnodiatamon to a seguir,
soguir, o quinquagésimo
qninqnagésimo ano. Durante
Duran to esse
osso ano
aqnolos que,
aqueles quo, por qualquer
qnalquor motivo, foram obrigados a hipotecar
hipotocar
suas terras
tortas voltam àa posse
posso delas
dolas sem
som encargos
oncargos ou penalidades.
ponalidados.
Aqueles que
Aqnolos quo foram obrigados a se vender
so vondor como escravos,
oscravos, por ter
tor
snporioros àquelas
dívidas superiores aqnolas que
quo podiam amortizar
amortiaar por meio
moio da
al
hipoteca dmdas tortas,
terras, som
sem ponalidado
penalidade alguma, tém têm do de volta sua
libordado oe sua torta.
liberdade terra. Dossa
Dessa manoira,
maneira, roptosonta
representa um novo começo
para as famílias _ oe rolativiza
relativiza o concoito
conceito do de posso,
posse, já quoque o quoque
se compra é o usufruto da torta
so terra até o proximo
próximo ano -do de jubilou.
jubileu.
Também não so se lcomptal
“com ra' um oscravo,
escravo, mas souseu serviço
servi o obrigatorio
obri atório
1 1 n gn
duranto seis
durante sois anos eo a possibilidado
ossibilidade de do seu
sou servi
serviço
Ê o voluntário du-
ranto o período em
rante om que
quo não podepodo voltar àsas suas terras
tortas _ isto é,
proximo jubileu.
até o próximo jubilou.
Ronald . Siderll
Sidorlo comenta:
comonta: “Chama ateu atonçãoÇ ão o fato dessa
dossa
passagom sobre
passagem sobro o jubileu
jubilou desafiar
dosafiar fundamentalmente
fundamontalmonto tanto o
capitalismo quanto o comunismo. Apenas Àponas Deus
Dons é o proprietário
proprietario
absoluto. Além disso, o direito diroito de do cada pessoa
possoa ter tor meios
moios para
ganhar sua vida tem tom prioridade
prioridado sobre
sobro os “direitos
'diroitos de do proprie-
ptoprio~
dade'
dadol dedo um comprador ou de do uma economia
oconomia de do mercado
morcado
totalmcnto livre.
totalmente livro. Ao mesmo
mosmo tempo,
tompo, esse
osso texto
tottto afirma claramente
claramonto
não só
so o direito,
diroito, mas também a importância, da propriedade propriodado
privada administrada por famílias que quo compreendem
comproondom que quo são
mordomos responsáveis
rosponsavois perante
potanto Deus.
Dons. DeusDons quer que quo cada
tonha recursos
família tenha tocursos para ganhar seu sou sustento
sustonto _ para fortale- fortalo-
cor a família, dar ao povo a liberdade de ser
cer sor co-criadores
oo-criadores da
história
historia eo im edit a centraliza
impodir contraliaação ão do podor
oder eo o totalitarismo
P. 1
quo quase
que quaso sempre
sompro acompanha a propriedade propriodado centralizada
contraliaada da
terra
torta ou do capital nas mãos do Estado ou de do pequenas
poquonas elites”.
olitos".
lnfolizmonto, não temos
infelizmente, tomos informa
informação ão nos re rogistos historicos
istos históricos
1 gn
para saber
sabor seso essa
ossa legislação alguma vez voa teve
tovo aplicação prática.
pratica.
mandamonto divino foi dado por Deus
Contudo, o mandamento Dons _ o povo
quo obedecer
que obodooor só so se
so beneficiará.
bonoíiciata. Fica aberto
aborto o desafio,
dosafio, nesta
nosta
era,
ora, para que
quo os cristãos descubram como implementar implomontar esses ossos
padrões
padtoos dedo justiça ec de do misericórdia
misoricordia nos sistemas
sistomas econômicos.
economicos.
A Reforma na Terceira
Totcoita Idade
últimoséculo, surgiram novos conceitos
No últirnoséculo, concoitos eo práticas,
praticas, que
quo
nem
nom a Bíblia nem
nom a história
historia humana em
om geral
goral os reconhecem:
roconhocom:
lg.,
Ia
a idéia dode que a partir do
de certa idade as pessoas devem deixar o
trabalho e, por meio dode um sistema, estatal ou particular, para
.oo .qual contribuíram durante sua vida ativa, devem receber
uma quantia regular que permite seu sustento durante o resto
de sua vida. Em muitos casos, quando se trata de um l1omem homem
casado, a esposa continua se beneficiando de sua aposentadoria
apos
após sua morte. Em geral, a idade convencionada para a
aposentadoria do homem é 65 anos _ mas em algumas profis-
sões existe a possibilidade (ou mesmo a obrigatoriedade) de
soes
aposentadoria a partir dos 55 ou oii (SU
60 anos.
Para pessoas que precisam se afastar da responsabilidade
profissões ou que, para ganhar
de suas profissoes ganliar seu sustento, tém têm
profissoes
profissões em que não se sentem realizadas, a oportunidade de
receber o0 necessário para viver, sem a obrigatoriedade de seguir
sua profissão, pode ser extremamente feliz e libertadora.
obrigatória,
Mas, na verdade, o fato da aposentadoria -ser obrigatoria,
pataalgumas
paraalgumas pessoas isso traz angústia e medo, gerando uma
grave crise, como a perda de um ente querido. Muitos passam
a receber um valor mensal muito inferior ao que recebiam antes.
Alguns tém têm que mudar de casa. QLiii`se~.todos
QLii.'.i`s`e~,todos sofrem crise de
auto-estima ao reduzir seu círculo de influéncia. influência. Em muitos
casos, os desentendimentos conjugais aumentam devido ãii
proximidade prolongada, imposta pela situação, com que nem
um nem outro sabe lidar. Em algumas alguinas sociedades, como a
portuguesa, a aflição maior deve-se ao valor extremamente
baixo da aposentadoria. Os aposentados querem ser indepen-
dentes dos filhos, mas não podem, pois é necessãrio necessário que contri-
buam regularmente para que possam viver.
O fato da Bíblia não trazer o conceito de aposentadoria,
não quer necessariamente dizer que ela não deva existir. As
sociedades modernas desenvolvertun
desenvolveram outros sistemas de apoio
que não são inspirados diretamente pelo ensino bíblico, mas que
mesmo assim todos aceitamos como benéficos, por exemplo, o
internamento e cirurgia gratuitos em hospitais do Estado!
100
lüü
Férias e Feriados
Tal como em nossas observações sobre a aposentadoria na
terceira idade, temos que reconhecer que o conceito moderno
mês sem trabalhar e um subsídio equivalente ao
de férias, um més
sala'.rio
salário de um més,
mês, não tem registro na Bíblia. No entanto,
consideração o seguinte:
devemos levar em consideraçao
,Fr
-Íi¿¢,i..ri,_›,
'K .,r.ĉ1rr..*.
:1
"
9¿›¿_
S3'fl:›
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› “.
r
103
1D3
3) O princípio do `jubileul
`jubileu' no Antigo Testamento sugere
que periodicrunente
periodiczunente deve haver uma nova oportun idade
oportunidade
para todos que foram privados de seu meio desustento
normal. As igrëjas devem advogar abertamente a criação
de oportunidades e fomentar os grupos de apoio mútuo
paragdesempregados.
para /desempregados. Podem providenciar trabalhos
temporários, voluntários ou com pequenos subsídios
ãmbito de seus projetos específicos, para
financeiros, no âmbito
pessoas que estão com dificuldade em conseguir emprego
rio
no mercado de trabalho. Devem cultivar um ambiente
de apoio mútuo e de sensibilidade para que os desem-
pregados tenham um sentido de seu valor diante de Deus,
como também saberem que sua vida é 'útil°fútil* de várias
maneiras.
104
1-U4
Notas
1. Filon
liilón de Alexiintlria,
olexanrlria, “Decálr¬.›gr';+”`,
“Decál0g0”, '1[lÚ. 100.
2. rf'1pologia,_Iustino,
Apologia,]ustino, 1, ol 67.
3. “Our Sabbath Heritage”,
Heritage”,jan1es _]ames firrábito.
Arrábito.
4. “l"é
“1"é para Hoje”, £Íonliss:z`io
Confissão de l*`é lfé Batista rle
de 1-15-89,
1689, ed. Fiel, 1991.
5. “Among Got:l*sGod's Giants”,
(šiants”,_]. _]. 1.
I. Packet, Kingsvsav,
Kirigsway, 1991.
o.
6. Up.
Op. cit.,pp. 311'-318.
31?-318.
T.
7. “The Wlorlts
\\Q"orks of jonathan Lid¬¬.vards”,
lidxvards”, em dois volumes, erl. ed. Banner of Truth a
1994.
1974.
fl.
8. “U
“() Conflito
(Ionflito dos Séculos”, Ellen G-.1r`f¿«"hite,
G. White, etl.
cd. Casa Publicarlora
Publicadora Brasileira, cp
EH.
28.
9. “U .«"rbalo
Abalo do rladveotismo”,
Adventismo”, Geriffrevj.
Geoffreyj. Paxton,
Paxtori, ed._ILlERP,
ed._IUERP, 1953.
1983.
ll). “U
líl. “() Ealtrot
Sabor do Bal”,
Sal”, .="'tlan
Alan Pallister, erl.I\1úeleo,19B3.
ed. Núcleo, 1983.
11. “Call the Sabbath a Delight”, `s'{«'alter \Valter Clirrritrv,
(lliaotry, ed. Banner of Truth, 1991.
12. “Rich Christiaos
Christians in aoan Page
Age of Hunger”, Ronalrlj.Ronaldj. Sider, ed. ÍVP,
IVP, 1984.
caPíTuLo 5
casíturo
Pais e filhos
históricas
Abordagens historicas
Encontramos no Antigo Testamento uma estrutura chamada
'famílial
'família' que era bastante mais ampla do que aquela que hoje se
costuma chamar 'família nuclearl.
nucleaf. Christopher H. Wright'
diz: “A família *normal`
`normal' era um lar alargado (ou lestendido').
`estendido'). Esse
amálgama de famílias de duas geraçoes
gerações inter-relacionadas podia
abranger até quatro geraçoes
gerações com apenas um líder, além de seus
servos e outros dependentes. Grande parte delas era economica-
mente autonoma
autônoma e ligada na segurança coletiva do clã e da tribo”.
Havia um sentido arraigado de que, para formar uma nova
I-lavia
família, um homem devia deixar seu pai e sua mãe (Cn (Gn 2.24),
mas, na nossa sociedade, costumamos pensar que isso significa
distância física. Na Bíblia, o casal que tinha “deixado” de lado sua
distãncia
antiga relação com pais e mães, na maior parte dos casos ainda
vivia na mesma unidade familiar que eles e mantinha uma atitude
de submissão e respeito para com eles. Ao longo deste capítulo,
teremos oportunidade de ponderar algumas irnplicaçoes implicações
decorrentes do fato das famílias terem sido alargadas (ou
lestendidas`)
“estendidas`) e também alguns erros que, sernsem a conscioncia
consciência dessa
fímdamental, podem advir da aplicação muito rígida
diferença fundamental,
dos ensinamentos bíblicos.
No grego clássico a palavra lpail
`pai` pode se referir ao patriarca
de uma família ou, no plural, aos ancestrais em geral. Pode ser
título de honra para um ancião ou para um venerado filosofo
um tíj:ulo filósofo
ou professor. No mundo hebraico, o `pai° `pai' pode também ser o
10?
lüi'
,4--*ro
/4..--f`_;-Q ¿'¿.?"esw
fig' :Ê os-1 Íw'1='r|‹_"`i5*
'_ z;;l¬u'f'?' 1-1", 5.?
.- -_
¡-
103
108
,13 ao
fz! Lt 2-, Á /saía
fíz”f'“(*'-*¬ _,‹§.J0a›.=
.-%='“'‹:.'fl~a-=.= c955¢°)I¿,¿ häg
zar2a~f1'-'“›*`;'‹í.»ífi`L`ãa
estado/:unidense e
estruturais que assolaram as sociedades esta_do/-'unidense
européia. O autor Chua Wee I-lian“, por exemplo, foca situa-
çoes em que a obediência a Cristo causará ao jovem convertido
ções
sérios dilemas com a cultura e exigências dos pais. O que deve
fazer um estudante, convertido ao cristianismo, que vive em um
chinos, no dia em que os pais exigem que queime
contexto religioso chinês,
incenso na sepultura ancestral? Ou um estudante africano, na
mesma situação, que sabe que deve casar com uma crente, mas
ao chegar em casa, descobre que os pais já combinaram um trm
casamento com uma menina de sua tribo? Nessas circunstâncias
circunstancias
as tradições
tradiçoes familiares têm um peso enorme e podem entrar em
choque com as exigências do discipulado cristão. E, naturalmente
a resposta mais correta seria a atitude de maior compreensão
possível e tentar não ferir as suscetibilidades dos pais além do
que é estritamente indispensável. Se não, como poderemos alegar
que recomendamos a obediência ao qujntoquƒinto mandamento?
doantigo Testamento
Pais e filhos no ensino do"Antigo
O Antigo Testamento ensina claramente que o pai é 0o chefe
da família e o portador da bênção divina. As artimanhas de
Rebeca (Gn (Cn 27),
22'), determinada a garantir a bênção
bénção divina para
Jaco, são um
seu filho mais novo, Jacó, rrm bom
born exemplo do peso pratico
prático
que a influência de uma mãe pode ter, mas servem para ilustrar
o fato de que a bênção divina só so pode ser transmitida por meio
do pai. Em Josué 24.15, um chefe de família se põe poe diante do
Senhor e assume um compromisso em seu nome e de toda a
família. Contudo, no quinto mandamento, não se atribui ao
pai uma autoridade ou valor sem levar em consideração sua
mulher. Como ensina Gênesis Gonesis 2.24, o pai e a mãe,
rnãe, profunda-
mente unidos, devem ser honrados.
'izionrarí
*lf__lonrat* é um verbo que vem da raiz que significa 'peso,.
*peso*.
Quando honramos alguém, lhe atribuimos o peso ou prestígio
que sua posição merece. Isso lsso não nos autoriza a honrar aos
nossos pais só so até nossa maioridade ou até eles se aposentarem.
Como já vimos, o pai josé, José, já na meia idade, tem que qrre se
117
11?
que você tem para ela, e mesmo corn com o passar -dos anos não se
desviará deles” (22.6). Mas como diz John Whitelf,
White'3, psiquiatra
cristão: **Esse
“Esse versículo não pode garantir que literalmente todos
os filhos educados nos carninhos
caminhos de Deus, seguirão esses caminhos
durante toda sua vida. O versículo ensina aquilo que é mais
provavel, o fa.to
provável, fato de alguns filhos se desviarem do ensino que
receberam não significa necessariamente que os pais tenham
falhado. Um filho pode ter urna uma natureza preguiçosa (10.5);
outro pode se envolver com prostitutas (5 5).3) ou ser extremamente
pressionado por companheiros que desejam sua participação em
uma vida de crime (1.10-14); pode gmtar gastar todo o dinheiro de
(28.24) ou mesmo expulsar de casa sua mãe viúva
seus pais (28.2-4)
próprios filhos
(19.26). Provérbios claramente responsabiliza os proprios
(29.3; 2.2),
pela rebelião e o desrespeito em relação aos seus pais (29.5;
como oé obvio,
embora, corno óbvio, afirrne
afirme também que se o filho fica
entregue a si mesmo, o mais provável é que tenha esse tipo de
(2915).
atitude e comportamento (29.15).
mandamento, que fala sobre a idolatria, verifica-
No segundo mandarnento,
mos que os vícios de uma geração podem ser transmitidos aos
gerações (Ex 20.5). Contudo, não
filhos até a terceira e quarta geraçoes
devemos pensar que os filhos podem desculpar seus erros devido
aà orientação que receberam. Além do fato de Provérbios tantas
vezes responsabilizar os filhos por aquilo que fazem com a orien-
tação que lhes é dada, o profeta Jeremias toma posição contra
um certo espírito de fatalismo que levava as pessoas de sua época
a considerar inevitável que os filhos seguissern
seguissem o exemplo dos
sofressem as consequências: “Naqueles dias não se dirá
pais e sofresscm
mais: *Os
'Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se
embotaram*.
etiibotararrf. Ao contrário, cada um rnorrerá
morrerá por causa do seu
proprio
próprio pecado. Os dentes de todo aquele que comer uvas verdes
se embotarão” (Jr(jr 3129,50).
3129,30).
Até o fim, a familia
família e, em especial, a relação entre pais e
filhos ocupam um lugar central na preocupação de Deus em
relação ao seu povo. O Antigo Testamento termina com a
119
121.9
,/
fp
_.-"'
.-/ 121
121
/.
r'
.lis
um homem e uma mulher qtre que deseja criar seus filhos em um
lar em que os pais não se comprometem a_p*ermanec.er
alpiermanecer juntos.
Mesmo para descrentes a opção do casameii to civil é claramente
melhor do que um acordo informal desse tipo. Também deverá
tomar essa mesma posição, mesmo que a sociedade em geral
considere essa situação respeitável, no caso de um par de
homossexuais que deseja adotar filhos.
l a
necessidades profundamente humanas que todos sentem até ao
fim de sua vida.
.¬_
"í
Patroes
Patrões e empregados
No Cl
quarto
uarto mandamento, vimos Clque
ue os empregados
em re ados faziam
parte do conjunto familiar e que tinham direito a um dia dedo
.H
124
124 \~\
`-,'-1.
do orirro
outro criaria relaçoes
relações de trabalho totalmente diferentes.
Quanto mais cristãos houvesse em todos os níveis sociais, mais
o sistema escravagista seria *minado
“minado em seu interior*.
interior`. Em outras
épocas da historia,
história, cristãos proeminentes contribuíram para a
abolição do escravagismo. /.f
/.z-'
Nos nossos dias, em que não há escravos no mesmo sentido,
os mesmos princípios podem e de.v;;n*i***ser
deyrfiiser aplicados as às relaçoes
relações
trabalhistas. Nas palavras de John
]ohn Stort'?:
Stott'3: “Hoje,
“I-Ioje, nas relaçoes
relações
de trabalho é válido o mesmo princípio básico de justiça baseada
em direitos recíprocos. Os patroes
patrões e os empregados de igual
modo têm deveres _ o empregado tem o dever de trabalhar
bem e o patrão de pagar um salário justo. Portanto, o dever de
cada um torna-se o direito do outro. Se é dever do empregado
fazer um bom trabalho, é direito do patrão esperar que seja
feito. Se é dever do patrão pagar um bom salário, é direito do
empregado esperar recebê-lo. O principal problema humano
patroes é que cada parte se
nas disputas entre trabalhadores e patrões
concentra nos seus direitos e em induzir a outra parte a cumprir
seus deveres. Paulo troca essa ênfase. Exorta cada parte a se
concentrar nas suas responsabilidades, não nos seus direitos”.
Conclusão
O desmoronamento
desmoronainento da estrutura que a Bíblia cliama chama 'família'
*farnília*
desmoronainento de toda uma
poderá muito bem ser sinal do desmoronamento rima
sociedade e cultura. Salvar a família, a nível de nossas nossm igrejas, é
obviamente uma tarefa prioritária. Nenhuma pressão social deve
fazei'
fazer com que baixemos os padrões, padroes, justificando
justificruido a constituição
*fi'u"nílias* que,
voluntária de 'famílias' qrie, avaliadas pelos padrões
padroes bíblicos, não o
são na realidade. Ao mesmo tempo, devemos refletir sobre o fato
de que nossa noção cultural de família farnília pode não coincidir, ein
todos os aspectos, com a noção bíblica. Devemos evitar dar a
imprmsão de ser saudosistas,
impressão saudosistm, desejosos a todo custo de recuperar
modelos que a sociedade perdeu há duas oii ou três gerações.
geraçoes. No
futuro, poderemos considerar a relevânciarelevãiicia da noção bíblica da
família estendida - _ criando, assim, condições para não haver
tantos individuos
indivíduos isolados que requerem a atenção oficial, uma
vez que não a encontram na família. No futuro, poderemos valorizar
a ezortação
exortação bíblica de `l1onrar”
“honrar” pai e mãe, rejeitando a noção
arbitrária de que ha
há uma idade a partir da qual o jovem fica livre
corn tudo isso, poderemos transmitir
dessa responsabilidade. Mais, com
iiã sociedade a mensagem de que nossa opção não éei voltar ao
vãlidos para o
passado, mas sim procurar valores melhores e mais válidos
futuro
filturo _ valores estes que alguns movimentos cristãos expe- espe-
rimentaram no passado, os quais os cristãos genuínos
genuinos sempre têm
defendido, e que a sociedade latina, em parte, tem prezado.
O quinto mandamento mostra claramente que não há ha muito
futuro para uma sociedade que não prioriza a procura e o fortale-
fortale~
cimento de relações salutares entre as gerações.
Notas
1. “Living as 'die the People of
of' Grid”,
God”_, Chris \ll"right, Wrirrht, ed. IVP,I"'~fF', 1983.
2. “Catecismo
“íiatecismo da 1greja(Iatt'ilica",
lgreja íflatdlica", para. 915. E115.
3. “Here Í Stand”, iia lift' Life of Martin
lvlartin Luther, Ronald Bttintoii, Bainton, ed. Mentor,
Metrtor, l95Ú,
I FJSÍÇI, p.
235.
4. Gp.
Op. cit.,
cil., p.23T.
p.237.
liistitutas, ll
5. lnstitutas, Il - 'v'lll
Vlll - 415.
46.
Ú.
6. “s"~.rr1t'Jr1g
“Among God`s God's Giants”_._].
Ciants”,_]. Í.1. Packet, ed. Kingsxvay,Kingssvav, Ilastbourne,
Iiastbourne, 1991, p. 55o.356.
T.
7. Úp.
Op. cit., cp. 8.
H.
8. “Solid z`&nssvers",jan1es
Ai1s\vers”,jaiiies Dobson, ed. Tvntlale, '1`yni.Iale, lÉ1*¡J`.f',
1997, pp. T5 75 e Wi.
76.
9. Op. cit., pp. 43?-33.
*.€1'.II_ÍIp.cit., 437-38.
IU. Up.
lll. Op. cit. pag.
pág. TT.
77.
1ll.
1. “Dear Mum Mam and Dad” Dad" , Chua
Cliua Wee \`f(-"ee H lan, ed. Í*-J'l¡"§
IVP, 1984. l984.
'12.
12. “Parents in F'ain",jolu1
Paín",john `~."-1-'l1ite,
\\'.-íliiie, cd.
ed. I"¡v“P,
IVP, `|':ÃlTÊJ.
1979.
13. “God"s
“God's NesvNew 5ociety”,_|ol1n
Society",jolin R. X11-Í \\1-*Í Stott,
Sioit, Londres, lElTÉ1' 1979 [ver
(ver (Íomennirio
Comentzirio de
Efésios de John
Fƒtisitrs john Stott da Etlilom
Editora HBU). ABU).
CAPITULO sõ
casiruto
Questões de
vida e morte
mararás (Êx
Não matar;-:is (És 20.13 e Dt 5.17).
5.1T).
massa que ocorre em uma guerra (Nm fil.7,3). 31.7,8). Mas nesses
dois últimos casos, pouco tempo depois de a lei “não mataráslmatarás°
ser dada, o proprio
próprio Deus manda matar (Ea (Ex 32.27). Os escritores
bíblicos não escolhem necessariamente um termo diferente
quando se referem a um crime ou a um aro ato ordenado por
Deus. Contudo, em Êaodo Êxodo e Deuteronomio
Deuteronômio a escolha do termo
rasah, em seu sentido específico, dentre esses todos, define os
atos que são proibidos pelo Senhor. O fato de Deus mandar
derramar o sangue de quem derrama o sangue dos outros (Gn
9.6) eé uma consequência logicalógica do homem ter sido criado por
Deus e de Deus lhe ter dado sua aliança. Esse conceito não
esiste
existe na lei de lvlesopotãmia
Mesopotâmia que conhecemos em que, por
eaemplo,
exemplo, um homicida podia ser penalizado com uma multa,
mas devemos compreender que a aplicação de uma pena mais
severa, contrariamente do que eitistia existia em outras culturas,
corresponde a uma maior valorização da vida da vítima.
No Antigo Testamento, em várias ocasioes
ocasiões a morte violenta
éo claramente justificada. Quando Dina, filha de Jaco, Jacó, foi
deflorada pelo heveu Siquom,
deflorada Siquém, seus irmãos se vingaram, matando
34.1-31). Esse ato em que mostram o valor que
o culpado (Gn 34.1-51).
dava ãà irmã não oé reprovado, mas sim o fato de primeiro terem
feito um acordo com os heveus e depois trairem o acordo. joabe Joabe
vingou a morte violenta de seu irmão, Asael, matando seu
assassino, Abner (2Sm 3.30). 5.30). Algumas vezes, o proprio
próprio Deus
intervom,
intervém, matando de forma direta aqueles que pretende julgar,
como eÉ o caso dos primogonitos
primogênitos do Egito (Es (Êx 13.15). Outras
vezes, manda seus servos esercerem
exercerem seu julgamento, matando
os mal fei tores e ato
malfeitores até mesmo todos seus animais, e reprova como
fraqueza e desobediência o fato de que, algumas vezes, estes
não cumprissem totalmente suas ordens (ver o caso de Saul e
os amalequitas; 1Sm 15.5,2Ú-22).
153,20-22).
A famosa lei que manda castigar de acordo com a gravidade
da ofensa, a les: lex ralíonís,
taíƒonís, oé registada em Êzodo
Êxodo 21.25-25.
21.23-25.
Condenar ãà morte quem matou oé uma maneira de valorizar a
130
1311*
vida. A lei também serve para que esse tipo de problema seja
tratado em um contertto
contexto jurídico oficial, evitando assim que
haja vinganças particulares, uma vez que essas tendem a ultra-
passar os limites, tirando dois dentes ou olhos de quem tirou
apenas um. Quando há morte acidental, sem a total responsa-
bilidade do acusado, não se aplica a sentença de morte (Ea (Ex
2128,29). Quando a morte é perpetrada em uma situação de
legítima defesa _ como, por eitemplo,
exemplo, quando um assaltante
entra em sua casa --a
_a pena de morte também não será aplicada.
existe em outras civilizaçoes
Esse mesmo princípio eaiste civilizações como, por
ertemplo,
exemplo, em Babilonia,
Babilônia, no Codigo
Código de Hamurabi
1-lamurabi e, posterior-
mente, na lei islâmica.
islãmica.
O mesmo princípio legal que aplica a pena de morte em
casos de ofensas graves é aplicável também, em certas situaçoes
situações
bem definidas, ãà guerra. O Senhor, ao falar para o povo que ia
conquistar a terra de Canaã, assegurou-lhe que estaria presente
em suas guerras, lutando por ele (Dt 205,4). Ele admite a não
participação daqueles que tém têm razoes
razões válidas _ como, por
ei-templo,
exemplo, aqueles que estão construindo uma casa nova, que
acabam de plantar uma vinha nova, que estão para casar ou
mesmo aqueles que tém têm rnedo
medo (vv. 5-3).
5-8). Também convém
salientar que sosó em casos bem definidos a ação militar é a
pri mei ra atitude deve ser tentar
primeira opção, nos outros casos a primeira
fazer a paz _ apenas depois, se a paz não é aceita, as medidas
violentas são uma opção. Também é normal normai que seja respeitado
o princípio da imunidade dos não-combatentes _ sendo
poupada a vida das mulheres e crianças. Medidas mais drásticas,
rnilitar imediata e o eittermínio
que envolvem a ação militar extermínio total da
população, apenas são recomendadas no caso específico dos
habitantes da terra prometida no momento em que estão sob o
julgamento final e total de Deus (vv. 16-18).
No época do Novo Testamento ainda nos encontramos em
um mundo em que a aplicação da pena de morte e o envolvi-
mento na vida militar são considerados normais. Ao magistrado
131
cristão PHITICIPFII'
C1"15[¡zÍ-IU participar I`1í1
na gl.1Ê1'1'E1I
guerra:
“Diga-me, como é que um cristão pode defender biblicamente a
retaliação, a rebelião, a guerra, o golpear, o matar, o torturar,
torturar. o
roubar, o espoliar e o queimar cidades e vencer países?... Toda a
rebelião é da carne e do diabo...
Oh! abençoado leitor, nossas armas não são espadas nem lanças,
mas a paciência, o silêncio, a esperança e a Palavra de Deus“.?
Deus”Í`
Grupos historicos,
históricos, como os Qualters,
Quakers, seguiram essa posição.
Os menonitas mantiveram essas convicçoes
convicções e ainda mantêm
_ tiveram um ressurgimento significativo na nossa geração
em escritos de autores tão conhecidos como john John Howard
136
135
Questoes
Questões de morte (requerida pela lei) na Bíblia
Se as questoes
questões da guerra e da pena de morte forem conside-
radas com base no Antigo Testamento, os textos já citados, de
maneira clara,
ciara, mostram sua legitimidade. O assassínio violento
de um inimigo pessoal é explicitamente proibido pelo texto de
137
13?
Exodo
Êxodo 20.13.
20.15. Quem julgar a lex talionís
talíonis e a prática da guerra
na época do Antigo Testamento como evidências do caráter
bárbaro dos povos desses tempos, comete um erro de perspec-
tiva flagrante: os limites rigorosos que são aplicados ãà prática
da guerra e da pena capital, de fato, serviram para conter a
tendência que o homem pecador tem de se vingar e cometer
atos arrozes
atrozes quando os freios normais que a sociedade impoe impõe
não estão presentes.
A única questão crucial, a nível de interpretação bíblica, é
se o Novo Testamento traz alteraçoes,
alterações, em relação ãquilo
àquilo que o
Antigo Testamento ensina. Será que a guerra e a pena de morte
eram aceitáveis em uma dispensação e deixaram de ser em outra?
Nossa conclusão sobre essa problemática, primeiro, não deve ser
determinada por sentimentos humanitários _ que podem ser
evocados nos dois sentidos _, mas sim pelo ensino bíblico.
Em certo sentido, o Novo Testamento traz uma modificação
importante. No Antigo Testamento, de fato, ofensas como a
homossexualidade, o adultério, o incesto, etc. (ofensas que até
islãmicos)
hoje são punidas com a pena de morte em alguns países islâmicos)
morre. O Estado que impunha essa pena
eram punidas com a morte.
era teocrático, sem distinção entre o poder civil e o religioso. O
Tesrainento foi escrito para igrejas em sociedades não-
Novo Testamento
teocráticas: as igrejas obviamente não têm poder para aplicar
teocrziticas:
penas como prisão e execução. Romanos 13.1-7 define o poder
da autoridade civil e exorta a igreja não a aplicar as penalidades
que competem ao magistrado, mas sim a se sujeitar àii autoridade
do poder civil nesse aspecto. Naturalmente, a fim de apontar
?.55_8.1 1 está incluído
para essa nova situação, o texto de João 7.53-8.1
mariuscritos do Evangelho de João. Não precisamos
em alguns manuscritos
defender a autenticidade desse texto contra a abundante evidên-
cia, a nível de manuscritos, de que foi introduzido posteriormen-
te, mas podemos concordar com Leon Morris? de que deve ser
um texto bastante antigo que traz um toque de autenticidade
Lim
em seu testemunho ao espírito com que Jesus agia.
138
A eutanásia na Bíblia
Os únicos textos bíblicos que fazem referência iià eutanásia,
em algum sentido da palavra, já foram referidos. Êxodo 25.7
proíbe o povo de matar os inocentes e 2Samuel 1.1-16 ilustra
esse princípio por meio da posição tomada diante de uma urna pessoa
que quer reclamar como mérito um ato de eutanásia que dia diz
ter efetuado.
Praticar a eutanásia eé usurpar o lugar do Deus soberano.
Este dá o espírito que torna o homem uma alma vivente (Gn
2.7) e, quando Deus entende, o espírito volta para ele (Ec 12.7).
O salmo 90 destaca tanto os aspectos negativos como os
positivos em relação ao fato de que Deus determina os dias
que viveremos.
A morte na Bíblia não tié boa por definição. É E a consequência
do pecado humano (Gn 2.11: 2.17; Rm 3.25), e o apostolo
apóstolo Paulo a
chama de seu “último
'último inimigo”
inimigo' (ICo 15.26). Como podemos
estar cumprindo a vontade de Deus ao praticar um ato que
precipita a morte física de uma pessoa? Levando em consideração
o ensino da Bíblia sobre o tormento eterno que Éé tudo o que o
futuro promete aqueles
àqueles que morrem sem conhecer a salvação
em Jesus, como podemos precipitar a morte e possível tormento
eterno -de alguem
alguém motivados pela imisericordia?
'misericórdia'?
Se a pessoa em sofrimento Éé crente e confiou todos os dias
nas mãos de Deus, como poderá desejar que um familiar ou
médico decida precipitar o fim da sua vida aqui, como se não
medico
confiasse
confrasse que Deus sabe exatamente quantos dias que lhe dará?
Faz parte dos propositos
Fax propósitos de Deus permitir que a maioria de seus
filhos atravessem períodos de grande sofrimento _ os quais
contribuem para seu amadurecimento e santificação (Rm 5.5-
5; 2Co -4.115,17;
4.l6,17; Tg 1.2-4). A partir dessa perspectiva, quem
solicita ou pratica eutanásia opta por um atalho - _ como se fosse
vantajoso para a pessoa em sofrimento não se expor a tudo aquilo
que Deus previu para seu amadurecimento e aperfeiçoamento.
14?
O aborto na história
já nos referimos àã posição contra o aborto provocado
tomada no Juramento de Hipócrates. Embora esse juramento
envolvesse a invocação de deuses pagãos foi facilmente adaptado
por judeus, muçulmanos e cristãos e, durante sóculos,
séculos, serviu como
base fundamental da ótica ética médica. Apesar disso, no mundo
greco-romano era comum a prática do aborto, e foi preciso que
os pais da igreja cristã entrassem em cena para condenar essa
prática. Veja, por exemplo, o Dídaquë
Dƒdaqtiê (seculo
(século II):
ll): “Não matarás
o embrião por meio do aborto, nem farás farãs que morra o recém-
nascido”. Essa questão contribuiu para complicar o debate,
primeiro entre gregos e depois entre cristãos, sobre o momento
em que o bebê, ainda em formação, recebia a `almal, `alma', tornando-
se um ser humano. Por influííncia
influência de Aristóteles, o pensamento
cristão aderiu ã51 ideia
idéia de que o feto era animado pela alma hummia
humana
apenas em uma fase tardia de sua gestação (aos 40 dias no caso
do feto masculino e aos 80 no caso do feto femininol). Tomás
de Aquino afirmou depois que na primeira fase o feto tinha
uma alma vegetal, na segunda tinha uma alma animal e só na
terceira recebia uma alma que podia ser considerada humana.
Em 1538, o Papa Xisto V eliminou esse princípio aristotelico.aristotélico.
No entanto, não devemos imaginar que Aquino ou a Igreja
Católica usaram esse tipo de argumento para justificar o aborto.
O aborto continuou a ser uma ofensa mesmo nas fases em que
a alma que morria ainda não era considerada humana, só que
era considerado uma ofensa menos grave. Mesmo assim, nas
148
143
(3)
(5) As mães pobres, que são forçadas a dar ãà luz aos seus fi-
lhos, têm muitos problemas financeiros.
(T)
(7) A dissuasão, se for usada, deve ser verbal e pessoal, e
não legal.
150
15€]
Contudo, É óbvio que existe uma diferença muito grande eii- en-
tre um cÉrebro
cérebro que nunca voltará a fiincionar
funcionar e um cÉrebro,
cérebro,
parcialmente formado, que possui a capacidade latente de
funcionar. Uma terceira posição, ainda, afirma que o feto que
experimenta sensações, em especial, de dor, Éé uma lpessoal.
*pessoa°. No
entanto, existem outras situaçóes
situações em que há ausência de sensibi-
lidade como, por exemplo, a paralisia ou o coma. (Não argii- argu-
mentamos que uma pessoa paralisada ou em coma deixou de ser
pessoa.) Ainda outras posiçóes
posições afirmam que o feto já Ée' “pessoal
“pessoa”
quando começa a se movimentar ou ter aparência humana. Mas
que bases objetivas nos levam a afirmar que o movimento coiistitui
constitui
personalidade _ ou que só Éé humano aquele que parece ser?
Por fim, há quem defenda que só Éé “pessoa” o bebê que
nasce. Essa talvez seja a posição menos defensável,
defensavel, já que um
bebê um dia antes de nascer éÉ praticamente idêntico em tudo
ao bebê que nasceu há um tim dia, sendo a única diferença o local
em que se encontra.
É
E evidente que todas essas posições
posiçóes são subjetivas e não
podem ser provadas cientificamente. Assim, nosso dever éÉ
proceder com muita prudência. Se, no presente momento,
ternos dúvidas se um feto éÉ pessoa ou não, não será mais correto
dúvida* e evitar cometer um ato de
'lhe dar o benefício da dúvida'
violência contra ele? O argumento que afirma que o embrião
éÉ (pessoa`
“pessoal a partir da implantação no útero, pelo menos, possui
tantos argumentos científicos favoráveis quanto qualquer outra
posiçóes. Leite de Campos diz: “Todos os momentos de
dessas posições.
transição apontados são arbitrários: a fase de desenvolvimento
anterior não apresenta diferenças que permitam concluir que
antes não havia um tim ser humano e que um tim segundo, um minuto
ou uma hora depois, já há”.15há“.15
O aborto na Bíblia
Tal como a eutanásia, o aborto não éÉ objeto de nenhum
estudo específico nos livros da Bíblia. Contudo, mais ainda do
que em relação ãà eutanásia, o texto de Êxodo 25.? 23.7 (““nem
(“nem
condene àii morte o inocente e o justo“)
justo”) deve ser entendido
como pondo de lado qualquer possibilidade de concretizar esse
ato. A Bíblia mostra claramente que, no entender de Deus, o
feto Éé uma pessoa. Jó 3.3 se refere as às palavras da personagem
principal de sua revolta: ““Pereça
“Pereça 0o dia do meu nascimento e a
noite em que se disse: “Nasceu um meninol“““
menino!'” O texto pressupóe
pressupõe
a continuidade entre o ser que Éé concebido e o ser que nasce.
Outros textos, como Jeremias 1.5 e Isaías 49.1 descrevem a
Dutros
forma como Deus se relaciona com a pessoa quando esta ainda
está no ventre de sua mãe. Salmos 159.15-16
139.15-16 descreve esse
conhecimento de forma comovedora: ““Tu “Tu ctiaste
criaste o íntimo do
meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo
porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras
são maravilhosas! Digo isso com convicção. Meus ossos não
estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram
o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram
escritos no teu livro antes de qualquer deles existir”. Salmo 51.5
afi tina que a pessoa, com a tendência inata de pecar existe desde
afirma
o ato da concepção (ver tambóm
também Lc 1.15).
O Novo Testamento, em Lucas 1.41, descreve o salto de
alegria que uma cri“anci“nlia
crianciníia dá no ventre de sua mãe. Em
Lucas 2.16, a mesma palavra, brephos, Éé usada para designar o
bebê ]esus
Jesus já nascido.
Os defensores da posição pró-escolha teiidem
tendem a apelar ao
texto de Êxodo 21 .22-25. Na versão de joão João Ferreira de Almei-
princípio de “vida por vida, olho por
da, essa lei estipula que o priiicípio
olho, dente por dente, mão por mão, pÉ pé por pÉ“
pé* (a chamada
talionis) deve ser aplicado no caso ein
lex talíoiiis) em que homens estão
lutando e ferem uma mulher grávida, causando um aborto
acidental. “Se
`Se não houver morte“,
morte”, a penalidade será apenas uma
multa. Essa tradução implica que um aborto acidental não Éé
morte. O problema desse argumento está no fato do verbo
aqui traduzido por “abortar“,
`abortar`, não ser o verbo hebraico que
normalmente tem esse sentido _ -- slialtal.
sllalraí. 'D
O verbo yasa Éé que
normalmente se refere ao nascimento de uma criança viva.
Parece mais natural, então, supor que o resultado do acidente
previsto por essa lei Éé um nascimento prematuro. A mulher,
ria
na situação da briga, pode dar ãà luz prematuramente. Se ela
morrer, a pessoa que causou sua morte deve morrer tambem.
iuorter, também.
Se não morrer a pessoa terátera apenas que pagar uma multa.
Assim, o uso desse texto para afirmar que um feto não Éé
considerado pessoa não Ée um argumento válido.
Conclusos-s
Conclusoes sobre o aborto
Um tratamento exaustivo desse assunto teria que se debru-
çar tambem
também sobre os efeitos provocados pelo aborto na vida
física e psíquica da mulher. A angústia e depressão que muitas
sofrem, dificilmente podem ser atribuídas apenas a preconceitos
e a uma consciência reprovadota.
reprovadora. Uma pessoa não se submete
impunemente a uma situação em que dá da prioridade aos seus
interesses pessoais em detrimento dos de outro ser humano.
Em Portugal, em relação àii atual lei, devemos mostrar nossa
satisfação por não ser permitido o aborto a não ser nos três casos
de excepção mencionados. O caso do aborto tcrapetiríco,
terapêutico, Éé
óbvio que se trata de uma situação em que não deve liaver haver
penalização,
penalização, já que envolve uma opção, muitas vezes angustiante,
entre a tentativa de salvar a vida de uma pessoa (a mãe) e o risco
de sacrificar a vida da mãe e do filho. Uma mãe cristã, confiante
no Senhor e em sua obra miraculosa, pode se recusar a abortar,
mesmo quando o medicomédico aconselha o aborto terapêutico (por
exemplo, em um caso de cancro do útero). ouvimos sobre
situações desse tipo em que Deus interveio, salvando a vida da
situaçóes
mãe e do filho. Mas, Éé claro, não podemos pedir que a legislação,
que eé para crentes e descrentes, tente forçar essa opção.
Em relação ao aborto eiigeiiesicti,
eugene'sic'tJ, consideramos que Éé
preferível não optar pelo aborto, mesmo em casos em que as
154
inúmeros casos
deficiências do feto sejam muito graves. Existem inúnietos
de pais de crianças com Síndrome de Dovvn, Down, ou condiçóes
condições
mais graves ainda, que poderiam ter optado pelo aborto, no
caso de terem sabido antes do seu nascimento qual era sua
condição, mas que agora se alegram com seu filho e se sentem
profundamente realizados em cuidar dele. Devemos ter em
mente que despenalizar um ato não significa necessariamente
aprová-lo. Podemos usar nossa influência como cristãos e como
amigos junto àqueles que descobrem, antes do nascimento de
seu filho, que ele tem um grave defeito, para que não aceitem
solução' do aborto. Mas não precisamos de uma lei que
a “solução“
reforce essa convicção por nós.
O aborto de honra Éé uma situação que pode ser encarada
de modo semelhante. No caso de uma jovem conhecida, crente
ou não, ser violada, podemos recomendar enfaticamnte, que
ela não aborte, e que a criança seja tratada com carinho no
ãmbito
âmbito da família estendida. Reconhecemos e compreendemos
sua relutãncia
relutância em deixar que a gravidez tenha continuidade.
No entanto, aconselliamos
aconselhamos o respeito pelo ser humano que não
tem culpa de ter sido originado dessa maneira. Não parece
tambem
também muito necessário que estejamos respaldados por uma
lei que penalize essa situação.
Nossa oposição, como cristãos, iià prática do aborto deve
ser firme e convicta. Nessa questão damos as mãos aos católicos,
humanistas e quaisquer outras pessoas que se associem ãà luta
'pró-vida' e contra a luta “pró-escolha“.
“pró-vida“ 'pró-escolha”. Em relação iià lei existente,
consideramos mais apropriada a atitude de nos mostrarmos
satisfeitos com ela do que lamentar que não seja mais restritiva.
Essa causa, em muitos outros países, já foi perdida _ o aborto,
situações,
em praticamente todas as situaçóes, despenalizado.
foi despeiializado.
Parafraseando as palavras de Apocalipse 2.25, podemos manter
a luta para que se retenha aquilo que temos!
155
Questoes de vida
Tecnologias reprodutivas
Um casal que durante um ano de relacionamento sexual,
sem contraceptivos, não consegue ter uma criança costuma ser
considerado infertil.
infértil. O problema, como se costumava pensar,
não É necessariamente da inulhet,
mulher, há muitos casos de infertilidade
masculina. Na Bíblia, Ana, mulher de Elcana, era infertil
infÉrtil _ e
por isso era constantemente provocada pela outra mulher de
Elcana (1Sm 1.6). AteAtÉ hoje essa situação É dolorosa. Em algumas
culturas, isso É considerado motivo suficiente para o liomem
homem se
divorciar ou para se unir com uma segunda mulher.
E óbvio que a adoção É uma solução positiva _ nos casos
em que seja possível encontrar uma criança que tenha sido
abandonada ou entregue para adoção pelos pais biológicos.
Contudo, na maioria dos países ocidentais há poucas crianças
que podem ser adotadas. Hoje, I-Ioje, os casais, com naturalidade,
recorrem ii21 medicina que dispóe
dispõe de muitos tipos de tratamento
que podem resolver, ou ultrapassar, o problema da infertilidade.
Algumas dessas formas de tratamento não se preocupam com
qualquer questão Ética, já que são tentativas de corrigir defeitos
físicos por meio de cirurgia oiiou medicamentos. Aqui, podemos
incluir operaçóes
operações para reparar ou desbloquear trompas falopia-
nas e tratamento hormonal para estimular a ovulação.
A inseminação artificial pode ser efetuada com o uso de
espermatozóides do marido, artificialmente introduzidos no
corpo da mulher. Nesse caso, costuma ser designada inseminação
artificial intra-conjugal (IAC) ce poucas pessoas levantarão
qualquer questão Ética a esse respeito. Em Portugal, É muito
comum a ICSI (lrijeção
(Injeção liitracitoplasmática
Intracitoplasmática de Espermato-
zóides), em que são usados espermatozóides do marido. No
entanto, É óbvio que o dilema Éticoético É difícil quando o marido
não pode produzir espermatozóides e os espermatozóides intro-
duzidos no corpo da mulher são de outros homens. Nesse caso,
156
155
com que possa contribuir para uma obra que de tal modo o
ultrapassa e deixa maravilhado.
No entanto, o fato do Criador soberano não se opor ãà ciência
rnÉdica,
médica, em muitos casos colaborando ativamente com ela, sugere
que as tecnologias reprodutivas e a engenharia genÉtica,
genética, quando
têm objetivos puramente terapêuticos e não interferem corn com
padrões Éticos
éticos definidos na Bíblia, podem ter seu espaço. já ]á
sugerimos algtunas
algumas pistas para que se possa saber quando realmente
esse Éé o caso: não se trata da tentativa de criar uma personalidade,
mas apenas de permitir a fecundação e o desenvolvimento de um
feto eiou
e/ou minimizar os riscos de um ser humano nmcer nascer deficiente
ou com uma tendência acentuada para doenças hereditárias.
Como já dissemos, essa área não está isenta de possíveis problemas
Étioos.
étioos. Mas não nos parece que, em princijoio,
principio, as dificuldades a
vencer serão maiores
rnaiores do que no caso, por exemplo, de transplante
de órgãos tais como rins, fígado ou coração. í'
Notas
'l`ertI.1iiat¬rr1_, “Aecrcfl
1. ilierrtlliillm, *“Accrca tia
da ltlolat1'ia",
idolatria", Cltfltln
citatlo em “La História tlel (Íristianisn'u›”,
I'fÍristianisn1o",
lsiertnetb Scott Lattulrettu.
Keilnetll Latottrette.
Ê. lactâncio,
2. l.actiirtcio¬ “Asl|¬1stil“urasDivinas",
“As ltistirutas Divinas", citado em l.atourette.
Ê. Laetâncio,
3. l.actãncio, “As lnstiluras
lnstitutas Divinas”.
Agrrstinhrr, em °(Ía1"ra
4. Agostinlio, “Cr-t1¬ta ao (Íonde
Corttie Btlnifticitf.
Bonifriciol.
5. Op. cit., ÍV- XX
KK - ll e 12.
ti. l\'lenno
6. lvlenno Simons, citado em "\"l~"ar
*"\.`l-'Etr and (Ílu'ísti;tt1litl1ics”,
iihrrisiziztrr lithics”, A. l lolmes, Baker, l9'r'8.
llflifl.
lÊvnngelit1r¬r1 Virae,›]oño
T. l¬L\-'nn_geliL|t11 "v'itr1e,Jrr?rrr Paulo
Ptttllrr ll.
fã. “New lrllernational
8. international Commentary
Conunentarj' on the NewTestz1|11et1t",_,ln¿'i:r¬
NewTestan1er1t",`,le¿'rir, ctl.
cd. licrdmans,
licrtllnans,
lãlil.
l9`?l.
9."EticaCrisi:`1,
9. “Éticrt Cristã, .Alternativas
Alternativas c Questões Contemporzineas",
tÍ.r_mt'ernporáncas”, Norman
i\lorman Gcisler,
Geislcr, ed.
É-íitla Nova,
Vida Nrrvtt, São Paulo, 1984.
l9B=l.
Il).
Ill. Op.
Up. cit., par. 22T7.
2.'?.'i"i.
11.
1 I. Op. cit.,
ci t., par. 22`r'2.
EETE.
“Cl llstattltojtlritlico
12. “O l-¬*.statuto_]urítiico do Nascituro",
l`*~lascituro", Diogo Leite de (Í:11npos¬
Campos, conferência
crrrifetêrrcia
proferida na Universitlade
Universidade r\urónmna
Autónoma de Lisboa.
13. Op. cit. p.8.
pl-l.
I4. Op. cit., p.8.
14. p.B.
“lrlsttução sobre U
15. “irlsttução o Respeito pela \-lida
Vida llumnna
l-lutnatfia na
tia sua Origem
í_ÍIrigct¬r'r e sobre a
l?rocrirtçãr'J”, \-laticanr
Dignidade da l?r‹›cn:1çãt›'°, `s-laticano,›, Ii*J$:l'F.
981
CAPÍTULO r1
cavituto
Questões de
ética
Ética sexual
O sexo pré-matrimonial
No relato de Gênesis 34, torna-se óbvio o fato de que uma
fisica, sexual, não éÉ suficiente em si para constituir um
união física,
casamento. Aqui, são relatados os acontecimentos que se seguiram
SiquÉm, o heveu, que deflorou Dina,
ao ato de Siquém, Diná, a filha de Jacó.
De acordo com o versículo 2, “viu-a,"viu-a, agarrou-a e a violentou”.
violentou".
Apenas depois disso éÉ que começou a nascer nele o amor e o
desejo de casar com ela. Os irmãos de Diná 'ficaram profunda-
irados' porque aquilo que SiquÉm
mente entristecidos e irados` Siquém cometeu
foi um 'ato
“ato vergonhoso em 1srael',
Israel', 'coisa que não se faz'. A ofensa
Éé dupla: por um lado, Éé uma união entre uma israelita e um
homem estrangeiro, incircuncidado
incircuncidaclo e, por outro lado, Éé um
relacionarnen
relacionamento to que se inicia sem o mínimo respeito pelos passos
normais envolvidos em uma união conjugal.
Os livros da lei definem claramente quais são os atos de índole
sexual que devem ser considerados pecados. Está claramente
incluída a relação prÉ-matrirnonial.
pré-matrimonial. Conforme Exodo Êxodo 22.16,17:
22.16,I7:
“Se um homem seduzir uma virgem que ainda não tenha
'Se
compromisso de casamento e deitar-sedei tar-se com ela, terá que pagar o
preço do seu dote, e ela será sua mulher. Mas se o pai recttsar-se
recusar-se
a entregá-la,
entrega-la, ainda assim o homem terá tera que pagar o equivalente
ao dote das virgens". Como o desposório constituía um compro-
misso firme para casar, uma menina que fosse virgem e solteira,
caso se envolvesse voluntariamente em uma relação sexual com
outro homem que não fosse seu noivo, se punha em uma situação
22.23-27). Era apedrejada juntamente
muito mais grave (Dt 22.23-2.7).
com o homem com quem se relacionava sexualmente. Só ficava
livre dessa punição se desse clara evidência de que não se envol-
vera voluntariamente na situação, tratando-se de um ato de
violação. Deuteronómio
Deuteronômio 22.28-50, sobre a questão do sexo prÉ- pré-
matrimonial, tem a mesma posição que Êxodo, acrescentando
uma frase que denota a desaprovação divina do ato: "Pois “Pois a
violentou".
violentou”.
Era considerado muito grave que um marido descobrisse,
após seu casamento, que sua esposa não era virgem. Quem
fizesse essa acusação tinha a responsabilidade de provar o que
afirmava, se o marido acusasse com injustiça era ele que morria,
mas com razão, sua esposa devia ser apedrejada (Dt 22.15-
21).
Mais tarde, quando o Novo Testamento condena atos de
'porne'ia', Éé óbvio que o termo abrange tudo aquilo que, no
'pornÉia',
Antigo Testamento, constitui pecado sexual. Refere-se ao adultÉ-
adulté-
rio, ao sexo prÉ-matrimonial,
pré-matrimonial, ãà homossexualidade e ãà bestiali-
dade. Refere-se tambÉm
também ao casamento entre parentes com
graus de parentesco proibido. Primeira Tessalonicenses 4.5, por
exemplo, adverte os crentes para fugir da íoorn Éia'.
éia'. O fato
faro dessa
palavra, aqui e em várias outras passagens semelhantes, ser
traduzida na versão de Almeida por 'prostituição' Éé infeliz por
que dá a impressão de que se trata de um tipo específico de
ofensa sexual, diretamente relacionado com prostitutas. Não Éé
esse o caso, como pode ser provado tanto por meio do uso
contemporãneo
contemporâneo em textos não-bíblicos
não~bíblicos da palavra 'pornÉia'
'pornéia'
como de seu uso na Bíblia. De acordo com o apóstolo Paulo,
os 'devassos' que de modo nenhum entrarão no reino dos cÉus céus
(1Co 6.10; cf. 1ColCo 5.1Ú,11),
S.10,11), são pornoi, em grego _ pessoas
que cometem 'pornÉia'.
'pornéia'. A gravidade desse pecado consiste no
fato de ser uma ofensa contra o próprio corpo da pessoa (1Co
6.18), uma vez que o corpo Éé o templo do Espírito Santo. O
livro de Apocalipse tambÉm
também ensina que aqueles que cornetem
cometem
pecados desse tipo ficarão fora do reino de Deus (Ap 22.15).
Aqui, não focamos se a queda pontual da pessoa, nesse
pecado ou em outro, pode ser perdoada (lJo (1]o 1.9). Mas quando
esse pecado Éé adotado como modo de vida (hoje chamado
'coabitação' ou 'união de fato') se torna mais grave, porque são
criados laços dos quais as pessoas têm dificuldade em se libertar
_ e não há dúvida de que permanecendo nesse pecado elas
não podem estar em comunhão corn com Deus (1Jo
(1]o 3.6).
17?
1??
Homossexualidade
Os homens de Sodoma desejaram se relacionar sexual-
mente com anjos, julgando que eram varões humanos (Gn
19.5-8), e assim deram origem ao termo 'sodomita', usado para
designar pessoas do mesmo sexo que se relacionam sexualmente.
Naturalrnen
Naturalmente,te, houve mais pecados de Sodoma e Gomorra que
foram condenados pelo Senhor (cf. ls 1.10, por exemplo). Mas
isso não significa que, tanto no Antigo como no Novo Testa-
mentos, as relações homossexuais deixaram alguma vez de ser
reprovadas por Deus. Levítico 18.22 chama esse pecado de
abominação e Levítico 20.15
20.13 condena ãà rnorte
morte quem o comete.
Primeiro Fleis
Reis 14.24; 15.12 e 22.4?
22.47 falam em 'rapazes escan-
dalosos', referindo-se a israelitas que, por influência de cos-
tumes pagãos, se dedicam a esse tipo de vida.
O apóstolo Paulo considera a entrega das pessoas a paixões
e atos homossexuais uma consequência imposta por Deus, pelo
fato de terem suprirnido
suprimido o conhecimento natural de Deus e
terem se dedicado aos ídolos (Rm 1.22-27). Se o Antigo Testa-
mento tiver deixado alguma dúvida de que o lesbianismo Éé tão
reprovável como a homossexualidade masculina, o apóstolo
Paulo menciona o pecado das mulheres ainda antes de mencio-
nar o dos homens. Argumenta que esse tipo de pecado Éê con-
tra a natureza _- da mesma maneira que o fazer e adorar ídolos
Éé contra a revelação natural que Deus nos deu de si mesmo. A
mesma posição Éé tornada
tomada em lCoríntios 6.9-1
6.9-I 1 e 1Tirnóteo
1Timóteo 1.8-
1.3-
11. Primeira Coríntios 15.106.10 usa duas palavras _ rnalaltor
rnalaíroi
(traduzido por 'efeminados'
'efeminados` na versão Almeida) e arsenoltoitar
arsenoítoirai
(traduzido por 'sodon1itas').
'sodomitas'). Biblicamente, uma pessoa não Éé
condenada por causa do tipo de natureza que herda, mas por
causa do tipo de vida que pratica. A maioria dos comentaristas
concorda que a primeira palavra não se refere ãs às pessoas que
têm uma tendência homossexual (inata), mas apenas que estas
podem viver uma vida digna de celibatário tanto corno
como as pessoas
178
1?8
E
É verdade, a poligamia está prevista na lei. Deuteronô-
Deuteronó-
mio 21.15-17 estipula o que fazer quando um homem tiver duas
mulheres, uma a quem ama e outra a quem não ama. No entanto,
da mesma maneira que Deuteronómio
Deuteronômio 24.1-4 se refere a situa-
ções de divórcio sem dizer se as aprova ou não, tambÉm
também essa
passagem considera a poligamia como uma situação real que
pode existir, mas não diz se Deus a aprova. A lei Éé dada para
uma sociedade real, em que erros e desvios são previstos e em
que Éé preciso encontrar a melhor solução possível quando algo éÉ
feito fora da vontade divina, o fato de mencionar qualquer prática
não implica necessariamente em sua aprovação.
No que diz respeito ao Novo Testamento a opção pela mono-
gamia está perfeitamente clara. Toda a instrução do apóstolo
Paulo sobre o casamento parte do fundamento de que cada
homem Éé casado com uma mulher. Contudo, Éé curioso o fato
de que para assumir essa posição Jesus e os apóstolos não introdu-
introdu~
zam nenhum argumento novo, mas voltam ao princípio da
criação estabelecido em Gênesis (Mt 19.4-6). lssoIsso parece sugerir
que a monogamia deve ser aceita como ensinamento bíblico (de
toda a Bíblia, bem interpretada), e não apenas neotestamentário.
Se Éé requerido que um homem para ser pastor ou diácono seja
marido de uma só mulher (1Tm _°›.2,l2),
52,12), Éé natural que esse seja
o modelo que Deus quer pór pôr diante dos seguidores de sua igreja.
O Novo Catecismo da lgreja Igreja Católica argumenta que apenas
assim se mantÉm
mantém o princípio bíblico de igual dignidade do
homem e da mulher no casamento.”
Existem culturas em que uma mulher pode ter vários maridos
_ a chamada 'poliandria'.
`poliandria`. No Tibete e entre alguns esquimós o
fenómeno
fenômeno Éé conhecido. No entanto, por comparação, o número
de culturas que admitem essa modalidade Éé insignificante _ a
poligamia Éé um costume aceito e consagrado pela tradição de
sÉculos
séculos em dezenas de países. E É óbvio que o trabalho missionário
nesse tipo de cultura deve envolver muito tato e delicadeza,
norteando-se, entre outros, pelos seguintes princípios:
183
(5)
(3) também argumenta que a monogamia nao
Thielicke tambÉm
,-1-
Divórcio
No mesmo espírito em que o Antigo Testamento parece
'tolerar'
“tolerar” a poligamia, tambÉm
também o faz com a prática do divórcio
Deuteronômio 24.1-4 explica o que fazer
em certas situações. Deuteronórnio
quando um homem 'por “por encontrar nela algo que ele reprova'
reprova,
pretende se divorciar dela. Mas de maneira ainda mais clara do
que no caso da poligamia, o Antigo Testamento tarnbÉm
também nos faz
sentir que não se trata de uma aprovação, mas apenas de dc uma
185
se diz aos cristãos judaicos aquilo que não devem fazer, para
não ofender seus irmãos gentios, não há nenhuma razão para
a imoralidade sexual em geral não ser incluída _ apesar do
fato dessa imoralidade não estar na mesma categoria de questões
secundárias que o sangue e a carne sacrificada aos ídolos. Em
1Coríntios 6.10-20 e 1Tessalonicenses 4.5 em que
textos como lCoríntios
}Jorne'ía' tambÉm
o termo porneia' também Éé usado, o contexto sugere que
significa “imoralidade
'imoralidade sexual'
sexttal' em geral _--- não o problema
específico que RyrieRvrie quer salientar. Parece-nos mais natural
concluir que em Mateus 5 e 19 o termo joornéia' porneiia' deve ser
entendido no contexto social da época, Época, a imoralidade sexual
em geral. E natural que para Jesus a lei de MoisÉs
Moisés define o que
significa imoralidade sexual. Nesse campo, aquilo que a lei
também reprova (cf. Mt 517,18).
reprova, Jesus tambÉm 5.17,18). A lei condena
adultério, o sexo prÉ-matrimonial,
o adultÉrio, pré-matrimonial, a violação, o incesto, a
homossexualidade e o casamento dentro de graus proibidos
de parentesco. O termo íoorrrëia'
íoornéía' usado por Jesus, não deve se
referir a nada menos do que a todo esse conjunto de pecados.
Ainda há outros problemas em relação ãà interpretação
desses textos sobre o divórcio no Evangelho de Mateus! A
questão Éé se em casos em que o divórcio Éé permitido, o novo
casamento tambÉm
também o É. é. Conforme Mateus 19.9: "Eu ““Eu lhes digo
que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por
imoralidade
ímoralídacle sexual [pornÉia],
[poméia], e se casar com outra mulher, estará
cometendo adultÉrio"
adultério” (grifo do autor) e "quem
“quem se casar corn
com a
mulher divorciada estará cometendo adultÉrio" adultério” (5.52).
(552). As
palavras 'e
“e casar com outra' não existem no texto de Mateus 5.52..
5 52.
De acordo com Rjvrie,Ryrie, Jesus não admite o novo casamento,
mesmo que tenha havido uma situação de 'pornÉia'“pornéia` (no sentido
restrito que ele dá ao termo). Argumenta
Atgumenta que para admitir a
possibilidade de um novo casamento, o texto deveria ser: "Eu “Eu
vos digo, porÉm,
porém, que qualquer que repudiar sua mulher, e casar
adultério,
com outra, não sendo por causa de prostituição, comete adt1ltÉrio,
e o que casar com a repudiada tambÉm também comete adultÉrio".
adultério". A
188
com um 'parceiro'
iparceiroi fora da relação conjugal. E óbvio tambóm também
que o adolescente descobre a força física fisica de seu instinto sexual e
tem dificuldade em evitar o ato da masturbação, independen-
temente da questão de estar ou não pensando em um 'parceiro', `parceiro”,
(nesse campo, os rapazes têm mais dificuldade do que as moças).
Os adultos, ao aconselhar os adolescentes, devem “desdramatizar"
a situação, alguns deles, se forem crentes ou tiverem recebido
in fluência cristã, julgam que estão cometendo um 'pecado
influência `pecado imper-
doável' e que, mesmo que se esforcem, não podem se libertar dele.
Nessa área delicada não encontramos melhor conselho do
que aquele que o pai de James Dobson, conselheiro e escritor,
lhe deu antes de sua adolescência. Tratava-se de um pastor
evar1gÉlico
evangélico que, nas palavras de Dobson, era extremamente
conservador e nunca sacrificou seus princípios morais até atÉ o dia
de sua morte. Um dia, falou para seu filho pré-adolescente:
prÉ-adolescente: “Jim,
quando eu era rapaz preocupava-me muito com a masturbação.
Na verdade, tornou-se uma coisa assustadora para mim porque
julgava que Deus me condenava por causa daquilo que não
conseguia evitar. Por isso, quero lhe dizer agora que espero que
não sinta necessidade de cometer esse ato quando fo forr adolescente.
Mas se o fizer, não fique muito preocupado com isso. Não
acredito que tenha muito a ver com sua relação corn com Deus".!"
Deus”.l"i
Aqui, podemos acrescentar que o celibatário ou o viúvo
que, mesmo na vida adulta, nem sempre consegue se libertar
totalmente desse hábito, deve ser tratado _ e aprender a tratar
a si mesmo _ com esse tipo de compreensão. E, de qualquer
maneira, os solitários muitas vezes não reconhecem a autoridade
dos conselheiros espirituais, a maioria deles casados, para que
se pronunciem sobre esse assunto, que eles mesmos não estão
sujeitos ao mesmo tipo de dificuldade.
A lgreja
Igreja Católica, desde o início, quis apelar para as palavras
de Jesus, em Mateus 19.12, e de Paulo, em lCoríntios 1Coríntios 7.25-
27, afirmando que o clero e os religiosos deviam ser celibatários.
Estes, “chamados a consagrarem-se totalmente ao Senhor e ãs às
'suas CÚlS21S'
'SLIEIS coisas' ClE“l.Ú-S-Ê
dão-se IJÚI'por lfl[ÉlTU
inteiro E1a DELIS
Deus Ée EIÚS
aos l`lÚI`F1Ê.'1'1.S".
homens”. "''R PDI Por UUIÍTÚ
outro
195
lado, a lgreja
Igreja Oriental permite que homens casados sejam
ordenados diáconos e presbíteros, insistindo no celibato apenas
no caso dos bispos. Os reformadores reagiram contra essa ên-
fase no casamento como um dom secundário e frisaram o fato
de Paulo ter recomendado que o bispo ('pastor'
(ipastor' ou 'presbítero')
°presbítero')
fosse marido de uma só mulher (1Tm 5.1,2).
(iTm 3. 1 ,2). Em relação a esse
assunto, Éé óbvio que o evangólico
evangélico não pode estar de acordo
com a lgreja
Igreja Católica, pois admite a possibilidade de um pas-
tor ser solteiro, mas não admite essa obrigatoriedade. Por outro
lado, Éé fácil detectar uma reação extrema em relação ao catoli-
cismo, pois para muitos evangólicos
evangélicos parece que a opção do
celibato nem sequer Éé respeitada.
Para concluir, não podemos deixar de expressar uma palavra
de apreço por aqueles que, por amor ao reino, optam pelo
celibato ou aceitam essa situação quando ela Éé imposta pelas
circunstãncias.
circunstâncias. Em muitos casos são pessoas cujo amor pelo
reino de Deus Éé excepcional. E desmentem de uma forma eficaz
um dos mitos da nossa Épocaépoca _ aquele que afirma que cada
um tem o direito de satisfazer seus desejos e que, sem fazer isso,
ningrtÉm
ninguém pode ser feliz.
Notas
1.
I. ""l'heolr:|gical
“Tlieulu_tzical l_fitl1ies",
litliics”, l ielr¬nut
lel1¬nutThielicl-:e
'l'lrielicl~te (1
(1908-8(›),
9118-BB), ed. l.'!errlt¬r¬t:1t¬rs,
Ifiertltnans, 1929. 1979.
2. '“l'he
“The Life of Augrtstirre
Augtistiiie of lI lippo",
Iippo”, Peter 1Êlr¬rm-'rt,
Brmvn. ed. l"aber, 1962,11.
i96?, p. 5855.
388.
3. 39li.
5. Op. cit., p. 5911.
4. “i'\rnon_g (}oti`s {iirrr'rts",
"r"rrnong iÍiod's Giants”. 13.542.
11.342.
“Ro1n:1n(Íathulicism”,Sebastian
5. “Roman liullough. ed. Pelicau,
IÍ_Íatholicism", Sebast_i:1r¬r llullough, Pelican, 19155,
l9(13, p. 25.
75.
(1.
ó. (Jp.
Up. cit., p. 344.
544.
T.
2. “r'\n1r›ng
"Arnrí›r¬rg Gods
Gotl'.s (Êi:1nts"¬
(_iin|1ts", p. 345.
545.
8. Op.
H. (Jp. cit., par. 2558-9.
2358-9.
(Jp. cit., p. 285.
9. Op.
Ill.
li). l'*~«lr:›rrr1rrr1
Norman Pittenger, Pittcnger, citado em “i\le'~.v Dictionaryoi°{Íl1ristian
“i\le\vDictio11ar_\' ‹›l`Clirisrian Flthics
Iírhics and
anti Pas-
toral Tl1er:|logj,"',
Tl1et1l‹›gy`°, ed. l"'v'1?",
IVP, lselcester,
Leicester, 1995,
1995. p. 452.
'lI1.()p. cit., par. 1h45.
1. Op.cit., 1645.
l2. Op. cit., "¬.-"ol.
12. \-"t›l. 5,
3, p. 129.
IT9.
13. “Contracultura
15. "(.Êontraeuitura Cristã”,
(lristã”,_|ohn
Iohtl R. 1.'W-É ed. .-"'r.B.L',
-'vi Stott, erl. i-\.B.L', 1928.
I9?8.
C. C. Rjrrle,
14. 1.. Ryrie, citado em "Rer'rtlir¬rgs
“Readings iu in 'lÍ.ln'istian
Christian litlrics",
Iithics", "v"ol.
\-"n1. 2,
2. “lssues
“Issues and
196
198
Questões de propriedade
e trabalhos
Não firrtarás
fiirrarás (Ex 20.15; Dt
DE 5.19).
Em Gênesis 31,19,
51,19, lemos que Raquel Íitrrou
lilrtou os ídolos que
seu pai, Labão, possuía. Labão, que tinha furtado sete anos
da vida de seu genro após o ato fraudulento de lhe dar Lia, a
filha mais velha, em lugar de Raquel que Jacó amava, protestou,
então, contra Jacó, perguntando por que Éé que ele tinha levado
(furtado) suas filhas (v. 26) e agora firrrava seus deuses (v. 50)!
30)!
Jacó, com toda lógica, respondeu que tinha levado as filhas
furtivamente porque estava com receio que Labão as trouxesse
de volta. Sobre os deuses, furtados por Raquel, ainda não tinha
conhecimento (vv. 51,52).
31,32).
TambÉm
Também Éé óbvio, como nos relata Exodo Êxodo 22.1, que os
animais podem ser furtados.
Mas, tambóm
também existem formas mais sutis de furto. Os deser-
tores que abandonam a batalha, na verdade, se firrtam
fiirtam a si pró-
prios do serviço que Deus lhes designou (2Sm 19.5).19.3). Mais grave
ainda, Éé 'firrtar'
'furtar' o coração dos outros _ o que fez Absalão,
filho de Davi, quando organizou uma revolução para destituir
o pai e subir ele próprio ao trono (2Sm 15.6).
Muitos atos que constituem furtos manifestos são descritos
com outras palavras. Por exemplo, as pessoas que pretendem
vender produtos alimentícios podem ter no bolso dois tipos de
medida: um 'efa' (que Éé urna
uma medida de volume fixal) grande e
outro pequeno (Dt 25.14-16, cf. tambÉmtambém Lv 19.55-57)
19.35-37) _ Éé
óbvio o tipo de roubo que se pretende aqui! Dentro da mesma
linha de pensamento, Provórbios
Provérbios considera que o 'Senhor repudia
desonestas` (Pv 11.1).
balanças desonestas' 1 1.1). Quando um ladrão assalta urnauma
casa (Ex 22.2) e Éé ferido ou morto pelo proprietário,
proprietário. este não Éé
considerado culpado dessa rnorte.morte. Quem participa com um
ladrão _ aqui pode ser inclrtído,
incluído, por exemplo, o receptador de
valores roubados _ compartilha sua culpa (Pv 28.24).
O fato de qualquer valor, em bens ou animais, por ordem
de Deus, ser destinado ãà destruição não autoriza ninguÉm
ninguém a se
apropriar dele. Como exemplo desse tipo de furto temos o caso
babilônica
de Acã que se apossou dos bens de Ai, uma boa capa babilónica
200
280
A propriedade na Bíblia
A rigor, a Bíblia só admite direitos absolutos de propriedade
no caso de um proprietário: Deus. Esse Éé o sentido claro do
texto de Salmos 24.1 ("Do(“Do Senhor Éé a terra e tudo o que nela
existe")
existe”) e de muitos outros semelhantes. Quando uma pessoa,
206
208
sobre heranças entre ele e seu irmão (Lc 12.15). Jesus se recusou
a assumir o papel de juiz e tambem
também contou a parábola do
homem que, tendo tido boas colheitas, derrubou seus celeiros
para construir outros maiores e morreu nessa mesma noite,
perdendo assim tudo aquilo que tinha depositado com a finali-
dade de ter garantia material por muitos anos.
Strbjacente
Subjacente ãà denúncia que Jesus faz desse tipo de idolatria
pode estar tambem
também a questão da procedência da riqueza. E
fato conhecido que, durante o período do Antigo Testamento,
a Lei do Jubileu raramente foi praticada ou mesmo lembrada.
Se essa lei tivesse sido aplicada, seria impossível haver a acumu-
lação de riquezas nas mãos de algumas famílias. Por essa razão,
o menonita John Howard
Hovvard Yoderfl
Yoder,-1 e muitos outros, consideram
que Jesus, ao citar na sinagoga a passagem de Isaías
lsaías 61.1,2
61 _ 1 ,2 sobre
a libertação dos cativos e oprimidos (cf. Lc 4.18,19), estava
anunciando um Jubileu. Creio que não teremos qualquer
dificuldade em aceitar essa posição, se compreendermos que a
implementação desse Jubileu não foi feita pelas autoridades
humanas de Israel, mas pela mão do Juiz Divino (que nessa
geração terá caído sobre os ricos e poderosos, de acordo com
seus merecimentos, a não ser que, a exemplo de Zaqueu, prescin-
privilegios).
dissem voluntariamente de seus privilégios).
O apóstolo Paulo, nessa mesma linha de pensamento,
anuncia não que o dinheiro seja a raiz de todos os males (como
algumas pessoas entendem), mas sim que o amor ao dinheiro éÉ
(lTm 6.10).
a raiz de todos os males (1Tm
O Novo Testamento não ignora o fato de que as riquezas,
mesmo que sejam o fruto da desonestidade ou exploração
praticadas por outras gerações, podem ser usadas de forma
positiva. Depois de contar a parábola de um mordomo que,
após ser despedido por seu senhor, toma a iniciativa de ir aos
credores do senhor e perdoar suas dívidas(!),
dívidas(l), Jesus ensina que
a inteligência desse mordomo pode servir de exemplo, de
tambem cultivemos amigos *com
maneira que nós também 'com a riqueza da
209
Salários
Em uma sociedade em que cada família possui seu terreno
e sustenta seus integrantes com os alimentos que produz, há
pouco lugar para o pagamento de salários. Mesmo assim, a
sociedade do Antigo Testamento, que era desse tipo, fazia o
pagamento de salários em algumas situações. Os escravos não
recebiam salários, mas havia tambem
também trabalhadores que eram
assalariados _, sendo o pagamento feito no fim de cada dia
de trabalho. E notável a preocupação da lei com os direitos
desses trabalhadores: “Não se aproveitem do pobre e necessita-
do, seja ele um irmão israelita ou um estrangeiro que viva numa
das suas cidades. Paguem-lhe o seu salário diariamente, antes
põr-do-sol, pois ele ée necessitado e depende disso. Se não,
do pôr-do-sol,
ele poderá clamar ao SENHOR contra você, e você será culpado
de pecado” (Dt 24.14,15).
2414,15).
fenõmeno de salários em atraso ée bem conhecido na
O fenômeno
sociedade moderna. No entanto, existe um fenômeno fenõmeno muito
mais generalizado de atraso no pagamento de todo tipo de
contas _ o que ée obviamente reprovado pela ética etica bíblica. O
profeta Jeremias reprova em termos diretos o estilo de vida e o
procedimento daqueles que, para viver com folga, se aprovei-
tam de trabalhadores que não são devidamente pagos: “Ai
constrei o seu palácio por meios corruptos, seus
daquele que constrói
aposentos, pela injustiça, fazendo os seus compatriotas traba-
lharem por nada, sem pagar-lhes o devido salário”
salário“ (Jr
(jr 22.13).
No Novo Testamento, Tiago denuncia a riqueza dos explo-
“'\/ejam, o salário dos traba-
radores em termos bem definidos: “Vejam,
lhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram
com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos
ceifeiros chegoú aos ouvidos do Senhor dos Exércitos”
Exercitos“ (Tg 5.4).
Ao longo da história
histõria surgiram diferentes modelos de
etica que daremos
relações trabalhistas: o tipo de orientação ética
ao cristão que quer trabalhar e firmar seu direito de receber
21?
seculos
séculos antes, aconselhara a existência de uma classe de
ltribunosl
'tribunos' ou ldefensoresl
“defensores dos direitos do povo diante dos reis."
reis.“
E
É provável que o reformador não tivesse rejeitado de pronto a
possibilidade de greve, em situações em que o povo não tem
outra maneira de chamar atenção para a exploração a que as
classes privilegiadas constantemente o sujeitam.
décadas, continuou a ser
O movimento sindical, durante decadas,
uma força necessária na sociedade para que pouco a pouco
pudesse criar maior justiça social. Mas foi problemático o fato
de grande parte dos sindicatos obrigar os trabalhadores a se
inscreverem (a política chamada de “closed'closed shopl).
shop'). Na Grã
Bretanha, nas decadas
décadas de 1960 e 1920,
1970, os sindicatos chegaram
a ter tanto poder que garantiam útimasótimas condições aos seus
membros ao mesmo tempo que desenvolviam uma prepotência
que podia põrpôr em perigo o futuro das indústrias e da prõpria
própria
economia nacional. Em tal contexto,
con texto, Sir Frederick Cathervvood,
Cathewvood,
famoso escritor e político evangelico,
evangélico, fez o seguinte comentário:
“No lsrael antigo, o usurário era o homem que não se dispunha
a emprestar ao seu vizinho o dinheiro para o trigo sem cobrar
juros, o que o obrigaria a vender uma parte de sua quinta. O
usurário moderno eé o trabalhador que usa seu músculo indus-
trial para obter da comunidade mais do que merece“.'f
rnerece”.'1
Depois da amarga experiência de conflito industrial, surgiu
na Grã Bretanha um governo conservador, o de Margaret
Thatcher, que acabou com a hegemonia dos sindicatos. Indepen-
dente, de aprovarmos ou não essa política, podemos nos alegrar
década
com o desenvolvimento positivo das relações industriais na decada
seguinte. Foi nesse período que algumas companhias criaram
estruturas com mais dialõgo
dialogo e participativas, tentando que seus
empregados não sentissem necessidade de formar sindicatos.
evidente que um cristão, que traz da sua experiência na igreja
um modelo de relacionamento baseado no conceito do “corpo
de Cristo” (cf. especialmente, 1Co Í2
12 a 14), eé uma pessoa prepa-
rada para ajudar a implementar o diálogo, o respeito e a avaliação
220
nidade evangelica
evangélica diante dessas questões
questoes nos causava preocu-
preocu
pação. Todavia, preocupa-nos ainda mais o fato de que agora,
passadas quase duas decadas,
décadas, a maioria dos cristãos parece tão
indiferente, ou ainda mais, diante dos problemas sociais do
que nos parecia âà epoca.
época.
Como orientação geral para nosso pensamento nessa área
basta lembrar a experiência dos exilados na Babilõnia,
Babilônia, no tempo
de Jeremias. Os falsos profetas tinham anunciado que não haveria
exílio e, depois, quando o exílio veio, começaram a anunciar que
o exílio duraria apenas dois anos. Aconselharam as pessoas a evitar
o contato com a sociedade da BabilõniaBabilônia _, fazendo o mínimo
indispensável para colaborar Ur (Jr 27.9). Jeremias percebeu que a
duração do exílio seria de setenta anos e recomendou uma
postura muito mais positiva e colaborativa: “Construam casas e
habitem nelas; plantem jardins e comam de seus frutos. Casem-
se e tenham filhos e filhas; escolham mulheres para casar-se com
seus filhos e dêem as suas filhas em casamento, para que tambem também
tenham filhos e filhas. 'lvlultipliquem-se
'li/lultipliquem-se e não diminuam. Bus-
quem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e
orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês
depende da prosperidade dela“ dela” (295-7).
(29.5r7). Depois, o profeta
Daniel agiu de acordo com essa advertência, e o alcance da sua
intervenção a favor de rodo
todo o itnperio
império babilõnico
babilônico foi muito maior
do que poderia parecer possível.
O papel que os servos
sewos de Deus desempenharam no seio da
sociedade pagã da Babilõnia
Babilônia eé obviamente um bom exemplo
para o cristão que eé chamado a trabalhar em uma sociedade
materialista e pagã. No meio dessa sociedade eé chamado para
terra`, não deixando que a sociedade se corrompa
ser o “sal da terra”,
totalmente (Mt 5.15).5.13). É chamado a obedecer, pagando os
impostos que lhe são exigidos (“dai a Cesar César o que eé de Cesar
César e
a Deus o que eé de Deus“)
Deus”) e se submeter âs às autoridades estabele-
cidas, por estas ser de Deus (Rm 1_°›.1,2).
15.1,2). E
É õbvio
óbvio que seu voto
de obediência âs às autoridades incredulas
incrédulas não pode ser absoluto.
222
É
E interessante o argumento usado pelo pastor John Piper,1f`
Piper,“'
a favor de sua invasão ilegal em clínicas de aborto. Diz que a
Bíblia manda livrar “os
'os que estão sendo levados para a morte;
socorra os que caminham trêmulos para a matançal“
matançal' (Pv 24.11).
Se Piper visse uma criança em perigo de vida no jardim de um
vizinho, saltaria a cerca para a salvar. Da mesma maneira, ele
entra “indevidamente”
“indevidamente nas clínicas por que sabe o perigo a que
milhares de vidas inocentes são expostas. E difícil rebater a lõgica
lógica
dessa posição quando se compara essa situação com situações
bíblicas em que servos
sewos de Deus se opuseram âà morte de vidas
inocentes.
E natural que o cristão consciencioso queira examinar muito
bem as questões de justiça envolvidas nas situações e a gravidade
das mesmas, antes de entrar em qualquer manifestação que
envolve a desobediência civil. Pode concluir que uma situação
que envolve a vida de animais, por exemplo, embora bastante
desagradável, não eé suficientemente prioritária para que dedique
suas energias e para põr
pôr em risco sua liberdade. Mas, na verdade,
situações que envolvem muitas vidas humanas podem ser das
mais graves para se enfrentar, alem
além de exigir um protesto drástico.
drãstico.
E situações que envolvem a obediência âs às ordens de Deus, a
favor da salvação eterna de pessoas pelas quais Jesus morreu,
podem ainda mais claramente exigir uma posição desse tipo.
Dr. Jõnatas
Jónatas Machado, em sua tese de mestrado se debruça
com muita profundidade e lucidez sobre essa questão,'i“questão,'7 e a
examina de um ponto de vista histõrico.
histórico. Começa com o Antigo
Testamento, em que: ““O “O poder político repousava em uma
base de legitimação transcendente, devendo ser exercido de
acordo com os preceitos estabelecidos por Deus. Foi graças a
esse entendimento que Saul e Davi receberam a coroa das mãos
do profeta Samuel””.
Samuel”. Mesmo assim, como já vimos, havia
separação de espaços correspondentes âà função do sacerdõcio
sacerdócio
e da monarquia, separação essa que prepara o caminho para o
conceito posterior de separação entre lgreja Igreja e Estado.
Ele mostra como, na sociedade grega houve primeiro uma
fase homerica,
homérica, em que o rei tinha poder tanto na esfera religiosa
como em todos os domínios da vida social, seguida pela fase
dos filõsofos,
filósofos, em que a “põlis”
`pólis' (cidade) começa a ser secularizada
e suas instituições democratizadas.
E no Novo Testamento, no entanto, que Machado encontra
a separação de poderes feita de maneira mais rigorosa: ““Então,
“Então,
César o que eé de Cesar
dêem a Cesar César e a Deus o que eé de Deus””
Deus” (Mt
22.21); ““O
“O meu Reino não eé deste mundo““
mundo” (Jo 18.36). Comenta
o seguinte: ““Da
“Da afirmação da soberania de Deus resulta que todo
poder estabelecido está, em última análise, sob a sua autoridade
e ao serviço
seiviço dos seus propõsitos
propósitos eternos (Rm 13.1). O ideal
divino para o exercício do poder político eé a prossecução do
bem e da justiça (Rm 13.1-3). Daqui decorrem, para o crente,
os deveres morais de obediência, cooperação positiva e não
resistência âsàs autoridades (Rm 13.2-7) e de intercessão a Deus
(1Tm 2.1-4). No entanto, no caso de conflito entre as
por elas (lTm
normas divinas e as normas dos poderes públicos a prevalência
cabe âsàs primeiras (At 4.19)“”.'*“
4.19)”."`*
No lmperio
império Romano praticou-se a tolerância de todos os
cultos desde que não questionassem o culto ao imperador,
“sumo
'sumo pontífice”, os cristãos foram perseguidos em muitas
ocasiões por não aderirem a esse culto. A conversão de Constan-
228
tino (312)
(512) fez com que se considerasse o cristianismo uma religião
lícita, juntamente com outras. No sistema cesaripapista, que
surgiu nessa epoca,
época, o imperador era o supremo moderador nas
relações entre lgreja
Igreja e Estado, e o clero era uma classe privilegiada.
séculos iv
Dos seculos W a 1-tv,
XV, os pontífices
pontífices romanos quiseram inverter o
cesaripapismo, afirmando que eles eram sucessores não apenas
de Pedro, mas tambem
também do Cesar
César e chamando para si o poder
supremo. Quando falavam em “liberdade 'liberdade da lgreja“,
lgreja', referiam-
se âà liberdade da lgreja
Igreja Catõlica
Católica de ser a única detentora da
verdade. Mesmo Agostinho defendeu a integração, âà força, de
hereges donatistas âà lgreja
Igreja Católica,
Catõlica, comparando essa força com
a que Deus usou para converter Saulo de Tarso! Da mesma
“conversão forçada'
maneira que acontecera com Saulo, depois, a 'conversão forçada“
podia produzir maior zelo pelo Evangelho!
Na prática, ao longo desses séculos,
seculos, as respectivas pretensões
de papas e reis levaram a uma situação quase permanente de
conflito. A primeira Concordata, de Worms (1122), reflete
essa situação de conflito. Mesmo em 1352, 1832, o Papa Gregório
Gregõrio
XVI rejeitou como absurda a liberdade de consciência e como
“pestilento” o princípio da separação.
um erro 'pestilento'
Os reformadores Lutero, Calvino e outros não advogaram
urna separação rigorosa entre Igreja
uma lgreja e Estado.
Estado, mas apregoaram
uma subjetivação da consciência que minou as bases da doutrina
medieval. Lutero defendeu a posição de Agostinho, segundo a
qual havia dois reinos, cada um específico e autônomo.
autõnomo. Admi-
tiam, no entanto, o direito e dever da 'espada
“espada secular'
secular” de supri-
mir os dissidentes. Calvino exortou as autoridades constituídas
em Genebra a denunciar o catalão Miguel Server, pela sua
posição doutrinária antitrinitária e, por fim, a executarem-no.
No entanto, devemos ter em mente a análise cuidadosa de
François Weiidel
Werrdel que, em sua biografia de Calvino, desmente o
mito popular deste ter sido o ditador de Genebra; de faro, fato, existia
eclesiástico (Consisrório)
o poder civil e o eclesiasrico (Consistõrio) separados, mas com
obrigações rnúruas.
mútuas. No campo da disciplina eclesiástica era o
Consistório
Consistõrio que tinha poder, a pena máxima era a excomunhão.
229
catõlicos
católicos totalmente comprometidos com a mesma posição
sobre a liberdade religiosa. Muitas vezes, na verdade, encon-
tramos elementos convictos em relação a essa materia
matéria nas fileiras
da esquerda política, mesmo que essas pessoas não possuam
qualquer convicção religiosa, ou sejam ateístas, abraçam com
entusiasmo o princípio da não-discriminação entre os cidadãos
devido àâ religião. Com eles, devido ao compartilhamento de
“aliados” (usando a distinção de
uma causa justa, não seremos `aIiados`
Francis Schaeffer), mas podemos ser “co-beligerantes”.
devia ter desfrutado, mas que lhe foram negados (2Cr 3620,21).
Provavelmente, isso significa que durante 490 anos o povo de
Judá não tinha respeitado a lei do ano sabático.
Mesmo o sábado semanal envolve uma preocupação pelos
animais que estão a serviço do homem. Da mesma maneira
que escravos e estrangeiros se beneficiam, com a família, do
sábado, o boi e o jumento tambemtambém o fazem (Ex 23.12).25.12). Está
proibido o cruzamento de animais de diferentes especies espécies e o
empobrecimento da terra devido âà mistura de distintos tipos
de semente (Lv 19.19; Dt 22.9,10).
22.9.10). O fruto das árvores planta-
das não deve ser apanhado durante os três primeiros anos, e
no quarro
quarto sõ só deve ser apanhado para oferecer ao Senhor, se
isso for respeitado, a árvore
ánfore naturalmente deverá dar abundân-
cia de fruto para corner
comer no quinto ano (Lv 19.23-25). Esse
tipo de lei existia tambem
também na Babilõnia
Babilônia e pode existir em muitos
tipos de sociedade: quando os homens sábios percebem princí-
pios saudáveis
saudávcis para a agricultura eé por que o Senhor, em sua
graça usual, os esclarece nessa materia.
matéria.
A desobediência ãà lei faz com que Deus castigrre
castigue seu povo
de várias maneiras: uma delas eé fazer vir contra ele os animais
selvagens (_Lv
(Lv 26.22; cf. Os 5.14). Devemos, talvez, considerar a
natureza “selvagem”
`selvagem` desses animais como consequência da queda
do homem, parte da “vaidade”
`vaidade' ãà qual a criação ficou sujeita “por
`por
causa da vontade daquele que a sujeitorr”
sujeitotf (Rm 8.20,21). Jesus,
nos seus quarenta dias de jejum no deserto, enfrentou esse
problema, mas foi protegido de maneira sobrenatural (Mc 1.13).
De acordo com as leis da guerra, em uma terra ocupada, as
áwores que não são frutíferas devem ser destruídas, mas apenas
árvores
estas (Dt 20.19.20). Esse eé um exemplo bastante õbvio
óbvio do princípio
de que o respeito pela vida natural eé um benefício para o homem.
A lei abrange questões que alguns leitores julgariam
ulgariaminsigni-
insigni-
ficantes: como o tratamento a ser dado para um ninho com
Deuteronõmio 2.2.6
passarinhos ou ovos. Deuteronômio 22.6 proíbe apanhar mãe
e filhos -_ os filhos podem ser apanhados, mas a mãe deve ser
deixada em liberdade.
233
“Quem e,
““Quem é, pois, o servo [ou “mordomo”]
'mordomo'] fiel e sensato, a quem
seu senhor encarrega dos de sua casa para lhes dar alimento no
tempo devido? Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo
assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos
os seus bens””
bens” (Mt 24.45-47; cf. Lc 12.42-44).
Notas
l.
1. “Theological Wrrrrllirzflolâ
Wtwrtllaook of the Olrl
Old Testarnent””,
Testament”, R.L.Harris,
R.l,.Harris, OL.
GJ.. Archer,_|r._,
Archer,_Ir.,
ll.l{.
B.K. Waltke,
Walrke, erl.
ed. lvloorlz,-f
Moody Press, 1981. (Ver Dicionario
Dicionário do AT da `¬v“ida
V ida 1*-lova).
Nova).
2. ””l..iving
“Living as a People of Cod", God”, C.J.
CJ. Wright, p. 58:
3. “”“l“he
“The Politics of Jesus””,J.l-1.
]esus”,_I.1 1. Yotler,
Yoder, ed. liertlmans,
Eerdmans, 1972.
4. “Comentários ao Novo Testamento””,
Testamento”, Atos 2.-<l5,João
2.45,_joão Calvino, citado em “Cl“O
Pensamento E*“.conõrnico
Econômico e Social de Calvino”, André Andre Eieler,
Biéler, Casa F.ditora
F.dirora
Presbiteriana, São Paulo, 1990.
5. “lnstitutas””,
"1nstitutas”, Calvino, III-T-8-3”.
III-7-8-3°.
6. “1nstitutas””,
“1nstitutas”, Calvirro,
Calvino, Il-8-45.
II-8-45.
T. Op. cit. par. 2409.
8. Op.
Up. cit. par. 2425.
9. Citado em “A Ética dos Dez l'vlandamenros””,
Mandameiltris”, p. 213, l lans Ulrich Reifler, ed.
Vida Ntr-.-'a,
”'v”itlrr Nova, 1992.
10.
11). Citado em Reifler, p. 212.
11l.()p.cit.IV~XX-31-C.
1. Up. cit. IV-HH-3`1-c.
12. “First Things First”,
First", Sir Frerlerick
Frederick Catherrvood,
Catherwood, ed. Aslan, 1979.
ed.¿\s1an, 19?9.
13. “O“() Sabor tloSa1”“,
do Sal", Alan Pallister, erl. ed. Núcleo, 1983.
14. Stephen h-lott,
Mott, em “Reatlings
“Readings io in Christian l_*“.thics””,
ljthics", ed. Clark and Rakestraw,
Rakestravv,
Baker, Grand Rapirls,
Rapids, 1996, vol. 2.
1 5. C.C.R}frie,
C.C.Ryrie, em “Rearlings
“Readings in Christian E.thics””.
Ethics”.
lõ. John Piper, em “Readings in Christian l_*.`thics".
1(›.john iithics".
li.
17. “Libertlatle
“l,iberdade Religiosa numa Comunidade Constitucional inclusiva dos tlos
Verdade aos Direitos dos Cidadãos”, dejõnatas
Direitos da ”'v”errlade dejónatas Maclrarlo,
Machado, Coimbra,
1996.
18. Op. cit., p.20.
p.2(l.
“Calvin”, lirançois `l.`1Í-"›::nr1el,
19. ”'Calvin””, Wentlel, erl. ed. Fontana, Londres, 1963.
C#\PÍTULO 9
CÊHPÍTULU
Questões de
verdade e mentira
Não daraÍs
daiaís falso testemunho contra o
0 teu proximo
próximo
(Ez 2o.1‹5.
20.16; D1:
Dt 5.20).
Introdução: Embora esse mandamento tenha sua aplicação
contexto jurídico, onde uma testemunha da
mais direta no conte:-tro dá
informaçoes
informações corretas ou falsas sobre seu proximo,
próximo, ele açambarca
também um vastíssimo leque de relações sociais e interpessoais
nas quais Deus requer que a verdade seja dita. Mesmo assim, a
obediencia
obediência a esse mandamento pode nos trazer alguns dilemas
e há distintas e muitas teorias sobre a maneira de interpretar e
aplicar o mandamento em certas situaçoes-limite.
situações-limite.
Questões: Qual eé a relação entre a verdade que sempre deve
ser dita em situaçoes
situações inter-pessoais e a verdade que Éé atributo de
Deus? Há situaçoes
situações em que a obediência a esse mandamento
nos leva a desobedecer outro, obrigando-nos, dessa maneira, a
uma escolha entre mandamentos? EzistemExistem “mentiras
'mentiras piedosasi?
piedosas'?
Ha
Há situaçoes
situações em que o0 sigilo profissional ou o0 respeito pela
vontade das pessoas nos obriga a dizer menos do que a verdade?
Dizer menos do que a verdade sempre se equivale a mentir? O
mundo do nrarketƒng
marketing Ée' necessariamente um contezto
contexto em que a
mentira tem que ser usada ou é possível que ele seja usado a
serviço da verdade? Qual eié a relação entre a questão da verdade
e o0 ministerio
ministério profetico
profético do servo de Deus e da igreja?
238
lemos: “Ft
“A língua mentirosa odeia aqueles a quem fere, e a boca
lisonjeira provoca a ruína”.
O falso profeta, em essência, e'É um servo do sheqer. Jeremias
denuncia os profissionais da religião, nestes termos: “Desde "Desde o
menor até o maior, todos são gananciosos; tanto os sacerdotes
como os profetas, todos praticam a falsidade. Eles tratam da
ferida do meu povo como se ela não fosse grave. “Paz, `Paz, paz',
pazi, dizem,
quando não há ha paz alguma” (Jr 8.1U,1l).
8.101,11). Na época
epoca do profeta
Jeremias, os falsos profetas primeiro combateram a mensagem
dele sobre o cativeiro, dizendo que os babilônios
babiloliios seriam vencidos
Jerusalem. Depois, quando isso não
e o povo permaneceria em Jerusalém.
se concretizou, anunciaram que a libertação aconteceria em dois
anos _ ao mesmo tempo que o Senhor anunciava, por meio de
Jeremias, que o cativeiro apenas acabaria em setenta anos. Uma
mensagem agradável e positiva'
”positiva` sempre conquista mais os ouvintes
do que uma mensagem severa, mas verdadeira. A tentação do
servo de Deus, em todas as épocas, éef encontrar maneiras diplo-
mãticas de não dizer toda a verdade ¬-
máticas -- e de tentar ser 'positivo`
ipositivoi
situaçoes. O manter silêncio
em todas as situações. silencio ou fugir ao assunto
quando sabemos que há hã verdades menos atraentes que precisam
ser anunciadas ée uma forma óbvia
tibvia de mentira (e éei 0o tipo de pecado
em que, com muita facilidade, os pastores das igrejas caem).
Ao longo do Antigo Testamento, vemos .Deus Deus ser apresen-
tado como um Deus de verdade (einer). (emet). É o Senhor “que "que fez os
ceus e a terra, o mar e tudo o que neles há,
céus hã, e que mantém
mantem a sua
semprei” (Sl
fidelidade para semprel” (S1 146.6). Faz parte da natureza cor-
rupta do homem mentir, mas Deus, o Deus da verdade, não
partilba
partilha dessa natureza (Nm 23.19). 25.19). Relacionado a essa idéia, ideia,
encontramos também
tambefm o conceito da fidelidade: Deus sera serã sempre
aquilo que disse no passado (“com
fiel àquilo (”com grande perfeição tens
feito maravilhas, coisas há muito planejadas”, ls 25.1), ao
contrário dos homens que muitas vezes dizem que têm tem que “rever”
ireveri
ou reformular'
”reformu1arl promessas que fizeram antes. No futuro, a cidade
será chamada a “Cidade
de Sião sera 'Cidade da Verdade” (Ze (Zc 3.3)8.3) e Deus
sera
será seu Deus *com'com fidelidade e justiça' (Zc(Ze 8.3).
8.8).
240
Ezistem
Existem dois episodios
episódios semelhantes na vida de Abraão que
esclarecem bastante a natureza da mentira. Quando o patriarca
desceu para o Egito instruiu sua mulher, Sara, ainda relativa-
mente jovem, a dizer que era sua irmã, para que os egípcios
não o matassem por causa dela. Depois, o Farao Faraó tomou-a e
abusou dela seitualmente,
sexualmente, recebendo depois o castigo do Senhor
12.10-20). Contudo, so
(Gn 12.1Ú-20). só depois em Gerar, quando Abraão
repete a mesma mentira para o rei Abimeleque (Gn 20.1-18),211.1-18),
vemos no que a mentira realmente consistiu. De fato, Abraão
e Sara eram meios irmãos, sendo filhos do mesmo pai. O que
Abraão disse, tanto ao rei de Egito como ao rei de Gerar, foi
tecnicamente a verdade. Mas como foi dito com a intenção de
transmitir um recado errado, na verdade, ele estava mentindo.
Esse ezemplo
exemplo Éé eztremamente
extremamente elucidativo, diante da tentação
que as relaçoes
relações sociais nos poe
põe de dizer meias-verdades _- _ ou
afirmações tecnicamente corretas, mas com a intenção
de fazer afirmaçoes
de transmitir recados que não correspondem ità verdade.
Quando, depois, Isaque copiou o pecado do pai (Gn 26.1- 26.1»
também em Gerar! -
11) _ tambÉm _ confirmou o impacto que esse
tipo de ei-templo
exemplo paterno tem sobre os filhos. So Só que Isaque
nem sequer tinha a desculpa de Rebeca ser sua meia irmã! irmãl
episódio da apropriação da bênção paterna por Jaco,
O episodio Jacó.
em lugar de seu irmão Esaú (Gn 27), tambom também ilustra o
0 tema
da mentira - e mostra como as pessoas de uma família podem
se incentivar uns aos outros a cometer esse pecado. Por iniciativa
da mãe, Rebeca, Éé que Jaco
Jacó se disfarça como se fosse seu irmão
mais velho. So Só incentivado dessa maneira, Jaco
Jacó teria coragem
de falar para o pai cego nos termos em que faz no versículo 19:
“Jaco
“Jacó disse a seu pai: 'Sou Esati, seu filho mais velho. Fiz como
o senhor me disse. Agora, assente-se e coma do que cacei eacei para
abençoe”. Jaco,
que me abençoe””. Jacó, apenas apos
após um período educativo
que envolveu muito sofrimento, se tornou a pessoa que Deus
queria, assumindo padrões
padroes de verdade.
Provérbios parecem ter sido
Os autores dos Salmos e de ProvÉrbios
homens que conheciam a força destrutiva da maledicëiicia.
maledicência. O
241
o exÉrcito
exército ao lugar em que estava o homem que eles procura-
vam. Depois, os conduziu para Samaria, não deixando, no
entanto, que o rei de lsrael lhes fizesse mal. A mentira foi usada
por Deus para salvar a vida de Eliseu e, aparentemente, faz
parte de um plano que o proprio
próprio Deus conduziu!
Geisler, em relação a essa questão, cita Charles Hodge,
teologo
teólogo reformador, que ein em sua obra, Teologia Sistemática,
afirma que para haver mentira são necessários três elementos:
“(1)
"(i) A enunciação daquilo que Éé falso, (ii) A intenção de enganar,
enganar.
e (iii) A violação de tuna
uma promessa,
prornessa, da obrigação de contar a
verdade”.f
verdade”.2
Em alguns casos, pode-se argumentar que não há obriga-
ção de contar toda verdade (um general, por exemplo, não
tem obrigação de revelar todos seus movimentos ao adversário).
Ao seguir essa linha de argumentação, podemos atÉ até argumentar
(embora, Geisler não o façal) que Eliseu, que não tinha
obrigação de contar tudo aos sítios, tambÉm
também tinha o direito de
`interpretari
`interpretar' as verdadeiras intençoes
intenções deles, conduzindo-os ao
rei de Israel, o homem que realmente procuravam. Mesmo
assim, com todos os artifícios de interpretação que possamos
elaborar ou imaginar, Éé difícil
dificil evitar a impressão de que a Bíblia
aceita a mentira em certos casos extremos quando, por exemplo,
alguém está em risco.
a vida de alguom
'piedosas'
Mentiras Tiiedosas'
Vimos alguns teologos
teólogos que defeiideni
defendem a possibilidade de
“mentiras
`mentiras de emergência“,
emergência', Ée expressamos uma concordância
cautelosa. No entanto, o conceito de “mentira piedosa“,
piedosa`, tão
popular em nossa cultura, não parece ser o mesmo caso. Vamos
considerar três exemplos:
(1) Uma família precisa comprar um carro melhor e tem
um fundo reservado para o dia em que puder comprá-
compra-
lo. Chega o momento de fazer a declaração do imposto
de renda, e percebe que se fizer uma declaração rigoro-
samente correta de seus rendimentos não conseguirá
pagar os impostos sem entrar no fundo de reserva. Por
isso, declara menos ao fisco para-pagar
para pagar menos impostos.
Seu principal objetivo Éé o bem da família,
familia, o Estado
não merece ser respeitado com tanta meticulosidade.
rnentira “piedosa“.
Considera esse ato uma mentira `piedosa'.
(2) Uni
Um vestibiilando
vestibulando teve contratempos que o impossibili-
taram de estudar o suficiente para uma das disciplinas
em que fará exame. Verifica que a única possibilidade
para conseguir entrar no curso que pretende Éé colar
no exame. Seu futuro está em primeiro lugar e colar Éé
um recurso comum nessa situação. Pensa que está
uni
um ato equivalente ao de dizer uma
apenas cometendo tim
mentira “piedosa“.
“piedosa'.
250
2513*
terminai?
Dizer a verdade ao doente terminal?
Segundo Bonhoeffer, ““a“a verdade não pode ser dita em
qualquer lugar, a qualquer hora e, da mesma maneira, para
médico disser a verdade a um doente
qualquer pessoa”.“ Se um iiiÉdico
terminal, de forma inadequada “ou'ou em tim
um momento menos
indicado, pode provocar uma crise adicional ou, atÉaté mesmo, a
niorte
morte repentina do doente. Mas, sem dúvida, o0 doente tem
direito de saber a verdade. Diante das exigências da verdade
ensinada na Bíblia, não nos parece correto o liábito
hábito tão comum
de manter segredo. obvio
óbvio que nesses casos a vontade dos
familiares deve ser levada em consideração. Mas parece-nos
que estes devem ser ajudados se não resistireni
resistirem âà notícia, para
que o doente seja preparado e oportuiiaiiiente
oportunamente informado. Se
o doente É crente, resignar-se-á diante de uma situação que o
levará âà presença do Senlior
Senhor e vai querer saber a verdade a fim
de se preparar para esse dia. Se não Éé crente, precisa saber a
verdade para que tenha noção da urgência de se reconciliar
rcconciliar
com Deus. Mesmo que a dimensão da fÉ fé esteja totalmente
ignorada pelo doente e seus familiares, não há nada de positivo
em criar um ambiente artificial iià volta dele _ em que são
ein
feitas afirmações que contrariam os fatos.
252
Publicidade e marketing
As pessoas, desde os tempos mais antigos,
amigos, para vender seus
produtos começaram a anunciá-los
anuncia-los ao público. Um sapateiro fazia
uma grande gravura de uni um sapato e pendurava iia entrada de sua
sapataria.
Sapataria. Um afiador
afiador de facas e tesouras cantava
cémtava ou tocava música
nas ruas para anunciar sua presença. Depois, os jornais começaram
a ser usados para anunciar produtos e, em 1840, na FiladêlfiaFiladélfia
fundou-se a primeira agência de publicidade. Desde 1370,
fuiidou-se 1870,
começou-se a realizar pesquisas de mariceting
maríteríng e, a partir do sÉculo
século
xix,
XIX, figuras
figuras do mundo da diversão, como P E T. Barnum, passaram
a explorar amplamente a maneira de cativar grandes públicos.
evangélicos, em momentos de reavivarnento,
Os movimentos evangÉlicos, reavivamento,
deram grande ênfase ao trabalho ao ar livre, o que tem seu ele-
`man"‹eting'. No sÉculo
mento de “marl‹:eting“. século Win,
XVIII, George “Whitefield
Whitefield (1214-
(1714-
70), evangelista, conseguiu anunciar o Evangelho para multidões
compostas de 30.000
5l].ÚUU ou 40.000
4{J.ÚUU pessoas, de maneira que todos
ouvissem - _ um fenômeno
fenõmeno de projeção da voz sem precedente
história da humanidade. John Wesley,
na historia Wesley seu contemporâneo,
tambÉm
também pregou para multidões e reparou que Deus estava
realizando “sinais
*sinais e maravilhas“
maravilhas' entre seus ouvintes, cujo efeito
foi atrair a atenção dos curiosos. Essa dimensão se tornou polê-
mica: em que medida Deus está empenhado em chamar a
atenção de espiritos
espíritos curiosos por nieio
meio de milagres de cura divina
ou de
dc libertação de espíritos malignos? No entanto, a experiência
história do
do Dia de Pentecostes, embora de caráter único na liistoria
cristianismo, Éé elucidativa: Deus agiu de maneira a fazer com
que judeus das mais diversas origens ouvissem em sua língua-
mãe a mensagem (At 2.7-1 1). Biblicamente, não podemos
sustentar a posição de que Deus Éé contra a publicidade!
éticos. No niarketing
Surgem, no entanto, problemas Éticos. niariteting moder-
no as pessoas são manipuladas para comprar produtos devido a
acom-
apelos ao seu desejo de posição social _ porque gostam de acoin-
nível social e :iiaterial
panhar o iiível material dos vizinhos. O apelo Éé voltado
para um subconsciente de insegurança ou culpa (““O (“O setibor
senhor Éé
253
âs
às convulsões,
convulsões. nas quais as pessoas têm sido atiradas em seu
miriistÉrio.
ministério. Se eu fizesse o mesmo, quantos gritariam alto todas
as noites! Penso que pedir esses sinais Éé tentar Deus. Que há
algo de Deus nisso, não teiilio
tenho dúvidas, porÉni,
porém, creio que o
diabo tarribÉm
também interfere. Creio que isso animará os profetas
franceses, desviará a atenção das pessoas da palavra escrita e
hirá
fará com que depeiidam
dependam de visões, convulsões, etc., mais do
que das promessas e preceitos do Evangelho”.'“i
Evangelho”.'4
O cristão tem muitas razões para se distanciar do atual
mundo da publicidade e consumismo. lsso Isso não significa rejeitar
todo o niarlrering,
marlrering, mas sim, sujeitar os mÉtodos
métodos usados a timum
escrutínio Ético
ético bastante rigoroso. Significa evitar empregos em
empresas cujos mÉtodos
métodos prevalentes de publicidade
publicidacle são manifes-
'prudente como as
tamente desonestos. Significa tentar ser “prudente
serpentes“
serpentes° perante as inúmeras tentativas de o convencer a
comprar produtos que nem precisa nem correspondem sequer
a sua verdadeira preferência. Significa evitar gastar seu tenipo
tempo
ria
na passividade de quem contempla os anúncios televisivos e
insensatez deles (mas, ao mesmo tempo, conclui que
admite a inseiisatez
não háha o que fazer porque há muito tempo o mundo da publi-
cidade Éé assim). Significa, sobretudo, comprar e vender sem
recorrer à“a mentira e, ria
na medida do possível, sem se deixar seduzir
por ela!
No que diz respeito iià iiiaiieira
maneira de anunciar e divttlgar
divulgar o
Evangelho, mais uma vez, podemos considerar o sábio exemplo
de Paulo: “Pois nossa exortação não tem origem no erro riem nem
em motivos imptims,
impuros, neni
nem temos intenção de enganá-los;
engana-los; ao
contrário, como homens aprovados por Deus para rios nos confiar
o evangelho, não falamos para agradar pessoas, mas a Deus,
que prova o nosso coração. Vocês bern bem sabem que a nossa
bajulaçâo riem
palavra nunca foi de bajulação nem de pretexto para ganância;
Deus Éé testemunlia”
testemunha” (1Ts(ITS 2.5-5).
25?
Notas
l.I. “'“f?.tic:i
“Erica Cristii:
Crista: Alternativas
.›'\1ternati\-'as e Questões tlontempor.-ineas'““,
(Íonremporâneas", Nonnan
Norman L. Geisler,
ed. Vitln
Vida Nova, São Paulo, 1934.
1954.
Geisler, op. cit., 13.25.
2. Geislet, p.T8.
Catecismo”. par. 2424.
3. “Novo Catecisriio”, 2474.
4. Dp.Op. cit., par. 2424.24T4.
5. “A Erica dos Dez lvl:intlaine:itt.is““,
Mandamentos”, Hans Ulrich Lilrich Reifler,
Reifler, p. 225.
6, ““lnstitutns““,
õ. “lnstíruras", ll-E-ill-42.
ll-VII-47.
T. Up. cit.,1I-`i.-*II-48.
( )p. cit., II-\-“II-48.
H. Summa Theol.,
8. Tlieol., citado em “Novo Catecismo", Catecisiiio”, par. 2469.
241351.
ÊÍ-*_ “L."thics",
9. “I_'“.tliics`“, Dietrich Bonhoeffer, ed. SCM, SCA-'I, 1955,
11155, pp. 213-214.
111. (Jp.
IU. Op. cit., p. 332.
1 1. Citado em “A Ética Etica dos Dez 1\landamenros",
Mandameiitos", p. 225.
12. Dados do artigo sobre “Advertising” '*“Atlvertising““ em
ein “New
“Netv Dictionary
Dictioniirjf of Ethics and anti
Tlieti1r_ig;r““.
Pastoral Tl1ct1lt_1g§'".
13. (Jp.
Op. cit..
cit., p.22.
14. “George \V|1ite `x“iÍ-'"Iiireí:1eltl““, Arnoltl Dallimore, Banner of Truth, 1970,
Held", Arnold 1971), Vol.
É-ltil. 1., p.
sas.
328. i
cAPiTuto1o
cariruto iii
Questões de
desejo e ambição
Não cobíçarãs
cobr`çara's a casa do teu proxinio.
próximo. Não cobiçaras
cobíçarzís a niuiherdo
mulher do teu
próximo, nem seus .servos
proximo, servos ou seivas,
servas. nem seu boi ou,iumenro_,
oujumento, nem coisa
alguma que lhe pertença (Ex 20. 12).
17).
Não cobiçariís
cobriçaras a nitillier
mulíier do reti
teu proximo.
próximo. Não dese)“:ir:ís
desejaras a casa do teu
próximo, nem sua propriedade, nem seu servo ou seiva,
proximo, serva. neni
nem seu boi ou
jumento,
jumen tri, nem coisa alguma que lhe pertença (Dt 5.21).
Antigo Testamento
A palavra chamad
ciianiad também
tarnbÉin se refere a desejos positivos,
não apenas àquilo
âquilo que éÉ designado pela palavra ccobiçar'
“cobiçar“ que éÉ
Eden, tanto a arvore
negativo. No jardim do Éden, árvore da vida (Gn 2.9)
corno a da ciência do bem e do mal (5.6) foram objeto do
`desejo'
“desejo“ do homem e da mulher, em um tim caso o desejo era legíti-
ino e no outro não.
mo rião. Lamentações 1.1 1 faz referência ao desejo
261
251
por alimentos que Éé bem legítimo: ““Todo “Todo o seu povo se lamenta
enquanto vai em busca de pão; e, para sobreviverem, trocam
tesouros por comida. ““Olha,
“Olha, SENHott_,
SENHOR, e considera, pois tenho
desptezada”. E bom termos presente que, ao contrário do
sido desprezada”.
que ocorre âs às vezes em religiões orientais e na filosofia grega, o
“desejo“
`desejo` em si não Éé considerado riegativo.
negativo. Apenas quando o
desejo se refere a algo que não devemos pensar em posstiir possuir Éé
que “desejar“
'desejar' (chamad)
(charnad) Éé considerado pecado. Pouco tempo
depois de enunciar os dez mandamentos, Deuteronomio Deuteronômio dá
um exemplo concreto da atitude de chamad, em um sentido
que claramente reprova: “Vocês queimarão as imagens dos
deuses dessas nações. Não cobicem a prata e o ouro de que são
revestidas; isso lhes seria uma armadilha. Para o SENHUR,SENHOR, o seu
Deus, isso Éé detestável” (7.25).
Detis,
Quando o desejo não éÉ legítimo o contexto salienta isso de
nianeira clara _ e, muitas vezes, a versão em português traduz
maneira
“cobiçar“, apesar'
com a palavra 'cobiçar', apesar da palavra em hebraico ser a
mesma. Por exemplo, Acã pecou ao cobiçar os despojos de
Jericó: ““Qtiando
Jerico: “Quando vi entre os despojos uma bela capa feita na
Babilõnia,
Babilônia, dois quilos e quatrocentos gramas de prata e uma
barra de ouro de seiscentos gramas, eu os cobicei e me apossei
deles. Estão escondidos no chão da minha tenda, com a prata
por baixo” (Js 7.21).
Em lReis,
1Reis, o rei Acabe cobiça a vinha de Nabote com tal
intensidade que não conseguia comer devido ao desgosto (21.1- (2l.1-
7). Nesses casos, vemos com toda clareza como a cobiça prepara o
caminho para o roubo. Em alguns casos, como em Daniel 11.57, 11.37.
idólatras de religiões pagãs errun
os objetos de culto idolatras eram descritos como
`desejo' ou “cobiça“
o “desejo“ `cobiça' das pessoas: ““Ele
“Ele não terá consideração pelos
deuses dos seus antepassados nem pelo deus preferido das
niullieres,
mulheres, nem por deus algum, mas se ex.altará
exaltará acima deles todos”.
Testamento, corno
O Antigo Testaniento, como solução para essa atitude,
`prazerl ou “deleite“
propõe um “prazer“ 'deleite' tão acentuado ria na pessoa do
nosso Deus que não deixa lugar para a cobiça: ““O “O temor do
262
252
Novo Testamento
A líiigua
língua grega, como a portuguesa, tende a distinguir entre
o “desejo“,
`desejo`, no sentido positivo, e a “cobiça“
'cobiçal que tem um sentido
263
283
negativo. A joieonexia“
pleonexia' Éé definida por Reifler
Reiflet como “o 'o desejo
incontrolável de possuir o mundo, poder, influência, bens
materiais“,'
materiais',' e a encontramos em Marcos 7.22, em especial, nas
cartas de Paulo. E É uma característica dos gentios (Ef 4.19) e
uma forma de idolatria: ““Assim,
“Assim, façam
filçam morrer tudo o que
pertence ità natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impu-
reza, paixão, desejos maus e a ganância lpleonexiaj
[pleoncxia] , que Éé idolatria”
(Cl 5.5).
3.5). Muitas vezes, a “pleonexi.a“
`pleoneXia' Éé a causa do surgimento do
ensino falso nas igrejas (1Ts
(ITS 2.5).
Jesus usou uma parábola muito contundente contra a :ole- ple-
onexia“
onexia, (Lc 12.16-21). Uma pessoa pediu que Jesus resolvesse
um problema de herança entre ele e seu irmão (vv. 15-15). 13-15).
Jesus
jesus sentiu a cobiça na atitude da pessoa ec contou a historia história
de um rico que, tendo feito uma boa colheita, resolveu derru-
bar seus celeiros para construir outros maiores. Fixou-se nos
bens materiais como se estes fossem a garantia de uma vida
desafogada e feliz durante muitos anos. No entanto, morreu
naquela noite e assim foi separado definitivamente dos bens
que tinha acumulado.
Muito parecida com essa palavra (pieonexia) Éé a philarguria,
o amor ao dinheiro, que era um dos principais pecados dos
fariseus (Lc 16.14). Para Paulo, essa atitude era a raiz de todos
(lTm 6.10).
os males (1Tm
epitliuinia, por outro lado, pode em alguns casos
A palavra epirlrumía,
círamad). Em Lucas 22.15,
ter um sentido positivo (como chamad). 22,15, por
exemplo, Jesus diz: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa
com vocês” (grifo do autor). Mas também tambÉm éÉ usada para descre›
descre-
ver o tipo de ambição que sufoca o efeito da Palavra na vida do
infrtitífera: “Mas,
crente, a qual se torna infrutífera: ““Mas, quando chegam as
preocupações desta vida, 0o engano das riquezas e os anseios
[epirhumia]
[epithtirnia] por outras coisas sufocam
sufocain a palavra, tornando-a
infrutífera” (Mc 4.19;
4.19: grifo do autor).
No Novo Testamento, a cobiça material não equivale a
desejar aquilo que éÉ estritamente necessário para nosso sustento,
264
254
Antigo Testamento
Em Cantares de Salomão, a sulamita “deseja“
'deseja (ciiainad)
(chamad) seu
amado ein em uni
um sentido totalmente positivo: ““Coino
“Como uma maciei-
ra entre as árvores da floresta Éé o meu amado entre os jovens.
ÍlÉ'r1l1o prazer em seritar-iiie
Tenho sentar-me iià sua sombra; o seu fruto Éé doce ao
meu paladar”
paladar" (Cr 2.5;
2.3; grifo do autor); ““Stia
“Sua boca Éé a propria
própria
doçura; ele Éé mui deseja“vel““
desejável' (Cr
(Ct 5.16; grifo do autor). A esposa
de Ezequiel, que morreu repentiriiuriente,
repentimunente, foi descrita como o
`prazer dos seus olhos“
“prazer olhos' (Ez 24.16).
266
255
Mas, em ProvÉrbios,
Provérbios, quando Salomão recomenda ao leitor
que não deseje (ou “cobice“)
`cobice') a mulher de má vida, ele usa o
mesmo verbo: ““Não“Não cobice em seu coração a sua beleza nem
se deixe seduzir por seus olhares, pois o preço de uma prostituta
Éé um pedaço de pão, mas a adúltera
adultera sai iià caça de vidas preciosas”
(Pv 625,26).
Apreciar a beleza de uma mulher não Éé necessariamente
“cobiçar“,
'cobiçar`, o problema está em reconhecer a tempo que apreciar
o que É belo pode se transformar em uma atitude de cobiça.
Não foi o fato de Davi ter apreciado a beleza da mulher que se
lavava enquanto passeava pelo terraço do palácio que foi descrito
com censura: “Uma tarde Davi levantou-se da cama e foi passear
pelo terraço do palácio. Do terraço viu uma mulher muito bonita
tomando banho” (2Sm 11.2). O problema foi Davi ceder àâ
pressão de seu desejo, pedir informação sobre ela e, depois,
mandar mensageiros trazerem-na (vv. 5,4).
tambÉm estabelece uma relação afetiva tão
Mas, o Senhor também
iritensa com seu povo, sua `noiva',
intensa “noiva“, que esse povo deve encontrar
sua principal satisfação na relação com ele: “Ouça, ““Ouça, óo filha,
considere e incline os seus ouvidos: Esqueça o seu povo e a casa
hoiire-o, pois ele éÉ
paterna. O rei foi cativado pela sua beleza; honre-o,
o seu senhor” (Sl(SI 45.10,11). Apreciar essa relação e descansar
nela éÉ fonte de sossego e estabilidade na vida do crente obedi-
ente, não existe o desassossego existencial que leva a pessoa a
procurar qualquer tipo de solução imediata para satisfazer seus
““Retotne ao seu descanso,
desejos: “Retorne descaiiso, óo minha alma, porque o
Senhor tem sido bom boni para vocêl”
você!” (Sl 116.7).
O amor conjugal, que une marido e mulher,mttlher, deve ser culti-
vado e preencher o espaço afetivo de maneira que não sobre
nem tempo nem energia para que procurem ter relacionamento
com outras pessoas. O autor de Provérbios,
ProvÉrbios, com o intuito de
alertar contra o envolvimento com a mulher estranha, reco-
menda ao seu jovem leitor que cultive uma relação cheia de
entusiasmo e afetividade com sua legítima esposa: “Fique ““Fiqtie longe
26?
25?
Novo Testamento
No Novo Testamento encontramos palavras como “pleone- `pl'eone-
xia“
Xia” e epitliuniia,
epithumia, aplicadas tanto ao desejo sexual como ao de
possuir bens materiais, e o sentido das palavras geralmente Éé
negativo. Por exeinplo,
exemplo, Jesus comenta a lei contra o adultÉrio
adultério e
como pecado de adultÉrio
inclui corno adultério o olhar para uma mulher
para a “desejar“
“desejar” (ou “cohiçar“
`cobiçar' _ epirfiumein
epithunrein em grego (Mt [Mt
5.28]). E fácil concluir aqui que Jesus está dizendo algo novo
- como se a lei do Antigo Testamento apenas frisasse atos e
_
também incluir o desejo. Mas o fato Éé que
Jesus agora quisesse tambÉm
o Decálogo
Deczílogo inclui tanto no dÉcimo
décimo como no sÉtimo
sétimo mandameii
mandamento to
a proibição da atitude de cobiça sexual. Na Época época de Jesus era
natural que os fariseus e outros estivessem mais preocupados com
a manifestação exterior do que com a atitude interior; Éé isso que
leva Jesus a dar tanta ênfase âà atitude interior.
A palavra, já arcaica em português, que muitas vezes Éé usada
epirhumia Éé “concupiscência“.
para traduzir epitiiumia `concupiscência). ConvÉm
Convém lenibrar
lembrar
que essa palavra não diz respeito apenas a desejo sexual, existem
outros tipos de desejo que são reprováveis e que, muitas vezes,
o crente não identifica tão facilmente como o problema do
268
O
Ú Catecismo Romano ensina de forma bem explícita que
o problema da cobiça não se limita ãà área sexual: “Quando a
lei nos diz: “Não
'Não cobiçarãsl,
col)içar;ís', diz-nos, por outras palavras, que
afasremos nossos desejos de tudo que não nos pertence. Porque
afastemos
a sede pelos bens do prtiximo
próximo Éé imensa, infindãvel
infindável e nunca se
sacia, conforme o que esta escrito: “O 'O avarento nunca se farta
de dinheirol“.5
dinheiromf' O mesmo Catecismo descreve com bastante
realismo a maneira como alguns profissionais podem ser preju-
dicados por esse tipo de espírito: “São os comerciantes, que
desejam a falta ou a carestia das coisas, que vÉem vêem com pena
não serem eles os únicos a comprar e vender, o que lhes permi-
tiria vender mais caro e comprar mais barato; os que desejam
ver seus semelhantes na misÉria
miséria para realizar seus lucros, quer
vendendo quer comprando [...]. Os médicos, rnÉdicos, quando desejam
que haja doentes;
doentes: os advogados que reclamam causas e processos
importantes e em quantidade”.'*
quantidade“.'i
Calvino capta bem o tipo de relação com nosso próximo prtiximo
que faz com que deixemos de cobiçar o que éÉ dele: “A finalidade
mandamento éÉ que, como Deus quer que toda nossa alma
desse mandzunento
esteja cheia e que extravase amor e caridade, afestemos de nosso
coração todo sen titimento con trãrio ao amor. Esse sentimento terá
mento contrário terã
como resultado que não concebamos pensamento nenhum que
suscite em nosso coração uma concupiscência
concupiscëncia prejudicial ou
prtiximo. Ao qual responde o preceito
propensa a causar dano ao próximo.
afirmativo de que tudo quanto imaginamos, deliberamos, quere-
prÉximo“.l'
mos e exercitamos, una-se ao bem e proveito do próximo”.*
A realidade de que o décimo
dÉcimo mandamento pode alterar
profundamente a vida profissional daqueles que o levam a sério sÉrio
e'É ilustrado pela seguinte citação do diário de john
]ohn Woolman,
um retalhista do século
sÉculo XVIII:
xvlllz “De modo geral, era meu costume
comprar e vender coisas que fossem verdadeiramente úteis.
Coisas que, em especial, para agradar a vaidade das pessoas, eu
não gostava de comercializar e raramente o fazia; e, toda a vez
que o fiz, descobri que isso me enfraquecia como c1'istã0".“
c1'istão“.“
271
2?1
disseram: “bastal
“Basta! A assemblÉia
assembléia toda Éé santa, cada um deles Éé
santo, e o SENHOR está no meio deles. Então, por que vocês se
colocam acima da assemblêia
assembléia do SEi-IHoI¬1?“
Sr-.NHOR?” (Nm 16.3). Essa
atitude foi considerada tão grave que a terra se abriu e tragou os
revoltosos, junto com suas casas (Nm 12.31-35).
também Éé uma historia
O livro de Ester tambÉm história de cobiça pelo
poder. I-Iamã
Hamã foi promovido pelo rei Xerxes ãà posição mais
alta no reino. Contudo, lvlardoqueu,
Mardoqueu, o judeu, se recusou a
Hamã, o que incomodou
fazer um gesto de reverência diante de l-lamã,
este a ponto de ficar obcecado por isso. Depois,
Depois. o rei se lembrou
que Mardoqueu, o judeu, tinha descoberto uma conspiração
Hamã foi aconselhado a fazer
contra ele e resolveu honrá-lo. 1-Iamã
uma forca com cinquenta metros de altura para enforcar
Mardoqueu e induziu o rei a fazer um plano de 'limpeza “limpeza Étnica*
étnica'
contra o povo judeu. O livro narra como o 'feitiço virou contra
o feiticeiro', sendo o povo liberto, graças E1à intervenção da rainha
Ester, e Hamã terminando sua vida na forca que tinha feito para
Mardoqueu. O problema de Hamã I-lamã Éé essencialmente um
problema de ambição e inveja. O livro, de maneira magistral,
mostra como esses sentimentos podem ser a raiz de problemas
como a xeno-fobia e o genocídio.
Não Éé necessário apresentar mais exemplos do Étntigo
Antigo Testa-
mento para demonstrar a maneira como a cobiça de poder éÉ
uma das principais facetas do pecado humano. No Novo Testa-
prciprio nascimento de ]esus acontece em um contexto
mento, o próprio
em que um rei-fantoche sofre de megalomania: Por isso, Herodes
fica perturbado com a notícia que os magos trouxeram sobre 0o
nascimento de jesus. Depois, ele tenta eliminar o bebê, matando
todos os bebês varões nascidos na área de Belém BelÉm (Mt 5.16). A
]esus aparecem nos momentos em
maior falha dos discípulos de Jesus
que desejam um lugar privilegiado no reino que Jesus vai instalar
(Mc 10.35-37). Quando dez dos discípulos censuram Tiago e
joão por manifestar essa ambição, isso só sd serve para revelar que
eles tinham desejado o mesmo (vv. 41-45)!
275
2?5
As maiores confrontaçóes
confrontações que Jesus sofre ao longo de seu
mir1istÉrio
ministério são com pessoas que têm inveja da autoridade com
que ensina, de seus milagres e de se igualar a Deus, designando-
se como Filho de Deus. O drama de 1-lerodesHerodes e Pilatos, no
momento da condenação de Jesus, tambÉm também Éé um drama de
confrontação de poder.
No livro de Atos dos Apóstolos, vemos as autoridades judaicas
cobiçarern
cobiçarem o poder com que os apóstolos pregavam e, por essa
razão, Estêvão ser morto. O poder espiritual com que os apóstolos
pregavam e faziam milagres foi alvo da inveja de Simão, o Mago,
que queria obter o poder de Deus por meio de pagamento em
dinheiro (At 3.13-24).
8.18-24).
Nas epístolas, encontramos várias confrontaçóes
confrontações subjacentes
em relação ao poder: os 'super-apóstolos',
'super-apóstolos`, de 2Coríntios, contes-
tam o poder do apóstolo Paulo, afirmando que são superiores
a ele. O apóstolo João vê Diótrefes, 'que gosta muito de ser o
mais importante entre eles' (filo
(3Jo 1.9), contestar sua autoridade
apostólica e não permitir que a igreja sequer o receba. O livro
de judas
Judas trata quase exclusivamente desse assunto, citando
alguns dos exemplos do Antigo Testamento, os quais destaca-
mos. Aqui, salientaremos os principais ensinamentos dessa carta
sobre a cobiça de poder:
(I)
(1) Muitas
Mtritas vezes, os que cobiçam
cobiçarn o poder querem deturpar
a doutrina da graça divina (cf. v. 4); argumentam que
Deus não levanta problemas por causa de nossos pecados;
confundem a atitude generosa e perdoadora da graça
de Deus, com 'fazer vista grossa' ao pecado.
(3)
(5) Os que cobiçam o poder são governados por interesses
materiais, como Balaão (v. 11).
Conciusao
Conclusao
Só quando o desejo do cristão tem como objetivo a comu-
nhão íntima com Deus e o bem do próximo encontrará a
libertação da cobiça em seus diversos aspectos. A solução não Éé
deixar de desejar, mas sim desejar aquilo que Éé correto.
Nessa linha de pensamento, John Piper, pastor, professor
cristãoi, defendendo que
bíblico e autor, designa-se 'hedonista cristão',
278
2?B
Notas
I. “A lilica
Tfltica dos Dez D»-'Iandainenros”,
r\'Iand:nnentos”, p. 2?-fi.231.
2. “{Í.onfissões",
2.. “Contis:<õcs”_ Santo Agostinlio,
Agostinho, citado em “Catecismo da Igreja Eiatóliea",
(Íatolica",
pu.
par.
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2520.
2:.¬._U.
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